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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em MBA

Finanças e Controladoria – 2022

Fintechs e Bancos Tradicionais: Um Comparativo de Indicadores Financeiros

Maria Eugênia de Aquino Barkett¹*; Matheus da Costa Gomes 2


1 USP/ESALQ. Pós-graduanda em Finanças e Controladoria. Bacharel em Engenharia de Produção. Av. Brigadeiro
Luís Antônio – Bairro Bela Vista, São Paulo/SP; 01317-001.
2 Doutor e Mestre em Controladoria e Contabilidade pela FEA-RP/USP. Bacharel em Economia Empresarial e

Controladoria e Bacharel em Ciências Contábeis. Rua Bonfim - Bairro Ipiranga, Ribeirão Preto/SP; 14.055-060.

*autor correspondente: mary_barkett@terra.com.br

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Fintechs e Bancos Tradicionais: Um Comparativo de Indicadores Financeiros

Resumo

Recentemente, o mercado bancário tem se deparado com novas instituições financeiras: as


fintechs, que estão atacando todos os componentes da proposta de valor dos bancos
tradicionais, ao ofertar produtos similares, ou até mesmo aprimorados, uma vez que elas
buscam, através da tecnologia, oferecer soluções personalizadas aos clientes. O objetivo deste
estudo é comparar índices financeiros de três fintechs brasileiras - Banco Inter S.A., Banco
Original S.A. e Nu Pagamentos S.A. - com índices dos quatro maiores bancos presentes no Brasil
- Banco do Brasil S.A., Banco Bradesco S.A., Banco Santander (Brasil) S.A. e Itaú Unibanco S.A.
O levantamento de dados ocorreu através do portal IF.Data, disponibilizado pelo Banco Central
do Brasil, onde foram coletados dados, de 2016 a 2020, de demonstrações financeiras das
Instituições Individuais, em nível não consolidado. Os seguintes indicadores financeiros foram
analisados: Retorno sobre o Patrimônio Líquido [ROE], Retorno sobre o Ativo Total [ROA],
Margem Líquida, Giro do Patrimônio Líquido, Margem Financeira das Receitas, Índice de
Eficiência, Evolução das Receitas Financeiras e Evolução do Lucro Líquido. De acordo com os
indicadores analisados, constatou-se que os bancos tradicionais ainda têm uma vantagem
numérica em relação às fintechs. No entanto, em alguns momentos pontuais os indicadores das
fintechs ficaram muito próximos ou mesmo acima dos índices dos bancos tradicionais, fato que
demonstra que as fintechs visam conquistar métricas próximas dos grandes bancos. Conclui-se
que o atual cenário competitivo entre as instituições financeiras é desafiador tanto para as
fintechs, que são novas entrantes, quanto para os bancos tradicionais. O grande desafio dos
bancos tradicionais é de se manterem competitivos e tecnológicos, em uma corrida para não se
tornarem obsoletos, após tantos anos de operação. Já as fintechs têm como desafio conseguir
obter altos ganhos de escala para poderem se equiparar aos bancos tradicionais.

Palavras-chave: fintechs; bancos tradicionais; indicadores financeiros.

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Introdução

No contexto atual de globalização, os fluxos tecnológicos, fluxos financeiros e os


processos de produção fazem com que seja imprescindível que agentes econômicos se
adaptem aos novos modelos de concorrência e de interações gerados pelo curso da abertura
da economia (Rathmann et al., 2006). A inovação tecnológica surge, então, como um fator
crítico para o desenvolvimento mundial. Nesse sentido, pequenas empresas fontes de
inovações radicais, como as startups, assumem um papel chave e vêm ganhando grande
importância no cenário empreendedor, uma vez que possuem potencial para adaptar, criar e
difundir novas tecnologias agregadas em novos produtos (Munhoz et al., 2013). O termo
“startups” se refere a empresas jovens, que estão no início de suas atividades, em diferentes
tipos de mercado, e que buscam, através da inovação, um modelo de negócio escalável e
repetitivo, cujo fundamento de suas atribuições é o desenvolvimento de produtos e clientes
através da técnica iterativa “construir-medir-aprender” (Girardi e Zen, 2018).

Dado o panorama de relevância das startups, surge também um tipo específico de


startup, direcionado ao setor financeiro: as fintechs. Conforme o Fórum Econômico Mundial,
o termo “fintech” é a abreviação de “financial technology” – tecnologia financeira – e refere-se
a novos entrantes que prometem remodelar rapidamente a forma com que produtos
financeiros são estruturados, provisionados e consumidos (McWaters e Galaski, 2017). Essas
empresas abrangem inovações tanto de modelos de negócios, como também digitais, na
esfera financeira. Segundo Philippon (2016), essas inovações podem mudar radicalmente o
modo como as organizações atuais desenvolvem e entregam serviços e produtos; fornecem
novas portas de entrada para o empreendedorismo e democratizam o acesso a serviços
financeiros.

Com relação aos bancos comerciais, sua origem está vinculada aos negociantes de
moedas estrangeiras. Esses negociantes, com o objetivo de defenderem seu patrimônio,
criaram depósitos seguros e passaram a ser chamados de banqueiros. No entanto, quando a
Igreja Católica, na Idade Média, condenou a usura - prática de cobrar juros sobre empréstimos
- a atividade dos banqueiros caiu em decadência. Após muitas guerras e revoluções, e uma
independência maior entre a população e a Igreja, retomou-se a prática na qual o emprestador
de capital passa a receber parte dos lucros obtidos com o empréstimo, fomentando a
economia. Dessa forma, foram criados bancos centralizados para emissão de papel moeda e
bancos de depósito. Os bancos de depósito representaram um marco no desenvolvimento do
mercado financeiro, cujas práticas foram se modernizando, com estruturas cada vez mais
complexas (Diniz, 2020). Os bancos de depósito deram origem aos bancos comerciais, que,

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historicamente, foram os emprestadores diretos dominantes das empresas. Esses bancos


atuam acumulando depósitos de poupadores e utilizam proventos com o objetivo de conceder
crédito a indivíduos, a agências do governo e a empresas. Dessa forma, funcionam como uma
relevante fonte de crédito a fim de fornecer suporte à expansão empresarial (Gitman, 2003).

Segundo Diniz (2020), um fato que abriu espaço para o surgimento das fintechs é a
questão de que as orientações no desenvolvimento das soluções bancárias eram muito
focadas no produto, deixando o foco no cliente em segundo plano. Dessa forma, as fintechs
surgem para preencher lacunas do sistema financeiro, mas não só as tecnológicas, uma vez
que além da própria tecnologia, as fintechs exercitam com maestria um marketing one-to-one,
que vem com o objetivo de humanizar e personalizar as relações empresa-cliente. Esse tipo
de estratégia de marketing baseia-se na individualidade dos clientes e na personalização de
produtos e serviços, por meio de um conhecimento do mercado adquirido pelo diálogo e pelo
feedback de cada cliente. Portanto, pode-se concluir que o alicerce sobre o qual se baseiam
as fintechs é a ideia de que as atividades bancárias tiveram um papel importante no
desenvolvimento econômico da nossa sociedade, entretanto estão sendo substituídas por
algoritmos e tecnologias que priorizam o usuário ao elevar a sua experiência e colocá-lo no
centro de suas decisões financeiras.

As fintechs possuem um histórico bem reduzido de atuação quando confrontadas com


os bancos tradicionais. Entretanto, em virtude do atual cenário promissor das fintechs, as
comparações entre essas instituições financeiras são inevitáveis. Dessa forma, a análise de
indicadores financeiros se torna um tema relevante para evidenciar a capacidade de cada um
desses dois atores. Portanto, este trabalho tem como tema a análise dos indicadores
financeiros de fintechs e de bancos tradicionais. O objetivo do presente estudo é comparar
índices financeiros de três fintechs brasileiras com índices dos quatro maiores bancos
presentes no Brasil. De forma complementar, esse estudo buscou apresentar uma visão geral
dos bancos tradicionais e das fintechs, apontando seus desafios e perspectivas futuras.

Este trabalho poderá ser útil para os profissionais interessados na elucidação e no


aprofundamento do estudo de assuntos ligados a fintechs brasileiras. Ele poderá servir para
os professores, estudantes, consultores e gestores financeiros que se empenhem em
continuar pesquisando resultados de empresas do setor bancário no Brasil. Outra contribuição
consiste na apresentação de dados reais, alguns constatados por pesquisas próprias e outros
retirados de estudos secundários, que conferem o registro da atuação de fintechs e de bancos
tradicionais no país.

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Material e Métodos

Classificação da Pesquisa

Uma pesquisa é usualmente classificada de acordo com seus objetivos gerais. O


presente trabalho foi classificado como uma pesquisa exploratória, visto que ao analisar as
definições de vários autores sobre este grupo de pesquisa, verificou-se que a pesquisa
exploratória é aquela que corresponde aos objetivos deste estudo. De acordo com Lakatus e
Marconi (2001), as pesquisas exploratórias, normalmente, assumem a forma de pesquisa
bibliográfica ou de estudo de caso. Conforme Gil (2002), o objetivo das pesquisas
exploratórias é promover uma maior familiaridade com o tema, ao formular hipóteses ou
mesmo ao explicitar mais a ideia central. Em contrapartida, Fernandes e Gomes (2003) não
consideram essencial a concepção de hipóteses para este grupo de pesquisa, apesar das
mesmas poderem surgir no decorrer da pesquisa. Baptista e Campos (2010) concluem que a
pesquisa exploratória contribui com o entendimento teórico da situação e identifica suas
futuras contribuições em diversas áreas.
Do ponto de vista de sua natureza, o atual estudo pode ser classificado como uma
pesquisa aplicada. Esse tipo de pesquisa tem como objetivo a geração de conhecimentos
com o intuito de trazer aplicações práticas e soluções para problemas singulares (Silva e
Menezes, 2005). Turrioni e Mello (2011) concluem que devido ao seu interesse prático, a
pesquisa aplicada gera resultados que podem ser utilizados para solucionar questões que
ocorrem na realidade.
Com relação à sua abordagem, trata-se de uma pesquisa quantitativa. A pesquisa
quantitativa supõe que o conjunto é quantificável, isto significa que é viável traduzir números
em informações e opiniões, para realizar a classificação e a análise dos dados (Silva e
Menezes, 2005).
Por fim, quanto aos procedimentos técnicos ou métodos, caracteriza-se a pesquisa
como um estudo de caso. Gil (2002) cita como um dos propósitos do estudo de caso a
contextualização da conjuntura da investigação e a criação de teorias ou concepção de
hipóteses. Tal tipo de pesquisa compreende um estudo detalhado e profundo de um ou
poucos objetos (multicasos), de modo que possibilite seu acurado e amplo conhecimento.
Este trabalho é definido como um estudo multicaso, uma vez que a pesquisa foi desenvolvida
com base em dados específicos das instituições financeiras selecionadas como objeto de
estudo.

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Coleta de Dados

Uma pesquisa bibliográfica é baseada em materiais já concebidos, provenientes


sobretudo de artigos científicos e de livros (Gil, 2002). Este estudo iniciou-se com a coleta de
material para realizar a revisão da literatura, e ocorreu principalmente a partir da plataforma
de periódicos da Capes e da página de buscas do Google Acadêmico. Em ambas as
pesquisas utilizou-se termos relacionados ao tema deste trabalho, tais como: “fintechs”,
“bancos comerciais”, “indicadores financeiros”, “finanças corporativas”. As pesquisas na
literatura referentes aos bancos comerciais e às fintechs tinham o intuito de descobrir a
respeito de suas características, suas vantagens e suas presenças no cenário brasileiro. Já
as buscas sobre indicadores financeiros tinham a finalidade de encontrar os indicadores ideais
para serem utilizados no setor financeiro e suas respectivas fórmulas e interpretações.
Conforme explica Gil (2002), um levantamento de dados baseia-se na solicitação de
informações a determinado grupo sobre a questão a ser estudada. Tais informações passam,
então, por uma análise quantitativa, de modo a gerar conclusões correspondentes aos dados
recolhidos. Para a execução do levantamento de dados, foi feita a coleta de dados de
Demonstrações Financeiras através do portal de dados IF.data, disponibilizado pelo Banco
Central do Brasil [BACEN], uma vez que o BACEN participa da Política de Dados Abertos do
Poder Executivo Federal, que visa contribuir para fortalecer a cultura da transparência. Os
dados divulgados pelo BACEN devem ser livres de sigilo, estruturados em formato aberto,
representados em meio digital, referenciados na internet, processáveis por máquina, e
disponibilizados sob licença aberta que permita seu livre cruzamento, consumo e utilização
(BCB, 2022).
As demonstrações financeiras utilizadas são referentes às Instituições Individuais, que
englobam todas as instituições que possuem a autorização do Banco Central do Brasil para
funcionar, apresentadas isoladamente por personalidade jurídica, em nível não consolidado
(BCB, 2022). Essas demonstrações são divulgadas trimestralmente pelo Banco Central. No
entanto, na presente data deste estudo, os dados do fechamento de 2021 ainda não tinham
sido disponibilizados na plataforma, dessa forma, o trabalho considerou para análise os dados
de 2016 a 2020.
Neste estudo foram analisados os indicadores de quatro bancos tradicionais - Banco
do Brasil S.A., Banco Bradesco S.A., Banco Santander (Brasil) S.A. e Itaú Unibanco S.A. - e
de três fintechs - Banco Inter S.A., Banco Original S.A. e Nu Pagamentos S.A.
Segundo o ranking da premiação “Melhores e Maiores” da revista Exame, tanto em
2019 como em 2020, os bancos tradicionais avaliados neste trabalho estão contidos no Top
5 dos maiores bancos do Brasil (Exame, 2021). Em 2020, os bancos Itaú Unibanco, Bradesco,

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Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica foram responsáveis por concentrar mais de
80% dos empréstimos nacionais (Ackerman, 2021).
Já as fintechs avaliadas nesta pesquisa, de acordo com Marques (2021), pertencem à
lista das maiores fintechs do Brasil. O Banco Original e o Banco Inter têm a proposta de ser
completamente digitais, proporcionando toda a segurança de bancos com ambientes físicos
(Marques, 2021). A fintech Nu Pagamentos S.A.- doravante denominada simplesmente
“Nubank” - foi criada em 2013 com o propósito de resolver problemas financeiros através da
tecnologia, oferecendo serviços sem tarifas (Redação Nubank, 2019).

Indicadores Financeiros

A análise de indicadores é relevante para seus próprios dirigentes, acionistas e


credores. Essa análise abrange fórmulas para cálculo, além de interpretação de indicadores
financeiros a fim de monitorar e analisar o desempenho da organização, desta forma, as
demonstrações de resultados e balanços patrimoniais constituem elementos essenciais para
os analistas de índices. As demonstrações de resultados fornecem um panorama financeiro
dos resultados operacionais, já o balanço patrimonial evidencia uma demonstração resumida
da posição financeira da organização em um dado momento e equilibra seus ativos em
relação a seu financiamento, que pode ser dívida ou patrimônio líquido (Gitman, 2003).
Segundo Assaf Neto (2014), a análise das demonstrações financeiras visa avaliar o
desempenho econômico-financeiro de uma organização em determinado período passado,
com o intuito de diagnosticar sua posição atual e formular uma previsão de tendências futuras.
O uso de um simples índice, isolado, não provê insumos suficientes para uma
conclusão satisfatória. Sendo assim, neste estudo foram empregados diversos indicadores
financeiros, ademais, também foi realizada uma comparação temporal, com o objetivo de criar
ciência da evolução dos indicadores nos últimos cinco anos, com dados de 2016 a 2020, com
o intuito de avaliar, de maneira dinâmica, o desempenho dos bancos.
Os indicadores financeiros empregados são índices de rentabilidade, lucratividade e
de desempenho da atividade. Define-se “rentabilidade” como a qualidade do que é rentável
ou a capacidade de produzir rendimento (Aurélio, 2002). Conforme Gitman (2003), as medidas
de lucratividade possibilitam que o analista julgue os lucros relativos a um certo nível de
vendas, de ativos ou ao investimento dos donos. Já os indicadores de atividade mensuram a
velocidade com a qual diversas contas são transformadas em caixa ou em vendas.
Visando estabelecer a melhor metodologia de avaliação dos diversos aspectos do
desempenho das empresas em análise, assim como o melhor entendimento dos indicadores
econômico-financeiros ideais para serem aplicados no segmento bancário, o presente

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trabalho utilizou como base o Relatório de Metodologia do Instituto Assaf para Instituições
Financeiras. Todos os indicadores usados neste estudo estão sintetizados nas Tabelas 1 e 2:

Tabela 1. Indicadores de Rentabilidade e Lucratividade


Indicador Definição Fórmula Matemática
Retorno Relação entre o Lucro Líquido e o
Lucro Líquido
sobre o Patrimônio Líquido Médio mantido pela ROE =
Patrimônio Líquido Médio
Patrimônio instituição no exercício. Taxa de
Líquido rentabilidade oferecida ao capital próprio.
[ROE]
Retorno Relação entre o Lucro Líquido e o Ativo
sobre o Total Mantido pela instituição no exercício. Lucro Líquido
Ativo Total Taxa de rentabilidade em relação a todos ROA =
Ativo Total Médio
[ROA] ativos mantidos pela entidade.
Margem Relação entre o Lucro Líquido e o montante
Líquida das Receitas de Intermediação Financeira.
Margem Líquida
Mede a eficiência produtiva, ou seja, quanto Lucro Líquido
restou de lucro das operações financeiras =
Receitas de Intermediação Financeira
do exercício após a dedução das despesas
financeiras, outras despesas operacionais e
não operacionais e impostos sobre o Lucro
da instituição financeira.
Giro do PL Relação entre o montante das Receitas de Giro do PL
Receitas de Intermediação Financeira
Intermediação Financeira e o Patrimônio =
Patrimônio Líquido Médio
Líquido Médio.
Fonte: Adaptado de Instituto Assaf (2022)

Tabela 2. Desempenho da Atividade


Indicador Definição Fórmula Matemática
Evolução Mede o crescimento percentual das
RIF (final) − RIF (inicial)
das Receitas de Intermediação Financeira Evolução RIF =
Receitas [RIF] das Instituições Financeiras de um RIF (inicial)
Financeiras exercício social para outro.
Evolução Mede o crescimento percentual do Lucro
LL (final) − LL (inicial)
do Lucro Líquido [LL] das Instituições Financeiras Evolução LL =
Líquido de um exercício social para outro. LL (inicial)

Margem Relação entre o Resultado de


Financeira Intermediação Financeira e as Receitas
Margem Financeira das Receitas
das de Intermediação Financeira. Resultado de Intermediação Financeira
Receitas =
Receitas de Intermediação Financeira

Índice de Relação entre as despesas operacionais


Eficiência (despesas com pessoal, despesas
Índice de Eficiência
administrativas e outras despesas Despesas Operacionais
operacionais) e as receitas de =
Receitas de Intermediação Financeira
intermediação financeira. O indicador
representa o percentual que sobra das
receitas geradas pela companhia
financeira após liquidar suas obrigações
operacionais.
Fonte: Adaptado de Instituto Assaf (2022)

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Resultados e Discussão

Conforme citado no capítulo anterior, os dados utilizados foram retirados do portal de


dados IF.data, disponibilizado pelo Banco Central do Brasil. Neste estudo foram analisados
os indicadores de quatro bancos tradicionais - Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander - e
de três fintechs - Banco Original, Banco Inter e Nubank. Nas planilhas obtidas referentes a
2016 não constavam dados do Nubank, a partir de 2017 essa fintech passou a constar na
base de dados.
O primeiro indicador analisado foi o Retorno sobre o Patrimônio Líquido [ROE], que
indica a taxa de rentabilidade do capital próprio. A partir do gráfico abaixo (Figura 1) constatou-
se que, entre os bancos tradicionais, o Itaú foi o que obteve maiores índices, principalmente
nos anos de 2017 e 2019, criando uma distância visível entre os demais bancos tradicionais.
No entanto, em 2020 o ROE do banco Itaú ficou abaixo do Santander e muito próximo dos
demais bancos tradicionais, esse fato pode ser atribuído à pandemia do Covid-19, que no
Brasil teve seu início mais intensificado em 2020 e forçou o fechamento de muitas empresas
e estagnou a economia, o que aumentou o índice de inadimplência, e também as provisões
para devedores duvidosos, sendo assim, afetou o lucro líquido do Itaú e também dos demais
bancos.
Todavia, apesar do Santander também ter uma queda no ROE, quando comparado
com 2019, a queda foi menor do que os demais bancos, isso pode ser atribuído ao fato dele
ser o único banco proveniente de um conglomerado estrangeiro e estar mais bem preparado
para a crise do Covid-19, já que a pandemia se alastrou antes pela Europa e o conglomerado
do Santander deve ter antecipado alguns movimentos estratégicos para sua matriz brasileira.

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Retorno sobre o Patrimônio Líquido [ROE]

40,00%

22,49% 22,82%
18,97% 19,56%
20,00% 18,86% 16,16%
13,57% 17,99% 17,74%
15,52% 13,28% 16,47% 12,13%
13,82% 16,97% 12,03%
10,70% 8,49% 11,48%
8,92% 13,10%
7,44% 12,42% 5,00%
0,00% -0,27%
0,89% -0,52% 0,08% 0,42%

-13,13%
-11,54%
-20,00%
-21,67% -20,00%

-30,55%
-40,00%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO INTER S.A. BANCO ORIGINAL S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 1. Retorno sobre o Patrimônio Líquido [ROE]


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Com relação às fintechs, pode-se destacar que seus índices se distanciam muito dos
bancos tradicionais. Tal fato deve-se principalmente ao seu tempo de vida, quando
comparado aos grandes bancos. Como as fintechs procuram inserção no mercado, elas não
tendem a ter lucro, visto que estão no início de suas operações e sacrificam seu resultado ao
investir em expansão, como divulgação de marca e captação de clientes. Pode-se atestar esta
circunstância ao observar que o Nubank possui resultados negativos, mas mesmo assim,
segundo Gueratto (2021), o Nubank vale mais do que alguns grandes bancos do país. O alto
valuation – forma como as empresas são avaliadas e valoradas – do Nubank ocorre devido
ao seu grande potencial de escala, uma vez que ele consegue captar novos clientes muito
mais rápido do que outros bancos. Além disso, seu modelo de negócio é replicável, ou seja,
pode ser replicado em outros países. Dessa forma, os investidores visam sua expansão
mundial. Ademais, após o anúncio, em junho de 2021, de que a Berkshire Hathaway –
empresa de investimentos do bilionário Warren Buffet - comprou uma participação de 500
milhões de dólares, o Nubank se tornou, até então, o maior banco digital do mundo (Amorim,
2021).

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O Banco Inter, entre as fintechs, apresentou os melhores resultados em relação ao


índice ROE, que estava positivo, até chegar o ano de 2020, período em que seu índice ficou
um pouco abaixo de zero. Pode-se destacar aqui novamente a questão da Covid-19, que
começou a se alastrar no Brasil em 2020, apesar de o vírus ter seu início em 2019, em outros
países. Já o Banco Original, no período de 2016 a 2019 beirava o ponto zero e despencou
em 2020 também devido à pandemia.

As Figuras 2 e 3 são referentes aos gráficos do índice de evolução do lucro líquido. A


Figura 2 contém dados dos bancos tradicionais, já a Figura 3 apresenta dados das fintechs.
Tal índice foi representado em dois gráficos para realizar uma melhor análise e diferenciação,
uma vez que os valores de lucro líquido desses dois atores são muito distantes. Os bancos
tradicionais possuem lucro líquido na ordem de bilhões, já as fintechs em sua maioria
apresentam prejuízos. Segundo Ross (2002), a rentabilidade possui uma complexa
mensuração, posto que um analista financeiro é capaz de aferir a rentabilidade contábil
passada ou corrente. Entretanto, diversas oportunidades empresariais englobam a renúncia
de lucros correntes na esperança de lucros futuros. Dessa forma, os lucros correntes podem
ser uma medida rasa da verdadeira rentabilidade futura. Fato que pode ser observado através
dos resultados das fintechs, que sacrificam seu resultado, ao reinvestir suas receitas em
despesas operacionais, com o intuito de captar mais clientes e torná-los mais satisfeitos e
fidelizados.

Com relação à evolução dos bancos tradicionais, pode-se destacar que todos - exceto
o Bradesco - apresentaram crescimento em seu lucro líquido no período de 2016 a 2019, da
mesma forma todos - sem exceção - tiveram um decrescimento de 2019 para 2020, em que
novamente pode-se citar a pandemia do Covid-19 como sendo uma das prováveis causas
deste ocorrido. Conforme foi sinalizado na análise do ROE, o Santander foi o banco que
menos foi afetado negativamente, possivelmente por ser pertencente a um conglomerado
estrangeiro e estar mais bem preparado para a crise do Covid-19.

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Figura 2. Evolução do Lucro Líquido – Bancos Tradicionais


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Figura 3. Evolução do Lucro Líquido – Fintechs


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Quanto às fintechs, é possível salientar que o Banco Inter e o Banco Original já


apresentaram resultados positivos. No entanto, em 2020 todas as fintechs tiveram prejuízo,
mas a única que apresentou uma melhora em seu resultado neste período foi o Nubank, que
teve um prejuízo menor do que em relação a 2019. Este fato é considerável, pois nem mesmo
os bancos tradicionais conseguiram alcançar uma evolução positiva de 2019 para 2020, o que
demonstra que o Nubank tem um grande potencial de crescimento, uma vez que obteve
melhora em um ano em que todas as demais instituições analisadas apresentaram queda de
resultados.
A Figura 4 traz o gráfico do Retorno Médio sobre o Ativo Total [ROA], que mede a taxa
de rentabilidade em relação aos ativos totais. Pode-se notar que o índice do Banco Inter em

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2018 se aproximou muito dos bancos tradicionais, evidenciando seu potencial de se mostrar
comparável aos grandes bancos. Além disso, também deve-se ressaltar que mais uma vez,
no ano de 2020, o Nubank foi a única instituição financeira, que apesar de ainda apresentar
um índice negativo, obteve um crescimento em relação ao ano anterior.

Retorno Médio sobre o Ativo Total [ROA]

1,94%
2,00% 1,76% 1,84%
1,50%
1,38% 1,66% 1,73%
1,50% 1,37% 1,49% 1,44%
1,18% 1,23%
1,35% 1,42%
1,13% 1,25%
1,00%
0,80% 0,92%
0,75% 0,99%
0,86% 0,91%
0,50% 0,56% 0,77%

0,00% 0,25%
0,02% 0,07%
-0,13% -0,05%
-0,50%
-1,07%
-1,00% -1,23%

-1,65%
-1,50%
-1,88%
-2,00% -1,70%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO INTER S.A. BANCO ORIGINAL S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 4. Retorno Médio sobre o Ativo Total [ROA]


Fonte: Resultados originais da pesquisa

As Figuras 5 e 6 são referentes aos gráficos do índice de evolução das receitas


financeiras. A Figura 5 apresenta dados dos bancos tradicionais, já a Figura 6 contém dados
das fintechs. Depreende-se da Figura 5 que os bancos tradicionais ao longo dos anos vêm
obtendo valores cada vez menores de receitas de intermediação financeira, com apenas uma
leve alta de 2018 para 2019 - exceto para o Banco do Brasil. Quando comparado o ano de
2016 com o ano de 2020 percebe-se que a queda foi brutal para todos os bancos, com
destaque para o Itaú que teve uma redução de mais de 50%. Já as receitas de intermediação
financeira das fintechs, conforme revela a Figura 6, vêm crescendo ao longo dos anos, com
ressalva do Banco Original que apresentou uma leve queda de 2017 para 2018 e uma queda
um pouco mais acentuada de 2019 para 2020 e do Banco Inter que teve um decréscimo de
2016 para 2017.

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Esses resultados demonstram que as fintechs têm uma tendência forte de crescimento
das receitas de intermediação financeira, já que vêm ganhando espaço no mercado. Enquanto
os bancos tradicionais vêm perdendo essas receitas, devido ao mercado estar cada vez mais
competitivo, com novos entrantes, e como uma estratégia de permanência, os bancos
tradicionais tiveram que renunciar a uma maior fatia de suas receitas.

Figura 5. Evolução das Receitas Financeiras – Bancos Tradicionais


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Figura 6. Evolução das Receitas Financeiras – Fintechs


Fonte: Resultados originais da pesquisa

A Figura 7 ilustra o gráfico da Margem Líquida, que mede a eficiência produtiva.


Constata-se que o Banco Inter em 2017 e 2018 obteve um grau de eficiência superior ao
Banco do Brasil, que é um banco centenário, demonstrando que a “baixa idade” das fintechs
não é um fator de empecilho para conquistar bons índices.

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Finanças e Controladoria – 2022

Vale fazer uma ressalva quanto às receitas de intermediação financeiras do Nubank,


que em 2017 foram negativas, e seu lucro líquido também, sendo assim, o índice de Margem
Líquida resultou em uma porcentagem alta positiva, dessa forma não foi plotado para este
ano, uma vez que representa um desvio de resultado. O gráfico revela que a margem líquida
do Nubank está muito fora da praticada pelas demais instituições financeiras, devido aos seus
altos prejuízos.

Margem Líquida

30,00% 23,98%
20,90% 22,36%
12,93% 22,44%
20,12% 21,22% 20,35%
12,63% 18,32% 17,26%
10,74% 11,17% 10,44% 15,20%
10,00% 8,60% 8,58% 11,06%
5,79% 10,16%
5,02% 7,91% 9,17%
4,16%
1,65%
-0,89% 0,14% 0,48% -0,78%
-10,00%

-17,46%
-30,00%
-44,29%

-50,00%
-59,51%
-68,39%
-70,00%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO INTER S.A. BANCO ORIGINAL S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 7. Margem Líquida


Fonte: Resultados originais da pesquisa

A Figura 8 representa o gráfico do Giro do Patrimônio Líquido, que é a relação entre


as receitas de intermediação financeira e o patrimônio líquido. Nota-se que de 2016 a 2020 o
referido indicador dos bancos tradicionais caiu pela metade, fator ocorrido devido à queda das
receitas de intermediação financeira, conforme apresentado anteriormente através da Figura
5. Quanto às fintechs, infere-se que possuem uma tendência de alta e que apresentam índices
cada vez mais próximos dos bancos tradicionais.

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Giro do PL

2,45
2,21

2,13
1,95
1,79 1,74
1,54 1,68
1,45 1,44 1,53 1,36
1,24
1,11 1,07
1,02 1,04
0,95 1,07 0,89 0,87
0,81
0,84 0,75
0,79 0,72
0,71 0,70
0,54 0,59 0,57 0,60
0,45 0,55 0,45
0,45 0,34
-0,02 0,19
-0,05
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO INTER S.A. BANCO ORIGINAL S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 8. Giro do PL

Fonte: Resultados originais da pesquisa

A Figura 9 ilustra o gráfico da Margem Financeira das Receitas, que mede a relação
entre o resultado de intermediação financeira (diferença entre as receitas de intermediação
financeira e as despesas financeiras) e as receitas de intermediação financeira. Este é o
primeiro gráfico, até então, em que os índices de duas fintechs (Banco Inter e Banco Original)
estão bem acima dos índices de bancos tradicionais. Destaca-se ainda, principalmente o ano
de 2020, em que a maioria dos bancos tradicionais apresentou resultado de intermediação
financeira negativo, e por isso, seus índices também ficaram negativos. Enquanto que mesmo
neste ano, o Banco Inter e o Banco Original continuaram com um indicador elevado,
demonstrando um bom desempenho.
Novamente, não foi plotado o índice do Nubank para 2017, uma vez que neste ano a
referida fintech apresentou receitas de intermediação financeiras negativas, e seu resultado
de intermediação financeiras também, sendo assim, o índice de Margem Financeira das
Receitas resultou em uma porcentagem alta positiva, que representa um desvio de resultado.
O Nubank obteve índices negativos muito abaixo das demais instituições financeiras o motivo
para o ocorrido deve-se ao aumento das despesas operacionais, conforme citado nas análises
anteriores, o que tornou baixo (negativo) o resultado de intermediação financeira.

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Margem Financeira das Receitas

100,00%
50,27% 58,23% 55,36% 57,23%
50,00% 33,88% 42,02% 44,99% 54,04%
26,32% 22,12% 30,13% 42,06%
25,27% 20,31%
23,87% 27,88% 13,27%
0,00% 23,81% 20,23% 25,12% 16,13% 26,36% -4,41%
22,70% 17,97% -9,10%
12,19% 13,41% 17,72% -22,53%
-50,00%
-45,92%
-89,35%
-100,00%

-150,00%

-200,00%

-250,00%
-288,71%
-300,00%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO ORIGINAL S.A. BANCO INTER S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 9. Margem Financeira das Receitas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

As Figuras 10 e 11 representam os gráficos do Índice de Eficiência, que mede a


relação entre as despesas operacionais e as receitas de intermediação financeira, portanto,
diferente dos demais indicadores financeiros contidos neste trabalho, este é o único índice
cuja leitura é diferente: quanto menor o resultado, mais eficiente é a empresa. Em virtude do
Nubank ser um outlier, já que possui índices muito longe dos demais bancos, foram
apresentados dois gráficos para o mesmo indicador. O gráfico da Figura 10 tem o intuito de
evidenciar uma melhor avaliação dos bancos, já o gráfico da Figura 11 tem o objetivo de
mostrar quão distante está o Nubank neste quesito.
De acordo com os gráficos, os bancos tradicionais detêm os menores resultados,
sendo assim, mostram-se mais eficientes, dado que conseguem gerar receitas financeiras
superiores a suas despesas operacionais. Entre 2016 e 2019 o Banco Inter apresentou
valores próximos aos do Banco Bradesco. Já em 2020, os índices do Banco Inter, Banco
Original, e principalmente do Nubank (outlier) disparam devido ao aumento de suas despesas
operacionais.

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Índice de Eficiência

100,00% 97,50%

90,00% 86,88%

80,00%

70,00% 67,04% 65,47%


67,08%
59,24% 64,49%
59,92% 57,54%
60,00% 63,14%
49,63% 52,41% 55,59%
54,71% 53,47%
50,00% 50,17%
39,50% 44,63%
40,00% 36,78% 43,20%
34,09% 43,36%
34,47% 39,68%
30,00% 30,98% 32,85% 35,01%
28,03% 31,00%
20,00% 24,41%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO ORIGINAL S.A. BANCO INTER S.A.

Figura 10. Índice de Eficiência - sem Nubank (outlier)


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Índice de Eficiência

620,00%
601,56%
540,00%
449,90%
460,00%
441,98%
380,00%

300,00%

220,00%

140,00% 97,50%
65,47% 64,49% 86,88%
67,04% 59,24% 63,14% 59,92%
60,00% 39,50% 49,63% 52,41% 55,59% 67,08%
34,09% 36,78% 57,54%
30,98% 34,47% 50,17% 54,71% 53,47%
28,03%
24,41% 32,85% 43,20% 44,63% 39,68%
-20,00% 31,00% 35,01% 43,36%
2016 2017 2018 2019 2020

ITAÚ UNIBANCO S.A. BANCO DO BRASIL S.A.


BANCO BRADESCO S.A. BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
BANCO ORIGINAL S.A. BANCO INTER S.A.
NU PAGAMENTOS S.A.

Figura 11. Índice de Eficiência


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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Conclusão

Os bancos tradicionais, por se tratarem de grandes organizações, possuem processos


morosos e burocráticos que podem se tornar um entrave para sua completa transformação
em um ambiente tecnológico e inovativo. Recentemente, os bancos têm se deparado com
novas instituições financeiras: as fintechs, que através da tecnologia buscam inovar a forma
com que produtos e serviços financeiros são ofertados, de modo que para cada cliente seja
oferecida uma solução mais personalizada e de acordo com suas necessidades. No Brasil, o
movimento fintech é recente e, desde 2015, vem ganhando maior foco e estrutura, uma vez
que as fintechs encontram no país um ambiente repleto de oportunidades.
O presente estudo teve como objetivo central a comparação entre indicadores
financeiros de fintechs e de bancos tradicionais. O levantamento de dados ocorreu através do
portal IF.Data, do Banco Central, onde foram coletados dados, de 2016 a 2020, de
demonstrações financeiras de Instituições Individuais, em nível não consolidado, de quatro
bancos tradicionais - Banco do Brasil S.A., Banco Bradesco S.A., Banco Santander (Brasil)
S.A. e Itaú Unibanco S.A. - e de três fintechs - Banco Inter S.A., Banco Original S.A. e Nu
Pagamentos S.A.
Os seguintes indicadores financeiros foram analisados: Retorno sobre o Patrimônio
Líquido [ROE], Retorno sobre o Ativo Total [ROA], Margem Líquida, Giro do Patrimônio
Líquido, Margem Financeira das Receitas, Índice de Eficiência, Evolução das Receitas
Financeiras e Evolução do Lucro Líquido. De acordo com os indicadores analisados,
constatou-se que os bancos tradicionais ainda têm uma vantagem numérica em relação às
fintechs. No entanto, em alguns momentos pontuais os indicadores das fintechs ficaram muito
próximos ou mesmo acima dos índices dos bancos tradicionais, fato que demonstra que as
fintechs visam conquistar métricas próximas dos grandes bancos.
Em relação aos valores de lucro líquido e receitas financeiras, ainda há uma distância
brutal entre os dois atores. Tal ocorrência deve-se ao pouco tempo de vida das fintechs,
quando comparadas aos bancos tradicionais, fator que faz com que seja necessária a busca
por mercado, o que faz aumentar os custos de captação de clientes e de investimentos em
pessoal e tecnologia, o que, por sua vez, traz redução de lucros.
Conclui-se que o atual cenário competitivo entre as instituições financeiras é
desafiador tanto para as fintechs, que são novas entrantes, quanto para os bancos
tradicionais, que estão há décadas, ou em alguns casos há duzentos anos no mercado, como
o Banco do Brasil. O grande desafio dos bancos tradicionais é de se manterem competitivos
e tecnológicos, em uma corrida para não se tornarem obsoletos, após tantos anos de
operação. Já as fintechs têm como desafio conseguir obter altos ganhos de escala para
poderem se equiparar aos bancos tradicionais.

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Conforme foi observado na literatura, os lucros passados não são uma medida
preponderante de sucesso, posto isto, os prejuízos passados também não são sinal de
insucesso. De modo que, é possível uma empresa ter um alto valor de mercado, dado suas
perspectivas futuras. Portanto, alguns trabalhos futuros podem ser sugeridos, como por
exemplo, trabalhos que também incluam métricas de captação de clientes e de valor de
mercado, comparando fintechs com bancos tradicionais.

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