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Direito Creditório

Federal

Resumo do Processo e
Principais Informações

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Havila Pisom Ass. Emp. Ltda
Alameda Rio Negro, 503, Sala 1815, Alphaville, Barueri/SP
Tel: 11 – 4552-0952
ÍNDICE

01 – Fundamento Legal para Utilização dos Créditos


02 – Fluxo do Processo
03 – Parecer de Advogados Independentes
04 – Questionamentos mais comuns
Anexos

05 – Certidão de Objeto e Pé
06 – Petição Inicial
07 – Sentença Condenatória
08 – Acórdão de Apelação
09 – Documentação da Procuradoria
10 – Área Desapropriada
11 – Requisitório
12 – Confirmação do NÃO pagamento pelo TCE
13 – Atualização
14 – Proposta de Acordo
15 – Federalização
16 – Compensação Tributária
17 – Direito a Compensação
18 – Jurisprudência Compensação Federal

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01 – Fundamento Legal para
Utilização dos Créditos

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FUNDAMENTO LEGAL

A autarquia que recebe e fiscaliza os tributos, e da qual a União se faz representar,


é a RFB. Destarte, se o Direito Creditório é contra a União e se a RFB é quem apura
o montante do crédito tributário em favor dela, afasta-se a aplicação da lei que,
atualmente disciplina a compensação tributária, pelo art. 74 da Lei nº. 9.430/96,
com redação dada pelas Leis nº. 10.637/02, nº. 10.833/03 e nº. 11.051/04, que assim
dispõe:

Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na
compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições
administrados por aquele Órgão.

“Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a
COMPENSAÇÃO com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito
passivo contra a Fazenda Pública.”

IMPOSTOS ELEGÍVEIS A COMPENSAÇÃO

Pagamento Compensação

Antecipado – Art. 156, VII do CTN – Art. 156, II do CTN – dos Tributos (PIS,
dos Tributos (PIS, COFINS, IPI, IRPJ, COFINS, IPI, IRPJ, CSLL, ...) sem prévio
CSLL, ...) sem prévio exame da exame da Autoridade Administrativa:
Autoridade Administrativa:
Extinção do Crédito sob condição
Extinção do Crédito sob condição resolutória da ulterior homologação
resolutória da ulterior homologação do lançamento (compensação) –
do lançamento (pagamento) (Art. 49, parágrafo segundo, da Lei
10.637/02).

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PROCESSO

1 - DA VIABILIDADE DO USO DE DIREITO CREDITÓRIO PARA COMPENSAÇÃO DE


CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

Segundo a PORTARIA RFB 1453/2016, é possível o reconhecimento de Direito


Creditório em processo de restituição, compensação, ressarcimento ou reembolso
perante a Receita.

Essa portaria, desnecessária, diga-se de passagem, apenas conforma, no âmbito


da Receita Federal do Brasil, aquilo que já estava consagrado pela Constituição
Federal e legislações infraconstitucionais.

“Qualquer contribuinte que possua ou seja cessionário de Direito Creditório em face


da União e que atenda aos requisitos constitucionais e legais, ou seja, o crédito
provenha de processo judicial, com trânsito em julgado, sendo capaz de ensejar a
expedição de Ofício Requisitório, pode fazer uso dele para buscar o encontro de
contas com os eventuais créditos tributários não adimplidos.”

Conforme a normatização, poderá requerer a instauração de contencioso


administrativo, a fim de que a Receita Federal do Brasil promova a restituição deste
crédito, bem como promova a compensação de ofício, nos termos da PORTARIA
RFB 1453/2016, IN 1300/2012 – art. 61, parágrafo 1º, com redação alterada pela IN
1425/2013 – colimando a extinção de débitos tributários.

2 – DO MÉRITO:

2.1 – DA RECLAMAÇÃO ADMINISTRATIVA:

A Reclamação encontra amparo nos artigos 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, LIII, LIV e
LV da Constituição Federal e no artigo 5º da Lei nº 9.784/1999, não podendo a
administração se eximir de emitir decisão, conforme artigo 48 da supracitada lei.
Para melhor elucidação, transcrevemos abaixo os artigos mencionados.

Constituição Federal:
“Art. 5º (...)

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra


ilegalidade ou abuso de poder;

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LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;

LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral


são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

Lei nº 9.784/1999:

Art. 5º. O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de


interessado.

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos


processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua
competência.”(grifos nosso)

A reclamação administrativa materializa o direito de petição consagrado pela


Constituição Federal e vem caracterizar conflito de interesses e instalar litígio entre
o fisco e o contribuinte, dando origem ao processo administrativo.

O art. 3° da Instrução Normativa 1300/2012 da Receita Federal do Brasil prevê que


pedidos de restituição de créditos junto ao Fisco, poderão ser através de
requerimento do contribuinte.

2.2 – DO EFEITO SUSPENSIVO:

Indubitável a concessão do efeito suspensivo ao presente contencioso


administrativo, conforme dispõe o artigo 151, inciso III, do Código Tributário
Nacional. Segundo o supracitado artigo, as reclamações e os recursos, nos termos
das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a
exigibilidade do crédito tributário. Neste sentido:

“Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:(...)

III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo


tributário administrativo;”
A exegese do artigo 151, inciso III, é bastante clara no sentido de que a mera
interposição de reclamação ou recurso administrativo já é condição suficiente
para suspender a exigibilidade do tributo.

Ademais, é cediço que enquanto perdurar a discussão administrativa do tributo o


contribuinte terá a seu favor a suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
permitindo ao contribuinte a obtenção da certidão positiva com efeitos de
negativa.

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2.3 – DO ENCONTRO DE CONTAS:

A ordem jurídica delineada pelo caso em concreto prevê que o contribuinte, por
conta e risco, pode apurar crédito contra a União e compensá-lo perante a
Receita Federal, respeitado o direito do fisco de aferição e homologação do
encontro de contas.

O pedido encontra respaldo no art. 100 da Constituição Federal:

“Art. 100 (...)


§ 9º da CF: No momento da expedição dos precatórios, independentemente de
regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor
correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas
parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja
suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública


devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009). (...)

§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios


a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando
ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2009).

§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por


meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).”

A pretensão da requerente também se encontra amparada pela Lei nº 12.431, de


24 de junho de 2.011, Resolução nº 168, de 05 de dezembro de 2011 do Conselho
Nacional de Justiça e Instrução Normativa 1.300/12 da RFB:

• RESOLUÇÃO Nº 168, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2011, DO CONSELHO NACIONAL


DE JUSTIÇA:

Artigo 12: O juízo da execução, antes da elaboração do precatório, para os efeitos


da compensação prevista nos §§9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal,
intimará o órgão de representação judicial da entidade executada por mandado,
o qual conterá os dados do beneficiário e sua inscrição no CPF ou CNPJ para que
informe em 30 dias a existência de débitos do beneficiário para com a pessoa
jurídica devedora do precatório que preencham as condições estabelecidas no
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§9º do art. 100 da CF, sob pena de perda do direito de abatimento, e apresente
discriminadamente(grifamos).

Art. 26. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios
a terceiros, independentemente da concordância do devedor.

Art. 27. Havendo cessão de crédito, a mudança de beneficiário na requisição


somente ocorrerá se o cessionário juntar aos autos da execução o respectivo
contrato antes da elaboração do requisitório pelo juízo da execução. (grifamos).

• IN 1.300/12 DA RFB:

Artigo 61. A restituição e o ressarcimento de tributos administrados pela Secretaria


da Receita Federal do Brasil ou a restituição de pagamentos efetuados mediante
DARF e GPS cuja receita não seja administrada pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil será efetuada depois de verificada a ausência de débitos em nome do
sujeito passivo credor perante a Fazenda Nacional. (com redação alterada pela
IN 1425/2013)

§ 1º Existindo débito, ainda que consolidado em qualquer modalidade de


parcelamento, inclusive de débito já encaminhado para inscrição em Dívida Ativa
da União, de natureza tributária ou não, o valor da restituição ou do ressarcimento
deverá ser utilizado para quitá-lo, mediante compensação em procedimento de
ofício.

• LEI Nº 12.431, DE 24 DE JUNHO DE 2.011,

Art. 30. A compensação de débitos perante a Fazenda Pública Federal com


créditos provenientes de precatórios, na forma prevista nos §§ 9º e 10 do art. 100
da Constituição Federal, observará o disposto nesta Lei.

§ 3o A Fazenda Pública Federal, antes da requisição do precatório ao Tribunal, será


intimada para responder, no prazo de 30 (trinta) dias, sobre eventual existência de
débitos do autor da ação, cujos valores poderão ser abatidos a título de
compensação.

§ 4o A intimação de que trata o § 3o será dirigida ao órgão responsável pela


representação judicial da pessoa jurídica devedora do precatório na ação de
execução e será feita por mandado, que conterá os dados do beneficiário do
precatório, em especial o nome e a respectiva inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).

Art. 35. Antes do trânsito em julgado da decisão mencionada no art. 34 desta Lei,
somente será admissível a requisição ao Tribunal de precatório relativo à parte
incontroversa da compensação.

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Art. 36. A compensação operar-se-á no momento que a decisão judicial que a
determinou transitar em julgado, ficando sob condição resolutória de ulterior
disponibilização financeira do precatório.

Diante disso, resta clara a legalidade do pleito da requerente, uma vez que o texto
Constitucional prevê a possibilidade de compensação de débitos
independentemente de regulamentação. Do mesmo modo, o crédito é de
natureza judicial, com trânsito em julgado, ainda pendente de expedição de
precatório. Portanto, antes da expedição do precatório todos os débitos do
titular/cessionário, de acordo com a norma, poderão ser extintos.

2.4 – DO DIREITO SUBJETIVO ÀS CERTIDÕES:

Conforme já mencionado, o Artigo 151, inciso III, do Código Tributário Nacional,


determina a suspensão da exigibilidade do crédito tributário enquanto a
reclamação estiver pendente de discussão administrativa, tendo o contribuinte o
direito a obtenção da certidão positiva com efeitos de negativa.

Neste sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PEDIDO DE


COMPENSAÇÃO DO CRÉDITO COM PRECATÓRIO. EXPEDIÇÃO DE CPEN, NOS
TERMOS DO ART. 206 DO CTN. POSSIBILIDADE.

1. A orientação desta Corte é no sentido de que enquanto pendente processo


administrativo em que se discute a compensação do crédito tributário, o Fisco não
pode negar a entrega da Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa - CPD-
EN ao contribuinte, conforme o art. 206 do CTN, eis que a situação configura
hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário inscrito no inciso III do
art. 151 do CTN. Precedentes.

2. Agravo regimental não provido.


(AgRg no REsp 949498/PR, Min. Rel. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça, j. 23/02/2010, DJe 08/03/2010).(Grifamos)

Portanto, o contribuinte faz jus à obtenção de certidão positiva com efeitos de


negativa, ao passo que há contencioso administrativo em que se discute a
compensação de débitos.

Óbvio que deve ser considerado as variáveis relacionadas a quem analisa e julga,
podendo empregar uma carga política e pessoal ao arrepio da norma, e que
poderá afetar o resultado almejado.

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Todavia, esse risco é minorado, haja vista que, se o Direito Creditório estiver maduro
juridicamente falando, tornar-se-á precatório. E o histórico é que a União adimple
os precatórios orçamentados.

CONCLUSÕES

Por óbvio, seja qual for o procedimento adotado, administrativo e/ou judicial, deve
ser considerado as variáveis relacionadas a quem analisa e julga, e que pode
empregar uma carga política e pessoal ao arrepio da norma, podendo afetar o
resultado almejado.

Todavia, esse risco é minorado, haja vista que, se o Direito Creditório estiver maduro
juridicamente falando, tornar-se-á precatório. E o histórico é que a União adimple
os precatórios orçamentados. O ganho financeiro se torna compensador.

Podemos afirmar que se trata de um processo seguro e legal, garantindo pelas leis
que regem nosso país e pelo processo que foi submetido e avaliado o
Fundo/crédito em questão, trazendo total idoneidade, transparência e segurança
ao processo.

O Planejamento tributário é saúde para a empresa, pois representa maior


capitalização do negócio, possibilidade de menores preços e ainda facilita a
geração de novos empregos, pois os recursos economizados poderão possibilitar
novos investimentos.

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02 – Fluxo do Processo

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Pagamento
Extinção do do Crédito
Débito na RF
Suspensão do
Débito na RF
Auditoria do
Crédito na RF
Homologação
do Crédito na RF

Cessão do
Crédito

---------- Prazo estimado para fluxo completo: 4 meses ----------

 Passo 1 – O proprietário do crédito faz a cessão pública dos direitos


do crédito para o CNPJ da empresa, com registro em cartório;
 Passo 2 – É solicitado para a RF a homologação / reconhecimento
desse crédito no CNPJ da Empresa;
 Passo 3 – É solicitado para a RF a auditoria desse crédito para
eliminar possíveis questionamentos futuros;
 Passo 4 – Só após o crédito homologado e auditado, é solicitado a
suspenção dos débitos fiscais;
 Passo 5 – Após a suspenção dos débitos, é solicitada a extinção dos
débitos;
 Passo 6 – Só após a extinção de todos os débitos o cliente faz o
pagamento do crédito para o proprietário.

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03 – Parecer de Advogados
Independentes

Parecer elaborado por:

 Escritório Rolim - Dra Leliana Maria Rolim OAB/DF 12.051

 Escritório Heber Pires Sociedade individual advocatícia -


Dr Heber Pires OAB/SP 137.944

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PRECATÓRIO ESTADUAL ORIGINADO DE PROCESSO JUDICIAL DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

- FEDERALIZAÇÃO -

Em análise precatório estadual derivado de ação de desapropriação


indireta, movida em 1987 por proprietários de área particular invadida
pelo Estado da Bahia, em 1978, e sua federalização após a edição da
Lei Federal de n.• 9.496/1997, pela qual a União construiu um programa
para assumir dívidas mobiliárias dos Estados e do Distrito Federal.

BREVE RESUMO DO PROCESSO JUDICIAL

A desapropriação irregular da área em foco foi publicada no Diário


Oficial da Bahia de 17/05/1978, pelo Decreto n.º 26.154.
Por sua vez, a ação de desapropriação indireta n.º 251 foi protocolada
em 1º de dezembro de 1987 e o trânsito em julgado do processo de
conhecimento, em prol dos autores, ocorreu em 18 de março de 1998,
onze anos depois.
Foi concedida aos prejudicados a indenização pleiteada, essa última
acrescida dos demais consectários legais, a exemplo de correção
monetária, juros compensatórios e juros moratórios.
O precatório estadual foi emitido pela Bahia sob o número 800572, de
1998, quando já vigente a Lei Federal n,º .496/1997, pela qual a União
Dois anos após, em junho de 2012, deu-se a baixa definitiva dos autos à
origem.
Criou um programa de assunção de dívidas mobiliárias dos Estados e
do Distrito Federal, porém ainda a ser implementado.
No ano de 1999, o Procurador Chefe do DERBA – Deptº de Estradas de
Rodagem da Bahia - confeccionou parecer jurídico para informar que
o valor do precatório em questão correspondia a 1/3 (um terço) do
valor dos 276 precatórios estaduais que aguardavam pagamento e ao
fim pugnou pela realização de um possível acordo almejando uma
redução substancial desse passivo institucional.

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Por ordem superior, e na ausência de uma definição das autoridades
estaduais, a Procuradoria do DERBA – Deptº de Estradas de Rodagem da
Bahia - ajuizou a Ação Rescisória, nº 4.282-7, em março de 2000, contra o
julgado favorável aos expropriados.
Superadas a primeira e a segunda instâncias da ação rescisória, o Réu -
Estado da Bahia - ajuizou Recurso Especial nº 929.598-BA ao STJ, autuado em
14/03/2007, sendo designada a relatoria do Ministro Francisco Falcão e
demais membros da turma responsável, na época, os ministros Luiz Fux, Teorí
Albino Zavascki e Denise Arruda.
A decisão em prol dos donos da gleba invadida foi em grande parte a favor
dos desapropriados. Entretanto, o STJ reduziu o tamanho da área objeto da
indenização e mantido o indeferimento do direito dos prejudicados a lucros
cessantes. Ao final, o STF determinou que os cálculos da indenização
adotassem a metodologia “por artigos”.
Em maio de 2010 ocorreu o trânsito em Julgado do Acórdão dessa Ação
Rescisória no STJ, rejeitados os recursos extraordinários ao STF, tanto das
partes autoras como do Estado réu - por inexistência de matéria
constitucional a discutir.

A FEDERALIZAÇÃO DO PRECATÓRIO ESTADUAL

A CRISE FINANCEIRA DOS ESTADOS

Nas décadas de 1980 e 1990 a crise da dívida mobiliária dos Estados-


membros da federação tornou-se algo insustentável, obrigando a União
Federal, por diversas vezes sair em socorro dos seus membros.
A intervenção federal era necessária porque essas condições não seriam
obtidas no mercado. Principalmente, não era do interesse dos agentes
financeiros, donos dos contratos ou títulos estaduais, repactuarem dívidas e
aceitarem longos prazos de pagamento.
Em 1994, foi instituído o Plano Real, conjuntamente com o plano de
renegociação das dívidas estaduais, face ao grande crescimento do
mencionado passivo. O rápido aumento da dívida estadual levou a União
a renegociá-la, o que se deu com base na Lei no 9.496, de 1997.

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Às unidades federativas foi facultado ingressar no programa instituído pela
citada lei.
O Estado da Bahia aderiu ao refinanciamento através do Contrato de
Confissão, Consolidação e Refinanciamento de Dívida n•. 006/97 STN/
COAFI, de 1º de dezembro de 1997, que estabeleceu o Programa de Aiuste
Fiscal (PAF), com o cumprimento de metas (indicadores) anuais, acordado
para um triênio e a Receita Líquida Real - RLR, que, além de servir de base
para alguns desses indicadores, teve como sua principal função o de limitar
o comprometimento máximo de pagamento dessas dívidas refinanciadas.
Conforme dados obtidos e apontados em estudo acadêmico apresentado
ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração Financeira
Governamental da Universidade Federal da Bahia, de autoria de Luigi
Camardelłi Cesarino’, a finalização do PAF foi prevista para o ano de 2027,
trinta anos após o início de sua implantaşão, programada para 1998.
Todavia, atente-se para o fato de que a Lei n.º 9.496/1997 Em seu conteúdo
não comtemplava os precatórios judiciais, o que inviabilizou a execução
desse primeiro PAF, diante das divergências entre União e Estados.

Na sequência, foi promulgada a Emenda Constitucional n.• 30, de 13 de


setembro de 2000, que alterou o artigo 100 da Constituição Federal e
acresceu o artigo 78 ao ADCT, determinando a liquidação dos passivos
estaduais no prazo máximo de dez anos, o que também se demonstrou
inexequível, diante da situação financeira dos membros da federação.

Em meados do ano de 2001, o então Presidente da República Fernando


Henrique Cardoso, pressionado pelas altas dívidas das Instituições
Financeiras Estatais e dos Estados-membros, adotou uma política benévola
aos devedores.
Com a Medida Provisória nº 2.192-70/2001, a União assumiu as dívidas
mobiliárias dos Estados, Distrito Federal e Municípios e assim federalizou esse
passivo acumulado, transferindo para a União Federal a responsabilidade
pelo respectivo adimplemento.

Cesarino, Luigi Camardelli, ': 'DÍVIDA PÚBLICA. Reestruturação do


endividamento público como instrumento de investimentos para o Estado
da Bahia.

No artigo 23, a citada Medida Provisória incluiu expressamente, na


federalização das dívidas estaduais, as referentes aos precatórios estaduais.

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“Art. 23. A Lei nº 9.496, de 1997, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 1• Fica a União, no âmbito do Programa de Apoio à Reestruturação e


ao Ajuste Fiscal dos Estados, autorizada a, até 31 de maio de 2000.

IV - assumir a dívida pública mobiliária emitida por Estados e pelo Distrito


Federal, após 13 de Dezembro de 1995, para pagamento de precatórios
judiciais, nos termos do art. 33 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias;
V - Refinanciar os créditos decorrentes da assunção a que se referem os
incisos I e IV, juntamente com créditos titulados pela União contra as
Unidades da Federação, estes a exclusivo critério do Ministério da Fazenda;
(MP 2192-70/2001).”

Lembre-se que a ação judicial de desapropriação indireta, movida pelos


proprietários da área invadida pelo Estado da Bahia em 1978, teve início em
dezembro de 1987, tendo ocorrido o trânsito em julgado do processo de
conhecimento em março de 1998, onze anos depois.
O precatório estadual n.• 800572 foi emitido no mesmo ano de 1998, ou seja,
enquadrado no marco estabelecido pela MP 2192-70/2001 e, portanto,
incluído na federalização.
Saliente-se que, por força do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 32, de
11 de setembro de 2001, publicada em 12/09/2001, a MP 2192- 70/2001
adquiriu vigência permanente, in verbis:

Art. 2• As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação


desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as
revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso
Nacional.
Art. 3* Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua
publicação.
Em nenhum momento o STJ desconstituiu ou cancelou o precatório
800573/98 - BA, já federalizado, pois, após o julgado do STJ na ação
rescisória intentada pelo Estado da Bahia, o cumprimento do acórdão
exigiu apenas ajustes financeiros no Precatório, o que foi providenciado
mediante laudo pericial de cálculos em 2016, dentro dos critérios legais,
devidamente apensados aos autos no Tribunal de origem.

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2. AS MUDANÇAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL INTRODUZIDAS PELA EMENDA
N.º 62 DE 2009 E SEUS EFEITOS SOBRE OS PRECATÓRIOS.

A Emenda Constitucional n. 62, de 09 de dezembro de 2009, alterou o artigo


100 da Constituição Federal e acrescentou o artigo 97 ao Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, instituindo regime especial de
pagamento de precatórios pelos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Mesmo assim, foi apelidada como a “Emenda do Calote”.

Esta emenda introduziu significativas mudanças no regime dos precatórios,


até então vigente, e sua constitucionalidade foi questionada em quatro
ações de controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal,
notadamente na Ação Direta de Inconstitucionalidade n• 4357,
patrocinada pela OAB.
A mais abusiva alteração introduzida pela EC 62/09 foi a instituição de
regime especial, franqueando o pagamento dos débitos inscritos em
precatórios no prazo de até quinze anos, o que foi objeto de inúmeras
críticas, entre as quais a violação de todos os princípios do Estado
Democrático de Direito2.

Na sessão plenária de 25/03/2015, o plenário do STF concluiu a modulação


dos efeitos da decisão que declarou parcialmente inconstitucional o regime
especial de pagamento de precatórios estabelecido pela EC 62/09. Por
maioria, os ministros concordaram com a proposta de modulação
apresentada pelos ministros Barroso e Fux, que compilou as sugestões e
divergências apresentadas em votos já proferidos.
As acesas discussões jurídicas e a decisão do STF, na Ação Direta de
Inconstitucionalidade n• 4357, somadas à dissonância das fazendas
estaduais quanto aos gravames exigidos pela União durante a execução
do programa de equilíbrio fiscal, travaram a efetiva
reestruturação financeira dos Estados e Municípios e, por conseguinte, os
precatórios estaduais federalizados permaneceram sem o devido
pagamento.

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2 Sob o pretexto de regularizar o pagamento das dívidas vencidas e não
pagas de pessoas jurídicas de direito público, produziu-se um atentado ao
Estado Democrático de Direito”. (Marşal JUSTEN FILHO, 2009).

3. O POSICIONAMIENTO DOS ESTADOS - O NOVO PAF

Novo Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos Estados


(PAF) foi proposto com os seguintes pontos:

Proporcionar melhora da transparência por meio da convergência dos


compromissos e metas para os padrões da LRF - possibilitando comparar o
desempenho entre os Estados e entre a forma de avaliação dos Tribunais de
Contas Estaduais e da União sobre um mesmo indicador ( ex.despesa de
pessoal);

Atualizar metas do novo PAF, compreendendo agora: (i) Dívida


Consolidada/ Receita Corrente Líquida; (ii) Resultado primário; (iii) Despesa
com pessoal/ Receita Corrente Líquida; (iv) Arrecadação própria; (v)
Gestão Pública; (vi) Disponibilidade de caixa bruta; Ser uma ferramenta de
reforço à efetividade da LRF, buscando garantir a sustentabilidade fiscal de
longo prazo dos Estados.
Com o Novo PAF além das metas dispostas em lei os Estados também
deverão cumprir compromissos fiscais, o que possibilitará a customização do
Programa as peculiaridades de cada ente;
A não-adesão ao Novo PAF implica a perda da possibilidade de incremento
de espaço para contratação de operações de crédito, conforme art. 20 da
portaria STN nº 690/2017.

Conforme dados da FEBRAFIPE - Federação Brasileira de Associações de


Fiscais de Tributos Estaduais - houve a adesão de vinte Estados, que
apoiaram o novo PAF;

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4. A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº99/2017

As alterações no artigo 100 da Carta Magna e no ADCT, mediante


sucessivas emendas posteriores à EC 62, agravaram o impasse entre a União
e os demais entes federados.
A princípio, os art. 101, 102, 103 e 105 do ADCT foram modificados, pela
Emenda Constitucional n.º 94/2016.
Menos de um ano depois esses mesmos dispositivos voltaram a ser

alterados, pela Emenda Constitucional n.º 99/2017, com o objetivo de


“instituir novo regime especial de pagamento de precatórias", o que
dificultou, mais uma vez, o recebimento desses créditos pelos legítimos
titulares.
A introdução de uma nova emenda constitucional foi motivada pela queda
de arrecadação de estados e municípios, geradora de grave crise fiscal,
acarretando a impossibilidade de cumprimento do determinado pelo
Supremo Tribunal Federal, no tocante à inconstitucionalidade de parte da
emenda constitucional n.º 62 de 2009 e, como também, em face de
modificações implementadas pela emenda constitucional n.º 94 de 2016.
Nessa ordem de ideias, o novo regime pretendeu criar mecanismos e
aprimorar instrumentos de financiamento para efetivação do pagamento
de precatórios, mas igualmente aumentou o prazo final de quitação para
dezembro de 2024.

As principais alterações foram as seguintes:

1. Concessão de sete anos para quitação dos precatórios, ou seja, toda


dívida deverá ser paga até o dia 31 de dezembro de 2024;

2. Estipulação da utilização do Indice Nacional de Preços do Consumidor


Amplo Especial (IPCA-E), para correção e atualização do valor dos
precatórios durante o período;

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3. Autorização para utilização de até 75% dos depósitos judiciais e
administrativos em dinheiro para pagamento dos precatórios, hipótese
condicionada à criação de um fundo garantidor equivalente a um terço
dos recursos levantados, remunerados através da taxa SELIC. A emenda
estipula o prazo de até 60 dias para transferência da quantia para conta
vinculada ao Tribunal de Justiça local.

4. Autorização para utilização de até 30%dos demais depósitos judiciais


privados para pagamento dos precatórios, hipótese condicionada à
criação de um fundo garantidor equivalente a um terço dos recursos
levantados, remunerados através da taxa SELIC e estipula o prazo de até
60 dias para transferência da quantia para conta vinculada ao Tribunal de
Justiça local.

5. Permissão de utilização dos depósitos realizados em precatórios e


requisições de pequeno valor efetuados até 31 de dezembro de 2009, e
ainda não levantados, assegurada a revalidação dos requisitórios pelos
juízos competentes, com a preservação da ordem cronológica original e
remuneração durante todo período.

6. Os entes devedores terão direito à concessão de linha de crédito


especial para o pagamento de precatórios, instituída pela união ou por suas
instituições financeiras, em até seis meses após a vigência da nova
sistemática.

7. A EC nº 99 de 2017 acrescentou o §2º ao artigo 102 do ADCT,


aumentando o teto do valor destinado ao pagamento de credores
preferenciais segundo critérios de idade, estado de saúde e deficiência. O
valor para contemplar os preferenciais passou a até cinco vezes o valor
definido para requisições de pequeno valor, sendo o restante quitado de
acordo com a ordem cronológica de apresentação dos precatórios.

8. Igualmente, a EC n.º 99 /2017 inseriu um parágrafo único ao artigo 103


do ADCT, impondo uma restrição interessante aos devedores possuidores de
precatórios pendentes que superam 70% da receita corrente líquida e

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vedando expressamente a realização de novas desapropriações, salvo
algumas hipóteses específicas como aquelas destinadas à educação e
saúde.

9. Por outra mudança importante, a EC n.º 99 /2017 acresceu ao artigo 105


do ADCT os §§ 1• e 2•, impondo prazo de 120 dias, com início em janeiro de
2018, para que os entes federados regulamentassem a compensação de
precatórios com débitos tributários, ou de outra natureza, inscrito em dívida
ativa até 25 de março de 2015.

Importa ressaltar que, no artigo 105 do ADCT, em caso de não efetuada, a


regulamentação retrocitada, os titulares dos créditos poderão efetuar a dita
compensação.
Tais alterações representam um caminho concreto para a efetivação do
pagamento dos precatórios, resgatando a ideia central do Estado
democrático de direito, as garantias do livre e eficaz acesso ao Poder
Judiciário, do devido processo legal e da duração razoável do processo.
A expectativa é que a presente emenda represente, finalmente, a criação
de mecanismos efetivos de financiamento para quitação de precatórios
com uma solução definitiva para a questão.

CONCLUSÃO

De todo o exposto, não há dúvida quanto a idoneidade do precatório da


Bahia nº 800572, de 1998, bem como de sua federalização em face de
ditames introduzidos à Constituição por meio de sucessivas emendas
introduzidas ao ADCT, que esperam a estabilização das finanças públicas.
Trata-se de um ativo financeiro legitimamente constituído perante o Poder
Judiciário, em processos transitados em julgado, com valores definidos que
ostentam existência, certeza e liquidez, faltando-lhe tão-somente a
realização financeira, por obrigação não cumprida pelo Erário devedor.

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DÚVIDAS E ESCLARECIMENTOS:

Federalizaçăo do crédito: foi emitido título da dívida pública para


pagamento do Precatório n° 800.572/1998?

RESPOSTA: Inicialmente cumpre esclarecer que, em nenhum momento o STJ


desconstituiu ou cancelou o precatório 800572/98 - BA, já federalizado, pois,
após o julgado do STJ na ação rescisória intentada pelo Estado da Bahia, o
cumprimento do acórdão exigiu apenas ajustes financeiros no Precatório.
Segue abaixo a indicação de precedentes questionando a federalização
de débitos no formato indicado no resumo encaminhado: AC: 38964 MG
(TRF1, julgamento em 26/06/2OO7) envolve discussão quanto à
possibilidade de utilizaçăo de precatório estadual de terceiro assumido para
compensação perante a União, com base no inciso IV, art. 1• da Lei nº.
9.496/97 - Federalização. O TRF entendeu que os dispositivos legais năo
autorizam a federalização do débito, de modo que seria necessário um ato
administrativo.
RESPOSTA: 0 TRF entendeu que os dispositivos legais não autorizam a
federalização do débito ante a ausência de ato administrativo no qual a
União tenha efetivamente assumido dívidas do estado do Paraná. AC:
413049 CE (julgamento em 29/05/2007), e AC 422484 CE (julgamento em
21/01/2010) (TRFS) tratam da possibilidade de federalização dos precatórios
com fundamento na Lei n•. 8.388/91. Em todos os casos, os tribunais
entenderam que a federalização da dívida demandaria a emissão de
Títułos da Dívida Pública Mobiliáría Estadual, a que não ocorreu nos casos
mencionados.

RESPOSTA: O precatório em questão apenas poderìa se considerar


federalizado, desde quando o Estado do Paraná, devedor da parte autora,
houvesse emitido Títulos da Dîvida Pública Mobiliária para financiar o
pagamento do débito. Năo obstante as indagaçöes formuladas, o Crédito
em questão é distinto dos créditos citados acima, como demostraremos a
seguir.
Dito isso, passemos a algumas informações técnicas sobre o assunto. "
PRECATÓRIO ESTADUAL ORIGINADO DE PROCESSO JUDICIAL DE
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA - FEDERALIZAÇÃO.
Em análise precatório estadual derivado de ação de desapropriação
indireta, movida em 1987 por proprietários de área particular invadida pelo

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Estado da Bahia, em 1978, e sua federalização após a edição da Lei Federal
de n.° 9.496/1997, pela qual a Uníão construiu um programa para assumir
dívidas mobiliárias dos Estados e do Distrito Federal.

BREVE RESUMO DO PROCESSO JUDICIAL


A desapropriaçăo irregular da área em foco foi publicada no Diário Oficial
da Bahia de 17/05/1978, pelo Decreto n.° 26.154. Por sua vez, a ação de
desapropńação indireta n.° 251 foi protocolada em 1º de dezembro de1987
e o trânsito em julgado do processo de conhecimento, em prol dos autores,
ocorreu em 18 de março de1998, onze anos depois. Foi concedida aos
prejudicados a indenização pleiteada, essa última acrescida dos demais
consectários legais, a exemplo de correção monetária, juros
compensatórios e juros moratórios. O precatório estadual foi emitido pela
Bahia sob o número 800572, de 1998, quando já vigente a Lei Federal n.º
9.496/1997, pela qual a Uniâo criou um programa de assunção de dívidas
mobiliárias dos Estados e do Distrito Federal, porém ainda a ser
implementado. No ano de 1999, o Procurador Chefe do DERBA – Deptº. de
Estradas de Rodagem da Bahia - confeccionou parecer jurídico para
informar que o valor do precatório em questão correspondia a 1/3 (um
terço) do valor dos 276 precatórios estaduais que aguardavam pagamento
e ao fim pugnou pela realização de um possívei acordo almejando uma
redução substancial desse passivo institucional. Por ordem superior, e na
ausência de uma definição das autoridades estaduais, a procuradoria do
DERBA - Dept de Estradas de Rodagem da Bahia - ajuizou a Ação Rescisória,
n• 4.282-7, em março de 2000, contra o julgado favorável aos expropriados.
Superadas a primeira e a segunda instâncias da ação rescisória, o Réu -
Estado da Bahia - ajuizou Recurso Especial n• 929.598-BA ao STJ, autuado
em 14/03/2007, sendo designada a relatoria do Ministro Francisco Falcão e
demais membros da Turma responsável, na época, os Ministros Luiz Fux, Teori
Albino Zavascki e Denise Arruda. A decisão em prol dos donos da gleba
invadida foi em grande parte a favor dos desapropriados. Entretanto, o STJ
eduziu o tamanho da área objeto da indenização e mantido o
indeferimento do direito dos prejudicados a lucros cessantes. Ao final, o STJ
determinou que os cálculos da indenização adotassem a metodologia “por
artigos“. Em maio de 2010 ocorreu o trânsito em Julgado do Acórdão dessa
ação Rescisória no STJ, rejeitados os recursos extraordinários ao STF, tanto
das partes autoras como do Estado réu - por inexistência de matéria
constitucional a discutir.

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Dois anos após, em junho de 2012, deu-se a baixa definitiva dos autos à
origem. A FEDERALIZAÇÃO DO PRECATÕRIO ESTADUAL 1. A CRISE
FINANCEIRA DOS ESTADOS Nas décadas de 1980 e 1990 a crise da dívida
mobiliária dos Estados-membros da federação tornou-se algo insustentável,
obrigando a União Federal, por diversas vezes sair em socorro dos seus
membros. A intervenção federal era necessária porque essas condições não
seriam obtidas no mercado. Principalmente, nâo era do interesse dos
agentes financeiros, donos dos contratos ou títulos estaduais, repactuarem
dívidas e aceitarem longos prazos de pagamento. Em 1994, foi instituído o
Plano Real, conjuntamente com o plano de renegociação das dívidas
estaduais, face ao grande crescimento do mencionado passivo. O rápido
aumento da dívida estadual levou a União a renegociá-la, o que se deu
com base na Lei n° 9.496, de 1997. Às unidades federativas foi facultado
ingressar no programa instituído pela citada lei. O Estado da Bahia aderiu
ao refinanciamento através do Contrato de Confissão, Consolidação e
Refinanciamento de Dívida n°. 006/97 STN/COAFI, de 1o de dezembro de
1997, que estabeleceu o Programa de Ajuste Fiscal (PAF), com o
cumprimento de metas (indicadores) anuais, acordado para um triênio e a
Receita Liquida Real - RLR, que, além de servir de base para alguns desses
indicadores, teve como sua principal função o de limitar o
comprometimento máximo de pagamento dessas dívidas refinanciadas.

Conforme dados obtidos e apontados em estudo acadêmico apresentado


ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração Financeira
Governamental da Universidade Federal da Bahia, de autoria de Luigi
Camardelli Cesarino, a finalização do PAF foi prevista para o ano de 2027,
trinta anos após o início de sua implantação, programada para 1998.
Todavia, atente-se para o fato de que a Lei n.• 9.496/1997 em seu conteúdo
não contemplava os precatórios judiciais, o que inviabilizou a execução
desse primeiro PAF, diante das divergências entre União e Estados. Na
sequência, foi promulgada a Emenda Constitucional n.° 30, de 13 de
setembro de 2000, que alterou o artigo ^.00 da Constituição Federal e
acresceu o artigo 78 ao ADCT, determinando a liquidação dos passivos
estaduais no prazo máximo de dez anos, o que também se demonstrou
inexequível, diante da situação financeira dos membros da federação.

Página 4 de 8 - Em meados do ano de 2001, o então Presidente da


República Fernando Henrique Cardoso, pressionado pelas altas dívidas das
instituições Financeiras Estatais e dos Estados-membros, adotou uma política
benévola aos devedores. Com a Medida Provisória n• 2.192-70/2001, a
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União assumiu as dívidas mobiliárias dos Estados, Distrito Federal e
Municípios e assim federalizou esse passivo acumulado, transferindo para a
União Federal a responsabilidade pelo respectivo adimplemento.

No seu artigo 23, a citada Medida Provisória incluiu expressamente, na


federalização das dívidas estaduais, referentes aos precatórios estaduais:
“Art. 23. A Lei n° 9.496, de 1997, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 1º Fica a União, na âmbito do Programa de Apoio à Reestruturação e
ao Ajuste Fiscal dos Estados, autorizada a, até 31 de Maio de 2000, (...) IV-
assumir a dívida pública mobiliária emitida por Estados e pelo Distrito
Federal, após 13 de Dezembro de 1995, para pagamento de precatórios
judiciais, nos termos do art. 33 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias; V- refinanciar os créditos decorrentes da assunçăo a que se
referem os incios I e IV, juntamente com créditos titulados pela União contra
as Unidades da Federaçăo, estes a exclusivo critério do Ministério da
Fazenda; (MP 2192-70/2OO1)ź’ Lembre-se que a açâo judicial de
desapropriação indireta, movida pelos proprietários da área invadida pelo
Esado da Bahìa em 1978, teve início em dezembro de 1987, tendo ocorrido
o trânsito em julgado do processo de conhecimento em março de 1998,
onze anos depois. O precatório estadual n.° 800572 foi emitido no mesmo
ano de 1998, ou seja, enquadrado no marco estabelecido pela MP 2192-
70/2001 e, portanto, incluído na federalizaçăo. Saliente-se que, por força do
artigo 2º da Emenda Constitucional n.° 32, de 11 de setembro de 2001,
publiada em 12/09/2001, a MP 2192-70/2001 adquiriu vigência permanente,
in verbis: Art. 2º As medidas provisórias editadas em data anterior à da
publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória
ulterior as revogue explicitamente ou até deliberaçäo definitiva do
Congresso Nacional. Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na
data de sua publicação.
AS MUDANÇAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL INTRODUZIDAS PELA EMENDA N.•
62 DE 2009 E SEUS EFEITOS SOBRE OS PRECATÓRIOS
Emenda Constitucional nº 62, de 09 de dezembro de 2009, alterou o artigo
100 da Constituiçâo Federal e acrescentou o artigo 97 ao Ato das
Disposiçöes Constitucionais Transitórias, instituindo regime especial de
pagamento de precatórios pelos Estados, Distrito Federal a MunicÏpios.
Mesmo assim, foi apelidada como a ”Emenda do Calote“. Esta emenda
introduziu significativas mudanças no regime dos precatórios, até entăo
vigente, e sua constitucionalidade foi questionada em quatro açöes de

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controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal, notadamente na
Ação Direta de lnconstitucionalidade n° 4357, patrocinada pela OAB. A
mais abusiva alteraçâo introduzida pela EC 62/09 foi a instituiçăo de regime
especial, franqueando o pagamento dos débitos inwritos em prewtórios no
prazo de até quinze anos, o que foi objeto de inúmeras crÎticas, entre as
quais a violaçâo de todos os princípios do EsŒdo Democrático de Direito
Na sessão plenária de 25/03/2015, o plenário do STF concluiu a modulaçăo
dos efeitos da decisâo que declarou parcialmente inconØitucional o regime
especial de pagamento de precatórios estabelecido pela EC 62/09. Por
maioria, os ministros concordaram com a proposta de modulaçăo
apresentada pelos ministros Barroso e Fux, que compilou as sugestães e
divergências apresentadas em votos já proferidos. As acesas discussões
jurídicas e a decisão do STF, na Ação Direta de inconstitucionalidade n•
4357, somadas à dissonância das fazendas estaduais quanto aos gravames
exigidos pela União durante a execução do programa de equilíbrio fiscal,
travaram a efetiva reestruturação financeira dos Estados e Municípios e, por
conseguinte, os precatórios estaduais federalizados permaneceram sem o
devido pagamento. 3. O POSICIONAMENTO DOS ESTADOS - O NOVO PAF
Novo Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Final dos Estados
(PAF) foi proposto com os seguintes pontos: • Proporcionar melhora da
transparência por meio da convergência dos compromissos e metas para
os padrões da LRF - possibilitando comparar o desempenho entre os Estados
e entre a forma de avaliação dos Tribunais de Contas Estaduais e da União
sobre um mesmo indicador (ex. despesa de pessoal); • Atualizar metas do
novo PAF, compreendendo agora: (i) Dívida Consolidada/ Receita Corrente
Líquida; (ii) Resultado primário; (iii) Despesa com pessoal/ Receita Corrente
Líquida; (iv) Arrecadação própria; (v) Gestâo Pública; (vi)
Disponibilidade de caixa bruta; • Ser uma ferramenta de reforço à
efetividade da LRF, buscando garantir a sustentabilidade fiscal de longo
prazo dos Estados. Com o Novo PAF além das metas dispostas em lei os
Estados também deverão cumprir compromissos fiscais, o que possibilitará a
customização do Programa as peculiaridades de cada ente; A não-adesão
ao Novo PAF implica a perda da possibilidade de incremento de espaço
para contratação de operações de crédito, conforme art. 20 da portaria
STN n• 69O/2017. Conforme dados da FEBRAFIPE - Federação Brasileira de
Associações de Fiscais de Tributos Estaduais - houve a adesão de 20 (vinte)
Estados, que apoiaram o novo PAF (Programa de Apoio à Reestruturação e
ao Ajuste Fiscal dos Estados), quais sejam: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará,

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Distrito Federal, Espírita Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe. 4. A EMENDA
CONSTITUCIONAL N.° 99/2017 As alterações no artigo 100 da Carta Magna
e no ADCT, mediante sucessivas emendas posteriores à EC 62, agravaram o
impasse entre a União e os demais entes federados. A princípio, os art. 101,
102, 103 e 105 do ADCT foram modificados, pela Emenda Constitucional n.O
94/2016. Menos de um ano depois esses mesmos dispositivos voltaram a ser
alterados, pela Emenda Constitucional n.• 99/2017, com o objetivo de
“instituir novo regime especial de pagamento de precatórios”, o que
dificultou, mais uma vez, o recebimento desses créditos pelos legítimos
titulares. A introdução de uma nova emenda constitucional foi motivada
pela queda de arrecadação de estados e municípios, gerador de grave
crise fiscal, acarretando a impossibilidade de cumprimento do determinado
pelo Supremo Tribunal Federal, no tocante à inconstitucionalidade de parte
da emenda constitucional n.• 62 de 2009 e, como também, em face de
modificações implementadas pela emenda constitucional n.• 94 de 2O16.
Nessa ordem de ideias, o novo regime pretendeu criar mecanismos e
aprimorar instrumentos de financiamento para efetivação do pagamento
de precatórios, mas igualmente aumentou o prazo final de quitação para
dezembro de 2024.

As principais alterações foram as seguintes:


1) Concessão de sete anos para quitação dos precatórios, ou seja, toda
dívida deverá ser paga até o dia 31 de dezembro de 2024;

2) Estipulação da utilização do Índice Nacional de Preços do Consumidor


Amplo Especial (IPCA-E), para correção e atualização do valor dos
precatórios durante o período;
3) Autorização para utilização de até 75•7 dos depósitos judiciais e
administrativos em dinheiro para pagamento dos precatórios, hipótese
condicionada à criação de um fundo garantidor equivalente a um terço
dos recursos levantados, remunerados através da taxa SELIC. A emenda
estipula o prazo de até 60 dias para transferência da quantia para conta
vinculada ao Tribunal de Justiça local.
4) Autorização para utilização de até 30% dos demais depósitos judiciais
privados para pagamento dos precatórios, hipótese condicionada á
criação de um fundo garantidor equivalente a um terço dos recursos

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levantados, remunerados através da taxa SELIC e estipula o prazo de até 60
dias para transferência da quantia para conta vinculada ao Tribunal de
Justiça local.

5) Permissão de utilização dos depósitos realizados em precatórios e


requisições de pequeno valor efetuados até 31 de dezembro de 2009, e
ainda não levantados, assegurada a revalidação dos requisitórias pelos
juízos competentes, com a preservação da ordem cronológica original e
remuneração durante todo período.

6) Os entes devedores terão direito à concessão de linha de crédito


especial para o pagamento de precatórios, instituída pela união ou por suas
instituições financeiras, em até seis meses após a vigência da nova
sistemática.
7) A EC n.° 99 de 2017 acrescentou o §2° ao artigo 102 do ADCT,
aumentando o teto do valor destinado ao pagamento de credores
preferenciais segundo critérios de idade, estado de saúde e deficiência. O
valor para contemplar os preferenciais passou a até cinco vezes o valor
definido para requisições de pequeno valor, sendo o restante quitado de
acordo com a ordem cronológica de apresentação dos precatórios.
8) Igualmente, a EC n.°99/2017 inseriu um parágrafo único ao artigo 103 do
ADCT, impondo uma restrição interessante aos devedores possuidores de
precatórios pendentes que superam 70% da da receita corente liquida e
vedando expressamente a realização de novas desapropriações, salvo
algumas hipóteses específicas como aquelas destinadas à educação e
saúde.

9) Por outra mudança importante, a EC n.° 99/2017 acresceu ao artigo 105


do ADCT os §§ 1º e 2º, impondo prazo de 120 dias, com início em janeiro de
2018, para que os entes federados regulamentassem a compensação de
precatórios com débitos tributários, ou de outra natureza, inscritos em divida
ativa até 25 de março de 2015.

importa ressaltar que, no artigo 105 do ADCT, em caso de não efetuada a


regulamentação retrocitada, os titulares dos créditos poderăo efetuar a dita
compensação. Taís alteraçôes representam um caminho concreto para a
efetivaçâo do pagamento dos precatórios, resgatando a ideia central do
Estado democratico de direito, as garantias do livre e eficaz acesso ao
Poder Judiciário, do devido processo legal e da duraçâo razoável do
processo. A expectatíva é que a presente emenda repesente, finalmente, a
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criação de mecanismos efetivos de financiamento para quitaçăo de
precatórios com uma solução definitiva para a questão.
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA

RESUMO:
A) ORIGEM DO CRÉDITO
O precatório apresentado remete-se a crédito oriundo de ação ordinária
de indenização promovida pelos Espólios de Domingos Telles de Araújo,
Edgar Telles dos Santos e Jonas Telles dos Santos, contra o Departamento de
Estradas de Rodagem do Estado da Bahia, em face do direito de
desapropriação de uma área de 33 mil metros quadrados, sem mencionar
quando exatamente ocorreu a desapropriação, contudo, pela data de
petição inicial remetemos a data de 01/12/1987, consubstanciado tal
pedido indenizatório em face do Decreto do Governo da Bahia nº26.154 de
16/05/1978, que tratou do ato de desapropriação da área acima, processo
nº 00358818019878050001.
Em sentença de 1º instancia em 18/04/1994, restou afastada a principal tese
do Estado da Bahia, quanto a prescrição de 10 anos que vigorava na
época, eis que a ação foi promovida em 9 anos e 6 meses depois, ou seja,
dentro do prazo prescricional.

Ainda, ficaram afastadas as nulidades aduzidas na ação, julgando


procedente a ação para condenar o Estado da Bahia ao pagamento de
indenização.
Em 22/12/1997 o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia confirmou a
sentença do Juízo de 1ª instância. Interposto Recuso Especial do Estado da
Bahia, conhecido e parcialmente provido. A decisão transitou em julgado
em 06/04/2009, em 18/03/1998 ocorreu o trânsito em julgado da ação de
conhecimento, iniciando-se a fase executória e apuração do valor
indenizatório.
Em sede da execução, apurou-se o valor da indenização em mais de 43
milhões em 24/08/1998.
Sem maiores delongas do procedimento judicial, o crédito tornou exigível
passível de restituição e/ou compensação mediante habilitação de
precatório. Em consulta ao site do Tribunal de Justiça, verifica-se a existência
do aludido processo, conforme visto abaixo.

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Pois bem, pela análise inicial já verificamos que os possíveis precatórios, são
decorrentes de ação de natureza indenizatória e possui existência de
habilitação do crédito de caráter não alimentar, possibilitando desta forma
a sua utilização.
Ademais, ainda tramita parte do processo para discutir o momento exato
do cálculo e juros compensatórios, se devem ser calculados a parte da
imissão da empresa de Salvador/BA, ou seja, em 17/05/1978. No STF julgou
prejudicado em 30/10/2010 e em 15/06/2012 o processo foi remetido para a
Vara de ofício sobre o resultado.

B) DA MENSURAÇÃO DO CRÉDITO DOS PRECATÓRIOS

Esse ponto, merece destaque, pois ao analisar o aludido processo


indenizatório, há inúmeras habilitação de créditos para cessão à terceiros,
sendo necessário uma contratação de uma auditoria ou contabilidade
jurídica para efetiva apuração do saldo devido, uma vez que remete a mais
de 80 habilitações de crédito em 4779 laudas só da parte de liquidação.

Destaque-se a habilitação de crédito é o procedimento prévio para


promover a cessão ao interessado, para que possa exercer o direito de
recebimento.

Nesse sentido, nossa sugestão seria vincular o pagamento dos honorários da


compra de precatório apenas quando ocorrer a satisfação do crédito.

Tal medida se torna salutar, pois mesmo com existência real do precatório,
haverá dois aspectos importantes para mensuração do valor que poderá
ser indagado pela união, a saber:

A possiblidade de aceitação ou não da União, face a sua faculdade e a


complexidade de apurar o valor e quando ocorrerá o pagamento por parte
do Governo da Bahia;
Condicionar as partes a realizarem a auto composição, via transação
tributária para quitação do saldo devedor apenas com os débitos
vincendos a critério do Procurador.
Assim, após diligências prestadas quanto ao pedido de possibilidade de
amortização pela compensação de terceiros, tem seus riscos, como por
exemplo:

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A não aceitação por parte da Procuradoria, em face da faculdade
assegurada pela CF;
A aceitação tácita pela União, ou seja, há uma aceitação diferenciada,
porém, se maiores informações;

De todo o exposto, não há dúvida quanto a idoneidade do precatório da


Bahia n.• 800572, de 1998, bem como de sua federalização em face de
ditames introduzidos à Constituição por meio de acessivas emendas
introduzidas ao ADCT, que esperam a estabilização das finanças públicas.
Trata-se de um ativo financeiro legitimamente constituído perante o Poder
Judiciário, em processos transitados em julgado, com valores definidos que
ostentam existência, certeza e liquidez, faltando-lhe tão-somente a
realização financeira, par obrigação não cumprida pelo Erário devedor.

Parecer elaborado por:

 Escritório Rolim - Dra Leliana Maria Rolim OAB/DF 12.051

 Escritório Heber Pires Sociedade individual advocatícia - Dr


Heber Pires OAB/SP 137.944

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04 – Questionamentos mais
comuns

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 Trata-se de precatório ou direito creditório?

R: Trata-se de um precatório estadual (Bahia) que em 1998 foi expedido seu Ofício
Requisitório. Na sequência ele entrou na lista do Orçamento do DERBA para o
pagamento, porém ele NÃO foi pago. Isto posto, em 2001, ele foi federalizado
pela União, que assumiu todos os passivos e demandas dos estados incluindo esse
do estado da Bahia pelo governo do então Presidente Fernando Henrique
Cardoso. No entanto, não foi gerado um número de precatório federal pois ele
até o momento não foi listado / orçado pela União para seu pagamento. O que
deixa ele com status de direito creditório federal.

 Qual origem da indenização?

R: Origem: Desapropriação de terras do estado da Bahia.

 Os cálculos apresentados foram elaborados pelo Autor ou por perícia


judicial?

R: A base de cálculo foi determinada pelo juiz. Após isso, o autor contratou perito
AGU, devidamente citado nos autos, ao qual determinou os valores e montantes
atuais e sempre renovando e atualizando os valores. A condenação inicial foi de
R$ 43 milhões em 1998, após isso veio se apresentando constantemente os valores
atualizados mediante a base de cálculo que o juiz determinou. No capítulo de
Título: Atualização, temos a memória de Cálculo, bem como os valores
atualizados que hoje devem estar próximos a R$ 280 Bilhões.

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 Houve homologação em juízo dos valores apresentados?

R: Sim. Houve a homologação da base de cálculos em cima do valor da


execução ora apresentados.

 Já houve cessão parcial do crédito?

R: Sim. Já houve cessão parcial do crédito. Não existe valores cedidos que não
estejam habilitados. O valor cedido até o momento é próximo a R$ 55 Bilhões

 É possível fazer Compensação Tributária com o Crédito?

R: Sim. Isso possibilita o dono do Direito Creditório a utilizar esses créditos para fazer
compensações tributárias. Esse texto está no Título: Compensação Tributária.

 Há algum recurso pendente com relação ao mérito da indenização?


Houve ajuizamento de ação rescisória?

R: Não existe recurso pendente e não há ação rescisória.

 Sobre os valores, há recurso pendente?

R: Não há recursos pendentes.

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05 – Certidão de Objeto e Pé

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06 – Petição Inicial

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07 – Sentença Condenatória

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08 – Acórdão de Apelação

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09 – Documentação da
Procuradoria

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10 – Área Desapropriada

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11 – Ofício Requisitório

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12 – Confirmação do NÃO
pagamento pelo TCE

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13 – Atualização

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15 – Federalização

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16 – Compensação Tributária

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17 – Direito a Compensação

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18 – Jurisprudência
Compensação Federal

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Dúvidas a Disposição

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