Você está na página 1de 17

RESUMO - PROVA I DE PENAL

O que é pena?
● TEORIA RETRIBUTIVA:

Ideia de retribuição (Kant): Retribuição moral (Imperativo Categórico do bem e


mal): “a liberdade de escolher entre o bem e o mal”
O mal, nesse sentido, seria o crime;

- Reparação do dano pelo causador (equiparação de injustiças);


- Baseado na “Lei de Talião”;
- A pena como um “igual” sofrimento produzido pelo criminoso;
- Espírito de vingança;
- A prevenção é vista como um sacrifício da dignidade da pessoa humana
em prol da concretização dos fins sociais;
- “Pune-se por punir”

● TEORIA PREVENTIVA:

1- TEORIA DE PREVENÇÃO GERAL (coletividade)

1.1. Prevenção Geral POSITIVA (+): “a pena produz algum efeito sobretudo
sobre as pessoas que não estão em risco de cometer nenhum ilícito penal e
que acreditam na pena.”
- Durkheim: a pena tem um importante efeito sobre a sociedade: “ sua
tarefa é manter a coesão social, na medida em que conserva a plena
vitalidade da consciência coletiva.”
- O sistema jurídico penal, como parte do controle social, promove a
aculturação e socialização dos indivíduos na sociedade. Passa
confiança da população na estabilidade das normas.
SOCIEDADE MODERNA -> SOLIDARIEDADE ORGÂNICA: apoiadas
por relações contratuais.
A pena como “resposta à negação da norma às custas do autor do ilícito”
(Jakobs). Ela é necessária para a estabilidade do sistema normativo, do qual
depende a capacidade de funcionamento das sociedades modernas como um
todo.
As normas funcionam como uma forma de reação do Estado para mostrar que
as normas são vigentes dentro de uma determinada sociedade.
- Caráter pedagógico e comunicativo;

1.2. Prevenção Geral NEGATIVA ( - ): a pena atua na coletividade para que os


indivíduos abandonem seus planos, em razão do medo e horror provocados
pela ameaça da pena e pela experiência de sua execução.
- Intimidação/coação psicológica (permanente), imposta pelo Estado, de
forma a “privar” a liberdade individual do criminoso e fazê-lo repensar as
consequências de praticar um delito, o que pode afastá-los da execução,
para comportar-se em conformidade com o Direito;

2- PREVENÇÃO ESPECIAL (delinquente):

2.1. Prevenção Especial POSITIVA: “A pena deve causar arrependimento,


compreensão e regeneração, ou seja, uma mudança de atitude que garanta
pelo menos uma adaptação externa à ordem legal.”

- Legitima a pena privativa de liberdade: “o prisioneiro torna-se capaz de


levar futuramente, de modo socialmente responsável, uma vida livre de
ilícitos penais”;
- RESSOCIALIZAÇÃO (correção para inserção social);
- “De todas as opções que uma sociedade tem para reagir à
criminalidade, a ressocialização bem-sucedida é na verdade a única que
se pode justificar racionalmente”. Sucesso pelo caráter voluntário e
justamente “isso falta enquanto o delinquente está nos muros da prisão”.
Ela só pode ser bem-sucedida se a causa do comportamento desviante
estiver realmente ligada ao delinquente e a problemas na sua
socialização e quando as terapias e ofertas de ajuda forem adequadas
para eliminar essa causa ou diminuir seus efeitos delinquentes.
- Proteção à coletividade em segundo plano. Deve receber uma
“valoração relativa adequada”. Sempre teria precedência sobre a
ressocialização;
- Brasil: Lei 7210/84 -> regime de pena e regressão do regime: Institui a
Lei de Execução Penal. Art. 1º A execução penal tem por objetivo
efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado.

2.2. Prevenção Especial NEGATIVA ( - ):

- Efeito intimidatório sobre o próprio delinquente: impede-o de praticar


ilícitos penais no futuro (os custos da pena são muito mais altos do que
os custos com a prática do ilícito penal);
- Penas diversas (pode ser maior ou menor) para autores do mesmo ilícito
penal, devido ao apego em padrões de comportamento desviantes e
com estabilidade na formação da sua identidade inclinada à
delinquência. As condições sociais ou ontogenéticas não devem ser
levadas em consideração;
- A probabilidade de comportamento irracional aumenta
proporcionalmente a gravidade do crime;
- Manter o indivíduo segregado da sociedade (preso), para que ele não
“se volte contra mim”, porque ele preso não possui liberdades;

● TEORIA MISTA: junção dos propósitos da prevenção especial e geral,


além da retribuição, em que a retribuição da pena embasada numa
necessidade de reprovação da conduta realizada pelo autor, como a
prevenção contra novas ações criminosas mantêm o indivíduo para
reintegrá-lo na ordem social. A pena deve, ao mesmo tempo, retribuir ao
condenado o mal que ele causou para a sociedade (retributiva),
desestimular a prática de novos delitos (preventiva) e preparar o
condenado a vida em sociedade (ressocialização). Essa teoria é a
adotada no Brasil atualmente.
- Aplicação de uma pena justa e necessária para o agente que
comete um delito.
- “A sanção deve sim retribuir ao crime uma resposta repressiva
estatal, porém, observando o conteúdo de proporcionalidade,
porque ela deve visar, conjugalmente, à prevenção do sujeito de
praticar novos crimes e a sua readaptação às boas maneiras
sociais”.
- “Uma pena justa seria aquela proporcional à gravidade do delito
cometido, conciliada à culpabilidade do autor”.
- Método de prevenção que busca a justiça e prova real do
ordenamento;
- art. 59 caput, do CP: ‘’O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.”

RESUMO 2.0:

➔ Teoria da prevenção Geral POSITIVA: a pena fortalece e estabiliza os


costumes e a moral de uma sociedade, para que os cidadãos
respeitadores da lei não se sintam fraudados em seus bons motivos,
quando obrigados a presenciar uma situação em que alguém está contra
o que diz o direito;

➔ Teoria da Prevenção Geral NEGATIVA: a pena desencoraja os


delinquentes a realizarem crimes futuros;

➔ Teoria da Prevenção Especial POSITIVA: estimula o autor do ilícito penal


a se arrepender e refletir sobre a ação, de modo a inseri-lo na sociedade
por regeneração, para que ele tenha uma vida conforme os preceitos do
direito;

➔ Teoria da Prevenção Especial NEGATIVA: a pena impressiona o


delinquente de maneira negativa, ao forçar a segregação, que, por
medo, ele deixa de praticar o ato criminoso;
PRINCÍPIOS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO

Os Princípios Fundamentais do Direito Penal são vetores os quais buscam


dar um verdadeiro norte à condução dos atos praticados por todos os cidadãos
de nossa sociedade (incluindo tanto aqueles que elaboram as leis, quanto os
que devem aplicá-las). São valores fundamentais que servem de base para a
elaboração das regras, estando, portanto, em um patamar superior a elas.
Também servem para nortear a interpretação e a integração do ordenamento
jurídico vigente. Ademais, há princípios que se encontram expressamente
previstos em lei ou enumerados na própria Constituição Federal, de forma
explícita ou implícita. São eles:

1- Princípio da legalidade:

- Art 5°, XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal”. Baseado na expressão: nullum crimen,
nulla poena sine praevia lege.
OBS: Essa expressão sintetiza o princípio da legalidade, da reserva legal e da
anterioridade da lei penal.

- Princípio que confere segurança jurídica (garantia do cidadão): o Estado


só se pode voltar contra o cidadão que desrespeitar a lei penal;
- Caso alguém cometa alguma ação ou omissão lícita pelas leis em vigor
ao tempo do ato, não poderão sofrer penas criminais;
- É o princípio que estabelece quais são os comportamentos proibidos
pelo Estado e/ou que devem estar explícitos na lei penal;
- Princípio da reserva legal: derivado da legalidade, o qual diz que toda
matéria penal (crime e pena) é de uso exclusivo de leis, ou seja, não
pode-se criar crimes e penas via decretos e atos legislativos municipais.
Logo, a matéria penal é reservada à união de modo geral.

Atributos:
- Princípio da taxatividade: o comportamento proibido deve estar
escrito com exatidão, sem aspectos subjetivos e de valoração
cultural, de forma a não existirem interpretações além do que está
escrito. Por isso, cabe ao legislador usufruir das técnicas corretas
para não criar leis penais muito abertas;

- Previsão de pena: determina a pena mínima e máxima (no caso


brasileiro), a partir de suposto grau de culpabilidade do sujeito e
proporcionalidade do bem jurídico afetado;

- Princípio da proibição de analogia: não deve ser aplicada uma


analogia que prejudique quem cometeu tal fato (in malan partem).
Também pressupõe a não condenação de um costume individual,
de forma isolada.
In malan partem: analogia em que adota-se uma lei prejudicial ao
réu;
In bonna partem: em favor do réu; -> analogia permitida

EX.: o Código proíbe uma mesma pessoa de manter 2


casamentos ao mesmo tempo, mas nada se diz sobre a união
estável. Não aplica analogia se for prejudicial ao acusado.

- Princípio da anterioridade: o fato deve ocorrer na vigência da lei,


ou seja, a lei penal incriminadora deve entrar em vigor antes da
prática da conduta delituosa:
“Abolitio criminis”: publicação de lei que extingue o delito
anteriormente previsto no ordenamento jurídico. Nesse sentido,
apenas as leis que forem benéficas ao réu retroagem, logo uma
lei penal mais severa nunca retroage (que pode prejudicar o réu).
Esse princípio (da retroatividade da lei penal penal mais benéfica)
não vale para as leis processuais. Em caso de leis mistas
(processuais e penais), apenas as benéficas retroagem se houver
respeito à coisa julgada.
2 - Princípio da Adequação social: a ação/o comportamento praticado é
considerado tolerável socialmente. Também auxilia o legislador na seleção dos
bens jurídicos selecionados para proteção;

3 - Princípio da Insignificância: a ação/o comportamento não é tolerável, mas é


considerado insignificante, ou seja, o bem jurídico afetado ou a conduta
causadora de dano ao bem jurídico é considerado insignificante para o
ordenamento jurídico. Em casos de crimes com violência, nunca pode-se
alegar esse princípio. O STF determinou os vetores de aplicação: 1) ausência
de periculosidade social da ação; 2) reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento; 3) ofensividade mínima da conduta; e 4) inexpressividade da
lesão jurídica provocada;

Esses dois princípios descritos acima (adequação social e insignificância)


possuem um grande ponto em comum, que é a exclusão da tipicidade, que é a
reunião dos elementos subjetivos e objetivos que a lei proíbe, seja ela formal
ou material, para o direito penal;

4 - Princípio da ofensividade: não é qualquer lei (seja ela penal ou


incriminadora) que é por si só aplicável a sociedade. Para que alguma conduta
seja considerada crime, é necessário uma lesão efetiva ou ameaça
real/concreta ao bem jurídico protegido, ou seja, aquela conduta que é capaz
de lesar algum bem jurídico. Portanto, é considerado um critério normativo de
seleção da lei, que é suscetível a um controle de constitucionalidade.

5 - Princípio da culpabilidade: não há crime, nem pena, sem culpabilidade.


Premissa: nullum crimen sine culpa (não há pena sem culpa). Se não houver
culpa ou dolo, logo não pode haver punição penal do sujeito ator. A
culpabilidade, então, é considerada um “juízo de reprovação, o qual recai sobre
o agente de um fato típico e antijurídico, presente sempre que o agente for
imputável, puder compreender o caráter ilícito do fato e dele se puder exigir
conduta diversa” (Stefam Gonçalves). Logo, a culpa enquanto responsabilidade
penal (dolo ou culpa). Possui três acepções:
a) Natureza constitucional: origem/fundamento da culpabilidade na
reprovação pelo comportamento considerado antijurídico e, logo,
suscetível a penas.
- Baseado no princípio da dignidade da pessoa humana
(dominante) ou no princípio da legalidade;
- “as pessoas são culpadas pelo o que elas fazem, não pelo o que
elas são” (distinção e tensão entre FATO X AUTOR). Obs: exceção
do homicídio impróprio, pois a falta de conduta é esperada;

b) Processual-penal: - princípio do estado de inocência presumida:


inocência até o trânsito em julgado (decisão definitiva, sem recursos).
- O princípio da culpabilidade ocorre quando há uma sentença em
julgamento. A prisão cautelar não é princípio da culpabilidade;

c) Penal (Teoria do Delito): culpabilidade é um elemento do conceito de


delito:

CULPABILIDADE FINALISTA:
1. Imputabilidade: para a pessoa ser culpada, deve enquadrar-se
em dois requisitos: idade penal (BR: 18 anos) e desenvolvimento
mental completo;
2. Potencial consciência da ilicitude: só é culpado, se tal coisa é
proibida, aquela pessoa que sabe ou deveria saber disso;
* erro de proibição: erro que recai sobre o objeto
3. Poder agir conforme o direito: se o sujeito poderia ou não agir
conforme o direito, relacionado ao juízo de valor;

6 - Princípio da intervenção mínima (ultima ratio): garantia de autonomia e


liberdade ao indivíduo, logo o direito penal não deve interferir excessivamente
na vida dos indivíduos (a lei não penal não é a primeira opção para resolver
conflitos sociais, e deve ser aplicada apenas quando as outras tentativas foram
frustradas - deve ser a última e não a prima ratio);

7 - Princípio da fragmentariedade: O Direito Penal cuida de fragmentos da


sociedade, e não deve cuidar de todos os conflitos, apenas daqueles
importantes. Nesse sentido, também a criminalização de ações ou omissões
serão destinadas aos bens jurídicos de maior relevância. É uma mensagem
político-criminal;

8 - Princípio da subsidiariedade: o Direito Penal é subsidiário, e só deve intervir


em uma determinada questão se outros ramos do direitos não intervirem/ não é
aplicada certa norma. Parte da premissa lex primaria derogat legi subsidiariae:
a lei primária prevalece sobre a lei subsidiária. Exemplo.: direito administrativo
sancionador;

9 - Princípio da proteção exclusiva dos bens jurídicos: O Direito Penal tem


função de proteção/tutela dos bens jurídicos, fundamentais e reconhecidos pela
Constituição, ou seja, de evitar a lesão desses bens. Logo, afasta-se os valores
morais, religiosos, éticos ou ideológicos;

10 - Princípio da proporcionalidade: as penas devem ser proporcionais à


gravidade da infração penal cometida, de forma ponderada: sem exagero na
punição ou extrema liberdade no cumprimento da pena. É um princípio
baseado em três critérios, baseados na definição de proporcionalidade no ramo
do Direito Constitucional: se a pena é adequada, necessária e proporcional em
sentido estrito (avaliação dos pesos). Também, a partir desse princípio são
formulados os tipos penais e a previsão de pena, o que corresponde ao critério
da proporcionalidade;

11 - Princípio da Humanidade: as penas devem levar em conta a dignidade da


pessoa humana. É função do Direito Penal o bem estar social. Logo, são
vedadas as penas de caráter de prisão perpétua, castigo físico, pena de morte,
trabalhos forçados, banimento (excessões quanto ao Estado de Guerra
declarada, como escrito no Direito Penal Militar);

12 - Princípio da Retroatividade da Lei Penal mais benéfica: o princípio da


irretroatividade da lei: é o fato de uma lei que está em vigência atualmente
jamais poder manifestar efeitos em situações ocorridas antes de sua
publicação, sob o regime, ou vigência, de alguma lei anterior a qual foi
revogada ou modificada.
Em regra, no Direito Penal, deve-se seguir o princípio da irretroatividade da
lei, fazendo com que novas leis que entram em vigor se envolvam apenas em
eventos que ocorrem sob sua vigência. Entretanto, abre-se exceção a essa
regra quando se tratar de uma lei penal mais benéfica, “voltando no tempo”
para favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido decidido por sentença
condenatória transitada em julgado. Esse tipo de caso, excepcional, de
exceção é o princípio da retroatividade. De forma mais breve, o princípio da
retroatividade é quando uma decisão, tomada antes da lei atual entrar em
vigência, é mudada, apenas, para benefício do agente autor do ato.

● NORMA PENAL EM BRANCO: são normas penais que quando tipifica


um crime possuem preceito genérico e incompleto, logo, para sua
aplicação, é necessário um complemento, o qual pode estar em outra lei
ou diploma infralegal (portarias). Corresponde a uma exceção à
taxatividade.
Portaria: define certos conceitos (por exemplo, a ANVISA define quais
são os tipos de drogas e quais são consideradas lícitas e ilícitas);

As normas penais são compostas por dois preceitos. O primeiro preceito de


uma lei penal contém a descrição, objetiva, de um ato ilícito; já o segundo
preceito contém a descrição da sanção aplicável à conduta descrita na primeira
parte, ou seja, é a descrição da pena a ser aplicada. Quando, sobretudo, no
primeiro preceito não é evidente a descrição do que é/pode ser determinado
elemento , é necessário, então, esse complemento.

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (CPB)

- Art 1°: Anterioridade da lei penal: “não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”
Ligado ao princípio da anterioridade e da segurança jurídica, ao utilizar
do princípio de retroagir as leis benéficas. Também, o princípio da
legalidade, que é um direito de reserva legal do cidadão. Reafirma o
que diz a Constituição no Art. 5°, inciso XXXIX.
- Art 2°: Lei Penal no Tempo: “Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado”.
Em outras palavras, caso haja a extinção de um crime, o sujeito que
praticou determinado delito (que agora é extinto) não pode ser mais
punido. Está relacionado ao princípio da retroatividade da lei penal mais
benéfica e o princípio da irretroatividade.

- Art 3º: Lei Excepcional ou Temporária: “A lei excepcional ou temporária,


embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vigência”.
Uma lei excepcional é aquela que vige durante uma determinada
situação. Uma lei temporária é aquela que dura um período determinado
previamente.
EX.: Lei geral da Copa -> regeu durante o período da Copa das
Confederações (2013) e da Copa Mundo de 2014 realizadas no Brasil;

Possui efeitos de ultratividade para serem obedecidas, dentre eles, a


futura retroatividade negada, o que é considerado uma exceção da
retroatividade. (a pena de um delito é aumentada e quem desrespeitar
esses delitos sofre maiores penas do que fora do período de vigência
desta lei. Após o término do período de vigência, a pena não sofrerá
retroatividade).

- Art 4°: Tempo do crime: “Considera-se praticado o crime no momento da


ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Ou
seja, o crime só ocorre no momento de ação ou de omissão, mesmo
com resultados futuros. Essa definição depende do “verbo” da lei, pois o
tempo pode ser rápido (homicídio) ou em excesso (guardar). Possui dois
resultados:
1. Naturalístico: modificação do mundo exterior, que é percebida
pelos sentidos (homicídio, lesão corporal, etc);
2. Normativo: desobediência explícita ao comando legal (dirigir
embriagado);

-> Teoria da atividade: considera-se o momento do crime aquele momento de


ação ou omissão (conduta comissiva ou omissiva); UTILIZADA NO BRASIL
-> Teoria do resultado: considera-se o momento do crime aquele momento da
produção do resultado;
-> Teoria da ubiquidade (mista): considera-se o momento do crime na conduta
e no momento do resultado;

- Art 5°: Territorialidade: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de


convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional”. Baseado no princípio da soberania
nacional, mas que gera exceções quanto aos tratados/acordos
internacionais, os quais o Brasil abre mão de aplicar sua lei penal;
-> Embarcações e aeronaves públicas brasileiras: aplica-se a lei brasileira;
-> Embarcações e aeronaves privadas: aplica-se a lei do país onde está no
momento, em alto-mar, do país da bandeira;
-> Embarcações e aeronaves privadas mas destinadas à serviço público:
aplica-se a lei brasileira;

- Art 6: lugar do crime: Considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado”. Relacionado à
competência nacional aos critérios de limitação do lugar. Utiliza-se da
teoria da ubiquidade.
Crimes de fronteira: tanto faz (ambas as partes): os territórios envolvidos
possuem competência para julgar o caso e aplicá-lo sob sua lei penal.
Em caso de conflito entre as nações, o julgamento será pelo Tribunal
continental (Tribunal Pan-americano).
LIVRO “DOS DELITOS E DAS PENAS” DE BECCARIA

O livro “Dos delitos e das penas”, escrito pelo filósofo jurista do iluminismo
italiano Cesare Beccaria, é uma das principais referências ao Direito Penal
moderno. Nele, é adotado uma postura utilitarista a dogmática penal, ou seja,
de que as leis servem como forma de manter a vida em sociedade, frear as
paixões individuais e garantir o máximo de liberdades possíveis, mesmo que
viver em sociedade custa abdicar outras liberdades, porém essa renúncia gera
novas liberdades, como cita o livro, abdica-se da liberdade de matar alguém
para garantir a liberdade à vida, logo gerando o bem comum, Além disso,
durante o livro, o jurista defende a igualdade perante a lei para todos os seres
humanos, para assim evitar crimes ao garantir segurança/proteção jurídica, o
que revela certos princípios, incluídos no direito penal, como o princípio da
igualdade e da justiça social, inclusive ele utiliza do exemplo de que para
alcançar uma sociedade mais justa deve-se considerar que um tapa em
alguém poderoso seja punido igualmente a um tapa a um homem carregador.
Portanto, cabe a lei ser igual a todos para garantir liberdades e paz social. Para
o autor, uma pena serviria como uma forma de evitar crimes de forma racional,
logo ela precisa ser útil por dupla utilidade: ao proteger do criminoso em
questão e contribuir para evitar que novos crimes ocorram.
Em relação ao conteúdo do livro, cabe mencionar sua posição em relação a
justiça retributiva, a qual, segundo ele não é necessariamente útil a sociedade,
o que entra em conflito com a Teoria Retributiva e respalda a Teoria Preventiva,
pois para ele a pena precisa ser justa e proporcional para assim evitar novos
crimes de forma racional. Sobre a tortura, considera como absolutamente inútil,
pois “os inocentes têm tudo a perder” e os culpados “tudo a ganhar”, já que os
mais fortes suportam melhor a tortura e não confessam meus crimes, enquanto
um inocente confessa para sofrer menos. A principal questão em torno do livro
é justamente o fato dela ter sido uma das doutrinas marcantes quanto a críticas
a pena de morte, ainda bastante comum naquela época, porque Beccaria se
posiciona contra a pena de morte e admite que pior do que outras penas para
prevenir crimes, por isso é inútil a sociedade, primeiro, por ser intensa, a dor, o
sofrimento é pouco comparado a penas extensas que esperam ser aplicadas, o
que gera menor preocupação e medo por parte do criminoso, visto que a
certeza de punibilidade (a não impunidade) seria o melhor caminho para mitigar
a criminalidade, e não penas mais duras, segundo, o caráter impreciso da
justiça, que pode errar, porém a pena de morte é irreversível, então em casos
de erro, a justiça não seria feita, terceiro, o fato dela ter existido em quase toda
a história da sociedade e mesmo assim não ter diminuido os indíces de
criminalidade, e por fim, por ser antieducativa, que ao invés de prevenir,
promove uma maior cultura de violência e morte. Conclui sua teoria ao dizer
que a educação universal é uma das melhores maneiras de prevenir novos
crimes.
RESUMO 2.0:

➔ Utiliza de postura utilitarista;


➔ Pena útil como meio de prevenir novos crimes e garantir
segurança jurídica aos cidadãos;
➔ As leis são meios de garantir a vida em sociedade e de
liberdades;
➔ Viver em sociedade exige abdicar de liberdades, mas que ao
mesmo tempo essa abdicação garante novas liberdades;
➔ Condena o Suplício, pois é um espetáculo que não educa as
pessoas;
➔ Condena a tortura, pois ela pune inocentes/inocenta culpados;
➔ Condena a delação premiada, pois incentiva a traição, promove a
desigualdade entre os culpados e causa fraqueza na justiça;
➔ Condena a pena de morte, pois ela é intensa (curta), irreversível,
antieducativa (ao normalizar a violência) e não ter comprovação
de resultado efetivo na história; -> princípio da dignidade da
pessoa humana
➔ A segurança da pena útil é o fato dela ser aplicada efetivamente,
de forma a gerar ausência de impunidade, por meio da agilidade
do processo e da impessoalidade dos juízes;
➔ Educação como melhor forma de garantir de prevenir os novos
crimes;
QUESTÕES:

1) Quais foram as contribuições do livro “Dos Delitos e das Penas” de Cesare


Beccaria para o Direito Penal atual?

O livro “Dos Delitos e das Penas” de Cesare Beccaria possui muitas


contribuições para o Direito Penal atual. Por tratar-se de uma doutrina crítica a
comportamentos cruéis, desumanos e desproporcionais, como a tortura, pena
de morte, suplício, dentre outras, as quais fundamentam, por exemplo, o
princípio da dignidade humana, também presente no ramo do direito penal, ao
vedar punições e castigos pesados, físicos e baseados em uma justiça
retributiva, de influência da Lei de Talião, ou seja, não era com outro crime
(morte) que se punia o criminoso, mas sim com penas (justas e proporcionais
ao crime) que sejam aplicadas concretamente, logo são penas úteis, com dupla
utilidade ao garantir a proteção contra o criminoso e evitar novos crimes
futuros, o que colabora com a Teoria Preventiva da pena. Também, no livro é
posto a questão da igualdade perante a lei que deveria, em tese, ser
independente da classe, gênero e raça. Com isso, pode-se atribuir uma postura
mais humanitária e racional ao Direito Penal de forma geral, sobretudo com os
múltiplos princípios utilizados nesse sistema, a título de exemplo, o direito à
presunção de inocência, direito a julgamento justo e imparcial, direito a defesa
adequada e o direito a um tratamento humano durante a detenção e a punição.
Essas ideias discutidas na doutrina em questão influenciaram vários países a
adotarem esses princípios em suas respectivas legislações, preferencialmente
as penais, por meio de reformas legislativas e penitenciárias.

QUESTÕES - PROVA DA 82

1) Dissertar sobre as teorias do fim da pena


2) Os fundamentos filosóficos do direito penal do inimigo (Jackobs)
3) Diferença entre lei penal temporária e lei penal excepcional

4) Explique a prova penal em branco

5) A teoria adotado pelo código da lei penal no espaço

6) Dissertar sobre dois princípios

Você também pode gostar