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INTRODUÇÃO
Becker (1968), salienta que, qualquer indivíduo pode ser um criminoso potencial, ou
seja, os crimes não são necessariamente praticados apenas por indivíduos que tenham
transtornos de conduta. Destaca-se também que, toda prática de crime envolve um certo
grau de risco, e, portanto, indivíduos com elevado grau de aversão ao risco provavelmente
não cometeriam crimes. E um terceiro ponto analisado na teoria é a relação da
criminalidade com o mercado de trabalho formal, pois de acordo com Becker (1968), o
ato criminoso surge da decisão racional do indivíduo que avalia entre os benefícios
financeiros de sua ação criminosa e os custo associados a sua punição; e os custos de
oportunidade representados pelo retorno no mercado legal de trabalho.
Ehlich (1973) propôs uma extensão ao modelo de Becker (1968), dando ênfase
especial para a escolha na alocação do tempo. Ao invés da escolha individual se restringir
à inserção no mercado criminal ou legal, o autor permitiu que o indivíduo fizesse uma
escolha de alocação do tempo entre as duas atividades. Na sua versão econométrica, o
modelo de Ehlich (1973) prevê, além dos incentivos de custos e benefícios preconizados
por Becker (1968), o efeito das variáveis de desigualdade de renda e renda média sobre o
crime, por entender que essas variáveis poderiam captar as variações nas oportunidades
obtidas com a atividade criminal. Partindo do pressuposto de que o potencial criminoso
para crimes de natureza econômica pertencesse a classe de menor renda, a desigualdade
representaria a distância entre sua expectativa de renda no mercado de trabalho (seu custo
de oportunidade) e a renda de suas vítimas (sua renda potencial com o crime).
Dentre todas as variáveis socioeconômicas que apresentam uma relação estreita com
a criminalidade, é a educação. Espera-se que um nível maior de educação reduza a
criminalidade. Tendo como base o modelo teórico de Becker (1968). Um baixo nível de
capital humano implica em baixos retornos no mercado lícito e isto significa baixos custos
de oportunidade para praticar crimes. Além disso, a educação faz parte do processo de
desenvolvimento moral do indivíduo, tendo um papel fundamental na inclusão social do
mesmo. Este processo de desenvolvimento moral afeta os custos morais de se cometer
crimes e por consequência a criminalidade.
Por outro lado, segundo pesquisa realizada por Abramovay e Rua (2002), a violência
nas escolas afeta negativamente o desempenho acadêmico dos alunos. Dentre outros
fatores, a violência escolar diminui o nível de concentração e a frequência dos alunos.
Consequentemente ocorre uma diminuição do nível de capital humano, tão importante no
processo de desenvolvimento socioeconômico de qualquer país.
Esse trabalho tem como objetivo analisar a relação entre criminalidade e educação no
estado de Pernambuco no período de 2007 a 2017, com base dos dados do IDEB para a
variável educação e dados do Governo do Estado de Pernambuco para a variável
criminalidade, será aplicado o modelo de regressão linear múltipla para explicar a relação
entre as diversas variáveis explicativas.
ESTRATEGIA EMPIRICA
Utiliza-se da função log na variável que mede a renda per capita, e na variável que
mede a população dos municípios, a utilização do log é justificada dado a sua capacidade
de normalização que faz o modelo atender a hipótese 6 do modelo de regressão linear
múltipla, a da normalidade possibilitando a inferência estatística sobre os parâmetros dos
modelos populacionais. Também possibilita o alivio aos problemas decorrentes da
heterocedasticidade, como também os advindos da concentração de variáveis que tendem
a ser estritamente positivas como a renda per capita e a população.
Y = β0 + β1 + β2 + β3 + Yt-1 + β1t-n
Onde:
β0 = Intercepto da regressão
ANÁLISE DISCRITIVA
Foram utilizados dados dos 185 municípios pernambucanos, sendo estes extraídos
de bases distintas. A taxa de crimes violentos letais intencionais foi obtida através da
secretaria de defesa social do estado de Pernambuco. O Ideb de 2007 até 2017 foi extraído
a partir do FNDE que mostra indicadores qualitativos e quantitativos da educação
nacional. Já a estimativa populacional e a renda per capita dos municípios
pernambucanos, foram retiradas da base de dados do estado de Pernambuco.
O indicador de renda per capita, mostra a riqueza gerada pelo município dividido
pelo numero de habitantes do mesmo. Onde se espera que a renda tenha, segundo
Gutierrez et alii (2004), que a relação entre a renda e o crime seja negativa, onde supõe-
se que uma maior renda per capita, tende a gerar uma menor taxa de crimes violentos
letais intencionais. A distribuição da renda per capita em Pernambuco no ano de 2017 é
representada no gráfico abaixo:
Onde o gráfico mostra que grande parte dos municípios do estado apresentam
baixo nível de renda per capita, onde observa-se que o município de maior renda per
capita, apresenta também altas taxas de violência. E o município de menor renda per
capita apresenta um baixo nível de criminalidade. Ao calcular a correlação entre as
variáveis, vê se uma fraca correlação positiva o que indica uma tendência que maior
renda per capita levaria a maior violência, mas a fraca correlação indica que não se pode
ao certo afirmar nada.
Y = β0 + β117 + β2 + β3 + Y2016 ( 1)
A terceira equação busca identificar qual IDEB tem mais significância sobre a
determinação da criminalidade.
A quarta equação busca identificar a relação entre o IDEB final e inicial sobre a
criminalidade, buscando identificar qual tem maior efeito sobre a criminalidade.
RESULTADOS
Ao rodar a regressão 1 vemos que o IDEB do ano de 2017, não tem efeito
significante sobre a criminalidade. Observa-se também que a taxa de crimes violentos
letais e intencionais do ano de 2016, tem efeito altamente significante sobre a taxa de
2017, efeito já esperado dado que supõe que a violência do ano anterior se relaciona com
a do próximo ano. Vale ressaltar que o efeito da TCVLI de 2016 é mínimo, sendo um
pequeno efeito, só que com alta significância. A renda per capita também se mostrou
significante, mas com um efeito maior e uma significância mais baixa. A população
apresenta o efeito esperado, mas sem significância.
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