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Disciplina: Leis de execuções penais

Autores: M.e Marcelo Lasperg de Andrade

Revisão de Conteúdos: Esp. Irajá Luiz da Silva / Esp. Murillo Hochule Castex

Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki

Ano: 2018

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de
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Marcelo Lasperg de Andrade

Leis de execuções penais


1ª Edição

2018

Curitiba, PR

Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

ANDRADE, Marcelo Lasperg de.


Leis de execuções penais / Marcelo Lasperg de Andrade – Curitiba, 2018.
56 p.
Coordenação Técnica: Marcelo Alvino da Silva.
Revisão de Conteúdos: Irajá Luiz da Silva / Murillo Hochule Castex.
Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki.
Material didático da disciplina de Leis de execuções penais – Faculdade São
Braz (FSB), 2018.
ISBN 978-85-5475-320-7

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

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dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
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comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
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dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos
de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


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Apresentação da disciplina

A execução penal é um dos temas mais relevantes do estudo do direito


processual penal. Em nosso curso, será estudado como ocorre a execução, suas
finalidades e o tratamento legal que se aplica ao condenando a pena elencada em
nosso sistema legal, dentro dos parâmetros constitucionais.

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Aula 1 – A estrutura da Lei de execução penal

Apresentação da aula 1

Nesta aula será analisado o regime legal da execução penal e seus


elementos, a abordagem estará pautada em estudos dos modelos de penas
existentes, com a análise do sistema carcerário brasileiro e seus problemas, de
acordo com o levantamento do Conselho Nacional de Justiça.
Vale ressaltar que, após as análises, os estudos serão direcionados aos
conceitos básicos para que haja a execução da pena.

1.1 Execução Penal - Lei 7210/1984

A aula iniciará com uma apresentação sobre a execução penal e sua


finalidade e estrutura, buscando abarcar os conceitos mais relevantes. A
apresentação consiste em um breve relato do que será abordado na aula.

1.1.1 A estrutura da lei de execução penal

Disciplinam a execução penal o Código de Processo Penal, em seus artigos


668 a 770 e a Lei de Execuções Penais.
O sistema aqui aplicado é o sistema unitário ou vicariante, que é a pena ao
imputável e a medida de segurança para o inimputável que ofereça risco à
comunidade.

Vocabulario
Vicariante: relativo a ou que apresenta vicariância.

Vicariância: mecanismo evolutivo no qual a distribuição de


uma espécie ancestral é fragmentada em duas ou mais áreas,
devido ao surgimento de uma barreira natural.

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O Estado detém o monopólio da execução da pena, ocorrendo de forma
automática, sem necessidade provocação das partes.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, há mais de 700.000 presos em
regime fechado em variados graus de rigidez carcerária, constituindo a terceira
maior população prisional do mundo cujo número continua a crescer
incessantemente.

Fonte: https://abrilexame.files.wordpress.com/2017/04/prisao.jpg

O paradigma carcerário aplicado fomenta o ciclo perverso da violência que


se reflete para a sociedade, sendo fomentado pela degradação física e mental do
interno recolhido em estabelecimentos que estimulam a sua continuação no mundo
do crime, sem a possibilidade de evolução positiva da população carcerária no
Brasil.
O tratamento correto dos presos demonstra evolução social e é passo
importante para trazer de volta aqueles que delinquiram para uma vida gratificante
e produtiva individualmente e comunitariamente.
Estatísticas do Ministério da Justiça demostram que o contingente carcerário
no Brasil aumentou em mais de 400% no período de 20 anos, sendo que a média
no Brasil é de 300 presos para cada 100 mil habitantes, o que é muito alto,
considerando a média mundial que é de 144.

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Somam-se a esses dados novos, estatísticas que tratam de um novo dado
de indivíduos que estão em prisão domiciliar, uma nova modalidade que se impõe
em razão do déficit carcerário no Brasil de 354 mil vagas.
Se todos os mandados de prisão no Brasil fossem cumpridos, haveria mais
de 1 milhão de presos.
Cumpre lembrar que ocorrem mais 130 homicídios por dia, sendo que 80%
não são sequer investigados de forma adequada, o que reforça a impunidade e a
reincidência.
Nos estabelecimentos penais, a regra é a superlotação, ausência de higiene,
alimentação precária, equipe de atendimento e vigilância subdimensionados, além
de um índice alarmante de corrupção.
Assim, antes de qualquer exame mais apurado, deve-se analisar a estrutura
da lei de execução penal objetivando uma melhor compreensão de sua função e
finalidade.

Importante
No Brasil, a execução penal é disciplinada pela lei
7210/84 ao longo de 204 articulados que afetam a todos os
aspectos ligados à vida prisional no Brasil, observando que
essa lei já sofreu algumas reformas e adaptações que visam
atender novas situações e problemas inerentes ao
desenvolvimento da sociedade, tratando de temas como o
objeto e aplicação da lei de execução penal; detento e o
internado e a sua classificação; assistência material, assistência
à saúde e assistência jurídica; assistência educacional,
assistência social e assistência religiosa ao egresso; trabalho, o
trabalho interno e o trabalho externo; dos deveres, direitos e a
disciplina - faltas disciplinares; das sanções e as recompensas;
da aplicação e as sanções; do procedimento disciplinar, entre
outros.

No Brasil, há 132 varas de exclusivas de execução penal, 939 varas com


competência cumulativa e 1.027 varas criminais que englobam atividades e
competências de execução penal.

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1.2 Sistema Penal: modalidade de pena

Convém lembrar que não cabe constitucionalmente penas de castigo físico,


seja de morte (com algumas exceções) ou ferindo a integridade corporal, na
modalidade de castigos físico.
O artigo 33, parágrafo segundo do Código Penal estabelece que as penas
privativas de liberdade são aplicadas de maneira progressiva, conforme a
recuperação e esforço do interno.

1.2.1 Penas Privativas de Liberdade

Fonte: http://www.hojemais.com.br/imagem/noticia/620/4000/101039_55691_31498.jpg

As penas privativas de liberdade estão estabelecidas na legislação penal


substantiva e serão definidas pelo juiz da condenação, após a instrução criminal,
cabendo na fase de execução única aplicar exclusivamente a pena cominada na
sentença judicial transitada em julgado.

1.2.2 Penas restritivas de direito

Pode ser pecuniária, ou seja, cominar a perda de bens e valores, prestação


de serviço para a comunidade ou para entidades, interdição temporária de direitos
e limitação de fins de semana.

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1.2.3 Pena de multa

A multa é considerada dívida de valor, o juízo de execução intima o réu para


pagar.

1.2.4 Medida de segurança

Ao réu semi ou inimputável completo, há sentença absolutória imprópria,


pois absolve o réu para aplicar-se a medida de segurança.

1.2.5 Prisão albergue domiciliar

É o aprisionamento em residência para pessoas com mais de 70 anos,


doença grave. A pena também vale para a condenada com filho menor ou que seja
deficiente mental ou físico e por último se a ré for gestante.
Exemplo: Mélvio foi ao jogo de futebol e na saída desentendeu-se com
torcedor do time adversário, entrando em luta corporal, que resultou escoriações
em ambos.
Encaminhados à delegacia, assinaram termo circunstanciado e
compareceram em audiência onde realizaram transação penal de prestação de
serviços à comunidade, consistente em palestras sobre esportes nas escolas da
rede de ensino. Nesse exemplo, tem-se a aplicação de pena restritiva de direitos
pelo cometimento de crime de menor potencial ofensivo.

Infração penal de menor potencial ofensivo: são as que possuem


penas máximas não superior a dois anos. Portanto, abrangendo
as contravenções penais e um número considerável de crimes,
excepcionando a legislação especial.

1.3 O juízo da execução penal

O juízo competente para o processo de execução é aquele habilitado para o


estabelecimento penal onde o condenado cumpre pena privativa de liberdade.

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A transferência do preso implica na mudança da competência, com o
encaminhamento dos autos de execução, para o novo juízo competente de destino
do preso transferido.
A execução penal deverá ser exercida pelo Juiz indicado na lei local de
organização judiciária e, na sua ausência, será o juiz prolator da sentença.
A execução da pena nesse caso é exercida pelo próprio juiz que proferiu a
sentença, no processo de conhecimento. A regra aplica-se, igualmente, aos presos
definitivos e provisórios.
Para a pena restritiva de direitos, o juiz com competência é o situado na
comarca de domicílio do detento, por ser o local em que ocorrerá a prestação.

1.3.1 Audiência de Custódia

É a rápida apresentação do preso ao magistrado na hipótese de prisão em


flagrante.

Fonte:http://diligencia.com.br/upload/noticias/novas-comarcas-do-rsrealizarao-audiencias-
de-custodia-a-partir-de-maio.jpg

É direito do acusado ser apresentado em audiência ao juiz, onde serão


ouvidos também o representante do Ministério Público e o defensor do preso, que
pode ser dativo.
Nessa audiência, o magistrado analisa a legalidade da prisão, sua
necessidade e a conveniência de sua continuidade e a eventual soltura, com ou
sem a imposição de eventuais medidas de cautela.
O juiz analisará se houve tortura ou maus-tratos que possa ter o acusado
sofrido além de constrangimento ilegal.

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As audiências de custódia estão previstas nos diversos pactos e tratados
internacionais do quais o Brasil é signatário, como o Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos e a Convenção Interamericana dos Direitos Humanos.

1.3.2 As competências do juiz da execução penal

 Aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo


favoreça o condenado;
 Declarar extinta a punibilidade;
 A soma ou unificação de penas; progressão ou regressão nos
regimes; detração e remição da pena;
 Suspensão condicional da pena; livramento condicional;
 Incidentes da execução; autorizar saídas temporárias;
 Ordenar a forma de realização da pena restritiva de direitos e observar
a sua execução;
 A conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de
liberdade;
 A conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da
pena por medida de segurança;
 A revogação da medida de segurança; a desinternação e o
restabelecimento da situação anterior;

1.4. O regime inicial de cumprimento da pena

O juiz, ao aplicar a pena, determina o regime inicial de cumprimento, que


pode ser fechado, aberto ou semiaberto.

 Entende-se como REGIME FECHADO a observância da pena em


estabelecimento de segurança máxima ou média.

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Fonte: http://joseluizalmeida.com/wp-content/uploads/2011/05/Cambio-pirata-da-
cadeia.jpg

 No REGIME SEMIABERTO em colônia agrícola, industrial ou


estabelecimento similar.

Fonte: https://paranaportal.uol.com.br/wp-content/uploads/2018/03/Sem-t%C3%ADtulo-1-
e1520352668567-300x225-1.png

 O REGIME ABERTO, em casa de albergado ou instalação adequada,


ficando o nome do réu inscrito no rol dos culpados.

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Fonte: http://www.camara.gov.br/internet/agencia/infograficos-html5/execucaoPenal/2.jpg

A quantidade de pena prevista na sentença condenatória e a


natureza da infração vão definir como deverá ser a pena e sua
extensão.

Saiba Mais
Para um melhor domínio da matéria, uma leitura cuidadosa
da lei de execução penal é indispensável, devendo-se
recordar que, no caso de concurso de penas, aplica-se
cumulativamente as penas de reclusão e detenção, executa-
se primeiro a reclusão, conforme o art. 76 do CP: “No
concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena
mais grave”.

1.4.1 A fixação legal do regime inicial de cumprimento da pena

As penas privativas de liberdade podem ter progressão do regime. A pena


superior a 8 anos deve começar a ser cumprida em regime fechado.
Ao não reincidente, com pena superior a 4 anos e que não exceda a 8 anos,
desde o princípio, cumprirá em regime semiaberto.
Ao não reincidente, com pena igual ou inferior a 4 anos, desde o início,
cumprirá em regime aberto.

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Vídeo
Recomenda-se assistir ao filme PAPILLON
(1973). Na década de 30, Papillon (Steve
McQueen) foi condenando por assassinato e
mandado para cumprir pena perpétua na
Guiana Francesa. As normas da prisão são
extremamente rígidas e agressivas e o filme
mostra o dia a dia dos condenados.

No caso de reclusão, os regimes iniciais são o fechado, o semiaberto e o


aberto, mas se o crime for punido com detenção os regimes iniciais serão
semiabertos e aberto, pois não existe a priori regime fechado para detenção.

Exceção: “os condenados por crime decorrentes de organização


criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado,
conforme previsão da lei de organizações criminosas. ”

É possível ir para o regime fechado por meio da regressão de regime de


cumprimento de pena. No caso de várias condenações, o juiz da execução deverá
somar as penas para determinar o regime de cumprimento. Quem determina o
regime de cumprimento de pena não é o juiz da execução, mas o juiz da
condenação.

1.5 Banco Nacional de Mandados de Prisão – BNMP

Para um melhor monitoramento do sistema, o Conselho Nacional de Justiça


instituiu o Banco Nacional de Mandados de Prisão - BNMP, existente desde 2011
com participação de todo judiciário, sendo um instrumento que permite o controle
e as informações acerca da existência e emissão de mandados de prisão.

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Fonte: https://i.ytimg.com/vi/puPSL5rKEqI/maxresdefault.jpg

A permanente crise prisional no Brasil impôs a necessidade de se conhecer


a realidade carcerária por meio de dados confiáveis que possibilitam o
planejamento das políticas carcerárias, além do controle informatizado da
população carcerária no Brasil, pelo monitoramento dos mandados de prisão
expedidos pelo Poder Judiciário, cumprimento e soltura da prisão em território
nacional, gerando o Cadastro Nacional de Presos.
Esse cadastro aumenta a eficiência do aparato judicial, por integrar
nacionalmente as informações sobre pessoas com mandado de prisão cumprido
ou a cumprir.

1.6 Mudança nos regimes de cumprimento de pena

Há a progressão de regime e a detração da pena, quando se compensa a


pena já cumprida enquanto preso provisório, ou seja, sem condenação penal
definitiva.
Poderá ocorrer a regressão do regime para um mais rigoroso, quando o réu
praticar crime doloso ou falta grave, ou nova condenação, por crime anterior, cuja
pena somada ao restante da pena em execução tornar incabível o regime.
Regredirá do regime aberto se frustrar os fins da execução e não pagar a
multa, decisão da qual cabe defesa.
Nos crimes hediondos a progressão será com cumprimento de 2/5 da pena,
em casos de primariedade, havendo reincidência, o cumprimento será de 3/5 da
pena.

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Vocabulario
Detração penal: é a redução do tempo de prisão provisória ou
internação provisória na pena privativa de liberdade, ao início
de seu cumprimento, conforme previsão do Código Penal:
Código Penal - Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de
liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão
provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos
estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

1.7 Hipóteses de progressão de regime fechado para o regime semiaberto

1/6 da pena cumprida, sendo que para crime hediondo, conforme previsto
na lei 8.072/90, 2/5 para o primário e 3/5 para o reincidente.
Súmula 715, do Supremo Tribunal Federal: o limite de 30 anos de
cumprimento não é considerado para os benefícios como condicional ou regime
mais favorável. Na progressão de regime, vale a pena toda e não o limite de 30
anos. Comportamento; oitiva do ministério público e exame criminológico; Crimes
contra a administração pública: reparação do dano causado, a devolução do
produto do ilícito, corrigido legalmente.

Saiba Mais
Crimes hediondos:
São aqueles especialmente repugnantes, razão pela qual a
lei trata o acusado de maneira mais severa antes e depois da
condenação em sentença. O crime hediondo não é um tipo
penal em especial, mas a qualificação de alguns tipos de
crimes que serão tratados de forma mais severa pelo
judiciário conforme previsão legal. Hediondo significa algo
horrível, repugnante, repulsivo. A lei 8.072/90, conhecida
como a Lei dos Crimes Hediondos, trouxe um rol com os dez
tipos penais que considera mais graves: Homicídio simples
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente; Homicídio qualificado;
Latrocínio; Extorsão qualificada pela morte; Extorsão
mediante sequestro; Estupro; Estupro de vulnerável;
Epidemia com resultado mortal; Falsificação, corrupção,
adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos; ou Genocídio.

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1.7.1 Progressão do regime semiaberto para o regime aberto

Aplicam-se os mesmos requisitos do fechado para o semiaberto, com as


seguintes observações:
Observa-se o restante da pena a cumprir. Considera-se 1/6 da pena
cumprida sobre o que resta cumprir no semiaberto;
Importante: “cometida a falta grave pelo condenado no curso do
cumprimento da pena, inicia-se a partir de tal data a nova contagem da fração (1/6,
que também pode ser de 2/5 ou 3/5) como requisito da progressão (STF – hc
85141-0)”.
Progressão em salto - ir do regime fechado ao aberto;
O Supremo Tribunal Federal estabelece: “é admitida, pela doutrina, a
progressão para regime disciplinar diferenciado, devendo o preso primeiro cumprir
a disciplina para depois progredir.

1.8 Os objetivos da execução penal

Aplicação da sentença ou decisão criminal, com a ressocialização do réu,


seja na pena ou na aplicação de medida de segurança.
A pena possui aspecto multifacetado, sendo de natureza retributiva e
preventiva, pois é uma resposta ao mal cometido e ao mesmo tempo demonstra
para a sociedade as consequências do cometimento de crimes.

Pesquise
Pesquise na lei de execução penal quais são as modalidades
de pena e como são aplicadas, citando os artigos aplicáveis.

1.8.1 Os requisitos da execução penal

A existência de um título executivo judicial consistente em uma sentença


judicial condenatória transitada em julgado, da qual não caiba recurso.

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A sentença de homologação de transação penal nos moldes da lei 9.099/95
também se submete à execução, nesse caso, somente para penas restritivas de
direitos.
Ninguém será recolhido para cumprimento de pena privativa de liberdade
sem a respectiva carta de guia.

1.8.2 Requisitos da Carta de Guia para a Execução Penal

A carta de guia serve como documento instrumentalizador da execução e deve


vir instruída com os seguintes documentos:

 Cópia da Denúncia com a data do oferecimento e despacho de recebimento


da denúncia;

 Auto de prisão em flagrante, com dados quanto à modalidade de


procedimento investigatório preparatório, com números; data de lavratura;
data do fato, e o Estado de origem;

 Qualificação do condenado com nome, filiação, naturalidade, data de


nascimento e endereço completo e telefone, os documentos de identidade
se houver, outros nomes e apelidos utilizados pelo condenado;

 Tipo Penal pelo qual foi processado;

 Cópia da Sentença, seja de pronúncia ou condenatória, com os recursos a


ela interpostos;

 Acórdão em cópia integral quando concede provimento e a certidão de


julgamento quando não provido o recurso, com sua publicação;

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 Certidão de trânsito em julgado da sentença para todas as partes;

 Quando houver suspensão da pena, o dia da decisão de suspensão e o dia


de revogação;

 Se houver suspensão, conforme o artigo 89 da Lei 9.099/95, informar o dia


da decisão e o dia de sua revogação;

 Dados sobre a prisão, seja em flagrante ou do mandado de prisão temporária


ou preventiva, o dia do cumprimento do mandado de prisão;

 Dia da colocação em liberdade, com cópia do alvará de soltura, em liberdade


provisória, revogação de prisão ou concessão de Habeas Corpus;

 Cópia da carta guia de recolhimento da fiança ou quando houver quebra da


fiança ou sua perda, com seus dados e documentos;

 Conta final das custas e multa;

 Quando houver extração de peças para o cumprimento da pena definitiva,


haverá nova conta das custas, autos da ação penal;

Esses dados são essenciais para a execução da pena, para o cálculo dos
prazos prescricionais e para a correta execução da pena conforme a lei.
Eventualmente, no curso da execução, observando os benefícios, poderá
haver dados sobre a progressão de regime e livramento condicional, com dia de
início do cumprimento e dia do fim cumprimento, os dias remidos, dias detraídos,
dias foragidos e outros incidentes, como as interrupções.

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Haverá o dia inicial para o cálculo, além de constar se é delito hediondo, a
primariedade e a reincidência.
No caso de Medida de Segurança, deve ser instruída com os Laudos do
Incidente de Insanidade Mental.

Saiba Mais
Para uma melhor compreensão do significado do caráter
retributivo e preventivo da pena, deve-se ler a obra “Vigiar e
Punir” de Michel Foucault, editado pela editora Vozes.

Resumo da aula 1

Nesta aula foi possível verificar como tem evoluído o sistema prisional
brasileiro e seus notórios problemas, com uma população carcerária crescente. A
aula também teve enfoque nos regimes de cumprimento de pena e seus contornos
legais e requisitos para evolução, assim como o regime de execução da pena e
seus requisitos legais.

Atividade de Aprendizagem
Explique em detalhes, com exemplos e apontamentos dos
artigos pertinentes da lei, o que é regime de cumprimento de
pena e como ocorre a sua progressão, explicando como tem
evoluído o sistema carcerário brasileiro.

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Aula 2 – Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/90 e Código de
Transito Brasileiro

Apresentação da aula 2

Nesta aula o estudo será dividido em dois tópicos, sendo que o primeiro será
direcionado à Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, conhecida como Estatuto da
Criança e do Adolescente, uma lei que tutela a criança e o adolescente de forma
ampla, dispondo sobre seus direitos, formas de auxiliar sua família, tipificação de
crimes praticados contra crianças e adolescentes, infrações administrativas, tutela
coletiva, entre outros. E o segundo tópico discorrerá sobre o Código de transito
brasileiro, explicitando algumas infrações e os crimes inerentes ao contexto.

2.1 Conceito de criança e de adolescente

Segundo o Estututo da Criança e do Adolescente, em seu Artigo 2,


considera-se crianças com até 12 anos incompletos.
 Não se aplica a medida socioeducativa, somente a medida de proteção.

 Adolescente é aquele entre 12 e 18 anos. Aplica-se a medida socioeducativa


e a medida de proteção.

 Incide excepcionalmente nos indivíduos com idade entre 18 e 21 anos


incompletos, nas medidas socioeducativas de semiliberdade e de internação
do adolescente, cujo cumprimento deve findar até os 21 anos, observado o
máximo de 3 anos. É indispensável que a infração tenha sido praticada antes
dos 18 anos.

2.2 Doutrina da proteção integral

 É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder


público assegurar, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária.

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 Primazia de receber proteção e socorro; precedência nos serviços públicos;
preferência na formulação e na execução das políticas sociais; recursos
públicos na proteção à infância e à juventude.

2.3 Direito à vida e à saúde

 Os documentos ao parto obrigatoriamente devem ser arquivados por um


período de 18 anos.
 Há direitos para a mãe. É frequente que a mãe sofra de depressão pós-parto,
conhecido também como estado puerperal. O ECA prevê tratamento
psicológico, mesmo que se queira entregar o filho para adoção. É garantido
o acompanhamento psicológico ainda que a mãe entregue a criança para
adoção, como medida de redução das consequências do estado puerperal.
 O ECA também prevê o alojamento conjunto para a gestante e para o bebe.

2.4 Direito à liberdade, ao respeito e a dignidade

 Direito de ir, vir e permanecer nos logradouros públicos e espaços


comunitários, observadas as restrições legais. Se não houvesse a
expressão "observadas as restrições legais” não seriam possíveis fechar os
logradouros públicos em horário noturno.

2.5 Proibições do ECA

 NÃO PODE FREQUENTAR HOTEL, MOTEL, PENSÃO OU CONGÊNERE,


somente se acompanhado dos pais; por autorização dos pais ou se houver
autorização judicial.
 Diversões eletrônicas: depende de PORTARIA REGULAMENTADORA DO
JUIZ DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA competente.
 NÃO PODEM ADQUIRIR BILHETES DE LOTERIA OU SIMILAR.

Autorizações: A referida tem validade de 2 anos, e o adolescente não precisa


dela;
 Viagem nacional: a criança não precisa de autorização:

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1. acompanhada dos ascendentes ou colateral maior até o terceiro grau
(tio);
2. Autorização por escrito dos pais ou responsável;
3. Caso se trate de comarca contigua na mesma unidade da federação.
 Viagem internacional: precisam de autorização judicial, salvo se
estiverem acompanhados dos pais ou responsável ou se estiver
acompanhado de um dos pais com autorização por escrito com firma
reconhecida do outro por verdadeiro.

2.6 Modalidades do modelo familiar

 FAMÍLIA NATURAL: define-se como a comunidade constituída pelos pais ou


qualquer deles e seus descendentes;
 FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA é a comunidade formada pelos parentes
com os quais a criança ou adolescente tenha convivência, afinidade ou
afetividade. Além dos pais e filhos ou o núcleo formado pelo casal, os
parentes próximos, como avós e tios, possuindo a família extensa
preferência na adoção;
 FAMÍLIA SUBSTITUTA: excepcionalmente é adotada em situações em que
a convivência da criança ou do adolescente com a família natural é
impossível.

2.7 Guarda, tutela e a adoção

 GUARDA: regular a posse de fato da criança. Não obrigatoriamente gera o


afastamento dos pais biológicos, podendo ser revogada a qualquer momento
por despacho judicial;

 TUTELA: pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar. Pode ser


deferida sobre pessoa de até 18 anos incompletos. É nomeado tutor, com
amplo dever de representação, que administrará os bens e interesses do
pupilo, devendo prestar contas;

 ADOÇÃO: é modalidade irrevogável, sendo facultado ao estrangeiro. É a


forma de alocação da criança ou do adolescente em nova família substituta.

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2.7.1 Regras de adoção

 IDADE DO ADOTANTE: deve ser maior de 18 anos. Deve haver 16


anos de diferença entre adotante e adotado;

 CONSENTIMENTO DOS PAIS BIOLÓGICOS: é necessário em


audiência. Quando há destituição do PODER FAMILIAR, não há o
consentimento dos pais biológicos;

 ADOÇÃO MONOPARENTAL: realizada por pessoas sozinhas;

 ADOÇÃO CONJUNTA: realizada por casal, pois só podem adotar


conjuntamente quando casadas ou em união estável. Podem adotar
conjuntamente os divorciados, os separados e os ex-companheiros,
desde que haja acordo sobre a guarda e de visitas;

 ADOÇÃO UNILATERAL: é a adoção pelo esposo do genitor biológico,


seja o padrasto ou madrasta;

 ADOÇÃO PÓSTUMA OU POST MORTEM;

 O adotado pode, após 18 anos, TER O DIREITO DE CONHECER


SUA ORIGEM BIOLÓGICA na adoção homoafetiva; a lei não prevê,
mas há previsão jurisprudencial. O requisito básico é a união estável;

 ADOÇÃO INTERNACIONAL: é a adoção que ocorre quando o


adotante é residente no exterior;

 ADOÇÃO INTUITU PERSONAE: é a adoção fora da fila do cadastro.

 ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA: é o período em que a criança ou o


adolescente fica com o adotante para surgirem os laços socioafetivos;

 REGRAS GERAIS DA FAMÍLIA SUBSTITUTA: para o menor de 12


anos, será ouvido. Se for maior de 12 anos, é indispensável o
consentimento em audiência. Irmãos devem ficar juntos, salvo
excepcionalidade comprovada;

 Índios e quilombolas devem ficar na sua comunidade, se possível.

25
2.8 Ato infracional – Parte penal do Eca

 ATO INFRACIONAL: a conduta praticada é crime ou contravenção penal. O


que é INFRAÇÃO PENAL, PARA O ADOLESCENTE É ATO INFRACIONAL.
O ECA aplica a definição do Código Penal, o tipo penal. Somente haverá a
mudança da pena, pois no ECA é MEDIDA SOCIOEDUCATIVA;

 Se a criança praticar o ATO INFRACIONAL, ela somente pode RECEBER


MEDIDAS DE PROTEÇÃO QUE NÃO TÊM CARÁTER DE SANÇÃO e, entre
elas não está a internação: encaminhamento aos pais ou responsável;
matrícula obrigatória em ensino fundamental;

 A criança é encaminhada ao Conselho Tutelar para que ele aplique as


MEDIDAS DE PROTEÇÃO;

 b) ADOLESCENTE: é encaminhado para a autoridade judicial e também


pode receber as medidas de proteção. Somente pode receber
socioeducativas adolescentes que tenham praticado ato infracional;

 A idade relevante é a ocorrência do fato, a idade no dia da conduta – Teoria


da atividade.

2.9 Medidas socioeducativas

 NÃO PRIVATIVAS DE LIBERDADE: praticadas somente para os


adolescentes, são MEDIDAS EM MEIO ABERTO, pois não privam a
liberdade;

 ADVERTÊNCIA: consiste em uma ADVERTÊNCIA ORAL que será reduzida


a termo;

 REPARAÇÃO DOS DANOS: o ressarcimento do dano, ou compensar o


prejuízo;

 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMUNITÁRIOS: O juiz aplica a medida até


por 6 meses com jornada semanal de oito horas;

26
 LIBERDADE ASSISTIDA: O juiz nomeia um orientador que vai acompanhar
o adolescente na sua rotina. O prazo é de no mínimo 6 meses;

 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS – privativas de liberdade. Essas medidas


podem ser aplicadas para pessoas acima dos 18 anos, em casos especiais,
para até 21 anos de idade. O juiz a aplica sem prazo determinado. O prazo
pode chegar a 3 anos, mas é cominada sem prazo, pois, se houver bom
comportamento, pode sair antes de 3 anos;

 Decidir pela LIBERAÇÃO DO ADOLESCENTE e extinguir o processo de


execução;

 SUBSTITUIÇÃO DA INTERNAÇÃO por outra mais branda. É a progressão


das medidas socioeducativas, de uma medida mais intensa para uma mais
branda;

 Manter a medida POR TEMPO INDETERMINADO até a próxima avaliação.


O limite para as reavaliações é de 3 anos, sendo o limite de cumprimento e
não período de aplicação;

 SEMILIBERDADE: privação parcial da liberdade. Parte do dia em liberdade


e parte do dia recolhido. Recolhimento à noite e em fim de semana. Pode
ocasionalmente dormir na casa dos pais, mas durante o dia precisa estar em
parte na entidade;

 INTERNAÇÃO: medida de cabimento taxativo. Aos 21 anos, há liberação


compulsória;

 Caso o réu esteja foragido até os 21 anos, haverá a PRESCRIÇÃO ETÁRIA;

 Adolescentes portadores de DOENÇA OU DEFICIÊNCIA MENTAL


receberão tratamento individual e especializado, não serão submetidos a
medidas socioeducativas.

2.10 Cabimento taxativo da internação

 Ato cometido ou praticado com violência real ou com grave ameaça à


pessoa;

27
 Configurada reincidência no cometimento de atos graves. Juiz aplica sem
prazo até o limite de 3 anos;

 Descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente


aplicada; a reincidência pressupõe mais de 3 atos;

 Internação provisória: é aquela internação aplicada antes da sentença e é


provisória pois antecede a decisão definitiva. O limite é o de 45 dias, se
nesse período não sobrevier sentença, o juiz deverá livrar o adolescente.
Esse prazo é improrrogável.

2.11 Código de Transito Brasileiro

Fonte: https://cdn.autopapo.com.br/box/uploads/2017/09/05002817/coluna-ctb.jpg

2.12 Crimes de trânsito

 Os CRIMES DE TRÂNSITO são todos aqueles cometidos em relação à


atividade de condução de automóveis;

 O Capítulo XIX do Código de Transito Brasileiro, que trata dos Crimes de


Trânsito, descreve as condutas que são tipificadas e quais as penas incidem
sobre o condutor infrator;

 INFRAÇÕES DE TRÂNSITO e as INFRAÇÕES PENAIS dizem respeito ao


âmbito do direito que as disciplinam e suas penalidades;

28
 As INFRAÇÕES DE TRÂNSITO são PROCESSADAS
ADMINISTRATIVAMENTE, perante os DETRAN’s e julgados por comissões
com competência para tanto. AS PENALIDADES são MULTA, SUSPENSÃO
E CASSAÇÃO DA CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e a apreensão do
veículo;

 As INFRAÇÕES PENAIS implicam em processo judicial criminal julgado pelo


juiz e poderá resultar em pena privativa de liberdade;

 As normas aplicadas aos casos em que o condutor comete um CRIME DE


TRÂNSITO são semelhantes às do Código Penal e do Código de Processo
Penal.

2.12.1 Crimes de trânsito e os agravantes

I - Sob a INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL ou qualquer outra substância psicoativa


que determine dependência;

II - Participando, em via pública, de CORRIDA, DISPUTA OU COMPETIÇÃO


AUTOMOBILÍSTICA não autorizada pela autoridade competente;

III - Transitando em VELOCIDADE SUPERIOR À MÁXIMA PERMITIDA para


a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).

2.12.2 Crimes de trânsito em espécie

 PRATICAR HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo automotor:


detenção de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor;

 No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é


aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - Não possuir PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU CARTEIRA DE


HABILITAÇÃO;

29
II - Praticá-lo em FAIXA DE PEDESTRES OU NA CALÇADA;

III - DEIXAR DE PRESTAR SOCORRO, quando possível fazê-lo sem risco


pessoal e à vítima do acidente;

IV - No exercício de sua profissão ou atividade, estiver CONDUZINDO


VEÍCULO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS.

 Praticar LESÃO CORPORAL CULPOSA NA DIREÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR: detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor;

 QUANDO O CONDUTOR DO VEÍCULO, na ocasião do acidente, DEIXAR


DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA, ou, não podendo fazê-lo
diretamente, por justa causa, DEIXAR DE SOLICITAR AUXÍLIO DA
AUTORIDADE PÚBLICA. Incide nas penas previstas neste artigo O
CONDUTOR DO VEÍCULO, AINDA QUE A SUA OMISSÃO SEJA SUPRIDA
POR TERCEIROS ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
ferimentos leves.

2.13 Elementos agravantes

 PRESENÇA DE ÁLCOOL;
 SINAIS QUE INDIQUEM, NA FORMA DISCIPLINADA PELO CONTRAN,
ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA;

 A verificação poderá ser obtida mediante TESTE DE ALCOOLEMIA OU


TOXICOLÓGICO, EXAME CLÍNICO, PERÍCIA, VÍDEO, PROVA
TESTEMUNHAL OU OUTROS MEIOS DE PROVA EM DIREITO
ADMITIDO, observado o direito à contraprova;

 VIOLAR A SUSPENSÃO OU A PROIBIÇÃO DE SE OBTER A PERMISSÃO


OU A HABILITAÇÃO para dirigir veículo automotor;

 DEIXAR DE ENTREGAR a PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU A CARTEIRA


DE HABILITAÇÃO;

30
 Participar em via pública, de corrida, DISPUTA OU COMPETIÇÃO
AUTOMOBILÍSTICA NÃO AUTORIZADA PELA AUTORIDADE
COMPETENTE, gerando situação de risco à incolumidade pública ou
privada;

 Se RESULTAR LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE;

 RESULTAR MORTE, E AS CIRCUNSTÂNCIAS DEMONSTRAREM QUE O


AGENTE NÃO QUIS O RESULTADO NEM ASSUMIU O RISCO DE
PRODUZI-LO, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10
(dez) anos;

 Dirigir SEM A DEVIDA PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU HABILITAÇÃO ou,


ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano;

 Permitir, confiar ou entregar a DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR À


PESSOA NÃO HABILITADA, com habilitação cassada ou com o direito de
dirigir suspenso, ou, ainda, a quem não esteja em condições de conduzi-lo
com segurança;

 TRAFEGAR EM VELOCIDADE INCOMPATÍVEL com a segurança, nas


proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque
de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação
ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano: detenção de seis
meses a um ano ou multa;

 INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, a fim de induzir ao erro o agente policial, o


perito ou juiz;

 Nas situações em que o JUIZ APLICAR A SUBSTITUIÇÃO DE PENA


PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA RESTRITIVA DE DIREITOS, esta
deverá ser de prestação de serviço à comunidade, em uma das seguintes
atividades:

I - TRABALHO AOS FINS DE SEMANA no atendimento a vítimas de


trânsito;

II - TRABALHO EM UNIDADES DE PRONTO-SOCORRO de


hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito
e politraumatizados;

31
III - TRABALHO EM CLÍNICAS OU INSTITUIÇÕES
ESPECIALIZADAS NA RECUPERAÇÃO DE ACIDENTADOS DE
TRÂNSITO;

IV - Outras ATIVIDADES RELACIONADAS AO RESGATE,


ATENDIMENTO E RECUPERAÇÃO DE VÍTIMAS DE ACIDENTES
de trânsito.

2.14 Disposição geral

 A suspensão ou a proibição de dirigir veículo automotor pode ser imposta


ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE com outras penalidades;

 A PENALIDADE DE SUSPENSÃO OU DE PROIBIÇÃO DE SE OBTER A


PERMISSÃO OU A HABILITAÇÃO tem a duração de DOIS MESES A
CINCO ANOS;

 Para A GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA, poderá o juiz, como medida


cautelar, decretar, em decisão motivada, A SUSPENSÃO DA PERMISSÃO
OU DA HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR, OU A
PROIBIÇÃO DE SUA OBTENÇÃO;

 A penalidade DE MULTA REPARATÓRIA consiste no pagamento, mediante


depósito judicial em favor da vítima;

 São circunstâncias QUE SEMPRE AGRAVAM AS PENALIDADES DOS


CRIMES DE TRÂNSITO ter o condutor do veículo cometido a infração;

I - Com DANO POTENCIAL PARA DUAS OU MAIS PESSOAS;

II - Utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

III - SEM POSSUIR PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU CARTEIRA DE


HABILITAÇÃO;

IV - Com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de


categoria diferente do veículo;

V - Quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais


com o transporte de passageiros ou de carga;

32
VI - Utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos
ou características que afetem a sua segurança ou o seu
funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;

VII - Sobre FAIXA DE TRÂNSITO TEMPORÁRIA OU


PERMANENTEMENTE destinada a pedestres.

 Ao condutor de veículo, nos casos de ACIDENTES DE TRÂNSITO DE QUE


RESULTE VÍTIMA, NÃO SE IMPORÁ A PRISÃO em flagrante, nem se
exigirá fiança, SE PRESTAR PRONTO E INTEGRAL socorro àquela.

2.15 Crimes de menor potencial ofensivo

A Lei nº 10.259, que institui os Juizados Especiais Cíveis e Criminais na


Justiça Federal, no artigo 2.º, parágrafo único, conceitua: “Consideram-se infrações
de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes que a lei comine
pena máxima não superior a dois anos, ou multa. ”

2.16 Juizado especial criminal

 O réu, ao assinar o TERMO DE COMPROMISSO DE COMPARECIMENTO


ao Juizado Especial (TCC), não sofrerá a prisão em flagrante;

 A ausência do compromisso enseja a prisão em flagrante e o autuado


somente SERÁ LIBERADO POR MEIO DE FIANÇA arbitrada pela
autoridade policial (se possível) ou pelo juiz na audiência de custódia,
conforme o art. 310 do CPP;

 Nas infrações de menor potencial ofensivo, a autoridade policial lavrará O


TERMO CIRCUNSTANCIADO, remetendo-o imediatamente ao Juizado
Especial Criminal. Não é opção da autoridade policial, mas DIREITO
SUBJETIVO DO RÉU;

33
 O JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL APLICARÁ A PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS, que são as seguintes:

Código Penal as preceitua (art. 43):

I - Prestação pecuniária;

II - Perda de bens e valores;

III - Limitação de fim de semana;

IV - Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V - Interdição temporária de direitos;

VI - Limitação de fim de semana.

Resumo da aula 2

No campo do direito infantojuvenil no Brasil, regras e princípios concretizam


a doutrina da proteção integral para crianças e adolescentes, o que equivale ao
princípio da dignidade da pessoa humana.
O direito da criança e do adolescente sofreu grande transformação com o
advento da Constituição Federal de 1988, e sua natureza jurídica é
considerada ius cogens, em que o Estado tem o dever de fazer valer sua função
protecional e ordenadora na proteção dos direitos fundamentais infantojuvenis.

Atividade de Aprendizagem
Faça uma consulta a Lei 8.069, listando situações mais
comuns divulgadas pela imprensa, envolvendo crianças e
adolescentes identificando o que é ato indisciplinar ou
infracional.

34
Aula 3 – Lei 7.210/1984 – Execução penal

Apresentação da aula 3

Nesta aula será apresentado o juízo competente para o processo de


execução, bem como as consequências das condenações, buscando elucidar o
processo de transferência do preso, o que implica na mudança da competência,
com o encaminhamento dos autos de execução para o novo juízo competente de
destino do preso transferido. Ou seja, esta aula está direcionada às tramitações
legais e cabíveis de cada caso apresentado.

3.1 Consequências da condenação

 Nome do réu no rol dos culpados;


 Prisão do réu;
 Indenizar o dano causado pelo crime;
 Perda dos instrumentos do crime, do produto do crime ou de qualquer bem
ou valor que constitua proveito com a prática do fato criminoso;
 Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo;
 A incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, nos
crimes dolosos, sujeitos a pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado
ou curatelado;
 A inabilitação para dirigir veículo, quando meio de crime doloso;
 São obstáculos à naturalização do condenado;
 Suspensão dos direitos políticos;
 Induz reincidência;
 Formação de título para execução de pena ou, no caso de semi-
imputabilidade, medida de segurança consistente em tratamento
ambulatorial ou internação.

3.1.1 Os incidentes da execução penal – as conversões de regime

3.1.2 Conversão positiva

35
A conversão pode ocorrer de forma positiva ou negativa.
A conversão positiva é prevista no artigo 180 da Lei de Execução Penal e
prevê a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos,
sendo que para que ocorra devem estar presentes os requisitos objetivos e
subjetivos, sem os quais fica impossível a sua aplicação.
Os requisitos objetivos são a pena privativa de liberdade não superior a dois
anos, cumprimento em regime aberto e o cumprimento de 1/4 da pena, no mínimo.
Deve-se ainda analisar os antecedentes criminais do interno, podendo ser
negado o benefício quando houver reincidência, especialmente em crimes com
violência real, além dos requisitos do artigo 59 do Código Penal, aplicando-se a
conversão ao condenado que já evoluiu ao regime aberto.

3.1.2.1 A Conversão negativa

Ocorre quando a pena restritiva de direitos se transforma em pena privativa


de liberdade conforme previsão do artigo 181 da Lei de Execução Penal, conforme
abaixo se reproduz:
De acordo com o Art. 181, a pena restritiva de direitos será convertida em
privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do
Código Penal - § 1º. A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida
quando o condenado:

a) Não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou


desatender a intimação por edital;

b) Não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que


deva prestar serviço;

c) Recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;

d) Praticar falta grave;

e) Sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja


execução não tenha sido suspensa. § 2º A pena de limitação de fim de

36
semana será convertida quando o condenado não comparecer ao
estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a
exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das
hipóteses das letras a, d e e do parágrafo anterior.

§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o


condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer
das hipóteses das letras a e e, do § 1º, deste artigo.
Deve-se lembrar que constitui verdadeira regressão de regime, pois o réu já
converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos na sentença, mas
acabou configurando as situações no artigo 181 da lei de execução penal,
ocorrendo assim a perda da liberdade.
Todavia, deve o juiz ouvir o condenado dentro dos princípios constitucionais
da ampla defesa e do contraditório.
Além das hipóteses previstas, a Lei de Execução Penal possibilita a
conversão quando houver doença mental ou perturbação da saúde mental durante
o cumprimento de pena, com a substituição da pena por medida de segurança,
conforme o artigo 183 da Lei.
A doença mental precisa ser de caráter duradouro, pois caso contrário
haverá tratamento transitório em hospital penitenciário, podendo a medida de
segurança ser aplicada até o tempo total da condenação, por esta ser substitutiva
da pena privativa de liberdade. Na hipótese de recuperação, retorna o interno para
o cumprimento normal de sua pena.

3.2 Juízo da execução

 O juízo competente para o processo de execução é aquele habilitado para o


estabelecimento penal onde o condenado cumpre pena privativa de
liberdade. A transferência do preso implica na mudança da competência,
com o encaminhamento dos autos de execução, para o novo juízo
competente de destino do preso transferido;
 A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização
judiciária e, na sua ausência, será o da sentença;

37
 A execução da pena nesse caso é exercida pelo próprio juiz que proferiu a
sentença, no processo de conhecimento. A regra aplica-se, igualmente, aos
presos definitivos e provisórios;
 Para a pena restritiva de direitos, o juízo competente é o da comarca de
residência do condenado, por ser o local em que ocorrerá a prestação.

3.2.1 Competências do juiz da execução

 Aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o
condenado;
 Declarar extinta a punibilidade;
- Soma ou unificação de penas;
- Progressão ou regressão nos regimes;
- Detração e remição da pena;
- Suspensão condicional da pena;
- Livramento condicional;
- Incidentes da execução;
- Autorizar saídas temporárias;

 Determinar:
- A forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua
execução;
- A conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de
liberdade;
- A conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
- A aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da
pena por medida de segurança; a revogação da medida de
segurança;
- A desinternação e o restabelecimento da situação anterior;

38
Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA

Recomenda-se a leitura da obra “Aplicação da


Pena” da lavra do Desembargador
GILBERTO FERREIRA, editado pela Editora
Forense.

3.3 Conselho nacional de política criminal e penitenciária

Sediado em Brasília, subordinado ao Ministério da Justiça, é composto por


13 membros nomeados entre profissionais do Direito Penal, por representantes da
comunidade e dos Ministérios da área social, selecionados pelo Ministro da Justiça.
O mandato de 2 anos, renovado 1/3 em cada ano.

 Competência:
Propõe políticas criminais para a justiça criminal e execução de penas,
estabelece regras sobre a construção de presídios, fiscaliza os
estabelecimentos penais, informa sobre a execução penal nos Estados,
propondo as medidas necessárias; representa ao juiz ou à autoridade para
a instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de
violação das normas da execução penal; requer interdição de
estabelecimento penal.

3.4 Conselho da comunidade

Deverá existir em cada comarca um Conselho da Comunidade, composto no


mínimo por um representante de associação comercial ou industrial, um advogado
indicado pela seção da Ordem dos Advogados do Brasil, um Defensor Público
indicado pelo Defensor Público Geral e um assistente social escolhido pela
Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais.

39
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSzU400C-nZCjAeO_s-
T1u5Hmx3lNH-xUC6D0mmkHZaKGaIKttc

• A LEP – Leis de Execução Penal, manda que Conselho da Comunidade


deve visitar mensalmente os estabelecimentos penais da comarca;
entrevistar presos; apresentar relatórios ao Juiz de execução e ao Conselho
Penitenciário; diligenciar recursos materiais e humanos para melhor
assistência ao preso, em harmonia com a direção do estabelecimento.

3.5 Defensoria pública

A Defensoria Pública busca tutelar pela execução da pena ou medida de


segurança, oficiando, nos autos de execução e nos incidentes da execução, para
defender os necessitados em todos os graus e instâncias, seja de maneira
individual ou coletiva.

40
Fonte: https://dpusc.files.wordpress.com/2013/08/dpu_jaat.jpg?w=200

 O cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; a


remoção do condenado; zelar pelo correto cumprimento da pena e da
medida de segurança; inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos
penais, tomando providências para o adequado funcionamento e
promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;

 Interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver


funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos
dispositivos desta Lei;

 Compor e instalar o Conselho da Comunidade;

 Emitir anualmente atestado de pena a cumprir;

 Lembrando que a execução penal é jurisdicionalizada, assim o juízo da


execução é o responsável por impulsioná-la e fiscalizar o adequado
cumprimento da pena imposta.

41
3.6 Ministério Público

Fonte: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/projetos-finalisticos/mpf-na-comunidade/mpf-na-
comunidade-1

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
 Sua atuação é obrigatória durante toda a fase de execução da pena,
competindo-lhe fiscalizar todo o procedimento. Deve pronunciar-se sobre
todos os pedidos formulados, manifestar-se em todos os incidentes, assim
como postular e recorrer de decisões proferidas. Sua atividade de
fiscalização pode, inclusive, legitimá-lo a postular em favor do condenado;
 O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de
segurança.

3.7 Conselho penitenciário

 Atua no livramento condicional e no cumprimento da pena;


 É fiscalizador da pena, formado por membros nomeados pelo Governador,
dentre profissionais do direito penal, penitenciário e correlatos e por
representantes da comunidade;
 Leis federais e estaduais o regulam, e o mandato de seus membros é de
quatro anos;
 Para a condicional, o réu deve cumprir mais de um terço da pena, não
reincidente, ou mais da metade, se for reincidente e, ainda, 2/3 da pena nos

42
crimes hediondos. Há avaliação da Comissão Técnica de Classificação
formada por psicólogo, psiquiatra e assistentes sociais;
 O processo recebe parecer com guia de recolhimento, prontuário
penitenciário do sentenciado, atestado de comportamento carcerário,
antecedentes criminais, atestado de residência, carta de emprego e laudo
da Comissão de Classificação ou exame criminológico.

3.8 Departamento penitenciário nacional

Fonte:
https://encryptedtbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ7LvnCbCCqTXOhe5YJdUvRE
kOzVFIKxyFgvd2IIb_s2Lr78tk4

 Subordinado ao Ministério da Justiça, executa a política penitenciária e apoia


administrativa e financeiramente o Conselho de Política Criminal e
Penitenciária;
 Controla a aplicação da LEP e a política do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária. Gere o Fundo Penitenciário Nacional;
 Objetiva a implantação do ordenamento administrativo e técnico para a
política penitenciária;
 Acompanha a execução penal em todo o país, inspeciona os
estabelecimentos prisionais e a assistência técnica nas Unidades;
 Faz convênios com os Estados para a formação de pessoal penitenciário,
propicia o ensino profissionalizante do internado e realiza o cadastro das
vagas existentes ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas

43
de outra unidade federativa, especialmente para internos do regime
disciplinar.

3.9 Patronato penitenciário

 Tem como objetivo colaborar com a proteção do egresso, trata-se de um dos


órgãos mais importantes para a reinserção do condenado, integra o
processo de reintegração social do condenado, no momento em que sai do
presídio;

 Auxilia no regresso a sociedade para que possa combater as dificuldades


econômicas, familiar e até mesmo para sua inserção no trabalho;

 Incumbe ao patronato: orientar os condenados à pena restritiva de direitos;


fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço à comunidade
e de limitação de fim de semana; colaborar na fiscalização do cumprimento
das condições da suspensão e do livramento condicional.

3.10 Estabelecimentos penais

 Para o interno e ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório


e ao egresso, utilizarão o mesmo complexo arquitetônico, que conterá
estabelecimentos de várias destinações isolados entre si;

 O estabelecimento, de acordo com a sua finalidade, deverá possuir em suas


dependências instalações e serviços de assistência médica, trabalho,
educação, lazer e esporte;

 A mulher e os maiores de 60 anos estarão separadas em estabelecimento


próprio e direcionado à sua condição. Os estabelecimentos penais
destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas
possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6
(seis) meses de idade (BRASIL, 2009).

44
3.11 Regras de cumprimento de pena

 O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará a


população máxima do estabelecimento, conforme a sua natureza.
 As penas privativas de liberdade podem ser executadas em outra unidade
ou estado. A União possui estabelecimentos distantes da comarca da
condenação para os condenados especiais, no interesse da segurança
pública ou do próprio interno.
 Conforme o estabelecimento, poderão trabalhar os egressos em obras
públicas ou em terras ociosas.
 Caberá ao juiz o requerimento da autoridade administrativa e definir o
estabelecimento adequado para o preso provisório ou condenado,
observando o regime e os requisitos legais.

3.12 Penitenciária

Destina-se para a pena de reclusão em regime fechado, onde o internado


é alojado em cela individual com dormitório, sanitário e lavatório.
 São requisitos da cela:
- Salubridade do ambiente com aeração;
- Insolação e temperatura adequada;
- Área mínima de 6,00m2.
 A penitenciária feminina terá instalações para gestante e creche para
crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos, para atender a criança
desamparada cuja responsável estiver presa;
 Na creche, terá atendimento qualificado, conforme a legislação educacional
com horário de funcionamento para a criança;
 A penitenciária será em local afastado, que não impeça a visitação.

3.13 Colônia agrícola ou industrial

 A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar para o regime semiaberto deverá


atender aos seguintes requisitos:

45
- Alojamento coletivo, observada a salubridade pela aeração, insolação
e temperatura adequada.
- O requisito básico é a seleção dos presos e número de internos que
preserve a individualização da pena.
 Regime semiaberto em pena de detenção ou reclusão superior a 4 anos que
não mais de 8 anos. Se as circunstâncias do art. 59 do CP não forem
favoráveis, iniciará o interno em regime semiaberto, mesmo na pena igual
ou inferior a 4 anos;
 Há relativa liberdade com vigilância moderada. Conta-se com o condenado
para o cumprimento da pena, que muitas estão lá para progressão de
regime.

3.14 Casa do albergado

 Destina-se a pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de


limitação de fim de semana. Deve situar-se na cidade, separada de outros
estabelecimentos penais, estando ausentes as barreiras contra a fuga. A
segurança é de responsabilidade do condenado, que deverá
desempenhar suas atividades de dia e se recolher à noite e nos dias de
folga;
 Em cada região deverá haver pelo menos uma Casa do Albergado, que
deverá conter, além dos aposentos para acomodar os internos, instalações
para cursos e palestras e para os serviços de fiscalização e orientação dos
presos.

3.15 Centro de observação

 Durante a execução da pena, deverá haver o plano para o tratamento do


interno, para atender a necessidades, habilidades e inclinações pessoais do
recluso;
 No Brasil, o Centro de Observação, em conjunto com o Departamento
Penitenciário Estadual, é quem procede a classificação do interno que inicia
a pena em regime fechado, por meio da realização de exames e testes
criminológicos, para a individualização da pena, encaminhando os

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resultados à Comissão Técnica de Classificação, que formulará o programa
individual, além da pesquisa criminológica.

3.16 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

 A medida de segurança não constitui pena, mas é uma espécie de sanção


penal. Será cumprida em hospital psiquiátrico. O tratamento é ambulatorial,
conforme art. 97, do CP;
 Para os inimputáveis e semi-imputáveis do art. 26 CP, o exame psiquiátrico
e outros exames são direitos para todos os internados;
 Deverá obedecer aos requisitos básicos de salubridade;
 Não exige cela individual, é uma unidade hospitalar, conforme a moderna
medicina psiquiátrica;
 Se durante a execução da pena sobrevier doença mental, converte-se a
pena em medida de segurança sendo determinado pelo Juiz a sua
transferência para o tratamento psiquiátrico, nos termos do art. 108 da LEP.

3.17 Cadeia pública

 Serve ao recolhimento dos presos provisórios e cada comarca deverá ter ao


menos 1 cadeia pública para o interesse da Justiça Criminal e a permanência
do preso em local próximo a sua família;
 Deve ser próximo a centro urbano, conforme exigências legais;
 A cadeia pública destina-se também a prisão simples, sem rigor
penitenciário, em regime semiaberto ou aberto, com afastamento dos
condenados à pena de reclusão ou de detenção;
 Os presos provisórios são aqueles em prisão em flagrante, prisão preventiva,
prisão resultante de pronúncia, prisão decorrente de sentença penal
condenatória recorrível ou prisão temporária.

3.18 Classificação do condenado

 A individualização da pena ocorre em três etapas:


- Legislativa;

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- Judicial;
- Executória.
 A fase legislativa ou individualização formal é quando ocorre a tipificação,
momento em que o legislador estabelece a pena mínima e a máxima da
pena cominada;
 A fase judicial é quando o juiz do processo fixa a pena cabível, e a
individualização executória ocorre quando o juiz da execução concede ou
denega benefícios à sentença, tais como remissão, livramento condicional,
detração, etc;
 A fase executória prevê a classificação do condenado, levam-se em conta
os antecedentes criminais e o exame da personalidade. Outros aspectos são
avaliados, como aspectos familiares, social e a capacidade de trabalho.

3.19 Exame de antecedentes

 O exame de antecedentes é sobre a vida pregressa do condenado,


examinando-se os processos criminais do réu, observando-se a
reincidência. Embora a jurisprudência já tenha observado que os inquéritos
policiais não agravam a pena no momento da individualização, se o interno
estiver envolvido em outras investigações, isso é considerado na execução
como indício da personalidade do detento;
 A personalidade implica na cognição sumária das tendências e no caráter
do réu, observando os traços considerados permanentes ou dinâmicos, com
base no histórico anterior e no atual, pois o cárcere altera o comportamento
do interno;
 Conforme os arts. 6º e 9º da LEP, a classificação é realizada pela Comissão
Técnica de Classificação, que elabora o programa individualizador da pena
para o réu, conforme as condições subjetivas e agrupando conforme suas
particularidades, como nível de instrução, periculosidade, tipo de delito, etc.

3.20 Exame nas penas alternativas

 Para as penas restritivas de direito, a lei é branda, sendo a comissão


composta por apenas fiscais do Serviço Social;

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 A comissão pode especificar o tipo de trabalho que o condenado poderá
executar, a atividade de lazer, se deverá estudar, se precisa de
acompanhamento psiquiátrico, psicológico ou terapia.

3.21 Obtenção de dados

 O art. 9º da LEP manda que para os dados pode a Comissão Técnica de


Classificação entrevistar pessoas (art. 9º, I da LEP); requisitar, de
repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito
do condenado (art. 9º, II da LEP); realizar outras diligências e exames
necessários (art. 9º, III da LEP);
 O parecer da Comissão Técnica assume papel pericial importante do
convencimento do juiz, para o deferimento ou não de benefícios ao
condenado, não vinculando o juiz em sua decisão, desde que fundamentada.

Resumo da aula 3

A aula 3 foi pautada na consequência da condenação, trazendo os trâmites


dos processos, bem como os incidentes da execução penal e as conversões de
regime. Ressaltando que há dois tipos de conversão: positiva e negativa.
Foi possível verificar o contexto do Juízo da execução e as competências
para o estabelecimento penal, onde o condenado cumpre pena privativa de
liberdade.
Nesta aula, a possibilidade de entendimentos com os órgãos ligados ao
Juízo da execução trouxe algumas contextualizações e as descrições inerentes à
cada setor, sendo possível ter um breve relato de suas funções e das regras,
preservando assim os direitos impostos nas Leis de execução penal sem ferir os
princípios da Constituição Federal.

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Atividade de Aprendizagem
Analise e faça seus comentários: Mélvio teve uma discussão
sobre a comida do presidio e entrou em desentendimento com
o funcionário da cozinha. Em razão disso, o diretor do
estabelecimento o colocou em isolamento por 3 meses e
retirou os dias remidos pelo trabalho. O procedimento está
correto? Houve falta? É possível o diretor agir dessa maneira?

Aula 4 – Lei de execução penal – Faltas Disciplinares

Apresentação da aula 4

Nesta aula será possível aprofundar um pouco mais o conhecimento da Lei


de execução penal, dando ênfase às faltas disciplinares, observando o princípio da
legalidade e principalmente o contexto do processo administrativo disciplinar,
verificando a apuração da conduta do detento e aplicação da sanção relacionadas
aos artigos em questão.

4.1 Normas e faltas disciplinares:

 Conforme o art. 44, de LEP, a disciplina é a colaboração com a ordem, na


obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no
desempenho do trabalho. O condenado no início da execução da pena será
cientificado das normas disciplinares;
 As faltas disciplinares e respectivas punições devem observar o princípio
da legalidade, somente será infração se estiver anteriormente prevista na
lei ou regulamento, só pode ser aplicada a sanção prevista para o fato,
conforme art. 45 da LEP.

As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves.

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4.2 Processo administrativo disciplinar

 No âmbito da execução penal, a atribuição de apurar a falta do detento,


assim como realizar a adequação do fato à norma, se é uma falta leve, média
ou grave, é do diretor do presídio, que possui o poder disciplinar;

 Na apuração da conduta do detento e aplicação da sanção, o art. 59 da LEP


determina que deverá haver procedimento para a sua apuração, conforme
regulamento, assegurado o direito de defesa;

 A instauração do processo compete ao diretor, assim como a aplicação das


sanções disciplinares, ficando a cargo do juiz da execução algumas
medidas;

 A súmula 533 do STJ exige a instauração de Procedimento Administrativo


Disciplinar para o reconhecimento de faltas graves: para o reconhecimento
da falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível o
procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado;

 Cumpre observar que o parágrafo único do art. 48 da LEP estabelece que a


autoridade administrativa representará ao juiz da execução penal para
adoção das sanções disciplinares;

 Antes, o diretor deverá investigar a conduta do detento, cominar como falta


leve, média ou grave e aplicar as sanções que lhe compete, de acordo com
seu poder disciplinar, no caso de falta disciplinar de natureza grave,
comunica ao juiz da Execução Penal para que instrua e aplique referidas
sanções de sua competência, sem prejuízo daquelas aplicadas pela
autoridade administrativa.

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4.3 Faltas graves

 Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina:


fugir, possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade
física de outrem, provocar acidente de trabalho, descumprir, no regime
aberto, as condições impostas, inobservar os deveres previstos nos incisos
II e V, do artigo 39, desta Lei;

 Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou


similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo;

 Aplica-se, no que couber, ao preso provisório;

 A prática de falta grave provoca a regressão de regime e a perda dos dias


remidos (Súmula Vinculante n. 09 – STF), havendo a interrupção do prazo
para novos benefícios.

4.3.1 Consequências da falta grave

Segundo o Supremo Tribunal Federal, ocorrem as seguintes consequências:

 “A falta grave acarreta a interrupção da contagem do prazo para a


progressão do regime de pena;

 “O réu ao praticar falta grave, pode ser transferido para regime mais
gravoso; ou se já cumpre pena no regime mais oneroso é permitido o
reinício da contagem do prazo para a progressão, levando-se em conta
o tempo de pena remanescente”;

 Perda dos dias remidos;

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 A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo pelo
prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado,
no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho
do juiz competente.

4.4 Regime disciplinar diferenciado

A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando
ocasione subversão da ordem ou da disciplina interna, sujeita o preso, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as
seguintes características:

I - Duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição


da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto
da pena aplicada;

II - Recolhimento em cela individual;

III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração
de duas horas;

IV - O preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de
sol;

O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos


nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.

Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso


provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações
criminosas, quadrilha ou bando.

4.5 Faltas disciplinares médias

Em relação às faltas leves e médias, estas são definidas pela legislação


local.

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Resumo da aula 4

A aula 4 foi pautada no contexto do procedimento administrativo disciplinar


para o reconhecimento de faltas graves, esclarecendo algumas dúvidas pontuais
com relação aos graus de disciplinas, fazendo menções necessárias para a
identificação da lei de execução penal.

Atividade de Aprendizagem
Pesquise entre as súmulas do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça as que se relacionam com a
execução penal, fazendo um breve comentário de cada uma
delas.

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Resumo da disciplina

A disciplina de Lei de execuções penais trouxe em seus conteúdos


fundamentações teóricas e reflexões do contexto penal brasileiro, buscando
elucidar nos tramites legais os processos desde o princípio ao término ou às
possibilidades apresentadas para a condição final de cada caso estudado e
sentenciado, considerando para a pena restritiva de direitos o juízo competente que
é o da comarca de residência do condenado, por ser o local em que ocorrerá a
prestação.
Também para a elevação do conhecimento, o paradigma carcerário aplicado
fomenta o ciclo perverso da violência que se reflete para a sociedade, fomentado
pela degradação física e mental do interno, recolhido em estabelecimentos que
estimulam a sua continuação no mundo do crime, sem a possibilidade de evolução
positiva da população carcerária no Brasil.
Foi possível verificar as penas privativas de liberdade que podem ter
progressão do regime, e a pena superior a 8 anos que deve começar a cumprir em
regime fechado, no caso de não reincidente, com pena superior a 4 anos e que não
exceda a 8 anos, e desde o princípio, cumprirá em regime semiaberto. Ao não
reincidente, com pena igual ou inferior a 4 anos, e desde o início, cumprirá em
regime aberto.
Sendo assim, os temas relevantes da execução penal como os regimes
prisionais, as funções do juízo de execução e os direitos e deveres dos internos do
sistema prisional assim como as suas faltas e consequências dos problemas
disciplinares. Estudou-se também os estabelecimentos prisionais, sua tipologia e
classificação e os instrumentos de avaliação do egresso no momento de sua saída
e progressão de regime.

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Referências

BENETI, Sidney Agostinho. Execução penal. São Paulo: Saraiva,1996.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2003.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 25ª ed., rev. e atual. São
Paulo: editora Atlas, 2007.

NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Execução Penal. São Paulo: Editora


Forense, 2018

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