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Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito Turma: DIR0006-2-301-BL A -

Professor: Prof. MSc. Denival Dias de Souza denivalsouza@prof.fanese.edu.br


Semestre: 1º (2023.1) Carga Horária: 30 horas

➢ 3ª UNIDADE:
✓ Das fontes do Direito: estatais e não estatais;
✓ Do Sistema Jurídico; – Aula 02
✓ Da aporia final: Direito e Justiça.

DO SISTEMA JURÍDICO

1. Noções preliminares.

O ordenamento jurídico é estudado como um sistema.

Sistema é uma construção científica composta por um conjunto de elementos. Estes se


inter-relacionam mediante regras. Tais regras, que determinam as relações entre os
elementos do sistema, formam sua estrutura.

Vejamos o exemplo dado pelo Prof. Tercio Sampaio Ferraz Jr. para entendermos o que é
um sistema:
“Note-se bem a diferença: uma sala de aula é um conjunto de elementos, as carteiras, a
mesa do professor, o quadro-negro, o giz, o apagador, a porta etc.; mas estes elementos,
todos juntos, não formam uma sala de aula, pois pode tratar-se de um depósito da escola;
é a disposição deles, uns em relação aos outros, que nos permite identificar a sala de aula;
esta disposição depende de regras de relacionamento; o conjunto destas regras e das
relações por elas estabelecidas é a estrutura. O conjunto dos elementos é apenas o
repertório. Assim, quando dizemos que a sala de aula é um conjunto de relações
(estruturas) e de elementos (repertório), nela pensamos como um sistema. O sistema é um
complexo que se compõe de uma estrutura e um repertório”.

Os elementos (o repertório) do sistema jurídico são as normas jurídicas, e a estrutura do


sistema jurídico é formada pela hierarquia, pela coesão e pela unidade, de tal sorte que,
por exemplo, a norma jurídica fundamental (a Constituição Federal) determina a validade
de todas as outras normas jurídicas de hierarquia inferior.
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Olhando para o ordenamento jurídico como um sistema, temos condições de perceber que
ele, enquanto um todo sistemático, é sempre normativo; é invariavelmente um conjunto de
normas que prescrevem regras de conduta.

Acontece que na construção de um sistema complexo, como é o do ordenamento jurídico,


muitas vezes alguns de seus elementos diferem dos demais no ponto de vista da essência,
mas são tão necessários quanto os outros. É o caso das normas jurídicas desprovidas de
sanção.

Por isso, deve-se dizer que o sistema jurídico tem como elementos normas jurídicas
providas ou desprovidas de sanção. Ou, em outros termos, os elementos do sistema
jurídico são normativos e não normativos e todos se relacionam entre si.

Entretanto, é importante lembrar que, o fato de uma norma jurídica não seja acompanhada
imediatamente da sanção que lhe assegura o cumprimento não significa por si só que ela
especificamente seja desprovida de sanção, visto que, a sanção pode – como de fato ocorre
– estar em outra norma. Nas codificadas, por exemplo, às vezes existem capítulos próprios
que tratam das sanções, ou artigos próprios, dentro dos capítulos, que delas se ocupam.

2. Sistemas “Civil Law” e “Common Law”.


Civil Law e Common Law são os dois sistemas jurídicos mais utilizados no mundo
contemporâneo. O Civil Law utiliza as leis como fonte principal do direito e o Common
Law utiliza a jurisprudência.

2.1 Sistema jurídico Civil Law.

➢ As leis escritas são a fonte primária do direito, ou seja, os julgamentos são baseados
no que está escrito na lei e a jurisprudência será utilizada em casos de lacunas na lei.
➢ A análise dos casos se dá pelo processo dedutivo de análise, no qual a norma é
interpretada para ser aplicada aos casos concretos.
➢ Em síntese, é possível afirmar que se recorre primeiro às leis e depois à jurisprudência.
➢ A segurança jurídica e a previsibilidade do direito seriam obtidas pela codificação do
direito em normas claras, coerentes e completas.
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2.2 Sistema jurídico Common Law.

➢ É utilizado no Reino Unido, nos Estados Unidos e em diversos outros países que foram
colônias britânicas.
➢ A fonte primária do Direito é a jurisprudência, isto é, as decisões que foram tomadas
em julgamentos anteriores. As leis escritas servem como embasamento apenas quando
a jurisprudência não é capaz de solucionar a questão.
➢ As decisões judiciais têm caráter ambivalente, pois, além de resolverem litígios, servirão
como normas para casos futuros.
➢ Este sistema utiliza o processo indutivo de análise.
➢ De maneira resumida, pode-se dizer que recorre-se primeiro à jurisprudência e depois
às leis.
➢ A segurança jurídica e a previsibilidade do direito são atribuídas à confiança conferida
aos magistrados em julgar cada caso, considerando suas particularidades.

2.3 Brasil: Civil Law ou Common Law.

Desde os tempos de colonização, o Brasil tem na base de seu sistema jurídico o Civil Law,
sendo os casos concretos julgados de acordo com a Constituição, as normas e as leis.

As práticas do Common Law, no entanto, têm sido cada vez mais aplicadas no Brasil. Isso
significa que o sistema judiciário tem cada vez mais recorrido às decisões anteriores para
a resolução de litígios análogos.

Essa tendência de aproximação entre os sistemas jurídicos acontece também em outros


países e é explicada pela impossibilidade de existirem leis completas o suficiente para
abarcar a infinidade de casos possíveis na realidade.

A utilização da jurisprudência tem também uma justificativa de ordem prática: dado os


inúmeros casos semelhantes, aplicar semelhante decisão contribui para agilizar os
processos.

2.4 Características do Civil Law.

➢ Os critérios utilizados para as decisões judiciais se baseiam na legalidade, ou seja,


naquilo que está estabelecido nas leis de um país.

➢ Regras gerais e abstratas são utilizadas para resolver uma pluralidade de casos.
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➢ A jurisprudência e os costumes, a doutrina e os princípios não deixam de ser fontes de


direito, mas são utilizadas como fonte secundárias.

3. Classificação das normas jurídicas.

3.1 Quanto à hierarquia.

a) Normas constitucionais.
b) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções,
medidas provisórias.
c) Decretos regulamentares.
d) Outras normas de hierarquia inferior, tais como portarias, circulares etc.

3.2 Quanto à natureza de suas disposições.

a) Normas jurídicas substantivas ou materiais: são as que criam, declaram e definem


direitos, deveres e relações jurídicas.
Exemplo: as normas do Código Civil, Código Penal, Código Comercial, Código de Defesa
do Consumidor etc.

b) Normas jurídicas adjetivas ou processuais: são as que regulam o modo e o processo,


para o acesso ao Poder Judiciário.
Exemplo: as normas do Código de Processo Civil, do Código de Processo Penal, as normas
processuais da Lei do Inquilinato, as normas processuais da Consolidação das Leis do
Trabalho etc.

3.3 Quanto à aplicabilidade.

a) Normas jurídicas autoaplicáveis.

➢ Entram em vigor independentemente de qualquer outra norma posterior.


➢ Apresentam todos os requisitos necessários, entrando em vigor na data de sua
publicação ou dentro dos prazos estabelecidos.
➢ A maior parte das normas jurídicas aqui se enquadra.
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b) Normas jurídicas dependentes de complementação.

➢ São as que expressamente declaram sua necessidade de complementação por outra


norma.
➢ Assim se denominam, ainda, aquelas cujo complemento normativo decorra
inequivocamente do sentido de suas disposições.
➢ Como exemplo, temos várias normas constitucionais que dispõem a regulamentação
de uma série de assuntos por leis ordinárias e complementares.

c) Normas jurídicas dependentes de regulamentação.

➢ Designam geralmente que órgãos do Poder Executivo definirão e detalharão sua


aplicação e executoriedade.
➢ Elas surgem em forma de decreto regulamentar.

3.4 Quanto à sistematização.

a) Constitucionais.
➢ Definem-se como normas constitucionais as que, dispostas num único corpo legislado,
são postas por um poder constituinte para controlar e validar todas as outras normas do
sistema.
➢ Elas reúnem, assim, normas de todos os ramos do Direito.

b) Codificadas.
➢ São as que constituem um todo orgânico de normas relativas a certo ramo do Direito e
são fixadas numa única lei.
➢ Citem-se como exemplos o Código Civil (CC), o Código Penal (CP), o Código de
Processo Civil (CPC), o Código Tributário Nacional (CTN), o Código Comercial (CCom)
etc.

c) Esparsas ou Extravagantes
➢ São aquelas editadas isoladamente para tratar de temas específicos.
➢ Por exemplo, a Lei do Inquilinato, a lei que criou o FGTS, a que instituiu o salário-família
etc.
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d) Consolidadas.
➢ São as que resultaram da reunião de uma série de leis esparsas que tratavam de
determinado assunto, o qual era por elas amplamente regulado.
➢ Como exemplos temos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Consolidação
das Leis da Previdência Social (CLPS).

3.5 Quanto à obrigatoriedade.

a) Normas de ordem pública.


➢ São as que não podem ser modificadas por convenção dos particulares.
➢ Também chamadas de imperativas, podendo ser Proibitivas e Obrigatórias.
➢ Ela se impõe mesmo contra a vontade de quem tem o direito e a garantia a seu favor.

b) Normas de ordem privada.


➢ São as que permitem aos particulares estabelecer regras por ato de vontade.
➢ Também chamadas de permissivas.

3.6 Quanto à esfera do Poder Público de que emanam.

a) Federais.
b) Estaduais.
c) Municipais.

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