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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA …ª VARA FEDERAL DA COMARCA

DE … DO ESTADO DE …

Processo nº

I – PRELIMINARMENTE: Da Justiça Gratuita: Inicialmente a Recuperanda pleiteia sejam-lhe


concedidos os benefícios da justiça gratuita assegurados pela constituição federal, artigo 5.
LXXIV e lei federal 1060/50, tendo em vista que momentaneamente não pode arcar com as
despesas processuais, sem comprometer a sua saúde financeira e o pagamento de salários e
encargos sociais.

Outrossim, é cediço o entendimento perante o Egrégio Superior Tribunal de Justiça que a


pessoa jurídica faz jus ao benefício, senão vejamos: “SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – CORTE
ESPECIAL – SÚMULA 481 – faz jus ao beneficio da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem
fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.
Desta forma, uma vez que a Recuperanda almeja buscar soluções necessárias para recuperar a
empresa, a fim de atingir os fins legais atribuídos a presente recuperação judicial, sendo assim
imprescindível a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Por tais razões, pleiteia-se os
benefícios da justiça gratuita, assegurados por lei, por ser medida justiça e legal. Diferimento
das Custas ao Final do Processo: Lei Estadual 11608/03: Caso não seja atendido ao pedido de
gratuidade processual, a Requerente requer o diferimento do pagamento das custas iniciais ao
final do processo pelo fato de não ter condições no momento devido à dificuldade financeira o
qual atravessa como consequência do abalo de crédito sofrido, não pretendendo se eximir do
ônus financeiro advindo da submissão de conflitos ao crivo do judiciário. Importante salientar
que, o pagamento das custas ao final do processo tem amparo na Lei Estadual 11608/2003 em
seu artigo 5º inciso IV, no que diz respeito aos embargos à execução.

Cabe ressaltar que, o direito de acesso à justiça é um dos mais defendidos pela doutrina nos
últimos tempos. A esse respeito, confira o seguinte texto de Mauro Cappeleetti, in “acesso à
Justiça”, tradução de Ellen Gracie Nortthleet, Sérgio Antônio Fabris Editor, Porto Alegre,
1988, pág., 10: “À medida que as sociedades do ‘laissez-faire’ cresceram em tamanho e
complexidade, o conceito de direitos humanos começou a sofrer uma transformação radical.
A partir do momento em que as ações e relacionamentos assumiram, cada vez mais, caráter
mais coletivo que individual, as sociedades modernas necessariamente deixaram para traz a
visão individualista dos direitos, refletida na “declaração dos direitos”, típicas nos séculos
dezoito e dezenove. O movimento fez-se no sentido de reconhecer os direitos e deveres
sociais dos governos, comunidades, associações e indivíduos. Esses novos direitos humanos,
exemplificados no preâmbulo da Constituição Francesa de 1946, são, antes de tudo, os
necessários para tornar efetivos, que dizer, realmente acessíveis a todos, os direitos antes
proclamados. Entre esses direitos garantidos nas modernas constituições estão os direitos ao
trabalho, à saúde, à segurança e à educação. Torno-ser lugar comum observar que a atuação
positiva de Estado é necessária para assegurar o gozo de todos esses direitos básicos. Não é
surpreendente, portanto, que o direito ao acesso efetivo à justiça tenha ganho particular
atenção na medida em que as reformas do ‘welfare state’ tem procurado armar os
indivíduos de novos direitos substantivos em sua qualidade de consumidores, locatários,
empregados e, mesmo,

cidadãos. De fato, o direito ao acesso efetivo tem sido progressivamente reconhecido como
sendo de importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a
titularidade de direitos é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para a sua
efetiva reivindicação. O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como o requisito
fundamental – o mais básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e
igualitário que pretende garantir, e não apenas proclamar, os direitos de todos” O ilustre
doutrinador deixa evidente que o direito ao acesso a justiça é o mais básico dos direitos
humanos, e sempre que, porventura, existir a possibilidade de o mesmo vir a ser violado,
que pelo menos seja concedido o direito ao contraditório que é outro direito Constitucional.
A própria Constituição Federal prevê a gratuidade independentemente da qualidade ou
condição financeira da parte requerente. Relacionando até mesmo alguns remédios
constitucionais a serem usados por todos os cidadãos, independentemente do pagamento
de taxas, o que pode ser estendido sem sombra de dúvida aos casos de pedido de
deferimento de pagamento das custas ao final do processo. Brilhante foi o ensinamento
deixado pelo Filósofo Ihering, ao lecionar que a essência do direito é a sua realização prática.
Assim, de nada valem as leis se não acalentam o cidadão carente de justiça, ainda que sejam
coerentes e politicamente corretas; de nada valem as normas ordinárias e complementares
se o acesso às suas finalidades é vedado àqueles que lhe batem à porta. Afinal, como o
próprio Ihering lecionava: “o direito não é teoria, mas sim, força viva”.

Ademais, cumpre esclarecer que, ao pagar os impostos e cumprir com suas obrigações
perante o Tesouro e a Fazenda Pública, o contribuinte, seja ele rico ou pobre, já está
custodiando a manutenção e a prestação da Justiça, de modo que, quando necessita desse
serviço público, não pode ser taxado novamente, sendo tributado duas vezes por um mesmo
fato gerador. Ressalta-se que o deferimento do pagamento ao final do processo, não
acarretará prejuízo algum ao Estado e tampouco à parte contrária. A jurisprudência já é
pacifica neste sentido, senão vejamos: PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DE SÃO PAULO VOTO N°: 15.883 AGRAVO DE INSTRUMENTO N°: 606.762.4/0-00 COMARCA:
FR SANTANA AGRAVANTE: CONSEDA DA TA SYSTEMS L TDA AGRAVADO: NORTIX
INFORMÁTICA S/CLTDA E OUTRO EMENTA Custas - Pessoa jurídica - Custas iniciais no teto do
valor previsto pela Lei Estadual 11.608/2003 - Possibilidade de diferimento do recolhimento
para final - Hipótese do inciso II, do art. 5o da referida lei. Recurso provido em parte. Trata-
se de agravo de instrumento tirado contra decisão que indeferiu pedido de justiça gratuita
ou diferimento do recolhimento das custas. Alega a agravante que está em situação de
dificuldades financeiras justamente em razão da conduta ilícita da ré agravada e que não
tem condições de arcar com as custas do processo ou, quando muito, lhe seja concedido o
benefício de diferir o recolhimento das

custas do processo. Dispensadas informações do magistrado. Não consta tenham os


agravados integrado a relação processual. É o relatório. A agravante ajuizou ação de
reparação por danos materiais e morais c/c lucros cessantes e pedido de declaração de
titularidade de sistemas, programas de computador e de banco de dados tratados e pedido
de abstenção de uso desses sistemas, sob pena de multa, em face dos agravados. Deu à
causa o valor de R$ 135.005.000,00 (centro e trinta e cinco milhões e cinco mil reais). E certo
que parte da jurisprudência admite a concessão dos benefícios da assistência judiciária
também para a pessoa jurídica. Todavia, tal beneficio somente pode ser concedida às
entidades pias e beneficentes, sem atividade lucrativa. No caso, a agravante é pessoa
jurídica que não se enquadra nas hipóteses de ser beneficiária da gratuidade, já que é
empresa dedicada ao ramo do comércio com finalidade de lucro. Ademais disso, embora seja
tributada na modalidade de lucro presumido, se verifica das declarações de renda que
auferiu vários pagamentos pelos serviços que prestou, alguns com valores expressivos.
Considerando, entretanto, o elevado valor da causa, cujas custas iniciais estão no teto do
valor previsto na Lei 11.608/2003 3.000 (três mil) UFESP's). Tendo em vista, ainda, que a
pretensão posta pelo agravante se enquadra na hipótese do inciso II, do artigo 5o da Lei
Estadual n° 11.608/2003 (Art. 5o, inciso II- nas ações de reparação de dano por ato ilícito
extracontratual, quando promovidas pela própria vítima ou seus herdeiros), cabível o
deferimento do recolhimento das custas para o final. Ante o exposto, dá-se provimento em
parte ao recurso para diferir o recolhimento das custas para final.

Diante disto, requer o diferimento das custas processuais ao final do processo, amparado na
lei 11608/2003, por ser medida de direito.

Constituição Federal

“Art. 5º (...)

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;"

Novo Código de Processo Civil (CPC/2015)

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.

1º A gratuidade da justiça compreende:

I - as taxas ou as custas judiciais;

II - os selos postais;

III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros


meios;

IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador


salário integral, como se em serviço estivesse;

V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames


considerados essenciais;

VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor


nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua
estrangeira;

VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da
execução;

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e
para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
contraditório;

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de


registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial
ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.”

Súmula
Súmula 481- “ Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”

I – POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA À PESSOA JURÍDICA,


SOBREMODO QUANDO EM REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E PRESTES A TER SUA
FALÊNCIA DECRETADA -

1. Ab initio, a possibilidade de concessão de assistência judiciária gratuita é expressamente


prevista no art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, verbi gratia:

“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...);

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos; (...).”

2. Igualmente prevê os arts. 1º da Lei 1.060/50, bem como o artigo 98 do CPC:

“Lei 1.060/50, Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, independente da colaboração
que possam receber dos municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil, - OAB, concederão
assistência judiciária aos necessitados nos termos da presente Lei.

“CPC, Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. (...)”

3. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, as benesses da assistência


judiciária gratuita podem ser concedidas tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas
(STJ, AgRg no AREsp 297360/RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe: 10.09.2013).

4. Inclusive é de bom tom ressaltar que a possibilidade de concessão da assistência judiciária


gratuita a pessoas jurídicas é também objeto de Súmula no STJ, in verbis:

“Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
5. Como cediço, a ... está em regime de processamento de sua recuperação judicial em
trâmite perante a d. ...ª Vara Empresarial de ... (processo n. ...).

6. E mais sabido é que o procedimento da recuperação judicial é disciplinado pela Lei


11.101/2005, cuja ratio essendi estampada no art. 47 é “...viabilizar a superação da crise
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores, e dos interesses dos credores, promovendo assim, a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”.

7. Todavia, a ..., sociedade atuante na área da informática e telecomunicações perante os


órgãos públicos, depois de entrar no estado de recuperação judicial, ficou inibida de
ingressar em licitações, vez que sua participação era vedada em razão do seu regime de
recuperação judicial.

8. Atrelado a isso, fatores macroeconômicos globais como o acirramento da concorrência no


seguimento do mercado de transmissão de dados influíram para a sua deterioração.

9. Assim, os contratos de prestação de serviços foram se extinguindo e a recuperanda não


conseguiu empreender novos compromissos, findando a receita, o que a levou como única
alternativa, a comparecer perante o d. juízo da ...ª Vara Empresarial e confessar a sua
autofalência (LREF, arts. 97, inciso I e 105). Procede-se à juntada (i) do pedido de
autofalência; (ii) do último balanço de ... que evidencie resultado extremamente negativo e
(iii) o andamento atual perante o juízo falencial (doc. n. ...).

10. Nesse viés o Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS de forma unânime
sedimentou o entendimento que uma vez demonstrada a impossibilidade de arcar com os
ônus processuais sem prejuízo da sua existência, a pessoa jurídica, em recuperação judicial e
prestes a ter sua falência decretada faz jus as benesses da assistência judiciária, in litteris:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - JUSTIÇA GRATUITA - PESSOA JURÍDICA - RECUPERAÇÃO


JUDICIAL - DEFERIMENTO. Faz jus aos benefícios da justiça gratuita a sociedade empresária
que pede a sua recuperação judicial, por se encontrar em dificuldades financeiras
comprovadas nos autos, em prestígio ao princípio da preservação da empresa.” (TJMG,
Agravo de Instrumento n. 1.0145.12.039746-1/001, Des. Rel. Jair Varão, DJ: 07/12/2012)

“AÇÃO DE COBRANÇA - JUSTIÇA GRATUITA PESSOA JURÍDICA - POSSIBILIDADE -


RECUPERAÇÃO JUDICIAL - DEMONSTRAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA - INTEMPESTIVIDADE -
RECONHECIMENTO - RECURSO NÃO CONHECIDO. O fato de a sociedade empresária
apelante estar em recuperação judicial já demonstra a sua impossibilidade de arcar com as
despesas processuais, razão pela qual cabível a concessão dos benefícios da justiça gratuita.”
(TJMG, Apel. Cível n. 1.0051.09.025743-0/001, Des. Rel. Sebastião Pereira de Souza, DJ:
28/09/2012)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. PROVA.


NECESSIDADE. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICAL. DOCUMENTOS CONTÁBEIS.
HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA DEMONSTRADA. DEFERIMENTO DO PEDIDO. Tratando-se de
Pessoa Jurídica, o pedido de justiça gratuita somente pode ser acolhido quando haja robusta
prova acerca do estado de pobreza da empresa. No caso, embora careça de presunção de
hipossuficiência o só fato de a agravante se encontrar em recuperação judicial, tal fato,
aliado à documentação contábil juntada nos autos, comprova seu alto déficit financeiro, o
que permite a concessão do direito aqui pleiteado.” (TJMG, Agravo de Instrumento n.
1.0153.11.000042-6/001, Des. Rel. Luciano Pinto, DJ: 10/02/2012)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - PESSOA JURÍDICA - RECUPERAÇÃO


JUDICIAL - ESTADO DE INSOLVÊNCIA DEMONSTRADO - DEFERIMENTO. - Comprovada a
insuficiência de recursos para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, a
assistência judiciária deve ser concedida, a qualquer espécie de pessoa, física ou jurídica.”
(TJMG, Agravo de Instrumento n. 1.0105.11.022955-3/001, Des. Rel. Gutemberg da Mota e
Silva, DJ: 25/05/2012)

11. Em complementação, faz-se a juntada das DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DOS 03


ÚLTIMOS EXERCÍCIOS SOCIAIS LEVANTADAS PARA INSTRUIR O PEDIDO DE AUTOFALÊNCIA, a
fim de demonstrar a dificuldade enfrentada pela ré (doc. n. ...).

12. Portanto, em razão das dificuldades financeiras enfrentadas e da impossibilidade de


arcar com as custas e despesas processuais deste e de outros processos, resta patente a
necessidade de concessão da assistência judiciária a ...., permissa venia.

II – DEMONSTRAÇÃO QUE O CRÉDITO ORA PLEITEADO JÁ SE ENCONTRA DEVIDAMENTE


ARROLADO NO QGC DA RECUPERANDA -

EXTINÇÃO DO PROCESSO, NOS TERMOS DO ART. 485, INCISO VI DO CPC -

13. A ré/recuperanda, junta nesta oportunidade a petição protocolizada em ... perante o d.


juízo da ...ª Vara Empresarial , na qual expressamente RECONHECE E REQUER A inclusão do
crédito objeto da presente no quadro geral de credores no valor de R$ ... (...), na
classificação de credor quirografário, ex vi art. 7º, caput da Lei 11.101/2005 (doc. n. ...).

III – PEDIDOS
14. Ex positis, a demandada REQUER:

a) seja EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 485, inciso
VI1, do CPC, diante da falta de interesse processual a amparar o presente pleito, inexistindo a
mínima brecha legal para a procedência da presente ação de prestação de contas de um
crédito expressamente já reconhecido na fase de recuperação judicial, sendo desnecessário
repetir a habilitação, data venia;

b) seja deferida à ré os benefícios da gratuidade da justiça, vez que se encontra em precária


situação financeira, consoante se infere da inclusa documentação ora anexada;

c) rejeitado o pleito de litigância de má-fé, pois não caracterizados os requisitos do art. 80 do


CPC2.

P. Deferimento.

(Local e Data)

(Assinatura e OAB do Advogado)

… (nome do autor em negrito), já qualificado nos presentes NOME DA AÇÃO, que são
movidos em face do RÉU, vem, mui respeitosamente, à preclara presença de Vossa Excelência,
por intermédio de seus procuradores signatários, informar e requerer o que se segue:

Primordialmente, convém informar que, dia ___, o MM. Juiz determinou que o Requerente,
comprovasse o depósito relativo aos honorários do perito referente ao quantum de R$ ___.

Informa-se, em oportuno, que houve mudança na situação econômica da Requerente. Ocorre


que, inicialmente, a empresa dispunha de recursos suficientes para custear as custas
pertinentes à presente ação, tombada sob processo nº ___, que lhe é movida pelo Requerido.
Todavia, no momento, enfrenta uma situação financeira agravada a qual não lhe permite
pagar as custas do processo e os honorários periciais.

A ora Peticionante não dispõe de recursos para custear as despesas processuais, em especial
para arcar com o pagamento dos honorários relativos à perícia realizada para produzir prova
essencial à configuração do direito da Autora, os quais alcançam o notável monto de R$ ___.

Ora, Excelência, a pessoa jurídica tem direito à concessão do benefício da assistência judiciária
gratuita, desde que comprove a incapacidade de arcar com as custas sem comprometer a
manutenção da mesma.

1
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) VI - verificar ausência de legitimidade ou de
interesse processual;
2
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: (...)
Ressalta-se, nesse diapasão, que a empresa praticamente não realiza mais a atividade a que se
presta, possivelmente até fechando suas portas e decretando estado de falência, tudo devido
as dificuldades econômico-financeiras enfrentadas no momento.

Desse modo, consequentemente, torna-se inviável o custeio das despesas processuais e o


pagamento dos honorários do perito, pleiteando, portanto, os benefícios da JUSTIÇA
GRATUITA, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo
CPC/2015, verbis:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.

Infere-se do excerto acima que qualquer uma das partes no processo pode usufruir do
benefício da justiça gratuita. Logo, a Requerente, pessoa jurídica, também faz jus ao benefício,
haja vista não ter condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo de sua
manutenção.

O entendimento jurisprudencial pacificado pelos tribunais pátrios corrobora a pretensão


argumentada, conforme se vislumbra da análise do precedente declinado:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS CAPAZES


DE INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. REEXAME
DE PROVAS. SÚMULA 7. Não merece provimento recurso carente de argumentos capazes de
desconstituir a decisão agravada. As pessoas jurídicas tem direito à concessão do benefício
da assistência judiciária gratuita desde que comprovem a incapacidade de arcar com as
custas processuais em detrimento da manutenção da empresa”. (…) (AgRg no Ag 776376 /
RJ; Agravo Regimental no Agravo de Instrumento, 2006/0117503-3, Relator, Ministro
Humberto Gomes de Barros, Terceira Turma, DJ 11.09.2006 p. 277.)

Pois bem, in casu, a jurisprudência supramencionada enquadra-se perfeitamente, posto que


ratifica o direito à concessão do benefício da justiça gratuita às pessoas jurídicas desde que
demonstrado a impossibilidade de custear as despesas processuais em prejuízo da atividade
empresarial.

Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o pedido de
gratuidade da justiça pode ser formulado por petição simples e durante o curso do processo,
tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os
benefícios da justiça gratuita, ante a alteração do status econômico.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito esta pessoa jurídica, o novo Código de Ritos Civis
dispõe em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural”.

Assim, à pessoa natural basta a mera alegação de insuficiência de recursos, sendo


desnecessária a produção de provas da hipossuficiência financeira. Por sua vez, a pessoa
jurídica deve comprovar a insuficiência de recursos para usufruir o benefício da justiça
gratuita. Assim, para o Requerente não se tem a presunção relativa de veracidade da alegação.

Corroborando com esse entendimento, o NCPC incorporou a jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema. Especificamente, a Súmula nº 481, transcrita a seguir:
Súmula nº 481. Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

Nessa senda, conforme a inteligência do STJ, a título de comprovação da alegação de


insuficiência de recursos, traz-se, em anexo, toda a documentação necessária para a
demonstração da impossibilidade do Requerente em arcar com os encargos processuais e
honorários periciais.

Assim, ex positis, pois, preenchidos os requisitos exigidos para a concessão do benefício


pleiteado, como medida de Justiça e de Direito que se vislumbra neste momento, requer:

a) Deferimento do pedido a fim de que seja concedida a JUSTIÇA GRATUITA, ante a


comprovação pelo Requerente de que faz jus ao benefício, consoante os arts. 99 e seguintes
do NPCP e a Lei nº 1.060/50;

b) Outrossim, aproveita o ensejo para requerer a vinculação da nova causídica, Drª ___,
inscrita na OAB/__ sob o nº __, conforme substabelecimentos em anexo, consignando, tanto
na capa dos autos como junto ao Sistema informatizado deste Tribunal, os seus dados.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

… (Município – UF), … (dia) de … (mês) de … (ano).

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