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APLICAÇÃO DOS ÍNDICES E QUOCIENTES DE LIQUIDEZ, RENTABILIDADE E

ENDIVIDAMENTO NA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS DA INDÚSTRIA BETA

Michele Storch Pinheiro do Santos¹


Cesar Augusto Bay²

RESUMO

Pesquisar conceitos e métodos de Análise das Demonstrações Financeiras, bem


como conhecer os índices e quocientes extraídos das mesmas é importante no
processo de continuidade de qualquer organização. O objetivo geral do trabalho foi
apurar e analisar a situação econômica e financeira sob a ótica da análise primária,
de uma indústria do Vale do Rio Pardo, através do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício dos períodos de 2007 a 2009. Por meio de
um estudo de caso e da pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e
quantitativa, foram aplicados os índices de liquidez, rentabilidade e endividamento
sobre os quais foram realizadas análises sobre os resultados obtidos. Os resultados
demonstraram que a empresa não atingiu os índices ideais nos períodos analisados,
impactando em sua situação econômica e financeira. Deste modo, conclui-se que é
necessário o controle, acompanhamento e identificação dos fatos ou fatores que
atingiram esses indicadores.

Palavras-chave: liquidez, rentabilidade, endividamento

ABSTRACT

Searching concepts and methods of Financial Demonstrations Analysis, as well as


knowing the ratios and quotients extracted from the same ones is important in the
process of continuity of any organization. The general objective of the work was to
select and analyze the economic and financial situation, regarding the primary
analysis, of an industry of the Valley of Rio Pardo, through the balance sheet and the
demonstration of the year-end results in the periods of 2007 to 2009. Through a case
study and a bibliographical research of qualitative and quantitative boarding, were
used the liquidity ratios, profitability and indebtedness, in which analyses of the
results obtained were carried through. The results demonstrated that the company
has not reached the ideal ratios, impacting in its economic and financial situation. In
this way, one concludes that the control, accompaniment and identification of
the facts or factors are necessary that had reached these pointers

Key-words: liquidity, profitability, indebtedness


_____________
¹Graduanda do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Dom Alberto.
²Bacharel em Ciências Contábeis, Mestrando em Administração de Empresas, Professor de Ciências
Contábeis da Faculdade Dom Alberto.
1 Introdução

Proporcionar um controle econômico-financeiro dos negócios é importante no


processo de qualquer organização. Uma das alternativas para esse controle é por
meio de uma contabilidade que produza dados e números autênticos, na qual os
mesmos poderão ser transformados em informações úteis para o processo
decisório, que ajudarão os gestores a definir alguns aspectos importantes nos
negócios da empresa, assim como a tomarem decisões coerentes com a realidade
do mercado.
Um instrumento contábil que tem a função de identificar a situação
econômico-financeira das empresas é a análise das demonstrações contábeis.
Conforme Matarazzo (2007), a mesma transforma dados obtidos pela contabilidade
em informações úteis para a tomada de decisão, sendo uma ferramenta importante
tanto para os usuários internos como para usuários externos, ou seja, aqueles que
de certa forma se relacionam com os negócios da empresa.
Marion (2006) afirma que, por meio de indicadores de liquidez, rentabilidade
e endividamento, é possível avaliar a situação econômica e financeira de uma
empresa, isto é, consegue-se entender de forma superficial como a empresa
analisada conduz seus negócios.
Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral analisar a situação
econômica e financeira sob a ótica da análise primária da empresa Beta, uma
indústria situada no Vale do Rio Pardo. Para isso, aplicaram-se os índices de
liquidez, rentabilidade e endividamento, extraídos do balanço patrimonial e
demonstração do resultado do exercício da empresa pesquisada nos períodos de
2007, 2008 e 2009. Como objetivos específicos, buscou-se apresentar um
embasamento teórico dos índices aplicados na análise, bem como coletar,
demonstrar e analisar os índices obtidos pela empresa nos três períodos
consecutivos descritos.
Assim, a estrutura do presente artigo foi dividida em quatro partes. Na
primeira parte contemplou-se a revisão da literatura, que abordou assuntos relativos
às demonstrações contábeis e aos índices primários de análises; na segunda parte
descreveu-se a metodologia utilizada; na terceira parte realizou-se a coleta e análise
de dados; e na quarta parte apresentaram-se as considerações finais relativas às
análises e conclusões elaboradas neste estudo.
2 Referencial Teórico

2.1 Demonstrações Contábeis e seus Objetivos

De acordo com Marion (2006), as demonstrações contábeis, também


conhecidos como relatórios contábeis, são um conjunto de dados da empresa,
provenientes da contabilidade que, de forma sintética e rigorosa, expõe os eventos
registrados em determinado período.
Para Ching (2003) as informações fornecidas pelos relatórios contábeis
referem-se ao passado, como os lucros, fluxo de caixa e condições financeiras e
ajudam os usuários a tomar decisões relativas à situação futura da empresa.
Braga (2006, p.75) salienta que

As demonstrações contábeis, também denominadas de demonstrações


financeiras na legislação societária (Lei nº 6.404/76), são utilizadas pelos
administradores para prestar contas sobre os aspectos públicos de
responsabilidade da empresa, perante acionistas, credores, governo e a
comunidade em geral. Têm, portanto, por objetivo, revelar, a todas as
pessoas interessadas, as informações sobre o patrimônio e os resultados da
empresa, a fim de possibilitar o conhecimento e a análise de sua situação
econômico-financeira.

Para ser feita uma análise da situação de uma empresa, o ideal seria possuir
todas as demonstrações que, de alguma forma, possam facilitar o analista a dar
informações relevantes aos usuários. Nesta perspectiva, Marion (2006, p.22) explica
que
O primeiro passo para a análise é averiguar se estamos de posse de todas
as Demonstrações Contábeis (inclusive Notas Explicativas).Também seria
desejável ter em mão as Demonstrações Contábeis de três períodos. Com
as publicações em colunas comparativas, teremos, de posse de uma única
publicação, dois períodos: exercício atual e exercício anterior.

Nesse contexto, o ideal é examinar as demonstrações contábeis de no mínino


três períodos consecutivos, salientando que, quanto mais períodos forem
analisados, maiores serão as informações obtidas de evolução ou declínio dos
negócios da empresa. Portanto, Marion (2006) destaca que se deve também
constatar a credibilidade desses dados, para que a informações geradas sejam
coerentes com a realidade da empresa.
Atualmente, no Brasil, os principais demonstrativos contábeis são: o balanço
patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração dos lucros
ou prejuízos acumulados, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a
demonstração do fluxo de caixa e para as companhias abertas, a demonstração do
valor adicionado. A partir de 01 de Janeiro de 2008, as empresas não estão mais
obrigadas a apresentarem a demonstração das origens e aplicações de recursos,
conforme Lei 6.404/76 alterada pela Lei 11.638/07.
Dessa forma, é necessário se conhecer a estrutura das demonstrações e as
características das principais contas dos demonstrativos contábeis, para que se
possa analisá-las, pois é destas que serão obtidos os dados e transformados em
informações.

2.2 Análise das Demonstrações Contábeis e sua Importância

A análise das demonstrações contábeis é uma técnica muito utilizada, pois


fornece uma série de informações sobre a empresa. Segundo Ching (2003) através
da análise das demonstrações contábeis é possível entender a situação econômico-
financeira da empresa, identificar seus pontos fortes e fracos e sua eficiência em
administrar seus ativos, assim como avaliar sua capacidade de gerar lucro.
Para Assaf Neto (2007, p.55), “a análise de balanços visa relatar, com base
nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, à posição econômico-
financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as
tendências futuras”.
Logo, verifica-se que a contabilidade proporciona as demonstrações a serem
analisadas e, a partir dos dados extraídos, o analista organiza-os e os transforma
em informações úteis para a empresa e para seus usuários. Segundo Matarazzo
(2007, p.15)
As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre a
empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços
transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto
melhores informações produzir.

Para o autor, “a Análise de Balanços visa extrair informações para a tomada


de decisão. O perfeito conhecimento do significado de cada conta facilita a busca de
informações precisas” (MATARAZZO 2007, p.39).
Dessa forma, a análise das demonstrações contábeis necessita que os dados
extraídos dos demonstrativos sejam relevantes, para que se obtenha uma avaliação
coerente com a realidade da empresa.
2.3 Análise das Demonstrações Contábeis através de Índices

Para Matarazzo (2007, p.147), “Índice é a relação entre contas ou grupo de


contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da
situação econômica ou financeira de uma empresa”. O autor explica ainda que a
característica principal da análise através de índices é fornecer a situação
econômica e financeira da empresa, destacando que a quantidade de índices a
serem analisados depende do objetivo da análise, ou seja, depende das
informações que se deseja extrair das demonstrações contábeis analisadas.
A seguir, apresentam-se os três índices que fazem parte deste estudo e que
serão utilizados para conhecer a situação econômica e financeira da empresa
pesquisada.

2.3.1 Quocientes de Liquidez ou Solvência

Para Assaf Neto (2007, p.189) “os indicadores de liquidez evidenciam a


situação financeira de uma empresa frente a seus diversos compromissos
financeiros.” Portanto, esses índices são classificados basicamente em liquidez
geral, corrente, seca e imediata.

QUADRO 1 - Índices de Liquidez


SÍMBOLO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO
Quanto a empresa possui
de Ativo C + Realizável Quanto maior,
.LG •Liquidez Geral
LP para cada R$ 1 de melhor.
dívida total.
Quanto a empresa possui
Quanto maior,
LC •Liquidez Corrente de Ativo C para cada R$
melhor.
1 de Passivo C.
Quanto a empresa possui
Quanto maior,
LS •Liquidez Seca de Ativo L para cada R$
melhor.
1 de Passivo C.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2007, p.152)

Conforme Matarazzo (2007), a liquidez geral é um índice que indica a


capacidade que a empresa tem de pagar suas obrigações a curto e longo prazo, por
intermédio do ativo circulante e realizável a longo prazo. Já a liquidez corrente
mostra a capacidade da empresa pagar suas obrigações a curto prazo, na qual são
relacionados as contas de curto prazo do balanço patrimonial para realização da
análise.
Segundo o autor, a liquidez seca evidencia qual a capacidade que a empresa
tem de pagar suas obrigações a curto prazo, desconsiderando os estoques. Esse
índice é semelhante ao índice de liquidez corrente, porém a única diferença nesse
cálculo é a exclusão dos estoques, por ser considerado o ativo de menor liquidez.
Embora Matarazzo (2007) não inclua a liquidez imediata no quadro acima,
entende-se que esse índice mostra se a empresa consegue pagar suas obrigações
a curto prazo somente com suas disponibilidades. Desta forma, considera-se
oportuno a utilização desse índice na realização da pesquisa.

2.3.2 Quocientes de Endividamento

Os quocientes de endividamento ou estrutura de capital indicam o nível de


endividamento da empresa, fazendo uma relação entre seu capital próprio e o
capital de terceiros que possui. Para Ching (2003, p.108) “os índices de
endividamento mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa, isto
é, a posição do capital próprio, representado pelo patrimônio líquido, em relação ao
capital de terceiros, representado pelos empréstimos”.
Desse modo, pode-se destacar como os principais índices de estrutura de
capitais ou endividamento: participação de capitais de terceiros, composição do
endividamento, imobilização do patrimônio líquido e imobilização de recursos não
correntes.
QUADRO 2 - Índices de Endividamento
SÍMBOLO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO
•Participação de Quanto a empresa
Capitais de tomou de capitais de Quanto menor,
CT/PL
Terceiros terceiros para cada R$ melhor.
(Endividamento) 100 de capital próprio.
Qual o percentual de
•Composição do obrigações a curto Quanto menor,
PC/CT
Endividamento prazo em relação às melhor.
obrigações totais.
Quantos reais a
•Imobilização do
empresa aplicou no Quanto menor,
AP/PL Patrimônio
AP para cada R$ 100 melhor.
Líquido
de PL.
Que percentual dos
•Imobilização dos Recursos não
Quanto menor,
AP/PL + ELP Recursos não Correntes (PL e ELP)
melhor.
Correntes foi destinado ao Ativo
Permanente.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2007, p.152)

Segundo Matarazzo (2007), os quocientes de participação de capitais de


terceiros indicam quanto à empresa possui de recursos de terceiros em relação ao
seu capital próprio, demonstrando sua dependência com os recursos externos. Esse
quociente é muito utilizado para determinar a relação da empresa com recursos de
terceiros.
Com relação à composição de endividamento, o autor explica que este índice
revela a relação das obrigações a curto prazo que a empresa possui com suas
obrigações totais, ou seja, quanto dessas obrigações totais a empresa deverá pagar
a curto prazo. A imobilização do patrimônio líquido demonstra quanto à empresa
aplicou de seu patrimônio líquido em seu ativo permanente, isto é, quanto do ativo
permanente é fornecido pelo capital próprio da empresa, demonstrando o grau de
necessidade que a empresa utiliza recursos de terceiros para o desenvolvimento de
suas atividades. Por fim, a imobilização de recursos não correntes mostra quanto do
patrimônio líquido e do exigível a longo prazo da empresa que foi aplicado no ativo
permanente.

2.3.3 Quocientes de Rentabilidade

Os quocientes de rentabilidade mostram a situação econômica da empresa,


ou seja, se a mesma está gerando lucro através do seu capital investido. Para
Matarazzo (2007, p. 175), “os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos
capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau
de êxito econômico da empresa.”
Para avaliar o desempenho econômico da empresa, os índices de
rentabilidade utilizados são: giro do ativo, margem líquida, rentabilidade do ativo e
rentabilidade do patrimônio líquido.

QUADRO 3 - Índices de Rentabilidade


SÍMBOLO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO
Quanto a empresa
Quanto maior,
V/AT •Giro do Ativo vendeu para cada R$
melhor.
1 de investimento total.
Quanto a empresa
Quanto maior,
LL/V •Margem Líquida obtém de lucro para
melhor.
cada R$ 100 vendidos.
Quanto a empresa
•Rentabilidade do obtém de lucro para Quanto maior,
LL/AT
Ativo cada R$ 100 de melhor.
investimento total.
Quanto a empresa
obtém de lucro para
•Rentabilidade do Quanto maior,
LL/PL cada R$ 100 de capital
Patrimônio Líquido melhor.
próprio investido, em
média, no exercício.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2007, p.152)
Para Matarazzo (2007), o giro do ativo é a relação entre as vendas da
empresa com o capital total investido, no sentido de quanto maior, melhor. A
margem líquida representa o valor das vendas que restaram após as deduções de
todas as despesas, ou seja, qual é o lucro da empresa em comparação as suas
vendas.
A rentabilidade do ativo ou taxa de retorno sobre investimento evidencia
quanto à empresa possui de lucro sobre seu investimento total, isto é, relaciona o
lucro líquido e o ativo. A rentabilidade do patrimônio líquido verifica o valor de capital
próprio que foi investido na empresa, isto é, qual o valor adicionado do patrimônio
líquido consequente do resultado de determinado período.

3 Metodologia

O presente trabalho caracteriza-se por um composto entre pesquisa


bibliográfica e estudo de caso. A pesquisa bibliográfica baseou-se na literatura
pesquisada, dando suporte ao referencial teórico que fundamenta os índices e
quocientes analisados. Para Cervo e Bervian (2002, p. 65), “a pesquisa bibliográfica
procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
documentos”.
Já o estudo de caso possibilitou um trabalho mais aprofundado na empresa
analisada, onde se extraíram dados das demonstrações contábeis dos períodos de
2007 a 2009, apurando e analisando os índices de liquidez, endividamento e
rentabilidade, objeto do presente estudo. Segundo Gil (2002), o estudo de caso
resume-se na análise profunda de poucos dados, de modo que os mesmos possam
ser analisados de maneira detalhada, trabalho relativamente impossível por meio de
outros delineamentos considerados.
Em relação à abordagem desse trabalho, utilizaram-se os métodos
quantitativos e qualitativos, pois foram coletados os dados das demonstrações
contábeis da empresa e interpretados com os resultados encontrados.
Os cálculos apresentados foram realizados em planilha do Microsoft Excel
com base nas informações extraídas das demonstrações contábeis dos períodos
analisados, utilizando-se as fórmulas apresentadas no referencial teórico. Salienta-
se ainda que, as demonstrações analisadas são auditadas, pressupondo
credibilidade dos dados. Porém, devido à limitação nas informações internas da
empresa, a descrição, análise e discussão dos resultados não contêm informações
proeminentes, pois foram utilizadas exclusivamente as demonstrações publicadas e
referencial teórico pesquisado para dar um parecer dos índices obtidos. Sendo
assim, foram elaborados os gráficos, apresentando os resultados obtidos juntamente
com suas respectivas análises.

4 Descrição, Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Caracterização da empresa

A empresa foco deste estudo é uma indústria constituída na forma jurídica de


sociedade anônima de capital fechado, situada no Vale do Rio Pardo. Atuando há
mais de meio século no ramo, a empresa acompanha as mudanças no mercado de
forma a atender às necessidades de seus clientes, com dedicação e qualidade em
seus produtos, sendo referência no segmento em que atua.

4.2 Análise através de índices

Em análise dessa natureza, têm-se como ponto de partida as demonstrações


patrimoniais. Portanto, apresenta-se o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício, sendo o primeiro de forma sintética, alusivos aos períodos
de 2007 a 2009 da empresa Beta e que serviram de base para as posteriores
análises.
QUADRO 4 - Dados do Balanço Patrimonial
ATIVO 31/12/2009 31/12/2008 31/12/2007
Circulante 23.650.839 21.396.358 19.445.903
Caixas e Bancos 467.114 219.300 61.951
Aplicações Financeiras Liquidez Imediata - 200.101 -
Estoques 3.584.054 4.298.595 3.620.973
Não Circulante 25.657.543 23.393.949 19.962.700
Realizável Longo Prazo 1.254.747 639.476 497.085
Investimentos 3.924 3.924 3.924
Imobilizado 24.141.250 22.542.272 19.461.691
Intangível 257.622 208.277 -
Total do Ativo 49.308.382 44.790.307 39.408.603

PASSIVO 31/12/2009 31/12/2008 31/12/2007


Circulante 23.891.437 23.099.121 19.232.886
Não Circulante 13.314.666 10.253.903 8.675.563
Patrimônio Líquido 12.102.279 11.437.283 11.500.154
Total do Passivo 49.308.382 44.790.307 39.408.603
Fonte: dados fornecidos pela empresa objeto do estudo.
Conforme Braga (2006, p.78), “o balanço patrimonial tem por objetivo
demonstrar a situação do patrimônio da empresa, em determinada data –
normalmente ao término de cada exercício social.” O autor ressalta ainda que,
segundo a lei societária, as contas devem ser organizadas de forma a simplificar a
análise da situação financeira da empresa.
Nesse sentido, algumas contas do balanço patrimonial da empresa Beta
foram reclassificadas, para conseguir dar uma melhor precisão nas análises
propostas, ou seja, as contas duplicatas descontadas e adiantamento de contrato de
câmbio foram alocadas no passivo circulante e despesas antecipadas e o diferido,
no patrimônio líquido. Segundo Assaf Neto (2007, p. 126), “é sugerido o
reagrupamento de algumas contas do demonstrativo, com o objetivo de tornar o
balanço mais homogêneo e consistente para o processo de análise econômico-
financeira.”
Na demonstração do resultado do exercício, o objetivo principal é expor a
formação do resultado que a empresa obteve em determinado exercício, através das
receitas, custos e despesas até o resultado líquido final, podendo ser lucro ou
prejuízo (BRAGA, 2006). O Quadro 5 apresenta a demonstração do resultado do
exercício da empresa pesquisada.

QUADRO 5 - Demonstração do Resultado do Exercício


31/12/2009 31/12/2008 31/12/2007
Receita Operacional Bruta 64.696.111 61.521.104 52.250.016
Deduções de Vendas -17.707.050 -16.742.929 -15.884.335
Receita Operacional Líquida 46.989.061 44.778.175 36.365.681
Custos dos Prod. e Serv. Vendidos -27.867.170 -29.017.331 -22.959.064
Lucro Bruto 19.121.891 15.760.844 13.406.617
Despesas/Receitas Operacionais
Despesas com Vendas -9.606.588 -9.170.434 -7.337.291
Despesas Gerais e Administrativas -3.791.306 -3.836.628 -3.258.682
Despesas Financeiras -5.935.053 -3.277.138 -2.737.256
Receitas Financeiras 754.922 429.233 226.595
Outras Receitas Operacionais 1.974 1.803 11.405
Resultados Extraordinários 202.819 112.610 -111.325
Resultado Antes Imposto S/ Lucro 748.659 20.290 200.063
Provisão P/ Contribuição Social -47.251 -2.116 -12.995
Provisão P/ Imposto de Renda -107.252 -3.527 -21.725
Resultado Líquido do Exercício 594.156 14.647 165.343
Fonte: dados fornecidos pela empresa objeto do estudo.
No quadro 5, observa-se a situação econômica da empresa nos períodos de
2007 a 2009. Através de algumas contas da demonstração do resultado do
exercício, é que se obtêm mais adiante os índices de rentabilidade.

4.2.1 Índices de Liquidez

Como descrito no referencial teórico, os índices de liquidez ou solvência


demonstram a capacidade de pagamento da empresa, sendo que as apurações
desses índices são parte integrante da análise primária. O gráfico 1 demonstra os
índices apurados nos respectivos períodos analisados.

GRÁFICO 1 - Índices de Liquidez


A liquidez geral mostra qual a capacidade financeira que a empresa possui
para liquidar todas as suas obrigações a curto e longo prazo. Assim sendo, observa-
se que os índices apurados pela empresa Beta nos períodos de 2007 a 2009
demonstram que a mesma não obteve um índice que lhe permita honrar seus
compromissos nos prazos desejados, ou seja, apresenta índice abaixo de um que se
traduziria no mínimo necessário para conseguir cumprir suas obrigações.
Por sua vez, a liquidez seca verifica a possibilidade da empresa pagar suas
obrigações excluindo do cálculo os estoques, por serem o ativo de menor liquidez
em razão de que não é possível afirmar que os mesmos serão convertidos em
dinheiro no prazo necessário para saldar suas obrigações. Verificou-se que a
empresa não apresentou índice de liquidez seca que lhe permita folga sem o uso
deste item do circulante.
A liquidez corrente é semelhante à liquidez seca, no entanto os estoques não
são retirados no momento do cálculo. Pode-se observar que em 2007, o resultado
desse índice ficou acima do mínimo necessário para honrar seus compromissos,
porém nos períodos de 2008 e 2009, o indicador não foi superior ao mínimo ideal.
Observa-se que a empresa possui um melhor desempenho na capacidade de
pagamento com suas obrigações a curto prazo.
A liquidez imediata demonstra a capacidade da empresa honrar seus
compromissos contando apenas com suas disponibilidades. O resultado desse
índice não é satisfatório, pois os recursos que a empresa possui de disponibilidades
imediatas são baixos, comparados com os clientes e os estoques. Mas se deve
observar que se esse índice for muito elevado, a empresa está com acréscimo de
valores das disponibilidades, podendo não estar aplicando seus recursos de forma
eficaz na atividade fim.

4.2.2 Índices de Endividamento

Outro índice integrante da análise primária trata da apuração do


endividamento ou estrutura de capital, que, entre outros, demonstra a estrutura
financeira da empresa. No gráfico 2, estão expostos esses índices referente aos
períodos de 2007 a 2009.

GRÁFICO 2 - Índices de Endividamento


A participação de capitais de terceiros mostra que a empresa possui recursos
de terceiros elevados em relação ao seu capital próprio. Observa-se que, de 2007 a
2009, houve um aumento gradativo, evidenciando que a empresa necessitou obter
mais capital de terceiros como fonte de financiamento de suas atividades.
A composição de endividamento evidencia que as obrigações a curto prazo
da empresa diminuíram no ano de 2009 em relação aos demais anos analisados.
Sob a ótica do ponto de vista de que quanto menor for o índice, melhor para a
empresa, em 2007 e 2008 a empresa possui 68,91% e 69,26% respectivamente de
dividas que venciam a curto prazo. Já ao final do exercício de 2009, esse percentual
foi reduzido para 64,21%.
O quociente de imobilização do patrimônio líquido comprova que nos três
períodos analisados, a empresa destinou recursos elevados no permanente. Dessa
forma, menos recursos próprios foram investidos no circulante, ficando a empresa
sujeita a necessitar mais recursos de terceiros.
A imobilização de recursos não correntes demonstra que somente em 2008, a
empresa aplicou mais de 100% no ativo permanente. Em 2007 e 2009, a empresa
destinou 96,48% e 96,01%, respectivamente, de seus recursos não correntes no
ativo permanente, destinando o restante dos 100% ao ativo circulante.

4.2.3 Índices de Rentabilidade

Outro componente da análise primária diz respeito à capacidade da empresa


de gerar lucros, ou seja, a sua rentabilidade. O gráfico 3 apresenta os índices de
rentabilidade apurados, evidenciando o retorno do investimento em cada período
analisado.
GRÁFICO 3 - Índices de Rentabilidade

O giro do ativo mostra que a empresa não conseguiu vender o suficiente em


relação aos seus investimentos totais, sendo que apenas em 2008 pode-se dizer
que em cada R$1,00 investido a empresa obteve R$1,00 de venda.
A margem líquida evidencia quanto à empresa obteve de lucro em relação ao
montante de suas vendas. Dessa forma, observou-se que somente no exercício de
2009, houve um aumento de sua margem de lucro, ou seja, nesse ano a empresa
atingiu um lucro global maior em relação às vendas realizadas.
A rentabilidade do ativo demonstra o lucro que a empresa gerou em relação
aos seus investimentos totais. Como em 2009, a empresa apresentou um lucro
líquido superior em relação aos anos anteriores, houve em razão disso, um aumento
desse quociente em relação demais exercícios analisados, identificando um
aumento no potencial de geração de lucros por parte da empresa.
A rentabilidade do patrimônio líquido mostra a relação do lucro obtido com o
capital próprio da empresa. Nota-se que no exercício de 2007 e 2008, esse índice
não foi satisfatório devido ao fraco desempenho dos lucros obtidos pela empresa.
Fato que não se repetiu no exercício de 2009, em razão do lucro apurado possuir
uma grande diferença em comparação aos demais, originando assim uma evolução
significativa desse índice em comparação aos anteriores, conseqüentemente
traduzindo em um desempenho melhor em relação ao capital próprio investido.
5 Considerações Finais

A análise das demonstrações contábeis pode ser considerada uma


necessidade dentro do mercado empresarial, pois os indicadores constituem em um
método de se obter informações sobre os aspectos econômicos e financeiros da
empresa.
As análises foram realizadas exclusivamente através dos dados extraídos das
demonstrações publicadas, fato esse que se configura em uma limitação do estudo,
pois as interpretações tornam-se mais subjetivas, por não se ter acesso a
informações internas que fornecessem subsídios concretos a respeito dos fatos
contábeis que interferiram no comportamento dos índices apurados.
Os resultados da pesquisa demonstraram que os índices de liquidez da
empresa não foram satisfatórios de 2007 a 2009, ficando no geral abaixo do padrão
sugerido no referencial teórico, evidenciando a deficiência na capacidade de
pagamento de suas obrigações. No entanto, a liquidez corrente foi a que obteve os
melhores indicadores, pois em 2007 o índice atingiu o mínimo necessário e em
2008, o índice ficou praticamente no mesmo padrão, demonstrando que em tais
períodos, havia capacidade de pagamento de seus compromissos a curto prazo.
Conclui-se ainda que, apesar dos índices de liquidez corrente da empresa no
período de 2008 ficar abaixo do padrão, pode-se considerar através dele, que a
empresa tem mais facilidade de pagar suas obrigações a curto prazo, evidenciado
pelo rápido crescimento dos índices após substancial queda em 2008, e sua
retomada de crescimento em 2009.
O endividamento da empresa mostrou-se de forma geral, que a mesma
necessitou de recursos de terceiros para gerenciar seus negócios. Destaca-se a
participação de capital de terceiros e a imobilização do patrimônio líquido, que
evidenciaram um crescimento gradativo nos três períodos analisados, como fonte de
financiamento para suas atividades.
A rentabilidade apresentou as maiores variações no período de 2009, pois o
lucro obtido pela empresa foi o maior dos três períodos analisados. A rentabilidade
dos demais exercícios esteve comprometida em razão do baixo desempenho de
seus lucros.
Conclui-se que, apesar dos resultados não serem favoráveis, não se pode
afirmar que a empresa não conseguirá revertê-los em curto prazo, salientando o
difícil período empresarial vivido no ano de 2008, em razão da crise mundial, fato
que afetou a economia independentemente do segmento de negócio. E que ficou
evidenciado, pois a empresa a partir de 2009 já apresentou uma melhora em seus
índices com relação a 2008, e alguns já alcançando os níveis de 2007.
Conclui-se ainda também que o controle, bem como o acompanhamento e a
identificação dos fatos ou fatores que levam as empresas a não alcançarem os
índices ideais, fazem-se cada vez mais necessários, pois facilitam o diagnóstico
antecipado das causas que afetam ou afetaram esses indicadores, oportunizando
aos gestores ações que busquem melhorar o desempenho econômico e financeiro
dos negócios.
Como proposta e recomendação para futuros estudos, sugere-se a introdução
de índices de análise secundária, ou seja, índices mais avançados para fins de
análise, com o objetivo de ampliar o diagnóstico econômico e financeiro da empresa,
bem como traçar tendências do comportamento dos indicadores ao longo dos anos.

6 Referências

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econômico-financeiro. 8. ed . São Paulo: Atlas, 2007.

BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações contábeis: estrutura, análise e


interpretação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da


Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de
1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e
divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Leis/2007/lei11638.htm. Acesso em: 24
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CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice


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CHING, Hong Yuh. Contabilidade e finanças para não especialistas. São Paulo:
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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.

MARION, Jose Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade


empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica
e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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