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1) Determinação do quantum de pena privativa de liberdade 5) Avaliará a possibilidade de substituição da pena privativa
definitiva para cada fato imputado e cada autor (divididos em de liberdade por restritiva de direitos;
pena-base, pena provisória e pena definitiva);
2) Determinação (se previstas) do quantum de pena de multa 6) Verificará o eventual desconto de pena aplicada em razão
(dias-multa e seu valor) e pena acessória para cada fato da detração (art. 42, CP);
imputado e cada autor;
3) Determinação da eventual aplicação das regras de concurso 7) Fixará valor mínimo para reparação dos danos causados
material, concurso formal ou continuidade delitiva; pelo ilícito penal (se houver pedido expresso prévio da
acusação e tiver ocorrido contraditório sobre a temática);
4) Fixação do regime inicial para cumprimento de pena, 8) Fixará os efeitos genéricos e específicos da condenação
considerando a quantidade de pena privativa de liberdade criminal, consoante disposições dos artigos 91 e 92 do CP);
aplicada, a natureza do crime (se hediondo ou não) e a
natureza da pena privativa de liberdade);
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal: Volume único. São Paulo: Atlas. 2018. p. 336.
ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS
• Exemplo 1: no crime de homicídio, é elementar do tipo penal a supressão da vida
humana. Sendo assim, o ato de atirar uma vez contra alguém, ação esta que
produziu o resultado morte, é elementar ao tipo penal, não podendo ser valorado
como circunstância do crime. Contudo, se no fato concreto o indivíduo tiver
realizado 30 disparos para matar a pessoa, isso poderá ser valorado negativamente
como circunstância judicial, já que se trata de elemento para além do núcleo do tipo.
• Ou seja, ao avaliar as oito circunstâncias judiciais no art. 59, o juízo poderá entender que
uma ou algumas circunstâncias evidenciam uma maior reprovabilidade do fato –
valorando-as negativamente, portanto.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
• As circunstâncias judicias podem ser classificadas em duas
espécies:
• Exemplo 1: Rochet está sendo acusado pelo crime de furto, o qual aconteceu
em 08 de outubro de 2023. Rochet também foi acusado anteriormente pelo
crime de lesão corporal, que se consumou em 20 de novembro de 2021. A
sentença condenatória pelo crime de lesão corporal transitou em julgado em
10 de dezembro de 2023; a sentença condenatória pelo crime de furto foi
prolatada em 10 de janeiro de 2024. Neste exemplo será possível usar a
condenação anterior como mau antecedente.
ANTECEDENTES
• Exemplo 2: Bustos está sendo acusado pelo crime de furto, o
qual aconteceu em 08 de outubro de 2023. Bustos também foi
acusado pelo crime de lesão corporal, que se consumou em 1º
de novembro de 2023. O processo de lesão corporal tramitou de
maneira mais célere, sendo que a sentença condenatória deste
delito transitou em julgado em 1º de julho de 2024. Por sua vez,
a sentença condenatória relativa ao crime de furto foi proferida
em 30 de setembro de 2024. Neste exemplo não será possível
usar a condenação anterior como mau antecedente – o fato que
deu origem a condenação criminal transitada em julgado é
posterior ao outro fato processado.
ANTECEDENTES
• Na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
“(...) 1. Condenações definitivas com trânsito em julgado por fato anterior ao crime descrito na
denúncia, ainda que com trânsito em julgado posterior à data dos fatos tidos por delituosos,
embora não configurem a agravante da reincidência, podem caracterizar maus antecedentes e, nesse contexto,
impedem a aplicação da minorante de tráfico de drogas dito privilegiado, por expressa vedação legal. (...)”
(AgRg no HC n. 783.764/MG, relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado
em 8/5/2023, DJe de 11/5/2023.)
“(...) 5. Os maus antecedentes foram desvalorados em razão de condenações por delitos praticados
anteriormente ao crime em questão, mas cujo trânsito em julgado ocorreu posteriormente à data dos
fatos aqui tratados, inexistindo ilegalidade a ser sanada neste ponto, pois a jurisprudência desta Corte de
Justiça é unânime, no sentido de que a condenação por crime anterior à prática delitiva, com trânsito em
julgado posterior à data do crime sob apuração, malgrado não configure reincidência, enseja a valoração
negativa da circunstância judicial dos antecedentes, justificando a exasperação da pena-base a esse título.
Precedentes. (...) (AgRg no HC n. 799.939/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, julgado em 28/2/2023, DJe de 6/3/2023.)
ANTECEDENTES
• Na doutrina: “A noção de mau antecedente exige não apenas que a
condenação criminal definitiva seja anterior à decisão que o juiz ora
profere, mas também que o outro fato seja igualmente anterior ao fato do
processo; do contrário, não se tratará de um antecedente. Só constitui,
portanto, mau antecedente a anterior condenação penal transitada em
julgado por crime anterior àquele crime que ora se considera. Mas o
novo crime deve ser anterior ao trânsito em julgado da sentença
condenatória pelo primeiro crime, pois, se for posterior, a hipótese será
de reincidência (cf. art. 63, CP), e não de mau antecedente.”
(FRAGOSO, Christiano Falk. Capítulo III. Da aplicação da pena. In
Código Penal Comentado (Coord. Luciano Anderson de Souza).
1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2020. p. 267).
ANTECEDENTES
• Quando o agente cometer um crime durante o período de 05 (cinco)
anos após o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória,
falar-se-á em reincidência, que constitui agravante genérica (art. 61,
inciso I, CP). Nestes casos, tal anotação não pode ser valorada
simultaneamente como maus antecedentes, mas apenas como
reincidência, sob pena de ocorrer bis in idem.
“2. Firme nesta Corte o entendimento de que as condenações alcançadas pelo período depurador de
cinco anos (art. 64, I, do Código Penal ? CP) não configuram reincidência, mas são aptas a
configurar os maus antecedentes do réu. (...) (AgRg no AREsp 1308400/RS, Rel. Ministro JOEL
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2020, DJe 22/09/2020)”
• Na definição jurisprudencial do STJ: “(...) 1. A circunstância judicial da conduta social diz respeito ao
comportamento do agente perante a sociedade, sua família, seu ambiente de trabalho, ou seja, perante seu grupo
comunitário. Nessa linha, não há nenhuma ilegalidade em vista da negativação de tal circunstância com base
no envolvimento do agravante com o tráfico de drogas praticado na região, já que tal circunstância indica o
desfavor de seu comportamento perante a comunidade. Precedente. (...)” (AgRg no HC n. 823.960/GO,
relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado em 28/8/2023, DJe de
30/8/2023.)
• Prova-se a conduta social sobretudo com prova testemunhal (as denominadas testemunhas abonatórias).
Não se confunde na conduta social os antecedentes (passagens criminais formalizadas e anotadas nos
registros criminais), bem como a personalidade do agente. Há uma crítica doutrinária pertinente que a
conduta social não pune a reprovabilidade do fato, mas o modo do ser do réu – caracterizando um
possível direito penal do autor.
CONDUTA SOCIAL
• Prova-se a conduta social sobretudo com prova testemunhal (as
denominadas testemunhas abonatórias). Não se confunde na
conduta social os antecedentes (passagens criminais formalizadas
e anotadas nos registros criminais), bem como a personalidade do
agente.
• Vale anotar que, nos casos em que houver a incidência de mais de uma
causa qualificadora (v. g. furto qualificado pelo uso de chave falsa e em
concurso de duas ou mais pessoas), a qualificadora excedente será
considerada nesta vetorial para exasperação da pena-base.
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME
• • “(...) 2. Para fins do art. 59 do Código Penal, as circunstâncias do crime devem ser entendidas
como os aspectos objetivos e subjetivos de natureza acidental que envolvem o fato delituoso. In casu,
não se infere ilegalidade na primeira fase da dosimetria, pois o decreto condenatório demonstrou que
o modus operandi do delito revela gravidade concreta superior à ínsita aos crimes de estupro de
vulnerável e estupro, pois o réu, prevalecendo-se das relações domésticas, abusou sexualmente de
sua filha e de sua enteada, desde os seus 7 anos de idade, dentro da residência da família, sem ter
usado preservativo, o que submeteu as vítimas a risco de contágio de doença venérea. (...)” (AgRg
no HC 553.896/ES, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
01/09/2020, DJe 08/09/2020)
• • “(...) 2. No caso, verifica-se, ainda, que o Tribunal asseverou que, "em que pese o uso de arma
branca (caco de vidro) as circunstâncias do crime em nada tiveram de especial, eis que a ameaça -
ainda que por arma branca - é inerente ao tipo penal de roubo". Observa-se que esse entendimento
está conforme a jurisprudência desta Corte Superior. (...)” (AgRg no REsp 1857209/MG, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 09/09/2020)
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME
• Tratam-se das consequências que transbordam o resultado esperado
de um delito; são aquelas situadas para além da tipicidade e
revelam consequências excedentes ao dano naturalmente
ocorrido em razão da prática delitiva – em regra, de natureza
patrimonial, porém também alcançando danos de natureza
moral ou psicológica.
“(...) 4. A análise das circunstâncias judiciais do art. 59, do Código Penal, não atribui pesos absolutos para
cada uma delas, a ponto de ensejar uma operação aritmética dentro das penas máximas e mínimas cominadas ao
delito, sendo possível que o magistrado fixe a pena-base no máximo legal, ainda que tenha valorado tão somente
uma circunstância judicial, desde que haja fundamentação idônea e bastante para tanto (AgRg no REsp n.
143.071/AM, Relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 6/5/2015). 5.
No caso, em relação ao crime de tráfico de drogas, embora a expressiva quantidade dos entorpecentes
apreendidos justifique incremento na pena, inclusive em patamar elevado, considerando a exorbitante
quantidade - mais de 2 toneladas de maconha -, o aumento em mais de um inteiro revela-se excessivo, devendo
ser mantida a decisão agravada que reduziu o aumento para a razoável fração de 3/5. Quanto ao crime de
associação para o tráfico, revela-se idônea a ponderação negativa do fato de o grupo criminoso ser bem
aparelhado, com elevado grau de organização e distribuição definida de tarefas entre seus membros. Por outro
lado, a circunstância de o paciente ter sido a pessoa responsável pelo aluguel do sítio onde a droga seria recebida
e realizar o transporte do entorpecentes não denota liderança, tratando-se de função executiva comum na
hierarquia da organização, razão pela qual não comporta especial desvalor, o que enseja a proporcional redução
da respectiva pena-base, tal como operado na decisão agravada. (...)” ((AgRg no HC n. 819.830/MG, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 6/6/2023, DJe de 14/6/2023.)
QUANTUM DE EXASPERAÇÃO (1ª FASE)
• Nada obstante, a prática judicial consolidou três alternativas bastante
recorrentes e amplamente aceitas pela jurisprudência dos tribunais superiores:
i) fração de 1/6 sobre o mínimo legal; ii) fração de 1/8 sobre o intervalo entre
as penas mínima e máxima; iii) fração de 1/8 sobre o termo médio entre as
penas mínima e máxima.
• Nas palavras de BOSCHI: “Ora, como primeira referência penal no método trifásico, a
pena-base não pode converter-se, desde logo, em pena máxima, porque isso implicaria
desconsiderarmos a progressividade para quantificações reservada às fases seguintes, sem
necessidade de insistirmos, outrossim, que a tese oposta destoa do comando normativo da
proporcionalidade abraçado pelo nosso sistema normativo constitucional e
infraconstitucional. Em suma: na primeira fase do método trifásico, a pena-base é
individualizada dentro das margens específicas (o mínimo legal e o termo médio), jamais
podendo excedê-las, salvo em descompasso com o sistema trifásico e com dispositivos
constitucionais.” (BOSCHI, José Antônio Paganella. Das penas e seus critérios de
aplicação. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2011. p. 187-188.
QUANTUM DE EXASPERAÇÃO (1ª FASE)
• Nada obstante, independentemente do sistema de exasperação
adotado, é assente que, na 1ª fase da dosimetria, não é possível que a
valoração das circunstâncias judiciais conduza a pena-base abaixo
do mínimo legal ou acima do máximo legal – pois ensejaria violação
à legalidade, negando vigência ao inciso II do art. 59 do CP
(MARTINELLI; BEM, op. cit., p. 960).