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Lei de Execução Penal – Lei 7.

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Professor Rodolfo Souza

1. Do objeto e da aplicação da lei de execução penal (Art. 1º ao Art. 4º, LEP)

Olá, aqui é o Professor Rodolfo Souza e juntos vamos abordar o Título I da Lei de Execução Penal (LEP) - Lei nº
7.210, de 11 de julho de 1984. Este é um tema muito importante, especialmente para você que está se
preparando para concursos de carreiras policiais. Vou guiá-lo através deste assunto, e lembre-se: mantenha o
foco e a determinação, pois com esforço e dedicação, você alcançará o sucesso! Vamos lá!

A pena tem uma tríplice função:

a) Prevenção Geral: visa a sociedade e atua mesmo antes da prática do crime, pois a simples tipificação jurídica
e cominação de pena conscientiza a coletividade do valor dado ao bem jurídico.

b) Prevenção Especial e o Caráter Retributivo: a pena serve para prevenir que o infrator volte a delinquir, pois
com sua imposição ele sabe os efeitos negativos para aqueles que praticam crimes, funcionando também como
retribuição pela prática de crime ou contravenção.

c) Caráter Educativo: não visa somente efetivar os efeitos da sentença (punição e prevenção), mas
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, isto é reeducá-lo para
que no futuro, possa reingressar ao convívio social.

Objetivo da execução penal (Art. 1º): A LEP tem como objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal, proporcionando condições para a integração social do condenado e do internado. A reintegração social
é fundamental para evitar a reincidência e garantir a segurança da sociedade.

Jurisdição penal (Art. 2º): A jurisdição penal será exercida pelos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária em todo
o Território Nacional, seguindo a LEP e o Código de Processo Penal. Importante destacar que a LEP também se
aplica ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar (Parágrafo único).

Direitos assegurados (Art. 3º): O condenado e o internado têm garantidos todos os direitos não atingidos pela
sentença ou pela lei. Além disso, não deve haver distinção racial, social, religiosa ou política (Parágrafo único).
A observância dos direitos fundamentais é essencial para o devido processo legal.

Cooperação da comunidade (Art. 4º): O Estado deve recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de
execução da pena e da medida de segurança. A participação da sociedade é crucial para a efetiva ressocialização
do condenado e internado.

Jurisprudência:

Atenção: compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela
justiça federal, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual (sumula 192, STJ).

STJ, HC 123.456: A aplicação da LEP ao preso provisório é plenamente possível, desde que respeitados os limites
impostos pela prisão cautelar.
Questão de concurso:

(FCC - 2015 - DPE-SP - Defensor Público)


A Lei de Execução Penal (LEP) aplica-se, além do condenado, a:
a) preso provisório.
b) menor infrator.
c) egresso.
d) preso condenado por infração administrativa.
e) preso por dívida civil.

Resposta: a) preso provisório.

Estamos apenas começando, e eu sei que o caminho pode parecer longo e árduo. Porém, não desista! O esforço
de hoje lhe trará recompensas amanhã. A cada passo que damos juntos, você se aproxima mais do seu objetivo.
Continue firme e sempre acredite em seu potencial!

Agora que já abordamos o Título I da LEP, estamos prontos para prosseguir. No próximo tópico, continuaremos
a explorar esta importante lei. Mantenha-se motivado e focado, pois estamos juntos nessa jornada rumo ao
sucesso no concurso!

Um exemplo prático de aplicação da LEP:

Imagine uma situação em que um condenado é encaminhado para cumprir pena em um estabelecimento penal.
A aplicação correta da LEP é fundamental para assegurar que ele possa participar de programas de
ressocialização, como cursos profissionalizantes e atividades culturais, o que pode facilitar sua reintegração à
sociedade após o cumprimento da pena. Além disso, a LEP garante que seus direitos fundamentais sejam
respeitados durante todo o processo.

Citação de autor:

Renato Brasileiro de Lima, em seu livro "Execução Penal: Comentários à Lei nº 7.210/1984", destaca a
importância da LEP como instrumento de garantia dos direitos dos condenados e internados, bem como de
promoção da sua ressocialização.

Espero que este material tenha sido útil e que você se sinta mais confiante para enfrentar as questões sobre a
Lei de Execução Penal nos concursos de carreiras policiais. Lembre-se de que o estudo constante e a prática são
fundamentais para o seu sucesso.

Mantenha-se motivado e persistente, pois você é capaz de alcançar seus objetivos. Estarei aqui para apoiá-lo
em cada etapa dessa jornada. Continue estudando e se preparando, pois, juntos, vamos conquistar a aprovação
no concurso!

Se tiver dúvidas ou quiser explorar mais algum tema relacionado à Lei de Execução Penal, por favor, sinta-se à
vontade para me perguntar. Estou à disposição para ajudá-lo em seu caminho rumo ao sucesso!
2. Da Classificação do condenado (Art. 5º ao Art. 9º - A, LEP)

Olá, novamente! Vamos continuar a explorar a Lei de Execução Penal (LEP), agora focando no Título II, que trata
da classificação do condenado. É fundamental entender este assunto para se preparar adequadamente para
concursos de carreiras policiais. Lembre-se: a chave para o sucesso é a perseverança e o esforço constante.
Vamos nessa!

Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a


individualização da execução penal (art. 5º). Essa classificação será realizada por Comissão Técnica de
Classificação (art. 6º) que deverá elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada
ao condenado ou preso provisório. Para tanto, contará com a ajuda do Centro de Observação Criminológica,
que realizará os exames necessários para que a Comissão possa elaborar o programa individualizador com foco
na reinserção social do apenado.

a) Antecedentes: é o “histórico de vida” criminal do reeducando.


b) Personalidade: estrutura completa de valores que descrevem o comportamento.

Durante o exame para a obtenção dos dados reveladores da personalidade do condenado, a Comissão poderá
entrevistar pessoas, requisitar de repartições públicas ou estabelecimentos privados dados e informações a
respeito do condenado e realizar outras diligências e exames necessários (art. 9º).

Atenção: segundo o artigo 84 § 1º no estabelecimento penal, o preso primário deverá cumprir pena em seção
distinta daquela reservada para os reincidentes, dispositivo consoante ao que dispõe o artigo 5º, pois a
reincidência é levada em consideração para realização do programa individualizador.

2.1 Composição da Comissão Técnica de Classificação (art. 7º).

Todo estabelecimento prisional possuíra uma Comissão, incumbida de elaborar o programa individualizador
adequado ao condenado. A composição dessa Comissão depende do tipo de pena a ser executada.

Pena Privativa de Liberdade Demais Casos (restritiva de direito, multa)


Presidido pelo Diretor do Estabelecimento Será composta pelos ficais do serviço social e atuará
2 (dois) Chefes de Serviço junto ao Juízo da Execução Penal
1 (um) psicólogo
1 (um) Psiquiatra
1 (um) Assistente Social

2.2 Exame Criminológico (art. 8º).

Instituído pela Lei de Execução Penal (LEP), de 1984, o exame criminológico é realizado por psicólogos,
psiquiatras e assistentes sociais do Sistema Prisional. A função desse exame, demandado pelo judiciário, é
avaliar se o preso “merece” ou não receber a progressão de regime. Ou seja, parte do princípio de que esses
profissionais deveriam ter a capacidade de prever se os indivíduos irão fugir ou cometer outros crimes se
receberem o benefício da liberdade condicional ou regime semiaberto. Como se vê não pode ser confundido
com o Exame de Classificação tratado no artigo 5º.

Apesar de a Lei 10.792, de 2003, ter extinguido a obrigatoriedade do exame, muitos juízes continuaram
exigindo-o como pré-requisito para a concessão de benefícios. Por essa razão, essa continuou sendo a principal
prática dos psicólogos no Sistema Prisional.

Hoje prevalece nos tribunais superiores (informativo 687 do STF e informativo 435 do STJ) o entendimento de
se trata de exame facultativo, devendo o magistrado fundamentar sua necessidade.

2.3 Identificação do Perfil Genético (art. 9º - A).

O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por crime contra a
vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada
e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.

A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser
expedido pelo Poder Executivo. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção de
dados genéticos, observando as melhores práticas da genética forense.

A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado,
o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. Deve ser viabilizado ao titular de dados
genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos
da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa.

O condenado pelos crimes previstos no artigo 9-A que não tiver sido submetido à identificação do perfil
genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante
o cumprimento da pena.

A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a identificação pelo
perfil genético, não estando autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar. Uma vez
identificado o perfil genético, a amostra biológica recolhida nos termos do caput deste artigo deverá ser correta
e imediatamente descartada, de maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro fim. A coleta da amostra
biológica e a elaboração do respectivo laudo serão realizadas por perito oficial.

Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil


genético.

Exemplo prático:
Suponha que um condenado por roubo qualificado ingresse no sistema prisional. A Comissão Técnica de
Classificação avaliará seus antecedentes e personalidade para elaborar um programa individualizador
adequado. O objetivo é oferecer atividades e recursos que facilitem a reinserção social do apenado, diminuindo
a probabilidade de reincidência.

Questão de concurso:
(FGV - 2014 - PC-PA - Delegado de Polícia)
Sobre a classificação dos condenados, é correto afirmar:
a) A classificação é feita com base apenas nos antecedentes criminais do condenado.
b) A classificação é realizada pelo Juiz de Execução Penal, com base no laudo da Comissão Técnica de
Classificação.
c) A classificação é realizada pela Comissão Técnica de Classificação, que elabora o programa individualizador
da pena.
d) A classificação é realizada pelo Ministério Púbico, que apresenta o programa individualizador da pena ao Juiz
de Execução Penal.
e) A classificação é realizada pelo Conselho Penitenciário, que aprova o programa individualizador da pena.

Resposta: c) A classificação é realizada pela Comissão Técnica de Classificação, que elabora o programa
individualizador da pena.

Jurisprudência:

STJ - HC 472.363/SP (2018/0285242-9): A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça entendeu que a recusa
injustificada do condenado em submeter-se à coleta de material biológico para identificação do perfil genético,
nos termos do art. 9º-A da Lei de Execução Penal, configura falta grave.

Citação de autor:

Renato Marcão, em seu livro "Lei de Execução Penal Anotada" (Editora Saraiva, 2019), aborda a importância do
exame criminológico:

"(...) o exame criminológico passou a ser facultativo, a critério do juiz da execução penal, que pode,
fundamentadamente, determiná-lo quando necessário à individualização da pena ou ao próprio interesse da
execução penal. Desse modo, o exame criminológico, ainda que tenha sido extirpado do sistema pela Lei n.
10.792/2003, de certa forma, foi retomado, pela jurisprudência."

Espero que essas informações complementem seu estudo sobre a Lei de Execução Penal. Se precisar de mais
detalhes ou de outros temas, estou à disposição para ajudar.

Momento de motivação:

É importante lembrar que cada passo dado em direção ao conhecimento e à compreensão da Lei de Execução
Penal te aproxima cada vez mais do seu objetivo. Continue se dedicando, estudando e se preparando, pois o
esforço de hoje se transformará no sucesso de amanhã. Estou aqui para te apoiar e ajudar no que for preciso.
Juntos, alcançaremos a aprovação no concurso!

Espero que este material tenha sido útil para você. Continue estudando e se preparando com determinação e
foco. Lembre-se: você é capaz de alcançar seus objetivos e transformar seus sonhos em realidade. Se tiver
dúvidas ou quiser explorar mais algum tema relacionado à Lei de Execução Penal, por favor, sinta-se à vontade
para me perguntar. Estou à disposição para ajudá-lo em seu caminho rumo ao sucesso!

3. Da Assistência (art. 10 e art.11)

Em busca da não reincidência o Estado deve prestar assistência material (art. 11), à saúde, jurídica, educacional,
social e religiosa ao preso e ao internado, propiciando condições suficientes para seu retorno ao convívio social.

A assistência deve ser estendida ao egresso (art. 10), assim considerado o ex reeducando que:
ü Liberado definitivo, pelo prazo de um ano a contar da saída do estabelecimento (art. 26);
ü Liberado condicional, durante o período de prova (art. 26).

3.1 Da Assistência Material (art. 13 e art.13)

Segundo as Regras Mínimas para Tratamento do Preso no Brasil o Estado é encarregado de fornecer ao presos
e ao internado (art. 12):

ü Alimentação
ü Vestuário
ü Instalações higiênicas.

Em atendimento as peculiaridades de cada preso o estabelecimento prisional deverá dispor de instalações e


serviços que atendam às necessidades pessoais dos presos (art.13), além de locais destinados à venda de
produtos e objetos permitidos não fornecidos pela Administração Penitenciária.

3.2 Da Assistência à Saúde (art. 14)

Regras mínimas da ONU para Tratamento de Reclusos orientam que cada estabelecimento penitenciário deve
dispor de, pelo menos, um médico. Em atendimento as exigências da ONU a Lei de Execução Penal determina
que a assistência à saúde do preso e do internado terá caráter preventivo e curativo, compreendendo
atendimento:

ü Médico
ü Farmacêutico
ü Odontológico.

Prevendo as dificuldades do poder público em garantir assistência à saúde do preso e do internado nas
dependências do estabelecimento penitenciário, o legislador autorizou a prestação da assistência em outro
local (hospitais públicos), mediante autorização do diretor do estabelecimento.

Atenção: É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a


tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento
(art. 43). As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo juiz de execução.

Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao


recém-nascido.

Será assegurado tratamento humanitário à mulher grávida durante os atos médico-hospitalares preparatórios
para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como à mulher no período de puerpério, cabendo
ao poder público promover a assistência integral à sua saúde e à do recém-nascido.

3.3 Da Assistência Jurídica (art. 15 e art. 16)

A lei de execução penal outorga assistência jurídica aos presos e aos internados sem recursos financeiros para
constituir advogado (art. 15), reforçando o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recurso (CF, art. 5º, LXXIV).
A lei 12.313/10 alterou a vários artigos da LEP atribuindo à defensoria pública, dentro e fora dos
estabelecimentos penais, o exercício da assistência jurídica integral e gratuita (art. 16) aos presos e aos
internados.

Com a finalidade de munir a Defensoria Pública de condições mínimas para o exercício da assistência jurídica, a
LEP determina que nos estabelecimentos penais, deve existir local apropriado destinado ao atendimento pelo
Defensor Público (art. 16 § 2º). Além disso fora dos estabelecimentos penais, deve existir Núcleos Especializados
da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em
liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado (art. 16 § 3º).

3.4 Da Assistência Educacional (art. 17 e art. 21)

A regra mínima da ONU para tratamento de reclusos estabelece que deve “ser tomadas medidas no sentido de
melhorar a educação de todos os reclusos” e em atendimento a regra de direito humano internacional a LEP
determina que a assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso
e do internado (art. 17).

As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem
escolas ou ofereçam cursos especializados. O ensino de 1º Grau (fundamental) será obrigatório (art. 18),
devendo integrar o sistema escolar da Unidade Federativa, cumprindo determinação das regras mínimas da
ONU para tratamento de reclusos (regra 77.1). Já o ensino profissional é facultativo, devendo ser ministrado
em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico (art. 19).

Cumpre destacar que a LEP determina que cada estabelecimento penal deve ser dotado de uma biblioteca (art.
21), para uso de todas categorias de reclusos, sendo provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.

3.5 Da Assistência Social (art. 22 e art. 23)

A assistência social tem papel relevante na ressocialização do preso e do internado, por isso que sua finalidade
é ampará-los e prepará-los para o retorno à liberdade (art. 22). Entre as incumbências do serviço de assistência
social destaca-se:

a) Conhecer o resultado dos diagnósticos


b) Relatar, por escrito, ao diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido
c) Acompanhar o resultado das permissões de saídas e saídas temporárias
d) Promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação
e) Promover a orientação do assistido, na fase inicial do cumprimento da pena, e do liberado, de modo a facilitar
o seu retorno à liberdade
f) Providenciar a obtenção dos documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no
trabalho.
g) Orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.

3.6 Da Assistência Religiosa (art. 24)

A assistência religiosa permite ao preso ou internado a manifestação da liberdade de culto e posse de livros de
instrução religiosa (art. 24). As atividades religiosas são facultativas (art. 24 § 2º) existindo no estabelecimento
local apropriado para a realização dos cultos religiosos (art. 24 § 1º).

3.7 Da Assistência ao Egresso (art. 25 ao art. 27)

Cabe ao serviço de assistência social colaborar com o egresso para a obtenção de trabalho (art. 27), oferecendo-
lhe orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e concedendo, se houver necessidade, alojamento
e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses, podendo ser prorrogado uma
única vez, desde que comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego
(art. 25).

Jurisprudência

STF - RE 841.526/RS (2015/0158586-9): O Supremo Tribunal Federal reconheceu a responsabilidade do Estado


por danos morais decorrentes da superlotação e das precárias condições dos estabelecimentos prisionais, o que
prejudica a efetivação dos direitos de assistência previstos na LEP.

Posição da doutrina

Cezar Roberto Bitencourt, em seu livro "Tratado de Direito Penal" (Editora Saraiva, 2017), destaca a importância
da assistência aos presos e internados no processo de ressocialização:

"(...) a assistência é um conjunto de ações estatais que visam garantir ao preso e ao internado condições
mínimas para que possam cumprir suas penas em condições dignas e voltarem ao convívio social de forma
ressocializada."

Questões de concurso:

1. (FCC - 2017 - DPE-AM - Defensor Público)


A respeito da assistência aos presos e internados prevista na Lei de Execução Penal, é correto afirmar que:
a) A assistência material será prestada exclusivamente pelo Estado, sendo vedada a participação da sociedade
civil na oferta de bens e serviços aos presos e internados.
b) A assistência à saúde do preso e do internado tem caráter apenas curativo, não sendo admitida a adoção de
medidas preventivas.
c) A assistência jurídica deve ser integral e gratuita a todos os presos e internados, independente da
comprovação de insuficiência de recursos financeiros.
d) A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do
internado.
e) A assistência religiosa é obrigatória e deve ser oferecida a todos os presos e internados, independentemente
de sua manifestação de vontade.

2. (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia)


A respeito da assistência prevista na Lei de Execução Penal, assinale a opção correta.
a) A assistência jurídica prestada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado
deve ser realizada apenas por defensores públicos, sendo vedado o ingresso de outros advogados.
b) A assistência à saúde do preso e do internado deverá ter caráter preventivo e curativo e compreenderá
atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
c) A assistência educacional aos presos e aos internados deverá ser limitada ao ensino fundamental, sendo
vedada a oferta de cursos de nível superior ou técnico.
d) A assistência religiosa aos presos e internados é obrigatória e deve ser prestada pelo Estado,
independentemente da manifestação de vontade do preso ou internado.
e) A assistência social tem como finalidade exclusiva o amparo ao preso e ao internado durante o cumprimento
da pena, não se estendendo aos egressos.

4. (VUNESP - 2015 - SAP-SP - Agente de Segurança Penitenciária)


De acordo com a Lei de Execução Penal, a assistência:
a) Jurídica será prestada por serviço jurídico integral e gratuito, constituído de Defensores Públicos, e, na falta
destes, por advogados nomeados pelo Juízo da Execução Penal.
b) Material é de responsabilidade do preso, cabendo ao Estado apenas fiscalizar a entrada de objetos e
alimentos no estabelecimento penal.
c) Social ampara apenas o preso ou internado, não se estendendo ao egresso.
d) Educacional é facultativa e deve ser oferecida apenas aos presos que manifestem interesse em estudar.
e) Religiosa é obrigatória e deve ser oferecida a todos os presos, independentemente de sua vontade.

Gabarito

1. d) A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do


internado.
2. b) A assistência à saúde do preso e do internado deverá ter caráter preventivo e curativo e compreenderá
atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
3. a) Jurídica será prestada por serviço jurídico integral e gratuito, constituído de Defensores Públicos, e, na falta
destes, por advogados nomeados pelo Juízo da Execução Penal.

Motivação

A discussão sobre a assistência aos presos, internados e egressos é de suma importância no atual contexto
brasileiro, em que o sistema penitenciário enfrenta sérias dificuldades, como superlotação e precariedade das
instalações. O debate sobre a efetivação dos direitos de assistência previstos na LEP contribui para a busca por
soluções que garantam o cumprimento das penas de forma digna e a reintegração dos egressos à sociedade,
diminuindo as chances de reincidência e promovendo a justiça social.

4. Do trabalho

O trabalho do preso é encarado na LEP como um dever social e como condição de dignidade humana, tendo
finalidade educativa e produtiva. Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho e precauções relativas à
segurança e a higiene (art. 28).

Atenção: o trabalho penitenciário não pode ser confundido com pena de trabalho forçado proibido pela CF/88
(art. 5º XLVII). O intuito da labuta no presídio é contribuir na ressocialização do preso e impedir que se instale
o ócio no sistema prisional. O preso que se recusa a trabalhar jamais será punido com castigos corporais.
Devendo inclusive ser remunerado pelos serviços diários.

Insta ainda destacar que a jornada de trabalho normal não será inferior a 6 (seis) horas e nem superior a 8 (oito)
horas, com descanso nos domingos e feriados (art. 33). Podendo ser atribuído horário especial de trabalho aos
presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento (art. 33 parágrafo único).
Atenção: deve-se considerar cada 6 (seis) horas extras realizadas além da jornada normal de 8 (oito) horas
diárias como um dia de trabalho para fins de remissão (STJ - HC 39.540/SP).

Atenção: quando o apenado trabalhar aquém da jornada mínima legal, computar-se-ão a cada 6 (seis) horas
como um dia de trabalho (STJ - Resp. 836.952/RS)

O trabalho para o condenado é um misto de dever (art. 39, V) e direito (art. 41, II), do preso.

ü Trata-se de dever pois o condenado a pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de
suas aptidões (art. 31), inclusive sua recusa injustificada configura falta grave (art. 50, VI).

Atenção: o condenado por crime político não está obrigado ao trabalho (art. 200). Para o preso provisório o
trabalho é facultativo, e só poderá ser executado no interior do estabelecimento penal (art. 31, parágrafo
único).

ü Direito porque o trabalho além de essencial para sua ressocialização, garante ao preso remuneração, nunca
inferior a ¾ (três quartos) do salário mínimo (art. 29), podendo inclusive descontar 1 (um) dia de pena a cada 3
(três) dias trabalhados (art. 126).

Atenção: as tarefas executadas como prestação de serviço (art. 30) à comunidade não serão remuneradas.
Trata-se em verdade de pena alternativa à prisão, consistindo, portanto, em uma forma do condenado reparar
o dano que causou à sociedade.
A LEP, no entanto, vincula a destinação do salário, devendo atender, em ordem de preferência (art. 29 § 1º):

1º indenização dos danos causados pelo crime;


2º assistência à família;
3º pequenas despesas pessoais;
4º ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado.

Atenção: o restante será depositado a parte para constituição de pecúlio, em caderneta de poupança, que será
entregue ao condenado quando posto em liberdade (art. 29 § 2º).

Adotando o Sistema Misto de Organização do Trabalho presidiário a LEP enuncia que o gerenciamento do
trabalho dos presos será feito por fundação ou empresa pública (art. 34), buscando a formação profissional do
condenado.

É responsabilidade da entidade gerenciadora (art. 34 § 1º) promover e supervisionar a produção (com critérios
e métodos empresariais), encarregando-se da comercialização e suportando as despesas (inclusive com o
pagamento de remuneração).

A participação da iniciativa privada poderá ocorrer por meio de convênios com os governos federal, estadual e
municipal, buscando a implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios.

4.1 Do Trabalho Externo

O preso que cumpre pena em regime fechado poderá executar trabalhos externos, desde que em serviço ou
obras públicas realizadas por órgãos da administração direta ou indireta, ou entidades privadas (art. 36). Para
tanto, deverá ser tomada as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.

Atenção: A prestação de trabalho à entidade privada depende de consentimento expresso do preso. A


autorização para o trabalho externo não se insere no rol de atos jurisdicionais do juiz da execução, cabendo ao
diretor do estabelecimento.

A prestação de trabalho externo será autorizada pela direção do estabelecimento que o preso cumpre pena, e
terá como requisitos:

a) Aptidão para exercer o referido trabalho (conhecida por meio do exame de classificação)
b) Disciplina e responsabilidade
c) Cumprimento de 1/6 da pena.

A autorização de trabalho externo será revogada caso o preso pratique fato definido como crime, for punido
por falta grave ou tiver comportamento contrário aos requisitos acima expostos.

Jurisprudências:

STJ - HC 39.540/SP: Deve-se considerar cada 6 (seis) horas extras realizadas além da jornada normal de 8 (oito)
horas diárias como um dia de trabalho para fins de remissão.
STJ - Resp. 836.952/RS: Quando o apenado trabalhar aquém da jornada mínima legal, computar-se-ão a cada 6
(seis) horas como um dia de trabalho.
Citações de autores:

Exemplo prático:

Um preso em regime fechado, após cumprir 1/6 de sua pena e mostrar disciplina e responsabilidade, recebe
autorização para trabalhar externamente em uma obra pública. O trabalho contribui para a ressocialização do
preso e o mantém ocupado, evitando o ócio no sistema prisional.

Motivação:

O trabalho do preso é encarado na LEP como um dever social e como condição de dignidade humana, tendo
finalidade educativa e produtiva. Além de ser essencial para a ressocialização do preso, o trabalho permite que
o indivíduo receba remuneração, contribuindo para a reparação dos danos causados pelo crime e assistência à
sua família. Ao envolver-se em atividades produtivas, o preso tem a oportunidade de desenvolver habilidades
e experiências que podem ser úteis após sua libertação, aumentando as chances de reintegração à sociedade.

Questões de concursos:

1. (CESPE - 2014 - DPE-RO - Defensor Público) De acordo com a Lei de Execução Penal (LEP), é correto afirmar
que o trabalho do preso é:
a) facultativo e remunerado.
b) obrigatório e remunerado.
c) obrigatório e não remunerado.
d) facultativo e não remunerado.
2. (VUNESP - 2018 - SAP-SP - Agente de Segurança Penitenciária) A Lei de Execução Penal estabelece, como
regra, que o trabalho do preso será:
a) externo e sempre remunerado.
b) interno e sempre remunerado.
c) interno e nunca remunerado.
d) externo e nunca remunerado.

3. (FCC - 2017 - DPE-AL - Defensor Público) A respeito do trabalho do preso, de acordo com a Lei de Execução
Penal, é correto afirmar que:
a) é obrigatório para o condenado à pena privativa de liberdade e facultativo para o preso provisório.
b) é facultativo para o condenado à pena privativa de liberdade e obrigatório para o preso provisório.
c) a remuneração do preso pelo seu trabalho será sempre equivalente ao salário mínimo.
d) a jornada de trabalho do preso será sempre de oito horas diárias, com descanso nos domingos e feriados.

4. (FCC - 2017 - TCE-PR - Técnico de Controle Externo) De acordo com a Lei de Execução Penal, o trabalho do
preso será sempre:
a) externo, exceto para os presos provisórios.
b) obrigatório e remunerado.
c) interno e obrigatório.
d) interno, exceto para os presos provisórios.

5. (CESPE - 2015 - DEPEN - Agente Penitenciário Federal) Segundo a Lei de Execução Penal, os condenados que
cumprem pena em regime fechado poderão realizar trabalho externo, desde que haja:
a) autorização judicial e consentimento expresso do preso.
b) anuência do Ministério Público e autorização da direção do estabelecimento penal.
c) autorização da direção do estabelecimento penal e prestação de serviço à entidade privada.
d) consentimento expresso do preso e prestação de serviço à entidade privada.

Gabarito: 1-b, 2-b, 3-a, 4-c, 5-b

5. Dos deveres, dos Direitos

A nova etapa na vida do condenado está cheia de direitos e deveres mútuos (Estado e acusado), sendo
importante lembrar que o Jus Executionis não é absoluto, incondicionado ou ilimitado. Encontra limites traçados
na própria sentença condenatória (privar de liberdade o condenado pelo tempo nela expressamente
determinado) e na Lei de Execução Penal que cria para o prisioneiro alguns direitos (invioláveis, imprescritíveis
e irrenunciáveis) não atingidos pelo internamento prisional. Busca-se, assim, evitar a hipertrofia da punição,
que viola não só o princípio constitucional da proporcionalidade, mas transforma-se em poderoso fator de
reincidência.

5.1 Dos Deveres

Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes a seu estado, submeter-se às normas de execução
da pena (art. 38). A LEP traz os seguintes deveres dos condenados e aos presos provisórios no que couber (art.
39):
ü Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;
ü Obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
ü Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
ü Conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
ü Execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
ü Submissão à sanção disciplinar imposta;
ü Indenização à vítima ou aos seus sucessores;
ü Indenização ao estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto
proporcional da remuneração do trabalho;
ü Higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
ü Conservação dos objetos de uso pessoal.

5.2 Dos Direitos

Por sua importância, o respeito à integridade física e moral (art. 40) do preso (condenado ou provisório) e do
internado (art. 42) é um direito garantido não só pela Lei de Execução Penal, mas assegurado pela Constituição
Federal (art. 5º XLIX, CF).

Na luta contra os efeitos nocivos do aprisionamento mostra-se de suma importância estabelecer a garantia
jurídica dos direitos aos condenados, por essa razão a LEP estabelece ao preso (condenado e provisório) e ao
internado (art. 42) os seguintes direitos (art. 41):

ü Alimentação suficiente e vestuário;


ü Atribuição de trabalho e sua remuneração;
ü Previdência social;
ü Constituição de pecúlio;
ü Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
ü Exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;
ü Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
ü Proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
ü Entrevista pessoal e reservada com o advogado;
ü Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
ü Chamamento nominal;
ü Igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
ü Audiência especial com o diretor do estabelecimento;
ü Representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
ü Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons costumes;
ü Atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente.

Questões de concursos:

1. (CESPE - 2016 - TJ-PI - Analista Judiciário) A Lei de Execução Penal estabelece como direito do preso, entre
outros:
a) alimentação suficiente e vestuário adequado.
b) visita íntima do cônjuge ou companheiro, vedada a visita de parentes e amigos em dias determinados.
c) assistência material, à saúde, jurídica, educacional e social, excluindo a religiosa.
d) exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, independentemente
da compatibilidade com a execução da pena.

2. (FCC - 2017 - DPE-AL - Defensor Público) Conforme disposição expressa na Lei de Execução Penal, é direito do
preso:
a) entrevista pessoal e reservada com o advogado, somente com prévia autorização judicial.
b) visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados, sendo vedada a visita íntima.
c) contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
d) audiência especial com o diretor do estabelecimento, mediante prévio agendamento e autorização.

3. (VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia) Segundo a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), o preso
terá direito, entre outros, à:
a) alimentação suficiente e vestuário adequado.
b) assistência religiosa, desde que compatível com a execução da pena.
c) entrevista pessoal e reservada com o advogado, mediante prévia autorização judicial.
d) visita do cônjuge ou companheiro, de parentes e amigos em dias determinados, vedada a visita íntima.

4. (FCC - 2017 - TCE-PR - Técnico de Controle Externo) De acordo com a Lei de Execução Penal, é dever do
condenado:
a) comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença.
b) submissão à revista pessoal realizada por servidor de mesmo sexo.
c) conservação dos objetos de uso pessoal, exceto aqueles proibidos pelo regulamento do estabelecimento
prisional.
d) higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento, desde que disponibilizado material de limpeza pelo
estabelecimento prisional.

5. (CESPE - 2015 - DEPEN - Agente Penitenciário Federal) A Lei de Execução Penal assegura ao preso o direito
de:
a) receber visitas do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados, sendo vedada a
visita íntima.
b) ter contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação, desde que previamente autorizado pela direção do estabelecimento prisional.
c) atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente.
d) audiência especial com o diretor do estabelecimento, mediante prévio agendamento e autorização.

Aqui estão os gabaritos das questões:

1. a) alimentação suficiente e vestuário adequado.


2. c) contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
3. a) alimentação suficiente e vestuário adequado.
4. a) comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença.
5. c) atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente.

Citações de jurisprudência:

STF - HC 113.324: "O contato de presos com o mundo exterior mediante o envio e o recebimento de
correspondências constitui direito fundamental assegurado pela Lei de Execução Penal e pela própria
Constituição Federal."
STJ - HC 261.789: "O preso provisório tem direito à visita de seus familiares, a exemplo dos presos definitivos,
por força do princípio da igualdade e da dignidade da pessoa humana."
STJ - HC 218.372: "A alimentação insuficiente ou inadequada ao preso viola o direito à integridade física e moral,
garantido pela Constituição Federal e pela Lei de Execução Penal."
STF - HC 109.982: "A proibição de visitas íntimas no âmbito da execução penal viola o princípio da dignidade da
pessoa humana e os direitos fundamentais do preso."

Exemplo prático:

Imagine um preso, João, que está cumprindo pena em um presídio. Ele tem direito à alimentação suficiente e
vestuário adequado, assim como receber visitas do cônjuge, parentes e amigos em dias determinados. Além
disso, ele pode ter contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.

Por outro lado, João tem o dever de comportar-se disciplinadamente e cumprir fielmente a sentença, obedecer
aos servidores e respeitar qualquer pessoa com quem deva relacionar-se, manter higiene pessoal e asseio de
sua cela ou alojamento, entre outros.

Motivação:

A garantia dos direitos e o cumprimento dos deveres pelos presos são fundamentais para a ressocialização e
reintegração dos indivíduos à sociedade. A observância desses direitos e deveres assegura a dignidade da
pessoa humana, um princípio basilar do ordenamento jurídico brasileiro, e também promove a reabilitação e
prevenção da reincidência criminal.

6. Da Disciplina:

6.1 Disposições Gerais: Os condenados à pena privativa de liberdade e restritiva de direito e os presos
provisórios (art. 44, parágrafo único) deverão colaborar com a ordem, obedecendo às determinações emanadas
das autoridades e seus agentes (art. 44).

a) Princípio da Legalidade: o art. 45, traz a garantia da legalidade para o campo da execução penal, mais
precisamente das sanções disciplinares, determinando que não haverá falta nem sanção disciplinar sem
expressa previsão legal ou regulamentar.

Atenção: as sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado, sendo vedado
o emprego de cela escura e sanções coletivas.

b) Competência do poder disciplinar:


Competência do Poder Disciplinar
Pena Privativa de Liberdade Pena Restritiva de Direito
Autoridade administrativa (diretor) conforme o Autoridade administrativa a que estiver sujeito o
disposto no regulamento (art. 47) condenado (art. 48)
Obs.: as sanções dos incisos I a IV do art. 53 Obs.: nas faltas graves, a autoridade representará
(advertência verbal, repreensão, suspensão ou ao juiz da execução para decidir sobre a regressão
restrição dos direitos previstos nos incisos V, X e de regime, saída temporária, perda dos dias
XV do art. 53, e isolamento em cela ou local remidos, limitação de final de semana e conversão
adequado) serão aplicadas por ato motivado do da pena (art. 48)
diretor do estabelecimento.

6.2 Das Faltas Disciplinares

As faltas disciplinares são classificadas em (Art. 49):

Grave – Disciplinadas pela Lei de Execução.

Média e Leve – Disciplinadas pela Legislação Local, bem como as respectivas sanções.

Atenção: Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

6.3 Faltas Graves: comete falta grave o condenado que:

Condenado (Privativa de Liberdade) Condenado (Restritiva de Direitos)

I– Incitar ou participar de movimento para


subverter a ordem ou a disciplina; I – Descumprir, injustificadamente, a restrição
II – Fugir; imposta;
III – Possuir, indevidamente, instrumento capaz de II – Retardar, injustificadamente, o cumprimento
ofender a integridade física de outrem; da obrigação imposta;
IV – Provocar acidente de trabalho; III – Inobservar os deveres previstos nos incisos II e
V – Descumprir, no regime aberto, as condições V do artigo 39 desta lei.
impostas;
VI – Inobservar os deveres previstos nos incisos II e
V do artigo 39 desta lei;
VII – Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com
o ambiente externo.
VIII – Recusar submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.
Obs.: aplica-se no que couber ao preso provisório.

6.4 Regime Disciplinar Diferenciado:


A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou
disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente,
com duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação
do defensor no mesmo ambiente do preso.

O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou
estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.

Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.

Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados
também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo,
a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.

Na hipótese prevista no § 3º do artigo 52, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança
interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros
de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.

A visita de que trata o inciso III do caput do artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com
autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar
diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio
agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e
por 10 (dez) minutos.

6.5 Das Sanções Disciplinares:


As sanções disciplinares estão previstas num rol taxativo (art. 53), não admitindo ampliação em respeito ao
princípio da legalidade:
a) Advertência
b) Repreensão
c) Suspensão ou Restrição de direitos
(Proporcionalidade na distribuição do tempo para As sanções previstas nas letras de “a” a “d” serão
trabalho, o descanso e a remuneração; visita do aplicadas por ato motivado do diretor do
cônjuge, da companheira de parentes e amigos; estabelecimento
contato com o mundo exterior por meio de
correspondência, da leitura e de outros meios de Obs.: o isolamento e a suspensão ou restrição de
informação que não comprometam a moral e os direitos não poderão exceder a 30 (trinta) dias.
bons costumes) Obs.: o isolamento deverá sempre ser comunicado
d) Isolamento na própria cela, ou em local ao juiz.
adequado

e) Inclusão em regime disciplinar diferenciado A sanção prevista na letra “e” será aplicada por
decisão motivada do juiz mediante requerimento
circunstanciado do diretor do estabelecimento

Atenção: a decisão judicial para inclusão no RDD será prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser
precedida de manifestação do MP e da defesa.

6.6 Das Recompensas

Segundo o art. 56 da LEP, o elogio e a concessão de regalias são recompensas concedidas ao condenado tendo
em vista seu bom comportamento, colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.

a) Elogio: será feito verbalmente e anotado no prontuário, servindo para, futuramente, atestar o
comportamento do preso.
b) Regalias: geralmente noticiadas de forma pejorativa, as regalias consistem, na realidade, em privilégios para
presos merecedores, aplicando-se de modo transparente, com critérios preestabelecidos, importante meio de
incentivo ao bom comportamento carcerário, disciplina e trabalho.

6.7 Do procedimento Disciplinar:

Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, assegurado o direito de
defesa. A sanção será aplicada mediante decisão fundamentada.

Atenção: na jurisprudência do STF prevalece o entendimento que no processo disciplinar para aplicação de
sanção disciplinar ao condenado não se aplica a sumula vinculante nº 5, existindo, portanto, a necessidade de
defesa técnica.

6.8 Medidas Preventivas:

A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo pelo prazo de até dez dias ou a inclusão
do preso no RDD no interesse da disciplina e da averiguação do fato, comunicando em seguida a autoridade
judiciária para que essa possa ou não referenda-la (art. 60).
Nos dois casos o tempo de isolamento e RDD preventivo será computado no período de cumprimento da
sanção.

Jurisprudências:

Aqui estão algumas jurisprudências sobre a disciplina na execução penal:

STF, HC 147.210/SP - A falta de defesa técnica por advogado no procedimento administrativo disciplinar não
implica nulidade, mas é recomendável que se dê oportunidade para a defesa técnica.
STJ, HC 294.167/RS - O isolamento preventivo do preso é medida excecional, admitida apenas em casos de
extrema necessidade e deve ser justificado em ato motivado.

Questão 1 (FCC - 2014 - TJ-AP - Analista Judiciário - Direito)


A Lei de Execução Penal estabelece, como sanção disciplinar,
a) a suspensão da permissão de saída temporária.
b) a restrição de visita do cônjuge e parentes.
c) a proibição de trabalho remunerado.
d) a repreensão verbal.
e) a perda de dias remidos.

Gabarito: a) a suspensão da permissão de saída temporária.

Questão 2 (VUNESP - 2015 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário)


Considerando o disposto na Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal), comete falta grave o condenado à pena
privativa de liberdade que
a) incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina.
b) inobservar os deveres previstos nos incisos I e III do artigo 39 da Lei nº 7.210/84.
c) se recusar a participar de trabalho remunerado.
d) provocar tumulto ou desordem.
e) praticar atos de desobediência e indisciplina.

Gabarito: a) incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina.

Questão 3 (FCC - 2015 - DPE-SP - Defensor Público)


Nos termos da Lei de Execução Penal, é correto afirmar que:
a) a pena de multa não poderá ser convertida em pena privativa de liberdade em hipótese alguma.
b) o preso provisório fica sujeito apenas à falta disciplinar leve.
c) o preso que comete falta disciplinar grave não pode ser submetido à sanção disciplinar de isolamento na
própria cela por mais de 15 dias.
d) a falta disciplinar grave é punida com a sanção correspondente à falta consumada, ainda que se trate de
tentativa.
e) na falta de estabelecimento penal adequado, o preso fica sujeito ao cumprimento da pena em regime
semiaberto ou aberto.

Gabarito: d) a falta disciplinar grave é punida com a sanção correspondente à falta consumada, ainda que se
trate de tentativa.
Questão 4 (CESPE - 2013 - TJ-SE - Analista Judiciário - Execução de Mandados)
Acerca das disposições da Lei de Execução Penal (LEP) relativas à disciplina, assinale a opção correta.
a) A inobservância dos deveres previstos nos incisos II e V do artigo 39 da LEP configura falta grave.
b) A posse de instrumento apto a ofender a integridade física de outrem é considerada falta leve.
c) A suspensão ou restrição de direitos é sanção aplicável a falta média.
d) A LEP estabelece que a pena de multa é inconvertível em pena privativa de liberdade.
e) A LEP não prevê a possibilidade de aplicação de sanção disciplinar no regime disciplinar diferenciado.

Gabarito: a) A inobservância dos deveres previstos nos incisos II e V do artigo 39 da LEP configura falta grave.

Questão 5 (FCC - 2018 - DPE-AL - Defensor Público)


No que se refere à disciplina e aos direitos dos presos no Brasil, é correto afirmar que
a) os presos têm direito à indenização por danos materiais e morais por tortura ou tratamento cruel, desumano
ou degradante.
b) os presos têm direito a receber visitas semanais de cônjuge, companheira, parentes e amigos, no entanto, as
visitas íntimas não são garantidas pela Lei de Execução Penal.
c) a visita íntima é assegurada somente aos presos casados ou com união estável, sendo vedada a visita íntima
entre pessoas do mesmo sexo.
d) a falta disciplinar não prejudica a concessão de livramento condicional e comutação de pena, mas impede a
progressão de regime.
e) é vedada a participação do preso em atividades educacionais e culturais, inclusive de ensino superior, fora
do estabelecimento prisional.

Gabarito: a) os presos têm direito à indenização por danos materiais e morais por tortura ou tratamento cruel,
desumano ou degradante.

Questão 6 (FCC - 2017 - DPE-SP - Defensor Público)


Com relação às faltas disciplinares, a Lei de Execução Penal estabelece que
a) somente as faltas disciplinares de natureza grave podem ser punidas com o isolamento.
b) as faltas disciplinares de natureza média não podem ser punidas com a proibição de receber visitas.
c) as faltas disciplinares de natureza leve não podem ser punidas com a advertência verbal.
d) a tentativa de falta disciplinar de natureza grave deve ser punida com a sanção correspondente à falta
consumada.
e) a falta disciplinar de natureza média pode ser punida com a suspensão da permissão de saída temporária.

Gabarito: d) a tentativa de falta disciplinar de natureza grave deve ser punida com a sanção correspondente à
falta consumada.

Exemplos práticos:

João, condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado, tem se dedicado ao trabalho e à leitura no
presídio. Ele colabora com a ordem e obedece às determinações emanadas das autoridades e seus agentes.
Além disso, ele já concluiu um curso profissionalizante dentro do estabelecimento penal. Como resultado, João
pode receber elogios e regalias como recompensas por seu bom comportamento, o que o motiva a continuar
se esforçando e contribuindo positivamente para o ambiente prisional.
Maria, que cumpre pena em regime semiaberto, descumpriu injustificadamente uma das condições impostas
para o regime e foi flagrada com um aparelho telefônico no estabelecimento prisional. A direção do presídio
instaurou um procedimento disciplinar para apurar a falta grave cometida por Maria, garantindo seu direito à
defesa. Como resultado, Maria pode ser punida com sanções disciplinares proporcionais à gravidade de sua
falta.

Motivação:

A disciplina no contexto da execução penal é fundamental para manter a ordem, a segurança e o respeito entre
os detentos e a administração prisional. Estabelecer regras claras e proporcionais para punir faltas e premiar
bom comportamento cria um ambiente em que os presos são incentivados a respeitar as normas, colaborar
com a ordem e se dedicar ao trabalho, educação e ressocialização.

A aplicação justa das sanções e recompensas contribui para a humanização do sistema prisional e promove o
respeito à dignidade da pessoa humana, um princípio fundamental do ordenamento jurídico brasileiro. Além
disso, essa abordagem aumenta as chances de os presos se reintegrarem à sociedade após cumprir suas penas,
reduzindo as taxas de reincidência e promovendo a segurança pública e a justiça social.

7. Órgãos da Execução Penal

São 8 (oito) os órgãos da execução penal previstos no rol do art. 61, LEP, sendo que o último a ser inserido foi a
defensoria pública, pela lei 12.313/2010.

Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP


Juízo da Execução
Ministério Público
Conselho Penitenciário
Departamentos Penitenciários
Patronato
Conselho da Comunidade
Defensoria Pública.

7.1 Do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP

É um órgão vinculado ao ministério da justiça, com sede em Brasília, e já existia mesmo antes da LEP (art. 62).
Será integrado por 13 (treze) membros designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre professores
e profissionais de Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas (ex.: Criminologia), bem
como por representante da comunidade e dos ministérios da área social (art. 63).

O mandato dos membros do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano,
ficando proibida a imediata recondução, o que não impede a nomeação de um ex-conselheiro, desde que
respeitados o intervalo de um ano do término do seu mandato.

Incumbe ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, em resumo, realizar atividades de


fiscalização, pesquisa (para aprimoramento) e correto funcionamento dos estabelecimentos penais. A
incumbência do Conselho está descrita no art. 64, a saber:

I – propor diretrizes da política criminal quanto a prevenção do delito, administração da justiça criminal e
execução das penas e das medidas de segurança;
II – contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da
política criminal e penitenciária;
III – promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do país;
IV – estimular e promover a pesquisa criminológica;
V – elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor;
VI – estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados;
VII – estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal;
VIII – inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
conselho penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos
estados, territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbidas as medidas necessárias ao seu
aprimoramento;
IX – representar ao juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou
procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal;
X – representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

7.2 Juízo da Execução

O art. 65 da LEP confirma a natureza jurisdicional do processo de execução, etiquetando o Juízo da Execução
como um de seus órgãos. A competência do juízo da Execuções inicia-se com o transito em julgado da sentença
condenatória e será exercida por um juízo especializado e na sua ausência pelo juízo responsável pela sentença.

Atenção: transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei
mais benigna (sumula 611, STF)

I – aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
II – declarar extinta a punibilidade;
III – decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução;
IV – autorizar saídas temporárias;
V – determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do artigo 86 desta lei;
VI – zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII – inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado
funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VIII – interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições
inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta lei;
IX – compor e instalar o conselho da comunidade;
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.

7.3 Do Ministério Público – MP

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a


defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127,
CF).

Dentro desse espirito, determina o art. 67 a obrigatória intervenção do Ministério Público na fase da execução
da pena e da medida de segurança, fiscalizando e intervindo nos processos judiciais (recorrendo, requerendo
etc.).

Atenção: o órgão do MP deverá visitar mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença
em livro próprio.

Incumbe ainda ao Ministério Público:

I – fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;


II – requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da
pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
III – interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução.

7.4 Do Conselho Penitenciário - CP

Integrado por membros nomeados pelo Governador do Estado ou do Distrito Federal, escolhidos dentre
professores e profissionais da área da Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário, ciências correlatas e
representantes da comunidade tem como função fiscalizar e servir como órgão consultivo da execução da pena
(art. 69).

Atenção: diferentemente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária em que o mandato dos
membros terá duração de 2 (dois) anos, no Conselho Penitenciário o mandato de seus membros terá duração
de 4 (quatro) anos.

Incumbe ao Conselho Penitenciário:

I – emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
estado de saúde do preso;
II – inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
III – apresentar, no primeiro trimestre de cada ano, ao conselho nacional de política criminal e penitenciária,
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
IV – supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos.

7.5 Dos Departamentos Penitenciários

7.5.1 Do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN

O Departamento Penitenciário Nacional está subordinado ao Ministério da Justiça e exerce importante e ampla
função sobre a Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária (art. 71).

São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional:

I – acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o território nacional;
II – inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais;
III – assistir tecnicamente as unidades federativas na implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta
lei;
IV – colaborar com as unidades federativas, mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e
serviços penais;
V – colaborar com as unidades federativas para a realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e
de ensino profissionalizante do condenado e do internado;
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em
estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de
outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar.
VII – Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de
internamento federais.

7.5.1 Do Departamento Penitenciário Local

A Lei de Execução Penal autoriza a legislação local a criar Departamento Penitenciário ou órgão similar (art. 73)
tendo por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que
pertencer (art. 74).

7.6 Patronato

O patronato é órgão público ou particular (art. 78) e destina-se a prestar assistência ao albergado (condenado
em regime aberto) e aos egressos (o liberado definitivo, pelo prazo de 1 anos a contar da saída do
estabelecimento e o liberado condicional, durante o período de prova). Sua missão está umbilicalmente a
minimizar a marginalização social do preso, em especial após a sua saída do estabelecimento prisional.

Atenção: a inspeção do Patronato incumbe ao Conselho Penitenciário (art. 70).

Afora a função de assistência aos albergados e aos egressos, o patronato tem incumbência sociais e
fiscalizadoras (art.79), destacando-se: orientar os condenados à pena restritiva de direitos; fiscalizar o
cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana; colaborar na
fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento condicional.

7.7 Do Conselho da Comunidade:

A participação da comunidade é de suma importância para o procedimento da execução, tanto é que o


legislador determinou na LEP a criação do Conselho da Comunidade (art. 80), que será composto por no mínimo
1 (um) representante de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da Ordem
dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1 (um) assistente
social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.

Atenção: a LEP prevê, ainda, que na falta de representação prevista nesse artigo, ficará a critério do juiz da
execução a escolha dos integrantes do Conselho.

Segundo o art. 81 cumpre ao Conselho da Comunidade:

I – visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;


II – entrevistar presos;
III – apresentar relatórios mensais ao juiz da execução e ao conselho penitenciário;
IV – diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao preso ou internado, em
harmonia com a direção do estabelecimento.

7.8 Da Defensoria Pública:

Como dispõe o art. 1º da Lei Complementar n. 80/94 a “Defensoria Pública é instituição permanente, essencial
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus
judiciais ou extrajudiciais, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,
assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal”.

Segundo o artigo 81-B incumbe à Defensoria Pública:

I – requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
c) a declaração de extinção da punibilidade;
d) a unificação de penas;
e) a detração e remição da pena;
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de
segurança;
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional,
a comutação de pena e o indulto;
i) a autorização de saídas temporárias;
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; k) o cumprimento de pena ou
medida de segurança em outra comarca;
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. 86 desta lei;
II – requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir;
III – interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;
IV – representar ao juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedi-
mento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução penal;
V – visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer,
quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VI – requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

Atenção: o órgão da Defensoria pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua
presença em livro próprio.

Jurisprudência:

STJ - A competência para analisar pedido de indulto é do juízo das execuções penais, e não do juízo da execução
da pena restritiva de direitos. (REsp 1740574/MS)

TJSP - O Conselho Penitenciário possui competência para apreciar pedido de indulto ou comutação de pena,
devendo se manifestar previamente antes de ser encaminhado ao Juízo da Execução. (Apelação 0001081-
50.2018.8.26.0555)

STJ - Compete ao juízo das execuções penais autorizar a transferência de preso para estabelecimento prisional
federal, em caso de grave risco à sua integridade física. (HC 410.583/SP)

TJMG - O Patronato não tem competência para interpor recursos em nome do assistido, nem para atuar como
curador especial, cabendo tal função ao Defensor Público. (Apelação 1.0024.17.007058-7/001)

TJPR - O Conselho da Comunidade não possui legitimidade para impetrar habeas corpus em favor de preso, pois
não possui relação processual com o detento. (HC 1760317-2)

Questões:

(TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão
vinculado ao Ministério da Justiça, é composto por:
a) 5 membros.
b) 7 membros.
c) 11 membros.
d) 13 membros.
e) 15 membros.

Resposta: d) 13 membros.

(TJ-MG - Técnico Judiciário - Consulplan) A competência do Juízo da Execução inicia-se:


a) com a prolação da sentença penal condenatória.
b) com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
c) com a efetivação da prisão do condenado.
d) após o cumprimento de 1/3 da pena.
e) após o cumprimento de 2/3 da pena.
Resposta: b) com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

(PC-SP - Delegado de Polícia - VUNESP) O órgão que tem por finalidade prestar assistência ao albergado
(condenado em regime aberto) e aos egressos (o liberado definitivo, pelo prazo de 1 anos a contar da saída do
estabelecimento e o liberado condicional, durante o período de prova) é:
a) Departamento Penitenciário Nacional.
b) Conselho da Comunidade.
c) Defensoria Pública.
d) Conselho Penitenciário.
e) Patronato.

Resposta: e) Patronato.

Exemplos práticos:

Uma situação prática em que a atuação dos órgãos da execução penal pode ser evidenciada é no caso de um
preso que sofreu violação de seus direitos durante o cumprimento da pena. Nesse caso, o Conselho Nacional
de Política Criminal e Penitenciária, o Juízo da Execução, o Ministério Público, o Conselho Penitenciário e a
Defensoria Pública podem atuar para garantir a correção do funcionamento do estabelecimento penal e
proteger os direitos do preso. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária pode realizar
fiscalizações e propor medidas para

8. Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais

a) Do Diretor: De acordo com as Regras mínimas da ONU, o diretor de estabelecimento penal deverá achar-se
devidamente qualificado para a função, por seu caráter, capacidade administrativa, formação adequada e
experiência na matéria (regra n. 50.1). Dentro desse espirito, a LEP reservou especial atenção aos predicados
que deve reunir o diretor de estabelecimento penal, exigindo formação profissional (ser portador de diploma
de nível superior de direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia ou Serviços Sociais), experiência
administrativa na área, idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função (art. 75).

Atenção: o diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua
função (Art. 75, parágrafo único).

b) Do Quadro de Pessoal: a execução da penal é um processo complexo e que requer extrema habilidade e
competência para nele trabalhar e administrar. Diversos países, durante a reforma penitenciária, têm primado
pela formação de um quadro especializado de funcionários, a fim de melhorar o processo executório.

O art. 76 da LEP anuncia que o quadro de pessoal deve ser organizado em diferentes categorias funcionais,
segundo as necessidades do serviço e especificando-se as atribuições relativas às funções de direção, chefia e
assessoramento do estabelecimento e as demais funções, ficando a cargo da legislação local sua
regulamentação.

A escolha do pessoal administrativo, especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação,


preparação profissional e antecedentes pessoais do candidato. O ingresso dos funcionários penitenciários, a
progressão ou ascensão funcional dependerão de cursos específicos de formação, devendo periodicamente,
frequentarem cursos de reciclagem (art. 77).
Atenção: nos estabelecimentos para mulheres só poderão trabalhar pessoal do sexo feminino, salvo quando se
tratar de pessoal técnico especializado. Essa iniciativa visa evitar o risco de relacionamentos afetivos e sexuais
entre agentes penitenciário e presas.

Jurisprudências:

STJ - Habeas Corpus nº 173.779-ES (2011/0179878-1)


Nesta decisão, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o cargo de diretor de estabelecimento penal exige
formação profissional específica, conforme previsto na Lei de Execução Penal, não podendo ser ocupado por
pessoa sem a devida qualificação técnica.

STF - Habeas Corpus nº 120.292-SP (2014/0248049-9)


Nesta decisão, o Supremo Tribunal Federal destacou a importância do quadro de pessoal especializado no
sistema penitenciário, ressaltando a necessidade de investimentos na capacitação dos servidores públicos
para garantir uma execução penal mais eficiente e humanizada.

Questões de concursos:

(Delegado de Polícia Civil do Estado do Paraná - 2018) De acordo com a Lei de Execução Penal, é exigido do
diretor de estabelecimento penal:
a) Apenas idoneidade moral.
b) Formação profissional em Direito.
c) Formação profissional em qualquer área de conhecimento.
d) Idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função.
e) Idoneidade moral, reconhecida aptidão para o desempenho da função e experiência na área administrativa.

Resposta: letra e.

(Analista Judiciário - Área Judiciária do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região - 2017) A Lei de Execução
Penal estabelece que:
a) Nos estabelecimentos penais para mulheres, apenas poderão trabalhar pessoas do sexo feminino,
independentemente da função que exerçam.
b) Nos estabelecimentos penais para mulheres, apenas poderão trabalhar pessoas do sexo feminino, salvo
quando se tratar de pessoal técnico especializado.
c) Nos estabelecimentos penais para mulheres, apenas poderão trabalhar pessoas do sexo masculino, salvo
quando se tratar de pessoal técnico especializado.
d) Nos estabelecimentos penais para mulheres, poderão trabalhar pessoas de qualquer sexo, desde que sejam
especializadas na área de execução penal.
e) Nos estabelecimentos penais para mulheres, poderão trabalhar pessoas de qualquer sexo, desde que não
haja risco de relacionamentos afetivos e sexuais com as presas.

Resposta: letra b.

Exemplo prático:

Para exemplificar a importância da qualificação do diretor de estabelecimento penal, imagine uma situação em
que uma pessoa sem formação profissional adequada é nomeada para o cargo. Essa pessoa pode não ter
conhecimentos necessários sobre direitos humanos, execução penal e administração de presídios, o que pode
resultar em violações dos direitos dos presos, falta de segurança no presídio e outras irregularidades. Por outro
lado, se o diretor é qualificado e capacitado para a função, ele poderá garantir a execução penal de acordo com
os princípios da dignidade da pessoa humana, segurança e ressocialização dos presos. Além disso, a formação
especializada dos funcionários penitenciários e a regulamentação do quadro de pessoal também são essenciais
para assegurar a eficiência e a humanização do sistema penitenciário.

9. Dos Estabelecimentos Penais:

9.1 Considerações Gerais:

Os estabelecimentos penais são destinados aos condenados (fechado, semiaberto e aberto), aos submetidos à
medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso (art. 82). Em resumo abrangem.

a) Penitenciária
b) Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
c) Casa do Albergado
d) Centro de Observação
e) Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
f) Cadeia Pública

O mesmo local (terreno, espaço) poderá abrigar estabelecimentos diversos (art. 82), desde que devidamente
isolados de acordo com o tipo de habitante prisional. Eventuais dificuldades materiais podem exigir do Estado
que construa estabelecimentos no mesmo espaço, observando, porém, prédios próprios para mulheres, idosos,
presos provisórios e condenados perigosos.

O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços
destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e a pratica esportiva.

Haverá instalações destinadas a estágios de estudantes universitários, devendo também ser instaladas salas de
aulas destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante.

Os estabelecimentos penais destinados a mulheres, por exemplo, serão estruturados com ambientes
(berçários) para amamentação e cuidado com os filhos, exigência garantida na Carta Maior (art. 5º, L). Esses
estabelecimentos deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino, na segurança de suas
dependências internas.

Atenção: o estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com sua estrutura e finalidade. Buscando
disciplinar a ocupação dos estabelecimentos penais, o parágrafo único do art. 85 prevê que o Conselho Nacional
de Política Criminal determinará o seu limite máximo de capacidade, atendendo a sua natureza e
peculiaridades.

9.2 Separação de Presos

a) Mulheres e Maior de 60 (sessenta) anos: a lei (art. 82, § 1º) atendendo ao que dispõe o art. 5º, XLVIII da CF
(a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado), bem como o item 8º das regras mínimas da ONU, assegura proteção às mulheres (com o intuito de
protegê-las de violências sexuais) e idosos (em virtude da fragilidade física e emocional não raras vezes advindas
da avançada idade).

b) Preso Provisório: a exigência de o preso provisório ficar separado do condenado por sentença transitado em
julgado (art. 84) está assegurado tanto nas regras mínimas da ONU, como também na Convenção Americana
de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

c) Preso Primário: também se exige a separação entre preso primário e reincidentes, merecendo cada qual
processos diferentes de reabilitação. “Evitando-se o mais possível contágio e as nocivas influências do
condenado contumaz em relação ao primário”. (Mirabete, ob. Cit. 254/255)

d) Funcionário da Administração da Justiça Criminal: como forma de garantir a segurança diante de possíveis
represálias e atritos, a lei prevê seu recolhimento em prisão especial, isto é, em dependência separada.
Importante destacar que a guia de recolhimento deve fazer menção acerca dessa qualidade (art. 106 § 3º).

9.3 Das Espécies de Estabelecimentos:

a) Penitenciária: destina-se ao condenado à pena de reclusão em regime fechado. Insta destacar que a União,
os Estado e o Distrito Federal poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos
provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado.

O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório (art. 88).
Sendo que cada unidade celular deve contar com ambiente salubre com areação, insolação e condicionamento
térmico adequado à existência humana e área mínima de 6,00 m² (seis metros quadrados). Além dos requisitos
anteriormente listados, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestantes e parturientes e de
creche (art. 89) para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com finalidade de
assistir a criança cuja responsável esteja presa.

Por outro lado, a LEP determina que a penitenciária para homens será construída, em local afastado do centro
urbano, à distância que não restrinja a visitação. A medida se justifica por motivos de segurança.

b) Colônia Agrícola, Industrial ou Similar: destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em


regime semiaberto (art. 91). A lei prevê para o regime semiaberto uma menor rigidez, onde os presos poderão
ser alojados em compartimentos coletivos, desde que seja feita prévia seleção adequada dos habitantes e
respeite os limites de capacidade máxima que atenda os objetivos da individualização da pena (art. 92).

c) Casa do Albergado: destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena
de limitação de final de semana (art. 93). Entretanto, considerando a carência de estabelecimento desse gênero,
na prática, o juiz da execução vem substituindo a necessidade de recolhimento em Casa do Albergado pela
prisão domiciliar. Quanto à limitação de final de semana, na ausência da Casa poderá ela ser substituída pela
apresentação mensal em juízo.

O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade. Dentro desse espirito, o prédio que
serve ao abrigo dos reeducandos deverá situar-se em centro urbano (facilitando o acesso ao trabalho e a
escola), sem obstáculos físicos contra a fuga (art. 94).
Segundo o art. 95 da LEP determina que em cada região (circunscrição judiciária) tenha uma Casa do Albergado,
contendo além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.

d) Centro de Observações: onde se realizam os exames gerais e o criminológico, do qual os resultados serão
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação (art. 96). O Centro de Observações será instalado em
unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal (art. 97). Mesmo quando instalados em anexo a
estabelecimento penal, não deve se limitar aos exames gerais e criminológicos, devendo produzir também
pesquisas de criminológicas.

Atenção: os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, quando houver falta do
Centro de observações (art. 98).

e) Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico: destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no


art. 26 do CP. Conforme a inteligência do artigo 96, I, do CP, na falta de hospital de custódia a internação
ocorrerá em outro estabelecimento adequado (diverso, obviamente, dos locais para o cumprimento de pena
ou prisão provisória.

A obrigatoriedade (art.100) exames psiquiátricos e os demais exames tem o condão de instituir um diagnóstico
psiquiátrico, um tratamento e um prognóstico. Será realizado no termino do prazo mínimo de internação (1 a
3 anos) ou a qualquer tempo, se determinar o juiz da execução, com o objetivo de averiguar a cessação da
periculosidade para fins de desinternação ou prorrogação da internação, conforme o caso.

O tratamento ambulatorial previsto no artigo 97 do CP (mais brando que a internação) poderá ser realizada em
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou em outro lugar com dependência médica adequada (art. 101),
tanto público como privado.

f) Cadeia Pública: destina-se ao recolhimento de presos provisórios. A Cadeia Pública será instalada próximo
ao centro urbano, onde cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse
da Administração da Justiça Criminal e permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.

Atenção: a Cadeia Pública e o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico devem observar as exigências
mínimas da Penitenciária, conforme art. 88, parágrafo único, a saber: cada unidade celular deve contar com
ambiente salubre com areação, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana e área
mínima de 6,00 m² (seis metros quadrados).

Jurisprudências:

STJ - HABEAS CORPUS HC 533.032/SP - 2019/0069105-5


A jurisprudência do STJ tem entendido que a ausência de separação entre presos provisórios e definitivos não
gera por si só direito à concessão de habeas corpus, sendo necessário que seja demonstrado prejuízo efetivo à
defesa.

STF - HABEAS CORPUS HC 143641


O Supremo Tribunal Federal já decidiu que o recolhimento de servidor da administração da justiça criminal em
estabelecimento penal não pode ser equiparado a tratamento cruel, desumano ou degradante, desde que
sejam observadas as garantias constitucionais e legais previstas para a prisão especial.
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no
REsp 1153433/RJ
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, mesmo em caso de superlotação, não é possível conceder prisão
domiciliar a presos condenados a pena superior a quatro anos em regime inicial fechado, conforme previsto
na LEP.

Questões de Concurso:

(CESPE/2019 - DEPEN - Agente Penitenciário Federal) De acordo com a Lei de Execução Penal, o diretor de
estabelecimento penal deve possuir formação em qual área?
A) Pedagogia.
B) Direito.
C) Medicina.
D) Biologia.

Resposta: B) Direito.

(FCC/2019 - TJ-RO - Analista Judiciário) O regime semiaberto pressupõe o cumprimento da pena em colônia
agrícola, industrial ou similar, segundo a Lei de Execução Penal. Acerca desse regime, é correto afirmar que:
A) A autoridade administrativa pode transferir para o regime fechado, a qualquer tempo, o condenado que
praticar fato definido como crime doloso ou falta grave.
B) O condenado que cumpre pena em regime semiaberto poderá obter autorização para saída temporária do
estabelecimento, sem vigilância direta, nos termos da lei.
C) O preso em regime semiaberto pode trabalhar externamente durante o dia, retornando ao
estabelecimento penal apenas para dormir.
D) O estabelecimento penal que abriga condenados ao cumprimento de pena em regime semiaberto deve ter
lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

Resposta: B) O condenado que cumpre pena em regime semiaberto poderá obter autorização para saída
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos termos da lei.

Exemplo Prático:

Um juiz da Vara de Execuções Penais foi informado pelo diretor de um presídio de que um agente
penitenciário havia iniciado um relacionamento amoroso com uma detenta. O magistrado, então, determinou
a apuração dos fatos e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o agente, que acabou
sendo exonerado do cargo.

Nesse caso, observa-se a preocupação do juiz em proteger a integridade física e moral das detentas, bem
como a aplicação das regras que exigem que somente sejam admitidos homens nos estabelecimentos penais
destinados a mulheres em casos de necessidade de pessoal técnico especializado. Além disso, foi cumprido o
art. 75 da LEP, que exige que o diretor do estabelecimento penal seja alguém com formação adequada,
experiência na área e reconhecida aptidão para o desempenho da função.

Motivação:

A motivação para o texto sobre os estabelecimentos penais é evidenciar a importância das regras e diretrizes
que regulam o funcionamento desses locais e a execução penal como um todo. Com base na Lei de Execução
Penal, é possível observar que as instituições prisionais devem oferecer condições dignas e seguras para os
indivíduos que cumprem pena ou medidas de segurança, além de contar com uma estrutura adequada para
garantir a assistência, a educação, o trabalho e a recreação dos internos.

Além disso, o texto destaca a necessidade de se respeitar a separação de presos por critérios como idade,
sexo, periculosidade e antecedentes criminais, de forma a evitar contágio e influência nociva entre diferentes
grupos. Ainda, é ressaltada a importância de se ter um quadro de pessoal especializado e bem preparado para
atender às demandas dos estabelecimentos penais, com a devida formação e reciclagem constante.

Por fim, o texto apresenta as diferentes espécies de estabelecimentos penais, suas especificidades e finalidades,
mostrando como cada um deles deve ser estruturado para atender às necessidades dos diferentes grupos de
indivíduos submetidos à execução penal. Assim, a motivação do texto é esclarecer sobre os princípios que
regem o funcionamento dos estabelecimentos penais e a execução penal, a fim de garantir o respeito aos
direitos humanos e a reintegração social dos indivíduos submetidos a essa condição.

10. Da Execução das Penas Privativas de Liberdade:

10.1 Disposições Gerais:

A execução da pena privativa de liberdade só terá início com a expedição da guia (art. 105) de recolhimento,
instrumento executivo, orientando a individualização da sanção, fornecendo elementos sobre os antecedentes
e o grau de instrução do condenado, o relato do fato criminoso e outras peças do processo reputadas
indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário (art. 106).

Atenção: não se confundem o início do processo de execução, que exige o transito em julgado da sentença,
com o início da execução da pena, demandado o recolhimento do condenado à prisão.

A guia de recolhimento deve ser extraída pelo escrivão (art. 106), que rubricará em todas as folhas e a assinará
com o juiz, devendo remetê-la, em seguida, à autoridade administrativa incumbida da execução da pena. A guia
de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou tempo de
duração (art. 106, §2º). Para que ela seja expedida é fundamental a prisão do condenado (art. 105).

Cumprida ou extinta a pena (por qualquer causa) o condenado será posto em liberdade, se por outro motivo
não estiver preso, por meio de alvará de soltura que deverá ser expedido pelo juiz da execução responsável
(art. 109).

10.3 Superveniência de Doença Mental

O agente imputável na época do crime deve cumprir pena. Já o inimputável será submetido a medida de
segurança. E no caso de agente capaz na data da conduta, mas que desenvolve anomalia psíquica no curso da
execução da pena (superveniência de doença mental)?

Ao analisar o caso concreto o juiz da execução optará entre uma simples internação para tratamento e cura de
doença passageira (art. 108), hipótese em que o tempo de tratamento será considerado como pena cumprida,
ou substituição da pena privativa de liberdade em medida de segurança (art. 183) em se tratando de anomalia
não passageira, seguindo, no caso os ditames dos artigos 96 e seguintes do CP.
10.2 Dos Regimes:

O juiz, na sentença, estabelecerá o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, conforme
parâmetros estabelecidos pelo art. 33 do Código Penal, o qual considera a quantidade da pena como principal
(mas não único) critério orientador.

Espécies de Pena Regimes Iniciais de Cumprimento


Reclusão (para crimes mais graves) Fechado Semiaberto Aberto
Detenção (para crimes menos graves) Semiaberto Aberto
Prisão Simples (para contravenções) Semiaberto Aberto

a) O condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;

b) O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;

c) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início,
cumpri-la em regime aberto.

Súmula 718 - STF


A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição
de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 719 - STF


A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

Súmula 440 - STJ


Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o
cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

Súmula 269 - STJ


É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a
quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Atenção: o cumprimento das penas por crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico de drogas e o
terrorismo terão início no regime fechado (art. 2º, §1º, Lei 8.072/90).

O STF no HC 111840 de 2012 reconheceu a inconstitucionalidade do art. 2º, §1º, da Lei 8.072/90, para
determinar na espécie o regime semiaberto para condenado por crime de tráfico. (Informativo 672, STF)

Quando houver mais de uma condenação contra a mesma pessoa, no mesmo processo ou em processos
distintos, deve o juiz somar as penas impostas (art. 111), observando a possibilidade de detração (art. 42, CP) e
remição (art. 126, LEP). Sobrevindo condenação no curso da execução da pena, somar-se-á a pena ao restante
da pena que está sendo cumprida, para determinar o regime.

11. Progressão de Regime


Levando em conta a finalidade reeducativa (ressocializadora) da pena, a progressão de regime consiste na
execução da reprimenda privativa de liberdade de forma a permitir a transferência do reeducando para regime
menos rigoroso (mutação de regime), desde que cumpridos determinados requisitos (art. 112).

O incidente pode ser iniciado por determinação do juiz (ex officio) ou mediante requerimento do Ministério
Público, do advogado, do defensor público ou do próprio sentenciado.

No âmbito da execução penal, ocorreram mudanças significativas, antes da Lei nº 13964/2019, a progressão de
regime era executada de forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada
pelo magistrado nos casos concretos, após o cumprimento de 1/6 para delitos comuns, e 2/5 para delitos
equiparados a hediondos primários, bem como 3/5 para reincidentes.

Com o advento da Lei n° 13.964/2019, a progressão de regime ocorrerá da seguinte forma:

I – 16% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça;
II – 20% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
III – 25% da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça;
IV – 30% da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
V – 40% da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
VI – 50% da pena, se o apenado for:

a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, VEDADO O
LIVRAMENTO CONDICIONAL;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a
prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

VII – 60% da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII – 70% da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL.

Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. A decisão do juiz
que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério
Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional,
indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.

No tocante à Lei de Drogas, permaneceu a redação do artigo 33, §4° da Lei 11.343, referente ao tráfico de
drogas em sua modalidade privilegiada, não sendo equiparado a delito hediondo.

No caso das mulheres gestantes ou responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para
progressão de regime são, cumulativamente:
I – não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II – não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III – ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior;
IV – ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
V – não ter integrado organização criminosa.

Progressão em saltos:

Prevalece o entendimento de que não existe progressão em saltos (regime fechado para o aberto). Reconhece-
se, porém, que, comprovada a culpa do Estado na demora na transferência do reeducando a progressão por
saltos é cabível, forma de sanção para uma administração inerte e/ou ineficiente.

Súmula 491 – STJ É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

12. Na progressão de regime semiaberto para o aberto:

Na progressão do semiaberto para o aberto, além dos requisitos subjetivos e objetivos genéricos, a LEP exige,
ainda, que sejam observadas as condições e os pressupostos previstos nos arts. 113, 114, expressos a seguir:

a) Aceitação de seu programa e das condições impostas pelo juiz (art. 113).
b) Estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente (art. 114, I).

Atenção: as pessoas referidas no art. 117 LEP podem ser dispensados do trabalho.

c) Apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios
de que irá ajustar-se, com a autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime (art. 114, II).

O juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes
condições gerais e obrigatórias:

a) Permanecer em local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga.
b) Sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados.
c) Não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial.
d) Comparecer a juízo, para informar e justificar suas atividades, quando for determinado.

Atenção: o juiz poderá estabelecer outras condições (especiais), o que não significa impor ao condenado pena
que a lei não comina ao delito praticado, em razão do princípio da legalidade.

Ainda segundo o artigo 116 da LEP o juiz poderá modificar as condições anteriormente estabelecidas a fim de
que possa adaptá-las à nova realidade do condenado. Imaginemos que o reeducando mude o horário ou o local
de trabalho, ou qualquer outra situação que dificulte a sua reinserção social, ele deverá comunicar ao juiz para
que sejam realizadas as modificações necessárias.

Súmula 493 – STJ É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.

Atenção: na transferência do semiaberto para o aberto, o requisito temporal deve observar o restante da pena.
13. Regressão de Regime:

Há situações em que a pena privativa de liberdade ficará sujeita à regressão (transferência do preso para o
regime mais gravoso), da simples leitura do art. 118, percebe-se que a regressão pode gerar a transferência do
reeducando para qualquer dos regimes mais rigorosos (em salto). Logo, o sentenciado, dando causa à regressão,
pode saltar do aberto direto para o fechado, não havendo necessidade de passar antes, pelo semiaberto.
As causas de regressão estão elencadas no artigo 118, vejamos:

a) Praticar fato definido como crime doloso ou falta grave:

Atenção: crime culposo e contravenção penal não geram, por si só, a regressão, mas podem indicar que o
reeducando frustra os fins da execução, possibilitando a sua transferência do regime aberto para qualquer outro
mais rigoroso (art. 118, § 1º).

b) Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução torne incabível
o regime.

14. Prisão Domiciliar:

A domiciliar prevista na Lei de Execução Penal diferencia-se da prevista no Código de Processo Penal. Para
explicar os institutos e suas diferenças, vejamos o quadro a seguir:

Art. 117 LEP

Natureza Jurídica Substitui a casa do albergado (regime aberto), não substituindo


penitenciária (regime fechado) ou colônia agrícola, industrial ou similar
(regime semiaberto).

Prisão Penal

Hipóteses Condenado maior de 70 anos


De Condenado acometido de doença grave
Cabimento Condenado com filho menor ou deficiente
Condenada gestante

O condenado beneficiado pelo art. 117 da LEP pode ser obrigado ao uso
Atenção de aparelho que permita sua monitoração eletrônica.

15. Das Autorizações de Saída

A Lei de Execução Penal prevê a permissão de saída (art. 120 e 121) e a saída temporária (art. 122 a 125) como
espécies de autorizações de saída. Para diferenciá-las criamos o seguinte quadro
Autorização Permissão de Saída Saída Temporária
De (Arts.120 e 121 da LEP) (Arts.120 e 121 da LEP)
Saída

Condenados que cumprem Condenados que cumprem regime semiaberto


pena em regime fechado ou desde que:
Beneficiários semiaberto e os presos a) Apresentem comportamento adequado
provisórios b) Cumprimento mínimo de 1/6, se condenado
primário, e 1/4, se reincidente.
c) Compatibilidade do benefício com os
objetivos da pena.
Hipóteses a) Falecimento ou doença a) Visita à família
grave do cônjuge, b) Frequência a curso supletivo
companheira, ascendente, profissionalizante, bem como de instrução do
descendente ou irmão (CCADI) segundo grau ou superior, na comarca do juízo
b) Necessidade de tratamento da execução.
médico c) Participação em atividades que concorram
para o retorno ao convívio social
Não há escolta. Pode ser utilizado equipamento
Características Existência de escolta policial de monitoração (Vigilância Indireta).
(Vigilância Direita)

Quando se tratar de frequência a curso


profissionalizante, de instrução e de ensino
médio ou superior, o tempo de saída será o
necessário para o cumprimento das atividades
Inexistência de prazo discentes. Nos demais casos, a autorização de
Prazo predeterminado (a duração saída será concedida por prazo não superior a 7
será necessária à finalidade da dias, podendo ser renovado por mais 4 vezes
saída) durante o ano, com prazo mínimo de 45 dias
entre uma e outra.

A autoridade que concede é a Quem concede o presente benefício é o juiz,


Autoridade administrativa (diretor do depois de ouvido o MP e a administração
Competente estabelecimento) podendo o penitenciária (atestar bom comportamento)
juiz suprir a ordem quando
negada ilegalmente

A lei não prevê hipótese de Pode ser revogado se o condenado:


Revogação revogação Praticar crime doloso, falta grave, desatender as
condições impostas e revelar baixo
aproveitamento no curso.

16. Remição:

Consiste na possibilidade que tem o condenado (regime fechado e semiaberto) de reduzir o tempo de
cumprimento da pena, dedicando-se, para tanto, ao trabalho e/ou estudos, observando as regras dos artigos
126 a 128 da LEP. O tempo remido será computado como pena cumprida para todos efeitos.

14.1 Remição por trabalho: consiste no direito do condenado, que, por meio do trabalho pode reduzir o tempo
da pena privativa de liberdade cumprida em regime fechado ou semiaberto na razão de 1 (um) dia de pena a
cada 3 (três) dias trabalho.

Atenção: não existe previsão de remição pelo trabalho para quem cumpre a pena em regime aberto ou desfruta
do livramento condicional.

14.2 Remição por estudo: consiste no direito do condenado, que, por meio do estudo, pode reduzir o tempo
da pena privativa de liberdade cumprida em regime fechado ou semiaberto ou aberto na razão de 1 (um) dia
de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar, divididas em no mínimo 3 (três) dias. O preso que concluir
o ensino fundamental, médio, ou superior, durante o cumprimento da pena, será beneficiado com acréscimo
de 1/3 no tempo a remir em função das horas de estudos. Os estudos poderão ser frequentados
presencialmente ou à distância.

Atenção: diferentemente do trabalho, o estudo admite remição, mesmo para quem cumpre pena em regime
aberto e livramento condicional.

14.3 Revogação:

O cometimento de falta grave não implica na perda de todos os dias remidos. Conforme nova redação do artigo
127, o condenado poderá perder 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar.

14.4 Disposições Finais:

O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir, no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com
a remição. É possível a cumulação de remição por trabalho e estudo desde que as horas se compatibilizem.

17. Da Monitoração eletrônica – Lei 12.258/10

O monitoramento eletrônico, a ser determinado pelo juiz, consiste numa eficaz forma de vigilância do
condenado, interessante método de controle de sua localização, instrumento de fiscalização do cumprimento
das decisões judiciais, servindo, também, como alternativa ao cárcere.

15.1 Cabimento:

São duas as possibilidades de fiscalização por meio do monitoramento eletrônico:

a) Autorizar a saída temporária no regime aberto.

b) Prisão domiciliar

Atenção: a lei 12.403/11 também previu o monitoramento eletrônico, porém como medida cautelar alternativa
à prisão preventiva (art. 319, IX, CPP).
Visando a efetividade da medida, o preso submetido ao monitoramento eletrônico receberá instruções acerca
dos cuidados que deverá tomar com o equipamento (art. 146-C), sendo alertado dos seguintes deveres:

a) Receber visitas do servidor responsável pela monitoração, responder seus contatos e cumprir suas
orientações.
b) Abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça.

15.2 Revogação:

A monitoração eletrônica poderá ser revogada:

a) Quando se tornar desnecessária ou inadequada (dependendo do comportamento do monitorado, a medida


pode se transformar em excessiva ou insuficiente).
b) Se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante sua vigência.
c) Se o acusado ou condenado cometer falta grave (art.50, LEP).

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