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AULA 04/08

Direito Constitucional II – Carlos Rátis

Bibliografia:
- Curso de Direito Constitucional; DA CUNHA, Dirley.
- Curso de Direito Constitucional, SILVA NETO, Manoel Jorge.
- Curso de Direito Constitucional; MENDES, Gilmar.

Avaliações:
- 04 Fichamentos (2,0)
- Prova I (9,0) 22/09
- Prova II (9,0) 10/11

Federalismo

A experiência norte-americana
O direito constitucional estadunidense foi a principal influência para os
movimentos federalista no Brasil. Tanto que Ruy Barbosa ao pensar na
estrutura política-administrativa brasileira, se baseou na constituição
norte-americana de 1776.
A obra ‘’O Federalista’’, escrita por um grupo de pessoas, quem traz as bases
para a adoção do federalismo nos Estados Unidos. Essa obra discute a
necessidade de adoção do federalismo em uma época que seu país era
dividido em 13 ex-colônias, com a justificativa que ao formar uma única
federação, ao invés de 13, tornaria mais difícil que uma tentativa da Inglaterra
de tornar os EUA colônia novamente se sucedesse.
Houve a chamada movimentação do federalismo centrípeta, pois foi um
movimento de fora para dentro, e houve também o movimento dual, que é a
concepção da existência da união e dos estados membros. O que não é de
atribuição da união é atribuído aos estados membros, sendo que jamais a
união deve interferir naquilo atribuído aos estados membros e vice-versa.
Devido a isso os estados membros possuem grande autonomia, mesmo com a
existência da união.
A transição da Constituição de 1824 para 1891
A constituição de 1824 traduzia um estado unitário formado por províncias, nas
quais os governadores eram nomeados pelo imperador.
Porém em 1891, com a nova constituição, inaugurada após a proclamação da
república, essas províncias passam para a condição de Estado membro.
O federalismo nacional foi um movimento centrifuga dual. No estado unitário se
submetiam ao império, ao estado central. No Federalismo, no entanto, não
existe hierarquia de posições, isso respeitando claro as competências da
constituição.
Devido ao histórico de movimento centrifuga dual, diferentemente do que
ocorre nos EUA, os estados membros do Brasil não possuem toda uma
legislação e constituições próprias, mas apenas algumas poucas mudanças em
relação a legislação da União.
Importante observar que atualmente o federalismo brasileiro é de 3 voltas e
não mais dual, pois os municípios agora também são considerados entes
federativos.
Características dos entes federativos brasileiros
Os entes federativos para serem considerados como tais devem possuir
autonomia administrativa, legislativa, funcional e orçamentária.
Os entes federativos são autônomos, inclusive os municípios, mas NÃO
soberanos. Soberano é apenas o Estado brasileiro.
Determinados autores emitem opiniões próprias pessoais que não condizem
com a CF. de 1988, julgando por diversos motivos que municípios não são
entes federativos, apesar de até mesmo o STF considerar o mesmo um ente
federal.
Essa autonomia orçamentária é alvo de muitas críticas, pois na prática não
ocorre, principalmente pelo fato dos municípios receberem muito menos
recursos decorrentes de tributos do que a união, dependendo de repasses.
Artigos 18 e 19 do CF/88
De acordo com o Art. 18 §1º Brasília é a capital federal do Estado brasileiro.
O Distrito Federal tem como simples finalidade envolver a capital Brasília, e
exerce a chamada autonomia mitigada. Como a autonomia é mitigada, existe
gerencia da união sobre a DF. Consequentemente, sua legislação é atípica,
baseada em leis distritais. Essas leis distritais são em parte uma Constituição
Estadual e em parte Leis Orgânicas Municipais.
Com base no Art. 32 da CF de 1988, a Lei Orgânica do DF seguirá o mesmo
processo legislativo das leis orgânicas municipais. Qual seja a lei, deverá ser
votada em 2 turnos, com interstício mínimo de 10 dias, observando a
aprovação por 2/3 da câmara legislativa
De acordo com o Art. 18 §2º territórios integram a União. Porem atualmente
não existem mais territórios no Brasil e seguindo a constituição é impossível
que os Estados se desintegrem e formem territórios futuramente.
Os estados membros podem mudar sua estrutura política administrativa
independente da união, mediante requisitos estabelecidos no §3º do Art.18,
que são: aprovação da maioria da população através de plebiscito, e do
Congresso Nacional por lei complementar.

Aula 11/08

Continuação – Organização Político-Administrativa do Estado Brasileiro

Municípios – Art.18, §4º combinado com o art. 30 de CF/88.


- Até o ano de 1996, a constituição exigia apenas 2 requisitos para mudança
organizacional ou criação de município: lei estadual e plebiscito com a
população diretamente interessada. Devido a esses poucos requisitos, houve
uma criação desenfreada de municípios.
- Surge com a emenda nº 15/96 mais dois requisitos para criação de
municípios: lei complementar fundamental estabelecendo prazo para criação
de município e estudo de viabilidade municipal (estudo elaborado com base no
estatuto da cidade para verificar o preenchimento de condições para
manutenção do município).
- Mesmo com a nova emenda, a criação de municípios continuou.
- O STF acabou que por discutir essas condições. Não proferiu uma decisão
que retroagisse até municípios já criados, porem deu um prazo para o
congresso criar uma nova emenda que melhor organizasse esse sistema.
- Através de emenda 57/2008, que complementa a emenda 15/96, os
municípios que foram criados até dezembro de 2006 serão convalidados desde
que tenham sidos obedecidos os requisitos estabelecidos na legislação
estadual vigente à época de sua instituição. É como se até dezembro de 2006
o parâmetro de criação de Municípios fosse a legislação estadual e
não a Constituição Federal.

Competências dos entes federativos


Competência Legislativa - competência para criar leis.
Competência Programática - competência para criar normas

Competência exclusiva (art. 21 da CF/88): aquela exercida apenas pela


União, sua atribuição não pode ser delegada; esse artigo trata de competência
programática. Seus incisos tratam de verbos/ações.
Competência privativa (art. 22 da CF/88): exercida primordialmente pela
União, mas que poderá ser delegada aos estados membros mediante lei
complementar; esse artigo trata de competência legislativa. Seus incisos tratam
de assuntos/disciplinas.
Competência comum (art. 23 da CF): exercida por todos os entes federativos
ao mesmo tempo na adoção de políticas públicas exigidas pelo art. 23. Trata-se
de competência programática. Logo, os incisos do art. 23 são verbos.
Competência concorrente (art. 24 da CF): aquela de caráter legislativo que
deve ser exercida por todos os entes federativos, sendo que a União deverá
criar as normas gerais que serão observadas pelos demais entes federativos
de âmbito nacional. Os estados exercerão a competência suplementar naquilo
que lhe for pertinente e por sua vez os municípios também deverão exercer a
competência suplementar do que couber. Competência legislativa.
Competência legislativa plena (art.24 §3º da CF): Na hipótese de a união
não criar lei federal sobre normas gerais, os estados membros exercerão a
competência legislativa plena. Ex: IPVA, até hoje não existe lei complementar
federal sobre o IPVA, cada estado membro vem legislando sobre o assunto.
Entretanto, na hipótese da união vier a criar a lei federal em caráter posterior,
ela suspendera a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário.
Competência legislativa.
Competencia residual: exercida pelos Estados.
Competência residual tributária: exercida pela União, legitimando-a na
criação dos impostos residuais, com base no art. 154 §1º da CF.
AULA 28/08
Daniel Sarmento – A crise do neoconstitucionalismo
Oscar Vilhena Vieria – Supremocracia FICHAMENTO PARA 08/09

Poder Judiciário (Arts. 92 ao 126 da CF/88)


Ativismo judicial, neoconstitucionalismo, crise entre os poderes e o papel
do STF
Poder Judiciário e a EC nº 45/2004
● Comentários aos principais artigos do capítulo relativo ao PJ
Art. 92

Poder Judiciário (Arts. 92 a 126/CF88)


O Capítulo referente ao Poder Judiciário é extenso, reflexo de uma
Constituição analítica que é a CF/88
Indicação de Leitura: Comentários à Reforma do Poder Judiciário (Carlos
Rátis e Dirley da Cunha Jr.)
Ativismo judicial, neoconstitucionalismo, crise entre os poderes e o papel
do STF
Após a Segunda Guerra, houve a chamada revolução copernicana do
Direito Público. Até meados do século XX, os sistemas jurídicos viviam num
legicentrismo, a Constituição sendo interpretada à luz dos códigos. Os
próprios cursos jurídicos atribuíam uma prevalência do estudo dos Códigos em
detrimento da Constituição. O Código Civil de 1916, por exemplo, era a fonte
de interpretação da Legislação Constitucional.
Após a II Guerra, com o próprio Tribunal de Cassação Penal Italiano, há
uma mudança de paradigma, com as normas constitucionais assumindo a mais
alta hierarquia nos ordenamentos. Da mesma forma que o Sol é o centro do
nosso sistema solar, a Constituição assume o centro dos sistemas jurídicos.
Essa mudança de paradigma na interpretação da Constituição motivou o
nascimento do Neoconstitucionalismo. O Neoconstitucionalismo acaba por
imprimir força normativa aos princípios constitucionais, já que, até então, os
princípios eram normas dispositivas, só sendo observadas eventualmente.
Como normas abstratas eles não eram devidamente reforçados nas decisões
judiciais. Desrespeitar princípios, naquele contexto, não trazia consequências
negativas, visto que a Constituição ocupava uma posição subsidiária em
relação aos códigos e às leis em geral.
Por muito tempo se concebeu uma hierarquia inexistente entre as
normas regras e normas princípios, com as primeiras assumido uma posição
superior em relação aos últimos. Uma renovação dos estudos levou aos
princípios a uma posição superior às regras.
Ainda hoje novos contornos e nuances são atribuídos à relação entre
princípios e regras. Atualmente os princípios fundam as regras. Não podemos,
no entanto, menosprezar as regras em face aos princípios. Há, hoje em dia,
uma banalização principiológica que vem ganhando densidade em torno do
Novo Constitucionalismo. Não é pelo fato de os princípios terem alcançado um
novo status com o neoconstitucionalismo, que deveríamos recebe-los como
normas hierarquicamente superiores às regras. As regras não podem ser
afastadas em face a um discurso principiológico.
Não podemos permitir também a criação de uma república judiciária,
onde o Poder Judiciário se arvora e ultrapassa as competências do legislativo,
declarando quase tudo inconstitucional, baseando-se na hierarquia superior
dos princípios em relação às regras. O discurso principiológico não pode
esvaziar a força das regras constitucionais.
A doutrina contemporânea (Marcello Neves, Luigi Ferrajoli) chama
atenção a um constitucionalismo principiológico hipertrofiado. O Poder
Judiciário é o que tem se utilizado do discurso principiológico com fim de
afastar regras, criando insegurança jurídica.
A corrupção e falta de credibilidade do legislativo, também coopera com
a hipertrofia do judiciário, que em face da ineficiência/vícios/inépcia do
legislativo passa a criar lei a partir dos princípios constitucionais. Estamos
criando um jurisdicional. No nosso estado em crise de representatividade e de
credibilidade, o Poder Judiciário torna-se o poder que está mais próximo (no
sentido emocional) da sociedade do que os outros poderes. Tornam-se os
salvadores da pátria.
Atualmente, no Brasil, o Poder Judiciário, na figura do STF, acaba por
direcionar o rumo do país sem qualquer consulta ou legitimação popular. O
constitucionalismo principiológico desenfreado, que a doutrina tem tentado
criticar, deve ser reduzido para que o legislativo, legítimo representante do
povo, seja o poder que regule de fato a vida em sociedade.
A invocação exaustiva e sem a devida densidade dos princípios, como
por exemplo o da Dignidade da Pessoa Humana, é utilizada para afastar a
aplicação de regras, tanto constitucionais ou infraconstitucionais, causando
insegurança jurídica.
Devemos abandonar a hierarquia dos princípios e assumir uma
heterarquia entre princípios e normas. A forma como tem sido feita gera
insegurança jurídica, o desrespeito ao equilíbrio dos poderes e a criação de
uma república judiciária, um verdadeiro estado jurisdicional.
Link com o procedimentalismo de Harbermas e o substancialismo de
Alexy – Filosofia do Direito.
Daniel Sarmento – A crise do neoconstitucionalismo
Oscar Vilhena Vieria – Supremocracia
O STF vem se deparando com processos onde há uma flagrante
confusão na atuação, no seu papel,/ em relação, principalmente, ao poder
legislativo. Em 2016 o STF declarou inconstitucional uma lei cearense que
tratava sobre festividades que envolviam vaquejadas. De imediato o Congresso
aprovou, meses depois, Lei Federal permitindo a realização de atividades
desse tipo. Mais ainda, o Congresso aprovou a EC 96/2016 permitindo a
realização dessa atividade. No mesmo dia, ofereceu-se um ADI, com um
pedido de medida cautelar, com o relator Dias Toffoli. Ele considerou que a
medida cautelar não deveria ser aprovada antes das audiências.
Esse ativismo judicial do STF é muito denunciado como uma corrente
antipositivista. O Ativismo Judicial busca, em verdade, a adoção pelo Poder
Judiciário de providências para concretizar a Constituição. O Ativismo Ideal é
aquele em que os juízes agem no sentido de concretizar a Constituição e os
Direitos Fundamentais.
O judiciário não deve ser concebido como órgão que dá a última palavra.
Na verdade, O Supremo, profere decisões que vão se traduzir num consenso
provisório.
Poder Judiciário (Arts. 92 a 126)

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
Superiores têm jurisdição em todo o território
nacional.
CNJ: Exerce um papel de correição, não possuindo função jurisdicional. O
papel do CNJ é de fiscalizar a atuação do poder judiciário.
O CNJ surgiu com a EC 45/04 com a função de fortalecer as corregedorias
do Poder Judiciário, que não deixaram de existir.
As decisões do CNJ não podem vir a substituir os demais órgãos do PJ. Há
uma crítica, hoje, que o CNJ não tem capacidade de realizar uma correição do
STF.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios:
Ainda não foi editado o Estatuto da Magistratura pelo STF. Existe hoje uma
Lei Orgânica da Magistratura, diploma anterior à CF/88 mas que foi
recepcionado em parte. O CNJ tem suprido esse papel editando resoluções
que servem para organizar o exercício da função, mas de maneia insuficiente.
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de
juiz substituto, mediante concurso público de provas
e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se
do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à
ordem de classificação;
O Processo de preenchimento das vagas do Poder Judiciário brasileiro
sempre foi realizada de maneira muito criticada. Cada Estado fazia concursos
de maneira individual, criando uma confusão de modelos. Com a EC nº 45/04,
ficou estabelecido que para “o ingresso na carreira, os bacharéis deveriam
apresentar 3 anos de atividade jurídica”. O legislador atrelou o tempo à uma
atividade profissional.
O fator de descriminação tempo, não pode, por si só, ser utilizado para
tratar os desiguais na medida da sua desigualdade.
Exemplo: Dois candidatos recém-formados. Um sofre um acidente e fica 5
anos em coma. Ambos se inscrevem em determinado concurso que exigem
apenas o elemento tempo como exercício indispensável para exercício da
atividade. O candidato que ficou em coma não acumulou experiência, mas
poderia passar no concurso assim como o outro. O estabelecimento de
requisitos dogmáticos, objetivos, racionais para o recrutamento dos recursos
humanos da administração pública levou ao requerimento de que o tempo deve
estar atrelada a uma atividade jurídica. O lapso se inicia da colação de grau. A
expressão 3 anos alia-se a atividade profissional.
A atividade jurídica diz respeito a uma atividade que tenha pertinência com
o conhecimento do bacharel em Direito. Deve haver a demonstração de
conhecimento técnico relativo à atividade exercida.
Exemplo: Bacharel em Direito que não poderia exercer a advocacia por ser
integrante dos quadros das forças armadas como assessor jurídico. Embora
não estivesse atuando como advogado ou analista judiciário, ele poderia
comprovar a atividade jurídica através de um relatório que discriminasse as
atividades desenvolvidas.
O inciso primeiro foi alterado para trazer homogeneidade nos concursos da
magistratura. O requisito mínimo de 3 anos de atividade jurídica foi atrelado à
necessidade de atividade jurídica para que os candidatos partam de uma
posição isonômica.
II - promoção de entrância para entrância,
alternadamente, por antigüidade e merecimento,
atendidas as seguintes normas:
Não se pode confundir entrância com instância. Entrância corresponde a
uma unidade administrativa estabelecida pelas leis de organização do poder
judiciário. Cada ordem do poder judiciário organizará as entrâncias a partir de
critérios objetivos, tais como:
a) Demanda
b) População
c) Outros
Uma instância corresponde a grau de jurisdição. Nas instâncias podem ser
encontradas várias entrâncias. Da entrância final é que haverá a ascensão do
magistrado para o tribunal. Existem promoções verticais e horizontais. Mesmo
para a promoção de entrâncias em entrâncias é estabelecida uma ordem pelo
texto constitucional:
1º - Antiguidade
2º - Merecimento

O merecimento possui critérios objetivos: Produtividade, presteza e segurança.

a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por


três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista
de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois
anos de exercício na respectiva entrância e integrar o
juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade
desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o
desempenho e pelos critérios objetivos de
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e
pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais
ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
A alínea c veio a apaziguar os ânimos do tribunal e estabelecer critérios
objetivos para a promoção por merecimento. Presteza tem relação à
preparação técnica, uma produção adequada.
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros,
conforme procedimento próprio, e assegurada ampla
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a
indicação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
e) não será promovido o juiz que,
injustificadamente, retiver autos em seu poder além
do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório
sem o devido despacho ou decisão;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Essa alínea define que os magistrados que estão na entrância final, e que
inscreveram-se para a lista da entrância final, mas tem uma grande quantidade
de processos para despachar, não serão promovidos. Da mesma maneira,
serão observadas situações de magistrados que retiveram autos dos processos
consigo mesmos.
III- o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
por antigüidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única
entrância; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Promoção entre instâncias segue o mesmo critério das promoções entre
entrâncias.
IV previsão de cursos oficiais de preparação,
aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de
vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e
aperfeiçoamento de magistrados;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
A estabilidade dos magistrados e membros do MP adquire-se após o prazo
de 2 anos. Não só o tempo, no entanto, os magistrados devem passar por
cursos de formação e aperfeiçoamento.
Os cursos são relevantes já que põem novos magistrados em contato com
profissionais que já estão atuando na área a mais tempo.

Aula 01/09
Poder Judiciário – Continuação

Art.93, incisos V e seguintes – tratam o subsidio que deve ser auferido


aos membros do judiciário. Visam estabelecer um teto máximo para fins de
remuneração dos membros do judiciário em face ao princípio da simetria,
assim os Estados acabarão por acompanhar o teto.
‘’ o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as
respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença
entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento,
nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos
Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI,
e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) ’’.
O servidor público vem a perceber os salários como os vencimentos que
acabam por abranger diversas parcelas, e a palavra subsidio trata-se de uma
parcela única para abranger todos os valores referentes ao salário.
Já o inciso VI fala sobre a aposentadoria.
O inciso VII busca aproximar o magistrado do jurisdicionado. A regra
constitucional destaca que o magistrado deve residir na comarca em que
trabalha, a não ser que possua autorização. Isso é feito para aproximar o juiz
do cidadão, e evitar que casos de o juiz faltar ao trabalho devido a distância
entre moradia e local de trabalho ocorram.
‘’o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ’’.
Com base no art. 95 da CF, as garantias constitucionais inerentes a carreira
da magistratura são: A) vitaliciedade; B) inamovibilidade; C) irredutibilidade de
subsídios. Por sua vez, será vedado ao magistrado: A) exercer outro cargo
salvo a atividade do magistério; B) receber a qualquer título custas ou
participação em processo; C) dedicar-se a atividade político-partidária; D)
receber a qualquer título contribuições de pessoas físicas ou jurídicas; E) a
quarentena.
O inciso VII trata da perde de cargo de magistrado, que só pode ser feito
por decisão administrativa, sendo que ele só pode ser, no máximo, aposentado
compulsoriamente. Esse direito de aposentadoria só e perdido se remoção for
feita mediante processo penal, e após transitado em julgado. Isso é ineficiente,
pois dificilmente um processo transita em julgado até o final da vida, assim
mesmo que o magistrado seja criminoso, ele continua recebendo
aposentadoria. Essa impossibilidade de efetiva demissão e remoção de
benefícios traduz o princípio da vitaliciedade.
Já o servidor público pode ser demitido por processo administrativo, pois o
mesmo só traduz o princípio da estabilidade.
A inamovibilidade busca proteger a independência na atividade do
magistrado, sendo que ele só pode ser removido compulsoriamente de onde
exerce atividade se tratar de interesse público.
‘’ o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla
defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ’’.
Inciso IX informa dois princípios expressos imprescindíveis para o Estado
constitucional democrático: princípio da motivação e o princípio da publicidade.
O princípio da motivação exige a justificativa da decisão, explicando as
razões que fundamentam a decisão, sob pena de nulidade.
O princípio da publicidade define a publicação de julgamentos e suas
fundamentações. Sofre contenções mediante objeto de decisão.
‘’ todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ‘’.
Inciso XII vem para exterminar as chamadas férias coletivas dos tribunais,
definindo a atividade jurisdicional como ininterrupta.
‘’ a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas
nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não
houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ‘’.
Inciso XIII vem como uma tentativa de definir o número de magistrados
necessários para cumprir a efetiva demanda, a depender do local e sua
população.
‘’ o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva
demanda judicial e à respectiva população; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) ‘’.
Inciso XIV tem como finalidade a descentralização das atividades
administrativas do poder judiciário.
‘’ os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ’’.
Inciso XV busca acabar com a concentração de processos que não são
distribuídos nos diversos tribunais, para evitar a demora na marcação de
audiência de processos já judiciados.
‘’ a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ‘’.
Artigo 94 - fala sobre o Quinto Constitucional. Determina que um quinto dos
tribunais será ocupado ora por membros da advocacia, ora por membros do
ministério público. É criticado pela interferência do executivo, pois é o
governador e presidente quem escolhem os membros dentre aqueles da lista
sêxtupla de acordo com critério pessoal. Outros apoiem pelo fato de antes de
chegar a decisão do executivo, há um filtro posto pela OAB (também criticado
por metodologia baseada em aspectos superficiais) para definir os nomes
dentre os quais o executivo vai escolher, e também por representar os
chamados pesos e contrapesos, ao conferir a outro poder (executivo)
participação.
‘’Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos
Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de
notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes ’’.

AULA 08/09
Continuação P. Judiciário

Artigo 95 (garantias e vedações): ‘’Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério; ’’.
Esta vedação visa assegurar dedicação máxima do magistrado em relação a
sua atividade jurisdicional, exercendo apenas uma atividade em relação ao
magistrado.
II - ‘’ receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processo; ’’
Magistrado não pode se beneficiar em face a qualquer valor em processo que
faz parte.
III – ‘’ dedicar-se a atividade político-partidária; ‘’
Jurisprudência entende que magistrado so pode participar de vida
político-partidária deixando o cargo, até mesmo que para apenas se candidatar.
Isso é feito que não haja qualquer vínculo partidário que possa influenciar em
disputa de interesses. A discussão ocorre, pois, algum argumentam na
possibilidade do magistrado apenas se afastar, e não deixar o cargo, para
exercer atividade partidária.
IV – ‘’ receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei; ‘’
Inciso IV vem para abranger outras situações, impedindo que o magistrado
possa ser beneficiado e isso influencie suas futuras decisões, com o mesmo
usando de critérios pessoas para decisão final.

V - ‘’exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de


decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração. ‘’

Quarenta traduz-se no lapso temporal de três anos para inibir a captação


indevida de clientela por parte de ex-membros do poder judiciário e do
ministério público. Isso vem para evitar que esse ex-membro exerça advocacia
no tribunal que fazia parte, para que ele não se aproveita do influenciar que
pode exercer nos processos. Porém na pratica acontece que, indiretamente,
esses ex-membros advogam, sendo assim uma concorrência desleal.
*QUARENTENA NÃO SE APLICA A MINISTROS.

Art. 97. ‘’somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. ‘’

Brasil adota o controle de constitucionalidade misto, pois sofremos influencia


tanto do modelo difuso norte-americano quanto do controle abstrato importado
das ideias de Kelsen. No controle difuso, tem de haver maioria absoluta, já no
STF tem de ser apenas maioria. Modulação de efeitos de uma lei no,
entretanto, necessita de 2/3 dos votos dos membros.

‘’Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros,


escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal. ‘’
Essa sabatina feita pelo senado acaba sendo mais um momento de elogio aos
títulos e feitos dos candidatos. O nosso modelo é importado no
norte-americano por Ruy Barbosa, de ministros vitalício sem um prazo de
mandato determinado.
Porém, a história do STF revela que essa gerência do executivo nas escolhas
dos ministros sempre foi ponto de pauta. Tanto que existem várias PEC’s para
que haja uma abertura para indicação dos nomes que serão sabatinados,
assim a decisão não caberá apenas ao Presidente, que não precisa justificar
em nada a sua escolha. Existem outras PEC’s que discordam do fator vitalício,
a favor que exista um prazo definido para exercimento do cargo.
Art. 102. ‘’. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe: ... ‘’
Embora ocorrido a emenda 45, que teve como objetivo diminuir o número de
competências do STF, houve uma frustação, pois o STF acumula diversas
competências de um tribunal ordinário, pois acaba por julgar matérias de outras
instancias de tribunais superiores, afastando-o do seu papel típico de julgar
matérias constitucionais.
Art. 103- ‘’A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). ‘’
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de
normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão
ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem
propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável
ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

As súmulas são enunciados elaborados por tribunais que devem ser


observados em futuros julgamentos em todos os tribunais. As súmulas
vinculantes são feitas para não abranger o poder legislativo, pois elas irradiam
as funções atípicas do legislativo. Assim o poder legislativo não pode estar
amordaçado de tal sorte a ser impedido de legislar contra tal súmula.
As sumulas podem ser canceladas ou revisadas. A edição de súmula
vinculante cabe ao ministro do supremo e as pessoas que realizam o controle
da constitucionalidade abstrato-concentrado (presidente e procurador do
Estado), e além dessas pessoas a lei chama a atenção que também podem vir
a suscitar que os próprios tribunais podem encaminhar essa discussão. É
legitimado também para propor a discussão da súmula vinculante os
municípios em caráter incidental nos processos em que seja parte.
O coro necessário para edição de súmula vinculante é de 2/3. Além disso, os
assuntos passiveis de edição, de acordo com o parágrafo I artigo 103 traços A
da CF, são sobre matéria em que haja controvérsia atual entre os órgãos do
poder judiciário ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica.
Em caso de desrespeito a súmula vinculante ou em face a sua indevida
aplicação caberá reclamação constitucional junto ao supremo para anular a
decisão administrativa ou caçar a decisão judicial.
Art. 103-B. ‘’O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
... ’’
Foi uma criação da emenda 45. Os órgãos judiciários se apresentam como
órgãos de fiscalização, as corregedorias. Dessa maneira, o CNJ seria uma
espécie de corregedoria da corregedoria. Dessa maneira, em primeira instancia
seria a denúncia para as corregedorias próprias, mas estas não estavam dando
conta e assim o CNJ seria uma espécie de ‘’ajuda’’.
A escolha dos conselheiros do CNJ é feita pelos próprios órgãos do judiciários,
ministério público e sociedade civil. O CNJ é um órgão heterogêneo, com
membros de diversas carreiras.
O papel do CNJ é de zelar pela legalidade dos atos administrativos, praticados
por membros do órgão judiciário e seus auxiliares
AULA 29/09

PROCESSO LEGISLATIVO (arts. 59 ao 69 da CF/88)

Ciência legislativa é uma disciplina que visa preparar técnicos na elaboração


da legislação. Não é profundamente discutida. Tanto que não é raro a
ocorrência de falhas técnicas no dispositivo legislativo brasileiro.
Concursos relacionados ao emprego de funcionários responsáveis pela
elaboração da legislação, como maneira de rebater essa falta de cursos
técnicos, exige uma série de requisitos tais quais relacionas a experiência, para
que melhor sejam selecionados estes responsáveis por elaborar o texto
normativo.
O processo legislativo ordinário é divido em três etapas: iniciativa,
constitutiva e complementar.
INICIATIVA: fase do envio; encaminhamento. Em relação a primeira etapa
temos as seguintes modalidades:
- Comum (regra geral, encontrada no art.61 do texto constitucional. Nossos
representantes dão início a projeto de lei, sendo que a primeira etapa pode ser
tanto na câmara quanto no senado. Comum pois qualquer parlamentar pode
dar início ao projeto).
‘’Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinários cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição ‘’.
- Privativa (legislador constituinte/texto normativo estabelece pessoas
especificas para proceder com envio do projeto de lei. Ex: art.61 §1º).
‘’§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - Disponham sobre: ...’’

- Concorrente (essa hipótese diz respeito a seguinte situação: texto


constitucional estabelece legitimados que concorrem entre sí a iniciativa, ou
seja, conjuntamente elaborariam essa iniciativa. Ex: art.60)

‘‘Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - Do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros. ’’.

- Popular (permite que o exercício da soberania popular seja efetivado.


Possibilidade de democracia participativa, onde eleitorado nacional pode
apresentar projeto de lei para Câmara dos Deputados. Ex: art. 61 §2º).

‘’§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. ’’.

CONSTITUTIVA: fase de discussão, deliberação, aprovação e sanção da


norma. Haverá participação na fase constitutiva não só do poder legislativo,
mas também do poder executivo na construção da norma. Ex: arts. 64,65 e 66:

‘’Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente


da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão
início na Câmara dos Deputados. ’’.

‘’Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em
um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a
Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. ’’.

‘’Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei
ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. ... ’’.

- Veto: presidente tem prazo de 15 dia uteis para vetar projeto, no todo ou em
parte. Se o prazo for ultrapassado sem manifestação do poder executivo,
haverá a chamada sanção tácita (aquiescência – concordância em face à
expiração do prazo sem manifestação). Se o presidente vier a vetar projeto de
lei. Se ele não vetar projeto de lei manifestamente inconstitucional, não será
alvo de denúncia de

- Veto parcial: exige que seja declarada inconstitucional a integralidade de


artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea, diferentemente da técnica utilizada
pelo STF no sentido de declarar apenas uma palavra, se for o caso. Essa
técnica de esvaziar uma palavra não é permitida para o executivo.

Lei complementar e ordinária se diferenciam em relação a reserva de matéria


(lei complementar trata de matérias especificas da Constituição e ordinária trata
de matéria residual não expressa em lei complementar) e coro de aprovação -
arts.69 e 47 - devido a generalidade da lei complementar. Daí surge a
pergunta, é possível lei ordinária revogar complementar? Sim, se congresso
aprovar lei complementar com matéria não deveria ser tratada pelo mesmo.

‘’Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. ’’.
‘’Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada
Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a
maioria absoluta de seus membros. ’’. *MAIORIA SIMPLES.

COMPLEMENTAR: se não for devidamente ultrapassada, norma é nula.


Dividida em promulgação e publicação.

- Promulgação: reconhecimento de validade da norma, feita pelo executivo.


Em caso de recusa dos governadores, prefeitos, etc. em promulgar norma,
cabe ao presidente do senado faze-lo.

- Publicação: Após a publicação da norma no diário oficial, ela passa a ter


eficácia jurídica e irradiar efeitos. Controle repressivo de constitucionalidade
dá-se quando norma for objeto de publicação.

Medidas provisórias

Histórico: na ditadura militar já havia a gênese não democrática das medidas


provisórias, os Decretos Leis.

Decretos Leis revogavam leis, até mesmo leis complementares. No período da


redemocratização, em 88, as Medidas Provisórias surgem no art. 62, e eram
influenciados por esses decretos leis. Descrição de medidas provisórias era
discreta, com apenas um parágrafo.

No entanto em 2001, essas MPs sofrem alteração por meio da E.C nº32,
estabelecendo série de processos e requisitos referentes a mesma.
Natureza jurídica: os requisitos necessários mantidos para alteração de MP
foram os da relevância e da urgência. Importante lembrar que MPs possuem
força de lei.

Desde de 88, existe um uso inconsequente de MPs, tornando o Brasil um pais


norteado basicamente pela edição das mesmas. Isso acentua a crise entre os
poderes, onde Executivo acaba que por legislar também, devido ao excesso de
edições das mesmas.

MP é um ato normativo excepcional que deve preencher necessariamente os


requisitos de relevância e urgência, ou do contrário, caberá o controle de
constitucionalidade, caberá uma ADI. O supremo já declarou algumas MPs
inconstitucionais.

ANTES DA E.C. nº 32 – conversão em lei tinha prazo de 30 dias; reedições


eram ilimitadas (contribuía para produção desenfreada de MPs); não
estabelecia reserva de matéria; efeitos ‘’ex tunc’’ em face a rejeição da
conversão em lei.

Absurdos que aconteciam eram mantidos através de reedições, pois era mais
prático realizar pequenas alterações ao invés de anular MPs antigas e elaborar
novas. Ainda, MPs eram mantidas por anos através dessas reedições.

DEPOIS DA E.C nº 32 – conversão em lei tem agora prazo de 60 dias, sendo


que esse prazo pode ser revogado mais uma vez; não existe possibilidade de
reedição; há reserva de matéria – art.62 §1º-; haverá retroatividade ou não de
acordo com a posição do congresso nacional.

Congresso que decide nesses 60 dias se a lei atingira situações anteriores a


conversão da MP em lei.

Excesso de MPs impede que ocorra um controle de constitucionalidade efetivo


que atinja a todas os assuntos.
AULA 13/10

Comissão Parlamentares de Inquérito

Art. 58, §3º da CF/88 – Lei nº 1579/52

‘’Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e


temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo
regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil
ou criminal dos infratores.’’

1. Art. 58 – Ilustra o papel das comissões como um todo, que possuem


relevância na condução do sistema democrático. As comissões
presentes no art.58, pelo princípio da simetria, se remetem ao âmbito
municipal, estadual e federal e são as mais diversas, dentre as quais se
encontram as Comissões Parlamentares de Inquérito prevista no §3º.

2. CPIs - As Comissões Parlamentares de Inquérito servem para discutir,


ouvir depoimentos e tomar informações diretamente a respeito de um
assunto, com base no interesse público. Em outras palavras, serve para
investigar e analisar indícios de corrupção no governo, para examinar
irregularidades, etc. A CPI é conduzida pelo poder Legislativo.
- Uma CPI pode ser criada pelo Senado e Câmara, em conjunto ou
separadamente, e assim como as PECs se dá mediante requisito de
pelo menos 1/3 dos seus membros. Apuração deve ser feita acerca de
um fato determinado e prazo certo. Por fim, resultados são
encaminhados ao Ministério Público.
- Importante lembrar que, devido ao art.129 da CF, o papel do M.P
independe do resultado das CPIs. Ministério público poderá instaurar
inquéritos civis próprios, notificando as pessoas devidas o que
aconteceu, e se for o caso requerer ação judicial.
- Mesmo que as conclusões de uma CPI sejam que determinado gestor
não cometeu infração, o M.P ainda assim pode requerer ação devido a
conclusão próprias distintas da CPI.
- Uma CPI dispõe de poderes de investigação semelhantes a uma
autoridade judicial, como por exemplo requisitar informações e
documentos sigilosos. Todavia, a comissão não tem poderes idênticos
aos magistrados, pois não podem efetuar prisões, quebra de sigilo
telefônico ou ordenar busca domiciliar.
- Presidente de uma CPI pode requerer medida cautelar perante
acusado em caso de cometimento de infração penal, como previsto na
Lei 1579/52.
- Atualmente existe uma enxurrada de habeas corpus preventivos postos
pelos investigados nas CPIs, porque ele já vai para uma decisão
chamada salvo conduto devido ao cometimento de infrações penais
prevista na lei 1579/52.

Processo de impeachment e o Poder Legislativo

1. Natureza dos crimes de responsabilidade: Crimes de


responsabilidade são infrações político-administrativas cometidas
pelo Presidente da República que atentam a organização do Estado
e governo. Tanto que a nomeação crime é indevida.
Sob os crimes de responsabilidade temos o art.85 da CF (anuncia
condutas de maneira não taxativa e é complementado pela lei
1079/50).

‘’Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República


que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento. ’’
2. Fases do Processo de Impeachment: o processo de impeachment é
previsto no Art. 86 da CF. Se dá no Poder Legislativo, e é
ultrapassado na Câmara e no Senado. Pode ser deflagrado por
qualquer cidadão, e tem como objetivo não prender o denunciado,
mas afastá-lo do atual cargo e impedir o mesmo de ocupar qualquer
outro cargo eletivo durante um período de 8 anos (essa sanção
proibitória de 8 anos não ocorre literalmente em todos os casos,
como é visto no caso de Dilma, em que essa sanção foi fatiada).
- Dividido em duas fases: 1ª Fase – Câmara dos deputados –
Tribunal de Pronúncia – 2/3 dos votos da casa; 2ª Fase – Senado –
Tribunal de Pronúncia e posteriormente Tribunal de julgamento – no
de Pronúncia maioria simples e no de Julgamento 2/3 dos votos da
casa.
- Cláusula de Irresponsabilidade Relativa do Presidente: O
presidente da república é blindado, possuindo proteção diferenciada,
sendo que só pode responder por infrações, até mesmo as do âmbito
penal, relacionadas a sua atividade como presidente. O objetivo
dessa cláusula é assegurar a governabilidade.

‘’Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois


terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo
Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. ’’

Aula de 20.10.2017 - Direito Constitucional II

Ler a PEC com a CF e fazer Anotações


Há uma tendência nas Democracias Presidencialistas do mundo em
converterem-se em Sistemas Parlamentaristas de Governo. No Brasil, desde
no ano passado tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda
Constitucional que visa instituir o parlamentarismo no Brasil.
Essa PEC inspira-se nos modelos francês de português para fazer a sua
proposta de implantação do modelo de parlamentarismo no Brasil. Nesse
modelo, o presidente funcionaria como um Chefe de Estado e o
primeiro-ministro assumiria muitas das funções que hoje são atribuídas ao
Presidente.
Fichamento: O Código da Vida – Saulo Ramos (2Capítulo relativo ao
Processo de Impeachment de Collor) – 03/11/17
Essa PEC tem sido chamada de ação de Poder Constituinte diferido. A
mudança do sistema de governo vai implicar apenas na mudança dos artigos
de que trata o poder executivo, ou o Texto Constitucional terá que passar por
uma mudança mais profunda, em razão da mudança de cultura institucional
que se dará?
O nosso sistema, tanto legislativo como executivo, tem inspiração direta
com o modelo norte-americano. A relação que tem o Presidente da República
com os Secretários de Estado deve atender os princípios constitucionais de
eficiência, eficácia e atingimento de metas (Administração Pública). Os
ministros de Estado, atualmente, infelizmente só precisam ser maiores de 21
anos, o que é inaceitável diante da necessidade de gabarito e conhecimento
técnico (requisitos racionais e objetivos) para desempenho de suas funções.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado,
além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
O processo de recrutamento de ministros de Estado que consta no Texto
Constitucional é considerado obsoleto. Pelo mundo, esses servidores devem
apresentar requisitos específicos para trabalhar nas pastas da Administração
Pública. No Brasil, a nomeação ainda serve para satisfazer os interesses das
coligações políticas. Por vezes, não há qualquer compatibilidade com a história
profissional do ministro com a pasta que ele assume.
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal na
área de sua competência e referendar os atos e
decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis,
decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório
anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente
da República.
Suas funções são referendar os atos praticados pelo chefe do Executivo dentro
das suas respectivas pastas. Há responsabilização dos ministros de Estado
nos atos praticados junto ao Presidente da República. Por isso mesmo podem
sofrer processos por infração político-administrativa ou penal
(co-responsabilização).
Há uma discricionariedade na nomeação e na exoneração dos Ministros de
Estado: São de livre nomeação do chefe do Poder Executivo. Não há
necessidade de justificativa para sua nomeação ou exoneração. Essa matéria é
muito discutida em Direito Constitucional visto que, via de regra, os atos da
Administração Pública têm que ser fundamentados. Essa discricionariedade
tem base no fato de serem considerados cargos de confiança.
Atualmente, busca-se que o Congresso Nacional venha reformar a Constituição
para adotar critérios objetivos para a admissão e exoneração de Ministros: lotar
os cargos com profissionais capacitados para o exercício das funções.
Busca-se uma reforma seguindo o Direito Comparado. Os Ministros e
Secretários são os líderes de suas pastas. Se houver uma má condução, há
um efeito que reverbera em cadeia sobre a Pasta ou Secretaria.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
Ministérios e órgãos da administração
pública.
Competências do Presidente da República (Art. 84, CF/88)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República:
Esse rol de competências não é taxativo, mas sim exemplificativo.
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
O Presidente tem discricionariedade para escolher seus Ministros de Estado.
Não cabe controle jurisdicional desses atos, visto que são políticos, a fim de
manter a governabilidade. O Poder Judiciário não pode interferir numa reserva
de competência do Poder Executivo.
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado,
a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos
casos previstos nesta Constituição;
O Presidente também pode exercer, privativamente, nos casos previstos na
Constituição, a iniciativa do Processo Legislativo.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução;
Aspecto Importante: A partir de 88 o instituto do Decreto-Lei foi banido. Era um
instrumento normativo utilizado pelo chefe do executivo para legislar. Tinham a
capacidade de revogar leis e leis complementares. As Medidas Provisórias
vieram para substituir, no processo democrático, o decreto-lei.
O Chefe do Executivo pode, tipicamente, expedir Decretos. Os Decretos são
atos normativos secundários, já que devem respeitar o princípio da legalidade.
Têm papel regulamentador: delineia e regulamenta o que está na lei, sem
criação ou inovação. O seu campo normativo é imposto pela lei, pelo
Legislativo. No Inciso VI a CF, no entanto, consagrou matérias que podem ser
objeto de decreto, no bojo das grande gama de competências atribuídas ao
Presidente.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor sobre a organização e o funcionamento
da administração federal, na forma da lei;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)
a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos
públicos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
Em especial, o Inciso VI, alínea b, é muito criticado, sendo chamado de
Decreto Regulamentador Autônomo. Isso se deve ao fato de a Constituição ter
equiparado a alínea b a uma lei. Só quem pode criar cargos na Adm. Pública é
a lei. Consequentemente, só quem poderia vir a extinguir cargos seria a lei. A
ideia seria de economicidade, de enxugamento da máquina pública. Nesse
caso o presidente estaria, constitucionalmente, exercendo uma competência
que seria de reserva do legislativo.
Não há que se confundir Decreto com Decreto Legislativo. Decretos
Legislativos são atos normativos típicos dos órgãos legislativos (CN,
Assembleias e Câmaras). É a forma como se manifesta o Legislativo no
seu ambiente interno. É através de tais decretos que o Congresso
promove as suas distinções.
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;
Também é atribuição do (Super)Poder Executivo atuar na esfera internacional e
diplomática. São funções típicas de Chefe de Estado, realizadas pessoalmente
ou por delegação: representar o Estado Brasileiro no âmbito internacional.
As etapas de celebração de tratados e convenções passa tanto pelos Poderes
Legislativo e Executivo. É até mesmo o Executivo que geralmente inicia as
tratativas e conversas com outras nações e com órgãos internacionais. A
norma internacional para ser aceita no ordenamento nacional deve ser objeto
de referendo pelo Legislativo.
Indicação de Leitura – Minha Formação (Joaquim Nabuco)
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
Estado de Defesa e Estado de Sítio
Estado de Defesa (Art. 136) Estado de Sítio (Art. 137 a 139)
Semelhanças
1. Limite Circunstancial ao 1. Idem
Poder Reformador
2. Idem
2. Instaurado por Decreto
Presidencial 3. Idem

3. Ouvida do Conselho da
República e da Defesa
Nacional

Diferenças
1. Autonomia para Expedir 1. Solicitação ao Legislativo
o Decreto - Efeito para Expedir o Decreto
Imediato
2. Matérias
2. Pode ser decretado para
preservar a Ordem a. Após Estado de Defesa
Pública ou a Paz Social, b. Instabilidade de âmbito
ameaçadas por nacional
instabilidade
institucional, ou c. Declaração de
calamidade de grandes guerra/resposta a
proporções da natureza, agressão armada
em locais restritos e estrangeira
determinados
3. 30 dias, prorrogável uma 3. Tem prazo de 30 dias, mas
única vez. pode ser renovado
4. Direitos Fundamentais indefinidamente até que
Restringidos, já seja resolvido a situação
prescritos na CF que o motivou. Em caso de
Guerra ou Agressão
Armada, até que seja
resolvida.
4. Outros Direitos
Fundamentais, além dos
que já estão previstos na CF
poderão sofrer restrição. Se
for para as hipóteses a e b,
deve observar a CF

Nas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais esses dois estados


se encontram nas modalidades de Estado de Urgência e de Emergência e
Calamidade.
Esses Estados (Defesa e Sítio) servem de limitação circunstancial ao Poder
Reformador. Durante a vigência do Decreto, a Constituição não poderá sofre
alteração. Somente após o término desses períodos é que o Texto
Constitucional pode sofre alteração.
Além disso, antes de o Presidente decretar o Estado de Defesa e Sítio, ele
deve ouvir os Conselhos da República e da Defesa Nacional. Não está
vinculado ao parecer desses conselhos.
Estado de Defesa (Art. 136)
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e
determinados, a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa
determinará o tempo de sua duração, especificará as
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem,
dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das
associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos
decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não
será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado
uma vez, por igual período, se persistirem as razões
que justificaram a sua decretação.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua
prorrogação, o Presidente da República, dentro de
vinte e quatro horas, submeterá o ato com a
respectiva justificação ao Congresso Nacional, que
decidirá por maioria absoluta.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
pelo executor da medida, será por este comunicada
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de
corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de
declaração, pela autoridade, do estado físico e mental
do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
poderá ser superior a dez dias, salvo quando
autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
será convocado, extraordinariamente, no prazo de
cinco dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto
dentro de dez dias contados de seu recebimento,
devendo continuar funcionando enquanto vigorar o
estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o
estado de defesa.
São pensados para casos excepcionalíssimos. A diferença entre o local e o
nacional está no bom-senso. O escopo do Estado de Defesa é manter a ordem
em decorrência de uma grande instabilidade institucional ou de uma catástrofe
natural.
Alguns direitos fundamentais, já descritos na própria, CF poderão sofrer
restrições. São restrições admitidas com o intuito de proteger o próprio
cidadão.
Se o Congresso, posteriormente, rejeitar o decreto do Presidente, deverá
fazê-lo por maioria absoluta. Assim como uma MP, que produz efeitos
imediatamente, também o Estado de Defesa só se submete a um controle
superior por parte do Congresso.
Estado de Sítio (Art. 137 a 139)
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização
para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao
solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou
sua prorrogação, relatará os motivos determinantes
do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
maioria absoluta.
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua
duração, as normas necessárias a sua execução e as
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e,
depois de publicado, o Presidente da República
designará o executor das medidas específicas e as
áreas abrangidas.
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não
poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem
prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do
inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que
perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado
de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente
do Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se
reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em
funcionamento até o término das medidas coercitivas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade
determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados
ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da
correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de imprensa,
radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços
públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do
inciso III a difusão de pronunciamentos de
parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas,
desde que liberada pela respectiva Mesa. (QUESTÃO
DE CONCURSO).

O Estado de Sítio será para situações mais profundas e complexas. O


Presidente primeiro solicita autorização pelo Congresso para expedir o
Decreto, que autorizará ou não através de Decreto-Legislativo. No
Decreto-Legislativo, o Congresso estabelece os limites do Decreto do
Presidente. O Congresso Nacional não será fechado.
________
XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da
sessão legislativa, expondo a situação do País e
solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças
Armadas, promover seus oficiais-generais e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIII - exercer o comando supremo das Forças
Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes
são privativos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o
presidente e os diretores do banco central e outros
servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República,
nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização
nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções
honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso
Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos
federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
da União, que observarão os limites traçados nas
respectivas delegações.
Aula de 27.10.17 – Direito Constitucional II

Continuação – Poder Executivo


Art. 85 e 86 da CF/88
Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50)
1. Câmara dos Deputados – Fase Pré-processual (2/3)
2. Senado Fedeal
a. Tribunal de Pronúncia (22 Senadores) – Maioria Simples
b. Tribunal de Julgamento (2/3)
Etapas do Processo de Impeachment à luz da ADPF 378

Arts. 85 e 86 da CF/88
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos
do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do
Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais
e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões
judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos
em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante
o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas
funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a
instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias,
o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença
condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão.
§ 4º O Presidente da República, na vigência de
seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.

A ADPF 378 foi interposta após o Impeachment da Presidente da República, a


fim de arguir o descumprimento da Constituição durante o procedimento de
Impedimento da Presidente Dilma. O motivo do controle abstrato ser a ADPF
(Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) é ter a lei que
disciplina os Crimes de Responsabilidade um diploma legal editando antes da
Constituição Federal de 1988, Lei 1.079/50.
Crimes de Responsabilidade
A Doutrina chama atenção para o fato de as infrações serem
político-administrativas e não crimes no sentido estrito do termo. Por serem
infrações político-administrativas, as sanções aplicáveis são políticas e não
penais. As sanções para membros do executivo que incorrem em crimes de
responsabilidade são, com base na Lei 1.079/50, afastamento do cargo e
inelegibilidade por 8 anos.
Atenção!!! A natureza dos crimes de responsabilidade é de natureza política e
não penal.
Processo de Impeachment
A Lei 1.079/50 deixa claro que o denunciante será o cidadão, qualquer um. Não
há um rol de legitimados específicos, mas sim a legitimidade geral para que
qualquer um ofereça, na Câmara dos Deputados, a denúncia, tendo única
condição a de estar em exercício regular de seus direitos políticos.
A denúncia primeiro é apresentada na Câmara dos Deputados. No processo da
Presidente Dilma, houve um esvaziamento das funções da Câmara. Antes, a
Câmara fazia o papel de um Tribunal de Pronúncia, o que foi completamente
desvirtuado no referido processo, como constatado nos Autos da ADPF 378.
O Art. 85 da CF, de maneira enumerativa (não taxativa) arrola alguns dos
crimes de responsabilidade em que pode incorrer o Presidente da República.
São eles:
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos
do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do
Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais
e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões
judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos
em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
Esse artigo é típica norma de eficácia limitada, exigindo um regramento
específico, no caso a Lei 1.079/50.
Após o ingresso da denúncia na Câmara, o presidente da Câmara, aceita ou
não a denúncia. É prerrogativa do Presidente da Câmara arquivar a denúncia e
não dar início ao processo. O próprio regimento da Câmara, juntamente à Lei
1.079/50 define a criação de uma Comissão com até 65 membros que definirá
a admissibilidade e envio ao plenário do processo.
Na ADPF 378 foi discutido se Eduardo Cunha poderia ou não ter admitido
processo de impeachment. Por ter, ele mesmo, recebido diversos processos,
questionou-se a sua legitimidade para admitir o processo da presidente Dilma.
O supremo entendeu que os princípios que regem o processos penais não são
os mesmos que regem um processo político-administrativo.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante
o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas
funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a
instauração do processo pelo Senado Federal.
A grande questão que levou ao Ministro Barroso a pensar a relevância da
Câmara na admissão ou não do processo de Impeachment. A admissibilidade
do processo de impeachment é um marco muito importante para o país, já que
levará a suspensão do Presidente das suas funções. O Texto Constitucional e a
Doutrina Majoritário corroboram a tese de que a Câmara é que faz o papel de
Tribunal de Pronúncia.
O Supremo, no entanto, derrubou esse entendimento, ao votar o Ministro
Barroso, e os que o seguiram, que a Câmara dos Deputados atua numa fase
pré-processual. O voto, invocando o art. 47 da Lei 1.079/50, foi no sentido de
que, ultrapassada essa fase, com a decisão pela admissibilidade, o processo
vai ao Senado para que este dê início ao processo.
Art. 47. O parecer será submetido a uma só
discussão, e a votação nominal considerando-se
aprovado se reunir a maioria simples de votos.
No Senado há duas fases Pronúncia e Julgamento. Na fase de pronúncia, a
decisão é tomada por maioria simples (22 Senadores). No processo de
Impeachment da Presidente Dilma, o Senado é quem admitiu na fase de
pronúncia. Na fase de Julgamento houve um fatiamento: Primeiro o Senado
decidiu pelo afastamento e, após a decisão pela inabilitação eleitoral. Não há,
no entanto, base legislativa ou doutrinária, para tal decisão.
Infrações Penais Cometidas por um Chefe do Executivo – Cláusula de
Irresponsabilidade Relativa do Presidente da República
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante
o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.
Essa cláusula é aplicada tão somente ao Chefe do Executivo da União.
Também não diz respeito à imunidade material. Encontra-se no §4º do Art. 86:
§ 4º O Presidente da República, na vigência de
seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções.
O Presidente da República só responderá, enquanto no cargo, por infrações
penais pertinentes ao cargo. Qualquer denúncia que venha a ser apresentada
por infrações não pertinentes à função, serão processadas somente após o
término do mandato. Não se busca proteger a pessoa do presidente, mas sim a
instituição Presidência da República.
Rito do Processo Penal do Presidente da República
Enquanto o Processo de Impeachment é julgado pelo legislativo, em função
atípica, no Processo Penal, o STF tem competência para processar e julgar. No
caso das denúncias ao Presidente Temer, a Câmara já as rejeitou por duas
vezes.
Diferentemente do Processo de Impeachment, não houve mudança em
considerar que a Câmara exerce o papel de Tribunal de Pronúncia (por 2/3) e o
STF (e não o Senado) realiza um novo juízo de admissibilidade e após isso um
julgamento (Tribunal de Pronúncia e de Julgamento, simultaneamente). O
Supremo pode, ao receber a denúncia/queixa, rejeitar a admissibilidade e
arquivar o processo.
Qual será a sanção? (Art. 86, §3º)
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença
condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão.
Respeito aos princípios da Presunção de Inocência e ao Devido Processo
Legal.
Sendo o Presidente condenado, no Processo Penal, há a perda do cargo. Ao
ser condenado, haverá a suspensão dos seus direitos políticos, como uma das
consequências.
Poder Executivo – Continuação (Arts. 76 a 83 da CF/88) – Comparativo
com a PEC
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo
Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.
Art. 77. A eleição do Presidente e do
Vice-Presidente da República realizar-se-á,
simultaneamente, no primeiro domingo de outubro,
em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato presidencial vigente. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
§ 1º A eleição do Presidente da República
importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
§ 2º Será considerado eleito Presidente o
candidato que, registrado por partido político, obtiver
a maioria absoluta de votos, não computados os em
branco e os nulos.
O entendimento do TSE quanto aos votos brancos e nulos é de que não
interferem nos resultados.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria
absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição
em até vinte dias após a proclamação do resultado,
concorrendo os dois candidatos mais votados e
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria
dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno,
ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o
de maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores,
remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da
República tomarão posse em sessão do Congresso
Nacional, prestando o compromisso de manter,
defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a
união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data
fixada para a posse, o Presidente ou o
Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de
impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o
Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República,
além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre
que por ele convocado para missões especiais.
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos
cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício
da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal.
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e
Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois
anos do período presidencial, a eleição para ambos
os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão
completar o período de seus antecessores.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é
de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
Foi alterado pela EC 16/97. O texto originário não permitia a recondução e o
mandato era de cinco anos. No fim do mandado de FHC a CF/88 foi alterada
para que o mandato fosse para 4 anos com uma recondução.
Diferentemente do sistema norte-americana o PR do Brasil pode exercer dois
mandatos de forma seguida, mas não há limitação para uma nova candidatura,
contanto que seja respeitado um intervalo após duas eleições consecutivas.
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da
República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a
quinze dias, sob pena de perda do cargo.

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