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Introdução

O presente trabalho pretende realizar uma análise sobre as espécies de norma constitucional: os
princípios e as regras. Para uma melhor compreensão do tema, será abordado o conceito de cada
uma das espécies, bem como os principais critérios de distinção entre os mesmos, além das
condições de sua aplicabilidade.

Objectivos

Geral

 Falar das normas Constitucionais

Específicos

 Caracterizar os princípios e regras constitucionais


 Mencionar as Condições de aplicabilidade da norma constitucional
 Descrever a natureza Jurídica das normas constitucionais

Metodologias

Para a realização do presente trabalho, usou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, que
consistiu na leitura de alguns manuais que abordam sobre o assunto em questão, e também usou-
se a Internet.
As normas constitucionais: A constituição como um sistema aberto de regras e princípios

As normas constitucionais são todas as disposições inseridas numa Constituição, ou reconhecidas


por ela, independentemente de seu conteúdo. ... Como já dito, todas as normas constitucionais
têm estrutura e natureza de norma jurídica, ou seja, são normas providas de juridicidade.

Princípios e regras

Segundo Novelino (), A Constituição pode ser compreendida como um sistema jurídico aberto de
regras e princípios de diferentes graus de densidade normativa, isso se deve porque um sistema
baseado apenas em princípios poderia conduzir a um sistema falho em segurança jurídica. Por
seu turno, um sistema constituído exclusivamente por regras exigiria uma disciplina legislativa
exaustiva e completa, não permitindo a introdução dos conflitos, das concordâncias, do Entende-
se por normas constitucionais todas as disposições inseridas numa Constituição, ou reconhecidas
por ela, independentemente de seu conteúdo.

Todas as normas constitucionais têm estrutura e natureza de norma jurídica, ou seja, são normas
providas de juridicidade. balanceamento de valores e interesses de uma sociedade plural e aberta.

Para Alexy (), tanto as regras quanto os princípios são normas, porque ambos encerram um dever
ser e podem ser formulados por meio de expressões deônticas do dever, da permissão e da
proibição.

As regras são normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas e com pretensão


de decidibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige a avaliação da correspondência
sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte ou nos princípios que lhes são
axiologicamente sobrejacentes, entre a construção conceitual da descrição normativa e a
construção conceitual dos fatos.

Os princípios são normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas e com


pretensão de complementaridade e de parcialidade, para cuja aplicação se demanda uma
avaliação da correlação entre o estado de coisas a ser promovido e os efeitos decorrentes da
conduta havida como necessária à sua promoção.

Condições de aplicabilidade da norma constitucional


As normas constitucionais são criadas para serem aplicadas. Para que isso ocorra, são necessárias
as seguintes condições de aplicabilidade:

a) Vigência – a norma deve estar em vigor, ou seja, ser regularmente promulgada e publicada e
existir juridicamente, tornando-a de observância obrigatória. Importante registrar que a vacatio
constitutionis consiste no lapso temporal que medeia a publicação da norma constitucional e a
sua entrada em vigor. Nesse tempo, a nova Constituição não regula nada, pois continua em vigor
a Carta magna antiga.

b) Validade e Legitimidade – a norma deve estar em consonância e conformidade com o sistema


constitucional

c) Eficácia – a norma deve possuir capacidade de produção de efeitos jurídicos.

A doutrina constuma dividir a eficácia em social e jurídica. Esta consiste na capacidade de


atingir os objectivos previstos na norma, ao passo que a eficácia social consiste na no fato de a
norma é efectivamente obedecida e aplicada.

Toda norma jurídica é dotada de eficácia jurídica – há variação apenas quanto ao grau -, mas
nem toda possuem eficácia social. Deve-se buscar os meios adequados para implementar o
trânsito da eficácia jurídica para a eficácia social.

Tipologia de princípios constitucionais

Cunha (), na sua obra, traz à baila a classificação dos princípios constitucionais, explica que
quanto a tipologia, existem:

a) Princípios Jurídico- Constitucionais – são todos aqueles que informam e ordenam o


sistema jurídico de um Estado;

b) Princípios Político- Constitucionais são aqueles que fixam as bases políticas de um Estado;

c) Princípios Constitucionais Impositivos- são todos os princípios que, impõem aos orgãos dos
Estados, sobretudo ao legislador, a realização de fins e a execução de tarefas;
d) Princípios Garantia – são aqueles que estabelecem directa e imediatamente uma garantia dos
cidadãos.

As normas constitucionais dividem-se em normas constitucionais de eficácia plena e


aplicabilidade imediata; Normas constitucionais de eficácia contida e aplicabilidade imediata.

As normas constitucionais de eficácia plena como o próprio nome diz, produzem seus efeitos por
si próprias desde logo. Esta por sua vez, se subdivide em normas constitucionais de princípio e
normas constitucionais de princípio programático.

Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais

As normas constitucionais diferem também quanto à eficácia ou aplicabilidade. Eficácia e


aplicabilidade, conquanto categorias jurídicas autónomas, são conexas, eis que imbricadas na
temática da concretização constitucional. Enquanto a eficácia aponta para a potência da norma (o
potencial ou aptidão para a produção de efeitos jurídicos) a aplicabilidade remete à razoabilidade
concreta da norma constitucional, ou seja, à realização de seu conteúdo. Sendo ainda fenómeno
conexo a ambos a efectividade ou eficácia social da norma, que remete à concretização de seu
conteúdo social. (Novelino, 2012).

Natureza jurídica, hierarquia e classificação das normas constitucionais

Ávila (2012) diz que, No âmbito da Teoria da Norma Constitucional sobressai contemporânea
concepção das normas constitucionais como género do qual são espécies as regras e os princípios
constitucionais e insere-se na revolução copernicana como um dos seus principais elementos.
Disso decorre que:

As normas constitucionais têm a mesma natureza, qual seja, natureza jurídica e de Direito
Constitucional. Desse modo, não há hierarquia entre as normas constitucionais 10 , eis que sendo
de mesma natureza e não havendo uma escala axiológica das normas constitucionais - todos os
valores e bens jurídicos tutelados pela Constituição têm valor constitucional. Assim,
encontrando-se as normas constitucionais na mesma posição hierárquica no ordenamento
constitucional-, não há entre elas, a priori, uma ordem de precedência.
Ao menos não há abstratamente. Admitir o contrário seria compactuar com a idéia de existência
de antinomias na Constituição, quando o que melhor se coaduna com a unidade da Constituição e
harmonia do sistema constitucional é um posicionamento que rechaça antinomias ou
contradições na Constituição.

Diferentemente se passará nos casos concretos, quando direitos subjectivos encontram-se em


conflito, com o que, ter-se-á a situação de colisão de direitos fundamentais, para o que as formas
de busca da melhor solução estão genericamente acima apontadas, qual seja, por meio da
ponderação dos bens jurídicos em contraposição. O mesmo se passa entre colisão de princípios
constitucionais.

As normas constitucionais, contudo, diferem qualitativamente, com o que, regras e princípios


constitucionais têm atributos ou qualidades próprias que os distinguem.

Com efeito, os princípios constitucionais caracterizam-se pela vaguidez, grande abertura


exegética, maior incompletude, imprecisão, baixa densidade jurídica, conteúdo apriorístico,
prima fácil, definível. Ainda, maior proximidade com a ideia de Direito e irradiação a todo o
sistema jurídico projectando-se sobre os preceitos constitucionais, inclusive sobre as regras, com
o que, sobressai a característica normogenética dos princípios constitucionais. Também é de
ressaltar-se a convivência harmónica entre os princípios, pelo que não hã exclusão de nenhum
deles do sistema em caso de colisão.

Já as regras constitucionais têm alta densidade ou densificação ou concretamente de jurídica e,


por isso menor abertura hermenêutica e ainda, conteúdo preciso, determinado e definitivo e,
portanto, maior completude. Sua convivência é conflituosa ou excludente (tudo-ou-nada).

De modo que, as regras constitucionais têm a qualidade de proporcionar maior segurança


jurídica, em contrapartida, ensejam menor liberdade de conformação ao intérprete constitucional.
Os princípios constitucionais nada obstante ensejarem menor segurança jurídica proporcionam
ao sistema (e ao intérprete) constitucional maior liberdade de conformação da ordem jurídica,
propiciando, ainda, a mutação constitucional, que enquanto mudança operada na constituição de
maneira informal (por meio da interpretação e aplicação das normas), mantém a constituição
viva em mútua influência no que respeita às transformações sociais. (Novelino, 2012)
Conclusão

Ao terminar o presente trabalho, conclui-se que, as normas constitucionais são todas as


disposições inseridas numa Constituição, ou reconhecidas por ela, independentemente de seu
conteúdo. Elas se subdividem em duas espécies: as regras e os princípios.

Todas as normas constitucionais têm estrutura e natureza de norma jurídica, ou seja, são normas
providas de juridicidade.

Foram elencados os principais critérios de distinção entre as regras e os princípios, a saber: grau
de abstracção e generalidade, grau de indeterminação, distinção qualitativa e a distinção feita por
Humberto Ávila, quanto à forma de solução de conflitos, a colisão entre princípios se revolve na
dimensão do valor e, por outro lado, o conflito entre regras se revolve na dimensão da validade.

Foram apontadas as condições de aplicabilidade das normas constitucionais: vigência, validade e


eficácia. Importante registar que o estudo da aplicabilidade das normas constitucionais somente
tem sentido se analisado numa Constituição formal e rígida.
Referências Bibliográficas

ÁVILA, (2012), Humberto. Teoria dos princípios da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 13 ed, São Paulo: Malheiros Editores.

ALEXY, Robert. (2011), Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgilio Afonso da Silva, São
Paulo: Malheiros.

CUNHA JR. (2014), Dirley da. Curso de direito constitucional. 8. ed. Salvador: JusPodivm.

NOVELINO, Marcelo. (2012), Direito Constitucional. 7.ed. São Paulo: Método.

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