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DE RISCO
Iraneide Azevedo
Modelo CAPM e
teorias alternativas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A teoria de mercado de capitais amplia a teoria de carteiras, pois consi-
dera a presença de um ativo livre de risco e sua implicação na avaliação
de ativos. Isso induz a um modelo de precificação de todos os ativos
com risco. O produto final – isto é, o modelo de formação de preços
dos ativos, também conhecido como CAPM – determina a taxa de re-
torno exigida de quaisquer ativos com risco. O CAPM é um modelo de
fator único: imagina-se que o risco de um ativo é denominado por seu
coeficiente beta. Há modelos de precificação de ativos alternativos, mas
com hipóteses alternativas que respondem algumas críticas ao modelo
tradicional. Há também a linha do mercado de títulos, que é aplicada na
avaliação de risco/retorno de todos os ativos, inclusive nos que não têm
uma relação completa com a carteira de mercado.
Neste capítulo, você estudará o CAPM, os modelos de índice, a apli-
cação do modelo da linha de mercado de títulos, e a reta do mercado
de capitais.
O modelo CAPM
CAPM corresponde ao acrônimo de Capital Asset Pricing Model (Modelo de
formação de preços de ativos, em uma tradução livre). Ele é baseado na ideia
de que a taxa de retorno exigida de qualquer ação é igual à taxa de retorno
2 Modelo CAPM e teorias alternativas
O APT
O APT, que corresponde ao acrônimo de Arbitrage Pricing Model (em uma
tradução livre, Modelo de Precificação Arbitrário), é um modelo baseado na
hipótese de não arbitragem e utilizado como alternativa teórica e empírica ao
CAPM. A partir de uma hipótese sobre a geração dos retornos dos ativos,
a inexistência de arbitragem demonstra uma relação linear entre os retornos
dos ativos.
Ross (1976) apresenta uma versão do APT. Embora o modelo seja se-
melhante ao CAPM por estabelecer uma relação linear entre os retornos
esperados dos ativos, o ATP é diferente do CAPM, pois apresenta hipóteses
alternativas que respondem a algumas críticas feitas ao modelo tradicional.
A fórmula derivada do modelo APT é a seguinte:
em que:
R: retorno exigido;
RF: taxa de retorno livre de risco;
I: inflação;
PNB: produto nacional bruto; e
R: taxa de juros.
4 Modelo CAPM e teorias alternativas
Os modelos de índice
O CAPM tem duas limitações: a dependência da carteira teórica do mercado
(que inclui todos os ativos, como imóveis, ações estrangeiras etc.), e a relação
com os retornos esperados, em vez de com o retorno real. Para implementar
o CAPM, nós o apresentamos como um modelo de índice, e usamos os retornos
realizados em lugar dos esperados.
Um modelo de índice usa as carteiras reais, em vez da carteira teórica
do mercado, para representar fatores relevantes na economia. A vantagem
desses modelos são suas composições e taxas de retorno, que são inequívocas
e facilmente medidas.
Por sua vez, o CAPM está relacionado à “carteira de mercado”. Entretanto,
mesmo que pudessem identificar a carteira de mercado, os investidores não
poderiam acessá-la, pois muitos ativos não são negociados. Portanto, o CAPM
apoia-se em um mundo real um tanto instável; porém, como acontece em todas
as ciências, uma teoria pode ser considerada legítima se ela se aproximar dos
resultados do mundo real e apresentar um grau de precisão. A dependência
neste tipo de carteira não nos perturbará, se comprovarmos que as afirma-
ções do CAPM são suficientemente precisas quando a carteira de índice é
substituída pela de mercado.
O coeficiente beta
O coeficiente beta consiste em uma medida relativa de risco não diversificável.
É um indicador do grau de variabilidade do retorno de um ativo como
uma resposta à variação do retorno de mercado (isto é, o retorno da carteira
de mercado composta por todos os títulos negociados). Usamos os retornos
históricos de um ativo para encontrar seu coeficiente beta.
A fórmula derivada do modelo CAPM é a seguinte:
Rj = RF + β (RM – RF)
em que:
Rj = retorno requerido pelo ativo “j”;
RF = taxa de retorno livre de risco;
β = coeficiente beta (mede a sensibilidade do retorno do ativo em relação
ao mercado); e
RM = taxa de retorno de mercado.
Coeficiente beta é a medida do grau em que os retornos sobre uma dada ação
variam com o mercado de ações.
Sensibilidade da
Direção da variação do retorno
variação em exigido em relação ao
®
Beta ( ) relação ao mercado retorno do mercado
Vamos imaginar duas variações na taxa de retorno do mercado: em um dia, ela variou
+2% (mercado em alta), e no outro, -4% (mercado em baixa). A variação dos retornos
de três ativos distintos com seus respectivos coeficientes beta está representada no
Quadro 2:
Quadro 2. O coeficiente beta e a variação nos retornos de ativos.
Variação no
Retorno do mercado retorno do ativo
E (RF) = RF
(Retorno
Esperado)
R1 R2
R3
S1
S2
S3
Risco (σF)
E (RF) = RF R1
R2
(Retorno R3
Esperado)
B
P
A
Risco (σF)
Fronteira eficiente é uma linha que representa um conjunto de carteiras que maxi-
mizam o retorno esperado em cada nível de risco da carteira.
Para saber mais sobre este conceito, consulte o livro Fundamentos de Investimentos,
Bodie, Kane e Marcus (2014), cap. 7 no assunto “A Fronteira Eficiente de Ativos de Risco”.
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E (RF) = RF
(Retorno
Esperado)
RF
Risco (σF)
Figura 3. Desvio-padrão e retorno esperado de uma carteira formada por ativo com risco
e livre de risco.
Fonte: Assaf Neto (2012, p. 290).
Modelo CAPM e teorias alternativas 11
E (RF) = RF R1 R
2 R3
(Retorno Z Reta do mercado
Esperado) de capitais
M
E(Rm)
P
RF
σM Risco (σF)
Ativo X
R J= 12% + 2,0(20% – 12%) = 28,0%
Ativo Y
R J= 12% + 0,5(20% – 12%) = 16,0%
Retorno
Ativo esperado E(R) Risco (beta)
A 22,0% 1,70
B 20,0% 1,10
C 18,0% 0,90
Retorno Esperado
E(R) Ativo
25,7% A
E (RB) = 20% 22% = E(RA)
19,1% E (RC) = 18% M B
R = 18%
16,9% C
R = 7%
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A. J. Fundamentos de investimentos. 9. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
ROSS, S. A. The arbitrage theory of asset pricing. Journal of Economic Theory, v. 13, n.
3, p. 341-360, Dec. 1976.
VEIGA, A. L. B. C.; CRUZ, M. A. Fundamentos de Finanças. Rio de Janeiro: Fundação
CECIERJ, 2009. v. 2. Disponível em: <file:///C:/Users/10086049/Downloads/48236.
pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018.
Leituras recomendadas
BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira.
Rio de Janeiro: Campus, 1999.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2010.
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira: corporate finance.
2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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