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LUÍS AUGUSTO DA ROCHA PIRES

DIREITO PENAL III


Professora Vanessa Chiari Gonçalves
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Segunda-feira, 3 de agosto de 2015

 Avaliações
- 1ª Prova: 28/09 – cálculo de pena (dissertativa) – 4 pontos
- 2ª Prova: 23/11 – múltipla escolha – 4 pontos
- Trabalho: 30/11 – sistema penitenciário – 2 pontos
- Cada grupo recebe 10 PECs  analisar as Guias de Recolhimento
- Relatório das PECs, com a indicação de possíveis benefícios da execução
- Quadro comparativo entre os casos (primários, reincidentes, tipos penais,
progrediram de regime ou não, etc.)

PENA

1. Noção Histórica
- A pena é uma invenção recente, surgida na Modernidade. As masmorras medievais
eram prisões de custódia, em que os detidos aguardavam julgamento
- Na Idade Média, as penas eram corporais ou de morte (Lei de Talião – aplicação de
penas cruéis)
- A ideia de punir com a prisão remonta aos ideais iluministas, por uma questão tanto
ideológica (integridade física, liberdade) quanto econômica (lógica utilitarista – burgueses
não viam como úteis penas que tirassem a vida ou deixassem pessoas mutiladas, pois isso
significava redução da mão-de-obra)
- O Direito Canônico previa a pena de prisão, surgindo daí a expressão
“penitenciária”. Atualmente designamos Penitenciária como o local em que se cumpre a
pena definitiva, enquanto que o Presídio é o local onde se cumpre a pena provisória
(Presídio Central ≠ Penitenciária de Charqueadas)

2. Teorias da Pena

a) Teorias Conservadoras:
- Kant e Hegel aliam-se a uma corrente que afirma que a pena tem uma
função de retribuir um mal (Retribuição). Para Kant, a norma que estabelece uma pena é um
imperativo categórico, ou seja, não se discute: se cumpre. Para Hegel, se o crime é a
negação do direito, a pena é a negação da negação e, portanto, a reafirmação do direito
(para este, a pena serve para garantir a validade da norma, no sentido de reafirmação do
Direito)
- No séc. XIX, com o desenvolvimento do Direito Penal moderno, surgem as
Teorias Preventivas, com o intuito de tornar a pena uma forma de evitar crimes futuros. São
dois tipos de Prevenção:
- Prevenção Geral: objetivo de prevenção em relação à sociedade
como um todo. No momento em que se aplica uma pena a uma pessoa, se está prevenindo
outros crimes, de duas formas:
- Negativa: intimidação pelo exemplo
- Positiva (Roxin e Jakobs): ideia de que as normas sociais são
cumpridas, pois as pessoas são responsabilizadas pelo mal que porventura causarem

- Prevenção Especial:
- Negativa: neutralização por meio da pena, ou seja, retirar o
sujeito da vida em sociedade
- Positiva: ideal de ressocialização, com o intuito de reformar o
sujeito, para que não haja reincidência (ex.: Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais tem claro
objetivo de ressocialização)

b) Teorias Críticas:
- A teoria do Labeling Approach e a Criminologia Crítica são os grandes
expoentes dessa corrente. Inclusive, a Criminologia Crítica se utiliza da Teoria do
Etiquetamento, mas com um enfoque majoritariamente econômico (linha marxista). Essas
teorias, em regra, se dividem em duas linhas:

- Teorias Materialistas: aproxima-se da Criminologia Crítica


(Alessandro Baratta), e tem como bases dois argumentos:
- O primeiro diz que a função da Pena é a manutenção do
Sistema Capitalista. Esse sistema precisa de empresas para movimentar a riqueza, e essas
empresas captam investimentos de capital e compram a força de trabalho dos empregados.
A riqueza se concentra nas mãos do capitalista e o empregado recebe apenas o necessário
para sobreviver. Interessa ao Estado, portanto, reprimir condutas que se desviem do sistema
de venda da força de trabalho. Um dado interessante é que 80% dos detentos são presos
por tráfico de drogas (comércio clandestino, portanto paralelo ao sistema) ou por furtos e
roubos (busca de lucro em cima de bens alheios). Portanto, há uma opção política de
repressão a esses crimes
- O segundo argumento preceitua que quanto maior o
desemprego, maior o encarceramento; e quanto menor o desemprego, menor o
encarceramento. Há uma opção política que, por meio da estigmatização, elimina parcela da
mão-de-obra (dificuldade de ex-presidiários em encontrar emprego). Portanto, havendo
pleno emprego, há menos encarceramento para que se garanta a mão-de-obra necessária.
Essa segunda situação não ocorreu no Brasil (de 2005 a 2013 diminuímos o desemprego e
aumentamos o encarceramento)

- Teoria Agnóstica (Zaffaroni, Salo de Carvalho): nega as funções


declaradas da Pena (retribuição e prevenção). A pena não tem uma finalidade específica, é
uma mera manifestação de poder, própria de um Estado de Polícia. Quanto mais forte é o
Estado de Direito (direitos fundamentais garantidos), mais adormecido se encontra o Estado
de Polícia (repressor), e vice-versa. A ordem se mantém ou com um Estado de Direito que
garante direitos ou com um Estado de Polícia que reprime, e a Pena é um mecanismo desse
último

3. Princípio da Individualização da Pena


- Significa aplicar a pena de acordo com o caso concreto, ou seja, com as
circunstâncias que envolveram o agente e, inclusive, a vítima
a) Esfera Legislativa: quando o legislador criminaliza uma conduta, estabelece
parâmetros mínimos e máximos para a aplicação da pena  Criminalização Primária
b) Esfera Judicial: individualização da pena conforme os limites legais e de acordo
com as circunstâncias judiciais  Criminalização Secundária
c) Esfera Executória: individualização do cumprimento da pena  Criminalização
Terciária

4. Tipos de Penas
- Multa: crimes patrimoniais preveem pena de multa, alternativa ou
cumulativamente
- Privativa de Liberdade:
- Detenção: se aplica a crimes mais leves
- Reclusão: se aplica para crimes mais graves
* Na prática, quem é condenado à pena de Detenção não começa a cumprir
no regime fechado, inicia o cumprimento nos regimes aberto ou semiaberto. Já o regime de
quem é punido com pena de Reclusão depende de critérios específicos, podendo iniciar em
regime fechado
- Restritiva de Direitos: a regra geral é que não constem do tipo penal. São penas
substitutivas à pena de prisão, sendo necessário primeiro calcular a pena e, após o cálculo, a
pena privativa de liberdade poderá ser substituída pela restritiva de direitos (exceção: crime
de porte de drogas para uso próprio, em que a pena é sempre a alternativa, ou seja, não
pode ser punido com prisão)
- Perda de Bens e Valores: confisco
- Prestação Pecuniária: indenização à vítima ou a familiares
- Prestação de Serviços à Comunidade
- Limitação de Fins de Semana
- Interdição temporária de Direitos
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Segunda-feira, 10 de agosto de 2015

DOSIMETRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


SISTEMA TRIFÁSICO

- Caso Prático nº 1: tentativa de homicídio simples (art. 121, caput, c/c art. 14, II/CP) de um
homem contra sua esposa, que foi encontrada em flagrante de adultério. O tiro causou
lesões leves na vítima. O autor é réu primário e confessou o crime. Declarado culpado, de
acordo com o tipo penal, sua pena será de 6 a 20 anos.
- 1ª FASE: cálculo da pena-base (pena de saída, pena inicial)
- Limites: do mínimo legal (estabelecido no tipo penal) ao termo médio
- Cálculo do termo médio: Termo Médio = Máximo Legal + Mínimo Legal ÷ 2.
De acordo com o caso prático nº 1: 20 + 6 = 26 ÷ 2 = 13.
- Portanto, na 1ª Fase a pena-base será de 6 a 13 anos

- Circunstâncias Judiciais: Para a análise do tempo da pena-base é necessário


observar as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 – “O juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I
- as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos
limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a
substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.”

- Culpabilidade: juízo de reprovabilidade da conduta  (1) Imputabilidade; (2)


Consciência potencial da ilicitude; e (3) Exigibilidade de conduta diversa. Não se avalia se o
autor é culpável ou não, pois neste momento já há uma condenação. O que se avalia é o
grau de reprovabilidade da conduta, ou seja, o quão culpável é o agente

- Antecedentes: avalia-se se o agente já teve uma sentença penal


condenatória com trânsito em julgado. Tem como base a garantia da presunção de inocência
(art. 5º, LVII/CRFB). Divide-se em:
1) Primário: nunca foi penalmente condenado;
2) Reincidente: art. 63 – “Verifica-se a reincidência quando o agente
comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.”;
3) Tecnicamente Primário (art. 64, I – “não prevalece a condenação
anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação”): aquele que já foi
reincidente, mas a reincidência venceu, pois passou o prazo de validade. Na prática, o
tecnicamente primário não tem o gravame da reincidência, mas pode-se dizer que possui
maus antecedentes (no entanto, Paganella afirma que “Carece de sentido que o tempo faça
desaparecer a reincidência e não tenha a mesma força para fazer desaparecer os efeitos de
causa legal de menor expressão jurídica, no caso, os antecedentes”. Portanto, por escolha
doutrinária – embora minoritária – pode-se desconsiderar os maus antecedentes se tiver
transcorrido o período de validade da reincidência)

- Conduta Social: análise das atitudes do agente em relação à sociedade na


qual o acusado esteja integrado. Segundo Paganella, “A prova da positiva ou negativa
conduta social do acusado provém, em geral, da prova oral. Eis porque os advogados, em
geral, arrolam na defesa prévia as testemunhas abonatórias”.

- Personalidade: deverá ser analisada por um profissional da saúde, não é


conveniente que o juiz avalie a personalidade do agente (agressividade, falsidade, etc.)
- Motivos: análise da motivação do crime (atentar para as motivações
previstas como majorantes ou agravantes, que deverão ser analisadas somente na 2ª e 3ª
fases)

- Circunstâncias: o contexto em que o crime foi praticado, as particularidades


do fato (planejamento do crime, tocaia e simulação são exemplos de circunstâncias
agravantes). Também previstas, em muitos casos, como agravantes e majorantes

- Consequências: não podem ser consequências lógicas (morte em homicídio


consumado). Exemplos de consequência negativa: homicídio de um pai de família que deixa
filhos dependentes; sequelas graves decorrentes de uma tentativa de homicídio

- Colaboração da vítima: verifica-se se o comportamento da vítima estimulou


a prática delitiva, caso em que o julgador deverá minorar a resposta penal ao autor do fato
punível

- Regras Jurisprudenciais para a fixação da pena-base:


- Na aplicação da pena-base, o juiz deverá observar o conjunto de
circunstâncias judiciais definidas no art. 59. Quando o conjunto de circunstâncias for
favorável ao réu a pena-base deverá ser fixada no limite mínimo legal (grau mínimo de
reprovação). Da mesma forma, se o conjunto de circunstâncias for desfavorável ao réu, a
pena-base poderá se aproximar do limite indicado pelo termo médio (grau máximo de
reprovação). Havendo um número similar de circunstâncias favoráveis e desfavoráveis ao
réu a pena-base poderá se afastar do limite mínimo legal de maneira proporcional (grau
médio de reprovação)
- No caso prático nº 1, estabeleceríamos a pena-base em 6 anos, pois as
circunstâncias são favoráveis ao réu
* Pode-se fazer o seguinte: como são 8 circunstâncias, e, no caso prático Nº 1
a diferença entre o mínimo legal e o termo médio é de 7 anos, dividiríamos 7 anos por 8
(aproximadamente 10 meses). Nesse caso, cada circunstância negativa grave corresponderia
a 10 meses além do mínimo legal; já se a circunstância negativa for média, poderíamos
aumentar em 5 meses além do mínimo legal (ou então, por escolha ideológica, só aumentar
quando as circunstâncias fossem totalmente negativas)

- 2ª FASE: Cálculo da pena provisória


- Limites: os legais

- Circunstâncias:

a) Agravantes:
- Art. 61 – “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando
não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe; (fútil – desproporcional,
insignificante, revelador da insensibilidade moral do autor; torpe – abjeto, que gera
repugnância, como a inveja, a libidinagem, a promessa de recompensa, a cobiça)
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação,
ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
(não incide sobre companheira ou concubina)
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher
na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a
cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo
ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da
autoridade; (ex.: invadir a Delegacia e lesionar o estuprador da filha que lá se encontra
regulamente detido, prestando depoimento)
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.” (o agente
bebe deliberadamente a fim de tomar coragem para praticar o crime)

- Art. 62 – “A pena será ainda agravada em relação ao agente que:


I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a
atividade dos demais agentes; (autoria intelectual)
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à
sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
promessa de recompensa.”

- Agravantes Preponderantes (art. 67 – “No concurso de agravantes e


atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do
crime, da personalidade do agente e da reincidência.”): art. 61, I; art. 61, II, a e b; art. 62, IV
- Agravantes Comuns: as demais

b) Atenuantes:
- Art. 65 – “São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social
ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano; (diferencia-se da desistência voluntária pelo fato de haver
consumação; e do arrependimento posterior por este estar direcionado aos crimes
patrimoniais e condicionar a redução da pena à integral reparação do dano, até o
recebimento da denúncia ou queixa)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou
em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade,
a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em
tumulto, se não o provocou.”

- Atenuante Superpreponderante: art. 65, I, primeira parte (ser o


agente menor de 21 anos)
- Atenuantes Preponderantes: art. 65, III, a, b, c, d
- Atenuantes Comuns: as demais

* No caso prático nº 1 supradiscriminado teríamos duas agravantes comuns


(contra cônjuge e coabitação) e uma atenuante preponderante (confissão)

* A jurisprudência pacificou que na 2ª fase a circunstância mais valiosa não


poderá ser calculada acima do teto de 1/6 da pena-base. Portanto, no caso prático nº 1, 1/6
da pena-base é 1 ano. Usaríamos 1 ano para a circunstância superpreponderante, um pouco
menos (+/- 10 meses) para as circunstâncias preponderantes, e menos ainda (+/- 5 meses)
para as circunstâncias comuns. Nesse caso, com duas agravantes comuns (+ 10 meses) e 1
atenuante preponderante (- 10 meses), a pena provisória permaneceria em 6 anos

* As agravantes preponderantes e as atenuantes preponderantes têm que ter


o mesmo valor (o mesmo vale para as agravantes e atenuantes comuns)

* A pena provisória não pode ser inferior ao mínimo legal, portanto se


houver só atenuantes e a pena-base já corresponder ao mínimo legal, a pena provisória será
limitada pela pena-base

* No caso de o crime ser multiqualificado, umas das qualificadoras é utilizada


como tal (estabelecendo novas penas mínima e máxima) e as restantes deverão ser
utilizadas na segunda fase como agravantes (se também forem previstas como agravantes).
No caso de não serem previstas como agravantes, as remanescentes deverão atuar na
dosimetria da pena-base como circunstâncias judiciais
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Segunda-feira, 17 de agosto de 2015


- 3ª FASE: Cálculo da Pena Definitiva
- Limites: não existem. A Pena Definitiva pode ser menor ou maior que os limites
legais. Isso acontece porque não há arbítrio do juiz, já que as Majorantes e as Minorantes
estão todas previstas em lei

- Circunstâncias: são sempre causas especiais que aumentam ou diminuem a pena


em frações (1/3, dobro, etc.). Constituem espécies do gênero “circunstâncias”, ao qual
pertencem também as operadoras do art. 59, as agravantes, as atenuantes e as
qualificadoras (as majorantes e minorantes diferenciam-se das agravantes e atenuantes por
estarem espalhadas no Código, ao passo que as últimas aparecem definidas na Parte Geral –
art. 61. 65 e 66)
- Essas causas especiais de aumento e diminuição (majorantes e minorantes)
autorizam que se extrapole as margens inferior e superior da pena definida pelo tipo. Isso
não ofende o princípio da legalidade, pois decorre da funcionalidade do sistema adotado
pelo nosso Código

a) Majorantes (causas de aumento de pena):


- Da parte geral do CP: art. 70 e 71
- Da parte especial do CP: aparecem nos artigos referentes aos crimes
(em parágrafos, incisos) e nas disposições gerais dos capítulos, seja do Código Penal, seja das
legislações esparsas

* Diferença entre Majorante e Qualificadora: qualificadora é um tipo


penal especial que define limites mínimo e máximo de pena mais elevados do que as do tipo
básico (ex.: art. 121, § 2º), enquanto que a Majorante é uma circunstância que aumenta a
pena em frações

* Concurso Material (art. 69): mais de uma ação ou omissão, que por
consequência acarretam em mais de um crime - somam-se as penas dos crimes praticados
(art. 69). Ex.: um furto hoje, um homicídio amanhã, um roubo na semana vindoura (é
homogêneo quando crimes substancialmente idênticos, e heterogêneo quando diversos)

- Concurso Formal (majorante – art. 70): uma única ação ou omissão


resulta em mais de um crime – calcula-se a pena do crime mais grave e aumenta-se de 1/6
até a metade (se idênticas as penas, utiliza-se uma delas, também aumentada de 1/6 a ½).
Unidade de desígnio (os diversos delitos resultam de uma única intenção do agente) e de
ação e pluralidade de eventos. Ex.: assaltante que rouba diversas pessoas ao mesmo tempo
- Havendo pluralidade de infrações, unidade de conduta e
desígnios autônomos, aplica-se a regra do Concurso Material, isto é, somam-se as penas
(pois há pluralidade de vontade). Ex.: o agente aciona uma bomba e consegue matar todos
os ocupantes da casa

- Crime Continuado (majorante – art. 71): crimes autônomos de


mesma espécie (mesmo tipo penal) praticados em momentos diferentes, podendo ter sido
praticados contra vítimas diferentes, mas nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira
de execução (ex.: vários furtos cometidos em situações semelhantes) – aplica-se a pena de
um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas (contra idoso, por exemplo),
aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3.

* As regras do Concurso Formal e do Crime Continuado não se


aplicam para crimes dolosos contra a vida, segundo a jurisprudência dos Tribunais
Superiores (ex.: serial killer). Nesses casos, aplica-se o art. 69, do Concurso Material

b) Minorantes (causas de diminuição de pena):


- Da parte geral do CP: art. 14, parágrafo único; 16; 21; 24, § 2º; 26,
parágrafo único; 28, § 2º; e 29, § 1º
- Da parte especial: assim como nas Majorantes, aparecem nos artigos
referentes ao tipo e nas disposições gerais

* Diferença entre Minorante e Privilegiadora: enquanto a Minorante


é uma circunstância que diminui a pena em frações, a Privilegiadora estabelece limites
mínimo e máximo da pena menores que as do tipo básico (ex.: art. 122). Por vezes o próprio
Código confunde os dois conceitos, atentar para a técnica

- Definição da fração a ser aumentada ou reduzida: na 3ª Fase do cálculo, considera-


se como regra geral o conjunto de circunstâncias judiciais avaliados na 1ª Fase, assim, diante
de uma Majorante, se as circunstâncias judiciais forem favoráveis ao réu a fração a ser
aumentada será menor, e se as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis ao réu, a fração
de pena a ser aumentada será maior. A mesma lógica aplica-se em relação às Minorantes,
porque, se o conjunto de circunstâncias judiciais for favorável ao réu, a fração de pena a ser
reduzida será maior, e se estas mesmas circunstâncias forem desfavoráveis a fração de pena
a ser diminuída será menor
- Exceções à Regra Geral:
- Tentativa: no caso da Minorante da tentativa, o juiz deverá observar
o Iter Criminis percorrido pelo agente, dessa forma quanto mais perto da consumação o
agente chegar menor será a fração de pena a ser reduzida, bem como quanto mais distante
da consumação maior será a fração a ser reduzida da pena
- Crime Continuado: no caso da Majorante do crime continuado, o juiz
deverá observar a quantidade de crimes praticados em série; quanto maior o número de
crimes, maior será a fração a ser aumentada

* Caso prático nº 1: há duas Minorantes a considerar – tentativa (art. 14, parágrafo


único – 1/3 a 2/3) e violenta emoção (art. 121, § 1º - 1/6 a 1/3). No caso da tentativa,
podemos reduzir em 1/3, 1/2 ou 2/3; no caso da violenta emoção podemos reduzir em 1/6,
1/5, 1/4 ou 1/3)
- Tentativa: reduziremos 2/3, tendo em vista que a tentativa ficou longe da
consumação (o tiro pegou de raspão)
- Violenta Emoção: reduziremos 1/3, pois as circunstâncias judiciais são
favoráveis ao autor
- Cálculo da 3ª Fase (pena definitiva): em cima da pena de 6 anos, reduz-se
2/3 referente à tentativa  6 anos - 2/3 = 2 anos. Reduz-se 1/3 referente à violenta emoção
 2 anos (24 meses) – 1/3 = 16 meses = 1 ano e 4 meses de reclusão
- Caso Prático nº 2: Augusto, ao perceber sofrimento de sua avó idosa que, com
dores muito fortes, tem sido mantida viva por intermédio de aparelhos, atendendo ao seu
pedido resolve desligá-los para abreviar o seu sofrimento. A avó de Augusto falece.
Considerando que Augusto possui boa conduta social, é primário, confessou o delito e foi
condenado como incurso nas sanções do art. 121, caput/CP, faça a dosimetria de sua pena.
- Dosimetria da Pena: na 1ª fase, considerei que o autor não teve
circunstâncias judiciais desfavoráveis, portanto estabeleci a pena-base em 6 anos. Na 2ª
fase, utilizaria a atenuante de relevante valor moral (art. 121, § 1º), porém como este
atenuante será utilizado na 3ª fase, desconsiderei na 2ª fase, o mesmo serve para a
circunstância da vítima maior de 60 anos (art. 121, § 4º); além disso considerei a agravante
por ser contra ascendente (comum + 5 meses), e considerei a atenuante da confissão
(preponderante – 10 meses), portanto mantive a pena de 6 anos (pois na 2ª fase a pena não
pode ser menor que o mínimo legal). Na 3ª fase, portanto, diminuí a pena em 1/3 devido ao
relevante valor moral (art. 121, § 1º), pois as circunstâncias judiciais são favoráveis e
aumentei 1/3 da pena por ser homicídio doloso contra idoso (art. 121, § 4º). Portanto, a
pena definitiva restou em 5 anos 4 meses.
- Fundamentação da Professora:
Passo a dosar-lhe a pena.
Ao analisar as circunstâncias judiciais, entendo que o réu agiu com
baixo grau de reprovabilidade, porque embora tivesse consciência do seu ato, agiu motivado
por um sentimento de piedade em relação à vítima. É primário e sua conduta social foi
abonada pelas testemunhas ouvidas. Deixo de avaliar a personalidade porque não disponho
de elementos técnicos nos autos. Deixo de analisar os motivos porque serão considerados
na 3ª Fase. As circunstâncias são favoráveis porque o réu atendeu a um pedido da vítima. As
consequências também são favoráveis porque a vítima encontrava-se em fase terminal de
sua doença, e ela contribuiu para a prática do delito. Havendo um conjunto favorável de
circunstâncias avaliadas, aplico a pena-base em 6 anos.
Reconheço a existência da agravante comum do art. 61, inciso II,
alínea “e” do Código Penal, como também da atenuante preponderante do art. 65, inciso
III, alínea “d”, mas mantenho a pena provisória em 6 anos para não aplicá-la abaixo do
limite mínimo legal.
Reduzo a pena provisória em 1/3 em virtude da Minorante do art. 121,
§ 1º, resultando em 4 anos. Aumento essa última pena em 1/3 em decorrência da Majorante
do art. 121, § 4º, segunda parte do Código Penal, resultando numa pena definitiva de 5
anos e 4 meses de reclusão.

- Caso prático nº 3 - Casimiro: art. 155, § 4º, I (furto qualificado pelo arrombamento)
- 1ª Fase: pena mínima de 2 anos, termo médio de 5 anos
- Circunstâncias negativas, não houve colaboração da vítima (4 meses para
cada negativa). Pena-base = 2 anos e 8 meses
- 2ª Fase: 1/6 da pena é igual a 5 meses
- Atenuantes: Menos de 21 anos (Superpreponderante – 5 meses), Confissão
(preponderante – 4 meses)
- Agravante: abuso de confiança (comum + 2 meses)
- Pena provisória: 2 anos e 8 meses – 5 meses – 4 meses + 2 meses = 2 anos e
1 mês
- 3ª Fase:
- Minorante: arrependimento posterior (- 2/3), semi-imputabilidade (- 2/3)
- Pena definitiva: 2 anos e 1 mês – 2/3 = 8 meses e 10 dias. 8 meses e 10 dias
– 2/3 = 2 meses e 23 dias de reclusão
- Pena de multa: podemos dosar em 10 dias-multa, com valor de 1/30 do
salário mínimo
- “Aplico a multa cumulativa de 10 dias-multa no valor de 1/30 do
salário mínimo nacional vigente à época do fato, tendo em vista as precárias condições
econômicas do réu”
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Segunda-feira, 31 de agosto de 2015

REGIMES PENAIS

- Regime Fechado (art. 34)


- Condenados primários com pena superior a 8 anos, reincidentes com pena superior
a 4 anos ou condenados por crime hediondo (Lei 8.072/90)
- Regime mais gravoso, pois o condenado cumprirá sua pena em penitenciária (de
segurança máxima ou média)
- Diz-se fechado porque a pessoa só sai da penitenciária com custódia
(acompanhamento), nos casos de falecimento de familiar, audiências no Foro ou doença
(quando é transferido para hospital conveniado)
- Os familiares podem visitar os presos até 2 vezes por semana, inclusive visita íntima
- Trabalho, para quem está em regime fechado, somente dentro da penitenciária
(faxina, setor administrativo, cozinha)

- Regime Semiaberto (art. 35)


- Condenados primários com pena superior a 4 anos e reincidentes com pena de até
4 anos
- Regime intermediário entre o fechado e o aberto, em que o condenado deverá
cumprir sua pena em colônia agrícola ou industrial, trabalhando durante o dia e sendo
recolhido à noite. Além disso, pode conseguir uma autorização para trabalho externo
- O preso no regime semiaberto pode usufruir de saída temporária (até 5 saídas de
normalmente 3 dias)
- No entanto, diante da falta de vagas no regime semiaberto, na prática o que ocorre
é a prisão domiciliar com monitoramento eletrônico (mesmo que esta só esteja prevista no
regime aberto), o que vem sendo alvo de recursos do MP (que ao serem providos, tem como
consequência que o condenado vai para casa sem qualquer monitoramento)

- Regime Aberto (art. 36)


- Condenados primários com penas de até 4 anos
- Deve ser cumprido em Albergue, podendo circular durante o dia para trabalho
externo e estudo, devendo retornar no período da noite
- É para onde vão os presos civis (devedores de alimentos)
* Prisão Domiciliar: é um tipo especial de Regime Aberto, para as pessoas que já
estão no regime aberto (que começaram no regime aberto, ou que progrediram de pena).
Ocorre por motivos de doença, idade ou dependência (filhos dependentes). Segue-se as
mesmas regras do regime aberto, circulando durante o dia e recolhendo-se em casa à noite
e nos finais de semana

* Monitoramento (Monitoração) eletrônico: art. 146-B da Lei 7210/84 (LEP)


- Ocorre nos casos de saída temporária no regime semiaberto ou prisão domiciliar. A
Justiça tem concedido o monitoramento para os casos de presos do regime semiaberto que
não conseguem vagas
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Segunda-feira, 14 de setembro de 2015

PENA DE MULTA

- Modalidades
- Multa Cumulativa: normalmente ocorre nos crimes patrimoniais, bem como nos
crimes previstos na Lei Antidrogas; via de regra, prevista nos crimes que visam lucro. No tipo
penal, é prevista a pena privativa de liberdade E a multa (por isto, cumulativa). Ex.: art. 155;
157
- Multa alternativa: no tipo penal, há a previsão de pena privativa de liberdade OU
multa (por isto, alternativa). A pena de multa é sempre mais benéfica. Ex.: art. 130
- Multa substitutiva: situação específica do art. 44, que está diretamente relacionado
às penas restritivas de direito

* O valor da multa é destinado ao Fundo Penitenciário (em se tratando de Justiça


Estadual, o Fundo Penitenciário Estadual) e deve ser investido no Sistema Carcerário

- Aplicação
1º) Definir a quantidade de dias-multa entre 10 e 360 dias-multa, conforme a
gravidade do delito (art. 49). Essa dosagem fica a cargo do julgador, mas deve sempre
corresponder à gravidade do delito
- Na lei de drogas (entre outras leis específicas), há limites mínimos e máximos
distintos de dias-multa. Não havendo disposição diferenciada, aplica-se o mínimo e o
máximo do art. 49 do Código Penal
2º) Definir o valor do dia-multa entre 1/30 e 5 vezes o salário mínimo nacional
vigente à época do fato, conforme a condição econômica do réu (art. 49, § 1º; e art. 60)
- Na sentença, o juiz apenas estabelecerá a quantidade de dias-multa e o valor
do dia-multa. O valor em reais será analisado pela Contadoria Judicial

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


- O cumprimento da pena restritiva de direitos sempre decorre da substituição de pena
privativa de liberdade anteriormente aplicada. Além disso, a substituição é um direito
público subjetivo do condenado, ou seja, satisfeitos os requisitos o magistrado não pode
deixar de substituir a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos

- Modalidades

- Prestação Pecuniária: art. 45, § 1º


- A diferença em relação à multa é que o valor vai para a vítima ou seus
familiares, ou seja, tem caráter indenizatório
- O valor vai de 1 a 360 salários mínimos
- Se houver reparação civil, o valor pago a título de prestação pecuniária pode
ser abatido do valor estabelecido pelo juiz da vara cível

- Perda de Bens e Valores: art. 45, § 3º


- Somente ocorre nos crimes de colarinho branco
- O valor arrecadado vai para o Fundo Penitenciário Nacional, para ser
investido no Sistema Carcerário Federal

- Prestação de Serviços à Comunidade: art. 46


- Prestação de serviços em entidades assistenciais conveniadas. O serviço
corresponderá a 1 hora de trabalho diário por dia de pena. Ou o condenado vai 1 hora por
dia durante a semana, ou 7 horas no sábado
- Se abandonar o trabalho, revoga-se a prestação de serviço e o condenado
cumprirá o restante da pena preso
- O condenado pode trabalhar por mais horas e, consequentemente, reduzir o
período de cumprimento da pena, em um limite máximo de 50% (ex.: 2 anos de pena podem
ser cumpridos em 1 ano de serviços comunitários se o condenado trabalhar 2 horas por dia)

- Interdição temporária de Direitos: art. 47


- Previstos no artigo penal

- Limitação do Fim de Semana: art. 48


- O condenado tem que comparecer ao albergue 5 horas no sábado e 5 horas
no domingo. Não é muito usual

- Requisitos: art. 44
- Pena de até 4 anos para crimes dolosos e qualquer pena para culposos
- Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa
- Réu não reincidente em crime doloso
- Circunstâncias judiciais favoráveis

* A pena de multa é mais benéfica do que as penas restritivas de direitos, pois caso o
condenado não pague a multa, esta torna-se valor a ser executado (através de penhora,
etc.). Já a pena restritiva de direitos, se não cumprida, converte-se em privativa de liberdade

- Aplicação
- Pena de até 1 ano = multa ou 1 das penas alternativas
- Pena de mais de 1 ano = multa + 1 das penas alternativas ou 2 penas alternativas

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS)

- Requisitos: art. 77
- Pena de até 2 anos
- Réu não reincidente em crime doloso
- Circunstâncias judiciais favoráveis
- Que não seja cabível a substituição do art. 44
* O que difere das penas restritivas de direitos é o fato de poder ser aplicado nos
casos de crimes com violência ou grave ameaça à pessoa. No entanto, é incomum encontrar
casos de crimes violentos com pena de até 2 anos
* Ser condenado anteriormente à pena de multa não impede a concessão desse
benefício

* Caso Almir:
- Reincidente: art. 91, I – 2ª fase
- Faca: art. 157, § 2º, I – 3ª fase
- Vítima idosa: art. 61, II, h – 2ª fase
- Confissão: art. 65, III, d – 2ª fase
- Semi-imputabilidade: art. 26, par. Único – 3ª fase

1ª Fase:
- Pena-base: 4 anos e 8 meses
2ª Fase:
- 1/6 da pena-base = 9 meses (preponderante = 7 meses; comum = 4 meses)
- Pena provisória = 5 anos
3ª Fase:
- Pena definitiva: 3 anos e 4 meses
Fundamentação:
“Analisando as circunstâncias judiciais, entendo que o réu agiu com grau de
culpabilidade moderado, porque, embora tenha premeditado o delito, foi considerado semi-
imputável. Deixo de avaliar os antecedentes, porque serão analisados na 2ª fase. A conduta
social foi abonada pelas testemunhas ouvidas e os motivos são favoráveis devido à
necessidade de medicamentos especiais. Deixo de avaliar a personalidade, porque será
analisada na 3ª fase. As circunstâncias são desfavoráveis porque o réu abordou a vítima na
esquina de uma agência bancária. As consequências foram comuns ao tipo de delito e a
vítima não colaborou para a sua execução. Havendo duas circunstâncias desfavoráveis,
aplico a pena-base em 4 anos e 8 meses.
Aumento a pena-base em 7 meses pela reincidência e em 4 meses por ser a
vítima idosa. Diminuo essa mesma pena em 7 meses em virtude da confissão espontânea do
réu, resultando numa pena provisória de 5 anos.
Aumento a pena provisória em 1/3 pela majorante do emprego de arma,
resultando em 6 anos e 8 meses. Reduzo essa pena em ½ em virtude da semi-imputablidade
do réu, fixando a pena definitiva em 3 anos e 4 meses de reclusão a ser cumprida em regime
inicial semiaberto.
Aplico a multa cumulativa em 20 dias-multa no valor de 1/30 do salário
mínimo nacional vigente à época do fato.
Não cabe a substituição de pena prevista no art. 44/CP e nem mesmo a
suspensão condicional da pena porque estão ausentes os requisitos legais.”
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Segunda-feira, 21 de setembro

* Súmulas
- STF: 499 e 605
- STJ: 171, 231, 241, 269, 440, 443 e 444
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Segunda-feira, 5 de outubro de 2015

DIREITOS DA EXECUÇÃO CRIMINAL

- Princípio da individualização executória: não permite que pessoas com comportamentos


diferentes ao longo da execução da pena recebam o mesmo tratamento

- Sistema Progressivo: como o objetivo declarado da LEP é a ressocialização do condenado,


há que se seguir, de alguma forma, um trajeto para o alcance desse objetivo, o que
pressupõe testar o condenado em situações diferenciadas para que se conceda um maior
espaço de liberdade. Significa dizer que a progressão de regime não pode se dar aos saltos,
ou seja, ninguém pode progredir direto do regime fechado para o regime aberto, terá que
necessariamente passar pelo regime semiaberto antes de chegar ao aberto

1. Progressão de Regime
- Requisitos:
- Bom comportamento carcerário: requisito subjetivo, atestado pelo diretor
da casa prisional. Caso o MP duvide desse atestado – por motivos de crime violento, conduta
duvidosa – pode requerer um parecer fundamentado, composto por 5 declarações (do
diretor da casa prisional, do agente penitenciário responsável pelas atividades de trabalho
dentro da penitenciária, parecer do agente penitenciário responsável pela segurança,
parecer da psicóloga e parecer da assistente social)
- Ter cumprido no regime anterior:
- Para crimes não hediondos = 1/6 da pena (art. 112 da Lei 7.210/84)
- Para crimes hediondos (Lei 8.072/90):
- 2/5 da pena se o condenado for primário
- 3/5 da pena se o condenado for reincidente
2. Soma e Unificação de Pena
- Soma: no caso de condenado acusado de outros crimes, peças das condenações
transitadas em julgado (denúncia, sentença e eventual acórdão) são enviadas ao juiz
responsável pela execução criminal do condenado, que somará as penas
- Unificação: aplicação da regra do art. 71 (crime continuado) na execução, em que o
juiz da execução, percebendo os requisitos do artigo mencionado, em vez de somar as
penas, as unifica (a mais alta, seguida de aumento de até 1/6)

3. Livramento Condicional
- É mais benéfico do que o regime aberto, pois a pessoa fica realmente em liberdade,
sem a necessidade de apresentar-se em albergue

- Requisitos: art. 83
- Bom comportamento carcerário
- Ter cumprido:
+ de 1/3 da pena para condenado primário e crime não hediondo
+ de ½ da pena para condenado reincidente e crime não hediondo
+ de 2/3 da pena para condenado por crime hediondo ou equiparado
- Condições: comparecer mensalmente à Vara de Execuções para informar suas
atividades; não pode mudar de endereço sem avisar; não pode sair da Comarca sem
autorização
- Suspensão:
- Ocorre quando há prisão preventiva por fato novo (ex.: prisão em flagrante)
– art. 145 da Lei 7.210/84: “Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá
ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo
o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da
decisão final.”
- Revogação: art. 86
- Quando há condenação por fato novo (crime cometido no período em
livramento condicional), há a perda do período cumprido em liberdade (é diminuído da
nova pena apenas o período em que esteve preso)  quebra de confiança por parte do
condenado, pois o condenado comete crime durante o livramento condicional
- Quando há condenação por fato antigo, o período em livramento
condicional é diminuído da nova pena  não houve quebra de confiança por parte do
condenado
- Art. 88: “(...) salvo quando a revogação resulta de condenação por outro
crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado.”
- Efeitos: art. 88: “Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido (...)”

4. Indulto: art. 1º do Decreto 8380/2014


- É o direito mais benéfico que um condenado pode receber. Ocorre o perdão do
restante de pena que lhe falta cumprir

- Requisitos (conforme indulto natalino de 2014):


- Bom comportamento carcerário
- Pena de até 8 anos
- Ter cumprido:
- 1/3 da pena até 25/12/2014 para condenado primário
- 1/2 da pena até 25/12/2014 para condenado reincidente

5. Comutação de Pena: art. 2º do Decreto 8380/2014


- É uma espécie de indulto parcial

- Requisitos
- Bom comportamento
- Que não seja cabível o indulto
- Ter cumprido:
- 1/4 da pena até 25/12/2014, se primário, para comutar 1/4 de seu
remanescente
- 1/3 da pena até 25/12/2014, se reincidente, para comutar 1/5 de seu
remanescente

* Atenção: não cabe indulto nem comutação de pena para crimes hediondos ou
equiparados

6. Remição
- É um benefício para estimular o preso ao trabalho e ao estudo, em que a cada 3 dias
de trabalho se reduz um dia de pena, e a cada 12 horas (4 horas/aula por dia) de estudo se
reduz um dia de pena

7. Detração
- Todo o período cumprido preventivamente é reduzido da pena definitiva

* Caso:
- Ariovaldo: Crime hediondo; Primário; Pena de 7 anos; Início: 29/7/2012; Trabalho:
240 dias
- Para Livramento Condicional precisaria cumprir 2/3 da pena (4 anos e 8
meses); para progredir de regime teria que cumprir 2/5 da pena (2 anos e 4 meses); não
cabe indulto nem comutação de pena (por ser hediondo)
- Até hoje, cumpriu 3 anos 2 meses e 6 dias de pena; somado com os 240 dias
de trabalho (80 dias a mais de cumprimento) tem, até 5/10/2015, 3 anos 4 meses e 26 dias.
Portanto, poderia progredir para o regime semiaberto, e não caberia livramento condicional
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Segunda-feira, 26 de outubro de 2015

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
- Automáticos: art. 91
- Decorrem automaticamente da sentença penal condenatória

- A sentença penal condenatória serve como título executivo judicial a ser executado
na esfera cível para fins de indenização pelo dano causado pelo crime (se houver pena
alternativa de prestação pecuniária, esta será abatida do valor porventura demandado na
esfera cível)

- O produto do crime ou vantagem auferida pela prática do ato criminoso são


perdidos em favor da União, bem como os instrumentos utilizados para a prática delitiva,
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé (ex.: o Estado deve devolver ao
proprietário o veículo furtado e posteriormente utilizado para perpetrar crimes)

- A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado para cometer o crime, é


previsto no Código de Trânsito como efeito automático (Código Penal está desatualizado,
pois trata dessa consequência como dependente de fundamentação específica)

- Dependem de fundamentação específica: art. 92


- Só existirão se o juiz especificamente mencionar na sentença o efeito e o
fundamento, ou seja, a imposição dos efeitos específicos da condenação não é obrigatória
ao juiz

- Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:


- Pena igual ou superior a 1 ano, em casos de abuso de poder ou violação de
dever para com a Administração pública  que envolva a função exercida, frustrando as
expectativas de lealdade para com a instituição pública
- Pena privativa de liberdade superior a 4 anos, nos demais casos (ex.:
homicídio)
- Tal efeito é totalmente independente da penalidade eventualmente aplicada
em processo administrativo instaurado contra o servidor

- Ocorrendo crime doloso – sujeito à pena de reclusão – contra filho, tutelado ou


curatelado deve ser decretada a incapacidade do agente para exercer o poder familiar, a
tutela ou a curatela
- No entanto, o parágrafo único do art. 1.637/CC dispõe que “Suspende-se
igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão”. Desta forma,
segundo doutrina de Fernando Galvão, a suspensão do exercício do poder familiar seria
efeito automático da sentença penal que condenasse o sujeito a pena superior a 2 anos.
Consequência do advento do Código Civil de 2002 e da mudança por ele introduzida, o art.
92 do Código Penal só teria aplicação para impor a incapacidade para o exercício da tutela
ou curatela. Porém, de outro lado, o § 2º do art. 23 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (incluído pela Lei nº 12.962, de 2014 – livro do Fernando Galvão consultado é
uma edição de 2013), estabelece que “A condenação criminal do pai ou da mãe não
implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime
doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha”, ou seja, reafirma o art. 92
do Código Penal. Tratando-se de lei posterior, entendo (visão pessoal) que deve ser
integralmente aplicado o disposto no art. 92 do Código Penal, pois com a modificação feita
pela Lei 12.962/2014 ocorreria a revogação do parágrafo único do art. 1.637 do Código Civil
(professora não mencionou isso em aula, provavelmente de propósito  na dúvida, aplica-
se o art.92 do Código Penal)

REABILITAÇÃO

- Depois de cumprida sua pena, o condenado, em 2 anos, se não cometeu novo crime,
poderá solicitar ao juízo de conhecimento a Reabilitação. Reabilitar, no âmbito do Direito
Penal, significa restituir as qualidades e prerrogativas daquele que delas foi privado por uma
condenação judicial
- A reabilitação não é causa extintiva de punibilidade, mas tão somente suspende alguns
efeitos da sentença condenatória, visto que a qualquer tempo, revogada a reabilitação, se
restabelece o status quo ante
- A reabilitação é um direito subjetivo do condenado, e não um favor do Estado, tendo como
finalidade promover a reinserção do apenado no contexto social

- Efeitos da Reabilitação: (1) antecedentes retirados da Folha Corrida (como se primário


fosse, embora conste nos registros internos dos órgãos competentes), para que a pessoa
não seja discriminada no mercado de trabalho, por exemplo; (2) efeitos que dependem de
fundamentação específica (art. 92) podem ser atingidos, vedada a reintegração ao estado
anterior nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo

- Art. 94: “A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida. (...)”

- Art. 95: “A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,


se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não
seja de multa.”

MEDIDA DE SEGURANÇA
- Utilizada quando alguém que possui uma doença mental diagnosticada e periciada pratica
um fato típico e ilícito (crime só é praticado por agente imputável)
- Quando o agente do fato típico e ilícito tem 18 anos completos é objeto do Direito Penal
(menores de 18 anos estão fora do Direito Penal – há, porém, na doutrina quem defenda o
surgimento de um Direito Penal Juvenil). Concluído o inquérito policial e apresentada a
denúncia pelo Ministério Público, se houver dúvida quanto à imputabilidade do acusado, o
processo é suspenso e é instaurado um incidente processual em que peritos examinarão o
indivíduo e avaliarão seu estado mental

- Sujeitos:
- Inimputável: sentença de absolvição indireta
- Aplicação de Medida de Segurança, através de tratamento compulsório, com
fundamento na periculosidade
- Semi-Imputável: sentença condenatória com pena reduzida
- Cumpre a pena em uma Penitenciária comum, tem apenas sua pena
reduzida na 3ª Fase de dosimetria
- Imputável: sentença condenatória

- Modalidades (art. 96 e 97)


- Internação (crimes punidos com reclusão)
- Tratamento Ambulatorial (crimes punidos com detenção)

- Prazo mínimo: de 1 a 3 anos (art. 97, § 1º)


- Passado o período mínimo determinado pelo juiz, o indivíduo fará exame de
cessação de periculosidade. Se a perícia considerar que o indivíduo está apto a voltar ao
convívio social assim será feito, caso contrário o exame será repetido anualmente (ou a
qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução)

- Prazo máximo: se o exame de cessação de periculosidade for negativo, o sujeito seguirá


internado. O STF decidiu que o prazo máximo de internação é de 30 anos, no entanto a
doutrina vanguardista entende que o limite deve ser a pena máxima cominada em abstrato
(pena máxima prevista no artigo penal)

* Se o condenado imputável ou semi-imputável adquire (ou potencializa) uma patologia


durante o cumprimento da pena, esta pode ser transformada – pelo juiz da Execução – em
Medida de Segurança (art. 183/Lei 7.210 – LEP)
- Caso tenha sido o indivíduo considerado plenamente imputável na data da prática
do fato delitivo, sobrevindo a causa incapacitante no curso da execução da pena, poderá o
juiz substituir a pena pela medida de segurança. Se o juiz, no momento da decisão de mérito
sobre a pretensão punitiva, optou por aplicar a pena reduzida ao semi-imputável e, no curso
da execução, a doença mental agravou-se, poderá o juiz da execução proceder à substituição
da pena pela medida de segurança
- Sistemas:
- Sistema do duplo binário (anterior): no caso supramencionado, sendo a pena
convertida em Medida de Segurança, caso fosse considerado apto ao convívio social, o
sujeito voltaria para a Penitenciária para cumprir o restante da pena
- Sistema Vicariante (atual): atualmente a Pena que se converte em Medida
de Segurança não pode ser reconvertida em Pena, sob o argumento de que o sujeito não
circule entre os sistemas estatais
- Como tem pena calculada, caso o exame de cessação de periculosidade seja
continuamente negativo, o indivíduo não pode ficar internado por tempo superior ao
calculado na dosimetria da pena. Caso a pessoa ainda possua a patologia, a liberação ocorre
mediante a nomeação de um curador, devendo ser colocada em um manicômio
convencional, ou seja, a questão sai do âmbito do Direito Penal

- Desinternação (art. 93, § 3º): no período de um ano após a liberação o indivíduo fica em
observação, e só após esse período terá sua liberdade definitiva, isto é, só então estará livre
da Medida de Segurança
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Segunda-feira, 9 de novembro de 2015

AÇÃO PENAL

- Segundo o art. 100, a Ação Penal é Pública (regra), salvo quando for condicionada à
representação ou privativa do ofendido (exceções, que constarão do tipo penal)

- Ação Penal Pública

- Incondicionada: art. 100


- A grande maioria dos tipos penais é de ação incondicionada, significando
que, se um fato criminoso acontece e alguém comunica o Estado (via de regra a Polícia via
Boletim de Ocorrência), o Estado está autorizado a investigar o fato, através de um inquérito
policial e podendo findar em Denúncia pelo Ministério Público (petição inicial da Ação Penal
Pública)  independe da vontade das pessoas ou de qualquer outra condição

- Condicionada à Representação: art. 100, § 1º


- Depende de representação da vítima (ou parente próximo, na sua ausência),
só podendo o Ministério Público denunciar se a vítima quiser representar criminalmente
(art. 88 da Lei 9099/95 diz que, nos casos de lesão corporal leve e lesão culposa, a Ação
Penal é condicionada à Representação; no entanto o STF decidiu que lesão corporal leve
contra mulher – Lei Maria da Penha – é incondicionada)
- Ex.: art. 147 (ameaça) e 182 (crimes patrimoniais contra parentes próximos)
- Irretratabilidade: segundo o art. 102, “A representação será irretratável
depois de oferecida a denúncia”, ou seja, o Código Penal determinou um limite até o qual o
particular poderá retratar-se e, passado esse prazo, o ofendido não terá o condão de
impedir o início da persecutio criminis in judicio

- Ação Penal Privada


- Exclusiva: art. 100, § 2º
- É a ação penal privada propriamente dita (calúnia, difamação, injúria simples
– art. 145), exigindo-se que a vítima contrate advogado para representá-la, atuando o
Ministério Público apenas como fiscal da lei
- O titular desta ação é o particular (que age como substituto processual, pois
é o Estado o titular do direito de punir), devido à existência de interesse privado que pode
ser ofendido com a persecutio criminis
- Há a exigência de queixa/queixa-crime (petição inicial da Ação Penal Privada)
elaborada por advogado

- Subsidiária da Pública: art. 100, § 3º


- Hipótese de ação penal pública incondicionada em que o Ministério Público
não ajuíza a denúncia no prazo estabelecido, caso em que a vítima poderá realizar queixa-
crime. A qualquer momento, o Ministério Público pode retomar a titularidade da ação,
mesmo tendo perdido o prazo

* Situações que o tipo de Ação Penal não consta no Código Penal:

- Lesão corporal culposa e lesão corporal leve que não envolva relações domésticas,
segundo o art. 88 da Lei 9099/95, dependem de representação

- Ação Penal nos crimes contra a liberdade sexual: condicionada à Representação,


salvo na hipótese da Súmula 608/STF, que diz que “No crime de estupro, praticado mediante
violência real, a ação penal é pública incondicionada”
- Art. 225: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.”

* Decadência do Direito de Queixa ou Representação (art. 103)

- Decai o direito de queixa ou representação em 6 meses:


- Do dia em que o ofendido soube quem é o autor do delito; ou
- Do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia, na
hipótese da Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

* Renúncia ao Direito de Queixa (art. 104)


- Renúncia expressa (declaração formal do ofendido) ou tácita (prática de ato
incompatível com a vontade de denunciar)
- O fato de receber indenização pelo dano causado pelo crime não significa renúncia
tácita
* Perdão do Ofendido (art. 105 e 106)
- Se concedido a um dos ofensores (se em coautoria), beneficia os outros
- Se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros
- O querelado pode recusar o perdão
- Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de
prosseguir na ação

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

- Art. 107: “Extingue-se a punibilidade:


I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
- Anistia: concedida mediante Lei do Congresso Nacional, é instituto mediante
o qual o Poder Público deixa de punir certos crimes, geralmente políticos, possuindo caráter
coletivo (isto é, todas as pessoas que se enquadrarem nos requisitos de lei de anistia são
anistiados)
- Graça: também denominada indulto individual, pode ser concedida por
provocação do condenado ou espontaneamente pelo Presidente da República
- Indulto: já tratado no capítulo sobre Direitos da Execução Criminal
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; (abolitio
criminis)
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei” (ex.: art. 121, § 5º)

- É como se a condenação não tivesse existido, não restando registros

PRESCRIÇÃO

- É a perda do direito de punir do Estado, em virtude do decurso do tempo. Ocorre devido à


ineficiência do Estado, ou seja, quanto mais o Estado demora para proferir a sentença, dar
início ao cumprimento de sentença, ou então quando foge o preso, mais chance haverá de
ocorrer a Prescrição da Pretensão Punitiva ou da Pretensão Executória (pretensão, sob a
ótica penal, entendida como subordinação do interesse de liberdade individual ao jus
puniendi). Desse modo, o ordenamento jurídico impede que a possibilidade da punição
perdure indefinidamente
- Nas duas espécies de prescrição há a diminuição do prazo em face da idade do criminoso –
art. 115: “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos.”

- Art. 109: “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no
§ 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a
doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (...)”

- Art. 110: “A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se


pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é reincidente. (...)”

- Prescrição da PRETENSÃO PUNITIVA: efetivamente extingue a punibilidade, não gerando


futura reincidência, pois ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, isto
é, antes de consolidar-se um juízo positivo de reprovação

- Abstrata: se a prescrição ocorreu entre a data do crime e o recebimento da


denúncia, ou entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória,
tendo como limite a pena máxima cominada em abstrato no tipo. É abstrata pois ainda não
há pena em concreto

- Retroativa: quando o Ministério Público não recorre (trânsito em julgado para a


acusação) a pena não pode ser aumentada, e a prescrição incidirá sobre a pena concreta.
Desta forma, se verificará se houve prescrição entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória. O § 1º do art. 110 proíbe que haja prescrição
retroativa entre a data do crime e o recebimento da denúncia – “§ 1º A prescrição, depois da
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo
inicial data anterior à da denúncia ou queixa.”
- No entanto, o art. 1º da Lei 12.234/2010, que modificou os art. 109 e 110 do
Código Penal, dispõe que “Esta Lei altera os art. 109 e 110 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, para excluir a prescrição retroativa.” Segundo doutrina
de Fernando Galvão, não pode haver dúvida de que a prescrição retroativa foi extinta de
nosso ordenamento jurídico (ressalvados os fatos acontecidos anteriormente à entrada em
vigor dessa lei, pois esta é maléfica ao réu), não apenas entre a data do fato e o recebimento
da denúncia, mas entre qualquer das causas interruptivas da prescrição (professora não
mencionou isso em aula, creio que seja uma questão de interpretação e divergência
doutrinária  na dúvida, tem prescrição retroativa entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória)
- Intercorrente: ocorre, tendo como base a pena concretizada na sentença, entre a
publicação da sentença condenatória recorrível e o trânsito em julgado

- No caso de crimes dolosos contra a vida (art. 121 a 126), há um outro marco
interruptivo (zera a contagem) da prescrição: a Sentença de Pronúncia
- A prescrição da pretensão punitiva se encerra com o trânsito em julgado

- Prescrição da PRETENSÃO EXECUTÓRIA: extingue somente a pena, o registro de


condenação persiste, inclusive para fins de verificação de reincidência (bem como preserva
como certa a obrigação de reparar os danos causados), pois ocorre depois do trânsito em
julgado da decisão condenatória
- Os prazos prescricionais relativos à pretensão executória aumentam de um terço se
o condenado é reincidente (art. 110)
- Ocorre entre o trânsito em julgado para a acusação (se o réu estiver respondendo
em liberdade) e o início do cumprimento da pena. No início do cumprimento da pena
suspende-se o prazo prescricional, não zerando a contagem da prescrição (não há
interrupção). Ocorrendo a fuga do sujeito, o prazo de prescrição volta a correr
- Em caso de fugas e capturas, cada vez que se cumpre a pena o período cumprido é
contabilizado. Portanto, no momento da recaptura, o tempo de pena ainda a ser cumprido é
reduzido, diminuindo o prazo de prescrição conforme o art. 109

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