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Módulo Controle da Incidência Tributária

INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS


MÓDULO: CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SEMINÁRIO: II- CONTROLE PROCESSUAL DA INCIDÊNCIA: DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE
ALUNA: MARCELLA LAÍS DE AZEVEDO VERÍSSIMO

1. A respeito do controle de constitucionalidade no sistema processual


brasileiro, pergunta-se:

(a) Quais as espécies de controle de constitucionalidade existentes no


ordenamento jurídico brasileiro?

R: O ordenamento jurídico Brasileiro possui três espécies de controle judicial,


quais sejam: o controle difuso ou incidental; ação direta de constitucionalidade e
de inconstitucionalidade e ação direta interventiva.

(b) Explique as diferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no


controle de constitucionalidade (parcial com redução de texto, sem
redução de texto, interpretação conforme à Constituição).

R: Quando se trata da interpretação conforme a constituição, tem-se que esta


busca dar a norma constitucional o mesmo sentido de interpretação da
Constituição Federal, conforme Gilmar Mendes: o Tribunal deve partir do
pressuposto de que o legislador busca positivar norma Constitucional.
A técnica de interpretação parcial sem redução de texto é aquela na qual a
Corte só considera inconstitucional uma determinada parte, uma determinada
hipótese de aplicação de uma lei, não estende.
Essas técnicas tem efeito vinculante e eficácia contra todos, sendo uma forma
do Supremo desempenhar um papel criativo

2. A respeito da modulação de efeitos prescrita no (i) art. 27 da Lei n. 9.868/99


e no (ii) § 3º do art. 927 do CPC/15, responda:

(a) há distinção entre a espécie de controle de constitucionalidade em que a


modulação dos efeitos pode ser consagrada, considerando o teor de cada
um dos dispositivos em análise?
R: Resta evidente que é possível identificar uma distinção entre as espécies de
controle de constitucionalidade, isso ocorre devido as distinções feitas nos
próprios artigos 27 da Lei 9868/99 e 927, §3º do CPC, no qual o primeiro se aplic
às decisões proferidas por meio de ADI ou ADC, no controle direto e o segundo
não apresenta restrição quanto às ações do âmbito judicial, permitindo a sua
aplicação no controle direto e no controle de forma incidental.
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(b) há identidade entre os fundamentos apontados em cada um dos


dispositivos para que seja convocada a modulação dos efeitos da decisão
proferida em controle de constitucionalidade? Identifique-os.
R: Pode-se estabelecer que não há identidade entre tais fundamentos, visto que,
enquanto o art. 927, §3. º, da Código de Processo Civil exige uma alteração da
jurisprudência dominante dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal,
a modulação de efeitos prevista pelo art. 27, da Lei 9.868/99 identifica como
fundamento da sua incidência a mera presença de razões de segurança jurídica
ou de excepcional interesse social na declaração de inconstitucionalidade da
norma.

3. Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitucionalidade podem


ser equiparados aos conceitos de controle difuso e concentrado,
respectivamente? Que espécie de controle de constitucionalidade o STF
exerce ao analisar pretensão deduzida em reclamação (art. 102, I, “l”, da
CF)? Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado?
R: Primeiramente, pode-se sim, dizer que esses conceitos podem ser
equiparados, levando em consideração que existe o controle preventivo e o
repressivo e esses supramencionados exemplo, fazem parte do controle
repressivo.
O controle difuso ou concreto é também conhecido como controle por via de
exceção e permite qualquer juiz ou tribunal analisar, em um caso concreto, a
compatibilidade presente entre o ordenamento jurídico e a constituição. Quando
se trata do controle concentrado ou abstrato, por sua vez, não precisa da
existência de um caso concreto, pode ser feita a análise de uma lei ou ato
normativo em tese, aqui o objeto principal da ação é a própria declaração de
inconstitucionalidade.
Ao determinar efeito vinculantes de decisão do tribunal, o STF exerce um
controle concreto ou difuso.

4. Que significa afirmar que as sentenças produzidas em ADI e ADC possuem


“efeito dúplice”? As decisões proferidas em ADI e ADC sempre vinculam os
demais órgãos do Poder Executivo e Judiciário? E os órgãos do Poder
Legislativo? O efeito vinculante da súmula referida no art. 103-A, da CF/88,
introduzido pela EC n. 45/04, é o mesmo da ADI? Justifique sua resposta.
R: O efeito dúplice pode ser representado da maneira que se uma decisão for
procedente para ADI, será automaticamente improcedente para ADC e vice versa.
Claro esta posto que os efeitos advindos dessas decisões são vinculantes ao
demais órgãos tanto poder executivo, como do judiciário e do legislativo,
abrangendo assim, eficácia para os três poderes.
E imprescindível destacar que o efeito vinculante da referida Súmula
supracitada na questão não é o mesmo da ADI. Pois, desde a sua origem
possuem requisitos diferentes para existência, visto que a súmula referida e
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proferia por dois terços dos membros e existe uma necessidade de haja uma
controvérsia entre órgãos, que seja atual, inclusive, deve ser uma controvérsia
tamanha que corra o risco de acarretar uma grave insegurança jurídica. No caso
da ADI, essa controvérsia não se faz necessária.

5. O STF tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também está


inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle
abstrato de constitucionalidade? Se determinada lei tributária, num dado
momento histórico, é declarada constitucional em ADC, poderá,
futuramente, após mudança substancial dos membros desse tribunal, ser
declarada inconstitucional em ADI? É cabível a modulação de efeitos neste
caso? Analisar a questão levando-se em conta os princípios da segurança
jurídica, coisa julgada e as disposições do art. 927, § 3o, do CPC/15.
R: O STF possui sim uma prerrogativa para rever os seus posicionamentos, em
um outro momento pode vir a mudar o seu entendimento em decorrência de um
fator político, inovação jurídica, econômica, etc. Um claro exemplo disso é a
sumula vinculante não produzir efeito sobre o STF.
Para que uma lei que fora considerada constitucional venha a ser declarada
inconstitucional, deve haver de forma acertada a modulação dos efeitos para que
seja respeitada a segurança jurídica, para que futuramente não venha a incorrer
em conflitos e requerimentos de repetições de valores contra o fisco, conforme
preceitua o art. 27 da Lei 9868/99:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a
ser fixado.

6. O art. 535, §5º, do CPC/15 prevê a possibilidade de desconstituição, por


meio de impugnação ao cumprimento de sentença, de título executivo
fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF ou
em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição
Federal em controle concentrado ou difuso. Pergunta-se:

(a) É necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à


formação do título executivo?
R: Conforme dispõe claramente o § 14 do art. 525 e §7º do art. 535:
§ 14 do art. 525: A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12
deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.
§7º do art. 535: A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no §5º deve
ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão exequenda.
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(b) E se for posterior, poderá ser alegada? Se sim, por qual meio? Há prazo
para esta alegação?
R: Se for de forma posterior, deve ser proposto através de uma ação rescisória
que apenas poderá ser ajuizada num prazo máximo de 2 anos a contar do transito
em julgado.

7. Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação jurídico-


tributária que o obrigue em relação a tributo cuja lei instituidora seria, em
seu sentir, inconstitucional (porque violadora do princípio da anterioridade).
Paralelamente a isso, o STF, em ADI, declara constitucional a mesma lei,
fazendo-o, contudo, em relação a argumento diverso. Pergunta-se (vide
anexo I):

a) Como deve o juiz da ação declaratória agir: examinar (1) o mérito da ação
e julgá-la procedente, ou (2) extingui-la, sem julgamento de mérito (sem
análise do direito material), por força dos efeitos erga omnes da decisão em
controle de constitucionalidade abstrato?
R: O juiz, por sua vez, deve extinguir a ação, sem julgamento de mérito,
justamente por força do efeito erga omnes da decisão em controle de
constitucionalidade abstrato.

b) Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento veiculado na


ação declaratória (violação do princípio da anterioridade), qual solução se
colocaria adequada? Responda a essa pergunta, considerando o que foi
respondido na questão “a)”.
R: Deveria ser adotado pelo juiz o mesmo posicionamento da questão a.

c) Se na referida ação declaratória já tivesse ocorrido o trânsito em julgado


de decisão de procedência (acolhendo o pedido do contribuinte), poder-se-
ia falar em ação rescisória com base no julgamento do STF (art. 966
CPC/15)? Qual o termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória?
E se o prazo para propositura dessa ação (2 anos) houver exaurido? Haveria
alguma outra medida a ser adotada pelo Fisco objetivando desconstituir a
coisa julgada, diante desse último cenário (exaurimento do prazo de 2 anos
da ação rescisória)? Vide art. 505, I do CPC/15.
R: Com base no Julgamento do STF, há a possibilidade de se propor ação
rescisória nesses termos, contato que seja respeitado o biênio que seria, no caso,
o prazo de 2 anos contados a partir do transito em julgado, para a propositura da
referida ação. Por outro lado, se já tiver se exaurido o prazo do biênio, a coisa
julgada atual deve ser mantida, vg:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à
mesma lide, salvo:
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I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio


modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir
a revisão do que foi estatuído na sentença;

8. Considerando os mecanismos de controle de constitucionalidade existentes


é possível admitir que atualmente consagram-se duas formas (meios) de
provocação do Supremo Tribunal Federal para que aquele órgão exerça o
controle de constitucionalidade (concentrado e difuso), mas que a decisão
por ele proferida é dotada dos mesmos efeitos independentemente do meio
de sua provocação (erga omnes)?
R: Destaca-se, inicialmente, que não é possível afirmar que necessariamente
estará dotada dos mesmos efeitos, independentemente de como ocorreu a
provocação do Supremo Tribunal Federal. Ocorre que, o controle de
constitucionalidade realizado de forma direta possuirá efeito erga omnes, já o
controle realizado de forma incidental poderá não gozar deste efeito.

Entretanto, embora a coincidência não seja necessária, ela pode existir, diante da
possibilidade de concessão de efeitos vinculantes ao controle de constitucionalidade
exercido de forma difusa, desde que o julgamento ocorra em regime de repetitivo

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