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Direito Constitucional I

Prof: Fábio
Aula 01
02/08/2023

Palavra chave- iluminismo


1° geração de direito - Igualdade
2° geração de direito - Liberdade
3° geração de direito - Fraternidade

A constituição é dividida em três partes, sendo essas:

Parte I - Preâmbulo, introdução que expressa os valores e princípios fundamentais


pelos quais a constituição é criada (poder constituinte originário), porém é possível
realizar pequenas alterações chamadas oriundas do poder constituinte derivado,
vale ressaltar que essas alterações são embasadas pelo art 59 da CF, uma vez que
este artigo autoriza a utilização de emendas constitucionais, leis complementares,
leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e
resoluções, a fim de manter a legislação sempre atualizada decorrente a evolução e
transição dos costumes da sociedade.

Parte II - Artigo 1° ao 250°, doutrina do corpo constitucional (organizado em 9


títulos)

Parte III - Ato das disposições constitucionais transitórias (ADCT) vai do artigo 1°
até artigo 123°

O art 102 prevê que o supremo tribunal federal faz a última e mais relevante
interpretação da constituição.

Artigo 5, inciso II da CB- Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão
em virtude da lei (importante).

Emenda constitucional 19 e 45:


19-> Robustece o poder executivo
45-> Robustece o poder judiciário
Pois o poder legislativo estava muito forte, havendo desarmonia e desequilíbrio
entre os 3 poderes.

Explicação:
O poder constituinte originário em 1988, ao (possivelmente) tentar buscar o
parlamentarismo acabou por deixar o poder legislativo muito robusto, porém em
07/09/1993 o povo decidiu através do plebiscito a manutenção do presidencialismo.
Após algum tempo há a chamada reforma administrativa, trazendo a emenda
constitucional 19 que reforça o poder executivo, em 2004 a emenda constitucional
45 produz a chamada reforma do poder judiciário. As duas produções legislativas do
poder constituinte derivado supracitados visam dar efetividade ao 2° art da CF( são
poderes da união, independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o executivo e
o judiciário). Homenageando estes preceitos do constitucionalismo.

Plebiscito e referendo: ver o que é

Aula 03
16/08/2023

Saber (muito importante): Diferença entre temas formalmente constitucionais e


materialmente constitucionais -> As formais são mutáveis por não serem tão
essenciais. Já as materiais são bem rígidas (chamadas de cláusulas pétreas) são
praticamente impossível de serem alteradas.

Existem as cláusulas pétreas explícitas e implícitas (ver o que é)

História das constituições brasileiras:

1° Constituição 1824: Primeira constituição brasileira, os seus principais pontos são


a criação do poder moderador e a figura do
Imperador fundamentada em um sistema de repartição de poderes subordinado ao
poder moderador.
As províncias passam a ser governadas por presidentes determinadas pelo
imperador e as eleições são indiretas e censitárias [apenas homens livres (não
escravos) e proprietários].
Essa constituição foi pautada em um modelo econômico escravista.

2° Constituição 1891: Segunda constituição brasileira, sendo a primeira da


república. Principais pontos desta constituição: Forma federativa de Estado e da
forma republicana de Governo e o estabelecimento da independência dos poderes
executivo, legislativo e judiciário(sistema de tripartição do poder) somando com um
sufrágio com menos restrições (impedindo os votos dos mendigos e analfabetos).
Nessa constituição também surge a ideia do Estado Laico, uma vez essa instituição
não é baseada em nenhuma instituição religiosa. A constituição anterior era católica,
essa instituição apoiava o modelo absolutista.

3° Constituição 1934: Terceira constituição brasileira, sendo a segunda na república.


Trouxe um maior poder ao Governo Federal, o voto tornou-se obrigatório e secreto a
partir dos 18 anos e aprovado o direito dos votos para as mulheres, porém
manteve-se a proibição aos mendigos e alfabetos. Criação da justiça eleitoral justiça
do trabalho (jornada de trabalho de 8 horas diárias, férias remuneras e repouso
semanal)

4° Constituição 1937 : Constituição outorgada, não houve consulta prévia. Essa


constituição teve inspiração facista trazendo a anulação da independência dos
poderes legislativo e judiciário, concentrando o poder ao PODER EXECUTIVO.
Destacam-se as medidas desta constituição: instituicso da pena de morte, fim da
liberdade partidária e liberdade de imprensa, anulação da independência do poder
legislativo e judiciário, restrições das prerrogativas do congresso nacional, PRISÃO
E EXÍLIO DE OPOSITORES DO GOVERNO, eleição indireta para o presidente da
república com mandato de 6 anos.
Com a derrota dos países do Eixo na Segunda Guerra Mundial, o nazifascismo
entrou em crise e o Brasil sofreu as consequências dessa derrocada. Getúlio Vargas
tentou, em vão, sobreviver e resistir, mas a grande reação popular, com apoio das
Forças Armadas, resultou na entrega do poder ao então presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), José Linhares, após a deposição de Vargas, ocorrida em 29
de outubro de 1945. O novo presidente constituiu outro ministério e revogou o artigo
167 da Constituição, que adotava o estado de emergência, acabando também com
o Tribunal de Segurança Constitucional.
Ao fim de 1945, as eleições realizadas para a Presidência da República deram
vitória ao general Eurico Gaspar Dutra, empossado em 31 de outubro de 1946, que
governou o país por decretos-lei, enquanto preparava-se uma nova Constituição.

5° Constituição 1946: Retoma a linha democrática de 1934, foi promulgado de forma


legal através da assembleia nacional constituinte. Restabeleeu os direitos
individuais, fim de censura, fim da pena pena de morte, restabeleceu o equilíbrio
entre os 3 poderes e instituída a eleição direta para Presidente da República com
mandato de 5 anos e incluiu o sistema de justiça trabalhista no âmbito do poder
judiciário. Aprovou o direito de greve e criação de sindicatos, além das funções
sociais da propriedade (usar, fruir, dispor e gozar).

OBS IMPORTANTE: Durante a constituição de 1946 ocorreu o chamado ato


adicional, de 2 de setembro de 1961, que instituiu o regime parlamentarista. Essa
emenda foi motivada pela crise político-militar após a renúncia de Jânio Quadros,
então presidente do país. Como essa emenda previa consulta popular posterior, por
meio de plebiscito, realizado em janeiro de 1963, o país retomou o regime
presidencialista, escolhido pela população, restaurando, portanto, os poderes
tradicionais conferidos ao presidente da República. (Então o país viveu cerca de 2
anos com o sistema parlamentarista)

6° Constituição de 1967 (Regime Militar): Foi conservado o congresso nacional, mas


o próprio era dominado e controlado pelo regime militar. Dessa maneira, o Executivo
encaminhou ao Congresso uma proposta de Constituição que foi aprovada pelos
parlamentares e promulgada no dia 24 de janeiro de 1967. Nessa constituição foi
adotada a eleição indireta para presidência da república. Na constituição deles
poderia ser utilizada os Atos Institucionais, no qual o AI-5 se destacou com
suspensão de qualquer reunião de cunho político; censura aos meios de
comunicação, estendendo-se à música, ao teatro e ao cinema; suspensão do
habeas corpus para os chamados crimes políticos; decretação do estado de sítio
pelo presidente da República em qualquer dos casos previstos na Constituição; e
autorização para intervenção em estados e municípios. Com o AI-5 houve até
mesmo o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano e o recesso dos
mandatos de senadores, deputados e vereadores, que passaram a receber somente
a parte fixa de seus subsídios.
(Foram decretados 17 atos institucionais e 104 atoa complementares durante o
regime militar).

7ª - Constituição de 1988 (Constituição Cidadã: Foi promulgada em 05/10/1988,


derivado do dia 27 de novembro de 1985, por meio da emenda constitucional 26, foi
convocada a Assembleia Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar novo
texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o país, que
vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar. Datada de
5 de outubro de 1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço
jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e os direitos e
garantias individuais. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras com o
objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de
voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu também novos
direitos trabalhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 horas,
seguro-desemprego e férias remuneradas acrescidas de um terço do salário. Outras
medidas adotadas Constituição de 88 foram: instituição de eleições majoritárias em
dois turnos; direito à greve e liberdade sindical; aumento da licença-maternidade de
três para quatro meses; licença-paternidade de cinco dias; criação do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) em substituição ao Tribunal Federal de Recursos; criação
dos mandados de injunção, de segurança coletivo e restabelecimento do habeas
corpus. Foi também criado ohabeas data (instrumento que garante o direito de
informações relativas à pessoa do interessado, mantidas em registros de entidades
governamentais ou banco de dados particulares que tenham caráter público).
Destacam-se ainda as seguintes mudanças; reforma no sistema tributário e na
repartição das receitas tributárias federais, com propósito de fortalecer estados e
municípios; reformas na ordem econômica e social, com instituição de política
agrícola e fundiária e regras para o sistema financeiro nacional; leis de proteção ao
meio ambiente; fim da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e demais meios de
comunicação; e alterações na legislação sobre seguridade e assistência social
Aula 04
30/08/202

Triângulo da constituição: A cultura, a economia e ideologia formam um ciclo que


embasam os fundamentos do constitucionalismo, de uma maneira que cada um
interfere intensamente no outro.

● Ideologias que discorre acerca da constituição:

-No sentido sociológico, a constituição não é uma norma e sim um fato social.
(Complementar com o que tem no pdf)

-No sentido político, a constituição é um sistema fechado de normas decorrentes de


decisão política fundamental. Segundo a ideologia, a constituição é um conjunto de
opções políticas de um Estado e não um reflexo da sociedade (Ditador).

-No sentido jurídico, a constituição é norma pura. Essa norma positiva suprema
regula a criação de outras normas e da validade a todo ordenamento jurídico.
Trata-se de um plano lógico jurídico que é uma vontade coletiva não codificada,
dispositivos lógicos tacitamente admitidos pelo povo e do plano jurídico positivo que
consiste na criação de normas jurídicas supremas e positivadas que norteiam todo o
processo de criação e de atualização das demais leis integrantes do ordenamento
jurídico.
Pesquisar: Norma hipotética fundamental (NHF)

-No sentido ontológico, a constituição tem a função de institucionalizar a distribuição


do exercício do poder político, porém vale enfatizar que apenas a existência da
constituição escrita não tem por si condições de garantir esse cenário, porque as
normas constitucionais podem estar em desacordo com a realidade do Estado.
Nesse sentido, a constituição é analisada pela perspectiva normativa, nominal e
semântica (trazer do pdf a explicação de cada uma).
-No sentido pós-positivista, a constituição é a lei suprema do Estado, é o
fundamento de validade do ordenamento jurídico, no entanto não é apenas norma
jurídica, havendo uma aproximação entre o direito e a ética, o direito e a justiça. A
constituição deve apresentar correspondência com a realidade social. Dessa forma,
trata-se de um conjunto aberto de normas que estão em constante evolução
interpretativa. (É o que utilizamos na constituição atual, combinado com o Hans
Kelsen é combinado com o sentido sociológico).

-No sentido da força normativa da constituição, vai em desencontro com o sentido


político. Uma vez que defende que nem sempre os fatores reais de poder
prevalecem sobre uma Constituição normativa, pois admitir o contrário seria limitar o
Direito Constitucional à interpretação de fatos políticos, com vistas a justificar a
atuação dos poderes dominantes. Dessa maneira, ele esse ponto de vista declara
que a força normativa da Constituição, capaz de fixar ordem e conformação à
realidade política e social. (Vai contra o ditador, uma vez que não respeita os valores
culturais, éticos, morais e justo de uma sociedade).

-No sentido da sociedade aberta dos intérpretes, a Constituição tem objeto dinâmico
e aberto, a fim de se adequar às novas expectativas e necessidades do cidadão. A
Constituição admite mudanças formais (emendas) e informais (mutação
constitucional) e processo de interpretação é fruto da participação de todos os
cidadãos, já que a titularidade do Poder Constituinte é do povo.
Art 102 da CF discorre acerca de: Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição.
Explicação: Portanto, existe o controle de constitucionalidade e existem 2 (controle
difuso e o controle concentrado) o controle difuso é utilizado para o juiz utilizar
dentro de um processo e então o juiz diz que a constitucionalidade de uma norma é
aplicável ou não para um determinado caso específico. Já o controle concentrado é
realizado pelo supremo tribunal federal, nesse sentido só o supremo pode dizer se
uma norma é constitucional ou não.

-No sentido culturista, a existência de uma Constituição total é formada por aspectos
jurídicos, econômicos, filosóficos e sociológicos. A Constituição recebe influências
da cultura total de um povo e também, por meio de sua força normativa, interfere na
própria cultura. Ou seja, a constituição é fruto da vontade do povo, manifestada por
Assembleia Constituinte e motivada por uma necessidade concreta de organização
sociológica, política, econômica e cultural, de forma a atender aos anseios da
comunidade e a frear uma ação estatal contra os direitos da humanidade.
(Importante, nossa constituição está de acordo com essa ideologia).

-Apesar dos posicionamentos doutrinários estudados, adotamos o conceito de


Constituição, como:
Lei suprema do estado que define a sua organização política-jurídica, a sua
estrutura e como se dá o exercício do poder. Adicionalmente, cabe nos reportar que
a Constituição ideal para Canotilho tem quatro características:
1° Deve ser escrita e positivada para conferir maior segurança jurídica.
2° Deve conter um catálogo ou sistema de direitos fundamentais individuais,
liberdades negativas, representam limitações ao poder do estado.
3° Deve adotar um sistema democrático.
4° Deve reconhecer o princípio da separação dos poderes.
Constituição é o nome que se dá à lei fundamental promulgada, democrática ou
popular, que teve sua origem em uma Assembleia Nacional Constituinte. Já a Carta
é o nome reservado para a Constituição outorgada, imposta de maneira unilateral
mediante ato arbitrário e ilegítimo.

● Princípios de Interpretação da constituição:

-Princípio da unidade da Constituição - a Constituição deve ser interpretada em sua


globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes antinomias deverão ser
afastadas.

-Princípio do efeito integrador - Muitas vezes associado ao princípio da unidade,


conforme ensina Canotilho,"na resolução dos problemas jurídico-constitucionais
deve dar-se primazia aos critérios ou ponto de vista que favoreçam a integração
política e social e o reforço da unidade política. (Visa a integração política e social).

-Princípio da máxima efetividade - Também chamado de princípio da eficiência e a


interpretação efetiva, deve ser entendido no sentido de a norma constitucional ter a
mais ampla efetividade social. (Visa proteger a sociedade em geral, em vez de focar
nos direitos individuais de um cidadão).

-Princípio da justeza ou da conformidade (exatidão ou correção) funcional -


estabelece ao intérprete constitucional a aplicação do sentido normativo que
respeite os limites da divisão de funções constitucionalmente estabelecidas pelo
poder constituinte originário entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, não
pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema
organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido.
Por ex: Através das vedações, a autonomia do poder legislativo é controlado. Sem
isso, o poder legislativo poderia criar a medida provido que bem quisesse.

-Princípio da força normativa - Os aplicadores da Constituição, ao solicionar


conflitos, devem conferir máxima efetividade às normas constitucionais. Assim, de
acordo com Canotilho, "na solução dos problemas jurídico-constitucionais deve
dar-se prevalência aos pontos de vista que, tendo em conta os pressuspostos da
Constituição (normativa) contribuem para uma eficácia ótima da lei fundamental. (A
base constitucional deve prevalecer nas soluções de problemas
jurídicos-constitucionais).

-Princípio da interpretação conforme a Constituição - Diante de normas


plurissignificativas ou polisêmicas(que possuem mais de uma interpretação),
deve-se preferir a exegese (interpretação jurídica) que mais se aproxime da
Constituição e, portanto, que não seja contrária ao texto constitucional, daí surgirem
várias dimensões a serem consideradas, seja pela doutrina, seja pela
jurisprudência, destacando-se que a interpretação conforme será implementada
pelo Judiciário e, em última instância, de maneira final, pela Suprema Corte;
estabelece ao intérprete constitucional a vedação de aplicação de normas
inconstitucionais e a proibição do exercício da função de legislador positivo criando
normas divergentes dos propósitos do legislador.

-Princípio da proporcionalidade - Ao expor a doutrina de Karl Larenz, Coelho


esclarece (...) o princípio consubstancia uma pauta de natureza axiológica que
emana diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência,
moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins;
precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e
ainda, enquanto princípio geral do direito, serve de regra de interpretação para todo
o ordenamento jurídico. (Baseado no sentido pós-positivista).

Aula 05
06/09/2023

● PODER CONSTITUINTE: CONCEITO, NATUREZA, CARACTERÍSTICAS,


TITULARIDADE

-Conceito: O poder constituinte é o poder de criar e manter uma


Constituição para determinado Estado, de modo a instituir uma
organização jurídica fundamental que estipula a forma do Estado, constitui
poderes e cria normas para o exercício do governo, além de outras
previsões, como a limitação de sua ação, os direitos fundamentais e os
ordenamentos econômico e social.

Exemplos:
Artigo 18 da CF: Determina a organização político administrativa da união;
Artigo 2º da CF: Determina os poderes;
Artigo 21 e posteriores: Eles dão a competência de cada índice legislativo,
dessas competências legislativas se extraem as competências
administrativas;
Artigo 109 da CF: estipula as competências da estrutura estadual;

-Natureza: Quanto à natureza jurídica do poder constituinte, há duas


correntes que o definem como um poder de direito ou um poder de fato.
A corrente que sustenta que o poder constituinte é um poder de direito foi
a defendida por Tomás de Aquino, cuidando-se de uma corrente
jusnaturalista, sustenta tratar-se o poder constituinte de um poder de
direito, porque ele se funda no direito natural, sendo, portanto, um poder
jurídico. Nesse sentido, o poder constituinte existe com fundamento no
direito natural, de modo que a razão de existir do poder constituinte é uma
razão jurídica, sendo ele, por isso, um poder de direito, um poder jurídico.
A outra corrente, defendida por Hans Kelsen e intitulada de corrente
juspositivista, advoga que o poder constituinte é um poder de fato. Para o
juspositivismo, o poder constituinte não se funda no direito natural, pois é
um fato histórico, uma força fática que não tem fundamento em nenhuma
norma jurídica anterior.
A corrente que tem prevalecido no Brasil entende que o poder constituinte
não é jurídico, mas pré-jurídico, de modo que antecede a ordem jurídica e
a partir dele é que se inicia a ordem jurídica, mais precisamente, com a
constituição, a qual é o fundamento de validade de todas as demais
normas do ordenamento jurídico.

-Características do Poder Constituinte:


Na teoria de Emmanuel Joseph Sieyés o Poder Constituinte Originário tem
como características ser inicial, autônomo e omnipotente.

-Titular do Poder Constituinte:


Para Emmanuel Joseph Sieyés o titular do Poder Constituinte é a nação.
Há o ponto de vista, que as Assembleias Constituintes não titularizam o
Poder Constituinte. São apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação
popular, o exercício dessa magna prerrogativa. A Carta Magna de 1988 no
seu art. 1º afirma ser o povo o detentor da soberania, onde todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição. O povo reconhecidamente é
titular do Poder Constituinte, mas a ele não cabe o exercício direto do
mesmo, havendo uma titularidade passiva, ao qual se atribui uma vontade
constituinte que é sempre executada por um pequeno grupo social. Assim
há distinção do titular do Poder Constituinte daquele que o exerce, onde o
titular é necessariamente o povo e o exercente aquele que, em nome do
povo, constrói o Estado, editando e reformando a carta constitucional.

-Inicial:
Porque não há anterior a ele nenhum outro poder, situando-se nele por
primazia o desejo da vontade soberana.

-Autônomo:
Autônomo, pois é o único capacitado a deliberar o modo e o tempo da
nova Constituição.

-Omnipotente: porque não encontra-se subordinado a nenhuma forma ou


comando.

Destaca-se, ainda que o Poder Constituinte é imperecível, vez que não


desparece com a consumação de sua obra, ou seja, com a criação de uma
nova Constituição. Sieyés, ao tratar sobre o tema, diz que “o Poder
Constituinte não esgota sua titularidade, que permanece latente,
manifestando-se novamente mediante uma nova Assembleia Nacional
Constituinte ou um ato revolucionário”.
Não existe procedimento determinado pelo qual se apresenta o poder
constituinte originário, uma vez que tem como características ser
incondicionado e ilimitado. Analisando historicamente a constituição de
diversos países, há a possibilidade de assinalar duas formas básicas de
expressão do poder constituinte originário, qual seja: Assembleia Nacional
Constituinte e o Movimento Revolucionário, também chamado de outorga.
A Assembleia Constituinte é um mecanismo gerado dentro da ordem
política e institucional de um Estado, munido de plenos poderes, para
propor uma alteração ou a concepção de uma nova carta constitucional.
Comumente, ela é composta a partir da escolha de representantes
exclusivos para este fim e é dissolvida quando finda seus trabalhos. Em
algumas nações, é comum que um referendo homologue a Constituição
sugerida. No Brasil, a última Assembleia Constituinte instaurada foi
justamente a que apresentou o texto da Constituição Federal de 1988, que
vigora até hoje.

● PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR

Poder constituinte derivado:


O poder constituinte de reforma é um poder secundário ou derivado,
advindo do poder constituinte originário que regula o procedimento a ser
empregado e os limites a serem vigiados, diferindo-se daquele por não ser
inicial, nem incondicionado, nem ilimitado. Nasce do poder originário e tem
como função precípua alterar o texto da constituição, sendo suas
características substanciais a limitação material de reforma e a
condicionalidade, pois se não existissem limiares, não haveria distinção
entre o Poder criador e o revisor.

-Conceito:
O poder constituinte de reforma visa modificar a Carta Constitucional,
objetivando adapta-la as transformações sucedidas no campo social de um
determinado Estado Soberano, amoldando-a as mutáveis exigências
sociais, podendo essa reparação compreender uma adição, exclusão ou
alteração de frações do conteúdo constitucional.

-Características:
Maior parte da doutrina afirma que a reforma constitucional é um
procedimento técnico de alteração constitucional, sendo ela tida como
gênero do qual são espécies a revisão constitucional e a emenda.
ADCT: Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta
dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

OBS: A emenda constitucional deve ser realizada em uma sessão


bicameral.

-Restrições:
O direito positivo comporta uma série de restrições ao Poder Constituinte
de Reforma, integralmente prenunciados pelo ordenamento jurídico
vigente, que podem ser classificados em uma pluralidade de classificações
a depender da via de penetração na estrutura constitucional. Uma primeira
esfera de restrições são as internas, também conhecidas como
autônomas, que procedem da própria carta magna e que estabelecem
divisas intransponíveis ao Poder Constituinte.
As limitações impostas ao poder reformador são de três espécies:
Temporais, circunstanciais e materiais (explícitas ou implícitas).
As temporais: impõe um lapso temporal para que haja a reforma do texto
constitucional (daquilo que pode ser reformado pelo poder constituinte
derivado, obviamente), não são comuns na história do Direito
Constitucional brasileiro, tendo o seu único registro na Constituição do
Império, de 1824.

As limitações circunstanciais: são aquelas impostas para garantir a


segurança institucional quanto ao momento da reforma do texto
constitucional em virtude de algumas conjunturas específicas presentes no
Estado quando da tramitação do processo de emenda. Os limites
circunstanciais existem para impedir reformas ao texto constitucional em
momentos de adversidades institucionais, em razão do ambiente em que
se instaura nessas situações impróprias como no estado de guerra, de
sitio ou outro momento que possa limitar direitos e garantias fundamentais.

As limitações materiais implícitas e explicitas: os limites materiais explícitos


são aqueles insertos em dispositivos da Constituição que obstam a
competência do poder revisor ou reformador. Essas cláusulas, quanto a
abrangência, podem ser comuns ou específicas de determinados
princípios, e, quanto ao conteúdo podem envolver qualquer matéria
constitucional. Em nossa lei maior, podemos identificar como limites
explícitos ao poder de reformar, as cláusulas pétreas, que estão previstas
no seu art. 60; os limites implícitos são aqueles insertos e identificados ao
longo da Constituição e decorrem de princípios, do regime e da forma de
governo adotado, também denominada de cláusulas pétreas implícitas.

1- O que é bloco de constitucionalidade?


R- Bloco material e formal (confirmar na internet)

OBS IMPORTANTE: A finalidade do poder de reforma não é construir uma


nova Constituição, mas harmoniza-la conservando a sua identidade aos
novos contextos. Portanto, as cláusulas pétreas, garantem a imutabilidade
de certos valores e preservam a identidade perquirida pelo constituinte
originário, participando elas da essência inabalável da Constituição. Abolir
as cláusulas pétreas é enfraquecer os princípios básicos essenciais
projetados pelo o poder constituinte originário. Prevalece, no Brasil, a
inteligência propugnada pela última das correntes adiante estudada.

-Finalidade das Cláusulas Pétreas:


A finalidade da existência das cláusulas pétreas é obstar uma possível
erosão da Constituição, e mais, não apenas existe para remediar situação
de aniquilamento da Carta, ela detém a missão de tolher mera tentativa de
suprimir o seu projeto básico. Almeja-se evitar que a sedução de apelos
próprios de determinando momento político, como por exemplo, a proposta
de emenda à constituição 33/2011, que visava o controle externo do
judiciário pelo legislativo. A cláusula pétrea não tem por intento resguardar
o texto de uma norma constitucional, ostenta, antes, a acepção mais
profunda de impedir a ruptura com princípios e arcabouços essenciais da
Carta Constitucional.

● PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE


O poder constituinte do Estado-membro(Estados do Brasil) é, como o de
revisão, derivado, por retirar a sua força da Constituição Federal, e não de
si próprio. A sua fonte de legitimidade é a Constituição Federal. No caso
da Constituição Federal em vigor, a previsão do poder constituinte dos
Estados acha-se no art. 25 e no art. 11 do ADCT.
OBS: Os Estados membros possuem autonomia, não soberania. Eles
cumprem o que a constituição exige.

Os estados possuem suas próprias constituições (tem que estar


convergente com a Constituição Federal), os municípios não tem, os
municípios possuem leis orgânicas.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis


que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á
por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias,
e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas
reservadas aos Estados e Municípios.
ADCT:
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará
a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação
da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara
Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em
dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição
Federal e na Constituição Estadual.

Aula 06
13/09/2023

● Direito constitucional

-Em síntese o direito constitucional é o direito público fundamental


Objeto: Estudo das normas que integram a constituição política do Estado.

Finalidade: Expor, interpretar, sistematizar os princípios, as regras e as normas


constitucionais.

- Sieyés:burguesia=nação
Sieyés é a atitude de 1°grau.
Burguesia é titular do poder constituinte

Estado democrático de direito: ? Responder


Neoconstitucionalismo: ? Responder

● Constitucionalismo
-Limitação jurídica ao exercício do poder (leis que restringem a ilimitação do poder,
extermina o desvio e abuso de poder)
-Constituições escritas (importantíssimo)
-Afirmação da supremacia do indivíduo- Art 5º
-Limitação do poder dos governantes -Art 37§6°: Divisão da administração direta
(ministros e secretários federais, estaduais e municipais) que cuidam da máquina
pública e administração indireta (instituições privadas, pessoas jurídicas). Além
disso, o Estado é responsabilizado pelos danos causados a terceiros.
-Crença na razão: Art 5º§3° e Art 103A. Traz uma ideia de fórum qualificado,
buscando a justiça e a verdade.
-Estruturação do Estado Art 1°, 2°, 18ss, 34, 35, 37
-Exercício e transmissão do poder: Art 28, 29, 32, 38, 45, 46, 77, 93, 94
- Enumeração dos direitos e garantias fundamentais na perspectiva do indivíduo:
Título II, Art 5° ao 17
-Cláusulas pétreas:
(Explícitas) Art 60§4°
(Implícitas) -> Bloco de Constitucionalidade (tratados internacionais): Atingem a
identidade e essência da constituição, proteção aos princípios originários, proteção
à sedução do momento.
OBS: Bloco de legalidade art 59
● Democracia
Art 1°
(Poder originário)
-> Indireta: Art 14 caput: exercício da cidadania através da capacidade eleitoral
ativa de poder votar e passiva de poder ser votado)
-> Direta: Art 14, I, II, *III c/c Art 61§2º (plebiscito, referendo e iniciativa popular)

● Princípio da reserva de lei


Absoluta: Art 14§9º, 146, 61, 37 X, 37 XIX
Relativo: Art 153§1º
Amplo: Art 37 - princípios moralidade, impessoalidade

● Eficácia das normas


Art 5°, II c/c Art 59 (Princípio da legalidade com as normas)
Plena: Independe de regulamentação Art 18§1° (Brasília é a capital federal)
Contida: Lei pode restringir a sua eficácia Art 5°, LVIII c/c Art9º A, Lei n° 7210/1984
(a lei restringiu a aplicação em apenas alguma situação específica e para pessoas
específicas)
Limitada: Sem regulamentação, sem efeitos Art 153,VII (não terá efeito sem
regulamentação, não existe lei complementar para o assunto tratado neste artigo).

● Falta da norma (quando não há norma/lei que trata sobre assunto importante)

Art 5° LXXI,
aplica-se a Lei n° 13.300/2016 (Mandado de Injunção):

Mandado de injunção, importantíssimo, se falta uma lei normatizando uma liberdade


constitucional ligada à soberania, nacionalidade ou cidadania e esse fato estiver
sendo atingido negativamente, tem de ser realizado o mandado de injunção. O STF
aplica a lei 13.300/2016 baseado na analogia com casos semelhantes e os
costumes da sociedade (obedecendo ao Art 4º e 5º da LINDB) cria uma diretriz
sobre o assunto, tal diretriz fica como base legal até a criação de uma lei tratando
diretamente sobre o caso em específico.

● Ação direta de inconstitucionalidade por omissão


(Quando há uma lei, porém é insconstituicional)
-Aplica-se a Lei n° 12.063/2004
Objeto: Omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento do dever
constitucional de legislar ou quanto a adoção de providências de índole
administrativa.

OBS: Para saber se uma lei está de acordo com a constituição deve-se analisar a
CF, principalmente as cláusulas pétreas explícitas no Art 60 e as implícitas
constantes nos tratados internacionais assinados pelo Brasil. Caso a lei seja
inconstitucional deve-se apelar a lei mencionada anteriormente para rever tal
inconstitucionalidade.

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