Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IDADE MODERNA:
A fome e pobreza se estendem por toda a Europa;
O que fazer com os deserdados da fortuna? Pena de morte? Matar todo
mundo?
Entre o final do século XVI e inicio do século XVII nascem as prisões organizadas
locais de correção dos apenados.
CRÍTICA:
Os defeitos das teorias isoladas não permitem superar as debilidades quando
as teorias são unificadas;
O Estado busca adoção de uma pluralidade de discursos legitimadores capazes
de racionalizar a punição do caso em concreto – são teorias contraditórias com
finalidades EXCLUDENTES;
RESPOSTAS AO COMETIMENTO DE CRIME NO BRASIL VOLTADAS A UM MODELO
MAIS CONSENSUAL: JUSTIÇA RESTAURATIVA, REPARATÓRIA E NEGOCIADA
JUSTIÇA RESTAURATIVA
Baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da
infração penal (autor, vítima e, em alguns casos, a própria comunidade);
A JR sustenta que, diante do crime, sua solução perpassa pela restauração, ou
seja, pela reaproximação das partes envolvidas para que seja restabelecido o
cenário anterior (de paz e higidez das relações sociais).
JUSTICA REPARATÓRIA :
se faz por meio da conciliação promovida pelos órgãos integrantes do sistema
criminal, como ocorre na transação penal (Lei nº 9.099/95) e nos termos de
ajustamento de conduta para a reparação dos danos ambientais nas infrações
da Lei nº 9.605/98.
EX: Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de
2008) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008).
JUSTIÇA NEGOCIADA
Na Justiça Negociada, proveniente sobretudo do direito americano, o agente e
o órgão acusador acordam acerca das consequências da prática criminosa, o
que, evidentemente, pressupõe a admissão de culpa.
Influencia do sistema plea bargaining, que pode consistir na negociação sobre a
imputação.
ESTUDO SOBRE A PENA
SANÇÃO PENAL:
Sanção penal é a resposta estatal, no exercício do ius puniendi e após o devido
processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma
contravenção penal. Divide-se em duas espécies: PENAS e MEDIDAS DE
SEGURANÇA.
PENA:
É a espécie de sanção penal consistente na privação ou restrição de
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em
decorrência do cometimento de uma infração penal, com a finalidade de
castigar o responsável, prevenir a prática de novos crimes e ressocializar o
condenado.
A pena pode privar ou limitar algum bem jurídico do condenado.
1. Liberdade – PPL;
2. Patrimônio – Multa, prestação pecuniária, perda de bens e valores;
3. Vida – pena de morte.
PRÍNCIPIO DA INDERROGABILIDADE:
TEORIA DA PENA
CÓDIGO PENAL:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para REPROVAÇÃO e PREVENÇÃO do crime.
LEP (LEI 7.210/84):
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando
PREVENIR O CRIME E ORIENTAR O RETORNO À CONVIVÊNCIA EM SOCIEDADE.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e
PREPARÁ-LOS PARA O RETORNO À LIBERDADE.
CONCEITO
É a modalidade de sanção penal que retira do condenado seu direito de
locomoção, em razão da prisão por tempo determinado.
PENA DE RECLUSÃO
Dá-se o nome de reclusão a um tipo
de pena ou atitude privativa de liberdade.
No ponto de vista penal e jurídico, a pena
de reclusão difere da pena de detenção na
forma da atitude criminal ou no período de tempo a ser cumprida.
É cumprida inicialmente no regime fechado, semiaberto ou aberto (art. 33,
caput, e § 2º do CP);
As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a. o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-
la em regime fechado;
b. o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos
e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
semi-aberto;
c. o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
No regime fechado, a execução da pena é cumprida em estabelecimentos de
segurança máxima ou média, a pessoa condenada passa os dias dentro de uma
unidade prisional.
No regime semiaberto, a execução da pena é realizada em colônias agrícolas,
industriais ou estabelecimentos similares.
Diz-se da execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado. O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato
definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo,
não pagar a multa cumulativamente aplicada.
PENA DE DETENÇÃO
Consiste em uma pena imposta em sentença condenatória.
Tal reprimenda tem menor gravidade, pois o condenado a pena de
detenção poderá iniciar o seu cumprimento apenas em regime semiaberto ou
aberto.
Deve ser cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (art. 33,
caput, do CP);
Regras:
a. o condenado reincidente inicia o cumprimento
da PPL no regime semiaberto, seja qual for a
quantidade de pena aplicada;
b. o primário, cuja pena superior a 4 anos, deverá
cumpri-la no regime semiaberto;
c. o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos,
poderá desde o início, cumpri-la no regime aberto.
EXECUÇÃO DA PPL
COMPETÊNCIA: é do juízo das execuções penais (art. 1º, da LEP e Súmula 192 do STJ);
Impossibilidade de modificação, pelo juízo da execução, do regime prisional
equivocadamente fixado na decisão condenatória;
A execução tem início com a expedição de guia de recolhimento (art. 105 da LEP).
PROGRESSÃO DE REGIMES
SISTEMAS CLÁSSICOS DE PROGRESSÃO DA PENA:
. Sistema da Filadélfia;
. Sistema de Auburn;
. Sistema Inglês ou Progressivo;
O Código Penal e a LEP adotaram o Sistema progressivo;
Art. 33, § 2º do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
1. Para os crimes cometidos sem violência ou grave ameaça:
1.1. 16% da pena se o apenado for primário;
1.2. 20% da pena se o apenado for reincidente.
2. Para os crimes cometidos com violência ou grave ameaça:
2.1. 25% da pena se o apenado for primário;
2.2. 30% da pena se o apenado for reincidente;
3. Para os crimes hediondos ou equiparados:
3.1. 40% da pena se o apenado for primário;
3.2. 60% da pena se o apenado for reincidente;
3.3. 50% da pena se o apenado for primário + crime com resultado
morte (vedado o livramento condicional);
3.4. 70% da pena se o apenado for reincidente + crime com resultado
morte (vedado o livramento condicional);
4. 50% da pena se o apenado for:
4.1. condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de
organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado;
4.2. condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada.
ATENÇÃO!!!
REGRESSÃO
É a transferência do condenado para regime prisional mais severo do que
aquele em que se encontra;
Hipóteses – art. 118 da LEP:
1. Prática de fato definido como crime doloso ou falta grave (art. 50 da LEP);
2. Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execução, torne incabível;
É possível a regressão “por saltos”;
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma
regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos,
quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da
pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses
referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar,
podendo, a multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido
previamente o condenado
OBS:O “Pacote Anticrime”, que é a Lei 13.964/2020, alterou a Lei de Execução Penal em seu art. 112,
que agora traz as regras sobre a progressão de regime de pena no Brasil, inclusive em caso de
condenação por crimes hediondos ou equiparados:
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, se for primário;
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional.
DETRAÇÃO
Consiste no desconto realizado na pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, do tempo de prisão provisória (prisão cautelar e processual) ou de
internação já cumprido pelo condenado (art. 42 do CP).
REMIÇÃO
Benefício que consiste no abatimento de parte da pena privativa de liberdade
pelo TRABALHO ou ESTUDO;
Não se confunde com a “remissão”, que significa perdão, e ocorre através dos
institutos da graça e do indulto; e livramento condicional.
REMIÇÃO PELO ESTUDO: 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de
frequência escolar divididas em no mínimo 3 (três) dias. Acrescidas de 1/3
quando a conclusão de grau de ensino (valido para regime aberto e livramento
condicional);
REMIÇÃO PELO TRABALHO: 1 (um) dia de pena descontado para cada 3 (três)
de trabalho (jornada de no mínimo 6hs/dia). Aplicar-se-á apenas aos acusados
que cumprem pena no regime fechado ou semiaberto;
Súmula 562 do STJ: “é possível a remição de parte do tempo de execução da
pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha
atividade laborativa, ainda que extramuros”.
AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
São benefícios aplicados aos condenados quando estão inseridos nos regimes
fechado ou semiaberto;
1. Permissão de saída: benefício destinado aos condenados que cumprem pena
em regime fechado ou semiaberto, e também aos presos provisórios – art. 120 da LEP:
falecimento/doença grave; e tratamento médico;
2. Saída temporária: benefício concedido aos condenados que cumprem pena
no regime semiaberto para saída do estabelecimento sem vigilância direta – art. 122
da LEP – 35 dias – durante 5 vezes – prazo mínimo de 45 dias entre as concessões –
prazo não superior a 7 dias;
Permissão de saída: Em relação à permissão de saída, tal ocorre por questões
humanitárias ou por necessidade de tratamento médico ou dentário (art. 120,
inciso I e II da LEP).
É deferida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso (art. 120,
parágrafo único da LEP) e a permanência do preso fora do estabelecimento
terá a duração necessária à finalidade da saída (art. 121 da LEP).
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os
presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante
escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente
ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento
onde se encontra o preso.
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à
finalidade da saída
Saída temporária: É deferida pelo juízo da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária, e será permitida ao preso no regime
semiaberto nas seguintes hipóteses:
I – visita à família;
II – frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do
2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III – participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio
social (art. 122 da LEP).
Requisitos: O sentenciado, além de se encontrar no regime semiaberto, deverá
preencher os requisitos previstos no art. 123 da LEP: I – comportamento
adequado (requisito subjetivo); II – cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da
pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente (requisito
objetivo); III – compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (requisito
objetivo).
Em relação aos requisitos objetivos, o sentenciado deve cumprir, no
mínimo, 1/6 (um sexto) ou 1/4 (um quarto) da pena no regime semiaberto e o
benefício deve ter compatibilidade com os objetivos da pena. Mas não é só. O
sentenciado também deve reunir também o requisito
subjetivo, ostentando comportamento adequado, o que será certificado pelo
diretor do estabelecimento prisional
MEDIDAS DE DEFESA
HABEAS CORPUS: É uma expressão em latim que significa “que tenhas o
corpo”. O nome Habeas Corpus começou então a ser usado para a ação na qual
o preso exigia seu direito de ser trazido diante de um juiz, para que ele pudesse
analisar se sua prisão era realmente justa/legítima.
Nesse caso, qualquer pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a seu
direito de locomoção tem direito de fazer um pedido de habeas corpus. Essa
pessoa é chamada de “paciente” no processo. O acusado de ferir seu direito é
denominado “coator”. (Art. 5º LXVIII da CF e art. 647 do CP)
O relaxamento da prisão, o qual se dá quando a prisão é ilegal.
Segundo o artigo 5º, inciso LXV, da Constituição:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Trata-se de ilegalidade em qualquer prisão e não apenas na decorrente de
flagrante delito, como no caso da prisão preventiva que possui algum tipo de
ilegalidade ou que não preencheu os requisitos para a sua decretação.
No que se refere a liberdade provisória, importante destacar que ela pode ser
concedida com ou sem o pagamento de fiança, em regra na prisão em flagrante
(artigo 310, inciso III, do CPP).
Caso não exista ilegalidade na prisão em flagrante, apta a gerar o relaxamento
da prisão, a Autoridade Judiciária, entendendo não estarem presentes os
requisitos da prisão preventiva, concederá liberdade provisória ao indiciado,
mediante a substituição (ou não) por medidas cautelares diversas da prisão
(artigo 319, CPP), como a fiança, por exemplo.
A revogação da prisão é a medida adequada para os casos de prisão decretada
pela Autoridade Judiciária, seja ela uma prisão preventiva ou uma prisão
temporária. Inclusive, em caso de prisão em flagrante, enquanto ela não for
convertida em prisão preventiva, o pedido correto é o de liberdade provisória.
Após a homologação do flagrante e a sua conversão em prisão preventiva, o
ideal é o pedido de revogação da prisão (preventiva que já foi decretada).
Observação: Portanto, o relaxamento é para prisões ilegais; a liberdade
provisória para as prisões em flagrante; e a revogação para prisões (preventivas
ou temporárias) decretadas pelo juiz.
Exemplos:
Se estiver diante de uma prisão em flagrante e verificar que se tratou de
um flagrante forjado, faça um pedido de relaxamento da prisão, pois ela é
ilegal.
Caso esteja diante de uma prisão em flagrante que não possui nenhuma
ilegalidade, requeira a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares
diversas da prisão (fiança, afastamento da vítima e/ou testemunhas,
monitoração eletrônica, etc.).
Finalmente, se estiver em uma ação penal e verificar que há uma prisão
preventiva decretada (esteja ela cumprida ou não), faça o pedido de revogação
da prisão.
PRISÃO EM FLAGRANTE
No processo penal brasileiro existem as chamadas prisões cautelares:
constrições de liberdade que ocorrem de forma não-definitiva, ou seja, que não
são resultados de uma decisão condenatória transitada em julgado.
Em regra, temos como as principais prisões cautelares a prisão temporária, a
prisão em flagrante, a prisão preventiva (NUCCI, 2014).
A prisão em flagrante está estabelecida nos artigos 301 a 310 do CPP, este tipo
de prisão pode ser realizada por qualquer pessoa quando alguém for
encontrado em flagrante delito.
Ressalte-se que o dispositivo legal foi enfático no sentido de que “qualquer do
povo poderá” enquanto “as autoridades policiais e seus agentes deverão”,
expressando a faculdade do cidadão seria dever da polícia.
De acordo com Nucci (2014), a prisão em flagrante possui natureza
administrativa e é realizada no instante em que se desenvolve ou se encerra
uma infração penal, a qual pode ser crime ou contravenção penal.
O art. 302 do CPP define o que seria o estado de flagrante delito como sendo:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração .
Ressalte-se que em caso de delito permanente, o estado de flagrância ocorre
enquanto não cessar a permanência do ato delituoso. Por exemplo: no caso do
crime de sequestro (art. 148 do CP), enquanto o sequestrado estiver em poder
do sequestrador poderá ocorrer a prisão flagrancial.
A outra diferenciação importante a ser feita é entre o flagrante preparado, o
flagrante forjado e o flagrante esperado.
O primeiro ocorre quando um agente provoca o suspeito a praticar um delito
para que possa prendê-lo. Nesse caso, é preciso destacar que tratar-se-ia de
um crime impossível, visto que seria inviável a sua consumação, já que o agente
provocador iria agir no sentido de evitar a consumação do crime (NUCCI, 2014).
O STF, inclusive, editou o enunciado sumulado nº 145 a respeito dessa
situação, in litteris: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação”.
PRISÃO PREVENTIVA
A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natureza processual,
consistente na medida restritiva de liberdade, em qualquer fase da investigação
policial ou do processo penal, a ser decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da
ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do
assistente, ou por representação da autoridade policial.
Esse tipo de prisão só pode ser decretada antes do trânsito em julgado da ação
penal, desde que haja ordem judicial escrita e fundamentada nos pressupostos
legais. Esses pressupostos, que visam dar o mínimo de segurança à medida
cautelar, são: a prova inconteste da ocorrência do crime e os indícios
suficientes da autoria.
Soma-se a esses requisitos a necessidade de comprovação de que, se o réu
continuar em liberdade, ele poderá trazer algum risco ao meio social. A fim de
garantir mais seriedade a esse instituto, a legislação brasileira se importou em
listar quais os fatores que demonstram esse periculum libertatis.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime
e indício suficiente de autoria.
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso
de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4°).
A decretação da prisão preventiva pode ocorrer durante toda a persecução
penal, por meio de decisão judicial. Na fase investigativa é necessária a
provocação do Ministério Público ou da autoridade policial. Em havendo
iniciado o processo penal, a determinação poderá ser de ofício ou por
provocação dos legitimados.
PRISÃO TEMPÓRARIA
Assim como a prisão provisória, a temporária também apresenta natureza
cautelar, mas, diferentemente daquela, esta é cabível somente na fase do
inquérito policial e possui prazo de duração preestabelecido, em regra, de cinco
dias, prorrogáveis por mais cinco. Sua disciplina não está no CPP, mas sim na Lei
n° 7.960/1989.
Por ser possível apenas na fase do inquérito, essa cautelar não pode ser
decretada de ofício pelo juiz, sendo necessária sempre a representação da
autoridade policial ou o requerimento do MP. Para que seja determinada a
prisão cautelar, ela deve ser necessária à melhor aplicação da lei penal e deve
ser adequada à gravidade do crime.
A prisão temporária é espécie de prisão cautelar decretada em casos
específicos, com a duração máxima de cinco dias, ou de trinta dias, quando se
tratar de crime hediondo, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
Somente o juiz, mediante representação da autoridade policial ou a
requerimento do Ministério Público, poderá decretá-la. Prevê o artigo 1º, da Lei
nº 7.960/89, que "caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida
na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes
crimes: homicídio doloso; sequestro ou cárcere privado; roubo; extorsão;
extorsão mediante sequestro".
Assim, conforme os incisos I e II, essa medida será adotada quando for
essencial para o êxito da investigação, ou porque o investigado pode atrapalhar
no desvendamento do crime ou porque há risco de ele desaparecer. O inciso III
apresenta um rol taxativo de infrações que admitem a prisão temporária, por
exemplo, homicídio doloso, sequestro, roubo, estupro, genocídio, dentre
outros. Por fim, a doutrina majoritária afirma que para decretação da prisão
temporária é imprescindível à conjugação dos três incisos acima mencionados.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
O Brasil participa do Pacto de San Jose da Costa Rica, também conhecido como
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Nele, o artigo 7 é todo
dedicado à liberdade pessoal. O tópico 5 afirma:
“Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de
um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e
tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”. É o
que chamamos de Audiência de Custódia e ela evitaria muitas prisões
provisórias inapropriadas.
A Audiência de Custódia funciona assim: dentro de um prazo de 24h, as
pessoas que foram presas em flagrante se apresentam para um juiz. É ele que
analisará se é viável manter a prisão provisória do acusado, se existe fiança
para o crime ou se outros meios de fiscalização serão adotados até o dia do
julgamento. Entre esses outros meios estão o uso da tornozeleira eletrônica.
O juiz também pode discernir que não há motivo para a acusação da pessoa e
liberá-la. Esse direito nem sempre é praticado em todo o Brasil, haja vista a
carência que temos de magistrados para atender toda a demanda.
Durante uma Audiência de Custódia estão presentes o juiz, que é quem decide,
mas também é preciso que o delegado descreva e documente a situação
(chamado de lavrar auto). É fundamental também a presença de um promotor
de Justiça do Ministério Público e de um advogado do acusado ou, na ausência
dele, um defensor público para atuar como tal.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Conceito:
As penas restritivas de direitos também são chamadas de penas “alternativas”, pois
são uma alternativa à prisão, ao invés de ficarem encarcerados, os condenados
sofrerão limitações em alguns direitos como forma de cumprir a pena.
Qual a intenção do legislador ao criar as penas restritivas de direito?
Buscar um meio alternativo para substituir a aplicação da PPL em casos em que os
indivíduos são dotados de condições subjetivas específicas e envolvidos na prática de
ações penais de reduzida gravidade.
Espécies:
Características:
1. O rol do art. 43 é taxativo (ou exaustivo), não podendo o magistrado criar uma outra
espécie de medida alternativa (PRD);
2. São SUBSTITUTIVAS, porque resultam de um procedimento judicial, onde o
magistrado depois de aplicar uma PPL, ele efetua sua substituição por uma PRD
(cumulada ou não);
3. São dotadas de AUTONOMIA, pois uma vez substituídas, elas não poderão ser
cumuladas com a PPL;
4. São também REVERSÍVEIS, pois admitem em certas hipóteses, a reaplicação da PPL
substituída;
5. Geralmente não estão presentes no preceito secundário dos tipos penais.
Requisitos:
A substituição da PRD está condicionada ao atendimento dos requisitos (objetivos e
subjetivos) elencados no art. 44 do CP:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
Requisitos objetivos:
– CRIMES DOLOSOS: pena não pode ser superior a 4 anos e deve ter sido
cometido sem emprego de violência ou grave ameaça (inciso I);
– CRIMES CULPOSOS: qualquer que seja a pena cominada, ainda que resulte da
produção de violência contra a pessoa (inciso I). (Exemplo: homicídio culposo, art. 121, § 3º do CP);
Requisitos subjetivos:
- inciso III fala dos requisitos subjetivos e que a PRD deve ser adequada e suficiente
para atingir as finalidades da pena (PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA);
- A lei 11.343/06 proibiu taxativamente a substituição da PPL por PRD no crime de
tráfico de drogas, conforme se pode ver na redação do art. 44 dessa lei. Mas, o STF
decidiu pela inconstitucionalidade, por entender que se trata de uma ofensa ao
princípio da individualização da pena;
- Não se admite a substituição no âmbito dos crimes militares.
REGRA:
As penas restritivas de direitos terão a mesma duração da
pena privativa de liberdade substituída (art. 55 do CP).
EXCEÇÃO:
1. A prestação pecuniária e a perda de bens e valores se esgotam no momento em que
são adimplidas as obrigações respectivas (art. 55, caput, CP);
2. Prestação de serviços à comunidade - esta espécie de pena restritiva de direito
poderá ser cumprida em até metade do tempo da pena privativa de liberdade, se a
pena for superior a 1 (um) ano (art. 55 c/c art. 46, §4°, ambos do CP) .
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA:
Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social;
Fixada pelo juiz em valor não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos – (Art. 45, § 1º do CP);
O valor pago a título de prestação pecuniária será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários (art. 45 , § 1°, CP);
Espécies de multa:
Cominada diretamente no preceito secundário do tipo penal incriminador;
Multa substitutiva;
A pena de multa vem cominada no preceito secundário do tipo incriminador
(isolada, alternativa ou cumulativa com a PPL) ou substitutiva da prisão (art. 44 do CP);
É uma espécie de sanção penal patrimonial, consistente na obrigação imposta
ao sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em
dinheiro.
CUIDADO!!! Não se confunde com a prestação pecuniária.
PAGAMENTO DA MULTA
A pena de multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias após o trânsito em
julgado da sentença condenatória – art. 50, CP;
Atendendo a requerimento do condenado, o juiz pode permitir o parcelamento
da pena de multa;
A cobrança da pena de multa poderá ser efetuada mediante desconto na
remuneração do condenado (art. 168 da LEP).