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b)- A segunda que se manifesta a nível da formação do seu conteúdo, ou seja, tem que ver
com as fontes de criação das normas constitucionais.
Partindo co conceito de fonte de direito observa-se que expressa o facto criador do direito.
Deve-se acrescentar a este entendimento geral, a particularidade de as fontes de direito
manifestarem-se em função de cada disciplina jurídica.
No que a disciplina de Direito Constitucional diz respeito, temos como fonte de Direito
Constitucional as maneiras ou formas, por intermédio das quais se fixam e criam os preceitos
constitucionais.
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As fontes mediatas são as que resultam da história, do costume, da doutrina e da
jurisprudência, que são absorvidas pela constituição.
São cinco as fontes do Direito Constitucional:
1ª fonte: O Direito natural- É uma fonte legitimadora de todo e qualquer preceito de direito
positivo. (Entendia-se antigamente que direito natural como sendo aquele que emana da
própria natureza, independentemente da vontade do homem.
4ª fonte: A jurisprudência dos tribunais- É entendida como uma fonte de suma importância
nos países de Constituição escrita, onde o mais alto órgão do Poder Judiciário exerce a função
de intérprete máximo e guardião da Lei Magna.
5ªfonte: A doutrina – É entendida como sendo uma fonte que desempenha uma relevância
especial na formação e na transformação do direito em geral.
O fundamento primeiro de todo o são os princípios, porque muito além deles regularem as
relações jurídicas, também coordenam todo o sistema jurídico para a melhor desenvoltura em
prol da humanidade, que é a verdadeira razão ou finalidade do sistema: desenvolvimento da
sociedade.
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Para além disso, é importante notar que os princípios orientam, condicionam e iluminam a
interpretação de todas as outras normas em geral influenciando até mesmo a interpretação de
outras normas constitucionais.
Em caso de pluralidade sentidos, a interpretação deverá ser feita com vista a fixar o sentido
que possibilitar uma sintonia com o princípio que lhe for próximo.
Existem três posições doutrinais: tese da irrelevância jurídica; tese da eficácia idêntica à de
quaisquer disposições constitucionais; tese da relevância jurídica indirecta ou principialista,
não confundindo preâmbulo e preceito constitucional (v. Miranda, II, 5.ª edição, 2003: 264).
Para Miranda (II, 5.ª edição, 2003: 265) “(...) o preâmbulo é parte integrante da Constituição,
com todas as suas consequências. Dela não se distingue nem pela origem, nem pelo sentido,
nem pelo instrumento em que se contém. Distingue-se (ou pode distinguir-se) apenas pela sua
eficácia ou pelo papel que desempenha”.
Os preâmbulos revelam uma estreita conexão entre os valores e objectivos nele enunciados
com direitos, liberdades e direitos sociais de natureza económica, social e cultural bem como
com o bem ester, desenvolvimento, igualdade e justiça, sociedade pluralista e harmonia
social, que justifica uma abordagem do seu significado e valor jurídico, tendo em conta que o
preâmbulo constitui uma cláusula que tem algum significado em face do articulado
normativo da Constituição. O preâmbulo juntamente com os princípios concorre para a
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harmonização do sistema constitucional, pelo que a sua importância no texto constitucional
não se apresenta inútil.
O preâmbulo consiste numa declaração de propósitos em que se anunciam as linhas mestras e
de orientação do Estado, sua organização e relação que estabelece com os cidadãos bem como
os direitos.
A teoria tradicional fazia a distinção entre normas e princípios, mas hoje a teoria
contemporânea do constitucionalismo de que é percursor Gomes Canotilho apresenta a
estrutura normativa integrada por princípios e regras.
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c) Carácter de fundamentabilidade no sistema das fontes de direito:
os princípios são normas de natureza estruturante ou com um papel
fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição
hierárquica no sistema das fontes (ex.: princípios constitucionais) ou
à sua importância estruturante dentro do sistema jurídico (ex.:
princípio do Estado de Direito).
d) «Proximidade» da ideia de direito: os princípios são standards
juridicamente vinculantes radicados nas exigências de «justiça»
(Dworkin) ou na «ideia de direito» (Larenz), as regras podem ser
vinculativas com um conteúdo meramente funcional.
e) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de regras,
isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras
jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética
fundante.
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Os princípios têm uma função negativa nos casos limites, «Estado de Direito e de Não
Direito», «Estado Democrático e ditadura»; os princípios são ainda negativamente
importantes perante o perigo de “excesso de poder”, em contraposição ao princípio da
proibição do excesso de poder (cfr. artigos. 2.º, 6º, nº2 e 68.º da CRA).
O princípio do acesso ao direito e aos tribunais (cfr. artigo 29º da CRA) aponta para a
possibilidade de uma defesa sem lacunas e o exercício efectivo do direito à defesa
(ex.: direito ao patrocínio judiciário, direito à informação jurídica).
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“Designam-se por princípios politicamente conformadores os princípios
constitucionais que explicam as valorações e políticas fundamentais do legislador
constituinte”. Por exemplo, “os princípios definidores da forma do Estado: princípios
da organização económico-social, o princípio da subordinação do poder económico ao
poder político democrático, o princípio da coexistência dos diversos sectores da
propriedade – público, privado e cooperativo; os princípios definidores da estrutura do
Estado (unitário, com descentralização local ou com autonomia local), os princípios
estruturantes do regime político (princípio do Estado de Direito, princípio
democrático, princípio republicano, princípio pluralista) e os princípios
caracterizadores da forma de governo e da organização política em geral como
princípio da separação e interdependência de poderes e os princípios eleitorais”. Para
Angola: artigos 1.º, 2.º, 3.º, 4º, 8.º, 92.º, 107.º, 109º , 143º da CRA, entre outros.
4.4-Os princípios-garantia
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Segundo Miranda, os princípios constitucionais substantivos podem dividir-se em: princípios axiológicos fundamentais,
princípios político-constitucionais e princípios constitucionais instrumentais
Princípios axiológicos fundamentais: correspondem aos limites transcendentais do poder constituinte, servem de ponte
passagem do direito natural para o direito positivo
Exemplo: a proibição de discriminações, a inviolabilidade da vida humana, a integridade moral e física das pessoas, a não
retroactividade da lei penal incriminadora, o direito de defesa dos acusados, a liberdade de religião e de convicções, a
dignidade social do trabalho, etc. V. Para Angola: artigos 10.º, 22.º, 23.º, 30.º, 41.º e 76.º da CRA.
Princípios político-constitucionais: corresponde aos limites imanentes do poder constituinte que reflectem as opções e
princípios de cada regime. Exemplo: o princípio democrático, o princípio representativo, o princípio republicano, o princípio
da constitucionalidade, o princípio da separação dos órgãos do poder. Para Angola: 2.º, 226.º etc., da CRA.
Princípios constitucionais instrumentais: correspondem aos princípios que tratam da estruturação do sistema constitucional
em termos de racionalidade e operatividade
Exemplo: o princípio da publicidade das normas jurídicas, o princípio da competência (ou da fixação da competência dos
órgãos constitucionais pela norma constitucional), o princípio do paralelismo das formas, o princípio da tipicidade das formas
de lei, o princípio do pedido na fiscalização jurisdicional da constitucionalidade, etc. Para Angola: 2.º, 105.º, 162.º, 166.º, da
CRA.
José Afonso da Silva classifica os princípios em políticos constitucionais e princípio jurídicos constitucionais.
Os princípios políticos constitucionais referem-se às decisões políticas fundamentais conformadoras do sistema
constitucional positivo (artigos 1º a 21.º da CRA).
Os princípios jurídicos constitucionais são informadores da ordem jurídica nacional. Exemplo o princípio da
constitucionalidade, o princípio da legalidade, o princípio da igualdade, o princípio do devido processo legal e o princípio da
autonomia individual.
Esta classificação observa tanto o carácter político quanto o jurídico dos diversos princípios constitucionais, obrigando-os a
todos a respeita-los e obedece-los.
II-Tipologia de normas/regras
2. Normas jurídico-organizatórias
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a) Regras de competências
“Normas constitucionais de competência são aquelas nas quais se reconhecem certas
atribuições a determinados órgãos constitucionais ou são estabelecidas esferas de competência
entre vários órgãos constitucionais”. Encontramo-las na Parte, da organização do poder
político (normas relativas à competência do Presidente da República, normas de competência
em relação à Assembleia Nacional, normas relativas à competência do Governo). Note-se que
este tipo de normas poderá conter conteúdo material. Como por exemplo, a reserva absoluta
(artigo 164º da CRA.) e a reserva relativa (artigo 165.º da CRA) de competência legislativa da
Assembleia Nacional.
c) Regras de procedimento
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Estas normas estabelecem um procedimento para a “formação da vontade
política e do exercício das competências constitucionalmente consagradas.
Assim, por ex., o procedimento eleitoral e o procedimento do Tribunal
Constitucional foram remetidos para as leis ordinárias. Todavia, as normas
definidoras dos princípios fundamentais relativas a estes procedimentos
constam da constituição (...) arts. 107.º, 143.º e 144.º (direito eleitoral) e 226.º
e ss (processo de fiscalização da constitucionalidade). Normas procedimentais
de natureza especial são as normas respeitantes ao procedimento de revisão
(arts. 233º a 237.º).
3. Normas jurídico-materiais
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Estas normas “destin(am-se) a proteger instituições (públicas ou privadas) (...)
andam muitas vezes associadas às normas de direitos fundamentais, visando
proteger formas de vida e de organização social indispensáveis à própria
protecção de direitos dos cidadãos. Assim, por ex., a CRA, ao mesmo tempo
que reconhece como direito fundamental o direito de constituir família e de
contrair casamento, assegura a protecção da família como instituição (art. 35.º).
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preceitos definidores dos fins do Estado são normas constitucionais
impositivas); (2) normas constitucionais impositivas em sentido restrito
(imposições constitucionais) são as imposições de carácter permanente e
concreto. Nesta categoria há ainda que distinguir dois subgrupos: a)
imposições legiferantes ou imposições constitucionais; (b) ordens de legislar”.
As normas são o significado dos preceitos normativos pelo que são diferentes entre si. Há
normas fáceis de identificar pois contêm expressões deônticas (sugerem algo: proibido,
obrigatório etc). Por Exemplo: é proibido fumar. Todavia há normas que existem sem
qualquer referência deôntica, ou seja, sem qualquer às expressões operativas nos seus
preceitos, como é o caso de uma determinada conduta em que se faça corresponder uma
determinada consequência jurídica que pode ter várias naturezas (constitucional,
administrativa, civil, penal, laboral etc.).
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No caso da norma constitucional a doutrina tem acrescentado além do elemento deôntico
outros três que tem a ver com a legitimidade, a validade e a eficácia.
Os preceitos podem ter outras funções para além da função imediatamente normativa como
seja a de criação de instituições, definições de competências e estruturação de procedimentos
e processos. Ex: preceitos que se limitam em criar órgãos constitucionais.
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“Normas constitucionais de fundo, orgânicas e procedimentais ou de
forma – as primeiras atinentes, sobretudo, às relações entre a sociedade e o
Estado ou o estatuto das pessoas e dos grupos dentro da comunidade política
(assim as normas das partes I e II da Constituição); as segundas, definidoras
dos órgãos do poder, da sua estrutura, da sua competência, da sua articulação
recíproca e do estatuto dos seus titulares); as terceiras, relativas aos actos e
actividades do poder, aos procedimentos ou processos jurídicos de formação e
expressão da vontade – de uma vontade necessariamente normativa e
funcional);
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classificação é mais envolvente do que a primeira, por que entre as normas não
exequíveis por si mesmas tanto se encontram normas programáticas .
Força jurídica das normas programáticas e das normas não exequíveis por si
mesmas
Aspectos comuns
i. ambas, por constarem da Constituição, devem ser tidas em conta na
interpretação das restantes normas, as quais, sem elas, poderiam ter
alcance diverso;
ii. ambas podem contribuir para a integração de lacunas;
iii. ambas adquirem, complementarmente, um duplo sentido proibitivo ou
negativo – proíbem a emissão de normas legais contrárias e proíbem a
prática de comportamentos que tendam a impedir a produção de actos
por elas impostos; donde inconstitucionalidade material por omissão
em caso de violação;
iv. elas fixam critérios ou directivas para o legislador ordinário nos
domínios sobre que versam – donde inconstitucionalidade material –
por desvio de poder – quando haja afastamento desses critérios;
v. uma vez concretizadas através de normas legais, não podem ser, pura e
simplesmente revogadas, retornando-se à situação anterior.
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Aspectos diversos
Normas programáticas:
a) elas determinam igualmente a inconstitucionalidade superveniente
das normas legais anteriores discrepantes, mas na decisão de
inconstitucionalidade haverá de se atender às condições de facto a
partir das quais podem e, por conseguinte, devem receber
exequibilidade, com eventual restrição de efeitos (art. 231.º, n. 4);
b) a inconstitucionalidade por omissão só pode verificar-se a partir dessa
altura.
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Costume secundum legem pode resultar de práticas anteriores à lei
constitucional ou de práticas posteriores à lei constitucional. “em períodos de
crise ou de instauração de um novo sistema, não são poucas a regras
constitucionais que carecem de confirmação consuetudinária para se
imporem”, conforme alerta Jorge Miranda.
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CRA não podendo, concomitantemente, atentar contra a dignidade da pessoa
humana.
Convenções constitucionais
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“As chamadas convenções constitucionais, oriundas dos ordenamentos anglo-
saxónicos, consistem em acordos, implícitos, entre várias forças políticas,
sobre o comportamento a adoptar para se dar execução ou actuação a
determinadas normas constitucionais, legislativas ou regimentais (...) não
criam originariamente normas jurídicas”.
“Nos sistemas de matriz francesa, as convenções não parece que sejam mais do
que usos, embora (como o nome indica) revestindo a feição mais complexa de
acordos ou consensos, explícitos ou implícitos, entre os protagonistas da vida
política constitucional. Já nos sistemas de matriz britânica (e, porventura, no
norte-americano), dir-se-ia situarem-se a nível diferente: ou a meio caminho
andado entre usos e costume, ou como expressão de uma juridicidade não
formal e específica (sem justicialidade e sem outras sanções além das da
responsabilidade política) ou como ordem normativa sui generis irredutível às
categorias habitualmente estudadas”.
Jurisprudência constitucional
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função de integração e complementação do direito constitucional. Neste
sentido, o costume deve ainda inserir-se no programa da norma constitucional,
de forma a poder considerar-se que, através da articulação do direito formal
constitucional com regras materiais consuetudinárias, se contribui para o
desenvolvimento da constituição.
Bibliografia
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