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Universidade Católica de Moçambique

Abel Ismael Abel

Bachiro Essimaila Abdulcadre

Edson Júnior

Ferrão Illion Macuácua Mazula

Jackson Graciano Meck

Teresa Eugénio dos Santos

Direito Constitucional

Curso de Direito-2° Ano/2024

Tema: Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição

Abril de 2024
Economia Política

Curso de Direito-2° Ano/2024

Tema: Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição

Docente: Cadria Abudo

Trabalho apresentado na cadeira de Direito


Constitucional, como quesito de avaliação.

Abril de 2024
Índice
Introdução
O presente trabalho com o tema de inconstitucionalidade e garantia da Constituição As normas
assim surgidas, normas constitucionais ou que o pretendem ser, por contrariarem as normas
constitucionais a que estão sujeitas, não devem subsistir, sob pena de, no limite, se produzir
transição constitucional. E é possível mesmo configurar inconstitucionalidade de normas
constitucionais no momento anterior de exercício do poder constituinte originário.

A CRP rege os comportamentos dos órgãos do poder que se movam no âmbito do Direito Interno
e, por conseguinte, todos os seus actos, quanto a todos os seus pressupostos, elementos, ou
requisitos, têm de ser conformes com ela. Aí se incluem actos de direito interno que
correspondam a fases do processo de vinculação internacional do Estado, os quais podem, pois,
ser inconstitucionais ou não. Ao invés, os actos que decorram na órbita do Direito Internacional
não são, enquanto tais, susceptíveis de inconstitucionalidade.

Susceptíveis de inconstitucionalidade são os conteúdos desses comportamentos enquanto deles


se desprendam, ou seja, as normas constantes de tratados internacionais aplicados na ordem
interna ou as normas produzidas por órgãos de organizações internacionais com aplicabilidade e
eficácia directa. Uma relação directa, uma relação que afita um acto ou uma omissão ou uma
norma que esteja ou venha a estar em relação directa com a Constituição; uma relação directa, na
medida em que se traduz numa infracção directa de uma norma constitucional.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral


 Abordar sobre a Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição

1.1.2. Objectivos específicos


 Analisar os diferentes tipos de comportamentos do poder público que podem configurar
inconstitucionalidade, incluindo acções e omissões, tanto no âmbito do Direito Interno
quanto do Direito Internacional.

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 Explorar as relações entre os comportamentos dos órgãos do poder político e as normas
constitucionais.

2. Conceito jurídico de inconstitucionalidade


Segundo FRANCE, (2011) diz que: a noção até agora delineada, contudo, é ainda muito ampla.
Apesar das alusões feitas a conceitos próprios dos ordenamentos jurídicos modernos, o que foi
dito sobre inconstitucionalidade adequa-se a qualquer oposição entre valores constitutivos de
uma sociedade, quer seja vista como grupo social (uma tribo indígena, p. ex.), quer vista como
pessoa jurídica de direito privado, quer vista como pessoa jurídica de direito

Para o Direito, de cujo vocabulário técnico decorre a palavra "inconstitucionalidade", a noção


deve ser mais restrita. Ao termo "Constituição" devem ser acrescidos aqueles predicados a ele
atribuídos pelo Direito Constitucional, isto é, o conjunto de normas jurídicas que presidem o
ordenamento jurídico de um Estado moderno; por "valor actualizado" deve-se entender aquele
eleito pela autoridade ou órgão competente para produzir normas (legislador).

Limitados assim esses termos, resta ainda um último elemento essencial à definição de
inconstitucionalidade, sem o qual não é possível a construção do seu conceito jurídico: enquanto
a actualização da constitucionalidade em potência, oposta ao valor actualizado contrário à
Constituição, não for exigível, presentemente, do legislador, a inconstitucionalidade não é
relevante para o Direito.

2.1. Inconstitucionalidade de normas de constitucionais


Segundo FRANCE, (2011) diz que: a inconstitucionalidade de normas constitucionais em caso
de revisão que pretira ou procedimento ou que infrinja limites materiais. As normas assim
surgidas, normas constitucionais ou que o pretendem ser, por contrariarem as normas
constitucionais a que estão sujeitas, não devem subsistir, sob pena de, no limite, se produzir
transição constitucional. E é possível mesmo configurar inconstitucionalidade de normas
constitucionais no momento anterior de exercício do poder constituinte originário.

Porque o órgão que elabora e decreta a Constituição formal tem de se considerar solidário da
ideia de Direito afirmada pelo poder constituinte material, seja através de revolução, seja através
de transição, nada impede que se suscite então um problema de conformidade. Mas parece
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extremamente difícil conferir-lhe tradução prática, por causa dos circunstancialismos históricos
envolventes que mal se compadecem com parâmetros de qualidade.

Questão bem diversa vem a ser a da constitucionalidade no âmbito da Constituição Formal, visto
que as normas que aí se ponham em encontro provêm de um mesmo e único poder. Não
ignoramos, no entanto, uma significativa corrente doutrinal que a aceita. Jorge Miranda perfilha
uma «axiologia transpositiva que não está na disponibilidade do positivo constitucional ou de
que não é titular sem limites o poder constituinte.» e, por conseguinte, temos afirmado a
existências de limites transcendentes que Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição.

2.1.1. O Primeiro termo da relação de Inconstitucionalidade é a Constituição


Segundo FRANCE, (2011) diz que: a Constituição, não genericamente, na sua globalidade, é em
bloco, em bruto; mas por referência a uma norma determinada, a certa norma que rege certo
comportamento; por referência a certa norma ou a certo segmento de norma, seja qual for a sua
expressão verbal. Há sempre uma norma violada e não outra. Pela inconstitucionalidade
transgride-se uma norma constitucional uma a uma e não se transgridem todas ao mesmo tempo
e de igual modo. Pode assim ficar afectado todo um instituto ou capítulo que nem por isso,
substituindo a Constituição e dispondo ela de meios de garantia da sua integridade, deixa de ser
através de qualquer das suas normas que a inconstitucionalidade se manifesta. Um
comportamento enquanto tal contrário a toda a Constituição.

a. A Constituição, através de qualquer dos tipos de normas em que se analisa, disposições e


princípios; e daí as fórmulas dos artigos 204º, 277º, nº1 e 290º, nº2 da Constituição.

b. A Constituição também através de qualquer das suas normas consuetudinárias que a


integra. A Constituição, através de qualquer das suas normas em vigor ou, quando tenha
ocorrido revisão constitucional, através de qual quer das suas normas já não em vigor
(mas relativamente a situações produzidas durante o seu tempo de vigência).

c. a comportamento de órgão do poder político ou mais amplamente, de entidades públicas


e, no limite, de entidades privadas investidas de autoridade pública. Um comportamento
de órgão do poder político ou de entidade pública, e não dos particulares, seja em

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relações jurídico -privadas, seja em relações jurídico-públicas, inclusive no exercício de
direitos políticos como o de sufrágio ou de associação em partidos políticos.

d. Um comportamento de órgãos de poder político no exercício da sua autoridade própria,


sujeito a regras de Direito Público; não um comportamento de entidades públicas sujeito
a regras de Direito Privado, não um acto de gestão privada da Administração.

e. Um comportamento tanto positivo, uma acção, como negativo, uma omissão; tanto um
acto que é praticado quando não devia ser praticado, ou que é praticado contra uma
norma constitucional, como uma abstenção, ou inércia do poder político quando uma
norma constitucional mandava agi r e que por isso, é valorada negativamente.

f. Um comportamento infraconstitucional, um comportamento subordinado à Constituição;


ou, em outra perspectiva, no caso de acto normativo, uma norma infraconstitucional ou
uma norma constitucional, mas esta criada por revisão, e não uma norma constitucional
originária, produto do poder constituinte.

g. Um comportamento, seja qual for o seu conteúdo, normativo ou não normativo, geral ou
individual, abstrato ou concreto. A CRP diz que a validade das leis e dos demais actos do
Estado, das Regiões Autónomas e do poder local depende da sua conformidade com a
Constituição, abrangendo aí quaisquer espécies de actos. Todavia, ao definir quer a
inconstitucionalidade por acção, quer a inconstitucionalidade por omissão, só alude a
normas. Significa apenas isto que o regime específico de fiscalização que estrutura,
através dos Tribunais em geral e do Tribunal Constitucional, está predisposto para tais
actos e omissões, sem que isso impeça a existência de outros regimes para outras
categorias de comportamentos. g comportamento de Direito Interno, mas apenas qualquer
norma de Direito e somente quando aplicável na ordem interna.

2.1.2. O segundo termo da relação de Inconstitucionalidade é o Comportamento do


Poder Público:
Segundo LOCKE, (1998) diz que: a CRP rege os comportamentos dos órgãos do poder que se
movam no âmbito do Direito Interno e, por conseguinte, todos os seus actos, quanto a todos os
seus pressupostos, elementos, ou requisitos, têm de ser conformes com ela. Aí se incluem actos
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de direito interno que correspondam a fases do processo de vinculação internacional do Estado,
os quais podem, pois, ser inconstitucionais ou não. Ao invés, os actos que decorram na órbita do
Direito Internacional não são, enquanto tais, susceptíveis de inconstitucionalidade.

Susceptíveis de inconstitucionalidade são os conteúdos desses comportamentos enquanto deles


se desprendam, ou seja, as normas constantes de tratados internacionais aplicados na ordem
interna ou as normas produzidas por órgãos de organizações internacionais com aplicabilidade e
eficácia direta.Uma relação direta, uma relação que afeta um acto ou uma omissão ou uma norma
que esteja ou venha a estar em relação direta com a Constituição; uma relação direta, na medida
em que se traduz numa infração direta de uma norma constitucional.

2.1.3. A Relação entre o comportamento ou a norma e a CRP há de ser


Segundo LOCKE, (1998) diz que: não basta que um tipo de acto tenha o seu Estatuto ou um
aspeto principal da sua regulamentação na Constituição. É necessário ainda que o acto em
concreto contradiga uma norma constitucional de fundo, de competência ou de forma; que
contradiga essa norma, e não uma norma interposta, situada entre a Constituição e esse acto.
Inconstitucionalidade verdadeira, e própria só pode ser inconstitucionalidade específica ou direta.
Uma relação de desconformidade, e não apenas de incompatibilidade; uma relação de
inadequação, de inidoneidade perante a norma constitucional, e não apenas de mera contradição.

Inconstitucionalidade envolve desconformidade ou não conformidade, mas é indispensável


discernir, mormente no domínio da inconstitucionalidade material diferentes modos e graus em
razão da diversidade de normas constitucionais e das relações entre elas e os comportamentos
dos órgãos do poder. Uma relação de desconformidade, que acarreta, quanto aos actos e às
normas de Direito Interno Inconstitucionais, invalidade e, quanto às normas de Direito
Internacional recebidas na Ordem Interna, Invalidade.

3. Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição


Segundo LOCKE, (1998) diz que: correspondem a imperativos de Direito Natural, tal como, em
cada época e em cada lugar a imperativos de Direito Natural, tal como, em cada época e em cada
lugar, este se refrange na situação na vida social. Todavia, não cremos que, a dar-se qualquer
forma de contradição ou violação dessa axiologia, estejamos em diante de uma questão que a
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ultrapassa, para ter que ser encarada e solucionada em plano diverso, no da Constituição Material
que é adoptada ou no do plano constitucional ao qual pertence. Precisamente, por estarem em
causa limites transcendentes, declarados e não constituídos, no extremo poderá haver invalidade
ou ilegitimidade da Constituição.

O que não poderá haver será inconstitucionalidade: seria incongruente invocar a própria
constituição para justificar a desobediência ou a insurreição contra as suas normas.
Inconstitucionalidade envolve um juízo de valor a partir dos critérios constitucionais, sejam estes
quais forem. Se os critérios constitucionais englobarem, como é desejável que englobem, valores
de justiça, liberdade, solidariedade, dignidade da pessoa humana, também a
inconstitucionalidade terá de ser aferida à face destes princípios e valores. Ainda que aceitemos
que em toda e qualquer ordem jurídica se encontram aqueles valores, nem sempre eles alcançam
força suficiente para conformarem a Constituição e, portanto, para determinarem
constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos actos jurídico-públicos.

3.1. Inconstitucionalidade e Ilegalidade


Segundo MACEDO, (2005) diz que: em primeiro lugar porque a Constituição Material
historicamente surgiu tendo como escopo limitar o poder político e a sua função essencial não é
estabelecer a disciplina doutras entidades públicas infra estaduais e dos particulares, ainda que se
lhes refira;

1. Em segundo lugar, porque a complexidade das situações da vida e das intervenções do


Estado na sociedade impõe a multiplicação e a descentralização de fontes e órgãos de
produção jurídica.

2. Pode falar-se em legalidade, em contraposição a mérito, para traduzir a conformidade do


poder com o Direito a que deve obediência. E, na nossa constituição afirma-se que o
Estado se funda na legalidade democrática, a qual abrange ou implica, simultaneamente,
um conjunto de valores ligados à ideia de Direito democrático e às normas decretadas por
órgãos baseadas no sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico.

3. Pode falar-se também em legalidade como conformidade com a lei ordinária, ao passo
que a constitucionalidade é a conformidade com a Constituição; ou negativamente, em
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ilegalidade e em inconstitucionalidade. Inconstitucionalidade e ilegalidade são ambas
violações de normas jurídicas por actos do poder. Verificam-se sempre que o poder
infringe a Constituição, a lei ou qualquer outro preceito que ele próprio e a necessidade
ficam adstritas. Não divergem de natureza pela qualidade dos preceitos ofendidos, ali
formalmente constitucionais, aqui contidos em lei ordinária ou nesta fundados. A
distinção radica na norma que disciplina o acto que se trate, fixando-lhe pressupostos,
elementos, requisitos.

4. Se for a Constituição, o acto será inconstitucional em caso de desconformidade; se tais


requisitos não se encontrarem senão na lei, já a sua falta torná-lo -á meramente ilegal.
Certo, a constituição é a base da Ordem Jurídica, o fundamento último da atividade
constitucional do Estado.

Estatuto definidor da vida pública, o ordenamento estadual vai entroncar nas suas regras e
princípios; e, assim como as leis anteriores recebem da Constituição a possibilidade de subsistir,
os actos posteriores não podem, direta ou indiretamente, opor-se aos seus comandos. O nosso
sistema jurídico não está organizado de forma circular, com a CRP no centro e todos os actos
amarrados a ela, a igual distância.

Domina, antes, como bem se sabe, uma estrutura hierarquizada, em que cada acto jurídico
público tem de assentar, formal e materialmente, num preceito determinado, que, por seu turno,
se funda noutro de grau superior. O Problema complica-se em alguns casos, por exemplo,
quando a CRP prescreve a subordinação de um acto a norma infraconstitucional e quando,
portanto, uma infração desta norma vem a redundar em violação da Constituição.

As leis de autorização legislativa e as leis de bases são leis reforçadas frente aos respetivos
decretos-leis. Não são as únicas. Outras há que, similarmente, desempenham uma função
específica no ordenamento, uma função conformadora, de impulsão, de habilitação ou de
garantia, que acarreta um valor reforçado. Reiteramos a opinião que há muito sustentamos de que
se trata de um problema de ilegalidade e não de inconstitucionalidade. E isso não somente por
virtude de uma determinada visão do sistema de normas e actos como ainda por virtude do
próprio teor do fenómeno.

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3.1.1. Inconstitucionalidade e Hierarquia
Segundo MACEDO, (2005) diz que:o que deva entender-se por hierarquia constitui dificuldade
grave. Se a doutrina dominante admite, pelo menos, a necessidade de hierarquizar os actos
normativos, muito continua a discutir-se acerca do correto significado que possui. A supremacia
da CRP decorre da sua função no ordenamento e os actos que lhe ficam imediatamente abaixo
não deixam de ter força superior aos que por ela não são regulados.

Tal como as normas sobre produção jurídica hão de prevalecer sobre as normas de produção
jurídica ou os actos normativos sobre os actos concretos e individuais que regem, as leis sobre
regulamentos e os actos jurisdicionais, ou aos actos de função política sobre os actos da função
administrativa. E, aceite o primado do Direito Internacional, também os actos internacionais têm
preferência sobre os actos de Direito Interno. formais quanto em juízos valorativos, procurando
soluções constitucionalmente concretas, descendo ao fundo das coisas e não se contentando com
quaisquer aparências. Nunca estará em causa apreciar a oportunidade política desta ou daquela
lei ou a sua maior ou menor bondade para o interesse público.

3.1.2. Noção ampla e noção restrita de inconstitucionalidade


Constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de relação: a relação que se
estabelece entre a ido, que tem nela ou não a sua base. Assim declaradas, são conceitos que
parecem surgir por dedução imediata. De um modo pré-sugerido, resultam do confronto de uma
norma ou de um acto com a Constituição, correspondem a atributos que tal comportamento
recebe em face de cada norma constitucional.

Não se trata de uma relação de mero carácter lógico ou intelectivo. É essencialmente uma relação
de carácter normativo e valorativo, embora implique sempre um momento de conhecimento.
Uma fórmula como esta oferecer-se-ia, porém, demasiado ampla, por abarcar, tanto ações como
omissões dos órgãos do poder político quanto ações e omissões dos particulares e por envolver,
em consequência, regimes jurídicos muito diversos. Naturalmente, aqui é apenas relevante o não
cumprimento de normas constitucionais pelo Estado, tal como só pode ser operativo um conceito
conexo com um regime próprio de Estado de Direito constitucional.

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3.2. Análise do Fenómeno

3.2.1. O Primeiro termo da relação de Inconstitucionalidade é a Constituição


Segundo MACEDO, (2005) diz que: a Constituição, não genericamente, na sua globalidade, é
em bloco, em bruto; mas por referência a uma norma determinada, a certa norma que rege certo
comportamento; por referência a certa norma ou a certo segmento de norma, seja qual for a sua
expressão verbal. Há sempre uma norma violada e não outra. Pela inconstitucionalidade
transgride-se uma norma constitucional uma a uma e não se transgridem todas ao mesmo tempo
e de igual modo. Pode assim ficar afetado todo um instituto ou capítulo que nem por isso,
substituindo a Constituição e dispondo ela de meios de garantia da sua integridade, deixa de ser
através de qualquer das suas normas que a inconstitucionalidade se manifesta. Um
comportamento enquanto tal contrário a toda a Constituição.

4. O Segundo termo da relação de inconstitucionalidade e o Comportamento do poder


público
Segundo MARINONI, (2006) diz que: o comportamento de órgão do poder político ou de
entidade pública, e não dos particulares, seja em relações jurídico -privadas, seja em relações
jurídico-públicas, inclusive no exercício de direitos políticos como o de sufrágio ou de
associação em partidos políticos.b.um comportamento de órgãos de poder político no exercício
da sua autoridade própria, sujeito a regras de Direito Público; não um comportamento de
entidades públicas sujeito a regras de Direito Privado, não um acto de gestão privada da
Administração.

a) Um comportamento tanto positivo, uma acção, como negativo, uma omissão; tanto um
acto que é praticado quando não devia ser praticado, ou que é praticado contra uma
norma constitucional, como uma abstenção, ou inércia do poder político quando uma
norma constitucional mandava agi r e que por isso, é valorada negativamente.

b) Um comportamento infraconstitucional, um comportamento subordinado à Constituição;


ou, em outra perspectiva, no caso de acto normativo, uma norma infraconstitucional ou
uma norma constitucional, mas esta criada por revisão, e não uma norma constitucional
originária, produto do poder constituinte.
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c) Um comportamento, seja qual for o seu conteúdo, normativo ou não normativo, geral ou
individual, abstracto ou concreto. A CRP diz que a validade das leis e dos demais actos
do Estado, das Regiões Autónomas e do poder local depende da sua conformidade com a
Constituição, abrangendo aí quaisquer espécies de actos. Todavia, ao definir quer a
inconstitucionalidade por acção, quer a inconstitucionalidade por omissão, só alude a
normas. Significa apenas isto que o regime específico de fiscalização que estrutura,
através dos Tribunais em geral e do Tribunal Constitucional, está predisposto para tais
actos e omissões, sem que isso impeça a existência de outros regimes para outras
categorias de comportamentos.

d) Qualquer comportamento de Direito Interno, mas apenas qualquer norma de Direito e


somente quando aplicável na ordem interna.A CRP rege os comportamentos dos órgãos
do poder que se movam no âmbito do Direito Interno e, por conseguinte, todos os seus
actos, quanto a todos os seus pressupostos, elementos, ou requisitos, têm de ser
conformes com ela. Aí se incluem actos de direito interno que correspondam a fases do
processo de vinculação internacional do Estado, os quais podem, pois, ser
inconstitucionais ou não. Ao invés, os actos que decorram na órbita do Direito
Internacional não são, enquanto tais, susceptíveis de inconstitucionalidade.

e) Susceptíveis de inconstitucionalidade são os conteúdos desses comportamentos enquanto


deles se desprendam, ou seja, as normas constantes de tratados internacionais aplicados
na ordem interna ou as normas produzidas por órgãos de organizações internacionais com
aplicabilidade e eficácia direta.Uma relação direta, uma relação que afeta um acto ou uma
omissão ou uma norma que esteja ou venha a estar em relação direta com a Constituição;
uma relação direta, na medida em que se traduz numa infração direta de uma norma
constitucional.

4.1. A Relação entre o comportamento ou a norma e a CRP há de ser


Segundo MARINONI, (2006) diz que: uma relação de desconformidade, e não apenas de
incompatibilidade; uma relação de inadequação, de inidoneidade perante a norma constitucional,
e não apenas de mera contradição.

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Inconstitucionalidade envolve desconformidade ou não conformidade, mas é indispensável
discernir, mormente no domínio da inconstitucionalidade material diferentes modos e graus em
razão da diversidade de normas constitucionais e das relações entre elas e os comportamentos
dos órgãos do poder. Uma relação de desconformidade, que acarreta, quanto aos actos e às
normas de Direito Interno Inconstitucionais, invalidade e, quanto às normas de Direito
Internacional recebidas na Ordem Interna, Invalidade.

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4.1.1. Conclusão

Conclui o presente trabalho que fala sobre Inconstitucionalidade e Garantia da Constituição,


correspondem a imperativos de Direito Natural, tal como, em cada época e em cada lugar a
imperativos de Direito Natural, tal como, em cada época e em cada lugar, este se refrange na
situação na vida social. Todavia, não cremos que, a dar-se qualquer forma de contradição ou
violação dessa axiologia, estejamos em diante de uma questão que a ultrapassa, para ter que ser
encarada e solucionada em plano diverso, no da Constituição Material que é adoptada ou no do
plano constitucional ao qual pertence. Precisamente, por estarem em causa limites
transcendentes, declarados e não constituídos, no extremo poderá haver invalidade ou
ilegitimidade da Constituição.
Seria incongruente invocar a própria constituição para justificar a desobediência ou a insurreição
contra as suas normas. Inconstitucionalidade envolve um juízo de valor a partir dos critérios
constitucionais, sejam estes quais forem. Se os critérios constitucionais englobarem, como é
desejável que englobem, valores de justiça, liberdade, solidariedade, dignidade da pessoa
humana, também a inconstitucionalidade terá de ser aferida à face destes princípios e valores.
Ainda que aceitemos que em toda e qualquer ordem jurídica se encontram aqueles valores, nem
sempre eles alcançam força suficiente para conformarem a Constituição e, portanto, para
determinarem constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos actos jurídico-públicos.

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Referência Bibliográficas

 FRANCE, M. F. Inconstitucionalidade, escolas e fases metodológicas do processo. Porto


Alegre: Livraria do Advogado, 2011.

 LOCKE, J. Dois Tratados Sobre o Garantia. Tradução de Júlio Fischer. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.

 MACEDO, E. H. Jurisdição e processo: crítica histórica e perspetivas para o terceiro


milênio. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.

 MARINONI,L. G. Constituição de processo civil: teoria geral do processo. São Paulo:


RT, 2006. v.

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