O documento é um pedido de mandado de segurança impetrado por uma fundação pública contra a cobrança de IPVA sobre veículos da fundação. A fundação alega gozar de imunidade tributária segundo a Constituição e pede a suspensão da cobrança do IPVA.
O documento é um pedido de mandado de segurança impetrado por uma fundação pública contra a cobrança de IPVA sobre veículos da fundação. A fundação alega gozar de imunidade tributária segundo a Constituição e pede a suspensão da cobrança do IPVA.
O documento é um pedido de mandado de segurança impetrado por uma fundação pública contra a cobrança de IPVA sobre veículos da fundação. A fundação alega gozar de imunidade tributária segundo a Constituição e pede a suspensão da cobrança do IPVA.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...
VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO DA COMARCA DE... ESTADO X.
FUNDAÇÃO AA, pessoa jurídica de direito público, inscrita no
CNPJ/MF sob o nº..., endereço eletrônico..., com sede à..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., conforme contrato social em anexo, vem, respeitosamente, por meio de seu advogado (procuração em anexo), com fundamento no artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal, artigo 1º da Lei Federal nº 12.016/2009 e 319 do Código de Processo Civil, impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR
contra ato ilegal do Sr. Delegado Regional Tributário da Secretária da Fazenda do
Estado X, com endereço localizado à..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., devendo ser notificada a Procuradoria do Estado, localizada à... pelos fatos e argumentos delineados a seguir.
DA TEMPESTIVIDADE
A presente ação é totalmente tempestiva, uma vez que impetrada
dentro dos 120 dias da ciência do ato, qual seja, o recebimento dos carnês de pagamento de IPVA pela instituição, conforme preceitua o artigo 23 da Lei 12.016/2009. DOS FATOS
A Fundação AA é uma fundação publica, criada mediante Lei
Municipal nº... em 2014 e sua atuação é pautada na área de pesquisa tecnológica.
Ocorre que, ela recebeu no mês de fevereiro de 2021 vários carnês
de lançamentos de IPVA, relativos à sua frota de veículos, realizados pela Diretoria Regional Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado X.
Tais lançamentos referem-se aos fatos geradores ocorridos desde
2017, com o vencimento para daqui a 15 dias.
Importante destacar que a fundação até o momento nunca havia
recebido qualquer cobrança de IPVA sobre a propriedade de seus veículos. Além disso, não tem recursos para pagamento do referido imposto, e caso seja obrigada gerará um forte impacto no seu orçamento, o que inviabilizará a continuidade de suas atividades essenciais.
No entanto, como restará demonstrado ao final desta, uma vez que
fundações públicas são entidades que gozam de imunidade tributária, nos termos do que dispõe o artigo 150, VI, “a” da Constituição Federal, razão pela qual vem ao Poder Judiciário requerer prestação judicial que reconheça seu direito líquido e certo de não recolher o tributo.
Ainda, que os referidos veículos são utilizados para as atividades que
são desenvolvidas pela impetrante.
DO CABIMENTO
É cabível a impetração do Mandado de Segurança, uma vez que aqui
é tratado sobre o direito líquido e certo da impetrante, e devidamente reconhecido na Constituição Federal, conforme consta do artigo 5º, inciso LXIX, conforme trazido abaixo: “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”
O Mandado de Segurança é o meio mais adequado para a causa por
sua celeridade, razão pela qual requer a imediata prestação judicial que reconheça seu direito líquido e certo de não recolher o tributo em decorrência da nítida imunidade tributária que faz jus.
Para concessão de mandado de segurança há necessidade de
existência de direito líquido e certo. Ainda segundo Hely Lopes Meirelles:
“Direito Líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua
existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa, se sua extensão ainda não estiver delimitada, se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais.”(MEIRELLES, Hely Lopes e outros (Wald, Arnoldo e MENDES, Gilmar Ferreira).Mandado de segurança e Ações Constitucionais. 36. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 36/37).”
DO DIREITO
No caso concreto, trata-se da chamada imunidade recíproca, em que
está prevista no art. 150, VI, “a” da Constituição Federal ao vedar “à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros”.
A Constituição Federal estabelece as limitações constitucionais ao
poder de tributar, prevendo os casos de imunidade tributária, entre as quais dispõe as abaixo transcritas, na qual, como veremos, se enquadra perfeitamente a Impetrante.
Estabelece o artigo 150, inciso VI, alínea “a” e parágrafo 2º, da
Constituição Federal:
“Art. 150 – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Com estas palavras não pairam dúvidas acerca da impossibilidade do
Estado (ou qualquer outro ente tributário) contrariar o que está disposto no artigo 150, VI, alínea “a” e parágrafo 2º da Constituição Federal.
E no artigo 9º, IV “a” do Código Tributário Nacional: Art. 9º É vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços
uns dos outros
As jurisprudências dos Tribunais têm o posicionamento no seguinte
sentido, conforme abaixo: “REEXAME NECESSÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA Lançamento de IPVA sobre veículo de propriedade do Município e inscrição do ente público no CADIN em razão do débito Comprovação da propriedade do veículo pelo Município Imunidade constitucionalmente assegurada Cancelamento do lançamento e exclusão dos dados do impetrante do CADIN Segurança concedida Precedente desta Corte Recurso não provido” (TJSP; Remessa Necessária Cível 1028764-39.2018.8.26.0554; Relator (a): Reinaldo Miluzzi; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Público; Foro de São Bernardo do Campo - 2ª Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento:18/12/2020; Data de Registro: 18/12/2020)”.
“Apelação. Ação declaratória de reconhecimento de imunidade de
IPVA. Reconhecimento jurídico do pedido. Honorários devidos em prol do patrono do autor. Princípio da causalidade. Previsão do art. 90 do CPC de imposição das custas e honorários em desfavor de quem reconheceu o pedido. Arbitrados honorários advocatícios por equidade. Recurso provido (TJSP; Apelação Cível 1003317- 04.2018.8.26.0666; Relator(a): Fernão Borba Franco; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Público; Foro de Artur Nogueira - Vara Única; Data do Julgamento: 23/07/2019;Data de Registro: 23/07/2019)”.
DO PEDIDO DE LIMINAR
Estão presentes os requisitos que autorizam a concessão da liminar.
O ‘fumus boni iuris’ e o ‘periculum in mora’ uma vez que resta demonstrado a afronta aos direitos da impetrante.
Se ela houver de efetuar recolhimento indevido do referido tributo, o
que lhe acarretará prejuízo de difícil reparação, acarretará na paralisação da prestação de seus serviços essenciais para a sociedade e suas atividades. A ameaça que emerge dos atos contra os quais se insurge a Impetrante configura situação plenamente apta a justificar a concessão da liminar, até porque é direito constitucionalmente assegurado, e já evidentemente demonstrado nos autos.
A plausibilidade do direito invocado encontra-se, exaustivamente,
demonstrada e provada, permitindo concluir que, antes mesmo de qualquer instrução probatória, se faz necessária a concessão da antecipação dos efeitos da tutela em favor da impetrante, consistente na suspensão do pagamento do IPVA sem a necessidade de caução, fiança ou depósito.
Por todo o exposto, é patente a verossimilhança das alegações, tendo
em vista a imunidade tributária que favorece a impetrante na condição de Fundação Pública, nos termos do que estabelece a Constituição Federal.
DOS PEDIDOS
Diante do todo acima exposto, requer:
1) A concessão da liminar para os fins de suspender a exigibilidade do crédito
tributário, nos termos do art. 151, IV do CTN e do artigo 7º, inciso III, da Lei 12.016/2009, uma vez que estão presentes todos os requisitos para concessão;
2) Requer a notificação da autoridade coatora para prestar informações, no prazo
estabelecido no art. 7º, inciso I, da Lei 12.016/2009;
3) A intimação da Procuradoria Geral do Estado X, nos termos do que estabelece o
artigo 7º, inciso II, da Lei 12.016/2009;
4) A manifestação do Ministério Público, na forma do art. 12 da Lei 12.016/2009;
5) Que seja concedida a segurança ao final, em caráter definitivo, para fins de anular o lançamento tributário efetuado pelo Estado X, uma vez as fundações são abrangidas pela imunidade tributária, nos termos do artigo 150, inciso VI, parágrafo 2º da Constituição Federal;
6) – Requer, no mais, a condenação do Impetrado a ressarcir as custas e despesas
processuais antecipadas pela Impetrante, nos exatos termos do artigo 82, § 2º, do Código de Processo Civil.
7) – Requer a dispensa da realização de audiência de conciliação ou mediação, por
trata-se de direito indisponível que não admite autocomposição, aplicando-se o artigo 334, §4o, II do CPC.
Dá-se à causa o valor de..., na forma do artigo 291 do CPC.