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Coleção Resumos

Direito Penal
Parte 3

Janaina Mascarenhas

2023
Sumá rio
TEORIA DAS PENAS......................................................................................................3
PUNIBILIDADE.............................................................................................................15
TEORIA DAS PENAS
1. Principios
1.1 Intranscendência das penas
Art. 5°, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido;
Para Bitencourt o perdimento de bens citado no artigo é a pena restritiva de direitos,
além do efeito automático da condenação.
1.2 Individualização da pena
Art. 5º XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direito
Esse princípio é voltado ao legislador, que determina as penas dos crimes, ao julgador,
que aplica as penas através da dosimetria, e ao juiz da execução, que vai individualizar a
pena conforme o mérito do condenado.
1.3 Humanidade das penas
Art. 5º XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de
banimento; e) cruéis
Luiz Flavio Gomes possui opinião de que a pena de liquidação forçada da pessoa
jurídica, nos crimes ambientais, equivale a uma pena de morte da pessoa jurídica.
1.4 Principio da presunção de inocência
Art. 5º LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
2. Teorias da pena
2.1 Teoria absoluta (por que punir?)
Entende que a função da pena é apenas compensatória/retributiva. A pena deve ter
intensidade e duração que compense o dano causado. Fundamento: necessidade e justiça
moral. Não tem fundamento social, coletivo, tem os olhos voltados para o passado.
2.2 Teoria relativa (para que punir?)
A pena possui uma função utilitária de prevenção. Tem os olhos voltados para o futuro
 Prevenção geral positiva: infundir uma consciência geral de que a lei funciona.
 Prevenção geral negativa: intimidar aqueles que podem praticar crimes.
 Prevenção especial positiva: ressocializar e educar o condenado.
 Prevenção especial negativa: neutralizar o condenado.
O Brasil adota teoria mista, unitária ou eclética (art. 59 CP), a pena tem caráter
punitivo e também preventivo.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime.
Apesar de o CP não trazer a palavra ressocialização, prevê a prevenção, que pode ser
especial positiva.
3. Penas privativas de liberdade
No Brasil há reclusão, detenção e prisão simples.
Não há diferença substancial entre a reclusão e detenção, apenas o regime, que na
reclusão pode ser fechado, mas há algumas diferenças formais: a interceptação
telefônica só é permitida para crimes punidos com reclusão. No entanto, essa
diferenciação é pouco útil, porque o STF admite o empréstimo de prova encontrada
fortuitamente, desde que feito o contraditório.
Outra diferença formal é que o tratamento ambulatorial é aplicável aos crimes
punidos com detenção. Mas o STJ, após a reforma psiquiátrica, vem decidindo que a
natureza da pena não influencia na medida de segurança, porque esta não é pena, sendo
vinculada à periculosidade do agente, não à gravidade do fato.
STJ, 3 SEÇÃO, 2019 - Para uma melhor exegese do art. 97 do CP, à luz dos
princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade, não deve
ser considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a
periculosidade do agente, cabendo ao julgador a faculdade de optar pelo
tratamento que melhor se adapte ao inimputável
Diferença quanto ao regime inicial: A reclusão pode ter regime inicial fechado,
semiaberto ou aberto. Na detenção o regime inicial deve ser semiaberto ou aberto,
salvo em caso de unificação de pena que demande regressão de regime (ex: detenção 5
anos depois + 4 anos de reclusão, fica 9 e vai pro regime fechado, regressão por
unificação).
Prisão simples é aquela aplicada às contravenções penais, sem rigor penitenciário, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão especial, em regime semiaberto
ou aberto (exceto regressão por unificação).
3.1 Fases da individualização da PPL
a) Fase primária (art. 59, I e II CP)
 Eleição do quantum da pena prevista no preceito secundário do tipo
 Sistema trifásico (art. 68 CP) – pena base, agravantes e atenuantes e majorantes
e minorantes.
b) Fase secundária (art. 59, IIII)
 Estabelece o regime de cumprimento da PPL.
c) Fase terciária (art. 59 IV)
 Possibilidade de substituição por PRD ou Multa (art. 44 CP)
 SURSIS da pena: é residual, apenas se não for possível a substituição (art. 77).

3.2 Sistema trifásico (art. 68 CP)


Determina o quantum da pena.
a) Primeira etapa: determina a pena-base.
Analisa as circunstâncias judiciais do art. 59 para determinar a pena aplicável dentre as
cominadas no tipo. Há uma “discricionariedade vinculada”, nas palavras de Nucci.
 Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente. - 4
 Motivos, circunstâncias e consequências do crime. - 3
 Comportamento da vítima. – 1 [polemica]
A culpabilidade aqui analisada é o grau de reprovabilidade e não se confunde com o
elemento do crime de potencial consciência da ilicitude, imputabilidade e exigibilidade
de conduta diversa.
OBS: Tese da coculpabilidade: menos punitivista, entende que em certas
circunstâncias sociais, de falta de oportunidade, a sociedade é coculpavel pela situação
que levou a pessoa a praticar delito. Para Zaffaroni é uma causa supralegal de mitigação
da reprovação. Outros entendem como causa de exclusão da culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa (Cristiano Rodrigues).
Antecedentes: são residuais em face da reincidência.
STJ Sumula 444: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.
STJ Sumula 636 - a folha de antecedentes criminais é documento suficiente para
comprovar maus antecedentes e reincidência.
Divergência doutrinária e jurisprudencial!
1ª Turma do TEMA 150 RG STF: A anotação pretérita já atingida pelo
período depurador do art. 64 SERVE para mau antecedentes.
STJ: IDEM
x
2º Turma STF: A anotação pretérita já atingida pelo período depurador do art.
64 NÃO SERVE para reincidência nem para maus antecedentes, porque não
existe pena de caráter perpétuo.
STJ, EAREsp 1.311.636-MS, 2019 - Eventuais condenações criminais do réu
transitadas em julgado e não utilizadas para caracterizar a reincidência somente podem
ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se
admitindo sua utilização também para desvalorar a personalidade ou a conduta social do
agente.
Conduta social: diz respeito à vida da pessoa na comunidade. Não pode ser anotações
de inquéritos. É apurada pelo interrogatório, que na primeira parte diz respeito à pessoa
e por outros documentos apresentados.
Personalidade: [o argumento de “personalidade criminosa” é falacioso]. Segundo o
STJ, a valoração negativa da personalidade independe de laudo técnico, mas tão
somente de dados concretos que demonstrem maior periculosidade do agente.
STJ EREsp 1.431.091-SP, 2017 – É possível a utilização de inquéritos policiais
e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a
atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33,
§ 4º, da Lei 11.343/06.
X
STF – Não pode usar os inquéritos e processos em curso por si para afastar o §4º
do artigo 33 da Lei de drogas.
STJ, 2021 – atos infracionais pretéritos podem afastar o trafico privilegiado por se
dedicar a atividades criminosas. Precisa dos requisitos de (i) gravidade dos atos (ii)
proximidade temporal (iii) prova nos autos dos atos infracionais.
Motivo, circunstâncias e consequências do crime: Não pode ser um elemento do
crime, pois é bis in idem. Homicídio qualificado por motivo torpe não pode ter a pena
base majorada por motivo torpe. Fraude do estelionato não pode majorar a pena pelas
circunstâncias, exceto se for uma fraude muito elaborada.
STJ, 2014 - O expressivo prejuízo causado à vítima justifica o aumento da pena-base,
em razão das consequências do crime.
Ex: roubo no shopping em horário lotado.
Comportamento da vítima: segundo o STJ, o comportamento da vítima nunca será
avaliado desfavoravelmente ao acusado (será sempre neutro ou favorável);
 Cálculo da pena-base
As circunstâncias negativas agravam a pena-base. Se forem positivas mantém a pena no
mínimo (não diminuem).
O STJ tem admitido o cálculo dividindo o intervalo entre a pena mínima e máxima por
oito.
(Pmax – Pmin)x 12 : 8 = numero de meses a cada circunstância negativa.
Exemplo: pena de 2 a 8 anos. A diferença é 6 anos, 72 meses. Cada circunstância
negativa eleva 72/8, ou seja, 9 meses.
b) Segunda etapa: pena intermediária
Analisa as agravantes e atenuantes gerais (arts. 61 a 65), chamadas de circunstâncias
legais.
Pode haver compensação entre atenuantes e agravantes, mas quando uma for
preponderante (reincidência, motivos determinantes e personalidade) e a outra não, não
compensa.
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que
resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência.
Divergência jurisprudencial! Compensação entre confissão e reincidência:
STJ – Compensa sempre, e tratando-se de réu multirreincidente deve ser
compensação proporcional com a atenuante da confissão espontânea, em estrito
atendimento aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade.
x
STF 2ª Turma – Reincidência prepondera!
OBS: STF tem entendido que a confissão é atenuante relacionada à personalidade e
portanto é preponderante, porque a natureza humana é de negar, ao confessar o agente
demonstra personalidade positiva.
STJ, AgRg no REsp 1416247/GO, 2014 - Incide a atenuante prevista no art. 65,
inciso III, alínea d, do CP na chamada confissão qualificada, hipótese em que o
autor confessa a autoria do crime, embora alegando causa excludente de
ilicitude ou culpabilidade.
STJ Súmula 630: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime
de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo
acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso
próprio.
 Reincidência:
É uma das agravantes. É reincidente quem comete novo crime após transito em julgado
de sentença condenatória dentro de 5 anos. Não são considerados para reincidência
crimes militares próprios e crimes políticos.
Os 5 anos são contados a partir do cumprimento ou extinção da pena. No caso de
SURSIS ou Livramento condicional, o período de prova é contado nos 5 anos.
Exemplo: 2 anos de SURSIS e extinguiu a pena. Mais 3 anos e ele deixa de ser
reincidente.
Crime  crime
OBS: reincidência em contravenção: aquele que comete
nova contravenção após condenação transitada em julgado por Crime contravenção
crime ou contravenção, ou sendo no exterior, apenas
Contravenção  contravenção
contravenção.
Contravenção  crime NÃO É
OBS2: Perdão judicial: é sentença declaratória de extinção da
REINCIDENTE.
punibilidade e não gera reincidência. [assim como anistia e
abolitio criminis]. STJ Sumula 18.
STJ Sumula 241: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. (se forem anotações
diferentes pode uma ser agravante e outra antecedente)
STJ Sumula 220: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.
[apenas executória]
STJ Súmula 231: a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir a pena
abaixo do mínimo legal [polemica, porque trata igualmente situações diferentes. Nesse
sentido, a sumula 545 é uma mitigação desta]
STJ Sumula 545: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
[ainda que tenha sido retratada em juízo, se foi usada pelo juiz deve ser atenuante]
STJ Súmula 630 - A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de
tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não
bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.
OBS: a atenuante prevista no art. 56 do Estatuto do Índio somente é aplicável ao
indígena não integrado socialmente.
OBS2: para o STJ, a condenação pelo crime de uso de substância entorpecente (art. 28
da lei de Drogas) não configura reincidência.
 Cálculo
A jurisprudência entende que 1/6 é o valor de agravar ou atenuar. Lembrando que
havendo uma atenuante e uma agravante elas se compensam, exceto se uma delas for
preponderante, nesse caso o aumento ou diminuição será menor, ex: 1/8.
c) Terceira fase: pena definitiva
Aprecia as causas de aumento e diminuição específicas do tipo (majorantes e
minorantes). Pode ser menor que o mínimo ou maior que o máximo do tipo.
Quando há causa de aumento e diminuição ao mesmo tempo há cumulação, aplicação
sucessiva, sem compensação.
Se forem duas causas de aumento ou duas de diminuição o juiz pode limitar-se a uma
que mais aumente ou mais diminua (art. 68 §unico CP).

Ordem de prioridade de enquadramento nas fases:


1º fase como qualificadora
3º fase como majorante/minorante
2º fase como agravante/atenuante
1º fase como circunstância judicial.

Duas causas de aumento: aumentos isolados (ex: ½ e ¼ de 4 é 2+1) – não é pacifico


Duas causas de diminuição: sucessiva (ex: ½ e ¼ de 4 é 2+0,5)
STJ, HC520094/SP, 2020 - É legítima a aplicação cumulada das majorantes
relativas ao concurso de pessoas e ao emprego de arma de fogo, no crime de roubo,
quando as circunstâncias do caso concreto demandarem uma sanção mais rigorosa,
especialmente diante do modus operandi do delito
STF, 1 T, HC 110960, 2014 - estabelece, sob o ângulo literal, apenas uma
possibilidade (e não um dever) de o magistrado, na hipótese de concurso de
causas de aumento de pena previstas na parte especial, limitar-se a um só
aumento, sendo certo que é válida a incidência concomitante das
Majorantes, sobretudo nas hipóteses em que sua previsão é desde já arbitrada
em patamar fixo pelo legislador, como ocorre com o art. 226, I e II, do CP, que
não comporta margem para a extensão judicial do quantum exasperado
STJ Sumula 443 – O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.
4. Fase secundária: Regime inicial da PPL
STF Sumula 718: A opinião do julgador sobre a gravidade
Até =4 anos  aberto
em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
4 a =8 anos  semi imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a lei aplicada
Acima de 8  fechado
STF Sumula 719: A imposição do regime de cumprimento
NÃO REINCIDENTE
mais severo do que a pena aplicada exigir exige motivação
idônea
STJ Sumula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal é vedado estabelecimento de
regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito.
O regime inicial depende da gravidade concreta do caso. Não pode o julgador analisar a
gravidade em abstrato do crime.
Reincidente: em regra o regime inicial é o fechado. No entanto, a Sumula 269 do STJ
admite o regime semiaberto se a pena for até 4 anos e as circunstâncias judiciais
forem favoráveis.
5. Fase terciária: substituição por PRD
Art. 44 As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo.
II – o réu não for reincidente em crime doloso
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição
seja suficiente
As PRD são autônomas e substitutivas, não são acessórias das PPL. No CPM as PRD
são autônomas. Exceção: Lei de drogas, a pena do art. 28 é restritiva de direitos sem
substituir outra.
Substituem as PPL quando:
Pena até 1 ano : 1 multa OU 1
 PPL não superior a 4 anos. PRD
 Crime sem violência ou grave ameaça.
Pena > 1 ano: 1 multa + PRD
o Exceção: na lesão corporal leve do art. 129 §5°
ou 2 PRD
pode substituir por multa; nas penas não
superiores a 6 meses pode substituir por MULTA.
o Lesão culposa – pode porque violência é no resultado, não na conduta
 Nos crimes culposos, qualquer pena.
 Réu não reincidente em crime doloso
o Exceção: se não for reincidência específica e a medida seja adequada
(art. 44 §3° CP)
 Circunstâncias judiciais favoráveis
ATENÇÃO! CTB apesar de nos crimes de homicídio e lesão culposo no transito
a violência ser no resultado, o que em tese permite a PRD, uma alteração (a
partir de abril de 2021) proíbe nos casos de HOMICIDIO COM ALCOOL e
LESÃO GRAVE OU GRAVÍSSIMA COM ALCOOL
Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste
Código não se aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) . (Incluído pela Lei nº
14.071, de 2020)
Descumprimento = regressão para PPL, descontado o tempo que cumpriu a PRD, com o
mínimo de saldo a cumprir de 30 dias.

5.1 SURSIS da Pena


Art. 77 A execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, poderá
ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que:
I – o condenado não seja reincidente em crime doloso
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício
III- Não seja cabível a substituição prevista no art. 44.
É residual em relação à substituição pela PRD. Em regra vai ser aplicado no caso de
crimes dolosos com violência ou grave ameaça com pena até 2 anos, porque neles são
cabe PRD. (ex: roubo tentado)
Requisitos:
 PPL não superior a 2 anos.
 Réu não reincidente em crime doloso
 Circunstâncias judiciais favoráveis
 Não ser cabível PRD.
O tempo de suspensão é de 2 a 4 anos, não precisa ter o mesmo tempo de duração da
PPL.
Condições dependem da espécie de sursis:
Simples Especial Etário (+70 anos) Humanitário
(saúde)
PPL até 2 anos PPL até 2 anos PPL até 4 anos PPL até 4 anos
Tiver reparado o
dano, salvo
impossibilidade.
Circunstancias 59
totalmente
favoráveis.
Suspensão 2 a 4 Suspensão 2 a 4 Suspensão 4 a 6 Suspensão 4 a 6
anos anos anos anos
1º ano: serviços a Proibição de Pode ser os Pode ser os
comunidade OU frequentar mesmos do simples mesmos do simples
limitação do fim de determinados ou especial ou especial
semana lugares
Proibição de
ausentar-se da
comarca
Comparecimento
mensal

6. CONCURSO DE CRIMES
Em alguns casos o mesmo agente comete vários crimes. Cada crime deve ter a pena
individualizada, e posteriormente há a unificação das penas na sentença.
Concurso material (art. 69) Concurso formal (art. 70) Crime continuado (art. 71)
Duas condutas e dois Uma conduta e dois Vários crimes da mesma
resultados resultados espécie que pelas mesmas
condições de tempo, lugar,
maneira de execução, são
considerados crime único
SOMA Próprio: Maior pena ou, se Pena do crime mais grave,
iguais, aumenta-se de 1/6 a se diferentes, aumentada
½. de 1/6 a 2/3.
Improprio (designios
autonomos): SOMA

OBS: as penas de multa sempre são cumuladas, somadas. No concurso de crimes elas
são aplicadas integralmente, mas no crime CONTINUADO não. Art. 72 CP.
OBS2: a exasperação em regra é mais benéfica. Quando ela for maior do que a soma,
opta-se pela soma (cumulo material benéfico).
6.1 Concurso material
Conceito: prática de duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, omissivas ou
comissivas, produzindo dois ou mais resultados, idênticos ou não, vinculadas pela
identidade do agente.
6.1.1 Espécies:
a) Homogêneo – resultados iguais
b) Heterogêneo – resultados diferentes

6.1.2 Peculiaridades
 Se houver causas de aumento de pena esta é aplicada em cada delito
individualmente.
 Cumulação PPL com PRD: se um crime tiver a pena substituída e outro não,
vão ser compatíveis se: (i) for concedido sursis ou (ii) for regime inicial aberto.
Se for incompatível não pode substituir. Parte da doutrina entende que a PRD so
cabe se a soma for compatível. No entanto, na hipótese de a soma ser compatível
mas um crime não admite, ex: maria da penha com violencia, e outro sim, pode
haver a substituição, que será compatibilizada se o regime for abetto.
 Cumulação PRD com PRD: se forem compatíveis podem ser executadas
simultaneamente. Se não, sucessivamente.

6.2 Concurso formal


Conceito: prática de uma conduta e diversos resultados.
Conduta é diferente de ato! Uma conduta pode ter vários atos (ex: vários disparos
configuram uma só conduta).
6.2.1 Espécies:
a) Homogêneo – resultados iguais
b) Heterogêneo – resultados diferentes
c) Próprio – um único desígnio volitivo. Ex: atropela a mata várias pessoas numa
calçada.
d) Improprio – desígnios autônomos (aceita ou deseja produzir vários resultados)
ex: incendeia casa com a objetivo de matar o morador. Concurso formal de
incêndio e homicídio.

6.2.2 Teorias que fundamentam


a) Teoria subjetiva – exige a unidade de desígnios
b) Teoria objetiva – admite a pluralidade de desígnios. É a adotada pelo CP.
OBS: A teoria do dolo global é usada para definir se há unidade de desígnios: se
houver um planejamento único e prévio de todos os crimes, há concurso formal
proprio. Se é mero aproveitamento da situação, o concurso é formal improprio.

6.2.3 Peculiaridades
Cálculo do aumento no concurso formal próprio:
1/6 – 2 resultados
1/5 – 3 resultados
¼ - 4 resultados
1/3 – 5 resultados
½ - 6 ou mais resultados
STJ - O roubo praticado contra duas vítimas ao mesmo tempo configura concurso
formal e não crime único, porque são dois bens jurídicos lesionados com uma só
conduta. [exceto se for por exemplo furto de uma casa, leva coisas de dois moradores, é
só um furto.]
Caso do ônibus: concurso formal. DESIGNOS AUTONOMOS? HÁ
DIVERGENCIA NO STJ
STJ – a apreensão de mais de uma arma de fogo ou munição não configura concurso
formal, mas crime único.
6.3 Crime continuado
STJ entende que:
Conceito: o agente, com mais de uma conduta, pratica dois ou mais
1/6 – 2 resultados
crimes da mesma espécie com semelhantes condições de tempo,
modo, lugar, com nexo de continuidade. 1/5 – 3 resultados
¼ - 4 resultados
OBS: o direito penal brasileiro encampou a teoria da ficção jurídica.
1/3 – 5 resultados
OBS2: STF sumula 711 – lei mais grave se aplica ao crime ½ - 6 resultados
continuado ou permanente. 2/3 – 7 ou mais resultados
OBS3: Se presente na mesma situação concurso formal e crime
continuado aplica-se apenas o crime continuado.
STJ entende que esse crime de mesma espécie é mesmo tipo penal e mesmo bem
jurídico tutelado. Ex: roubo e latrocínio não é.
6.3.1 Espécies
a) Crime continuado comum
b) Crime continuado específico (art. 71 §unico) – crime doloso com violência ou
grave ameaça contra vítimas diferentes. Aumenta até 3x. [Sumula 605 foi
revogada] ex: homicídio em massa em escolas, pode alegar crime continuado;
para acusação é melhor o concurso material

6.3.2 Teorias
a) Teoria objetiva – só precisa requisitos objetivos para caracterizar o crime
continuado.
 Foi essa a inspiração da Reforma de 1984.
 Mais fácil de observar o requisito.
 Crítica: não diferencia a continuidade da reiteração delitiva.

b) Teoria subjetivo-objetiva
i. Dolo global – STJ
 Há dolo de cometer o crime global, mas a forma de executar é
fracionada.
 Há DE FATO um crime único.
 Exige planejamento de todas as etapas ANTES ou DURANTE a
execução.
 É mais rígida para o acusado.

ii. Dolo de continuação


 Aproveitamento múltiplo de uma oportunidade
 Não precisa de planejamento prévio, basta o aproveitamento da
situação.

6.3.3 Coisa julgada e tempo do crime


No crime continuado, a descoberta de novos crimes após o trânsito em julgado de uma
parte não impede nova denúncia, porque é uma ficção jurídica de unidade.
Em relação ao tempo do crime, no entanto, havendo lei penal mais gravosa durante a
execução ela se aplica, porque entende-se que o crime é único. (Sumula 711 STJ)
[professora salienta que essas soluções são contraditórias entre si e eu acrescento que a
única convergência é que são piores para o réu]
PUNIBILIDADE

1. Introdução – pretensão punitiva e executória


A pretensão de punibilidade do Estado nasce com a prática do fato típico, ilícito e
culpável. O caráter preventivo-punitivo da pena gera a pretensão de punir do Estado.
Por esse motivo, não há se falar em pretensão punitiva na aplicação de medida de
segurança, já que essa só possui caráter preventivo, e não punitivo. Não obstante, há a
necessidade de formação de um título executivo judicial para a aplicação da medida de
segurança, a sentença absolutória imprópria. Por isso, a extinção da punibilidade afasta
a medida de segurança, ainda que esta não seja pena.
“Medida de segurança é a modalidade de sanção penal com finalidade
exclusivamente preventiva, e de caráter terapêutico, destinada a tratar
inimputáveis e semi-imputáveis portadores de periculosidade, com o escopo de
evitar a prática de futuras infrações penais.” (MASSON, Cleber. Direito Penal
esquematizado. São Paulo: Método, 2012, p. 815).
A pretensão executória, por sua vez, diz respeito a pretensão do Estado de executar o
título judicial. É necessário o trânsito em julgado para que se inicie a contagem do
prazo prescricional para a execução da pena.
OBS: O STF tem entendido ser necessário o trânsito em julgado para acusação e para
defesa para que surja a pretensão executória, e comece a correr a prescrição, enquanto o
STJ ACOMPANHOU O STF DESDE 2022 – TRANSITO PARA AMBAS
2. Extinção da punibilidade
Causas de extinção de punibilidade são aquelas determinadas pelo legislador nas quais
apesar de haver o crime, o Estado abre mão ou perde o direito de punir.
A extinção da punibilidade antes do trânsito em julgado exclui todos os efeitos
penais, o que não significa a impossibilidade de recorrer à indenização na esfera cível
(ex: morte do agente, pode pedir indenização dos herdeiros pelos danos).
A extinção da punibilidade após o trânsito em julgado exclui apenas a pena em si,
mas ainda serve mantém efeitos penais secundários (ex: reincidencia) e extrapenais
como título executivo judicial para a reparação do dano na esfera cível. Ex:
prescrição da pretensão executória, a sentença condenatória fixou mínimo que pode ser
buscado na esfera cível, porque só prescreveu o direito de execução penal.
Exceções: abolitio criminis e anistia, ainda que APÓS o transito em julgado excluem
todos os efeitos penais, inclusive reincidência.
 Escusa absolutória x condições objetivas de punibilidade x extinção de
punibilidade
A escusa absolutória (condições negativas de punibilidade ou causas pessoais de
exclusão da pena) é condição pessoal e incomunicável do agente que faz com que o
crime não seja punível, impede a punibilidade. Não é extinção da punibilidade porque
ela nunca existiu. Diferente da imunidade diplomática, que atinge a jurisdição, e a
imunidade parlamentar, que atinge a tipicidade da conduta. Exemplo: filho que furta o
pai; favorecimento pessoal do pai com o filho.
A condição objetiva de punibilidade é uma condição suspensiva para que haja a
punição. Alguns autores chamam de crimes condicionados. Exemplo: crime material
tributário só é punível de constituído definitivamente o crédito.
2.1 Espécies (art. 107 CP)
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
É exemplificativo. Exemplos fora dessas hipóteses: Sumula 554 STF – extingue a
punibilidade o pagamento de cheque sem fundo até o recebimento da denúncia; O
pagamento integral do tributo nos crimes tributários; cumprimento das condições da
transação penal, Lei 9099; cumprimento das condições do sursis processual, Lei 9099.
Cumprimento do ANPP.
2.1.1 Morte do agente
Decorre do principio da intranscedência da pena. Porém, o legislador, no texto
constitucional, ressalva duas situações: a obrigação de reparar e a decretação do
perdimento de bens (confisco) , porque não são penas, mas efeitos automáticos da
condenação. Alguns doutrinadores afirmam que a pena restritiva de direitos de perda de
bens e valores também seria transferível aos herdeiros.
A pena de multa também pode ser transferida aos herdeiros se já convertida em
dívida com a Fazenda Pública.
ATENÇÃO! STF na ADI 3150 decidiu que mesmo após convertida em dívida de valor
a multa não perde o caráter penal, por isso o seu inadimplemento não permite a extinção
da punibilidade, porque a pena não foi cumprida.
Primeiro o não pagamento da multa convertia em detenção. Em 1996 alteração passou
a prever dívida de valor. STJ editou sumula 521 determinando que cabia à Fazenda a
execução. ADI passou a prever natureza penal, com execução pelo MP. Lei 13964 é
posterior e por isso a questão voltou, porque o art. 51 agora prevê que a vara é da
VEP, com execução primária pelo MP, só que não prevê a execução subsidiaria com
90 dias da Fazenda. Esta pendente o TEMA 1219 RG STF
1ª corrente – mantem posição STF, VEP e subsidiariamente VEF.
2ª corrente – só VEP e Fazenda não pode.
STJ ressalvou para pessoas sem condições financeiras, nesse caso seria uma pena de
caráter perpetuo, criminalização da pobreza, de modo que não impede a extinção da
punibilidade.
OBS: Falsidade da certidão de óbito: o STF e STJ entendem que a sentença que
extingue a punibilidade pela morte do agente com base em documento falso não faz
coisa julgada formal nem material, o fato é inexistente. O processo é retomado de
onde parou (mas a prescrição corre normalmente).
2.1.2 Anistia, graça ou indulto

 Anistia:
 É o esquecimento jurídico dos delitos
 Lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da
República. Pode ser delegada ao PR.
 Recai sobre fatos.
 Não é abolitio criminis, a tipicidade da conduta continua, mas o Estado
soberanamente esquece os crimes.
 Efeito retroativo.
 Doutrina afirma ser irrevogável.
 Não se aplica a crimes hediondos ou equiparados. HED e TTT.
Classificação:
Anistia geral x parcial
Anistia própria x impropria – própria é a que ocorre antes do trânsito em julgado e
atinge os efeitos extrapenais, como a obrigação de reparar o dano.
Anistia irrestrita x restrita – quanto ao autor.
Anistia comum x especial – crimes politicos
 Graça e indulto
 Decreto do Presidente da Republica (indulgentia principis)
 A pena deve estar em execução.
o STF tem mitigado para permitir o induto antes do trânsito em
julgado, desde que não caiba mais apelação.
 Não atingem os efeitos extrapenais. Só atingem a pena como efeito principal,
continua reincidente.
o STJ Sumula 631 – O indulto extingue os efeitos primários da condenação
(pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários (RRR) ou
extrapenais (reparação, perda do cargo, perda do poder familiar etc).
 Graça é individual e pode ser provocada pela parte, MP, autoridade
administrativa.
 Indulto é geral e a iniciativa é do Presidente.
 Para STF e para STJ o indulto é espécie de graça coletiva. Isso porque os crimes
hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto.
 ATENÇÃO! Indulto e comutação não podem contar pena já extinta; Ex:
condenado a concurso material de roubo e estupro. Se vem um decreto de
indulto depois de já cumprida a de estupro não pode contar esse tempo para o
indulto (ver art. 76 CP – executa primeiro a mais grave).
OBS: COMUTAÇÃO – por vezes é previsto no decreto de indulto. É um abatimento na
pena restante, sendo preenchidos certos requisitos. Equivale a um indulto parcial.
A condenação superveniente seja por crime anterior ou posterior NÃO interrompe o
prazo para a comutação, indulto e livramento condicional! A falta grave também não.
Se o apenado preenche os requisitos do decreto ele tem direito ao indulto ou comutação
(são espécies de graça, segundo o STJ). Deve ser observado estritamente os requisitos
do decreto, sob pena de usurpação de competência do art. 84, XII e ofensa à separação
dos poderes.
ATENÇÃO! Existe discussão pendente no STF sobre se os crimes que na época não
eram hediondos podem ter indulto (irretroatividade), mesmo que na época do indulto
sejam hediondos. PGR se manifestou pela observância dos requisitos NA DATA DO
DECRETO.
Para a análise dos requisitos objetivos (ex: reincidência) observa o termo final da data
de publicação do decreto (se teve condenação posterior ao decreto não conta).
PRD  deve contar individualmente o prazo de cada pena alternativa.
STJ Jurisprudência em Teses: É possível a concessão de comutação de pena aos
condenados por crime comum praticado em concurso com crime hediondo, desde que o
apenado tenha cumprido as frações referentes aos delitos comum e hediondo,
exigidas pelo respectivo decreto presidencial.
ANISTIA GRAÇA INDULTO
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É um benefício concedido pelo Congresso Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Nacional, com a sanção do Presidente da
República (art. 48, VIII, CF/88) por meio do Apagam o efeito executório da condenação.
qual se “perdoa” a prática de um fato
criminoso. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Normalmente incide sobre crimes políticos, • Procurador Geral da República
mas também pode abranger outras espécies • Advogado Geral da União
de delito. • Ministros de Estado
É concedida por meio de uma lei federal Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só
• antes do trânsito em julgado (anistia podem ser concedidos após o trânsito em julgado da
própria) condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais
• depois do trânsito em julgado (anistia superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo,
imprópria) permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido
o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP
recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II,
do Decreto 7.873/2012).
Classificação: Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
antes da condenação. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena
b) Impropriamente dita: quando concedida (comutação).
após a condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex: exige
do autor do fato punível. Ex: exige primariedade.
primariedade. b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.

a) Incondicionada: não se exige condição


para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a
sua concessão. Ex: reparação do dano.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b)Especial: atinge crimes políticos.
Extingue os efeitos penais (principais e Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
secundários) do crime.

Os efeitos de natureza civil permanecem Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
íntegros. permanecem íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto se
cometer novo crime não será reincidente. cometer novo crime será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se É um benefício individual (com É um benefício coletivo (sem
somente a fatos, atinge apenas os que o destinatário certo). destinatário certo).
cometeram. Depende de pedido do É concedido de ofício (não
sentenciado. depende de provocação).

STF, ADI 5874, 2019 INDUTO TEMER- A concessão de indulto não está vinculada à
política criminal estabelecida pelo legislativo, tampouco adstrita à jurisprudência
formada pela aplicação da legislação penal, muito menos ao prévio parecer consultivo
do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, sob pena de total
esvaziamento do instituto, que configura tradicional mecanismo de freios e contrapesos
na tripartição de poderes. 4. Possibilidade de o Poder Judiciário analisar somente a
constitucionalidade da concessão da clementia principis, e não o mérito, que deve ser
entendido como juízo de conveniência e oportunidade do Presidente da República, que
poderá, entre as hipóteses legais e moralmente admissíveis, escolher aquela que
entender como a melhor para o interesse público no âmbito da Justiça Criminal.
[alegava: proteção insuficiente, proporcionalidade, impunidade, igualdade]
BRECHA PRO CASO DANIEL SILVEIRA: O STF, contudo, entendeu que, apesar
da insinuação (alegação), não houve comprovação de que existiu realmente desvio
de finalidade no Decreto. Para o STF, se houvesse a efetiva demonstração do
desvio de finalidade do Decreto, pela teoria dos motivos determinantes, o
Judiciário poderia anulá-lo.
2.1.3 Abolitio criminis
A Abolitio tem duplo efeito: para o futuro, gera atipicidade da conduta. Para o passado,
gera a extinção de punibilidade.
 Para os processos já transitados em julgado não afasta os efeitos extrapenais,
mas afasta os penais primários e secundários.
 Para os processos sem trânsito em julgado, afasta todos os efeitos.
o Pode, no entanto, buscar reparação pelo dano na esfera civil

2.1.4 Prescrição, decadência ou perempção


A decadência é a perda do direito potestativo de ação, que é o ius persequendi. É o caso
das ações penais privadas ou pública condicionada a representação, cuja decadência do
direito e queixa ou representação, em 6 meses, gera a extinção da punibilidade.
No caso de crimes contra a propriedade imaterial, o prazo é de 30 dias da feitura do
laudo, desde que o crime seja de ação penal privada (art. 529 CPP)
A perempção (art. 60 CPP) é a desídia do querelante. Só se aplica aos crimes de ação
penal privada, decore do principio da disponibilidade da ação penal privada.
 Deixar de promover o andamento por 30 dias.
 Falecendo o querelante, seus sucessores não comparecerem para prosseguir o
processo em 60 dias.
 Querelante não comparecer a ato indispensável ou deixar de formular pedido de
condenação nas alegações finais. [Em alguns casos os juízes tem absolvido, caso
estejam convencidos, porque melhor para o querelado]
 Querelante PJ for extinta e não deixar sucessor.

2.1.5 Renúncia do direito de queixa ou perdão aceito


Apenas para crimes de ação penal privada. Pelo principio da indivisibilidade da ação
penal privada, a renúncia ou perdão a um agente se estende a todos.
 Renúncia
 E ato unilateral e pré-processual.
 Pode ser expressa ou tácita
 A renúncia tácita pode ser provada por todos os meios (art. 57 CPP).
 Nos juizados, a composição civil implica em renúncia ao direito de queixa, mas
na justiça comum não.
 Relaciona-se ao principio da oportunidade e conveniência da ação privada.
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato
incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o
ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
OBS: Na Lei Maria da Penha (art. 16), a retratação da representação nos crimes de ação
pública condicionada a representação deve ser feita em audiência específica, até o
RECEBIMENTO da denúncia. Essa audiência não é necessária nos crimes de ação
penal privada (ex: injuria)! Porque nesses rege a conveniência e oportunidade.
Fora da Lei Maria da Penha, a retratação do direito de representação é até o
oferecimento da denúncia.
 Perdão
 É bilateral e processual.
 Decorre do principio da disponibilidade da ação penal privada.
 Não cabe na ação privada subsidiária da pública.
 Cabível até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
 O silencio implica em aceitação do querelado.
CP Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante
queixa, obsta ao prosseguimento da ação
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
2.1.6 Retratação
Nos crimes contra a honra (calúnia e difamação) pode haver retratação até a sentença.
Só beneficia aquele que se retrata.
No crime de falso testemunho pode haver retratação até a sentença nos autos em que
proferiu o falso. Beneficia todos os agentes (ainda que seja crime de mão própria, pode
haver participação, e o STF tem entendido que pode haver coautoria -advogado-)
Denunciação caluniosa NÃO extingue a punibilidade pela retratação.
2.1.7 Perdão judicial
Por razões de política criminal o legislador previu alguns casos em que a pena não é
aplicada, por não ser útil.
Pressuposto para o perdão é a procedência: fato típico, ilícito e culpável.
STJ Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
A sentença de perdão não é condenatória nem absolutória, é apenas declaratória.
O perdão não gera reincidência (art. 120 CP).
OBS: Há precedente antigo do STF no sentido de que a sentença é condenatória
impropria, ou seja, que não produz efeitos condenatórios, mas o mais correto é afirmar
que é apenas declaratória de extinção da punibilidade.
2.1.7.1 Exemplos de perdão
 Homicídio (art. 121 §5º) e lesão corporal (art. 129 §8º) culposos.
Art. 121 (...)
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
Art. 129 (...)
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
O perdão se aplica em razão da ausência de utilidade da pena para o alcance da função
retributiva, porque o agente já foi punido com a própria consequência do crime.
[bagatela impropria – necessidade da pena; teoria funcionalista]
STJ tem entendimento que no caso de crime de trânsito é aplicável o perdão ao
homicídio e lesão culposas, mas precisa haver uma consequencia grave ao autor na
esfera física OU psicológica com um vinculo entre ele e a vítima. Se não era parente da
vitima nem teve consequências físicas gravíssimas ou permanentes, não aplica o perdão.
 Injúria (art. 140 §1°)
No caso de injúrias recíprocas ou quando o ofendido, de forma reprovável, provocou a
injuria.
 Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A §3°)
Quando o agente é primário, de bons antecedentes desde que o valor seja inferior a 20
mil ou o agente tenha, antes da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, feito o
pagamento.
 Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A §2°)
Quando o agente é primário, de bons antecedentes desde que o valor seja inferior a 20
mil.
 Outras fraudes (art. 176 §unico)
 Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de
recém-nascido (art. 249 §2°)
Quando o agente age por motivo de reconhecida nobreza.
 Receptação (art. 180 §5°)
Se o agente adquire a coisa que, por sua natureza ou pela desproporção do preço possa
presumir ter sido obtida por meio criminoso, o juiz pode deixar e aplica a pena se é
primário e considerando a circunstâncias.
 Delitos de trânsito (homicídio e lesão)
Cabe perdão judicial no caso de homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito,
atendidos os requisitos para homicídio culposo e lesão corporal culposa do CP.
 Colaboração premiada
Na lei de lavagem de capitais (art. 1º L.9613/98):
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
Na lei de proteção à testemunha (art. 13 L. 9807/99)
Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário,
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado:
I - a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do
beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato
criminoso
Na lei das organizações criminosas: (art. 4º L. 12850/12)
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização
criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais
praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do
colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
criminoso e a eficácia da colaboração.
Na Lei de drogas não há previsão de perdão judicial, apenas de redução de pena!
2.1.8 Prescrição
É a perda do direito de punir do Estado. Causa temporal legalmente fixada que extingue
o poder-dever estatal de aplicar a sanção penal. É uma autolimitação do poder de punir
do Estado, que tem como critérios limitadores o tempo, a gravidade do crime e a pena
correspondente.
Em sentido estrito, é a perda do direito de adquirir o título executivo para condenação
do agente.
SUMULA 241 TFR- A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva
prejudica o exame do mérito da apelação criminal.
A análise da prescrição é matéria de ordem pública, pode ser reconhecida a qualquer
tempo, e é prejudicial ao mérito.
Pode ocorrer de o réu ter interesse, ainda que o crime já tenha prescrito, de obter
acórdão absolutório. Se o Tribunal não reconhece a absolvição, mantendo a condenação,
ele obrigatoriamente deve reconhecer a prescrição, sob pena de omissão, com
possibilidade de interposição de EDcl.
Pode ocorrer ainda, trânsito apenas para a defesa, com recurso do MP. Nesse caso, não
há início do prazo da prescrição. Se o tribunal não der provimento ao recurso, aí sim
deve haver manifestação sobre prescrição. Não cabe Edcl, porque não houve omissão,
mas sim petição simples.
OBS: É possível superar a prescrição, que gera sentença que não atinge o mérito,
para julgar o mérito favoravelmente ao réu. O STF fez isso, superando a prescrição
para reconhecer a não recepção de uma contravenção pela CR/88, porque a sentença de
mérito é mais favorável ao réu.
artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941 – ter alguém em seu poder instrumento de furto
após condenação ou quando vadio ou mendigo.
MPF 2 CCR - Enunciado nº 92 - É desnecessário o envio dos autos à 2ª CCR, para fins
de homologação, quando a promoção de arquivamento for fundada na prescrição da
pretensão punitiva pela pena máxima abstratamente cominada ao crime (art. 109 do CP)
ou na extinção da punibilidade pela morte do agente (art. 107, I, do CP).
 Crimes imprescritíveis: RAÇÃO
Art. 5º (...)
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
STJ AgRg no AREsp 734.236/DF, 2018 – O crime de injuria racial é espécie de crime
de racismo, portanto imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão.
STF, HC 154.248, 2021 - O crime de injúria racial é espécie do gênero racismo.
Portanto, é imprescritível, conforme o artigo 5º, XLII, da Constituição.
ATEBÇÃO! LEI 14532/2023 – COLOCOU INJURIA RACIAL NA LEI DO
RACISMO
Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de
raça, cor, etnia ou procedência nacional. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
14.532, de 2023)
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido
mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 14.532, de
2023)
 AUMENTOU A PENA, novatio in pejus
 Agora não cabe mais sursis [o art. 20 ainda cabe]
 Continua cabendo ANPP – apesar de alguns MP n aceitarem
 Cabe prisão preventiva pois pena máxima de 5 anos.
 Ação penal PUBLICA. Novatio in pejus.
 Continua sendo injuria se for contra IDOSO OU PCD ou RELIGIÃO!
[cuidado! Caso Ellwanger, judeu como racismo social!]
OBS: Imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade (ex: escravidão,
genocídio, desaparecimento forçado, tortura): apesar do Brasil não ratificar a
Convenção sobre imprescritibilidade dos crimes de guerra e contra a humanidade
(1968), para muitos autores isso não o desvincula porque este seria uma norma
costumeira, tendo sido emanada desde os princípios de Nuremberg, e no sentido da
Convenção de Viena (1993), artigo 38, a norma costumeira vincula todos os estados.
Por esse motivo o Brasil foi condenado no caso Herzog (2018) na Corte IDH, a corte
afirmou que o crime não prescreve. O STJ, em 2019, fez uma interpretação nacionalista
dos DH, afirmando que a Convenção sobre imprescritibilidade admitida como jus
cogens não pode se sobrepor aos princípios constitucionais da legalidade, da segurança
jurídica e da irretroatividade.
2.1.8.1 Fundamentos da prescrição
a) Decurso do tempo
“Cessa a exigência de uma reação contra o delito, presumindo a lei que, se o tempo não
cancela a memória dos acontecimentos, pelo menos a atenua ou enfraquece”
(Battaglini). A pena não tem utilidade para prevenção geral.
b) Autocorreção do condenado
O pressuposto desse fundamento é a não reincidência. Se o agente não necessita de pena
para se ressocializar, esta é desnecessária, pois perde seu fundamento de prevenção
especial positiva, qual seja a ressocialização.
c) Negligência da autoridade
O Estado deve se responsabilizar pela sua inércia.
d) Fundamento processual
A EC 45/2004 agregou a garantia de duração razoável do processo, que reforça a
necessidade de que a persecução dure um tempo razoável, porque o longo lapso
temporal enfraquece os elementos de prova (as provas perecem).
2.1.8.2 Espécies de prescrição
a) Antes do trânsito em julgado (ius puniendi) – prescrição da pretensão de obter
sentença condenatória.
o A sentença que extingue a punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva atinge todos os efeitos penais, inclusive a reincidência.
b) Depois do trânsito em julgado (ius punitionis) – prescrição da pretensão de
executar a pena.
o A sentença que extingue a punibilidade pela prescrição da pretensão
executória atinge apenas a sanção penal.

 Antes do trânsito em julgado: pela pena em abstrato


Ainda não há sentença condenatória. É calculada pela pena max em abstrato do crime.
Pena Prescrição
>12 anos 20 anos
>8 até =12 anos 16 anos
>4 até =8 anos 12 anos
>2 até =4 anos 8 anos
=1 até =2 anos 4 anos
< 1 ano 3 anos

OBS: Até a lei 12.234/10 a prescrição mínima era de 2 anos.


No concurso de crimes calcula-se a prescrição de cada crime separadamente.
STF Sumula 497 - Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Exemplo: estelionato previdenciário praticado 20 vezes. A prescrição é calculada com
termo inicial de cada crime, e o valor da pena é o valor de cada crime. Só depois que
exaspera.
A pena de inabilitação para exercício de cargo/função pública, prevista no art. 1.º, § 2.º,
do Decreto-Lei 201/67, é extinta, necessariamente, se houver prescrição da pena
privativa de liberdade.
A) Termo inicial (art. 111 CP): o dia de consumação do crime.
OBS: Estelionato previdenciário é crime dual: para o fraudador é instantâneo, se
consuma no primeiro pagamento. Para o beneficiário é permanente, se estende
no tempo, a prescrição começa na cessação da permanência.
OBS2: Crimes materiais tributários só se consumam com o lançamento
definitivo (Sumula 24 STF), a prescrição só corre após o lançamento definitivo.
OBS3: Crimes contra a dignidade de crianças e adolescentes o termo inicial é a
data em que a vítima completa 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido
proposta ação penal.
B) Causas interruptivas (art. 117 CP):
 Recebimento da denúncia ou queixa
 Pronúncia
 Decisão confirmatória de pronúncia
 Publicação da sentença ou acórdão condenatório recorríveis.[mao do escrivao]
 Reincidência
Pretensão executória
 Início ou continuação do cumprimento
Na interrupção o prazo recomeça.
STF, RHC 125.078, 2015 - A prescrição em segundo grau se interrompe na data da
SESSÃO DE JULGAMENTO do recurso, e não na data da publicação do acórdão.
A publicização ocorre na audiência ou sessão.
STJ, 2015 – O RESP inadimitido na origem e no STJ faz coisa julgada que retroage
ao término do prazo para a interposição do último recurso na origem. Portanto o
prazo prescricional não se interrompe com a inadmissão do RESP, continua
correndo desde a coisa julgada no fim do prazo para interposição.
STJ, 5 TURMA, 2020 – o acórdão confirmatório constitui marco interruptivo,
ainda que modifique a pena.
STF, 1º Turma, 2017 – O acórdão confirmatório constitui marco interruptivo.
ATENÇÃO! DECISÃO PLENO STF 2020 HC 176.473– FORMOU MAIORIA
NESSE SENTIDO DA 1 TURMA.
Orientação n° 33 da 2ª CCR MPF – Aplicar a tese de que o acórdão confirmatório
da condenação de primeira instância, independentemente da manutenção, majoração
ou redução da pena imposta, interrompe o curso do prazo prescricional.
ATENÇÃO! A interrupção atinge todos os autores do crime, exceto no caso da
interrupção da prescrição da pretensão executória (reincidência e continuação/início
do cumprimento).
C) Causas modificativas da prescrição (art. 115)
 Reduz à metade para menores de 21 anos ou maiores de 70 anos
o 21 anos na data do crime
o 70 anos na data da sentença condenatória ou acordao, o que vier
primeiro. Tambem conta se completou nos embargos contra sentença.
STF, HC 135.671 AgR, 2017 - O acórdão confirmatório da condenação não
substitui a sentença para fins de redução do prazo prescricional. [ou seja, vale a
sentença, que foi primeiro].
STJ, 2019 - A redução do prazo prescricional, prevista no artigo 115 do Código
Penal, apenas é aplicável quando o réu atingir 70 (setenta) anos até a primeira
decisão condenatória, seja ela sentença ou acórdão.
D) Causas impeditivas da prescrição (art. 116 CP):
A prescrição não começa a correr enquanto:
 Pendente em outro processo questão da qual depende o reconhecimento do
crime (ex: lançamento do tributo)
 O agente cumpre pena no estrangeiro.
 Na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis;
 Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
 Preso por outro motivo – executória. [ainda que regime aberto ou domiciliar]

 Carta rogatória citatória (art. 368 CPP)


SUSPENSÃO
 Imunidade parlamentar (art. 53, §5° CR/88) sustar processo maioria absoluta
 Suspensão condicional do processo – SURSIS processual
 Parcelamento do débito tributário (art. 83 L. 9.430/96)
 Réu citado por edital e não comparece nem constitui advogado (art. 366 CPP)
o Para o STF essa suspensão é por prazo indeterminado, mas a prescrição
pode ser suspensa apenas pelo máximo da pena cominada. Ou seja: se
passa o período, a prescrição corre, mas o processo continua suspenso.
o Para o STJ o período de suspensão do processo e da prescrição é
regulado pelo máximo da pena cominada (Sumula 415 STJ).

 Antes do trânsito em julgado: pela pena concreta


Pode ser retroativa ou superveniente/intercorrente, tendo como referencial a sentença.
a) Prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto RETROATIVA
Art. 110 (...)
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou
queixa.
A) Marco inicial
É a sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação. O juiz condena e já
determina a prescrição, se houver (após prazo do recurso), ou o tribunal também pode
reconhecer a prescrição após receber recurso da defesa.
Antes da Lei 12.234/10 era possível como marco o recebimento da denúncia,
retroagindo até a data do fato. Hoje não é mais admitido que haja prescrição retroativa
entre a data do fato e o recebimento da denúncia.
OBS: Prescrição sob viés funcionalista – analisa a utilidade da pena, a função
preventiva geral da pena. Alguns doutrinadores afirmam que, com base na teoria
funcionalista, a prescrição poderia ser reconhecida de modo mais flexível, visando
sempre a utilidade da imposição de sanção.
Partindo da teoria funcionalista, alguns doutrinadores entendem que é possível o
reconhecimento da prescrição pela PENA IDEAL, prescrição ANTECIPADA. Essa
ideia é rechaçada pela jurisprudência. Está relacionada ao interesse de agir, que engloba
necessidade, adequação e utilidade.
A prescrição antecipada é um exercício empírico em que o julgador conclui, pelas
condições do fato cometido e pelas circunstâncias pessoais do acusado que, ao final do
processo, mesmo restando um decreto condenatório, não haveria possibilidade de
imposição de pena, tendo em vista que inevitavelmente vai ocorrer a prescrição
retroativa.
STJ Sumula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal.
b) Prescrição INTERCORRENTE da pretensão punitiva pela pena em concreto
Leva em conta a pena aplicada em concreto na sentença condenatória, mas dirige-se ao
futuro (período posterior à sentença condenatória recorrível). Começa a correr da
sentença condenatória até o trânsito em julgado do acórdão para a acusação e defesa.
 Inocorrência de Prescrição abstrata ou retroativa;
 Sentença penal condenatória;
 Trânsito em julgado para a acusação ou não provimento de seu recurso
SENTENÇA  recurso da defesa (transito para acusação) pode ter prescrição retroativa
 ACÓRDÃO confirmatório (pode ter prescrito intercorrente, interrompe de novo)
SENTENÇA  recurso da acusação (não tem como contar a retroativa)  ACÓRDÃO
desprovendo recurso (pode ter intercorrente)
 Depois do trânsito em julgado: prescrição da pretensão executória
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória
regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os
quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da
pretensão punitiva.
Ocorre após o trânsito em julgado, teoricamente seria para acusação e defesa, no entanto
o art. 112 afirma que começa a correr o prazo quando há trânsito para a ACUSAÇÃO.
Isso significa que, ainda que haja recurso defensivo, a pena já poderia ser executada
provisoriamente, porque já começa a correr o prazo prescricional para sua execução.
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a
que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva
computar-se na pena
STJ, Ag 1246654/RS, 2018 - O marco inicial da prescrição da pretensão executória é o
trânsito em julgado para a acusação, E NÃO PARA AMBAS AS PARTES.
X
STF, 2018 - Se o Estado não pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo
prescricional já está correndo. Se a pretensão executória somente começa com trânsito
para as duas partes, a prescrição só corre a partir daí.
[MPF também defende essa tese, mais favorável à acusação]
Fuga de preso:
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
 A pena já cumprida é excluída do cálculo da prescrição.
 No dia da fuga a execução da pena é interrompida e a prescrição começa a correr
de novo, de acordo com o tempo restante a ser cumprido.
Causa impeditiva da prescrição da execução:
Art. 116 (...)
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro
motivo.
Se o condenado está preso por outro motivo e não pode executar essa pena, não há
inércia do Estado, logo não ocorre a prescrição. É uma causa suspensiva da prescrição.
Prevalece no STJ o entendimento no sentido de que o regramento trazido no art. 116,
parágrafo único, do CP abrange também aqueles que se encontram cumprindo pena em
regime aberto, prisão domiciliar ou em livramento condicional.

OBS: Lei de drogas, art. 28 prescreve em 2 anos.


OBS2: Prescrição de crimes ambientais para pessoa jurídica: STJ, AgRg no
RMS 56.158/PA, 2018 – são PRD e seguem a regra do art. 109 do CP, aplica-se pela
pena máxima em abstrato cominada ao tipo penal.
OBS3: Medidas socioeducativas – o tempo máximo de internação, para qualquer
ato infracional análogo a crime, é 3 anos, portanto, o prazo máximo de prescrição
das medidas socioeducativas é de 4 anos (8 pela metade). Se houver imposição de
prazo concreto, aplica-se a regra do art. 109 segundo o prazo imposto.
OBS4: Medidas de segurança – é espécie da sanção penal, ainda que não seja pena.
Prescreve tendo como base a pena máxima para o crime, no caso de sentença
absolutória imprópria. Se, do contrário, houver condenação, mas substituição por
medida de segurança (ex: semi-imputável, drogatício) aplica-se com base na pena
em concreto, seguindo a regra do 109.
OBS5: Falta disciplinar grave – prazo prescricional de 3 anos para a apuração de
falta grave cometida na execução da pena.

 Prescrição da pena de multa:


Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.
STJ, HC 394.591/AM, 2017 – A pena de multa possui caráter penal, por isso a
prescrição segue o CP. Após o trânsito em julgado, passa a ser dívida ativa, executada
pela Lei de Execução Fiscal, obedecendo o artigo 174 do CTN quanto as causas
interruptivas.
CP, Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as
normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Obs: STF já havia decidido na ADI 3150 que cabe ao MP na vara de execução e que se
ele não promover em 90 dias deve ser notificada a Fazenda para que o faça. Após a
conversão não perde o caráter penal, motivo pelo qual para a extinção da punibilidade
pelo cumprimento deve ser paga a totalidade da multa.

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