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GUIA DE ESTUDO
1) O que é o poder constituinte? (Tipos, natureza e características)
O poder constituinte é uma instancia de poder a qual é incumbida a função
de criar, elaborar, alterar, reformar, ou complementar uma Constituição. Isso
ocorre na condição de uma norma jurídica fundamental do Estado, para criar
uma ordem jurídica interna. O poder constituinte se manifesta para estabelecer
uma constituição e organizar o estado, sem qualquer limitação ou condicionante
do direito positivo anterior.
Para Canotilho, o poder constituinte possui uma dimensão genética de
revelar, dizer e criar uma constituição. Assim, a revelação viria da tradição
inglesa, que revela na tradição, o dizer viria na tradição estadunidense, que
declara que a constituição está posta, e a criação viria da tradição francesa, que
rompe com a ordem anterior e cria, por um ato de vontade, a nova ordem.
Nesse sentido, segundo Bonavides, o poder constituinte não pode ser
confundido com a sua teorização, pois ele sempre existiu em todas as sociedades
politicamente organizadas, mas a ideia conhecida atualmente, a sua formulação
teórica, começou com Sieyés e o iluminismo, com a constituição escrita.
Para Sieyés, portanto, o poder constituinte advém do terceiro estado, o qual
liquida com a teoria do direito divino dos reis e impõe, com a soberania popular,
uma ordem na qual os melhores da nação tem voz, há uma soberania
conservadora.
Assim, o poder constituinte não extrai sua validade de uma norma formal
superior, mas da vontade dos representantes da sociedade na qual ele surge.
Logo, ele pode ser de três tipos: poder constituinte originário, derivado e
complementar.
O poder constituinte originário é aquele que cria ou transforma uma
constituição, ele é a potência, ele preexiste, cria e limita. Nesse caso, existem
teorias que dizem sobre a sua natureza. Na corrente clássica, o poder constituinte
é original, a expressão original do poder fundante, independente, pois não
depende de nada para a sua legitimação, e absoluto, pois ele é ilimitado,
incondicionado e inicial. Por outro lado, a corrente contemporânea diz há
maiores exigências do estado de direito, além de que o poder constituinte é
materialmente limitado, democraticamente legitimado e culturalmente situado.
Considerando isso, o poder constituinte possui uma natureza, a qual possui
três respostas e é definida por Sarlet. Para ele, o poder constituinte não deve ser
visto como jurídico, pois ele é um poder de fato, histórico e representando de
uma manifestação de soberania.
Para o autor, existe o poder político de fato, o qual advém de uma ideia de
direito positivo, onde o direito é aquele posto pelo Estado, sendo anterior e
estando acima de qualquer norma. Nesse caso, ele é um poder de ruptura, que
não se preocupa com a legitimidade.
Por outro lado, há o poder constituinte de direito, que advém de uma ideia
jusnaturalista, na qual ele não é limitado pelo direito positivo anterior, mas deve
obedecer aos princípios do direito natural. Esse direito estabelece um padrão de
legitimidade, de anterioridade, ele deve ser reconhecido como uma força
imposta. Por fim, pode haver um pouco dos dois, o poder de fato e de direito, o
poder-que-vale.
Há, também, o poder constituinte decorrente, o qual é incumbido de reformar
a constituição, dizendo respeito ao quanto é difícil mudá-la em relação ao
direito ordinário. Assim, existem classificações de constituições quanto a
estabilidade, as quais podem ser fixa, rígida, superrígida, flexível,
transitoriamente flexível, semiflexível e semirrígida. Por fim, há o poder
constituinte complementar, que abarca o federalismo, isto é, os estados podem
ter as suas constituições, mas devem obedecer a constituição federal, esse tipo é
regulado pelo poder constituinte originário.
O poder constituinte também pode ser classificado quanto à dimensão, a qual
pode ser formal, poder de edição de normas e tipo de procedimento adotado, e
material, em nome de quem se faz a constituição, pois “a ideia de direito
precede a regra de direito”. Ele também pode ser classificado quanto à
manifestação, podendo ser fundacional, a construção de um novo estado, e pós-
fundacional, a ruptura constitucional.
2) Quem é o titular do poder constituinte?
Para canotilho, o poder constituinte é o do povo, onde há a pluralidade das
forças culturais, sociais e políticas. Nesse sentido, o titular do poder constituinte
é aquele em nome de quem se exerce esse poder, com força para criar uma nova
constituição.
Nesse sentido, existe uma visão clássica, com tradição francesa, do titular do
poder constituinte, na qual a nação teria esse poder, pois romperia com o direito
divino dos reis e seria soberana. Aqui, haveria uma homogeinidade cultural,
linguística, econômica e política.
Por outro lado, há a visão moderna do titular do poder constituinte, na qual o
povo seria o detentor desse poder. Esse poder, na visão moderna, representaria
uma grande complexidade, devido a pluralidade pessoas e diferenças. Assim,
deve haver uma grande representatividade, realizada por meio da democracia,
onde os direitos devem ser protegidos.
Considerando isso, conforme o defendido por Sarlet, a definição do titular do
poder constituinte se dá com base em circunstâncias históricas e sempre por elas
será condicionado.
3) Qual o procedimento e exercício do poder constituinte?
Quando se fala do procedimento e forma de exercício do poder constituinte,
se fala da maneira como ele será efetivado, isto é, como a constituição será feita?
Nesse caso, expõe-se que, inicialmente, o poder constituinte se dá por uma
decisão política de elaborar uma lei fundamental, isto é, por leis constitucionais
provisórias, que almejam traçar a primeira forma jurídica do novo estado, há um
processo constituinte.
Ainda, o poder constituinte se dá por meio de assembleias constituintes, nas
quais são eleitos representantes para fazer a nova constituição. Nesse caso, há as
soberanas, onde os próprios representantes deliberam, e as não soberanas, onde
há comissões do povo, as quais são eleitas com a finalidade de discutir o projeto
de constituição.
4) Quais os limites ao poder constituinte?
Quanto ao poder constituinte, é possível citar duas principais correntes que
tratam da sua limitação, sendo elas a clássica e a contemporânea. Na corrente
clássica, a qual é original, pois ele é a expressão original do poder fundante,
independente, pois não depende de nada para a sua legitimação, e absoluta, pois
ele é ilimitado, incondicionado e inicial. Por outro lado, a corrente
contemporânea diz há maiores exigências do estado de direito, além de que o
poder constituinte é materialmente limitado, democraticamente legitimado e
culturalmente situado.
Além disso, é possível a citação dos limites do poder constituinte, os quais
são uma das questões levantadas por Canotilho. Assim, existem muitos autores
que acreditam que o poder constituinte seja ilimitado e superior. Contudo,
segundo Sarlet, existem limites transcendentes, advindos do direito natural e da
ética, imanentes, que se impõem sobre o direito e falam sobre soberania e forma
de estado, e heterônomos, provenientes da conjugação com outros princípios e
regras do direito internacional que se impõem como obrigação ao estado.
5) Quais são os meios formais e informais de alteração da constituição?