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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

E DO PLURALISMO POLÍTICO

Leandro Alberto da Silva


RA 7395524
Graduando em Direito – FMU / SP – TURMA 3201E

RESUMO: Trata-se de um trabalho acadêmico realizado com ampla pesquisa em


jurisprudências no site do STF e também no site do TSE, com o entendimento dos
tribunais, objetivando a análise para aplicação dos princípio da Legalidade e do
Pluralismo Político.

Sumário: 1) Princípio da Legalidade – 2) Princípio do Pluralismo Político – 3)


Referências.
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A1 - DIREITO PENAL:SOCIOL.E TEORIA DO CR - 003201E02 - (PRESENCIAIS_FMU) - 2020.FMU_ABRIL de 2020 1
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
ARE 662261 AgR-terceiro / RO - RONDÔNIA
TERCEIRO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO
Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES
Julgamento: 05/10/2018 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-219 DIVULG 11-10-2018 PUBLIC 15-10-2018
Parte(s)

AGTE.(S) : CENTRAIS ELÉTRICAS DE RONDÔNIA S/A - CERON


ADV.(A/S) : GUSTAVO ANDÈRE CRUZ
ADV.(A/S) : PAULO ROGÉRIO BARBOSA AGUIAR
AGTE.(S) : SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS
URBANAS DO ESTADO DE RONDÔNIA - SINDUR
ADV.(A/S) : FERNANDO TORREÃO DE CARVALHO E OUTRO(A/S)
AGTE.(S) : CARLOS RENATO GONÇALVES DOS SANTOS E
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : HUGO OLIVEIRA HORTA BARBOSA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Ementa

Ementa: AGRAVOS INTERNOS. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS


COM AGRAVOS. FUNDAMENTAÇÃO A RESPEITO DA
REPERCUSSÃO GERAL. INSUFICIÊNCIA. VIOLAÇÃO AO DEVIDO
PROCESSO LEGAL E AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. OFENSA
CONSTITUCIONAL REFLEXA. INFRINGÊNCIA AO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. ÓBICE DA SÚMULA 636 DO STF. 1. Os recursos
extraordinários somente serão conhecidos e julgados, quando essenciais
e relevantes as questões constitucionais a serem analisadas, sendo
imprescindível ao recorrente, em sua petição de interposição de recurso,
a apresentação formal e motivada da repercussão geral, que demonstre,
perante o Supremo Tribunal Federal, a existência de acentuado interesse
geral na solução das questões constitucionais discutidas no processo, que
transcenda a defesa puramente de interesses subjetivos e particulares. 2.
A obrigação do recorrente em apresentar formal e motivadamente a
preliminar de repercussão geral, que demonstre sob o ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, a relevância da questão
constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos da causa,
conforme exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c art.
1.035, § 2º, do CPC/2015), não se confunde com meras invocações
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desacompanhadas de sólidos fundamentos no sentido de que o tema
controvertido é portador de ampla repercussão e de suma importância
para o cenário econômico, político, social ou jurídico, ou que não interessa
única e simplesmente às partes envolvidas na lide, muito menos ainda
divagações de que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é
incontroversa no tocante à causa debatida, entre outras de igual patamar
argumentativo. 3. O STF, no julgamento do ARE 748.371-RG/MT (Rel.
Min. GILMAR MENDES, Tema 660), rejeitou a repercussão geral da
violação ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada ou
aos princípios da legalidade, do contraditório, da ampla defesa e do devido
processo legal, quando se mostrar imprescindível o exame de normas de
natureza infraconstitucional. 4. "Não cabe recurso extraordinário por
contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua
verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida" (Súmula 636/STF). 5. Três
agravos Internos a que se nega provimento. Prejudicada a Petição
53.649/2018.

Decisão
A Turma, por unanimidade, negou provimento aos três agravos internos,
ficando prejudicado o exame da Petição 53.649/2018, nos termos do voto
do Relator. Primeira Turma, Sessão Virtual de 28.9.2018 a 4.10.2018.
Outras informações

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

De acordo com o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal,

“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma


coisa senão em virtude de lei”.

Desta forma concluímos que somente a lei poderá criar direitos, deveres e
vedações, ficando os indivíduos vinculados aos comandos legais, disciplinadores
de suas atividades.
Em outras palavras, podemos dizer que o princípio da legalidade é uma
verdadeira garantia constitucional. Através deste princípio, procura-se proteger os
indivíduos contra os arbítrios cometidos pelo Estado e até mesmo contra os arbítrios
cometidos por outros particulares. Assim, os indivíduos têm ampla liberdade para
fazerem o que quiserem, desde que não seja um ato, um comportamento ou uma
atividade proibida por lei.
Como aponta o professor Pedro Lenza, no âmbito das relações
particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da
autonomia de vontade. O particular tem então, autonomia para tomar as suas
decisões da forma como melhor lhe convier, ficando apenas restrito às proibições
expressamente indicadas pela lei.
O princípio da legalidade é corolário da própria noção de Estado
Democrático de Direito, afinal, se somos um Estado regido por leis, que assegura a
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participação democrática, obviamente deveria mesmo ser assegurado aos
indivíduos o direito de expressar a sua vontade com liberdade, longe de empecilhos.
Por isso o princípio da legalidade é verdadeiramente uma garantia dada pela
Constituição Federal a todo e qualquer particular.
No entanto, faz-se necessário traçar algumas distinções entre o princípio
da legalidade e o princípio da reserva legal. Este último seria uma “espécie” do
princípio da legalidade, devendo ser visto como uma tentativa da própria lei de
controlar a edição de determinadas matérias, a fim de serem editadas
exclusivamente por leis.
Sabendo que “lei” é a forma encontrada pelo Estado para, dentre outros
objetivos, expor o próprio Direito, regulando situações, criando obrigações ou
concedendo vantagens. As espécies normativas que o Estado cria, tem caráter
geral e abstrato e possui na sua essência, dois importantes sentidos: sentido formal
e sentido amplo.
A lei em sentido formal seria todo e qualquer ato legislativo emanado dos
órgãos legislativos. Seriam os atos normativos advindos do próprio Poder
Legislativo. Lei em sentido amplo seria toda e qualquer manifestação escrita de atos
normativos, ainda que não oriundos do Poder Legislativo, como as medidas
provisórias editadas pelo Presidente da República, chefe do Poder Executivo
Federal.
Nesse sentido, a reserva legal significa que determinadas matérias de
ordem constitucional, serão regulamentadas por leis em sentido formal. Assim,
somente o Poder Legislativo, através de leis em sentido estrito (leis ordinárias e
complementares), poderá tratar da regulamentação das matérias indicadas pelo
texto constitucional, como “reservadas” à lei infraconstitucional.
Encontramos o princípio da reserva legal em diversos dispositivos da
Constituição Federal, como no art. 5º, inciso XVIII que estabelece que

“a criação de associações e, na forma da lei, a de


cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento”.

Ou ainda, como no art. 37, inciso XIX, que determina que:

“somente por lei específica poderá ser criada autarquia e


autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação “(...).

Portanto, o princípio da reserva legal deve sempre ser entendido como uma
decorrência do princípio da legalidade. Sempre que a Constituição Federal
determinar que a “lei” discipline alguma matéria específica, estará configurado o
princípio da reserva legal, cabendo ao Poder Legislativo, a adoção das medidas
cabíveis, a fim de regulamentar as matérias que a ele foram reservadas.
O princípio da legalidade também deve ser observado sob a ótica do Direito
Administrativo. Consoante art. 37, caput do texto constitucional

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“a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes
da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios,
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (...)”.

Enquanto o particular tem liberdade para fazer “quase” tudo o que ele
quiser, a Administração Pública, ao contrário, somente pode fazer o que for
expressamente autorizada pela lei. Desta forma, toda e qualquer atividade da
Administração deve estar estritamente vinculada à lei, não cabendo aos agentes
públicos realizarem atos ou atividades sem previsão legal.
Essa obrigatoriedade está intimamente ligada ao princípio da
indisponibilidade do interesse público: o administrador não pode agir como ele
quiser dentro da Administração. Por este princípio, os bens, serviços e interesses
da coletividade devem ser resguardados pelo administrador. Dentro da
Administração não há que se falar em “vontade do administrador”, a única vontade
que deve prevalecer é a “vontade da lei”, não podendo o administrador dispor dos
interesses coletivos como se estivesse dispondo dos seus próprios interesses
particulares.
O trato com a coisa pública exige respeito por parte de toda a
Administração, em quaisquer dos níveis da Federação. Os agentes públicos de
forma geral não têm a liberdade que o princípio da legalidade conferiu aos
particulares, devendo a sua conduta, além de estar pautada na lei, ser respeitadora
dos diversos princípios que regem as atividades administrativas.
Concluímos então, que o princípio da legalidade tem um campo de
aplicação diversificado a depender do seu destinatário. Ora confere liberdade ao
particular, onde este poderá fazer tudo o que a lei não proibir, ora confere limitação
à atuação administrativa, visto que a Administração Pública está sujeita durante a
toda a sua atuação funcional aos ditames da lei. Traduzimos essa liberdade x
limitação da seguinte forma: Para os particulares, vigora a legalidade “ampla”. Para
a Administração, vigora a legalidade “estrita”.

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2. PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO
ACÓRDÃO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 206-26.2013.6.19.0000 -
CLASSE 32 - RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO Relator: Ministro
João Otávio de Noronha Embargante: Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado (PSTU) - Estadual Advogados: Bruno Colares
Soares Figueiredo Alves e outros Embargados: Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) "- Estadual e outros Advogados: Eduardo
Damian Duarte e outros EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO
REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2014.
PROPAGANDA ELEITORAL NEGATIVA EXTEMPORÂNEA.
CONFIGURAÇÃO. MULTA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO ou
OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. REJEIÇÃO. As supostas contradições
apontadas pelo embargante denotam o propósito de rediscutir matéria já
decidida, providência inviável na via aclaratória, conforme jurisprudência
do Tribunal Superior Eleitoral. Inexiste afronta à garantia da ampla defesa
devido ao julgamento do agravo regimental na forma de votação em lista,
porquanto, nos termos da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, "é
incabível a realização de sustentação oral em agravo regimental" (ED-
AgR-Al 11019/PR, ReI. Mm. Ricardo Lewandowski, DJe de 15.4.2010).
Embargos de declaração rejeitados. Acordam os ministros do Tribunal
Superior Eleitoral, por unanimidade, em rejeitar os embargos de
dçaração, nos termos do voto do relator. \'- Brasília, 12 de maio de 2015.
MINISTRO JOÃO OTÁVIO NORONHA \- RELATOR ED-AgR-REspe no
206-26.2013.6.1 9.0000/RJ 2 RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA: Senhor Presidente trata-se de embargos
de declaração opostos pelo Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificado (PSTU) - Estadual contra acórdão que negou provimento a
agravo regimental assim ementado (fls. 363-364): AGRAVO
REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2014.
PROPAGANDA ELEITORAL NEGATIVA EXTEMPORÂNEA.
CONFIGURAÇÃO. MULTA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA
DE CONFRONTO ANALÍTICO. DEFICIÊNCIA NA INDICAÇÃO DOS
DISPOSITIVOS LEGAIS VIOLADOS. SÚMULA 284/STF. Consoante a
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral1 a configuração da
propaganda eleitoral extemporânea independe da escolha dos
candidatos em convenção partidária. Precedente. A divulgação de
propaganda antes do período permitido pelo art. 36 da Lei 9.504/97
contendo imagem ofensiva à honra e à dignidade do governador do
estado configura propaganda eleitoral negativa extemporânea. O acórdão
recorrido está em consonância com a jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral, no sentido de que o pluralismo político, a livre manifestação do
pensamento, a liberdade de imprensa e o direito de crítica não encerram
direitos ou garantias de caráter absoluto, atraindo a sanção da lei eleitoral
no caso de ofensa a outros direitos, tal como o de personalidade.
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Precedentes. O pedido expresso de voto não é condição necessária à
configuração de propaganda, que, em sua forma dissimulada, pode ser
reconhecida aferindo-se todo o contexto em que se deram os fatos.
Precedentes. A divergência jurisprudencial não ficou demonstrada por
ausência da realização do cotejo analítico. O pedido para redução da
multa não merece conhecimento, pois o agravante não indicou nas
razões do recurso especial o dispositivo legal ou constitucional
supostamente violado no acórdão recorrido, o que caracteriza deficiência
de fundamentação a atrair a incidência da Súmula 284/STF. 7. Agravo
regimental não provido. No acórdão embargado, rejeitou-se a preliminar
de impossibilidade jurídica do pedido por perda de objeto em razão de
não constar o nome do Governador Sérgio Cabral na lista de candidatos
registrados para disputar as Eleições 2014, tendo em vista que, consoa
ED-AgR-REspe no 206-26.2013.6.1 9.0000/RJ 3 jurisprudência do
Tribunal Superior Eleitoral, a configuração da propaganda eleitoral
extemporânea independe da escolha dos candidatos em convenção
partidária. No mérito, assentou-se que: foi configurada propaganda
eleitoral negativa extemporânea, uma vez que foi divulgada antes do
período permitido pelo art. 36 da Lei 9.504/97 e contém imagem ofensiva
à honra e à dignidade do governador do estado; nos termos da
jurisprudência firmada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o pluralismo
político, a livre manifestação do pensamento, a liberdade de imprensa e
o direito de crítica não encerram direitos ou garantias de caráter absoluto,
atraindo a sanção da lei eleitoral no caso de ofensa a outros direitos, tal
como o de personalidade; o pedido expresso de voto não é condição
necessária à configuração de propaganda, que, em sua forma
dissimulada, pode ser reconhecida aferindo-se todo o contexto em que
se deram os fatos; a divergência jurisprudencial não ficou demonstrada
por ausência da realização do cotejo analítico; o pedido para redução da
multa não foi conhecido, pois o agravante não indicou nas razões do
recurso especial o dispositivo legal ou constitucional supostamente
violado no acórdão recorrido, a atrair a incidência da Súmula 284/STF.
Em suas razões, o embargante aduziu (fis. 374-386): a) o entendimento
exarado no acórdão embargado afrontou o art. 13 (liberdade de
pensamento e de expressão) do Pacto de São José da Çosta Rica, que
tem valor constitucional na ordem jurídica pátria, e os arts. 1, V (princípio
fundamental do pluralismo político), e 50, IV (garantia da liberdade de
manifestação do pensamento), da CF/88; ED-AgR-REspe no 206-
26.2013.6.1 9.0000IRJ 4 contradição entre o acórdâd embargado e a
decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) - transcrita
parcialmente nos embargos -, na qual se firmou o entendimento "de que
o funcionário público, no caso o governador de estado, está mais sujeito
a crítica pública. De modo que a honra a ser defendida não é a mesma
da esfera privada. [ ... ] Portanto, a suposta 'ofensa a honra' não poderia
ser motivo suficiente para impedir uma crítica, ainda que pesada, ao
ocupante de um cargo público" (fl. 380); "há uma contradição na Decisão
quando fundamenta no 'direito a personalidade', de agente público, em
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contra posição a (sic) liberdade de expressão" (fl. 381); também há
contradição no acórdão embargado quanto ao fato de que, se o suposto
ofendido não poderia ser candidato, uma vez que já ocupava o cargo pelo
segundo mandato consecutivo, "qualquer crítica ao mesmo não poderia
gerar o efeito de influenciar o pleito vindouro" (fl. 381), sob pena de
equiparar-se à hipótese de crime impossível; a divergência jurisprudencial
foi amplamente demonstrada nas razões do agravo regimental. na
votação em lista, forma como se procedeu o julgamento do agravo
regimental, não há garantia da ampla defesa, pois nega-se o debate
aberto no plenário com direito à sustentação oral; da mesma forma que o
Tribunal Superior Eleitoral e a Corte Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), o Supremo Tribunal Federal também entende que não se aplicam
as limitações inerentes ao direito da personalidade às críticas dirigidas às
pessoas públicas, pois "tais críticas fazem parte de um bem maior, da
coletividade, que é a liberdade de expressão do povo contra seus
governos" (fl. 385). ED-AgR-REspe no206-26.2013.6.1 9.0000/RJ 5 Ao
final, pugnou pela reforma do acórdão embargado, "tendo em vista a
latente contradição ao dar direitos de personalidade ao cargo de
governador" (fl. 386). É o relatório. VOTO O SENHOR MINISTRO JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA (relator): Senhor Presidente, os embargos
declaratórios têm como pressuposto de admissibilidade a existência no
acórdão embargado de obscuridade, dúvida ou contradição, e quando
houver omissão sobre ponto que deveria o tribunal pronunciar-se (art. 275
do Código Eleitoral). Ao contrário do que aduziu o embargante, as
matérias tidas como contraditórjas foram devidamente esclarecidas na
decisão embargada, porquanto demonstrou-se que o conteúdo da
publicidade configurou propaganda eleitoral negativa extemporânea, uma
vez que fora divulgada antes do período permitido pela legislação eleitoral
e ultrapassou os limites da liberdade de expressão e de crítica. Confira-
se o seguinte trecho do acórdão embargado (fls. 367-368): No mérito,
registrou-se que foi configurada propaganda eleitoral negativa
extemporânea, uma vez que foi divulgada antes do período permitido pelo
art. 36 da Lei 9.504/97 e contém imagem ofensiva à honra e à dignidade
do governador do estado. Confira-se o seguinte trecho da decisão
agravada (fis. 328-330): No mérito, conforme se extrai do acórdão
regional, o recorrente divulgou três outdoors pela cidade do Rio de
Janeiro/RJ contendo "imagem na qual o então Governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabra!, foi equiparado, em razão de montagem com foto
proveniente de filme de Charles Chaplin, ao ditador Adolf Hitler" (fls. 224-
224v). Constavam ainda nos referidos outdoors as mensagens: «FORA
CABRAL E PEZAO"; "DESMILITARIZAÇAO DA POLÍCIA!"; "PRISÃO
DOS CORRUPTOS E CONFISCO DOS SEUS BENS!" e "ESTATIZAÇÃO
DOS TRANSPORTES! MAIS DINHEIRO PARA SAÚDE E EDUCAÇÃO
PÚBLICA! DIA 30 DE AGOSTO VAMOS PARAR 0 BRASIL!" (fl. 224v).
ED-AgR-REspe no206-26.2013.6.1 9.0000IRJ O TRE/RJ concluiu que o
conteúdo da publicidade configurou propaganda eleitoral negativa
extemporânea, porquanto fora divulgada antes do período permitido pela
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legislação eleitoral e ultrapassou os limites da liberdade de expressão e
de crítica. Confira-se trecho do acórdão recorrido (fis. 223v-225): Do
exame da peça publicitária descrita pela Corte Regional, constata-se que
houve propaganda eleitoral negativa extemporânea, uma vez que foi
divulgada antes do período permitido pelo art. 36 da Lei 9.504/97 e
contém imagem ofensiva à honra e à dignidade do governador do estado.
Com efeito, não se verifica contradição no acórdão embargado "quando
fundamenta no 'direito a personalidade', de agente público, em contra
posição a (sic) liberdade de expressão" (fI. 381), consoante o seguinte
trecho (fis. 368-369): Com efeito, a jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral firmou-se no sentido de que o pluralismo político, a livre
manifestação do pensamento, a liberdade de imprensa e o direito de
crítica não encerram direitos ou garantias de caráter absoluto, atraindo a
sanção da lei eleitoral no caso de ofensa a outros direitos, tal como o de
personalidade. Nesse sentido: Consoante orientação jurisprudencial
deste Tribunal Superior, a propaganda eleitoral extemporânea configura-
se quando evidenciado o esforço antecipado de influenciar eleitores, o
que ocorre com a divulgação de argumentos que busquem denegrir a
imagem de candidato adversário político ou de sua legenda. A proibição
de divulgação de críticas em propaganda, cujo único objetivo é denegrir
a imagem de adversários políticos, não viola o direito à informação, à
liberdade de imprensa, tampouco o direito à livre manifestação de
pensamento por não serem direitos de caráter absoluto. Agravo
regimental desprovido. (AgR-Al 7-44/RJ, ReI. Mm. Luciana Lóssio, DJe
de 10.12.2013) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO REGIMENTAL DE
INSTRUMENTO. ELEIÇÕES 2010. PROPAGANDA ELEITORAL
NEGATIVA. INTERNET. DESPROVIMENTO. 1. Na espécie, o TRE/SP
consignou que a irregularidade consiste na divulgação, em sítio da
internet, de material calunioso e ofensivo contra a honra e a dignidade
dos agravados, conduta vedada pelos arts. 45, III, § 21, e 57-C, § 20, da
Lei 9.504/97, e 14, IX, da Res.-TSE 23.19 2010, e ED-AgR-REspe no206-
26.2013.6.1 9.0000/RJ 7 que extrapola o livre exercício da liberdade de
expressão e de informação. O acórdão recorrido não merece reparos
porquanto alinhado com a jurisprudência do TSE de que a livre
manifestação do pensamento, a liberdade de imprensa e o direito de
crítica não encerram direitos ou garantias de caráter absoluto, atraindo a
sanção da lei eleitoral no caso de seu descumprimento (Rp 1975-05/DF,
ReI. Mm. Henrique Neves, PSESS de 2.8.2010). O STF, no julgamento
da ADI 4.451/DF, manteve a parcial eficácia do art. 45, III, da Lei 9.504/97
e concluiu que o direcionamento de críticas ou matérias jornalísticas que
impliquem propaganda eleitoral favorável a determinada candidatura,
com a consequente quebra da isoriomia no pleito, permanece sujeito ao
controle a posteriori do Poder Judiciário. (AgR-Al 8005-33/SP, ReI. Min.
Nancy Andrighi, DJe de 20.5.201 3) No tocante à contradição relativa ao
fato de que, se o suposto ofendido não poderia ser candidato, "qualquer
crítica ao mesmo não poderia gerar o efeito de influenciar o pleito
vindouro", confira-se o seguinte trecho do acórdão embargado (fi. 367):
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Conforme consignado na decisão agravada, não procede a preliminar de
impossibilidade jurídica do pedido por perda de objeto em razão de não
constar o nome do Governador Sérgio Cabral na lista de candidatos
registrados para disputar as Eleições 2014, tendo em vista que,
consoante a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a configuração
da propaganda eleitoral extemporânea independe da escolha dos
candidatos em convenção partidária. Confira-se: AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL.
PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA. CONFIGURAÇÃO. NÃO
PROVIMENTO. 3. Segundo a jurisprudência do TSE, a prática da
propaganda eleitoral extemporânea independe da escolha dos
candidatos em convenção partidária. Precedentes. Agravos regimentais
não providos. (AgR-Al 51-37/SP, ReI. Mm. Castro Meira, DJe de
10.7.2013) (sem destaque no original) Registre-se, por oportuno, que, nos
termos da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, a contradição que
autoriza o a : o i ento ED-AgR-REspe no 206-26.2013.6.1 9.0000/RJ dos
embargos de declaração é a interna, que se dá entre as proposições e
conclusões do próprio julgado, e não entre este e decisão proferida em
processo diverso nem com lei. Nesse sentido: ED-RHC 127-81/RJ, Rei.
Mm. Laurita Vaz, DJe de 2.8.2013 e AgR-REspe 44-06ISP, Rei. Mm.
Henrique Neves, DJe de 17.8.2014. Desse modo, as supostas
contradições apontadas denotam, na verdade, o mero inconformismo do
embargante com os fundamentos adotados no acórdão embargado e o
propósito de rediscutir matéria já decidida, providência inviável na via
aclaratória, conforme jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral: ED-
AgR-REspe 999234792, Rei. Min. Laurita Vaz, DJe 8.5.2014; ED-REspe
30428, Rei. Mm. Dias Toifoli, DJe 13.9.2013. Quanto à alegada afronta à
garantia da ampla defesa devido ao julgamento do agravo regimental na
forma de votação em lista, por negar a realização de sustentação oral,
saliente-se que, nos termos da jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral, "é incabível a realização de sustentação oral em agravo
regimental" (ED-AgR-Al 11019/PR, Rei. Mm. Ricardo Lewandowski, DJe
de 15.4.2010). Ante o exposto, 1 É como voto. declaração.
EXTRATO DA ATA ED-AgR-REspe no 206-26.2013.6.19. 0000/RJ.
Relator: Ministro João Otávio de Noronha. Embargante: Partido Socialista
dos Trabalhadores Unificado (PSTU) - Estadual (Advogados: Bruno
Colares Soares Figueiredo Alves e outros). Embargados: Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) - Estadual e outros
(Advogados: Eduardo Damian Duarte e outros).
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de
declaração, nos termos do voto do relator. Presidência do Ministro Dias
Toifoli. Presentes as Ministras Rosa Weber, Maria Thereza de Assis
Moura e Luciana Lóssio, os Ministros Luiz Fux, João Otávio de Noronha
e Henrique Neves da Silva, e o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, Eugênio
José Guilherme de Aragão. SESSÃO DE 12.5.2015.

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APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO
O pluralismo político se traduz no incentivo quanto à coexistência de várias
de ideias políticas, sendo permitido a cada indivíduo agir de acordo com as suas
próprias convicções morais, filosóficas e políticas.
Assim, é dever constitucional a proteção à pluralidade política, no qual grupos que
pensam de forma diversa devem viver em harmonia.
Já vimos aqui no dicionário direito outros temas como Poder Legislativo,
Direito de Ir e Vir e Estado de Sítio. Veremos agora o significado de pluralismo
político, como funciona e na constituição.
O significado de pluralismo trata-se da mistura de várias opiniões religiosas
ou políticas, pontos de vista e de interesses diferentes, que existem paralelamente
em um mesmo lugar.
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, o pluralismo político funciona
como forma de garantia de liberdade de expressão, no qual é dado aos indivíduos
optarem por seguir um grupo político ou outro.
Outra razão para o fundamento republicano é a participação dos cidadãos
no que se refere à seleção daqueles que são responsáveis pela sua representação,
bem como pela proteção dos direitos constitucionais e infraconstitucionais.
Dispondo acerca dos fundamentos da República Federativa do Brasil, o
artigo 1º da Constituição Federal garante o pluralismo político. Observe:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
[…]
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

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3. REFERÊNCIAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método,
2006.

SILVA. José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 6 ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2009.

VICENTE, Paulo. ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado.


15 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

JURISPRUDÊNCIA – PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO


http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/jurisprudencia-por-assunto
http://inter03.tse.jus.br/sjur-consulta/pages/inteiro-teor-
download/decisao.faces?idDecisao=52114&noChache=505202634 acesso
realizado em 13/05/2020.

JURISPRUDÊNCIA – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ARE%24%2
ESCLA%2E+E+662261%2ENUME%2E%29+OU+%28ARE%2EACMS%2E+ADJ
2+662261%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/y9ckdn
24 acesso realizado em 13/05/2020

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE disponível em


https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7125/O-principio-da-legalidade-na-
Constituicao-Federal-analise-comparada-dos-principios-da-reserva-legal-
legalidade-ampla-e-legalidade-estrita acesso realizado em 13/05/2020

PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO disponível em :


https://dicionariodireito.com.br/pluralismo-politico acesso realizado em 13/05/2020

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