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Direito Penal II – Teoria da Pena

História e Evolução da pena


ANTIGUIDADE:

 A pena originariamente com caráter sacral;


 A pena tinham um caráter coletivo, todos participavam de tais castigos
( MOTIVO?);
 A privação de liberdade era totalmente desconhecida;
 A ideia de castigo predominava, a sanção mais frequentemente aplicada era a
morte, açoites, castigos corporais, mutilações e outros suplícios..

IDADE MODERNA:
 A fome e pobreza se estendem por toda a Europa;
 O que fazer com os deserdados da fortuna? Pena de morte? Matar todo
mundo?
 Entre o final do século XVI e inicio do século XVII nascem as prisões organizadas
 locais de correção dos apenados.

PERÍODO ILUMINISTA (Final do século XVIII e início do século XIX)


 Um marco inicial para uma mudança de mentalidade no que dizia respeito à
aplicação das penas;
 Ideias de Beccaria, em sua obra intitulada Dos Delitos e das Penas (1964)

DA TEORIA JURÍDICA DA PENA: FINALIDADES [FUNÇOES] DA PENA

1. TEORIA ABSOLUTA, RETRIBUTIVAS OU DA REPRESSÃO – A PENA COMO


RETRIBUIÇÃO DE CULPABILIDADE:
 A pena representa a imposição de um MAL JUSTO contra o MAL INJUSTO do
crime  necessária para REALIZAR A JUSTIÇA e/ou RESTABELECER O DIREITO;
 a pena funciona como a EXPIAÇÃO DE CULPABILIDADE lembra os suplícios e
fogueiras medievais;
 TALIÃO:
Levítico 24,19-20: “Se um homem ferir um compatriota, desfigurando-o, como ele
fez, assim se lhe fará: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. O dano
que se causa a alguém, assim também se sofrerá”.
Êxodo 21 e Deuteronômio 19.21: “Vida por vida, olho por olho, dente por dente,
mão por mão, pé por pé”.
 KANT (1797, p. 331): “A justiça retributiva funciona como uma lei inviolável, um
imperativo categórico pelo qual todo aquele que mata deve morrer, para que
cada um receba seu valor de seu fato e a culpa do sangue não recaia sobre o
povo que não o puniu seus culpados”.
 HEGEL (1821, p. 284): o crime é a negação do direito e a pena é a negação do
crime. Desta forma, a pena como reafirmação do direito só é consumada
através da justiça retributiva.
 Código penal – art. 59, CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime: 

2. A TEORIA RELATIVA, FINALISTA, UTILITÁRIAS OU DA PREVENÇÃO:


 Argumento dominante nos séculos 19 e 20;
 Dava-se à pena um fim exclusivamente prático, em especial o de prevenção
 O fim da pena é a prevenção geral, quando intimida todos os componentes da
sociedade, e de prevenção especial, ao impedir que o delinquente pratique
novos crimes, intimidando-o e corrigindo-o

2. A PENA COMO PREVENÇÃO ESPECIAL:


 Sentença criminal deve respeitar o princípio da individualização da pena:
Art. 5º da CF. (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
 Sentença criminal deve fixar uma pena NECESSÁRIA e SUFICIENTE para
prevenção do delito:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.

 Efeitos nocivos da prevenção especial negativa – ineficácia da função corretiva


é patente;
 Falha da função preventiva especial positiva;

3. A PENA COMO PREVENÇÃO GERAL:


 A pena criminal teria duas dimensões, sendo uma dimensão preventiva geral
NEGATIVA e a outra uma dimensão preventiva geral POSITIVA;
 Prevenção geral NEGATIVA:
 A norma penal aparece como uma forma de INTIMIDAÇÃO PENAL (IMPOSIÇÃO
DE SANÇÃO);
 Teoria da Coação Psicológica (FEUERBARCH, 1966, p. 38): o Estado espera que a
ameaça da pena DESESTIMULE pessoas a praticarem delitos.

Prevenção geral POSITIVA:


 LUHMANN (Teoria da Sociedade) – o Direito tem as funções:
1. Estabilização do sistema social;
2. Orientação da ação;
3. Institucionalização de expectativas normativas.
 ROXIN (1997): a sanção penal tem sua legitimação na proteção de bens
jurídicos;
 JAKOBS (1993): a pena é a (re)afirmação da validade da normal penal violada;

4. AS TEORIAS MISTAS, UNIFICADAS [ ECLÉTICOS] : A PENA COMO RETRIBUIÇÃO E


PREVENÇÃO
 A pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime,
pela reeducação e pela intimidação coletiva .
 Não só a prevenção, mas também um misto de educação e correção.

CRÍTICA:
 Os defeitos das teorias isoladas não permitem superar as debilidades quando
as teorias são unificadas;
 O Estado busca adoção de uma pluralidade de discursos legitimadores capazes
de racionalizar a punição do caso em concreto – são teorias contraditórias com
finalidades EXCLUDENTES;
RESPOSTAS AO COMETIMENTO DE CRIME NO BRASIL VOLTADAS A UM MODELO
MAIS CONSENSUAL: JUSTIÇA RESTAURATIVA, REPARATÓRIA E NEGOCIADA

JUSTIÇA RESTAURATIVA
 Baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da
infração penal (autor, vítima e, em alguns casos, a própria comunidade);
 A JR sustenta que, diante do crime, sua solução perpassa pela restauração, ou
seja, pela reaproximação das partes envolvidas para que seja restabelecido o
cenário anterior (de paz e higidez das relações sociais).
JUSTICA REPARATÓRIA :
 se faz por meio da conciliação promovida pelos órgãos integrantes do sistema
criminal, como ocorre na transação penal (Lei nº 9.099/95) e nos termos de
ajustamento de conduta para a reparação dos danos ambientais nas infrações
da Lei nº 9.605/98.
 EX: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de
2008) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008).
JUSTIÇA NEGOCIADA
 Na Justiça Negociada, proveniente sobretudo do direito americano, o agente e
o órgão acusador acordam acerca das consequências da prática criminosa, o
que, evidentemente, pressupõe a admissão de culpa.
 Influencia do sistema plea bargaining, que pode consistir na negociação sobre a
imputação.
ESTUDO SOBRE A PENA
SANÇÃO PENAL:
 Sanção penal é a resposta estatal, no exercício do ius puniendi e após o devido
processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma
contravenção penal. Divide-se em duas espécies: PENAS e MEDIDAS DE
SEGURANÇA.

PENA:
 É a espécie de sanção penal consistente na privação ou restrição de
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em
decorrência do cometimento de uma infração penal, com a finalidade de
castigar o responsável, prevenir a prática de novos crimes e ressocializar o
condenado.
 A pena pode privar ou limitar algum bem jurídico do condenado.
1. Liberdade – PPL;
2. Patrimônio – Multa, prestação pecuniária, perda de bens e valores;
3. Vida – pena de morte.

FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA PENA


 PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: nulla poena
sine lege – somente a lei pode cominar a pena;
 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: nulla poena sine praevia lege – a lei que
comina a pena deve ser anterior ao fato que se pretende punir;
Art. 5º, inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
 PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE, INTRANSCEDÊNCIA OU RESPONSABILIDADE
PESSOAL: a pena não pode em hipótese alguma, ultrapassar a pessoa do
condenado.
Art. 5º, inciso XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;
 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: tem como escopo evitar a
padronização da pena, ou seja, a aplicação da pena mecanizada,
computadorizada. Obedece três fases: 1. Legislativa, 2. Judicial, e 3. Execução;
Art. 5º, inciso XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
 PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE: Foi durante o Iluminismo, marcado pela
obra “Dos delitos e das penas” (Beccaria) que se despertou maior atenção para
a proporcionalidade na resposta estatal (Beccaria propunha a retribuição
proporcional);
A pena deve ajustar-se à gravidade do fato
sem desconsiderar as condições do agente;

 PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DAS PENAS: a pena deve respeitar


os direitos fundamentais do condenado enquanto ser humano,
não podendo assim, violar sua integridade física ou moral;
Art. 5º, inciso XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
Art. 5º, inciso XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo – art. 75 do CP;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
OBS3: o dever de trabalhar do apenado nos arts. 39 e 41 da LEP não constitui
trabalho forçado.
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
(...) V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
(...) II - atribuição de trabalho e sua remuneração

 PRÍNCIPIO DA INDERROGABILIDADE:

OUTRAS REGRAS CONSTITUCIONAIS:


 o cumprimento da pena será realizado em estabelecimento distinto,
respeitando a natureza do delito, a idade e o sexo do condenado – art. 5º,
XLVIII, CF;
 serão asseguradas as presidiárias as condições para que possam realizar a
amamentação do seus filhos durante todo esse período – art. 5º, L.

PENAS PROIBIDAS NO BRASIL:


 PENA DE MORTE: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
 PENAS DE CARÁTER PERPÉTUO
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
 PENA DE TRABALHO FORÇADO
OBS: NÃO SE CONFUNDE COM O TRABALHO PREVISTO NA LEP:
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
 PENAS DE NATUREZA CRUEL

TEORIA DA PENA

CÓDIGO PENAL:
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para REPROVAÇÃO e PREVENÇÃO do crime.
 LEP (LEI 7.210/84):
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando
PREVENIR O CRIME E ORIENTAR O RETORNO À CONVIVÊNCIA EM SOCIEDADE.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e
PREPARÁ-LOS PARA O RETORNO À LIBERDADE.

CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS:


SANÇÃO PENAL:
1.PENAS:
A) PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
1. Reclusão
2. Detenção
3. Prisão simples
B) RESTRITIVAS DE DIREITOS:
1. Prestação pecuniária
2. Perda de bens e valores
3. Prestação de serviços a comunidade
4. Interdição temporária de direitos
5. Limitação de final de semana
C) MULTA
2. MEDIDAS DE SEGURANÇA:
A) DETENTIVA: internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;
B) RESTRITIVA: sujeição a tratamento ambulatorial.
ESPÉCIES DE PENA SEGUNDO CP
 Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - privativas de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - restritivas de direitos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - de multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

 ART 33 DO CP A pena de reclusão deve ser cumprida


em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção,
em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.
 O ART. 33, PARÁGRAFO 2º DO CP:
§ 2º As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

APLICAÇÃO DAS PENAS

A) ISOLADAMENTE: comina-se uma única pena em virtude da prática da infração


penal. Ex: art. 121, caput, CP;
 Art. 121. Matar alguem:
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
B) CUMULATIVAMENTE: o tipo penal prevê aplicação de duas espécies de pena em
conjunto. Ex: art. 157, caput, CP;
 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
C) PARALELAMENTE: cominam-se, alternativamente, duas modalidades da mesma
pena. Ex: art. 235, § 1º, CP.
 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de
dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a
três anos.
D) ALTERNATIVAMENTE: a lei dispõe ao magistrado a aplicação única de uma espécie
de pena. Ex: art. 140, caput, CP.
 Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

MENOR: INTERNAÇÃO E NÃO PENA


 A internação é aplicável a adolescentes, pessoas que têm entre 12 e 18 anos,
de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecido
como ECA (Lei n. 8.069/1990). 
 A internação é uma das 12 medidas que o Poder Judiciário pode aplicar ao
adolescente que comprovadamente tiver cometido ato infracional, de acordo
com o Capítulo IV do ECA. A restrição de liberdade poderá durar no máximo
três anos, sendo que a manutenção da internação deverá ser reavaliada a cada
seis meses. Ao completar 21 anos, qualquer pessoa condenada à medida
socioeducativa da internação será liberada obrigatoriamente.

EXECUÇAO PROVISÓRIA DA PENA


 Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em
julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
 O principal argumento daqueles que são contrários à execução provisória da
pena é a alegação de que ela violaria o princípio da presunção de inocência,
previsto no art. 5º, LVII, da CF/88 e que diz:
 Art. 5º (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

CONCEITO
 É a modalidade de sanção penal que retira do condenado seu direito de
locomoção, em razão da prisão por tempo determinado.

PRISÃO E SUAS NATUREZAS:


 PRISÃO CIVIL: somente utilizada para compelir algum devedor ao cumprimento
da obrigação alimentar (ex: descumprimento de pagamento de pensão
alimentícia);
Art. 5º. (...):
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
 PRISÃO PROCESSUAL (PROVISÓRIA): resulta de determinação judicial ou de
flagrante, em virtude de inquérito policial ou ação penal;
 PRISÃO POR PENA DEFINITIVA (PENAL): advém da condenação penal
transitada em julgado.

PRISÃO POR PENA DEFINITIVA


 ESPÉCIES:
1. RECLUSÃO: art. 33, caput, CP;
2. DETENÇÃO: art. 33, caput, CP;
3. PRISÃO SIMPLES: art. 5º, I, LCP.

PENA DE RECLUSÃO
 Dá-se o nome de reclusão a um tipo
de pena ou atitude privativa de liberdade.
 No ponto de vista penal e jurídico, a pena
de reclusão difere da pena de detenção na
forma da atitude criminal ou no período de tempo a ser cumprida.
 É cumprida inicialmente no regime fechado, semiaberto ou aberto (art. 33,
caput, e § 2º do CP);
 As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a. o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-
la em regime fechado;
b. o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos
e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semi-aberto;
c. o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
 No regime fechado, a execução da pena é cumprida em estabelecimentos de
segurança máxima ou média, a pessoa condenada passa os dias dentro de uma
unidade prisional.
 No regime semiaberto, a execução da pena é realizada em colônias agrícolas,
industriais ou estabelecimentos similares.
 Diz-se da execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado. O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato
definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo,
não pagar a multa cumulativamente aplicada.

PENA DE DETENÇÃO
 Consiste em uma pena imposta em sentença condenatória.
 Tal reprimenda tem menor gravidade, pois o condenado a pena de
detenção poderá iniciar o seu cumprimento apenas em regime semiaberto ou
aberto.
 Deve ser cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (art. 33,
caput, do CP);
 Regras:
a. o condenado reincidente inicia o cumprimento
da PPL no regime semiaberto, seja qual for a
quantidade de pena aplicada;
b. o primário, cuja pena superior a 4 anos, deverá
cumpri-la no regime semiaberto;
c. o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos,
poderá desde o início, cumpri-la no regime aberto.

DIFERENÇAS ENTRE RECLUSÃO E DETENÇÃO:

PENA DE PRISÃO SIMPLES


 É cabível unicamente para as contravenções penais (ou delito anão), e deve ser
cumprida sem rigor penitenciário.;
 Não há rigor penitenciário;
 Não admite seu cumprimento em regime fechado;
 O condenado deve ficar separado daqueles que estão cumprindo pena de
reclusão e/ou detenção

Reclusão x Detenção x Prisão Simples


 A pena de reclusão é aplicada a condenações mais severas, o regime de
cumprimento pode ser fechado, semi-aberto ou aberto, e normalmente é
cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou media.
 A detenção é aplicada para condenações mais leves e não admite que o inicio
do cumprimento seja no regime fechado. Em regra a detenção é cumprida no
regime semi-aberto, em estabelecimentos menos rigorosos como colônias
agrícolas, industriais ou similares, ou no regime aberto, nas casas de albergado
ou estabelecimento adequados.
 A prisão simples é prevista na lei de contravenções penais como pena para
condutas descritas como contravenções, que são infrações penais de menor
lesividade. O cumprimento ocorre sem rigor penitenciário em estabelecimento
especial ou seção especial de prisão comum, em regime aberto ou semi-aberto.
Somente são admitidos os regimes aberto e semi-aberto, para a prisão simples.

FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PPL


 Da leitura do art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal, 03 (três) fatores mostram-se
decisivos na escolha do regime inicial de cumprimento da PPL:
1. Espécie de pena;
2. Reincidência;
3. Quantidade da pena;
4. Circunstâncias judiciais;
 É competência do juiz sentenciante fixar o regime inicial de cumprimento da
PPL (art. 59, III, do CP).
 SÚMULA 718- STF:
A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO
CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS SEVERO
DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.

EXECUÇÃO DA PPL
 COMPETÊNCIA: é do juízo das execuções penais (art. 1º, da LEP e Súmula 192 do STJ);
 Impossibilidade de modificação, pelo juízo da execução, do regime prisional
equivocadamente fixado na decisão condenatória;
 A execução tem início com a expedição de guia de recolhimento (art. 105 da LEP).

PROGRESSÃO DE REGIMES
 SISTEMAS CLÁSSICOS DE PROGRESSÃO DA PENA:
. Sistema da Filadélfia;
. Sistema de Auburn;
. Sistema Inglês ou Progressivo;
 O Código Penal e a LEP adotaram o Sistema progressivo;
Art. 33, § 2º do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
1. Para os crimes cometidos sem violência ou grave ameaça:
1.1. 16% da pena se o apenado for primário;
1.2. 20% da pena se o apenado for reincidente.
2. Para os crimes cometidos com violência ou grave ameaça:
2.1. 25% da pena se o apenado for primário;
2.2. 30% da pena se o apenado for reincidente;
3. Para os crimes hediondos ou equiparados:
3.1. 40% da pena se o apenado for primário;
3.2. 60% da pena se o apenado for reincidente;
3.3. 50% da pena se o apenado for primário + crime com resultado
morte (vedado o livramento condicional);
3.4. 70% da pena se o apenado for reincidente + crime com resultado
morte (vedado o livramento condicional);
4. 50% da pena se o apenado for:
4.1. condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado;
4.2. condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada.

ATENÇÃO!!!

 Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se


ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão.
 A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada
e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.

PROGRESSÃO DE REGIME EM CRIMES HEDIONDOS


 Pena. Regime de cumprimento. Progressão. Razão de ser. A progressão no
regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semiaberto e aberto,
tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia,
voltará ao convívio social. Pena. Crimes hediondos. Regime de cumprimento.
Progressão. Óbice. Art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/1990. Inconstitucionalidade.
Evolução Jurisprudencial. Conflita com a garantia da individualização da pena –
artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal – a imposição, mediante norma,
do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência
do princípio da individualização da pena, em evolução jurisprudencial,
assentada a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/1990. (STF – HC
n. 82.959/SP, Pleno)
 Com o advento da Lei n. 11.464/2007, o art. 2º, § 1º, a progressão do regime
passou a ser expressamente admitida, sendo que o condenado deveria iniciar o
cumprimento da pena obrigatoriamente em regime fechado.
 Assim, se o apenado fosse primário, a progressão ocorreria após o
cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena; se reincidente, após o
cumprimento de 3/5 (três quintos).
 Em 2012, o Plenário do Supremo Tribunal Federal entendeu inconstitucional a
obrigatoriedade do início do cumprimento da pena em regime fechado, no caso
de condenação por crimes hediondos ou equiparados.

REGRESSÃO
 É a transferência do condenado para regime prisional mais severo do que
aquele em que se encontra;
 Hipóteses – art. 118 da LEP:
1. Prática de fato definido como crime doloso ou falta grave (art. 50 da LEP);
2. Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execução, torne incabível;
 É possível a regressão “por saltos”;
 Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma
regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos,
quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
 § 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses
referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar,
podendo, a multa cumulativamente imposta.
 § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido
previamente o condenado

OBS:O “Pacote Anticrime”, que é a Lei 13.964/2020, alterou a Lei de Execução Penal em seu art. 112,
que agora traz as regras sobre a progressão de regime de pena no Brasil, inclusive em caso de
condenação por crimes hediondos ou equiparados:
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.

DETRAÇÃO
 Consiste no desconto realizado na pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, do tempo de prisão provisória (prisão cautelar e processual) ou de
internação já cumprido pelo condenado (art. 42 do CP).

REMIÇÃO
 Benefício que consiste no abatimento de parte da pena privativa de liberdade
pelo TRABALHO ou ESTUDO;
 Não se confunde com a “remissão”, que significa perdão, e ocorre através dos
institutos da graça e do indulto; e livramento condicional.
 REMIÇÃO PELO ESTUDO: 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de
frequência escolar divididas em no mínimo 3 (três) dias. Acrescidas de 1/3
quando a conclusão de grau de ensino (valido para regime aberto e livramento
condicional);
 REMIÇÃO PELO TRABALHO: 1 (um) dia de pena descontado para cada 3 (três)
de trabalho (jornada de no mínimo 6hs/dia). Aplicar-se-á apenas aos acusados
que cumprem pena no regime fechado ou semiaberto;
 Súmula 562 do STJ: “é possível a remição de parte do tempo de execução da
pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha
atividade laborativa, ainda que extramuros”.

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
 São benefícios aplicados aos condenados quando estão inseridos nos regimes
fechado ou semiaberto;
1. Permissão de saída: benefício destinado aos condenados que cumprem pena
em regime fechado ou semiaberto, e também aos presos provisórios – art. 120 da LEP:
falecimento/doença grave; e tratamento médico;
2. Saída temporária: benefício concedido aos condenados que cumprem pena
no regime semiaberto para saída do estabelecimento sem vigilância direta – art. 122
da LEP – 35 dias – durante 5 vezes – prazo mínimo de 45 dias entre as concessões –
prazo não superior a 7 dias;
 Permissão de saída: Em relação à permissão de saída, tal ocorre por questões
humanitárias ou por necessidade de tratamento médico ou dentário (art. 120,
inciso I e II da LEP).
É deferida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso (art. 120,
parágrafo único da LEP) e a permanência do preso fora do estabelecimento
terá a duração necessária à finalidade da saída (art. 121 da LEP).
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os
presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante
escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente
ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento
onde se encontra o preso.
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à
finalidade da saída
 Saída temporária: É deferida pelo juízo da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária, e será permitida ao preso no regime
semiaberto nas seguintes hipóteses:
I – visita à família;
II – frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do
2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III – participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio
social (art. 122 da LEP).
 Requisitos: O sentenciado, além de se encontrar no regime semiaberto, deverá
preencher os requisitos previstos no art. 123 da LEP: I – comportamento
adequado (requisito subjetivo); II – cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da
pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente (requisito
objetivo); III – compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (requisito
objetivo).
 Em relação aos requisitos objetivos, o sentenciado deve cumprir, no
mínimo, 1/6 (um sexto) ou 1/4 (um quarto) da pena no regime semiaberto e o
benefício deve ter compatibilidade com os objetivos da pena. Mas não é só. O
sentenciado também deve reunir também o requisito
subjetivo, ostentando comportamento adequado, o que será certificado pelo
diretor do estabelecimento prisional

Direito dos presos


 O art. 41 da LEP traz um rol de direitos assegurados aos presos. Entre os mais
importantes, apenas a título de exemplo, podemos citar:
A) Direito a visita dos familiares;
B) Direito a alimentação suficiente e vestuário;
C) Assistência material, saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
D) Chamamento nominal;
E) Atribuição de trabalho e sua remuneração;
F) Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da
leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os
bons costumes.
TIPOS DE PRISÃO NO BRASIL
 Prisão provisória: A prisão provisória é aquela que impede a locomoção do
suspeito durante o inquérito, por um tempo determinado, com o objetivo de
preservar a investigação de crimes graves.
 Essa prisão é composta por três modalidades: temporária, preventiva e
flagrante.
 Prisões: I) prisão em flagrante; II) prisão temporária; III) prisão preventiva e;
IV) prisão por não pagamento de pensão alimentícia.
 Medidas de defesa: I) Habeas Corpus; II) Liberdade Provisória; III) Relaxamento
de Prisão; IV) Pedido de Revogação.

MEDIDAS DE DEFESA
 HABEAS CORPUS: É uma expressão em latim que significa “que tenhas o
corpo”. O nome Habeas Corpus começou então a ser usado para a ação na qual
o preso exigia seu direito de ser trazido diante de um juiz, para que ele pudesse
analisar se sua prisão era realmente justa/legítima.
 Nesse caso, qualquer pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a seu
direito de locomoção tem direito de fazer um pedido de habeas corpus. Essa
pessoa é chamada de “paciente” no processo. O acusado de ferir seu direito é
denominado “coator”. (Art. 5º LXVIII da CF e art. 647 do CP)  
 O relaxamento da prisão, o qual se dá quando a prisão é ilegal.
Segundo o artigo 5º, inciso LXV, da Constituição:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
 Trata-se de ilegalidade em qualquer prisão e não apenas na decorrente de
flagrante delito, como no caso da prisão preventiva que possui algum tipo de
ilegalidade ou que não preencheu os requisitos para a sua decretação.
 No que se refere a liberdade provisória, importante destacar que ela pode ser
concedida com ou sem o pagamento de fiança, em regra na prisão em flagrante
(artigo 310, inciso III, do CPP).
 Caso não exista ilegalidade na prisão em flagrante, apta a gerar o relaxamento
da prisão, a Autoridade Judiciária, entendendo não estarem presentes os
requisitos da prisão preventiva, concederá liberdade provisória ao indiciado,
mediante a substituição (ou não) por medidas cautelares diversas da prisão
(artigo 319, CPP), como a fiança, por exemplo.
 A revogação da prisão é a medida adequada para os casos de prisão decretada
pela Autoridade Judiciária, seja ela uma prisão preventiva ou uma prisão
temporária. Inclusive, em caso de prisão em flagrante, enquanto ela não for
convertida em prisão preventiva, o pedido correto é o de liberdade provisória.
 Após a homologação do flagrante e a sua conversão em prisão preventiva, o
ideal é o pedido de revogação da prisão (preventiva que já foi decretada).
 Observação: Portanto, o relaxamento é para prisões ilegais; a liberdade
provisória para as prisões em flagrante; e a revogação para prisões (preventivas
ou temporárias) decretadas pelo juiz.
Exemplos:
 Se estiver diante de uma prisão em flagrante e verificar que se tratou de
um flagrante forjado, faça um pedido de relaxamento da prisão, pois ela é
ilegal.
 Caso esteja diante de uma prisão em flagrante que não possui nenhuma
ilegalidade, requeira a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares
diversas da prisão (fiança, afastamento da vítima e/ou testemunhas,
monitoração eletrônica, etc.).
 Finalmente, se estiver em uma ação penal e verificar que há uma prisão
preventiva decretada (esteja ela cumprida ou não), faça o pedido de revogação
da prisão.

PRISÃO EM FLAGRANTE
 No processo penal brasileiro existem as chamadas prisões cautelares:
constrições de liberdade que ocorrem de forma não-definitiva, ou seja, que não
são resultados de uma decisão condenatória transitada em julgado.
 Em regra, temos como as principais prisões cautelares a prisão temporária, a
prisão em flagrante, a prisão preventiva (NUCCI, 2014).
 A prisão em flagrante está estabelecida nos artigos 301 a 310 do CPP, este tipo
de prisão pode ser realizada por qualquer pessoa quando alguém for
encontrado em flagrante delito.
 Ressalte-se que o dispositivo legal foi enfático no sentido de que “qualquer do
povo poderá” enquanto “as autoridades policiais e seus agentes deverão”,
expressando a faculdade do cidadão seria dever da polícia.
 De acordo com Nucci (2014), a prisão em flagrante possui natureza
administrativa e é realizada no instante em que se desenvolve ou se encerra
uma infração penal, a qual pode ser crime ou contravenção penal.
 O art. 302 do CPP define o que seria o estado de flagrante delito como sendo:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração .
 Ressalte-se que em caso de delito permanente, o estado de flagrância ocorre
enquanto não cessar a permanência do ato delituoso. Por exemplo: no caso do
crime de sequestro (art. 148 do CP), enquanto o sequestrado estiver em poder
do sequestrador poderá ocorrer a prisão flagrancial.
 A outra diferenciação importante a ser feita é entre o flagrante preparado, o
flagrante forjado e o flagrante esperado.
 O primeiro ocorre quando um agente provoca o suspeito a praticar um delito
para que possa prendê-lo. Nesse caso, é preciso destacar que tratar-se-ia de
um crime impossível, visto que seria inviável a sua consumação, já que o agente
provocador iria agir no sentido de evitar a consumação do crime (NUCCI, 2014).
 O STF, inclusive, editou o enunciado sumulado nº 145 a respeito dessa
situação, in litteris: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação”.

 Após a prisão, o flagranteado deve ser levado à presença da autoridade


competente para a colheita de depoimentos e realização do interrogatório.
Após tal procedimento e com base nas evidências colhidas, o acusado poderá
(i) ser recolhido à prisão; (ii) ser solto mediante pagamento de fiança; (iii) ser
solto sem pagamento de fiança. ( art. 310 CP)

PRISÃO PREVENTIVA
 A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natureza processual,
consistente na medida restritiva de liberdade, em qualquer fase da investigação
policial ou do processo penal, a ser decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da
ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou por representação da autoridade policial.
 Esse tipo de prisão só pode ser decretada antes do trânsito em julgado da ação
penal, desde que haja ordem judicial escrita e fundamentada nos pressupostos
legais. Esses pressupostos, que visam dar o mínimo de segurança à medida
cautelar, são: a prova inconteste da ocorrência do crime e os indícios
suficientes da autoria.
 Soma-se a esses requisitos a necessidade de comprovação de que, se o réu
continuar em liberdade, ele poderá trazer algum risco ao meio social. A fim de
garantir mais seriedade a esse instituto, a legislação brasileira se importou em
listar quais os fatores que demonstram esse periculum libertatis.
 Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime
e indício suficiente de autoria.
Parágrafo único.  A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso
de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4°).
 A decretação da prisão preventiva pode ocorrer durante toda a persecução
penal, por meio de decisão judicial. Na fase investigativa é necessária a
provocação do Ministério Público ou da autoridade policial. Em havendo
iniciado o processo penal, a determinação poderá ser de ofício ou por
provocação dos legitimados.

PRISÃO TEMPÓRARIA
 Assim como a prisão provisória, a temporária também apresenta natureza
cautelar, mas, diferentemente daquela, esta é cabível somente na fase do
inquérito policial e possui prazo de duração preestabelecido, em regra, de cinco
dias, prorrogáveis por mais cinco. Sua disciplina não está no CPP, mas sim na Lei
n° 7.960/1989.
 Por ser possível apenas na fase do inquérito, essa cautelar não pode ser
decretada de ofício pelo juiz, sendo necessária sempre a representação da
autoridade policial ou o requerimento do MP. Para que seja determinada a
prisão cautelar, ela deve ser necessária à melhor aplicação da lei penal e deve
ser adequada à gravidade do crime.
 A prisão temporária é espécie de prisão cautelar decretada em casos
específicos, com a duração máxima de cinco dias, ou de trinta dias, quando se
tratar de crime hediondo, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
 Somente o juiz, mediante representação da autoridade policial ou a
requerimento do Ministério Público, poderá decretá-la. Prevê o artigo 1º, da Lei
nº 7.960/89, que "caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida
na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes: homicídio doloso; sequestro ou cárcere privado; roubo; extorsão;
extorsão mediante sequestro".
 Assim, conforme os incisos I e II, essa medida será adotada quando for
essencial para o êxito da investigação, ou porque o investigado pode atrapalhar
no desvendamento do crime ou porque há risco de ele desaparecer. O inciso III
apresenta um rol taxativo de infrações que admitem a prisão temporária, por
exemplo, homicídio doloso, sequestro, roubo, estupro, genocídio, dentre
outros. Por fim, a doutrina majoritária afirma que para decretação da prisão
temporária é imprescindível à conjugação dos três incisos acima mencionados.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
 O Brasil participa do Pacto de San Jose da Costa Rica, também conhecido como
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Nele, o artigo 7 é todo
dedicado à liberdade pessoal. O tópico 5 afirma:
 “Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e
tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”. É o
que chamamos de Audiência de Custódia e ela evitaria muitas prisões
provisórias inapropriadas.
 A Audiência de Custódia funciona assim: dentro de um prazo de 24h, as
pessoas que foram presas em flagrante se apresentam para um juiz. É ele que
analisará se é viável manter a prisão provisória do acusado, se existe fiança
para o crime ou se outros meios de fiscalização serão adotados até o dia do
julgamento. Entre esses outros meios estão o uso da tornozeleira eletrônica.
 O juiz também pode discernir que não há motivo para a acusação da pessoa e
liberá-la. Esse direito nem sempre é praticado em todo o Brasil, haja vista a
carência que temos de magistrados para atender toda a demanda.
 Durante uma Audiência de Custódia estão presentes o juiz, que é quem decide,
mas também é preciso que o delegado descreva e documente a situação
(chamado de lavrar auto). É fundamental também a presença de um promotor
de Justiça do Ministério Público e de um advogado do acusado ou, na ausência
dele, um defensor público para atuar como tal.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

  Penas restritivas de direitos (Código Penal)


 Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
        I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
        II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
        III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 9.714,
de 25.11.1998)
        V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
        VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
      I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o
crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
    II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
    III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 1o (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
   § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou
por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de
direitos.  (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
    §4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade
a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.  (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
   § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998).

Conversão das penas restritivas de direitos


 Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste
e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
   § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada
pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta)
salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação
de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação
pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
  § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for
maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
em conseqüência da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
  § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas


     Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei nº
9.714, de 1998)
       § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição
de tarefas gratuitas ao condenado.  (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
       § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou
estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
    § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo
a não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
       § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a
pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de
liberdade fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
Interdição temporária de direitos (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
      Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: 
     I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
    II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder público ;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
    III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. 
  IV – proibição de freqüentar determinados lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
     V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos
  Limitação de fim de semana
   Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e
domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento
adequado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades educativas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Conceito:
As penas restritivas de direitos também são chamadas de penas “alternativas”, pois
são uma alternativa à prisão, ao invés de ficarem encarcerados, os condenados
sofrerão limitações em alguns direitos como forma de cumprir a pena.
Qual a intenção do legislador ao criar as penas restritivas de direito?
Buscar um meio alternativo para substituir a aplicação da PPL em casos em que os
indivíduos são dotados de condições subjetivas específicas e envolvidos na prática de
ações penais de reduzida gravidade.

Espécies:
Características:
1. O rol do art. 43 é taxativo (ou exaustivo), não podendo o magistrado criar uma outra
espécie de medida alternativa (PRD);
2. São SUBSTITUTIVAS, porque resultam de um procedimento judicial, onde o
magistrado depois de aplicar uma PPL, ele efetua sua substituição por uma PRD
(cumulada ou não);
3. São dotadas de AUTONOMIA, pois uma vez substituídas, elas não poderão ser
cumuladas com a PPL;
4. São também REVERSÍVEIS, pois admitem em certas hipóteses, a reaplicação da PPL
substituída;
5. Geralmente não estão presentes no preceito secundário dos tipos penais.

Requisitos:
A substituição da PRD está condicionada ao atendimento dos requisitos (objetivos e
subjetivos) elencados no art. 44 do CP:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
 Requisitos objetivos:
– CRIMES DOLOSOS: pena não pode ser superior a 4 anos e deve ter sido
cometido sem emprego de violência ou grave ameaça (inciso I);
– CRIMES CULPOSOS: qualquer que seja a pena cominada, ainda que resulte da
produção de violência contra a pessoa (inciso I). (Exemplo: homicídio culposo, art. 121, § 3º do CP);
 Requisitos subjetivos:
- inciso III fala dos requisitos subjetivos e que a PRD deve ser adequada e suficiente
para atingir as finalidades da pena (PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA);
- A lei 11.343/06 proibiu taxativamente a substituição da PPL por PRD no crime de
tráfico de drogas, conforme se pode ver na redação do art. 44 dessa lei. Mas, o STF
decidiu pela inconstitucionalidade, por entender que se trata de uma ofensa ao
princípio da individualização da pena;
- Não se admite a substituição no âmbito dos crimes militares.

QUAL O PRAZO DA PRD?

REGRA:
As penas restritivas de direitos terão a mesma duração da
pena privativa de liberdade substituída (art. 55 do CP).
EXCEÇÃO:
1. A prestação pecuniária e a perda de bens e valores se esgotam no momento em que
são adimplidas as obrigações respectivas (art. 55, caput, CP);
2. Prestação de serviços à comunidade - esta espécie de pena restritiva de direito
poderá ser cumprida em até metade do tempo da pena privativa de liberdade, se a
pena for superior a 1 (um) ano (art. 55 c/c art. 46, §4°, ambos do CP) .

RECONVERSÃO DA PRD EM PPL


HIPÓTESES PREVISTAS NO CP:
A) Art. 44, § 4º do CP – Descumprimento injustificado DAS RESTRIÇÕES IMPOSTAS;
B) Art. 44, § 5º do CP – Superveniência de condenação por outro crime.
Outras hipóteses previstas no art 181 da LEP:
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a
intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar
serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;
d) praticar falta grave;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não
tenha sido suspensa.

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA:
 Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social;
 Fixada pelo juiz em valor não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos – (Art. 45, § 1º do CP);
 O valor pago a título de prestação pecuniária será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários (art. 45 , § 1°, CP);

PERDA DE BENS E VALORES:


 Cuida-se de pena restritiva de direitos que consiste na retirada de bens e
valores integrantes do patrimônio lícito do condenado, transferindo-os ao
Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto - o que for maior - o
montante do prejuízo causado OU do provento criminoso obtido pelo agente
ou por terceiro (art. 4 5 , §3° do CP);
 Para à aplicação dessa PRD exige-se que o crime tenha produzido algum tipo de
prejuízo à vítima ou ainda proporcionado algum tipo de vantagem patrimonial
ao responsável pelo crime ou terceiro;
 Não se confunde com o confisco (efeito da condenação) do art. 91, inciso II, do CP.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A COMUNIDADE OU A ENTIDADES PÚBLICAS:


 Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, que devem ser
executadas em comunidades ou entidades públicas
(ex.: hospitais, escolas, orfanatos,
programas comunitários);
 Somente é aplicável as condenações
superiores a 6 (seis) meses de privação
da liberdade (art. 46, caput, CP);

INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS:


São penas de interdição temporária de direitos (art. 47, CP):
1. Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo;
2. Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
3. Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
4. Proibição de frequentar determinados lugares;
5. Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
Os incisos I e II são aplicáveis exclusivamente aos crimes cometidos no exercício de
profissão, atividade, cargo, ofício ou função, sempre que houver violação dos deveres
que lhe são inerentes;
O inciso I não se confunde com o efeito da condenação disposto no art. 92, I do CP;
O inciso III somente se aplica aos crimes culposos de transito (art. 57 do CP);
O inciso V trata-se de uma vedação as funções e cargos públicos, pela ausência de
lisura e de idoneidade moral do agente.

LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA:


 Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco)
horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado,
podendo ser ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas
nesses períodos – art. 48, CP;
 Visa a reestruturação intelectual e social do condenado.

PENA RESTRITIVA DE DIREITO X VIOLENCIA CONTRA MULHER


 Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos

PENA DE MULTA – ART. 49 A 52


Definição:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia
fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
Multa
    Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
    § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
     § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção
monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   Pagamento da multa
    Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A
requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se
realize em parcelas mensais.         (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do
condenado quando:         (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   a) aplicada isoladamente;         (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
  b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos
   c) concedida a suspensão condicional da pena.         (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua
família.        
Conversão da Multa e revogação         
    Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição.            (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º -          (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
§ 2º -           (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
  Suspensão da execução da multa.
   Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.        

Espécies de multa:
 Cominada diretamente no preceito secundário do tipo penal incriminador;
 Multa substitutiva;
 A pena de multa vem cominada no preceito secundário do tipo incriminador
(isolada, alternativa ou cumulativa com a PPL) ou substitutiva da prisão (art. 44 do CP);
 É uma espécie de sanção penal patrimonial, consistente na obrigação imposta
ao sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em
dinheiro.
 CUIDADO!!! Não se confunde com a prestação pecuniária.

FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL


A. É um órgão do Ministério da Justiça;
B. Foi instituído pela Lei Complementar nº 79/1994;
C. É formado por recursos decorrentes das penas de multas aplicadas em
sentenças condenatórias transitadas em julgado;
D. Sua finalidade é proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as
atividades de modernização do Sistema Penitenciário Brasileiro.
CRITÉRIO ADOTADO PARA A PENA DE MULTA
EXCEÇÃO:
 Crimes de propriedade industrial (Lei 9.279/1996) e nos Crimes previstos entre
os arts. 33 a 39 da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): o valor final da pena de multa
pode ser aumentado até 10 X;
 Crimes contra o sistema financeiro nacional: o valor do dia-multa pode ser
estendido até 10X.

PAGAMENTO DA MULTA
 A pena de multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias após o trânsito em
julgado da sentença condenatória – art. 50, CP;
 Atendendo a requerimento do condenado, o juiz pode permitir o parcelamento
da pena de multa;
 A cobrança da pena de multa poderá ser efetuada mediante desconto na
remuneração do condenado (art. 168 da LEP).

EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA


Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as
normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição.            
        § 1º -          (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
        § 2º -           (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

NÃO PAGAMENTO DA MULTA


 DE QUEM É A COMPETENCIA PARA EXECUÇÃO DA PENA?

CUMULAÇAO DA PENA DE MULTA


Súmula 171 do STJ - Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de
liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa. (Súmula 171,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/1996, DJ 31/10/1996

MULTA E LEI MARIA DA PENHA


Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO
Art. 52 do CP – É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevier ao
condenado doença mental.

LIMITE DAS PENAS


Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de
pena já cumprido
 COMPETÊNCIA PARA UNIFICAÇÃO DAS PENAS: É do juiz das execuções penais.
 NOVA CONDENAÇÃO E UNIFICAÇÃO DAS PENAS: Sobrevindo condenação por
desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

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