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-> Conceito
● Sua origem está nos movimentos políticos que almejam uma alteração no sistema
constitucional vigente.
● Visa reorganizar o Estado e a sua estrutura de poder até então constituída, de modo a
promover mudanças institucionais.
● É um poder ilimitado juridicamente, pois não possui qualquer relação obrigatória com
as disposições jurídicas previstas na ordem constitucional anterior. Contudo,
ressalta-se que esse seu caráter ilimitado não deve ser absoluto, visto que dificilmente
um novo texto constitucional deixará de lado princípios basilares da constituição até
então vigente ou até mesmo das diretrizes do direito internacional as quais o Estado
está subordinado.
Características centrais:
- Inicial
- Ilimitado;
- Incondicionado;
- Indivisível.
Consequências da criação de uma nova ordem constitucional:
- Recepção: quando a matéria de uma norma criada no sistema constitucional anterior é
compatível com o recém criado, tendo como consequência a sua revalidação e sua
incorporação ao recém criado.
● Esse poder só pode ser exercido dentro dos limites a ele atribuídos (auto-organização,
autogoverno e autoadministração).
TRAJETÓRIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA
● Foi o Primeiro projeto de constituição (“Projeto Antônio Carlos”), que possuía um caráter liberal, com
exceção da manutenção da escravidão. A Assembleia Constituinte que elaborou esse projeto foi
dissolvida e seus integrantes ou foram presos ou foram exilados.
● A nova Assembleia Constituinte, sob a liderança de José Joaquim Carneiro Campos, fez algumas
mudanças no projeto anterior.
A principal mudança foi a previsão do Poder Moderador.
● Para dar uma aparência legítima ao novo projeto de constituição, D. Pedro I envia o projeto para as
câmaras municipais, pedindo que encaminhe sugestões. A maior parte das câmaras se manifestaram
pedindo que o imperador jurasse o projeto como nova Constituição do Brasil e assim foi feito. A única
reação contrária veio de Pernambuco, onde Frei Caneca insurgiu contra o projeto, afirmando que era
mau e tirânico. Essa oposição levou a Confederação do Equador. Contudo, mesmo assim, em 25 de
março de 1824 entrou em vigor a nova constituição.
● Rol de direitos individuais (art. 179). Entretanto, esses direitos eram “letra morta”. Por exemplo, a
constituição previa o direito à liberdade, mesmo com a escravidão ainda vigorando no país;
● Poder Moderador;
● O monarca não poderia ser responsabilizado pelas consequências de seus atos (art. 99);
● A Religião oficial do Império era a religião católica, mas existia a liberdade de culto doméstico (art.
5°). Além disso, foi instituído o regime do padroado e a concessão do beneplácito.
● Quatro poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Moderador;
● Embora fosse previsto que o Judiciário era um poder independente, o imperador poderia suspender
magistrados por queixas contra eles recebidas (art. 154);
● Poder Moderador foi pensado a partir de uma deturpação da ideia proposta por Benjamin Constant – o
Poder Moderador era a chave de toda a organização política e poderia intervir nos demais poderes;
● Forma de estado unitária – o território nacional foi dividido em províncias (art. 2°);
● Previu a criação do Supremo Tribunal de Justiça, a qual cabia julgar recursos de revista, conflitos de
jurisdição e ações penais contra certas autoridades;
● Motivos para a queda da Monarquia: 1. questão religiosa: a Igreja Católica começou a excluir maçons
de sua diocese e interditar templos ligados aos maçons; 2. questão militar: fim da Guerra do Paraguai e
a opinião do exercito brasileiro contra a escravidão e 3. a inconformidade dos ex-proprietários de
escravos que eram contra o fim da escravidão e estavam inconformados, pois não foram indenizados.
● Constituição rígida;
● Influenciada por valores liberais do constitucionalismo americano – contudo, a realidade era muito
diferente desses valores, marcada pelo coronelismo, pelo voto de cabresto e o arbítrio dos governos –
idealismo constitucional;
● Forma Federada de Estado: federalismo dual – a federação era concebida como a união perpétua e
indissolúvel das suas antigas províncias (art. 1°). Interessante que já era previsto a autonomia dos
Municípios, contudo eles não foram elevados à condição de entes federativos;
● Sofreu apenas uma emenda constitucional (1926). A emenda caracterizou-se por seu viés centralizador
e antiliberal. Dentre outras medidas, ela ampliou as hipóteses de intervenção da União nos Estados;
limitou o cabimento do habeas corpus aos casos de constrangimento ou ameaça à liberdade de
locomoção; proibiu o controle judicial sob a decretação do estado sítio ou sobre os atos praticados na
sua vigência, sobre a intervenção nos Estados e sobre posse, legitimidade e perda de mandatos políticos
estaduais ou federais.
● Sofreu apenas uma emenda constitucional (1926). A emenda caracterizou-se por seu viés centralizador
e antiliberal. Dentre outras medidas, ela ampliou as hipóteses de intervenção da União nos Estados;
limitou o cabimento do habeas corpus aos casos de constrangimento ou ameaça à liberdade de
locomoção; proibiu o controle judicial sob a decretação do estado sítio ou sobre os atos praticados na
sua vigência, sobre a intervenção nos Estados e sobre posse, legitimidade e perda de mandatos políticos
estaduais ou federais.
-> Const de 1934
● O governo provisório de Getúlio Vargas foi instituído pelo Decreto n° 19.398/1930. Foram tomadas
diversas medidas relevantes: a) criação do código eleitoral; b) voto secreto; c) voto feminino; d)
representação classicista; e) sistema proporcional e f) perfil social e interventor do Estado brasileiro.
Em 14 de maio de 1932, editou-se o Decreto n° 21.02, que fixou o dia 3 de maio de 1933 para as
eleições da Assembleia, e criou comissão (“Comissão do Itamaraty”) para elaboração do anteprojeto.
Em março de 1934, a “Comissão dos 26”parecer e substitutivo do anteprojeto da “Comissão do
Itamaraty”.
● O Poder Legislativo seria composto pela Câmara dos Deputados em colaboração com o Senado Federal
(art. 22) – PODER LEGISLATIVO UNICAMERAL – O Senado não participaria do processo
legislativo, salvo temas definidos na constituição (atribuições do Senado – art. 88);
● A Câmara dos deputados era formada pelos representantes do povo e pelos representantes das
profissões (eleitos pelas associações e também tinha representantes dos empregadores);
● Foi previsto o controle de constitucionalidade com três inovações: 1) princípio da reserva do plenário;
2) competência do senado para suspender normas declaradas inconstitucionais pelo Supremo e 3)
criação de um mecanismo de controle de constitucionalidade preventivo obrigatório das leis federais
que decretava a intervenção federal nos Estados na hipótese de violação dos princípios constitucionais
sensíveis (art. 7);
● Existia um limite ao poder de reforma da constituição que era a vedação de projetos tendentes a abolir
a forma republicana e federal de Estado (art. 178, § 5°).
● Principais características:
● Constituição outorgada. Para compensar a outorga, a Constituição prometia, no seu art.187, a
convocação de um plebiscito nacional para aprová-la;
● Poder Judiciário simplificado – mutilação dos órgãos - Exemplo: a constituição não fazia referência à
Justiça Eleitoral e suprimia a Justiça Federal de 1a e 2a graus;
● Eleições indiretas;
● Direito à greve e a livre associação sindical. Quanto ao direito de greve, a constituição reconheceu o
direito, mas determinou que o exercício fosse regulamentado por lei (art. 158);
● Constituição rígida;
● Intervencionista e nacionalista;
● A Emenda Constitucional N.4 de 61 instituiu o sistema de governo parlamentar. Tal emenda previa a
consulta popular posterior. O referendo, realizado em janeiro de 1963, restaurou os poderes tradicionais
conferidos ao Presidente da República.
● Contexto histórico: Golpe Militar (1964). AI-4, editado por Castelo Branco, convocou o Congresso
para se reunir extraordinariamente. Um processo sem legitimidade. Uma Constituição formalmente
promulgada, mas outorgada materialmente.
● Esse período histórico foi marcado pela passagem de poder entre os dois grupos de militares: os
militares linha-dura (eram a favor da radicalização do regime) e os militares moderados (pretendiam
devolver o poder político aos civis assim que acabasse a ameaça comunista). A constituição de 1967
foi promulgada pelos moderados.
● Ruptura com a ordem constitucional e com as garantias individuais e políticas. Embora houvesse a
previsão de um rol de direitos, era completamente insincero, uma vez que não eram aplicados);
● AI-5;
● Entre 1954 e 1985, as eleições para o Congresso Nacional e para a Presidência ocorreram de forma
indireta, ocasionando o inteiro controle dos resultados pelos parlamentares do Colégio Eleitoral, que
era composto por apoiadores do regime militar.
● §Ainda em 1985, foi criada a EC no 26, responsável pela convocação de uma Assembleia Constituinte
para a elaboração de um novo texto constitucional.
● A Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos em 1o de fevereiro de 1987 e levou um ano e meio
para concluí-los, fato este ocasionado pela ausência de um anteprojeto aceito pelos congressistas e pela
dificuldade em se promover o consenso entre os grupos políticos.
● Formada por membros do Congresso Nacional, os quais constituíam uma maioria conservadora;
● Constituição promulgada;
● Texto analítico;
● Constituição dirigente;
● Defesa do pluralismo;
● Trata-se de um regime provisório que disciplina a transição jurídica entre uma ordem e outra;
● Interessante observar que há previsões que não são de caráter transitório. Por exemplo, o direito à
propriedade das terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombo (art. 68, ADCT);
● No ADCT, há normas de eficácia constitucional exaurida – são normas que possuem eficácia
temporária e se esgotam quando produz seus respectivos efeitos ou quando atinge termo ou condição
fixado pelo constituinte. Exemplo: art. 4°, caput - que fixou o fim do mandato presidencial de José
Sarney.
● Há também normas de efeitos instantâneos e definitivos – Exemplo: art.15 da ADCT – Esse artigo
determinou a incorporação do antigo território de Fernando de Noronha ao Estado de Pernambuco;
● Não há hierarquia entre as normas previstas no corpo da Constituição e aquelas dispostas no ADCT.
Todas são parâmetros para o controle de constitucionalidade da legislação infraconstitucional.
● Preâmbulo:
- Remete à fonte de legitimação do poder constituinte e exprime uma síntese dos valores fundamentais
da ordem constitucional. Trata-se de uma mera declaração solene do ato de promulgação.
- Há uma forte discussão sobre a força normativa e vinculativa do preâmbulo, a qual pode ser
sistematizada em três entendimentos:
ii. É desprovido de força normativa autônoma, mas possui relevância para a interpretação das
normas;
iii. Não possui qualquer força normativa, visto que não há claros indícios textuais que promovam tal
entendimento.
OBS: A Constituição Francesa de 1958 não trouxe no seu texto expressa previsão de alguns direitos
fundamentais, mas o fez em seu preâmbulo, que reconhece os direitos proclamados na Declaração de Direitos
do Homem e do Cidadão, de 1789 (confirmada e complementada pelo preâmbulo da Constituição de 1946), e na
Carta do Meio Ambiente, de 1789.
OBS 2: ADI no 2.076 – não há razão para conferir força normativa ao preâmbulo, pois os valores ali aludidos
estão devidamente expressos no corpo da Constituição. A mera menção de valores expressos no preâmbulo em
decisões esparsas não são suficientes para validá-lo como tal.
OBS 3: ADI no 2. 649 – a menção a Deus ocorre única e exclusivamente no preâmbulo. Contudo, tal ato não
atribui ao preâmbulo qualquer força normativa, conforme apontado pelo Ministro Sepúlveda Pertence – “‘sob a
proteção de Deus’ não é uma norma jurídica, até porque ela não poderia vincular a divindade invocada, mas
principalmente em razão do princípio da laicidade (art. 19, inciso I).”
● Corpo
● Emendas Constitucionais
-Podem ser propostas pelo Presidente da República, por 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal ou por mais da metade das Assembleias Legislativas dos estados, desde que cada
uma delas se manifeste pela maioria relativa de seus componentes.
-Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não pode, em seu texto, objetivar a alteração de
conteúdos sensíveis à ordem constitucional vigente, tais como as cláusulas pétreas (art. 60, §4o da
CF/88).
-A discussão de uma PEC deve ocorrer em dois turnos, em cada casa do Congresso, e ser aprovada se
obtiver, em ambas as Casas Legislativas, 3/5 dos votos dos Deputados Federais (308) e dos Senadores
(49).
a) EC no 122/2022 (eleva para 70 anos a idade máxima para a escolha e a nomeação dos membros do
STF, STJ, TRFs, TST, TRTs, TCU e dos Ministros Civis do STM);
● Neste contexto, o Estado passou a ser visto como um servo dos cidadãos, devendo, a
partir de sua atuação, ser a instituição responsável pela promoção de mecanismos que
lhes garantam os direitos básicos para a sua existência. Entende-se, então, que o
cidadão tem primeiro direitos e depois deveres perante o Estado.
-Sob o ponto de vista formal, Virgílio Afonso da Silva aponta que os direitos
fundamentais são aqueles que a Constituição definiu como tais (vide Título II
da CF/88). OBS: art. 5o, § 2o da CF/88.
-Em contraponto ao ponto de vista formal do conceito de direitos fundamentais, José Afonso
da Silva afirma que estes vêm a ser prerrogativas e instituições definidas pelo ordenamento
jurídico a fim de se garantir uma convivência digna, leve e igual para todos, sem as quais não
seria possível sobreviver.
- De forma mais complexa, Ingo Sarlet alega que os direitos fundamentais nada mais são do
que as concretizações das exigências do princípio da dignidade da pessoa humana.
- Os direitos fundamentais são também direitos humanos, no sentido que o seu titular
será o ser humano. Reconhecer a diferença, contudo, não significa desconsiderar a íntima
relação entre os direitos humanos e os direitos fundamentais. Não são noções
reciprocamente excludentes ou incompatíveis, mas, sim, de dimensões cada vez mais
relacionadas entre si, o que não afasta a circunstância de se cuidar de expressões reportadas a
esferas distintas de positivação, cujas consequências práticas não podem
ser desconsideradas.
- Os direitos fundamentais são também direitos humanos, no sentido que o seu titular
será o ser humano. Reconhecer a diferença, contudo, não significa desconsiderar a
íntima relação entre os direitos humanos e os direitos fundamentais. Não são noções
reciprocamente excludentes ou incompatíveis, mas, sim, de dimensões cada vez mais
relacionadas entre si, o que não afasta a circunstância de se cuidar de expressões reportadas a
esferas distintas de positivação, cujas consequências práticas não podem
ser desconsideradas.
- É marcada pela tutela dos direitos civis e políticos que possuem como primazia o direito à
liberdade, tais como o direito à vida, à liberdade de expressão, à participação política e
religiosa, à liberdade de reunião etc.
- Objetivo: garantir a justiça social através de uma prestação positiva do Estado, a qual era
guiada pelo princípio da igualdade de fato.
-Contexto: século XX
- Já a Quinta Dimensão aponta Bonavides ser uma tendência de o direito à paz (consagrado
pelo princípio fundamental no art. 4o, VI, CF/88) ser invocado na esfera das relações
internacionais, mas também em decisões de tribunais nacionais.
● Universalidade
-Todos os indivíduos são titulares de direitos fundamentais, pelo menos daqueles que estão
expostos no artigo 5o, sendo os demais geralmente destinados a grupos específicos (ex.: 7o
ao 11 – direitos dos trabalhadores).
-Há alguns direitos fundamentais que vinculam apenas o Estado, tais como o princípio do juiz
natural.
● Caráter absoluto:
-Podem ser assim caracterizados por se situarem no mais alto patamar do ordenamento
jurídico e, por este motivo, não tolerarem restrições.
● Historicidade
-Os direitos fundamentais são um conjunto de determinações que somente fazem sentido em
um certo contexto histórico – vide a alteração do sentido proporcionado ao direito à liberdade
de expressão no âmbito do Estado Novo com a Constituição de 1937.
● Inalienabilidade
-Um direito fundamental é inalienável quando não admite que o seu titular torne-o impossível
para si mesmo, física ou juridicamente.
-Já um direito fundamental pode ser indisponível quando visa resguardar a integridade e a
saúde física e mental ou quando almeja a liberdade de tomar decisões.
-Além disso, ainda pode-se relativizar tais características quando a liberdade de um indivíduo
é restringida com a finalidade de acolher ou tolerar algo previsto na ordem constitucional. Por
exemplo, a não divulgação de segredos obtidos no exercício de um trabalho ou profissão
restringe a liberdade de expressão em detrimento do direito à privacidade.
● Aplicabilidade imediata
● Irrenunciabilidade
-Há casos em que a renúncia à proteção de determinados direitos é possível (ex.: direito de
herança).
-Ao interpretar de forma denotativa o caput do artigo 5o, tem-se que a titularidade dos
direitos fundamentais é atribuída às pessoas, ou seja, aos indivíduos em vida, presumindo-se
que não são direcionados aos nascituros ou aos mortos.
-Tal posicionamento possui como fundamento as legislações civil e penal, não sendo,
portanto, baseadas em preceitos previstos no texto constitucional. Além disso, não levam em
consideração o direito à vida, no caso dos nascituros, e o direito à honra, no caso dos mortos.
- Porém, os estrangeiros não residentes no Brasil não estão alijados da titularidade de todos
esses direitos.
-Não há cabimento defender restrições à maioria dos direitos fundamentais aos estrangeiros,
visto que a própria legislação não as faz.
- Nota-se, contudo, certas distinções que devem ser atendidas desde que dotadas de
razoabilidade – por exemplo, a vedação ao estrangeiro não residente de praticar atividades
remuneradas durante a sua estadia, que, inclusive, não pode ultrapassar de 180 dias.
-Resumidamente, são pelo menos dois os critérios para a determinação de quais são os
direitos fundamentais que, na perspectiva da Constituição Federal, podem ter a sua
titularidade atribuída também aos estrangeiros não residentes no país. São eles:
- Todos os direitos que guardam relação direta com a dignidade humana, direitos cuja
violação e supressão implicam também na violação da dignidade humana;
● Pessoas jurídicas
-Devem, portanto, exercer direitos fundamentais desde que compatíveis com a sua natureza
(vide artigo 5o, LXX – impetração de mandado de segurança coletivo por partidos políticos).
-Com os desdobramentos originados pelas crises sociais e financeiras do séc. XX, deu-se
conta que o Estado deveria atuar no seio da sociedade para nela predispor as condições de
efetiva liberdade para todos.
-As razões que conduziram, no passado, à proclamação dos direitos fundamentais podem,
agora, justificar que eles sejam invocados contra os particulares.
- Definir quando um direito fundamental incide numa relação entre particulares demanda
exercício de ponderação entre o peso do mesmo direito fundamental e o princípio da
autonomia da vontade. Na doutrina, duas teorias disputam o equacionamento dessa questão:
- Teoria da eficácia direta ou imediata: sustenta que os direitos fundamentais devem ter
pronta aplicação sobre as decisões das entidades privadas que desfrutem de considerável
poder social, ou em face de indivíduos que estejam, em relação a outros, numa situação de
supremacia de fato ou de direito;
- Teoria da eficácia indireta ou mediata: recusa a incidência direta dos direitos fundamentais
na esfera privada, alertando que uma tal latitude dos direitos fundamentais redundaria num
incremento do poder do Estado.
-> Restrições ao Direitos Fundamentais
O STF afirma, em inúmeras decisões, que não há como afirmar que os direitos fundamentais
são absolutos, ou seja, que podem ser relativizados – vide MS 23452/1999 (“Não há, no
sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto”).
Contudo, como podemos analisar uma colisão entre dois ou mais direitos fundamentais sem
aplicar a um deles um juízo que permita concluir qual deve prevalecer? A relativização é o
único caminho possível nessas situações.
Alguns critérios foram estabelecidos pelo legislador constituinte a fim de auxiliar a atividade
interpretativa do aplicados da norma, tais como a submissão dos direitos fundamentais a uma
reserva legal.
- Reserva legal qualificada: lei infraconstitucional deve regular um único aspecto relacionado
ao direito ali narrado (vide artigo 5o, XII);
- Ausência de reserva legal: não há qualquer previsão expressa da necessidade de uma lei que
regularmente aquela matéria.
OBS: Aplicar restrições aos direitos fundamentais é essencial para que estes se tornem
possíveis e para que não haja qualquer atuação do intérprete da norma no sentido de provocar
um abuso de direito.
OBS: Aplicar restrições aos direitos fundamentais é essencial para que estes se tornem
possíveis e para que não haja qualquer atuação do intérprete da norma no sentido de provocar
um abuso de direito. As restrições aos direitos fundamentais precisam ser controladas para
que não se tornem excessivas (vide as restrições ao direito da liberdade de expressão).
-Teste de Proporcionalidade: uma saída para a definição dos critérios de restrição dos direitos
fundamentais a partir da tríade adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido
restrito.
- Adequação: a restrição adotada é adequada para se alcançar o objetivo definido? Há alguma
restrição legal que a inviabilize?
-Necessidade: essa restrição é realmente necessária? Há alguma outra saída que possa causar
uma restrição menor ao direito fundamental em colisão?
- Análise de caso: