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Mas você sabe como funciona a justiça americana? Neste artigo, abordaremos os
principais aspectos da justiça dos Estados Unidos, inclusive o sistema de direito, a
estrutura judiciária e o desenvolvimento do processo judicial.
Cabe reforçar, também, o federalismo acentuado que impera nos Estados Unidos.
Desta forma, o direito norte-americano é um direito com duas dimensões:
Ressalvadas estas hipóteses, os julgados são emitidos com base nos statutes (leis)
promulgadas pelo legislativo, nos precedentes judiciais, e nas recomendações das
seções administrativas dos tribunais.
A maioria dos códigos estaduais segue o modelo do código federal de 1938, que será
utilizado, portanto, de base para este artigo.
Justiça
Celeridade
Baixo Custo
Eficiência
Ela tem competência originária para resolver conflitos entre estados e opera como
última instância em apelações provenientes dos tribunais federais inferiores e das
supremas cortes estaduais. Além disso, tem legitimidade interpretativa sobre
questões relativas a leis federais, inclusive em relação à Constituição Estadunidense.
“O Poder Judiciário dos Estados Unidos será investido em uma Suprema Corte e nos
tribunais inferiores que forem oportunamente estabelecidos por determinações do
Congresso. Os juízes, tanto da Suprema Corte como dos tribunais inferiores,
conservarão seus cargos enquanto bem servirem, e perceberão por seus serviços
uma remuneração que não poderá ser diminuída durante a permanência no
cargo.“
“A competência do Poder Judiciário se estenderá a todos os casos de aplicação da
Lei e da Equidade ocorridos sob a presente Constituição, as leis dos Estados Unidos,
e os tratados concluídos ou que se concluírem sob sua autoridade;a todos os casos
que afetem os embaixadores, outros ministros e cônsules; a todas as questões do
almirantado e de jurisdição marítima; às controvérsias em que os Estados Unidos
sejam parte; às controvérsias entre dois ou mais Estados, entre um Estado e
cidadãos de outro Estado, entre cidadãos de diferentes Estados, entre cidadãos do
mesmo Estado reivindicando terras em virtude de concessões feitas por outros
Estados, enfim, entre um Estado, ou os seus cidadãos, e potências, cidadãos, ou
súditos estrangeiros. Em todas as questões relativas a embaixadores, outros
ministros e cônsules, e naquelas em que se encontrar envolvido um Estado, a
Suprema Corte exercerá jurisdição originária. Nos demais casos supracitados, a
Suprema Corte terá jurisdição em grau de recurso, pronunciando-se tanto sobre os
fatos como sobre o direito, observando as exceções e normas que o Congresso
estabelecer. (…)”
A Suprema Corte funciona com 9 juízes, que são escolhidos pelo Presidente dos
Estados Unidos e confirmados pelo Senado. Os mandatos são vitalícios e os juízes
podem exercê-los até o fim da vida ou até a aposentadoria ou saída voluntária. Existe,
no entanto, previsão de afastamento por má conduta.
Cortes Distritais
As Cortes Distritais ou Juízos Federais — Federal District Court — são o primeiro grau
jurisdicional nos Estados Unidos. Existem 94 juízos federais, que funcionam de forma
similar às seções e subseções da Justiça Federal no Brasil.
Os juízes federais são nomeados pelo Presidente dos Estados Unidos após aprovação
do seu nome pelo Senado Federal.
Na maioria dos estados, os juízes são eleitos (seja a integralidade dos juízes, seja a
maioria deles). Neste caso, o mandato não é vitalício e tem prazo determinado para o
fim.
Como em muitos casos a solução perpassa acordos, inclusive formulados entre civis
e o Ministério Público estadunidense (Public Prosecution), o juiz pode atuar em uma
função de mediação e conciliação do conflito, auxiliando o alcance de uma decisão
consensual e decidindo diretamente quando o acordo não é possível.
No dia em que este artigo foi atualizado, com o câmbio do dólar a cerca de 5 reais
por dólar, isto significa que os juízes recebem, em média, um salário mensal de 75
mil reais, ou um salário anual de 900 mil reais. Bastante, né?
O júri só julga questões de fato, não de direito. Além disso, é importante destacar que
pouquíssimos casos chegam ao júri: a maioria dos processos nos Estados Unidos é
solucionada por meio de acordo, e muitos dos casos também podem ser julgados
diretamente pelo juiz.
Além disso, o julgamento pelo júri é considerado uma garantia constitucional, um
direito, de exercício não obrigatório. Desta forma, o julgamento pelo juri pode ser
afastado pelas partes no cível e, no criminal, o acusado poderá renunciar a seu direito
constitucional e optar pelo julgamento pelo próprio juiz.
Os julgamentos pelo júri são públicos, em geral, mas as deliberações do júri ocorrem
em sigilo, com a publicidade apenas restrita aos jurados. O resultado final é um
veredicto em favor do autor ou do demandado no processo civil, ou um veredicto de
declaração de culpado ou inocente no processo criminal.
A Quinta Emenda da Constituição dos EUA prevê que uma pessoa suspeita de um
crime federal não pode ser indiciada até que um júri determine se há motivo
suficiente para o seu indiciamento. Com isso, a avaliação por um júri tem como
objetivo proteger suspeitos de acusações inadequadas por parte do governo, com
este julgamento do juri se enquadrando como uma garantia de caráter civil e
política.
Vitorelli foi professor visitante e pesquisador da Law School das universidades norte-
americanas Stanford (na Califórnia) e Harvard (em Massachusetts) e, em um post
anterior, comentou algumas curiosidades sobre o jurídico dos EUA e outros países da
Europa em comparação com o Brasil.
Um dos motivos para essa prática nos EUA é o custo da justiça. Os que perdem
podem ser condenados a pagar valores muito altos, fazendo com que as pessoas
negociem mais.
Como reflexo disso, os casos são resolvidos mais rapidamente. De acordo com o
professor, um processo considerado muito demorado por um juiz norte-americano
levaria aproximadamente cinco anos para ter um desfecho final.
No Brasil, ele diz que não dá nem para fazer comparação. “Eu tenho processos da
década de 70 que a gente manipula o papel com máscaras de tão antigo. Nosso
problema em termos de celeridade é terrível”.
Lá, esse conhecimento é muito valorizado, algo que ainda é pouco explorado no
Brasil, considerando-se que raramente os casos acabam em acordo. A negociação faz
parte das técnicas de mediação, conflitos e conciliação e que nos EUA já é uma
regra.
Esse modelo faz com que os advogados negociem entre si a forma como a peça vai
desenrolar, definindo, por exemplo, o dia que a testemunha será ouvida, algo que
acontece geralmente nos escritórios. Não é comum essa prática no Brasil, país
adepto do sistema inquisitorial, que exige que todas as provas sejam apresentadas
na frente do juiz.
No modelo adversarial norte-americano, as partes são livres para produzir provas, o
que exige mais negociação entre os envolvidos. Muitos acordos são feitos nessa
etapa e os processos que vão a julgamento já chegam adiantados para o juiz.
Geralmente, no Brasil os advogados das partes não têm o hábito de se falar. Para o
professor Vitorelli, a falta de diálogo é por causa da cultura de que ambos devem ser
inimigos. Entretanto, ele acha que esse modelo dificulta a encontrar resoluções mais
rápidas para o cliente.
“Eu diria que a exigência do advogado nos EUA é maior porque não há tempo para
pensar em nada. O juiz faz perguntas oralmente e as respostas precisam ser dadas
instantaneamente. O que não for respondido ali não dá mais para voltar atrás”,
informa ele. É possível levar algo escrito, mas Vitorelli afirma que não dá tempo de
consultar o texto e responder.
No Brasil, por exemplo, em um processo civil, em regra, há um prazo de dois dias para
que seja feita a manifestação. Comparado com a justiça dos EUA, Vitorelli diz que é
muito tempo para pesquisar, conversar com outras pessoas e pedir ajuda.
O magistrado tira todas as dúvidas durante a argumentação. Ele não espera ouvir
todo o discurso para falar somente no final.
Gostou deste conteúdo sobre como funciona a justiça americana? Que tal conferir
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