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Em 1789, foi escrito o Judiciary Act, que organizava o sistema judiciário dos
Estados Unidos. Tal ato estabelecia que o sistema americano seria divido em cortes
distritais, cortes de circuito e a Suprema Corte, tendo um número estabelecido de juízes
previamente definido para cada1. Nesse sentido, em 1801, quando o federalista John
Adams perdeu tanto o poder na esfera executiva, quanto na esfera do congresso (os
republicanos de Jefferson conseguiram maioria no legislativo), foram promulgadas
medidas que impedissem que os federalistas perdessem por completo o poder no
judiciário.
Sob esse prisma, o presidente Adams nos últimos dias de seu mandato, conseguiu
aprovar no congresso no dia 13 de fevereiro de 1801, o The Circuit Court Act que
reorganizava o judiciário federal de forma que foram diminuído o número de juízes da
Suprema Corte norte americana. Ainda, para minar a influência republicana e criavam-
se 16 cargos de juízes federais, que seriam todos apontados pelo governo federalista.
Ademais, dias depois conseguiu Adams a aprovação de uma lei que criou 42 cargos de
juízes de paz para o distrito de Columbia. Com essas diretrizes, Adams conseguiu
nomear vários juízes federalistas, que exerceriam mandato durante o governo
republicano. Tais magistrados foram chamados de juízes da meia noite, visto que foram
nomeados no apagar das luzes do governo do federalista. 2
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investiduras faltantes para os juízes federalistas. Portanto, William Marbury, banqueiro
e proprietário de terras, filho de uma promeniente família do estado de Maryland,
nomeado para ser um juiz de paz do distrito de Columbia, ficou sem receber uma
investidura, uma vez que foi uma daquelas que Marshall não conseguiu fornece-la antes
do fim do mandato de Adams. Irresignado, impetrou o federalista um mandamus para a
Suprema Corte norte americana, para que assim fosse reconhecido seu direito ao cargo,
conforme os termos da seção 13 do Judiciary Act de 1789, que assim versava:
No caso em tela, foi a primeira vez que foi se utilizada o dispositivo do controle de
constitucionalidade pela Suprema Corte. Dessa forma, foi dada ao órgão o poder de
determinar que leis que fossem contra a carta magna jamais pudessem ser instauradas
no ordenamento jurídico. Tal precedente foi importantíssimo para a forma do direito
constitucional contemporâneo, uma vez que, mesmo o diploma legal superior não
conferia esse poder para a Suprema Corte. Nesse sentido, o órgão ao julgar esse leading
case procurou mostrar como tal função seria orgânica para a Corte, ou seja, uma
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The Judicary Act of 1789. Disponível em
http://law2.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/conlaw/marburytexts.html#:~:text=The%20Judiciary%20Act
%20(Section%2013,authority%20of%20the%20United%20States.%22
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CASAGRANDE, Cássio Luís; TIBÚRCIO, Dalton Robert. Marbury v. Madison: uma decisão política
de manter a Corte fora da política. A&C – Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo
Horizonte, ano 19, n. 76, p. 201, abr./jun. 2019. DOI: 10.21056/aec.v19i76.1008.
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consequência do sistema. Vale ressaltar, que a tese do judicial review já tinha
precedentes na própria América colonial, entretanto, foi através da ideia de Marshall,
que a concepção se popularizou.
Nesse sentido, entendeu o juiz Marshall que Marbuy tinha direito a investidura do
cargo. Entretanto, o dispositivo 13 da seção judiciária de 1789 colidia diretamente com
a Constituição Federal, uma vez que as competências da Corte, estavam enumeradas na
Carta Magna. Por essa linha de raciocínio, tinha o Judiciary Act criado uma função para
o órgão jurisdicional que não estava elencada na seção III da Carta Magna. Portanto, a
corte poderia negar o pedido do federalista sem empoderar demasiadamente o poder
executivo, sob o argumento que não era de competência originária da Suprema Corte
julgar o mandumus. Assim, foi declarada pela Corte inconstitucional a lei aprovada pelo
o congresso que deu a ela essa atribuição. 7
Com essa conclusão supracitada, percebe-se que o juiz Marshall respondeu as duas
questões criadas na primeira parte de seu voto: se Marbury tinha direito a investidura do
cargo e se caso essa fosse positiva, se deveria haver algum remédio jurídico para
assegurá-lo. Ademais, percebe-se que o magistrado na última parte do seu entendimento
enfrentou mais questionamentos: se o writ of mandamus era a via própria e caso sim se
a corte poderia concede-lo. Nesse escopo, como citado acima, também entende-se que
baseaso na carta Magna, a Corte, não poderia julgar o mandamus, seguindo a premissa
de que uma lei ordinária não poderia se sobressair a uma lei constitucional. Com isso, o
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Barroso, Luis Roberto. O controle da constitucionalidade no direito brasileiro. 2. Ed. São Paulo: Saraiva,
2004. p5
7
Ibid., p.6
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juiz chegou na questão chave do acórdão: pode a Suprema Corte deixar de aplicar, por
inválida uma lei inconstitucional?
Justificando seu ponto de vista, Marshall enunciou os três grandes fundamentos que
justificam o controle judicial de constitucionalidade: a supremacia da constituição; a
nulidade de leis que contrariam a carta Magna; o papel do poder Judiciário como
interprete final da CF.8
8
Ibid., p.7
9
Ibid., p.8
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Corte, no polêmico julgamento Dred Scott vs Sandford que o órgão voltou a
declarar uma lei inconstitucional.
Portanto, quando o juiz Marshall declara que o judiciário tem o poder de definir
que uma lei que não vai de acordo com a Carta Magna é invalida no ordenamento
jurídico e como consequência cria o judicial review, fez com que esse tipo de controle
de constitucionalidade fosse criado e utilizado em sistemas legais no mundo.
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Cappeletti, Mauro. O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado. 2. Ed.
Porto Alegre : Sergio Antonio Fabris Editor, 1992. P. 67
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Schueller, Larissa Pinheiro. O controle difuso de constitucionalidade. Disponível em
Controle_de_Constitucionalidade.pdf (tjrj.jus.br)
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REFERÊNCIAS:
MARCUS, Maeva, ed. Origins of the Federal Judiciary: Essays on the Judiciary
Act of 1789. Nobva Iorque : Oxford University Press, 1992.
Controle_de_Constitucionalidade.pdf (tjrj.jus.br)
INTRODUÇÃO:
Após, cabe-se discutir o caso Marbury vs Madison em sua integralidade e o que fez
a decisão do juiz Marshall nesse leading case ser tão impactante até a
contemporaneidade. Nesse sentido, vale ressaltar os pontos que foram analisados pelo
Chief Justice e como ele optou por julgar a invalidade do dispositivo acionado por
Marbury, se utilizando da superioridade da Carta Magna e do sistema de freios e
contrapesos para justificar seu voto. Ainda, destaca a habilidade de Marshall de driblar
o cenário político para que sua decisão pudesse imperar e assim a judicial review e o
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controle de constitucionalidade difusos pudessem ser aplicados no sistema legal
americano.
CONCLUSÃO
Após a análise em tela, fica claro que o Juiz Marshall, ao analisar as questão de
Marbury vs Madison inovou para sempre o direito constitucional. Nesse sentido,
entende-se que a doutrina do judicial review é extremamente importante, visto que
impediu que qualquer espécie de lei se sobrepusesse a Carta Magna e ainda reforçou o
sistema de freios e contrapesos, impedindo assim com que tanto o legislativo quanto o
executivo se sobrepusessem a constituição. Dessa forma, foi explicitada a
imperatividade desse dispositivo, garantindo por fim o equilíbrio no ordenamento.
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