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O Sistema Penitenciário Brasileiro e a Execução Penal

(Lei n°7.210/84)
Prof. Sheyla Cristina F. Santos Queiroz

1) As penas
I) Conceito

II) Penas Permitidas - art.5ºCF

* privação ou restrição da liberdade

* perda de bens

*multa

*prestação social alternativa

*suspensão ou interdição de direitos

III) Penas Proibidas – art.5ºCF

*de morte, salvo no caso de guerra declarada

*de caráter perpétuo (art.75CP) – obs: medidas de segurança. Ex: Chico Picadinho ( Súmula
527 STJ – 2015 – máximo da pena em abstrato) (STF – limite de 30 anos) E o pacote anticrime?

*de trabalhos forçados

* banimento

* cruéis

Para questionar:

1) Banho quente nos estabelecimentos penais!!! O Juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara da
Fazenda Pública entendeu em fevereiro/2020 pela necessidade do governo de São Paulo
possibilitar o fornecimento de água quente para que os presos deixem de tomar banho frio,
afirmado que o banho frio é um tipo de tortura. A decisão se deu em resposta a uma ação civil
pública intentada pela Defensoria Pública de São Paulo. Segundo a Defensoria, alguns
estabelecimentos tem instalações adequadas para o banho quente, porém não há o
fornecimento aos encarcerados. Alega, ainda, que o banho frio pode ocasionar ou piorar
alguns quadros de doença ( como a tuberculose). O STJ também manifestou entendimento no
sentido da necessidade de que houvesse o fornecimento do banho quente aos presos que
estão sob a custódia do Estado. “A omissão injustificada da Administração em providenciar a
disponibilização de banho quente nos estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos
sob sua custódia” (Informativo 666 STJ)

2) As penas no Código Penal


I – Privativas de Liberdade (Segundo Bitencourt, é um mal necessário, considerando a
necessidade de punir diante da prática de crimes mais gravosos e da necessidade de afastar
outras formas punitivas mais aflitivas)

• Reclusão – crime

• Detenção- crime

• Prisão Simples – contravenções penais

II – Restritivas de Direitos – autônomas e substitutivas das privativas de liberdade

• Perda de bens e valores

• Interdição temporária de direitos

• Prestação de serviços à comunidade

• Prestação pecuniária

• Limitação de fim de semana

III - Multa

3) As Medidas de Segurança
I) Conceito – espécie de sanção de caráter preventivo, fundada na periculosidade do agente.

II) Aplicada aos inimputáveis ou semi-imputáveis

III) Prazo - indeterminado

IV) Diferem das penas:

*Enquanto as medidas de segurança tem um caráter preventivo (curativo); as penas possuem


um caráter retributivo e preventivo( aflitivo).

*As penas refletem a culpabilidade do agente, a responsabilidade pelo ilícito; já as medidas de


segurança, tem por fundamento a periculosidade, ou seja, a possibilidade de voltar a cometer
delitos.

* Duração

* Destinatários

V) Sistema adotado – Vicariante (devendo o juiz aplicar a pena ou a medida de segurança) #


duplo binário

VI) Pressupostos – prova de que o acusado cometeu fato típico e antijurídico; que exista prova
da periculosidade do agente diante da sua inimputabilidade (não tem condição de entender o
caráter licito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento em razão da
doença mental)

VII) Processamento – Sentença absolutória imprópria

VIII) Espécies – Internação - reclusão (*escassez de vagas nos hospitais de custódia e


tratamento); Tratamento ambulatorial – detenção.

IX) Duração – mínimo (1 a 3 anos); cessação da periculosidade; desinternação condicionada.

4)Princípios aplicáveis às penas e à Execução Penal


I – Princípio da Legalidade – art.5ºCF

* Crimes e penas e aplicação da LEP (ex: Art.45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar)

II – Princípio da Individualização da Pena -art.5ºCF

*HC 111.840 STF declarou a inconstitucionalidade do art.2º, §1°da Lei n. 8072/90 – progressão
de regime nos crimes hediondos e equiparados.

Súmula Vinculante n.26 (Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art.2
da Lei n. 8072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico).

* Classificação dos condenados diante dos antecedentes e personalidade. (art.5º LEP. Os


condenados serão classificados, segundo os antecedentes e personalidade, para orientar a
individualização da execução penal). Essa classificação não é uma forma de penalizar? Como
aferir a personalidade do agente?

III – Princípio da pessoalidade – art.5°CF

*Nenhuma pena passará da pessoa do condenado – intranscendência da pena

*Guia de recolhimento

*Exame criminológico (art.8º da LEP) – regime fechado e semi-aberto - investigação médica,


psicológica, social.

Exame criminológico para progressão de regime - Nada impede que o magistrado das
execuções criminais, facultativamente, requisite o exame criminológico e o utilize como
fundamento da decisão que julga o pedido de progressão (STF. 2 turma. Rcl 27616 AgR/SP,
Rel. Min. Lewandowski, julgado em 9/10/2018)

Realização do exame criminológico por psicólogo ou assistente social- Não existe qualquer
vício no fato do exame criminológico não ter sido feito por médico psiquiatra. Além do
psiquiatra, pode também ser realizado por psicólogo ou assistente social; a elaboração do
laudo criminológico por esses profissionais não traz qualquer mácula ou ilegalidade à decisão
que indeferiu a progressão de regime com base em tal documento, pois todos eles estão
habilitados a realizar a perícia técnica compatível com o que se busca saber para concessão do
benefício. (STJ, 5 turma, AgRg, HC440208/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares, julgado em 02/10/
2018)

V – Princípio da humanidade das penas e da dignidade da pessoa humana – art.1° e 5° da CF


(Dever do Estado de indenizar o preso em situação degradante – padrões mínimos de
humanidade dentro dos presídios – Informativo 854 – STF/2017)

• É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (art. 5 CF; art.45, §1 e
§2, LEP)

• Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação (princípio da igualdade)

• Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante

• Súmula vinculante n.11 ( uso de algemas)

• Princípio da razoável duração do processo na execução penal ( caso alvará de soltura)

* Principio da dignidade da pessoa humana - Revista intima vexatória x segurança pública –


Resolução n.05/2014 do Conselho Nacional de Política Criminal (necessidade de revista
eletrônica) e a Lei Estadual n.6871/2000 (trata como medida excepcional)

5) As funções das penas no Estado Democrático de Direito


I – Retributiva – teoria absoluta

* Retribuição do mal pelo mal

* A pena funciona como castigo e a finalidade é apenas punir

II – Preventiva – teoria relativa

* A cominação abstrata de uma pena impõe à coletividade (prevenção geral) e sua efetiva
aplicação ao agente delitivo tem por escopo impedir que venha a praticar novos delitos
(prevenção especial) – se previne a criminalidade enquanto o agente está preso, bem como
com a sua ressocialização.

* A pena funciona como meio para intimidar ou evitar que novos delitos sejam cometidos,
assim existe uma finalidade que vai além da retribuição – pune-se para que não sejam
praticados crimes
Crítica: na prática, mesmo no interior dos presídios os criminosos continuam a delinquir
(crimes executados dentro do estabelecimento penal ou fora do estabelecimento penal –
facções)

III – Ressocializadora – Teoria mista ou unificadora da pena - art.59 CP

* Punir e prevenir – reeducação e reintegração social

* A imposição de pena tem por escopo a readaptação do criminoso à vida em sociedade

• Fundamentos legais:

• Art.1°LEP – “A execução da pena visa proporcionar condições para a harmônica


integração social do condenado e do internado”

• Art. 4°LEP – “O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de


execução da pena e da medida de segurança.” De que forma a comunidade pode
cooperar?

• Art.10 LEP – A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando


prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade

• Art. 83, caput, LEP – O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar
em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação,
trabalho, recreação e prática esportiva

• Incidentes da execução – remição, progressão de regime, livramento condicional,


entre outros...

Estado de Coisas Inconstitucional no Sistema Penitenciário

O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando se verifica a existência de um quadro de


violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou
incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de
modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma
pluralidade de autoridades podem modificar a situação inconstitucional. O STF reconheceu
que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma
violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de liberdade
aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a
responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de
medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira
"falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, além da perpetuação e do
agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia,
coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados. Diante
disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar determinando que:

• juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de


custódia;
• a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário
Nacional para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos
contingenciamentos. Na ADPF havia outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos
na análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 9/9/2015 (Info 798).

Recomendação n. 62 do CNJ

• Prorrogação ou adiamento de saídas temporárias

• Visitas suspensas (chamadas de vídeo), limitadas e com triagem (testar os visitantes)

• Prisão domiciliar (regime aberto e semiaberto) e pessoas com suspeita de Covid-19 se


não for possível o isolamento no estabelecimento penal.

• Suspensão temporária do dever de apresentação regular ao juízo no caso de pena


restritiva de direitos, sursis da pena, livramento condicional por 90 dias.

• Campanhas informativas sobre o Covid-19 aos presos e visitantes

• Aumento da frequencia da limpeza nos estabelecimentos penais, dispensadores de


álcool gel nas áreas de circulação.

• Fornecimento de água

• Evitar o transporte compartilhado

• Separar as pessoas sintomáticas e comunicar ao juízo para avaliar substituição da


prisão.

6) A Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210/84


 Uma utopia?

 Aplicação da LEP

*Juízo da Execução Penal ( Súmula 611 STF. “Transitada em julgado a sentença condenatória
compete ao Juízo das Execuções à aplicação da lei mais benigna - art. 1º da Lei n. 7210/84).
Executa penas e medidas de segurança, aplicando-se em todo território nacional – E os
Estados?

* E a transação penal? Sumula vinculante 35!!!

*Aplica-se ao preso provisório e ao condenado ou internado (sentença penal condenatória ou


absolutória imprópria)

* Os presos e internados terão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou
pela lei, aplicando-se o principio da igualdade pois não deve haver qualquer distinção de
natureza social , racial, religiosa ou política.
* Quem é o condenado? Aquele que vai cumprir pena privativa de liberdade, restritiva de
direitos e multa. Devendo ser classificado (Comissão Técnica de Classificação) segundo seus
antecedentes e personalidade para orientar a individualização da execução penal (progressão
de regime/livramento condicional) (realização de exame criminológico)

Execução Provisória da Pena - Não é possível a chamada “execução provisória da pena”. Vale
ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado, no entanto, para
isso é necessário que seja proferida uma decisão judicial fundamentada, na qual o magistrado
demonstre que estão presentes os requisitos motivadores da prisão preventiva. Assim, o
agente ficaria privado da liberdade cautelarmente, e não como execução provisória da pena.
(STF. Plenário. ADC43/DF, ADC44/DF e ADC54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em
7/11/2019. (Info. 958)

7) As Assistências como dever do Estado


 Tem por finalidade prevenir o crime e orientar o retorno à sociedade

 Quais são as assistências que devem ser prestadas?

* Material – consiste no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas

* Saúde – possui caráter preventivo e curativo, bem como, compreende atendimento médico,
farmacêutico e odontológico (* prisão domiciliar)

Art.14, §2°. Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência
médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização do diretor do
estabelecimento ( o uso de algemas é excepcional) (o internado pode ser acompanhado por
médico de confiança pessoal)

Art.14, §3°. Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal


e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.

* Jurídica - destinada aos presos e internados sem recursos financeiros para constituir
advogados, e assim a assistência integral e gratuita deve ser prestada pela Defensoria Pública
dentro e fora dos estabelecimentos penais

Art.16, §2°. Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao


atendimento pelo Defensor Público

Educacional – compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do


internado (remição pelo estudo e pela leitura)

Art.205 CF. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art.20 LEP. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas
ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados
Art.21 LEP. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma
biblioteca, para uso de todas as categorias de recursos, provida de livros, instrutivos,
recreativos e didáticos

*Assistência social – tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o
retorno à liberdade.

*Assistência religiosa – há liberdade de culto e a posse de livros de instrução religiosa (Estado


laico)

*Assistência ao egresso – Quem é o egresso? O liberado definitivo pelo prazo de 01 ano a


contar da saída do estabelecimento, e ainda, o liberado condicional, durante o período de
prova. (alimentação e alojamento por 02 meses)

8) O Trabalho durante a Execução da Pena


Segundo o art.28 da LEP, o trabalho do condenado é um dever social e condição de dignidade
humana, tendo finalidade educativa e produtiva (formação profissional) (afasta a ociosidade)
(promove desconto na pena)

Ex: Fabricação de blocos de concreto, fabricação de bonecas de pano, bolas, cozinha, limpeza,
artesanato (A LEP limita aquele que não tem expressão econômica e o MP questiona o tempo,
a fiscalização e o controle sobre as horas trabalhadas, mas o STJ - 2018 entende que se
efetivamente houve o trabalho tem direito à remição .

Discussão: É um direito, mas não proposto a todos. Poucos trabalham no ambiente


penitenciário, principalmente no regime fechado, e muitas vezes, no semiaberto não encontra
oportunidade. Na Paraíba, em 2017 apenas 13% estavam trabalhando.

* Devem ser observadas as regras relativas à segurança e higiene, mas não está o trabalho do
preso sujeito ao regime da CLT, todavia o trabalho será remunerado não podendo a
remuneração ser inferior a ¾ do salário-mínimo.

* O produto da remuneração está voltado à indenização, a assistência à família, despesas


pessoais, ressarcimento ao Estado e pecúlio

O trabalho é obrigatório ao condenado à pena privativa de liberdade, na medida das aptidões


e capacidade do condenado. Não sendo obrigatório para o preso provisório.

* A obrigatoriedade do trabalho do condenado não caracteriza pena de trabalhos forçados


segundo o Superior Tribunal de Justiça, não é penoso, não é degradante, há remuneração,
carga horária. No momento em que assume, se descumpre comete falta grave!

Art.32 LEP. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição
pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo
mercado.

Art.33 LEP. A jornada normal de trabalho não será inferior a seis nem superior a oito horas,
com descanso nos domingos e feriados. (existe horário especial para alguns serviços)
* A jornada de trabalho inferior àquela estipulada pela lei pode ocorrer? Ocorrendo será
considerada para fins de remição penal? Princípio da confiança e da segurança jurídica.
(Info.860, STF)

* O trabalho externo no regime fechado/ Trabalho externo e crime hediondo

Concessão de trabalho externo em empresa da família - O fato de o irmão do apenado ser


um dos sócios da empresa empregadora não constitui óbice à concessão do benefício do
trabalho externo, ainda que se argumente sobre o risco de ineficácia da realização do trabalho
externo devido à fragilidade na fiscalização. Ex: João, que cumpria pena em regime fechado,
teve direito à progressão, passando ao regime semiaberto. O reeducando requereu, então, ao
juízo da execução penal o direito de, todos os dias úteis, sair para trabalhar, retornando ao
final do expediente (trabalho externo). Para fazer esse requerimento, o preso deverá
comprovar que recebeu possui uma proposta de trabalho. A fim de cumprir essa exigência,
João apresentou uma proposta de trabalho da empresa "XXX" que declarava que iria contratá-
lo. Ocorre que o Ministério Público opôs ao deferimento do pedido sob o argumento de que a
empresa "XXX" pertence ao irmão de João. Logo, na visão do MP, não haveria nenhuma
garantia de que o preso iria realmente trabalhar no local, podendo ele ser acobertado em suas
faltas em razão do parentesco. A tese do MP não foi aceita. O simples fato de a empresa
contratante pertencer ao irmão do preso não impede que ele tenha direito ao trabalho
externo. STJ. 5ª Turma. HC 310.515-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/9/2015 (Info
569).

9) Direitos e Deveres dos Presos


I) Deveres do condenado:

*comportamento disciplinado

*cumprimento fiel da sentença

*urbanidade e respeito no trato com os demais condenados

*conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou


à disciplina

*higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento .....

II) Direitos do condenado:

* alimentação suficiente e vestuário

*atribuição do trabalho

*assistências

*entrevista pessoal e reservada com advogado

*chamamento nominal
*visita

10 )A disciplina dos presos


 Em que consiste? A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às
determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. (art.44
LEP)

 A quem se aplica? Se aplica ao condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva


de direitos e ao preso provisório.(art.44 LEP). Não se aplica aos submetidos à medida
de segurança.

 Principio da legalidade e da humanidade da pena – As faltas e as sanções disciplinares


devem estar expressos em lei. E as sanções não podem colocar em risco a integridade
física e moral do condenado, como também, não podem ser coletivas (principio da
individualização da pena) Ex: danificar grades, objetos dentro do presídio!

A ciência do preso!! O preso, desde o inicio, deve ser cientificado das normas disciplinares . E a
autoridade administrativa irá executar o poder disciplinar. Se houverem faltas graves se
comunica ao juízo da execução para efeito de regressão de regime e revogação do benefício.
Instaura-se um procedimento para apuração( Súmula 533 STJ . Para reconhecimento da prática
de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito
de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.)

II) Faltas: leves/ médias(legislação local) e graves (LEP) . A falta grave interrompe o prazo para
progressão de regime , se reiniciando a partir do cometimento da falta - Súmula 534 STJ)

III) Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

IV) São faltas graves: (rol taxativo) art.50 LEP (* o pacote anticrime acrescentou o inciso VIII)

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou
participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir,
indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - provocar
acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar
os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.; VII – tiver em sua posse, utilizar
ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo; VIII - recusar submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Posse de chip de celular configura falta grave na execução penal - A posse de chip de telefone
celular pelo preso, dentro de estabelecimento prisional, configura falta disciplinar de natureza
grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho. Para o STJ e o STF, configura falta grave
não apenas a posse de aparelho celular, mas também a de seus componentes essenciais, como
é o caso do carregador, do chip ou da placa eletrônica, considerados indispensáveis ao
funcionamento do aparelho. STJ. 5a Turma. HC 260.122-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 21/3/2013. (info 517).

V) São sanções disciplinares:

* Advertência (leves)

*repreensão - reincidência nas faltas disciplinares (leves ou médias)

* Suspensão ou restrição de direitos (graves) – 30 dias – art.58 da LEP

*Isolamento na própria cela ou local adequado (graves) – 30 dias – art.58 da LEP

*Inclusão no RDD (graves) – Juízo da Execução Penal

O regime disciplinar diferenciado – RDD - art.52 LEP

• Não é um regime penal (a exemplo do fechado, semiaberto ou aberto)

• Se sujeitarão ao RDD, o preso provisório, e os condenados nacionais ou estrangeiros


(independentemente da prática de falta grave, se apresentarem alto risco para a
ordem e segurança do estabelecimento penal ou da sociedade, bem como, se houver
suspeita do envolvimento ou participação deles em organizações criminosas,
associação criminosa ou milícia privada)

• Pode haver renovação por períodos de 01 ano se existirem indícios de que o preso
continua apresentando alto risco para a ordem e segurança do estabelecimento ou da
sociedade, ou ainda, se continua mantendo vínculos com organizações criminosas,
associação criminosa ou milícia privada

• Antes duração máxima 360 dias, com a possibilidade de renovação diante do


cometimento de nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena
aplicada; hoje, duração máxima de até 2 anos, podendo haver repetição da sanção por
nova falta grave da mesma espécie.

• Cela individual (antes e hoje)

• Antes visitas semanais de duas pessoas, por 2hs, sem contar as crianças; hoje, visitas
quinzenais, de duas pessoas por vez, por 2hs, a serem realizadas em instalações que
impeçam contato físico e passagem de objeto, e gravada com autorização judicial e
fiscalização de agente.

• Antes, saída da cela por 2hs diárias para o banho de sol; hoje, saída da cela por 2hs
diárias para banho de sol, em grupos de até 4 presos, desde que não haja contato com
presos do mesmo grupo criminoso

• Foram acrescentados alguns incisos determinando: V - que as entrevistas fossem


monitoradas, exceto as com o defensor, mas em local que impeça o contato físico e a
passagem de objeto; VI – fiscalização do conteúdo da correspondência; V –
participação em audiências judiciais, preferencialmente por videoconferência,
garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso

11) Dos estabelecimentos penais


A quem se destinam? os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à
medida de segurança, ao preso provisório

* Atenção! A mulher e o maior de 60 anos devem ficar em estabelecimentos distintos e


adequados (igualdade material – além de ficarem em estabelecimentos distintos o tratamento
deve ser adequado a condição pessoal – art. 14, §3º; art.19, parágrafo único; art.32, §2º LEP)

* Atenção! O preso provisório também deve ficar separado (princípio da inocência) e o menor
não cumpre pena!

* Lembre-se: dentre os presos condenados deve haver separação, se são primários,


reincidentes ... (individualização da pena)

• 1°Problema : Lotação do estabelecimento - Art. 85 LEP. O estabelecimento penal


deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

• 2°Problema : Súmula Vinculante n.56. A falta de estabelecimento penal adequado não


autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso

Falta de vagas nos regimes semiaberto e aberto e cumprimento da pena - A falta de


estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso; b) Os juízes da execução penal poderão avaliar os
estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como
adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem
como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou
estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º, alíneas “b” e “c”, do CP); c)
Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado
no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao
sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de
vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado
que progride ao regime aberto; d) Até que sejam estruturadas as medidas alternativas
propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. STF. Plenário. RE
641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016 (Info 825).

*Prisão domiciliar na LEP (art.117) – regime aberto – condenado maior de 70 anos,


doença grave, gestante, filho menor ou deficiente.

I) Penitenciária – regime fechado – construção em local afastado

Art.88 LEP. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório,
aparelho sanitário e lavatório.
São requisitos básicos da unidade celular: a) a salubridade do ambiente pela
concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado
à existência humana; b) área mínima de seis metros quadrados

Art.89 LEP. Além dos requisitos referidos no art.88, a penitenciária de mulheres será
dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores
de 6 meses e menores de 7 anos, com a finalidade de servir a criança desamparada
cuja responsável estiver presa.

II) Colônia agrícola, industrial ou similar - regime semiaberto

Art. 92.LEP. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo

III) Casa de Albergado

* Regime aberto

*Limitação de fim de semana

* Centro urbano

*Ausência de obstáculo físico contra fuga

* Pressupõe o senso de autodisciplina

IV) Cadeia Pública

*Presos provisórios

*Em cada comarca

V) Hospital de Custódia e tratamento psiquiátrico

*Inimputáveis

12) A execução das penas em espécie

I) Penas Privativas de Liberdade

Trânsito em julgado (Súmula 611 STF) – réu preso ou não – magistrado ordena a
expedição de guia de recolhimento para execução. No caso de Sursis da pena ou
regime aberto será a carta guia.

Guia de recolhimento – art.106 LEP (nome do condenado, qualificação civil, o inteiro


teor da denúncia e da sentença condenatória, com a certidão do trânsito em julgado,
antecedentes, grau de instrução, data do fim da pena e outros documentos) - durante
a execução todas a anotações serão feitas na guia de recolhimento ( * guia de
internação ou tratamento – art.171 LEP)
* Reclusão/Detenção/Prisão simples (sem rigor penitenciário, excepcional o
cumprimento)
*Regimes Penais: Fechado, semiaberto e aberto (estabelecimento, cela, trabalho,
rigidez)
*Sistema Progressivo (não se admite saltos - Súmula 491 STJ) * falta de
estabelecimento*Regressão

Novo requisito para progressão de regime: pagamento integral da pena de multa


O não pagamento voluntário da pena de multa impede a progressão no regime
prisional? SIM. O Plenário do STF decidiu o seguinte: • Regra: o inadimplemento
deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado impede a
progressão no regime prisional. • Exceção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a
progressão de regime se ficar comprovada a absoluta impossibilidade econômica do
apenado em quitar a multa, ainda que parceladamente. STF. Plenário. EP 12 ProgReg-
AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/4/2015 (Info 780

Inovação legislativa:
A Lei n. 13.964/2019 (Pacote anticrime) alterou o art.112 da LEP, assim os critérios
para concessão do benefício da progressão de regime continuam sendo o
cumprimento de parte da pena e o bom comportamento carcerário, no entanto, antes
da alteração bastava o cumprimento de 1/6 (crime não hediondo); 2/5 ou 3/5 (crimes
hediondos, se o agente era primário ou reincidente)da pena no regime anterior,
juntamente com a comprovação do bom comportamento carcerário.
-Hoje, a depender da situação pessoal do condenado, bem como, de qual tenha sido o
crime praticado há parâmetros diferentes para a concessão do benefício.
-Princípio da proporcionalidade – mudou o parâmetro para o crime comum!!
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos:       
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;       
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;       
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;         
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;         
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado, se for primário;        VI - 50% (cinquenta por cento) da
pena, se o apenado for:         
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se
for primário, vedado o livramento condicional;         
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou       
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;       
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de
crime hediondo ou equiparado;   
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo
ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.         
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar
boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que
também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação
de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente: 
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;                
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;                 
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;                
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;                
V - não ter integrado organização criminosa.                
§ 4º  O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no § 3º deste artigo.   
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de
tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
(Tráfico de drogas privilegiado – primário, bons antecedentes e não integra
organização criminosa)
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena
remanescente.      
§ 7º (VETADO).     
OBS: O art.114, inciso I, LEP, exige do condenado para a progressão ao regime aberto,
a comprovação de trabalho ou a possibilidade imediata de trabalhar!!! Deve ser visto
com cautela!!!  

* Remição
- Condenado + trabalho ou estudo
- Juízo da Execução Penal – oitiva do MP
- A cada três dias de trabalho desconta um na pena
- A cada 12 horas de frequência escolar, divididas em no mínimo três dias, desconta um
dia na pena (presencial ou a distância e necessidade de certificação)
- Se houver compatibilização pode cumular (trabalho e estudo)
- Processo de reintegração social – estimula o trabalho e o estudo – a ressocialização e a
profissionalização – estimula a conclusão do curso e o tempo a remir será acrescido
de 1/3
- Como estímulo o preso deve tomar conhecimento dos dias remidos
- A remição pela leitura é possível, sendo descontado 4 dias da pena por obra lida e
avaliada, sendo até 12 obras por ano, em um total de 48 dias remidos em doze meses.
Conforme Portaria Conjunta 276/2012 da Justiça Federal e do Departamento
Penitenciário Nacional e Recomendação n. 44/2013 do CNJ. Para comprovação,
entregam uma resenha e realizam defesa oral.
- - Foi noticiado que presos ganham sala de leitura para alfabetização e remição da pena
e aulas de informática em julho/2018 na cadeia de Soledade/PB, sendo um projeto
desenvolvido pelo Judiciário com a ONG IDE Projetos Sociais.
- Remição pelo trabalho antes do início da execução da pena - É possível a remição do
tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde que em data
posterior à prática do delito. STJ. 6ª Turma. HC 420.257-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 19/04/2018 (Info 625)
- Não é possível a remição ficta da pena - Não se admite a remição ficta da pena.
Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem laborar,
reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas do
sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na
política pública do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O
instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou
educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena
em virtude de Informativo comentado Informativo 904-STF (07/06/2018) – Márcio
André Lopes Cavalcante | 12 trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado
trabalho, estudo ou leitura, não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma.
HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
29/5/2018 (Info 904

* Livramento Condicional

- Juízo da Execução Penal

- Requisitos do art.83 CP ( cumprimento de parte da pena, comprovar bom


comportamento, bom desempenho no trabalho, aptidão para prover sua subsistência,
reparação do dano, e o pacote anticrime acrescenta o não cometimento de falta grave
nos últimos 12 meses)

- Período de Prova e condições a serem cumpridas

- Poderá haver revogação do benefício

*Suspensão Condicional da Pena (Sursis)

- 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos

- Não superior a 2 anos ou não superior a 4 anos

- Difere do sursis processual

*Permissão de saída – arts.120, 121 da LEP

- -Aplicada ao condenado em regime fechado ou semiaberto e presos provisórios


- -Com escolta

- -Falecimento ou doença grave do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou


irmão ; necessidade de tratamento médico

- -Diretor do estabelecimento

- -Duração necessária à finalidade da saída

*Saída temporária – arts. 122 e seguintes da LEP

- -Aplicada ao condenado em regime semiaberto

- -Sem vigilância (pode usar monitoração eletrônica)

- -Visita à família; frequencia a curso profissionalizante , de instrução do segundo grau


ou superior; participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio
social

- -Juízo da execução penal (ouvido o MP e a administração penitenciária)

- -Duração (prazo não superior a sete dias, renovada por mais 4 vezes no ano)

- -Depende do cumprimento de parte da pena e do comportamento do agente

II ) Penas Restritivas de Direitos

• Prestação de serviços à comunidade – ocorrendo em até 8 horas semanais sem


prejudicar a jornada de trabalho, sendo uma atividade não remunerada, devendo ser
encaminhados relatórios mensais ao juízo da execução penal ( ≠ do trabalho do preso)

• Limitação de fim de semana – ocorrendo por 5 horas diárias na casa de albergado

• Interdição Temporária de Direitos

• Perda de Bens e Valores

• Prestação pecuniária – indenização

III ) Multa – situação econômica e crime

*Devendo ser cobrada após o trânsito em julgado da sentença, sendo estabelecido prazo de 10
dias para pagamento a partir da citação, sendo possível o parcelamento.

13) A Execução Penal na prática


 Pedido de Progressão de regime

 Pedido de Livramento Condicional

 Pedido de Unificação de Penas


 Pedido de Remição Penal

 Agravo em Execução (≠ RESE)

 Habeas Corpus

 Revisão Criminal

14) Problemas a serem enfrentados


• Atentados Sexuais dentro dos estabelecimentos penais

• Superlotação carcerária – Ex: “Massacre do Carandiru” onde a rebelião teve início a


partir de uma briga por vaga no varal. A Casa de Detenção de São Paulo “Carandiru” foi
o maior “depósito” de presos do sistema penal, abrigava quase 3.000 presos a mais
que sua capacidade máxima.

• Presos provisórios “cumprindo pena” com presos definitivos

• Falta de estrutura física e material nos estabelecimentos penais

• Falta de pessoal (agentes penitenciários)

• Condições subumanas

• Custos elevados com a manutenção dos presos

• Aumento da reincidência

• Rebeliões

Dados do Infopen em 2019

• Temos mais de 740.000 pessoas encarceradas no território brasileiro (desses cerca


30% são provisórios)

• Temos um défict de 312.925 vagas

Atividade
Questão Subjetiva

1) Tício, homem violento na juventude, foi condenado em três processos-crime às penas de


18, 25 e 30 anos, respectivamente, por 3 homicídios qualificados. Após o cumprimento de
15 anos de reclusão, fugiu, e permaneceu em liberdade por 2 anos, quando foi
recapturado em blitz de rotina. Desde a captura, contam-se 25 anos efetivamente
cumpridos, e por tal razão requereu a liberdade, tendo sua pretensão indeferida pelo
magistrado, sob a alegação que há pena a cumprir. Nesse caso, o que poderia ser feito em
favor de Tício? Quais fundamentos poderiam ser alegados?

Questão prática

2) Caio, em data de 16.02.2020, foi condenado pela prática do crime de roubo a pena de 10
anos de reclusão, em regime inicial fechado. O delito foi praticado em 02.01.2019 e, desde
então, Caio permaneceu encarcerado tendo contra si a determinação de prisão preventiva. Em
02.08.2020 foi requerida a progressão de regime de Caio para o semiaberto, todavia, o pedido
foi indeferido pelo juízo da execução penal com o argumento de que, para tanto, seria
necessário o cumprimento de 25% da pena conforme estabelece o art. 112 LEP, modificado
pelo pacote anticrime, uma vez que, Caio é primário, mas teria praticado crime com violência à
pessoa. Considerando ter sido procurado pela família de Caio para advogar em sua defesa
responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Qual o meio de impugnação da decisão que indeferiu o pedido de progressão de regime?

b) Qual (is) fundamento (s) jurídico (s) poderiam ser utilizados em favor da progressão de
regime de Caio?

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