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DE … DO ESTADO DE …
Processo nº
Cabe ressaltar que, o direito de acesso à justiça é um dos mais defendidos pela doutrina nos
últimos tempos. A esse respeito, confira o seguinte texto de Mauro Cappeleetti, in “acesso à
Justiça”, tradução de Ellen Gracie Nortthleet, Sérgio Antônio Fabris Editor, Porto Alegre,
1988, pág., 10: “À medida que as sociedades do ‘laissez-faire’ cresceram em tamanho e
complexidade, o conceito de direitos humanos começou a sofrer uma transformação radical.
A partir do momento em que as ações e relacionamentos assumiram, cada vez mais, caráter
mais coletivo que individual, as sociedades modernas necessariamente deixaram para traz a
visão individualista dos direitos, refletida na “declaração dos direitos”, típicas nos séculos
dezoito e dezenove. O movimento fez-se no sentido de reconhecer os direitos e deveres
sociais dos governos, comunidades, associações e indivíduos. Esses novos direitos humanos,
exemplificados no preâmbulo da Constituição Francesa de 1946, são, antes de tudo, os
necessários para tornar efetivos, que dizer, realmente acessíveis a todos, os direitos antes
proclamados. Entre esses direitos garantidos nas modernas constituições estão os direitos ao
trabalho, à saúde, à segurança e à educação. Torno-ser lugar comum observar que a atuação
positiva de Estado é necessária para assegurar o gozo de todos esses direitos básicos. Não é
surpreendente, portanto, que o direito ao acesso efetivo à justiça tenha ganho particular
atenção na medida em que as reformas do ‘welfare state’ tem procurado armar os
indivíduos de novos direitos substantivos em sua qualidade de consumidores, locatários,
empregados e, mesmo,
cidadãos. De fato, o direito ao acesso efetivo tem sido progressivamente reconhecido como
sendo de importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a
titularidade de direitos é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para a sua
efetiva reivindicação. O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como o requisito
fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e
igualitário que pretende garantir, e não apenas proclamar, os direitos de todos” O ilustre
doutrinador deixa evidente que o direito ao acesso a justiça é o mais básico dos direitos
humanos, e sempre que, porventura, existir a possibilidade de o mesmo vir a ser violado,
que pelo menos seja concedido o direito ao contraditório que é outro direito Constitucional.
A própria Constituição Federal prevê a gratuidade independentemente da qualidade ou
condição financeira da parte requerente. Relacionando até mesmo alguns remédios
constitucionais a serem usados por todos os cidadãos, independentemente do pagamento
de taxas, o que pode ser estendido sem sombra de dúvida aos casos de pedido de
deferimento de pagamento das custas ao final do processo. Brilhante foi o ensinamento
deixado pelo Filósofo Ihering, ao lecionar que a essência do direito é a sua realização prática.
Assim, de nada valem as leis se não acalentam o cidadão carente de justiça, ainda que sejam
coerentes e politicamente corretas; de nada valem as normas ordinárias e complementares
se o acesso às suas finalidades é vedado àqueles que lhe batem à porta. Afinal, como o
próprio Ihering lecionava: “o direito não é teoria, mas sim, força viva”.
Ademais, cumpre esclarecer que, ao pagar os impostos e cumprir com suas obrigações
perante o Tesouro e a Fazenda Pública, o contribuinte, seja ele rico ou pobre, já está
custodiando a manutenção e a prestação da Justiça, de modo que, quando necessita desse
serviço público, não pode ser taxado novamente, sendo tributado duas vezes por um mesmo
fato gerador. Ressalta-se que o deferimento do pagamento ao final do processo, não
acarretará prejuízo algum ao Estado e tampouco à parte contrária. A jurisprudência já é
pacifica neste sentido, senão vejamos: PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE SÃO PAULO VOTO N°: 15.883 AGRAVO DE INSTRUMENTO N°: 606.762.4/0-00 COMARCA:
FR SANTANA AGRAVANTE: CONSEDA DA TA SYSTEMS L TDA AGRAVADO: NORTIX
INFORMÁTICA S/CLTDA E OUTRO EMENTA Custas - Pessoa jurídica - Custas iniciais no teto do
valor previsto pela Lei Estadual 11.608/2003 - Possibilidade de diferimento do recolhimento
para final - Hipótese do inciso II, do art. 5o da referida lei. Recurso provido em parte. Trata-
se de agravo de instrumento tirado contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita
ou diferimento do recolhimento das custas. Alega a agravante que está em situação de
dificuldades financeiras justamente em razão da conduta ilícita da ré agravada e que não
tem condições de arcar com as custas do processo ou, quando muito, lhe seja concedido o
benefício de diferir o recolhimento das
Diante disto, requer o diferimento das custas processuais ao final do processo, amparado na
lei 11608/2003, por ser medida de direito.
Constituição Federal
“Art. 5º (...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;"
“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
II - os selos postais;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da
execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e
para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
contraditório;
Súmula
Súmula 481- “ Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...);
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos; (...).”
“Lei 1.060/50, Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, independente da colaboração
que possam receber dos municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil, - OAB, concederão
assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei.
“CPC, Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (...)”
“Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
5. Como cediço, a ... está em regime de processamento de sua recuperação judicial em
trâmite perante a d. ...ª Vara Empresarial de ... (processo n. ...).
10. Nesse viés o Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS de forma unânime
sedimentou o entendimento que uma vez demonstrada a impossibilidade de arcar com os
ônus processuais sem prejuízo da sua existência, a pessoa jurídica, em recuperação judicial e
prestes a ter sua falência decretada faz jus as benesses da assistência judiciária, in litteris:
III – PEDIDOS
14. Ex positis, a demandada REQUER:
a) seja EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 485, inciso
VI1, do CPC, diante da falta de interesse processual a amparar o presente pleito, inexistindo a
mínima brecha legal para a procedência da presente ação de prestação de contas de um
crédito expressamente já reconhecido na fase de recuperação judicial, sendo desnecessário
repetir a habilitação, data venia;
P. Deferimento.
(Local e Data)
… (nome do autor em negrito), já qualificado nos presentes NOME DA AÇÃO, que são
movidos em face do RÉU, vem, mui respeitosamente, à preclara presença de Vossa Excelência,
por intermédio de seus procuradores signatários, informar e requerer o que se segue:
Primordialmente, convém informar que, dia ___, o MM. Juiz determinou que o Requerente,
comprovasse o depósito relativo aos honorários do perito referente ao quantum de R$ ___.
A ora Peticionante não dispõe de recursos para custear as despesas processuais, em especial
para arcar com o pagamento dos honorários relativos à perícia realizada para produzir prova
essencial à configuração do direito da Autora, os quais alcançam o notável monto de R$ ___.
Ora, Excelência, a pessoa jurídica tem direito à concessão do benefício da assistência judiciária
gratuita, desde que comprove a incapacidade de arcar com as custas sem comprometer a
manutenção da mesma.
1
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) VI - verificar ausência de legitimidade ou de
interesse processual;
2
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: (...)
Ressalta-se, nesse diapasão, que a empresa praticamente não realiza mais a atividade a que se
presta, possivelmente até fechando suas portas e decretando estado de falência, tudo devido
as dificuldades econômico-financeiras enfrentadas no momento.
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
Infere-se do excerto acima que qualquer uma das partes no processo pode usufruir do
benefício da justiça gratuita. Logo, a Requerente, pessoa jurídica, também faz jus ao benefício,
haja vista não ter condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo de sua
manutenção.
Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o pedido de
gratuidade da justiça pode ser formulado por petição simples e durante o curso do processo,
tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os
benefícios da justiça gratuita, ante a alteração do status econômico.
Ainda sobre a gratuidade a que tem direito esta pessoa jurídica, o novo Código de Ritos Civis
dispõe em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural”.
b) Outrossim, aproveita o ensejo para requerer a vinculação da nova causídica, Drª ___,
inscrita na OAB/__ sob o nº __, conforme substabelecimentos em anexo, consignando, tanto
na capa dos autos como junto ao Sistema informatizado deste Tribunal, os seus dados.
Nestes termos,