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AULAS DE DIREITO PENAL II – TEORIA DA PENA

PROF. MSC. SÉRGIO AUGUSTO LIMA MARINHO

CAROS ALUNOS, abaixo você vai encontrar um singelo material de apoio, uma
espécie de caderno da matéria. A leitura do material não retira de forma alguma
a sua responsabilidade de estar presente às aulas, e principalmente de realizar
uma leitura de doutrina (abaixo há a indicação de algumas).

BIBLIOGRAFIA

GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral V.1.. Rio de Janeiro, RJ: Impetus,
2022.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2021.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal – parte geral. Salvador: Juspodivm,
2022.

CEZAR ROBERTO BITTENCOURT


FERNANDO GALVÃO
JÚLIO MIRABETE

EMENTA

Teoria da pena; Penas em espécie; Cominação das penas; Cálculo de pena – noções teóricas e
casos práticos; Concurso de crimes; Suspensão condicionada da pena (sursis); Livramento
condicional; Efeitos da condenação; Reabilitação; Medidas de segurança; Ação penal; Extinção
da punibilidade.

CAPÍTULO I – NOÇÕES PROPEDÊUTICAS


TEORIA DA PENA
 DIREITO PENAL “pode ser entendido com o ramo do direito público que reúne os
princípios e as normas jurídicas que limitam o poder punitivo do Estado, estabelecendo

1
que a prática de determinadas condutas tenha como consequência a aplicação de penas
ou de medidas de segurança.”1

TEORIA DOS FINS DA PENA

 Conceito: É a mais importante conseqüência jurídica do delito. Consiste na privação ou


restrição de bens jurídicos, com lastro na lei, imposta pelos órgãos jurisdicionais
competentes ao agente de uma infração penal. – Luiz Regis Prado.

 FINALIDADE DA PENA
 Teorias absolutas: A pena existe unicamente no delito praticado. Pena como
retribuição, ou seja, como compensação do mal causado pelo crime.
# inconveniente: pena pura e simplesmente como retribuição pelo mal causado, independente
de qualquer outra finalidade.
 Teorias relativas: A pena como incentivo negativo à prática de novos crimes.
 Prevenção geral: temor infundido aos possíveis delinqüentes, capaz de afastá-los das
práticas delitivas.
 Prevenção especial: desestimular o apenado à voltar a delinqüir.
# inconveniente: direito penal do autor. Autor com elevada periculosidade teria uma pena
grande apesar do fato cometido não ter tanta gravidade.
 Teorias unitárias ou ecléticas: buscam conciliar a exigência de retribuição jurídica da
pena com os fins de prevenção geral e prevenção especial. Assim, a pena teria como fins:
 Repressão: seja como expiação (compensação da culpabilidade), seja como
retribuição (pelo ilícito penal causado).
 Prevenção especial: no sentido positivo de ressocialização, ou no negativo de
intimidação para evitar novos delitos;
 Prevenção Geral: positiva como efeito integrador da consciência jurídica popular, ou
negativa, como intimidação geral.
Finalidade da pena no direito positivo – art. 59 “estabelecerá, conforme seja necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime”

 LIMITAÇÃO DA PENA

Penas proibidas (art. 5º, XLVII, Constituição Federal.)

o Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.

1
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 29.
2
o Pena cruel
o Pena de tortura
o Castigo corporal
o Pena de trabalho forçado
o Pena de banimento: embora o STF não reconheça a inconstitucionalidade do Regime
Disciplinar Diferenciado (art. 52, LEP), parte da doutrina o enquadra como pena de
banimento, portanto violador da dignidade da pessoa humana.
o Penas perpétuas: é possível restringir a liberdade, mas não suprimi-la, ou seja, não
pode ser de forma absoluta.
CF, Art. 5º, XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

 ESPÉCIES DE PENA
 Art. 32 do Código Penal – “As penas são:”

 Privativas de liberdade - art. 33 ss


 Restritivas de direitos; - art. 43 ss
 Multa. – art. 49.

CAPÍTULO II – ESPÉCIES DE PENA

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

DETERMINAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Conceito e Sistema
 Conceito: é a fixação da espécie e do respectivo quantum da pena, como também a
decisão acerca de sua eventual substituição ou suspensão condicional.
 Sistema da relativa determinação: a individualização legislativa é complementada
pela judicial.
o Determinação legal: consiste na fixação abstrata da sanção penal e de seus
respectivos marcos.
o Determinação judicial: refere-se ao estabelecimento pelo juiz da espécie de pena
aplicável, de seu quantitativo, do regime de execução e também da sua possível
substituição ou suspensão condicional. Dá margem discricionária para o juiz.

Fixação da Pena Privativa de Liberdade – art. 68 do CP.


o Sistema trifásico: Primeiramente se determina a pena base, com lastros nas
circunstâncias judiciais, após se considera as agravantes e atenuantes e por último as
causas de aumento (majorantes) e causas de diminuição (minorantes) da pena.

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TEORIA DAS CIRCUNSTÂNCIAS

Conceito
 Circunstância: é todo fator agasalhado pela lei penal para modificar a responsabilidade
penal, independente de sua natureza. Agravam ou atenuam a pena de acordo com a
gravidade do delito.

Circunstâncias Judiciais - Art. 59


 Culpabilidade: corresponde à censurabilidade pessoal da conduta típica e ilícita,
funcionando aqui como limite máximo da pena. Não pode ser levada em conta a espécie
de dolo, pois dolo e culpa já são elementos do tipo. Também não pode ser elevada por
conta da consciência da ilicitude.
 Dois momentos para auferir a culpabilidade: I- relativa à configuração da infração penal,
deve-se vislumbrar se o agente que praticou fato tipo e ilícito era imputável (se tinha
consciência da ilicitude do fato e se era exigível que ele se comporta-se de modo diverso.)
II- relativa a censurabilidade do ato, para fazer com que a pena transcorra do limite
mínimo em direção ao máximo, OU SEJA, maior reprovação que o fato ou autor
ensejam no caso concreto.

 Antecedentes: são os fatos anteriores da vida do agente, positivos ou negativos, diz


respeito ao histórico criminal do agente que não se preste para efeito de reincidência.
Maus antecedentes apenas após trânsito em julgado (presunção de inocência). A extinção
da reincidência não afasta os maus antecedentes.
 Súmula 444 – STJ: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena base.
 STJ – atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes a fim de
majorar a pena base – HC 237276/RS.
 STJ – condenações com mais de 5 anos podem ser consideradas maus antecedentes
(apesar de não se poder mais considerar reincidência).

 Conduta social: compreende o comportamento do réu perante a sociedade, em seu


meio familiar e laboral. Revela-se através do relacionamento do caso com as pessoas que
o cercam.
 O alcoolismo não justifica a exasperação da pena (STJ).

 Personalidade: é a índole, o caráter do indivíduo.


 Greco: o juiz não tem condições técnicas de auferir essa circunstância.
 A inserção desta característica representa uma ofensa ao direito penal do fato, vez que
prioriza as características pessoais do autor.
 STJ – os atos infracionais podem ser considerados na análise negativa da
personalidade do agente.
 OBS. Personalidade e maus antecedentes são circunstâncias autônomas e não podem
ser valoradas levando-se em consideração o mesmo fundamento fático

 Motivos: são os precedentes que levam à conduta criminosa.


 Comprar drogas: não deve ser avaliado negativamente.
 Ausência de motivo não pode ser utilizada para aumentar a pena. – STJ.

 Circunstâncias do crime: elementos acidentais que não fazem parte da


estrutura do tipo delitivo - são os fatores tempo, lugar, modo de execução, excluindo-
se aqueles previstos como circunstâncias legais. Fatores acidentais que não participam da
estrutura do tipo.

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 Consequências do crime: são os desdobramentos advindos da conduta do agente;

 Comportamento da vítima: modo de agir da vítima que pode levar ao crime.

A pena-base não pode ser fixada aquém do mínimo e além do máximo legal.

Circunstâncias Legais
 Genéricas: compreendem as agravantes e atenuantes, além de causas de aumento e de
diminuição (quando na parte geral).
 Especiais: abarcam as qualificadoras e as causas de aumento ou de diminuição da pena
(quando na parte especial).

Agravantes

 Conceito: são circunstâncias objetivas ou subjetivas que aderem ao delito sem


modificar sua estrutura típica em face da particular culpabilidade do agente, devendo o
juiz aumentar a pena dentro do mínimo e do máximo em abstrato.
 Taxatividade: o rol é restrito e não pode ser ampliado pela interpretação do juiz, mas
pode haver agravantes em lei especial.
 Quantum acrescido: no máximo 1/6 para que a agravante não seja equivalente às
causas de aumento da parte especial.
 Reincidência: é o cometimento de uma infração penal após já ter sido o agente
condenado definitivamente no Brasil ou no exterior, por crime anterior.

o Real: quando o agente comete novo crime depois de já ter efetivamente cumprido a
pena anterior.
o Ficta: quando o autor comete novo delito depois de ter sido condenado, mas ainda sem
cumprir a pena.
o Temporariedade: deixa de prevalecer a condenação anterior para efeito de
reincidência, após passados 5 anos da data do cumprimento ou da extinção da pena.
Prevalece os maus antecedentes.

 Motivo Fútil: é aquele insignificante, flagrantemente desproporcional ou inadequado se


comparado com a ação ou omissão do agente.
 Motivo Torpe: é o motivo repugnante que demonstra a depravação do espírito do
agente.
 Conexão: prática utilizada para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime, ainda que este não se realize.
 Traição: é a deslealdade.
 Emboscada: ocultamento do agente, que aguarda a vítima para surpreendê-la e agredi-
la.
 Dissimulação: é o ocultamento da vontade ilícita pra ganhar proximidade da vítima.
 Meio insidioso, meio cruel e perigo comum: estratagema/ o que aumenta
inutilmente o sofrimento da vítima/ o que coloca outras pessoas em situação de risco.
 Relações familiares: no caso de crime cometido contra ascendente descendente, irmão
ou cônjuge. Cônjuge deriva do casamento, exclui-se a união estável. Entende-se por
irmãos os consangüíneos e os decorrentes da lei civil (adoção). Deve existir nos autos
prova de parentesco.
 Abuso de autoridade: é o abuso nas relações civis, tutor-tutelado, curador-curatelado,
etc.

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 Relações domésticas: são as ligações estabelecidas entre participantes de uma mesma
vida familiar, podendo haver laços de parentesco ou não. Abarca a união estável.
 Hospitalidade: relação existente entre pessoas durante a estada provisória na casa de
alguém.
 Violência contra mulher: vide lei 11.340/06
 Contra criança: a fase da infância vai até os 12 anos incompletos- art. 2 da lei 8.069/90
ECA. Fundamenta-se na dificuldade de defesa da vítima.
 Idoso: maiores de 60 anos. Fundamenta-se na dificuldade de defesa da vítima.
 Contra Enfermo: pessoa que se encontra doente, com suas atividades limitadas. Umas
simples gripe não pode ser enquadrada como enfermo. Abarca o deficiente.
 Contra mulher grávida: o agente deve conhecer desta condição (GRECO)
STJ critério objetivo: criança, idoso, enfermo, mulher grávida.
 Proteção da autoridade: quando a vítima está sobre a proteção do Estado. Maior
audácia do indivíduo que tem que ser punida
 Desgraça particular: tragédia pessoal envolvendo a vítima.
 Calamidade pública: tragédia que abarca um grande número de pessoas.
 Embriaguez preordenada: a pessoa se põe embriagada para praticar o crime.
Aplicação da actio libera in causa.

Agravantes no Concurso de Pessoas – art. 62, CP.


 Mentor: o que promove e organiza a atividade dos agentes.
 Coação ou indução ao crime: coagir é obrigar, induzir é dar idéia. Dirigidos contra
outrem para a prática material do crime.
Obs. A coação pode ser irresistível ou resistível. No primeiro caso apenas o coator responde
pelo crime.
 Instigar o determinar o cometimento de crime ao inimputável: determinar é
dar a ordem de execução do crime.
 Crime mercenário: o que prática o crime sendo pago para isso.

Atenuantes – art. 65, CP


 Conceito: são circunstâncias de caráter objetivo ou subjetivo, que servem para expressar
uma menor culpabilidade, sem qualquer ligação com a tipicidade, devendo o juiz diminuir
a pena dentro do mínimo e do máximo em abstrato. Cada atenuante pode diminuir até
1/6 da pena. Algumas atenuantes são preponderantes sobre algumas agravantes e vice-
versa.
 Fixação abaixo do mínimo legal: segundo posição majoritária na doutrina e na
jurisprudência a atenuante e a agravante não podem exceder o mínimo ou o máximo
previsto em abstrato.
 Rol exemplificativo: ART. 66 do CP esclarece que o rol de atenuantes é meramente
exemplificativo. (sincero arrependimento, ambiente familiar degradante que contribui
para a prática criminosa).

Espécies de Atenuantes
 Menoridade relativa: indivíduos entre 18 e 21 na data do fato.
 Velhice: maior de 70 anos na data da sentença
 Desconhecimento da lei: é inescusável, porém pode constituir atenuação da pena.
Vide art. 21 do CP (erro de proibição – o agente desconhece a ilicitude do fato) diferente do
erro do tipo em que o agente tem falsa percepção da realidade.
 Motivo de relevante valor social ou moral: é o motivo que em si mesmo, é aprovado
pela moral prática. São valores importantes para a vida em sociedade.
 Arrependimento: ter o agente procurado por sua espontânea vontade e com eficiência,
logo após o crime, evitar ou minorar as consequências. Ter o agente antes do julgamento
reparado o dano.
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 Coação resistível: a coação que poderia ter sido resistida, mas não foi.
 Cumprimento de ordem de autoridade superior: quando a ordem foi ilegal, cabe
esta atenuante.
 Influência de violenta emoção: a violenta emoção pode ser dominada, mas se não for
pode constituir atenuante.
 Confissão espontânea: deve ser sincera, desejada e ser feita antes do julgamento.
OBS. Confissão qualificada – (o agente confessa o fato, mas agrega elemento para excluir
o crime – legitima defesa, estado de necessidade, etc.) STJ entendia que não era possível
aplicar a atenuante, agora entende que é possível aplicar a atenuante.
 Influência de multidão ou tumulto: o agente não pode ter criado o tumulto. Comum
nos linchamentos.
 Atenuante inominada: qualquer circunstância relevante, ocorrida antes ou depois do
crime, mesmo que não esteja expressamente prevista em lei.

Concurso de agravantes e atenuantes – art. 67, CP.


 Agravantes e atenuantes preponderantes: as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Uma atenuante
preponderante sobrepõe-se sobre todas as outras agravantes não preponderantes e vice-
versa.

Motivos determinantes: motivo fútil, motivo torpe, relevante valor social ou moral.
Personalidade do agente: dados inseparáveis da sua pessoa: menos de 21 e maior de
70 anos.
Reincidência: demonstra que a pena anterior não cumpriu sua função de prevenção.
 Confissão e reincidência: segundo doutrina e jurisprudência majoritária no caso de
concurso entre reincidência e confissão, estas se anulam por não serem preponderantes.

Causas de Aumento e Diminuição da Pena


 Conceito: Majorantes (causas de aumento) e Minorantes (causas de diminuição) são
fatores de aumento ou de redução da pena que ora se apresentam em quantidades fixas,
ora variáveis. Estabelecem um quantum de diminuição, diferentemente das agravantes e
atenuantes. Podem deixar a pena final aquém do mínimo e além do máximo em abstrato.
 Genéricas: Previstas na parte geral.
 Específicas: Previstas na parte especial do código.

Qualificadoras
 Conceito: estão previstas somente na parte especial, e cominam nova pena abstrata (tipo
derivado) distinta do tipo fundamental (não está relacionada à tipicidade formal, ou seja,
não é circunstância elementar do crime). Estabelecem a margem para o cálculo da pena
base.

Proibição do Bis In Idem


 Conceito: uma mesma circunstância não pode ser aferida duas vezes, ou seja,
não pode ser avaliada em duas fases da fixação da pena de liberdade.
 Prevalência: se uma circunstância se encaixar em dois momentos distintos da fixação
da pena privativa de liberdade, a preferência é como qualificadora/privilegiadora,
depois causas de aumento/diminuição e por último nas agravantes/atenuantes.

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 Concurso de causas de aumento e diminuição na parte especial: pode-se
limitar a um só aumento ou diminuição optando por aquele que mais aumenta ou
diminui. Pode também optar pela aplicação de todas.
 Concurso de causas de aumento e diminuição na parte geral: as causas da parte
geral devem ser obrigatoriamente avaliadas.
o Duas ou mais causas de diminuição: são aplicadas cumulativamente em
efeito cascata, ou seja, a próxima é aplicada sobre o resultado da última.
o Duas ou mais causas de aumento: aplicadas cumulativamente, todavia sempre em
cima da pena fixada na segunda fase (depois de apreciadas as atenuantes e agravantes);
o Aplicação de minorantes e majorantes: aplica-se primeiro a causa(s) de aumento
sobre a pena da segunda fase, depois diminui-se a(s) minorante(s) já do valor
aumentado. É mais benéfico para o réu.

 Concurso de crimes - art. 69, 70, 71, CP

Pluralidade de crimes => mais de um crime.

 Concurso Material:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa
de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a
substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

Concurso material = Duas ou mais condutas + Dois ou mais resultados

Concurso material -> estupro + homicídio = (4 a 10 anos) + (6 a 20 anos).


Aplicação da pena: cumulativa (somadas as penas)

 Concurso Formal:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código

Concurso formal = uma única conduta + pluralidade de resultados.


OBS: concurso formal próprio X concurso formal impróprio.

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Concurso formal próprio: " Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade."

Concurso formal impróprio: é um concurso formal (uma só conduta e dois ou mais resultados
- crimes), mas a aplicação da pena se dá na forma do concurso material. "As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior."

 Crime Continuado:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras
do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

Crime continuado: mais de uma conduta + mais de um resultado * todos os crimes são
praticados em condições similares de tempo, lugar, meios de execução, etc... de modo que os
demais crimes devem ser considerados uma continuação do primeiro.

CAPÍTULO III - REGIMES PENAIS

 REGIME FECHADO – ART. 34 do CP

Prolatada a sentença será expedida a guia de execução da pena (art. 107 c.c 87 da LEP).

 Regras do regime fechado


 O condenado será submetido à exame criminológico – art. 34, caput CP e 8 da LEP.
 O condenado fica sujeito ao trabalho durante o dia e isolado durante o repouso noturno
– art. 34, §1º, CP.
Obs. O trabalho é um direito do condenado – art. 41, II, LEP(lei 7.210/84) e através do
trabalho é possível remir a pena (art. 126 e ss), razão pela qual se o Estado não puder
atribuir trabalho ao preso, deve haver a remição da mesma forma. (GRECO).
 Trabalho conforme suas aptidões – art. 34, §2º, CP
 Trabalho externo excepcionalmente – art. 34, §3º, CP
 Cumprido em estabelecimento prisional de segurança máxima ou média.

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 REGIME SEMIABERTO – art. 35, CP.

 Regras do estudo criminológico – art. 35, caput.


 Trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar – art. 35, §1º, CP.
 É possível o trabalho externo, bem como a freqüência em cursos supletivos
profissionalizantes de instituições de segundo grau ou superior. – art. 35, §2º, CP.
OBS – Súmula 269 STJ “é admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais.”

 REGIME ABERTO – 36, CP.


 Regras do regime aberto
 Ponte para completa reinserção na sociedade
 Cumprimento em Casa de Albergado.
 Baseado na autodisciplina e no senso de responsabilidade. – art. 36, caput, CP.
 O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período
noturno e nos dias de folga;
 Não há previsão legal para remissão da pena pelo trabalho, pois o condenado somente
entra nesse regime se estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente. Art. 114, LEP.
 A lei fala em trabalho e não em emprego.
 Condições gerais para o regime aberto – art. 115, LEP. – vide súmula 493, STF “É
inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44, CP) como condição especial ao
regime aberto.
 Há previsão de remição da pena pelo estudo –art. 126, §6º, da LEP.

 Regime especial – art. 37, CP.


O código penal estabelece que as mulheres cumpram pena em estabelecimento próprio

 Vide art. 83, caput, §2º e 3º da LEP


 Vide art. 89 da LEP.

CAPÍTULO IV - PENA RESTRITIVA DE DIREITOS

1. Conceitos
 Conceito pena restritiva de direitos: São penas alternativas às privativas de
liberdade, expressamente previstas em lei. Não podem cumular com pena privativa de
liberdade. Prestação de serviços à comunidade e interdições temporárias de direitos.
 Pena restritiva de liberdade: limitação de fim de semana, proibição de frequentar
determinados lugares e penas patrimoniais como prestação pecuniária e perda de bens e
valores.
 Finalidade: contornar a duvidosa eficácia das penas privativas de liberdade de curta
duração.

2. Classificação
 Genéricas: admitem aplicação substitutiva em qualquer infração penal, sem exigência
específica.
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 Específicas: sua aplicação está limitada a determinados delitos perpetrados no exercício
de certas atividades, mediante violação do dever a elas inerentes, ou a delitos culposos.

3. Espécies
 Prestação pecuniária: consiste em pagamento feito em dinheiro à vítima e seus
dependentes ou a entidade pública privada, com destinação social de uma importância
fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos.
Não passa de uma forma de reparação civil.
 Perda de bens e valores: trata-se da perda em favor do fundo penitenciário nacional,
de bens e valores adquiridos ilicitamente (interpretação restritiva) pelo condenado,
integrantes de seu patrimônio.
o Finalidade: impedir que o réu obtenha benefícios da prática da infração penal.
 Prestação de serviço à comunidade: é a atribuição de tarefas gratuitas ao condenado
junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos e outros similares. Não existe vinculo
empregatício entre o condenado e o Estado.
o Finalidade: reinserção social do condenado.
 Interdição temporária de direitos: é a autêntica pena restritiva de direitos, pois tem
por finalidade impedir o exercício de determinada função ou atividade por um período
determinado. Abrangem:
o Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como mandato eletivo;
o Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder público;
o Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
 Não pode substituir pena privativa de liberdade se o agente já não possuía autorização
para dirigir.
o Proibição de frequentar determinados lugares
 Limitação de fim de semana: trata-se do estabelecimento da obrigação do condenado
de permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em Casa de Albergado ou
lugar adequado, a fim de participar de cursos e palestras, bem como desenvolver
atividades educativas.

4. Critérios para a Substituição


 Crimes dolosos
o Pena inferior a 4 anos;
 Deve-se somar as penas em casos de concurso de crimes
o O delito não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa.
o Não reincidência em crime doloso – Comporta exceção se não haver reincidência
específica (pelo mesmo crime) e que seja socialmente recomendável.
o A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias, indiquem que a substituição seja suficiente.
 Delitos culposos
o Qualquer que seja a quantidade de pena aplicada
o A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias, indiquem que a substituição seja suficiente.
 Juizados especiais: todos os crimes de sua competência comportam substituição em
restritiva de direitos, mesmo com violência ou grave ameaça.

5. Conversão
 Conceito: é a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos e vice-
versa durante a sua execução.
 Requisitos para conversão da privativa de liberdade em restritiva de direitos:
o O condenado deve estar cumprindo a pena em regime aberto;
o Que tenha sido cumprido pelo menos um quarto da pena;

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o Que os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão
recomendável.
 Requisitos para a conversão de restritiva de direitos em privativa de
liberdade:
o Descumprimento injustificado da restrição imposta
 Computo: computa-se a pena já cumprida quando for impor a conversão.

CAPÍTULO V - PENA DE MULTA

1. Conceitos
 Multa: é uma sanção penal consistente no pagamento de determinada quantia em
pecúnia, previamente fixada em lei. É patrimonial de caráter pecuniário.

2. Aplicação
 Em penas privativas de liberdade iguais ou inferiores a um ano.
 Em penas privativas de liberdade de um a quatro anos cumulada com uma restritiva de
direitos.

3. Sistema Dias-Multa
 Propósito: é estabelecer de forma separada e transparente, o critério duplo a ser
apresentado pelo magistrado na determinação da pena.
 Fixação do dia-multa: com base na culpabilidade;
 Fixação do valor do dia-multa: com base nas circunstâncias sócio-econômicas do
agente.
 Atualização monetária: não é pena. É utilizada apenas para corrigir o valor a ser pago
devido à desvalorização da moeda.
 Aumento ao triplo: se a pena de multa aplicada no máximo não parecer que vai surtir
efeito, pode ser aumentada até o triplo. - ART. 60, §2º, CP.

4. Vantagens
 Tem indubitável caráter aflitivo, pois impõe ao delinquente uma privação certa, o que
assegura o efeito intimidante.
 É divisível e flexível ao extremo, o que permite adaptá-la facilmente à condições pessoais
do condenado.
 Ao contrário do presídio, não degrada o condenado nem desonra a família;
 É a mais reparável das penas, pois, uma vez cumprida caso se comprove o erro judiciário,
pode ser integralmente devolvida;
 É econômica porque evita gastos do Estado com a manutenção de cárceres como
constituem uma forma de renda para o Estado.

5. Execução da Pena de Multa


 Dívida de valor: após aplicada a pena de multa assume qualidade de dívida de valor e
deve ser executada pela Vara da Fazenda Pública.
 Pagamento: o condenado pode pagar a dívida em 10 dias para não sofrer execução.
 Morte do condenado: a multa não se estende ao valor da herança.

CAPÍTULO VI - DETERMINAÇÃO DA PENA

1. Conceito e Sistema
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 Conceito: é a fixação da espécie e do respectivo quantum da pena, como também a
decisão acerca de sua eventual substituição ou suspensão condicional.
 Sistema da relativa determinação: a individualização legislativa é complementada
pela judicial.
o Determinação legal: consiste na fixação abstrata da sanção penal e de seus
respectivos marcos.
o Determinação judicial: refere-se ao estabelecimento pelo juiz da espécie de pena
aplicável, de seu quantitativo, do regime de execução e também da sua possível
substituição ou suspensão condicional. Dá margem discricionária para o juiz.

2. Fixação da Pena Privativa de Liberdade


o Sistema trifásico: Primeiramente se determina a pena base, com lastros nas
circunstâncias judiciais, após se considera as agravantes e atenuantes e por último as
causas de aumento (majorantes) e causas de diminuição (minorantes) da pena.

3. Proibição do Bis In Idem


 Conceito: uma mesma circunstância não pode ser aferida duas vezes, ou seja, não pode
ser avaliada em duas fases da fixação da pena de liberdade.
 Prevalência: se uma circunstância se encaixar em dois momentos distintos da fixação
da pena privativa de liberdade, a preferência é como qualificadora/privilegiadora, depois
causas de aumento/diminuição e por último nas agravantes/atenuantes.
 Concurso de causas de aumento e diminuição na parte especial: pode-se limitar
a um só aumento ou diminuição optando por aquele que mais aumenta ou diminui. Pode
também optar pela aplicação de todas.
 Concurso de causas de aumento e diminuição na parte geral: as causas da parte
geral devem ser obrigatoriamente avaliadas.
o Duas ou mais causas de diminuição: são aplicadas cumulativamente em efeito
cascata, ou seja, a próxima é aplicada sobre o resultado da última.
o Duas ou mais causas de aumento: aplicadas cumulativamente, todavia sempre em
cima da pena fixada na segunda fase (depois de apreciadas as atenuantes e agravantes);
o Aplicação de minorantes e majorantes: aplica-se primeiro a causa(s) de aumento
sobre a pena da segunda fase, depois diminui-se a(s) minorante(s) já do valor
aumentado. É mais benéfico para o réu.

4. Fixação da Pena de Multa


 Sistema Bifásico:
o Dias-multa: é fixado primeiro com base na culpabilidade do autor e considerações de
ordem preventiva.
o Valor: em seguida é determinado o valor de cada dia-multa. Faz-se a operação e chega-
se ao valor da multa.

5. Substituição da Pena Privativa de Liberdade


 Delitos Dolosos
o Até 1 ano: Pena de multa ou por uma pena restritiva de direitos, não reincidente em
crime doloso.
o De 1 a 4 anos: Uma pena restritiva de direito e multa ou duas penas restritivas de
direitos, não reincidente em crime doloso.
 Cominação de multa no tipo: se o tipo já comina pena de multa junto a privativa
de liberdade, a sua substituição só poderá ser feita através das restritivas de direitos.
 Delitos Culposos
o Até 1 ano: substituição por pena de multa.
o Restritiva de direitos: em qualquer que seja a pena aplicada.

6. Fixação da Pena
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 Fixação da pena base: atendendo ao art. 59 (vide teoria das circunstâncias),
estabelecerá a pena base conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime. A pena base não pode ultrapassar o ponto médio (pena máxima +
pena mínima divido por 2), ou seja, se todas as circunstâncias forem desfavoráveis a pena
base não pode ultrapassar o ponto médio.
o Fundamentação na sentença: as circunstâncias desfavoráveis devem ser
concretamente fundamentas na sentença, não podendo ser utilizadas remissões
genéricas. Todas as circunstâncias são presumidamente favoráveis ao réu até que se
prove o contrário.
 Segunda fase: são consideradas as atenuantes e as agravantes (pena provisória);
 Terceira fase: são consideradas as majorantes e as minorantes (pena definitiva).
 Regime inicial: Fixa-se o regime inicial de cumprimento da sentença.
 Possibilidade de substituição: trata da substituição da pena privativa de liberdade
aplicada, por outra espécie, se cabível.

CAPÍTULO VII - SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

1. Conceito e Natureza Jurídica


 Conceito: é a suspensão parcial da pena privativa de liberdade de curta duração por
determinado prazo, desde que cumpridas certas condições e observados os requisitos
previstos.
 Natureza Jurídica: direito público subjetivo do réu advindo de medida política
criminal.
 Momento: concedido na sentença condenatória.

2. Requisitos
 Objetivos: relativos à natureza e ao quantum da sanção penal aplicada e ao exame da
suficiência de sua substituição.
o Imposição de pena privativa de liberdade;
o Não superior a 2 anos: havendo concurso de crimes, calcula-se a partir da soma
imposta;
o Não pode ser indicada ou cabível a substituição da pena por restritiva de direitos.
 Subjetivos:
o Não reincidência em crime doloso;
o A culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os
motivos e circunstâncias autorizem a concessão do benefício.

3. Espécies
 Simples: sujeita o condenado à observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelo juiz.
 Especial: possibilita a imposição de condições menos rigorosas, se o réu tenha reparado
o danos, salvo impossibilidade de fazê-lo e todos os requisitos subjetivos sejam favoráveis.
 Etário: destina-se a condenados superior a setenta anos na época da condenação e sua
pena não seja superior a 4 anos. Há divergência se o estatuto do idoso reduziu a idade
necessária para 60 anos.
 Humanitário: quando razões de saúde justificarem e a pena não for superior a 4 anos.

4. Condições
 Legais: têm sua natureza e conteúdo previamente estabelecidos em lei;
o Sursis simples: no primeiro ano deve prestar serviços à comunidade ou submeter-se
à limitação de fim de semana. Devem ser aplicadas alternativamente.

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o Sursis especial: proibição de freqüentar determinados lugares, proibição de ausentar-
se da comarca onde reside, sem autorização do juiz e comparecimento pessoal e
obrigatório a juízo, mensalmente. Devem ser aplicadas cumulativamente.
o Sursis etário e sursis humanitário: podem variar de acordo com o caso entre as
condições do simples e do especial.
 Judiciais: são aquelas impostas pelo magistrado ao prolatar a sentença, adequadas ao
fato e à situação pessoal do condenado. Não podem ofender os direitos fundamentais da
pessoa humana ou que se encontrem subordinadas a fatores alheios ao condenado.

5. Período de Prova
 Conceito: consiste no lapso temporal durante o qual o condenado ficará obrigado ao
cumprimento das condições impostas como garantia de sua liberdade.
 Início: após o trânsito em julgado da sentença condenatória a partir da audiência
admonitória.
 Duração: de dois a quatro anos no sursis simples ou especial. De quatro a seis anos no
sursis etário ou humanitário.

6. Revogação
 Obrigatória: nas hipóteses expressamente designadas em lei.
o O réu é condenado em sentença irrecorrível por crime doloso. A sentença deve transitar
em julgado durante a suspensão condicional.
o Frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua a reparação do ano,
sem motivo justificado.
o Não cumprimento, injustificado, da prestação de serviços à comunidade ou da limitação
do fim de semana
 Facultativa: quando a critério do juiz. Pode optar pela revogação ou prorrogação do
período de prova, se este não estiver sido estabelecido.
o Descumprimento de qualquer outra condição judicial ou legal;
o O réu seja condenado por crime culposo ou contravenção penal.
 Efeitos da revogação: a pena privativa de liberdade inicialmente suspensa será
integralmente executada pelo condenado.

7. Prorrogação e Extinção
 Processo: sendo o beneficiário, processo por crime ou contravenção, considera-se
prorrogado o prazo até o julgamento definitivo. O tempo é indefinido.
 Fim do prazo: terminado o prazo de prova sem revogação, considera-se extinta a sanção
privativa de liberdade. Independe de declaração judicial.

8. Suspensão Condicional do Processo ou Sursis Processual (art. 89, Lei


9099/95)
 Conceito: é um instituto que tem por finalidade evitar a aplicação da pena privativa de
liberdade nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano. Não
há condenação do réu. O processo fica suspenso de 2 a 4 anos.
 Requisitos:
o Crime deve ter pena mínima igual ou inferior a um ano;
o Não pode estar sendo processado ou ter sido condenado por outro crime;
o Presentes os demais requisitos para a suspensão condicional da pena.
 Procedimento: o juiz apenas recebe a denúncia e depois de oferecida a suspensão do
processo e sendo aceita pelo acusado os demais atos processuais são suspensos. O
oferecimento da suspensão é direito subjetivo do réu quando este satisfazer os requisitos,
e a falta de seu oferecimento acarreta nulidade absoluta do processo.
 Revogação:
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o Se no decorrer do prazo o réu vier a ser processado o beneficiário vier a ser processado
por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
o Se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou
descumprir qualquer outra condição imposta.

CAPÍTULO VIII - LIVRAMENTO CONDICIONAL

1. Conceito e Natureza Jurídica


 Conceito: consiste na liberação do condenado após o cumprimento de parte da sanção
penal aplicada em estabelecimento penal, desde que observados os pressupostos que
regem a sua concessão e sob certas condições previamente estipuladas.
 Natureza jurídica: direito subjetivo, integrando um estágio do cumprimento da pena.

2. Requisitos
 Objetivos:
o Deve ser pena privativa de liberdade;
o Pena igual ou superior a 2 anos;
o Cumprimento de parte da pena a que foi condenado
 Réu não-reincidente em crime doloso: cumprir mais de um terço da pena;
 Réu reincidente em crime doloso: cumprir mais da metade da pena.
o Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazer
 Subjetivos:
o Bons antecedentes
o Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena;
o Bom desempenho no trabalho e aptidão para prover à própria subsistência mediante
trabalho honesto.
 Especial: condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir,
nos casos de crime doloso, cometido cm violência ou grave ameaça.

3. Concessão
 Legitimidade: pode requerer o cônjuge ou parente em linha reta ou pelo direito do
estabelecimento ou até mesmo o conselho penitenciário.
 Juiz: o livramento será concedido pelo juiz de execuções penais, durante a execução
penal. A sentença deve ser motivada.

4. Condições
 Período de prova: período durante o qual o indivíduo esta submetido a algumas
condições.
 Obrigatórias: necessariamente impostas ao liberado.
o Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho;
o Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação
o Não mudar do território da comarca do Juízo da Execução sem prévia autorização deste;
 Facultativas: estão a critério do juiz impor ou não.
o Não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da
observação cautelar e de proteção;
o Recolher-se à habitação em hora fixada;
o Não frequentar determinados lugares.

5. Revogação
 Causas de revogação obrigatória
o A condenação do liberado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por
crime cometido durante a vigência do benefício;
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 Cumpri-se o restante da pena, sem aproveitar o período de prova.
o Condenação do liberado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por
crime anterior;
 Computa-se o período de prova, para o cumprimento do restante da pena.
 Causas de revogação facultativa
o Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.
o Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que
não seja privativa de liberdade.
 Efeitos da revogação: o condenado deve cumprir o restante da pena. Não se aproveita
o período de prova, salvo no caso de condenação por crime anterior.

6. Prorrogação e Extinção
 Prorrogação: enquanto durar o processo que acusa o beneficiário de algum crime. Por
tempo indefinido.
 Extinção: findo o período de prova se revogação, a pena será extinta.

CAPÍTULO IX – REABILITAÇÃO

1. Conceito de Reabilitação
 É a declaração judicial de reinserção do sentenciado ao gozo de determinados direitos que
foram atingidos pela condenação.

2. Condições
 Trânsito em julgado da sentença condenatória, sob pena de carência de ação;
 Tempo decorrido de 2 anos a partir da extinção da pena ou do fim da sua execução.
o Computa-se o tempo de prova da suspensão e do livramento condicional.
o No caso de multa o prazo começa a correr quando esta for paga ou quando prescrever a
pretensão executória.

3. Requisitos
 Sentenciado deve ser domiciliado no país;
 Bom comportamento público e privado;
 Ressarcimento do dano causado pelo crime, salvo impossibilidade de fazer.

4. Efeitos
 Assegura ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação;

5. Revogação
 Se o sentenciado seja condenado novamente a pena que não seja de multa, nos 5 anos após
a extinção da pena.

CAPÍTULO X – MEDIDAS DE SEGURANÇA

1. Conceito
 São consequências jurídicas do delito, de caráter penal, orientadas por razão de prevenção
especial. O objetivo é impedir que a pessoa sobre a qual atue volte a delinqüir, a fim de
que possa levar uma vida sem conflitos com a sociedade.

2. Pena e Medida de Segurança

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 Quanto ao fundamento: a pena baseia-se na culpabilidade do agente e a medida de
segurança na periculosidade;
 Quanto ao limite: a pena é limitada pela gravidade do delito e a medida de segurança
pela intensidade da periculosidade evidenciada pelo sujeito ativo do delito;
 Quanto ao sujeito: a pena aplica-se ao imputáveis e semi-imputáveis e a medida de
segurança aplica-se ao inimputáveis e aos semi-imputáveis necessitados de especial
tratamento curativo;
 Quanto ou objetivo: a pena busca a reafirmação do ordenamento jurídico bem como o
atendimento de exigências de prevenção geral e especial. A medida de segurança atende a
fins preventivos especiais.

3. Sistemas
 Dualista ou duplo binário: a pena baseia-se na culpabilidade e a medida de segurança
na periculosidade. É possível a aplicação concomitante de pena e medida de segurança.

4. Princípio da Legalidade
 Sentido: a aplicação de qualquer medida de segurança deverá estar prevista por lei no
momento em que o sujeito for declarado perigoso.
 Retroatividade: a medida de segurança mais benéfica pode retroagir.

5. Pressupostos de Aplicação das Medidas de Segurança


 Prática de fato punível: fato definido como crime pela lei;
 Periculosidade do autor: deve ser comprovada no processo. Deve ser verificada após
a prática de uma infração penal.
 Ausência de imputabilidade plena: os imputáveis não podem sofrer medida de
segurança. Os semi-imputáveis somente se houver necessidade de tratamento curativo.
Os inimputáveis podem sofre medida de segurança.

6. Espécies
 Internamento em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico: é obrigatória
aos inimputáveis que tenham cometido crime punível com pena de reclusão e facultativa
para os crimes de detenção. O semi-imputável pode ter sua pena substituída por medida
de segurança, inclusive durante o cumprimento, se for necessário especial tratamento
curativo.
 Tratamento ambulatorial: são tratamentos médicos para a pessoa sem necessidade
de internação. Pode ser aplicada aos inimputáveis e aos semi-imputáveis cuja a pena seja
de detenção. Pode ser convertida em internamento se houver necessidade.
 Locais de internação e tratamento: são os hospitais de custódia e tratamento
psiquiátrico. Antigos manicômios judiciários. Devem ser dotados de características
hospitalares e contar com dependência médica adequada.

7. Duração das Medidas de Segurança


 Início: após o trânsito em julgado da sentença;
 Prazo mínimo: é de um a três anos independentemente do crime. Varia de acordo com
a maior ou menor periculosidade do agente.
 Prazo máximo: no caso dos inimputáveis o prazo máximo é o máximo da pena
cominada em abstrato para o delito. Para o semi-imputáveis é o prazo que ele cumpriria
de pena, se esta não tivesse sido substituída. A medida de segurança não pode ser imposta
indefinidamente no tempo.
 Exame de verificação da periculosidade: o exame deve ser feito findo o prazo
mínimo e depois repetido a cada ano, se não for determinado em momento anterior pelo
juiz. Médico particular pode participar do exame de periculosidade.

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 Desinternação ou liberação condicional: se o exame constatar cessão da
periculosidade a pessoa será coloca em liberdade condicional. Suspende-se então a
medida de segurança que será extinta se no prazo de um ano o condenado não praticar
nenhum fato indicativo de persistência da periculosidade. Caso pratique ato dotado de
periculosidade o juiz restabelece a medida de segurança.
 Extinção da punibilidade: ocorrendo alguma causa de extinção da punibilidade, não
poderá ser imposta medida de segurança.

8. Medida de Segurança Substitutiva


 Semi-imputável: sendo condenado e havendo necessidade de tratamento especial o juiz
pode converter a pena em medida de segurança.
 Superveniência de doença mental: se durante o cumprimento de pena a pessoa for
acometida de doença mental ela deverá ser internada em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico. Sendo doença duradoura o juiz pode converter a pena em medida de
segurança.

CAPÍTULO XI - CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

1. Conceito
 Implicam renúncia, pelo Estado, do exercício do direito de punir, seja pela não-imposição
de uma pena, seja pela não execução ou interrupção do cumprimento daquela já aplicada

2. Momento da Extinção
 Antes: ocorrendo a extinção antes do trânsito em julgado, extingue-se o jus puniendi do
Estado, não persistindo qualquer efeito do processo ou da sentença condenatória.
 Após: ocorrendo após o trânsito em julgado, extingue-se a pretensão executória do
Estado.

3. Morte do Agente
 Fundamentação: a pena é pessoal e não passará da pessoa do condenado.
 Comprovação: certidão de óbito.
o Para a doutrina a eventual comprovação da falsidade da certidão de óbito não autoriza a
reabertura do processo. Todavia para o STF pode ser reaberto o processo porque a
sentença é inexistente, não havendo ofensa á coisa julgada.
 Morte presumida: somente se for expedido a certidão de óbito.

4. Anistia
 Conceito: é a declaração do Congresso Nacional que determina que alguns fatos se
tornem impunível por motivo de utilidade social. Volta-se para os fatos e não para as
pessoas. Geralmente para crimes políticos.
 Geral ou plena: de concessão ampla e indistinta
 Parcial ou restrita: quando sua outorga se encontra circunscrita a determinados
agentes ou limitada a uma categoria de crimes especificados em lei.
 Própria: quando anterior à condenação
 Imprópria: concedida após a prolação da sentença.
 Condicionada: tem condições a serem aceitas pelo beneficiado e pode ser recusada.
 Incondicionada: não há nenhuma condição, e não pode ser recusada.

5. Indulto e Graça
 Indulto: ato privativo do presidente da República de caráter coletivo; É espontâneo
 Graça: ato privativo do presidente da República de caráter individual; Deve ser solicitada;
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 Pleno: quando extingue completamente a punibilidade;
 Parcial: quando diminui a pena;
 Pressuposto: sentença condenatória transitada em julgado.

6. Abolitio Criminis
 Conceito: trata-se de lei nova que deixa de considerar determinada conduta como crime.
Ocorre a retroatividade da lei penal benéfica.
 Efeitos: são afastados por completo os efeitos penais da condenação, persistindo
unicamente os efeitos civis.

7. Renúncia e Perdão do ofendido


 Renúncia: é a desistência de propor a ação penal privada;
o Tácita: a pratica de uma ato incompatível com a vontade de exercê-lo.
o Expressa: clara e inequívoca, constante em declaração assinada pelo ofendido.
o Ação subsidiária da pública: é cabível a renúncia.
 Perdão do ofendido: é a desistência de prosseguimento da ação penal privada
propriamente dita
 Diferença: a renúncia ocorre antes do ajuizamento da ação, enquanto o perdão ocorre
durante o curso do processo.
 Comunicação: havendo renúncia ou perdão a um dos acusados, todos devem se
beneficiar.
 Co-titularidade: no caso de dois ou mais titulares do direito de representação, a
renúncia ou perdão de um não afeta o direito do outro.

8. Perdão judicial
 Conceito: é a clemência do Estado para determinadas situações expressamente previstas
em lei, quando não se aplica a pena prevista para determinados crimes, ao serem
preenchidos certos requisitos objetivos e subjetivos que envolvem a infração penal. Não
pode ser recusado.
 Reincidência: a sentença que conceder perdão judicial não gera reincidência (art. 120).

9. Retratação
 Conceito: é o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito.
 Extinção da punibilidade: somente antes da sentença, posterior a ela, somente terá
efeito de atenuante. Somente nos casos em que a lei admite.

10. Decadência
 Conceito: perda do direito de ação privada ou de representação pelo decurso do tempo
 Oferecimento da queixa ou representação: se a vítima for incapaz, cabe ao seu
representante.
 Prazo: 6 meses.
 Início do prazo: A partir do conhecimento do autor; delitos em co-autoria - a partir do
conhecimento do primeiro autor; crime continuado – contado separado para cada fato
delituoso.

11. Perempção
 Conceito: consiste na perda do direito de ação pela inércia do querelante. A inatividade
do querelante presume a desistência quanto ao seu prosseguimento. Deve ocorrer no curso
do processo.

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