Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SANÇÃO PENAL:
Sanção Penal é o gênero, que tem como subespécies a pena e a medida de segurança.
2
Emerj CPIII-A Direito Penal
direito de punir, com respeito ao devido processo legal, aplicada ao responsável pela
prática de um crime ou de uma contravenção penal.
#OBS.1: Klaus Roxin – o direito penal é um sistema de dupla via. A primeira via é a
pena e a segunda a medida de segurança.
#OBS.2: Terceira via do direito penal (2ª fase MP) – ocorre nos momentos em que o
direito de punir do Estado cede o seu espaço à reparação do dano causado à vítima. O
Estado abre mão da pena pela reparação do dano à vítima. O direito deixa de ser
punitivo e passa a ser reparatório. Exemplo no Brasil: art. 74, parágrafo único da lei
9099/95 – instituto da composição dos danos civis – extingue a punibilidade. O acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
O bem jurídico de que o condenado pode ser privado ou sofrer limitação pode ser a
liberdade, o patrimônio, a vida ou outro direito qualquer, em conformidade com a
legislação em vigor.
Segundo FERRAJOLI, são teorias absolutas todas aquelas que concebem a pena como
um fim em si mesmo, ou seja, como “castigo”, “reação”, “reparação” ou, ainda,
“retribuição” do crime, justificada por seu intrínseco valor axiológico.
Sua duração e sua intensidade devem ser suficientes para compensar a gravidade do
delito (justiça e necessidade moral). É a ideia de causação de um mal como
3
Emerj CPIII-A Direito Penal
Crítica: a pena não tem finalidade prática. É mero instrumento de vingança por parte
do Estado. O Estado pune simplesmente por punir. Ele não se preocupa com a
reintegração do agente. Ex. Pena capital (pena de morte).
Em síntese:
KANT: considera que o réu deve ser castigado pela única razão de haver
delinquido, sem nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para ele ou
para os demais integrantes da sociedade. Com esse argumento, Kant nega toda
e qualquer função preventiva – especial ou geral – da pena. A aplicação da pena
decorre da simples infringência da lei penal, isto é, da simples prática do delito.
A teoria relativa, também denominada utilitarista, consagra que a pena tem finalidade
PREVENTIVA, sendo a pena um meio para a realização de outros fins.
Essa prevenção se divide em (i) geral e (ii) especial. Vejamos abaixo cada uma delas:
4
Emerj CPIII-A Direito Penal
Além disso, seus efeitos são duvidosos, pois seria necessário o inequívoco
conhecimento de todos os cidadãos das penas cominadas e das condenações
(pois do contrário o Direito Penal não atingiria o alvo a que se propõe) e a
motivação dos cidadãos obedientes à lei a assim se comportarem em razão
da cominação e aplicação de penas.
5
Emerj CPIII-A Direito Penal
No Brasil, a pena apresenta uma tríplice finalidade (pode-se falar em dupla, quando
não especificar a ressocialização fora da prevenção):
Retribuição;
Prevenção geral;
Ressocialização (prevenção especial)
Pela redação do art. 59, conclui-se que o CP adotou uma teoria mista ou unificadora
da pena, pois conjuga a necessidade de reprovação com a prevenção do crime,
fazendo, assim, com que sejam unificadas as teorias absoluta e relativa.
6
Emerj CPIII-A Direito Penal
TEORIA
ABSOLUTA Finalidade Retributiva (castigo para o condenado)
Negativa: contraestimular
Prevenção Geral: potenciais criminosos.
(coletividade)
Positiva:demonstrar a
Finalidade
vigência da lei penal.
TEORIA Preventiva
RELATIVA (evitar
novos crimes) Negativa: evitar
Prevenção Especial: reincidência.
(pessoa do
condenado)
Positiva: ressocialização.
TEORIA
ECLÉTICA Finalidade Retributiva + Preventiva (geral e especial)
Essa teoria, portanto, sustenta que a única função efetivamente desempenhada pela
pena seria a NEUTRALIZAÇÃO DO CONDENADO, especialmente quando a prisão acarreta
em seu afastamento da sociedade.
Na década de 80 essa teoria é aplicada no metrô de New York. Era um local de tráfico,
morte, etc. Limparam e iluminaram o metrô e a criminalidade caiu consideravelmente.
7
Emerj CPIII-A Direito Penal
A ideia dessa teoria foi aplicada na Lei 11.340/06 (o legislador quis evitar as lesões
mais graves) – Lei Maria da Penha: combate com rigor todo e qualquer tipo de violência
doméstica contra a mulher. Ex. lesão corporal leve contra a mulher: não cabe
transação, suspensão condicional. Etc.
ABOLICIONISMO PENAL:
Como a criminalidade aumenta a cada dia, fica evidenciada a falência da pena para as
finalidades acima preconizadas. O Abolicionismo Penal prega a eliminação do sistema
penal, com base nos seguintes argumentos (Rogério GRECO):
a) cifras ocultas/negras – a maioria dos crimes não chega a ser conhecida e apurada
pela Justiça criminal, a evidenciar a desnecessidade do sistema penal;
Esse abolicionismo penal é visto como uma utopia – Ferrajoli – criador do garantismo
penal.
8
Emerj CPIII-A Direito Penal
CAIU EM CONCURSO!!!!!
O que seriam as cifras negras do DP? E as cifras douradas, verdes e rosas?
As CIFRAS NEGRAS DO DIREITO PENAL são os crimes efetivamente praticados, mas que
não chegam ao conhecimento do Estado, pois a vítima não o procura.
Os abolicionistas dizem que eles são a maioria dos crimes e a sociedade continua a se
sustentar mesmo diante desse Estado. Quando chega ao conhecimento do Estado a
coisa não anda, então na há razão de ser. Já que ele não é eficaz, acaba com ele.
Vamos investir esse dinheiro em outros setores: saúde, educação, esportes, pois esses
sim evitam a prática de crimes.
#QUESTÃODEPROVA:
Direito Penal Subterrâneo – crimes com arbítrio de agentes públicos. Subterrâneo
porque não vêm à tona. Ex. crimes cometidos por grupos de extermínio formados
por policiais. E isso ganha cada vez mais força coma conivência dos órgãos públicos
A JUSTIÇA RESTAURATIVA, por sua vez, é uma forma de garantir a punição do infrator,
corrigindo-o sem humilhação, com a perspectiva de pacificação social. Ouve-se mais a
vítima. Há ênfase no processo de conciliação. Promove-se o estado de paz entre as
pessoas que convivem, sem a necessidade de coerção. Pune-se o infrator da forma
menos agressiva com o foco de reeducação, de ressocialização. Há um contato maior
dos agentes da lei com os envolvidos.
RETRIBUTIVA RESTAURATIVA
Interesse de punição é público Interesse em punir ou reparar é de
todos
Responsabilidade é individual do Responsabilidade social pelo ocorrido
agente
9
Emerj CPIII-A Direito Penal
SISTEMAS PENAIS:
2. SISTEMA AUBURNIANO:
10
Emerj CPIII-A Direito Penal
11
Emerj CPIII-A Direito Penal
10. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM: este princípio nao está expressamente
previsto na CF, mas sim no Estatuto de Roma que criou o Tribunal Penal
Internacional.
(i) Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime;
(ii) Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do
mesmo fato;e
(iii) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenação
relacionada ao mesmo fato.
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA:
12
Emerj CPIII-A Direito Penal
As penas podem ser classificadas com base em variados critérios. As penas previstas
no Código, em seu art. 32, são: penas privativas de liberdade, privativas de direitos e
multa.
Reclusão
Privativas de
Detenção
liberdade
Prisão
simples
Penas
Restritivas Art. 43 do
de direito CP
10 a 360
Multa
dias-multa
As penas privativas de liberdade podem ser de (i) reclusão; (ii) detenção ou (iii) prisão
simples.
Efeitos Pode ter como efeito Este efeito nao é A prisão simples não sofre
Extrapenais a incapacidade para possível no crime os efeitos extrapenais da
condenação o regime familiar, doloso punido com condenação referidos nos
tutela ou curatela detenção. arts. 91 e 92 do CP.
nos crimes dolosos
praticados contra os
filhos, tutelados,
curatelados.
Atenção para não confudir!!! Multa e prestação pecuniária são coisas diferentes.
14
Emerj CPIII-A Direito Penal
Qual a diferença entre a (i) pena privativa de liberdade e (ii) pena restritiva de
liberdade?
16
Emerj CPIII-A Direito Penal
De acordo com o CRITÉRIO BIFÁSICO, criado por Roberto Lira, a pena privativa de
liberdade deveria ser aplicada em duas fases distintas:
Na pena de multa, o nosso CP adota o sistema bifásico. Isso porque, como será visto
adiante, a pena de multa se calcula em 2 fases, sendo:
17
Emerj CPIII-A Direito Penal
SISTEMA TRIFÁSICO
Preceito Secundário Simples/ Preceito Secundário Qualificado
1 FASE 2 FASE 3 FASE
(PENA BASE) (PENA INTERMEDIÁRIA) (PENA DEFINITIVA)
Pena fixada de acordo Pena fixada de acordo Pena fixada aplicando
com as circunstâncias com as agravantes (art. as causas de aumento e
judiciais do art. 59 do 61/62 do CP) e de diminuição.
CP; atenuantes (art. 65/66 Pena Definitiva pode
Regra aumento de 1/8, do CP); ultrapassar o mínimo e
mas pode variar; Regra aumento de 1/6, o máximo previsto em
Pena-Base não pode mas pode variar; lei;
ultrapassar o limite Pena-Intermediária não Aplica-se o Princípio da
mínimo e máximo pode ultrapassar o Incidência Cumulativa,
previsto em lei; limite mínimo e ou seja, cada causa de
Aplica-se o Principio da máximo previsto em aumento e/ou causa de
Pena Isolada, ou seja, lei; diminuição incidirá
cada circunstância de Aplica-se o Princípio da sobre a pena cumulada
1/8 incide sobre a pena Pena Isolada, ou seja, e não sobre a pena
inicial e não sobre a cada atenuante e isolada.
pena “cumulada”. agravante incide sobre
a pena do início da 2
fase e ao sobre a pena
cumulada.
Obs 1: Fixada a pena definitiva, deve o juiz anunciar o regime para seu inicial
cumprimento.
OBS 2: Por fim, o juiz deve aquilatar os requisitos que permitem:
Substituição da pena privativa de liberdade por sanção alternativa; ou
Suspensão condicional da execução da pena (sursis).
Questão de Concurso)
CESPE: o sistema de aplicação da pena no Brasil obedece exclusivamente ao critério
trifásico – ERRADO! Não é exclusivamente, pois como visto acima a multa adoto o
método bifásico.
ATENÇÃO!!!! Alberto Silva Franco – diz que o CP adota um sistema de quatro fases.
A quarta fase seria a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de
direito ou multa. Crítica: nem todo crime admite a substituição.
18
Emerj CPIII-A Direito Penal
ELEMENTARES DO CRIME:
Ex. Peculato – art. 312: é elementar do tipo que o autor seja funcionário público. Se
não for, o crime será de apropriação indébita.
A forma mais segura para distinguir se determinado fator previsto em lei constitui-se
em elementar se faz pelo critério da exclusão. Se sua retirada resultar na tipicidade
do fato ou na desclassificação para outro crime, trata-se de elementar.
CIRCUNSTÂNCIAS:
Estão ao redor da figura típica e servem apenas para modular a pena, aumentando-a
ou reduzindo-a (ex. art. 155, §1º - durante o repouso noturno).
19
Emerj CPIII-A Direito Penal
Para uma melhor compreensão do tema segue abaixo lista das circunstâncias a serem
estudadas, por ordem de fases:
Além dos tipos básicos ou simples, que compõem a figura central do crime, existem os
chamados tipos derivados, quais sejam os TIPOS QUALIFICADOS e os TIPOS
PRIVILEGIADOS.
20
Emerj CPIII-A Direito Penal
Incidem na primeira fase de fixação da pena e não podem levar a pena além ou aquém
dos limites legais. As circunstâncias judiciais tem CARÁTER RESIDUAL.
IMPORTANTE!!!
Ao cuidar da aplicação da pena, o magistrado necessita, em primeiro plano,
verificar se alguma das circunstâncias constantes do art. 59 perfaz, igualmente,
outra circunstância expressamente prevista em lei. Se sim, será desconsiderada
como circunstância judicial (caráter residual!!!!). Se não, o juiz passará a sua
análise.
Se todas as circunstâncias judiciais forem favoráveis, a culpabilidade é
mínima e a pena deve ser fixada no patamar mínimo.
Se todas as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis, a culpabilidade é
máxima e justificará a fixação no patamar máximo.
Fala-se ainda das circunstâncias legais genéricas contidas na parte geral do CP, cuja
aplicação é válida para todos os crimes que preencham o perfil descritivo, quais sejam
as agravantes e atenuantes (arts. 61, 62, 65 e 66 do CP), incidentes na segunda fase
de fixação da pena. Não podem levar a pena além ou aquém dos limites legais.
Existem ainda circunstâncias legais específicas que o legislador não usou para
configurar tipos derivados. São as chamadas causas especiais de aumento ou
diminuição da pena.
Art. 70 (concurso formal); art. 71 (crime continuado); art. 121, §4º; art. 157,
§2º; art. 158, §1º; art. 14, II (tentativa); art. 16; art. 21, parte final; art. 24,
§2º; art. 26, p.ú; art. 121, §1º; art. 129, §4º etc.
21
Emerj CPIII-A Direito Penal
HC 274.149/SP: “... não se deve tratar de modo idêntico agente que se utiliza de
arma branca ou imprópria para a prática do delito de roubo e aquele que faz uso,
por exemplo, de revólver, pistola ou fuzil com a mesma finalidade. [...] Portanto,
se durante a fixação da pena a fração de exasperação é a mesma para o roubo
praticado com arma branca e para o cometido com emprego de arma de fogo –
aspecto quantitativo -, justamente no estabelecimento do regime prisional é que
a diferenciação entre ambas as condutas deverá ser feita – aspecto qualitativo.”
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
“Ao nível teórico, a ideia de uma sanção jurídica é incompatível com a criação de
um mero obstáculo mecânico ou físico, porque este não motiva o comportamento,
mas apenas o impede, o que fere o conceito de pessoa (...) por isso, a mera
neutralização física está fora do conceito de direito, pelo menos no nosso atual
horizonte cultural. (...) A defesa social é comum a todos os discursos legitimantes,
mas se expressa mais cruamente nessa perspectiva, porque tem a peculiaridade de
expô-la de modo mais grosseiro, ainda que também mais coerente (...).”
Especifique e explique, de forma fundamentada, qual é a teoria da pena criticada
na passagem acima.
Resposta:
22
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aulas 2 e 3 - Prof. Paulo César Vieria Carvalho
06/09/18
EMENTA: Dosimetria.
1) O processo trifásico de aplicação da pena: circunstâncias
judiciais, atenuantes e agravantes e causas de aumento e de
diminuição: critérios de aplicação da pena.
2) O concurso entre as circunstâncias atenuantes e
agravantes: controvérsias;
3) A pena de multa: critérios para sua fixação.
4) O concurso de crimes: Formas de cálculo da pena.
5) A dosimetria para o concurso de pessoas.
6) Questões controvertidas na jurisprudência e na doutrina.
FIXAÇÃO DA PENA:
Cálculo da pena
Art. 68 do CP: “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;
por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas
na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.”
O critério trifásico foi criado por Nelson Hungria, em que na primeira fase fixa-se a
pena-base considerando apenas as circunstâncias judiciais. Já na segunda fase
consideram-se agravantes e atenuantes e na terceira fase considera-se as causas de
aumento e de diminuição.
Conforme o juiz vai aplicando a pena nas várias fases, os acréscimos seguintes vão
sendo impostos ao resultado da pena da fase imediatamente anterior. Assim, supondo
1 ano de pena-base, e em razão de uma agravante aumenta-se de 1/6, como é a
orientação da jurisprudência, esse 1/6 incidirá em 1 ano totalizando ao final da
segunda fase a pena intermediária de 1 ano e 2 meses. Na 3 Fase se tiver uma causa
de aumento de ½, esse aumento incidirá sobre sobre 1 ano e 2 meses (pena
intermediária), e não sobre 1 ano da pena-base.
Critério trifásico:
a) Circunstâncias judiciais;
b) Agravantes e atenuantes; e
c) Causas de aumento e diminuição.
23
Emerj CPIII-A Direito Penal
Critério trifásico é explicitamente adotado pelo art. 68 do CP e foi sugerido por Nelson
Hungria.
Na verdade, costumamos falar do critério trifásico, mas ele é a regra geral, pois existe
outra fase anterior à fase de aplicação da pena-base, que é rara, mas pode ocorrer em
alguns casos, é a fase da escolha da espécie de pena quando a cominação é alternativa.
Quais são os critérios que o juiz utilizará para fazer essa escolha?
Fixação da pena
Art. 59 do CP: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências
do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.”
Assim, em alguns delitos a verdadeira primeira fase não é a aplicação da pena base,
mas sim a escolha da espécie de pena. Escolha da espécie de pena, se a cominação é
alternativa.
ESPÉCIES DE PENA:
Como regra geral, as restritivas de direitos não são penas cominadas em abstrato, são
penas substitutivas.
24
Emerj CPIII-A Direito Penal
a) CTB
b) Lei dos crimes ambientais: arts 7º e 13
c) Art. 78 do CDC:
Art. 78 do CDC: “Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser
impostas, cumulativa ou alternadamente, observado odisposto nos arts. 44 a 47,
do Código Penal :
I - a interdição temporária de direitos;
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às
expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
III - a prestação de serviços à comunidade.”
PENA-BASE:
Vimos que a pena-base é como regra a PRIMEIRA FASE DE APLICAÇÃO DE PENA, salvo
nas hipóteses de cominação alternativa em que o juiz deve escolher a espécie de pena
que irá aplicar.
Na hora de aplicar a pena-base, deve se ter cuidado com o chamado BIS IN IDEM
VERTICAL.
25
Emerj CPIII-A Direito Penal
a) Pena-base;
b) Agravantes e atenuantes; e
c) Causas de aumento e diminuição.
Haverá BIS IN IDEM VERTICAL se o juiz considerar para aplicar a pena-base alguma
circunstância que porventura venha a considerar posteriormente como agravante ou
atenuante, ou mais à frente como causa de aumento ou diminuição.
Também haverá bis in idem se o juiz considerar como circunstância judicial para
aumentar a pena um dado que seja elemento do próprio tipo penal, por exemplo,
considerar a qualidade de funcionário público para aumentar a pena-base em um crime
de peculato. Isso é o bis in idem vertical.
Para se evitar o bis in idem vertical, deve se conhecer uma escala de prioridade.
Roubo
Art. 157 do CP: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
26
Emerj CPIII-A Direito Penal
Assim, conclui-se que se tivermos uma qualificadora ela será relevante para a pena-
base, pois ela irá mudar a pena mínima e máxima cominada ao delito.
3. Agravantes e atenuantes.
Isso significa dizer que para se aplicar como circunstância judicial, que é a menos
importante, um determinado motivo, para se reconhecer um determinado motivo
como circunstância judicial relevante, ele não pode ter sido previsto nem como
qualificadora do crime, nem como causa de aumento ou diminuição, nem como
agravante ou atenuante.
empregado como causa de aumento do § 1º do art. 297 do CP. Se ele for utilizado
duas vezes, haverá bis in idem. Assim, essa circunstância (condição de Prefeito)
deve ser considerada apenas uma vez, na terceira fase da pena, como majorante
(causa de aumento). STF. 1a turma. AP 971/RJ, Rel. Min. Edson Fachin de 2016.
Visto como evitar o bis in idem vertical, passemos ao estudo dos critérios para
aumentar a pena, ou para aplicar a pena-base, que são os critérios dos art. 59 do CP.
Por exemplo, no furto simples temos a pena de 1 a 4 anos. Parte-se da pena mínima,
que é 1 ano. Se todas as circunstâncias judiciais forem positivas ou neutras, ou seja,
não há informação nem a favor nem contra no processo, o juiz deve fixar a pena-base
em 1 ano.
Circunstâncias judiciais positivas ou neutras não vão impactar e a pena será mínima.
Porém, a cada circunstância judicial negativa que o juiz encontrar daquelas do art. 59,
irá acrescer a pena a fração de 1/8. Atenção!!!!! O STJ entende que o 1/8 incidirá
sobre a diferença da pena máxima sobre a mínima (4 – 1 = 3), de forma que a cada
circunstância judicial acrescida possa ir se aproximando da pena máxima. [Posição STJ]
O STF, contudo, entende que a fração de 1/8 deve incidir sobre a pena mínima de 1
ano e não sobre a diferença (4-1) como defende o STJ.
Na prova pode usar qualquer uma das formas de cálculo, desde que fundamente. O
prof. sugeriu usar o método do STF, ou seja, o 1/8 vai incidir sobre a pena de 1 ano.
Já a sua irmã, prof. Ana Paula utiliza o método do STJ, ou seja, a fração de 1/8 vai
incidir sobre a diferença de 3 anos. Fica a critério do freguês.
OBS: Na prova seguir com a posição do STF uma vez que facilita a matemática e
consiste na melhor posição também para prova de defensoria.
Não!!! 1/8 é, na verdade, uma diretriz. Há vários acórdãos dizendo que não há uma
rigidez, isso é só para evitar o arbítrio, uma total falta de padronização e de harmonia
em relação aos vários julgados, às várias aplicações da pena Brasil afora, porém, isso
não é rígido.
28
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não é uma mera operação matemática, pode ser que em um caso concreto uma
circunstância judicial tenha um peso muito maior do que 1/8.
O quantum do aumento nesta fase (parte-se da pena mínima)- STJ por volta de 1/8
para cada circunstância, STJ, HC 380.780/MS, julgado em 07/03/2017:
29
Emerj CPIII-A Direito Penal
30
Emerj CPIII-A Direito Penal
Como dito, as qualificadoras são uma peculiaridade da pena-base, se é dito que o furto
é qualificado, se está a dizer que sua pena-base não é de 1 a 4 anos, mas de 2 a 8 anos,
e passa-se a aplicar a pena-base partindo-se de 2 anos.
O que fazer quando um crime possui várias qualificadoras? Por exemplo, um furto
cometido em concurso de agentes com emprego de chave falsa?
A prof. Ana Paula, particularmente, prefere a primeira corrente, pois acha que
qualificadora é um problema de pena-base, não sendo necessário misturar
qualificadora com agravante, devendo, então, usar uma para qualificar e a outra como
circunstância judicial.
31
Emerj CPIII-A Direito Penal
Na prática, os juízes apenas mencionam as circunstâncias que aparecem nos autos com
alguma informação, as neutras não são mencionadas.
1. Culpabilidade;
2. Antecedentes;
3. Conduta Social;
4. Personalidade do Agente;
5. Motivos do Crime;
6. Circunstâncias do Crime;
7. Consequências do Crime; e
8. Comportamento da Vítima.
1. CULPABILIDADE:
32
Emerj CPIII-A Direito Penal
CORRENTE 2) Corrente defendida por Miguel Reale Junior, René Ariel Dotti entende
que apenas os elementos subjetivos ou ligados ao autor do fato seriam uma
especificação do termo culpabilidade. A segunda corrente sustenta que culpabilidade
no art. 59 faz alusão aos elementos subjetivos ou ligados ao autor do fato. Essa visão
tem respaldo na jurisprudência, como será visto mais a frente.
CORRENTE 3) Corrente defendida por Adriano Teixeira entende que seriam os mesmos
critérios da teoria do delito (injusto e culpabilidade), que seriam quantificados no
momento da aplicação da pena.
#DIZERODIREITO:Exame da Culpabilidade
A culpabilidade do art. 59 não se confunde com a culpabilidade da teoria do crime.
Deveria estar escrito “grau de culpabilidade”. No sentido de que todo agente
culpável suportará uma pena, mas essa pena será maior ou menor, de acordo com
sua culpabilidade. Reprovabilidade. STJ HC 194.326
Para o STJ, a CULPABILIDADE do art. 59 do CP está atrelada às condições que não sejam
inerentes ao crime, ou seja, atreladas a questões subjetivas, como condições pessoais,
grau de escolaridade, premeditação, etc.
E a intensidade do dolo?
A intensidade do dolo é algo que costuma ser mencionado em algumas sentenças, etc.
Se o juiz considerar que culpabilidade seriam os requisitos de natureza subjetiva,
elementos de natureza subjetiva, como Miguel Reale Júnior e René Ariel Dotti (segunda
corrente), pode se considerar essa ideia da intensidade do dolo aqui.
33
Emerj CPIII-A Direito Penal
Se adotar a posição de Miguel Reale Júnior (2ª corrente) ou de Adriano Teixeira (3ª
corrente), a espécie de dolo ou a espécie de culpa, consciente ou inconsciente, teria
um impacto nessa circunstância judicial. Essa expressão ‘intensidade do dolo’ é algo
já ultrapassado.
Como dito, para o STJ prevalece a ideia de que culpabilidade são condições pessoais
ou elementos subjetivos que configuram essa circunstância judicial. Por exemplo,
tratar-se o autor do crime de Promotor de Justiça- STJ-Resp 1.251.621-AM em
16/10/2014:
34
Emerj CPIII-A Direito Penal
2. ANTECEDENTES:
Todos os demais fatores relacionados à vida pretérita, que nao indicados na folha de
antecedentes, devem ser analisados no âmbito da conduta social.
Para se falar dos antecedentes também será falado um pouco sobre reincidência,
porque é necessário confrontar maus antecedentes com reincidência para poder
entender o que são maus antecedentes.
Reincidência
Art. 63 do CP: “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior.”
Para que haja reincidência o CP exige que haja um crime 1, condenação com trânsito
em julgado em relação ao crime 1, e que haja a prática do crime 2.
Para que haja reincidência o novo crime deve ser cometido posteriormente ao trânsito
em julgado de decisão condenatória em relação ao crime 1.
ATENÇÃO!!! Pode ocorrer que a condenação pela prática de um crime anterior gere
reincidência e, como tal, será considerado na 2 FASE como circunstância agravante ou
atenuante.
35
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não!!!!! Na visão do STJ, Súmula 444, inquéritos em curso, ações penais em curso sem
que haja sentença condenatória com trânsito em julgado não geram maus
antecedentes, o réu será considerado primário com bons antecedentes.
Quais as hipóteses podem ensejar maus antecedentes e que não geram reincidência?
No art. 64, I, temos o chamado “período depurador”. Por exemplo, o réu foi condenado
pelo crime 1 – roubo, e cumpriu a pena de 3 anos. Terminou de cumprir a pena em
2010. Diz o art. 64, I, que 5 anos após o cumprimento da pena o réu volta a ser
considerado primário, ou seja, não será reincidente se cometer um crime após esses 5
anos.
Porém, para a visão predominante esse réu terá maus antecedentes, porque já tem
uma condenação com trânsito em julgado em relação a um fato ocorrido antes daquele
novo delito.
exemplo acima, esses últimos 2 anos são considerados e só mais 3 para que se opere a
depuração e aquele réu volte a ser primário (2013).
Decorridos os 5 anos, mesmo o réu voltando a ser primário, poderá aquela conduta
pretérita dar ensejo a maus antecedentes?
CORRENTE 1) Corrente defendida pelo STJ e 1 Turma do STF entende que é possível
considerar que, após os 5 anos, mesmo réu voltando a ser primário, aquela conduta
pretérita poderá ser usada para fundamentar maus antecedentes. Isso porque o nosso
CP teria adotado, em relação aos maus antecedentes, o Sistema da Perpetuidade.
37
Emerj CPIII-A Direito Penal
Para essa corrente haveria um esquecimento não só da reincidência como também dos
maus antecedentes, a ideia de que os maus antecedentes não podem ser eternos. É
um entendimento à margem da lei, porque a lei não diz isso. Essa situação foi
submetida a Repercussão Geral no RE 593.818 RG/SC, quando teremos um
posicionamento definitivo do STF sobre o tema. [ACOMPANHAR!!!!!!] [Essa tese pode
ser usada em uma prova de defensoria]
“EMENTA Habeas corpus. Penal. Roubo (CP, art. 157, § 1º). Condenação. Pena de
4 (quatro) anos e 8 (oito) meses de reclusão em regime fechado. Pena-base
majorada em decorrência de maus antecedentes. Impossibilidade. Condenações
extintas há mais de 5 (cinco) anos. Incidência do disposto no inciso I do art. 64 do
Código Penal. Fixação da pena-base no mínimo legal. Ausência de circunstâncias
judiciais desfavoráveis. Fixação do regime prisional aberto (CP, art. 33, § 2º,
alínea a). 2. Quando o paciente não pode ser considerado reincidente, diante do
transcurso de lapso temporal superior a 5 (cinco) anos, conforme previsto no art.
64, inciso I, do Código Penal, a existência de condenações anteriores também não
caracteriza maus antecedentes. Precedentes. 3. O regime fechado foi alicerçado
i) na presença de circunstância judicial desfavorável ao paciente, vale dizer, os
maus antecedentes, afastados por conta da incidência do art. 64, inciso I, do
Código Penal. HC 137173 / SP - SÃO PAULO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. DIAS
TOFFOLI Julgamento: 04/10/2016 Órgão Julgador: Segunda Turma.”
38
Emerj CPIII-A Direito Penal
No caso de a infração anterior ser uma contravenção, e a posterior ser um crime, não
há previsão legal para que se gere reincidência, sendo a infração anterior, nesse
sentido, apta a gerar maus antecedentes, mas não reincidência.
Reincidência:
Art. 7 do DL 3688/41: “Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no
Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou no Brasil, por motivo de
contravenção.”
Condenações definitivas por crimes militares ou políticos, pois nos termos do próprio
art. 64 elas não geram reincidência, mas podem gerar maus antecedentes.
Exemplo: Condenado por crime que só pode ser praticado por militar, João pratica um
furto, sendo condenado. Sabendo que a condenação própria por crime militar não gera
reincidência (art. 64, II do CP) será considerado portador de maus antecedentes.
Essa é uma condenação com trânsito em julgado que não forja reincidência, forjará
maus antecedentes.
IMPORTANTE!!!!!!
Quais as hipóteses que a jurisprudência entende que não são cabíveis como maus
antecedentes?
Não podem ser admitidos como maus antecedentes, nos termos da Súmula 444/STJ:
39
Emerj CPIII-A Direito Penal
O que se quer dizer com essa fala a respeito dos maus antecedentes é que, se
houver de verdade continuidade delitiva o correto é que tudo corra em uma vara
só, mas às vezes a praxe judiciária não permite essa reunião, para que haja
reunião os processos precisam estar na mesma fase, e por vezes, alguns se
iniciaram primeiro, foram sentenciados, já estão no Tribunal, foram julgados, e
os seguintes caem em novas varas, situação em que não dá para reunir.
Desse modo, o ideal é que todos corram na mesma vara, ao mesmo tempo, o juiz
julgue todos através de uma sentença só e aplique o art. 71, mas é comum que
essa unificação só ocorra na vara de execução.
Nesse caso, quando efetivamente se tiver vários elos de uma cadeia única, se por
acaso uma parte da cadeia foi julgada primeiro e gerou condenação com trânsito
em julgado, quando essa outra parte da cadeia for julgada em outra sentença, é
claro que a primeira parte não vai gerar maus antecedentes, porque isso tudo é
por ficção um fato só, um crime só.
6. Condenações por fatos ocorridos após aquele que está em julgamento. Esse é um
erro que vez por outra é visto sendo corrigido na jurisprudência.
Exemplo:
Crime 1 – roubo e crime 2 – furto. No crime 2 – furto, o réu foi preso em flagrante,
e o processo andou rápido e o réu foi rapidamente condenado. Quando será
condenado pelo roubo, no momento da sentença, já há uma condenação com
trânsito em julgado contra aquele réu, só que, nesse caso, isso não pode ser
considerado maus antecedentes, porque antecedente deve ser algo que
aconteceu antes do roubo e o furto aqui aconteceu depois.
40
Emerj CPIII-A Direito Penal
IMPORTANTE!!!
#FATOSPOSTERIORES E DOSIMETRIA: “Nos termos da jurisprudência consolidada
desta Corte, nao é possível considerar a condenação transitada em julgado,
correspondente a fato posterior ao narrado na denúncia, para valorar
negativamente antecedentes, conduta social ou personalidade do agente.
Entrementes, plenamente viável que a condenação por fato anterior à infração
penal em processo de dosimetria, mas com transito em julgado superveniente a ela,
seja utilizada como circunstância judicial negativa.” HC 336195
Qual é o critério que deve se seguir para saber se aquela causa extintiva de
punibilidade forja reincidência ou maus antecedentes?
Exemplo: o réu foi condenado, recorreu, mas ocorreu a prescrição antes do recurso ser
julgado. Essa prescrição ocorreu no curso do processo de conhecimento, mas essa
decisão não forja reincidência nem maus antecedentes, porque não houve uma decisão
condenatória com trânsito em julgado ainda.
41
Emerj CPIII-A Direito Penal
(i) ANISTIA; e
(ii) ABOLITIO CRIMINIS.
Súmula 241 do STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.”
42
Emerj CPIII-A Direito Penal
Pela Súmula 241/STJ, não se pode considerar uma anotação na folha que é apta a gerar
reincidência ao mesmo tempo como circunstância judicial de maus antecedentes e
reincidência, isso seria obviamente bis in idem e não se pode fazer.
Porém, o que a jurisprudência permite, é que se você tiver duas ou mais anotações,
considere-se uma delas como reincidência e a outra na primeira fase como maus
antecedentes. Não há bis in idem porque se está considerando duas anotações
diferentes, só será bis in idem se considerar a mesma anotação duas vezes.
Existe limitação temporal para a condenação anterior ser considerada para efeitos
de maus antecedentes (a exemplo do que já acontece com a agravante da
reincidência)?
3. CONDUTA SOCIAL:
43
Emerj CPIII-A Direito Penal
O que aconteceu nas decisões de tribunais locais de alguns anos para cá?
Com a edição da Súmula 444/STJ, alguns tribunais tentaram driblar esse entendimento
considerando as anotações de inquéritos e ações penais em curso não como maus
antecedentes porque a súmula não permite, porém como conduta social negativa ou
dentro da circunstância judicial ‘personalidade’, dizendo que o sujeito tem
personalidade voltada para a prática de crimes.
Portanto, isso é um drible injustificável, porque se o STJ diz que não se pode considerar
aquele fato como verdadeiro (cometimento daquele delito), antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória, isso não é possível nem para maus antecedentes,
nem para conduta social, nem para personalidade.
Não se sabe se aquele crime realmente ocorreu, é esse o posicionamento do STJ quer
queiramos ou não. Não se pode tomar como verdadeiro o fato antes do trânsito em
julgado de decisão condenatória, e não pode tomá-lo como verdadeiro para nenhuma
das circunstâncias judiciais.
IMPORTANTE!!!!
O fato do réu ser dependente químico pode ser considerado má-conduta social para
fins de aumento de pena base?
44
Emerj CPIII-A Direito Penal
CORRENTE 2) O STJ entende que a dependência química NÃO pode ser usada como
circunstância judicial (conduta social).
4. PERSONALIDADE:
De outro lado, existem os valores que são formados ao longo da vida da pessoa, que
são conformados com a vivência em família, na escola, no trabalho. Assim, a
personalidade é um amalgama desses dois aspectos.
45
Emerj CPIII-A Direito Penal
O STJ também considerou que o simples fato do agente ter cometido o crime
embriagado não justifica a incidência da circusntância judicial que valora
negativamente a personalidade do agente.
5. MOTIVOS DO CRIME:
Os motivos do crime são os fatores psíquicos que levam a pessoa a praticar um crime
ou a contravenção penal.
É preciso ter muito cuidado com o bis in idem vertical, pois é muito comum que motivos
sejam utilizados como agravante, atenuante, hipótese de aumento, de diminuição, ou
de qualificadoras.
Se aquele motivo já foi utilizado para qualificar o crime, não pode ser utilizado de
novo como circunstância judicial para aumentar a pena-base.
46
Emerj CPIII-A Direito Penal
Costumamos pensar nos motivos como relacionados aos delitos dolosos, e essa é a regra
mesmo, mas, por vezes, enxerga-se uma possibilidade de consideração nos crimes
culposos.
6. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME:
Circunstâncias do crime são usadas para tudo que disser respeito ao desvalor da ação,
ou seja, à forma de cometimento do crime, às características relacionadas à forma de
cometimento do crime, os instrumentos empregados em sua prática, as condições de
tempo e local em que ocorreu o ilícito penal, o relacionamento entre o agente e
ofendido e etc.
47
Emerj CPIII-A Direito Penal
Informativo STJ no. 578, março de 2016: “Na fixação da pena do crime de evasão
de divisas (art. 22 da Lei 7492/86), o fato de o delito ter sido praticado por
organização criminosa complexa e bem estruturada pode ser valorado de forma
negativa como circunstância do crime.”
O art. 42 da Lei 11.343 trata dos elementos a serem considerados na fixação da pena-
base, que incidem, portanto, na primeira fase da dosimetria da pena.
48
Emerj CPIII-A Direito Penal
Informativo STF no. 818, de março de 2016: “O grau de pureza da droga, nos
crimes de tráfico, é irrelevante para a dosimetria da pena.”
O prof. criticou o acordão do STF que tratou o grau de pureza da droga, nos crimes de
tráfico, como elemento irrelevante para a dosimetria. Na opinião do Prof., o grau de
pureza da droga também deve ser considerado como circunstância judicial a aumentar
a pena-base.
7. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME:
Quando for falar de consequências do crime, é aqui que se deve falar de EXAURIMENTO
DO CRIME FORMAL. Se tem um crime formal, ele se consuma com a realização da
conduta, o resultado não é importante para a consumação, é um mero exaurimento, o
crime já está consumado com a realização da conduta.
50
Emerj CPIII-A Direito Penal
8. COMPORTAMENTO DA VÍTIMA:
51
Emerj CPIII-A Direito Penal
Segundo o STJ, o comportamento neutro da vítima (aquele que não ajuda o acusado,
mas também não pode ser considerado em desfavor dele) não deve ser considerado em
desfavor do acusado (HC 299.548/PE, julgado em 13/10/2015).
O simples fato de a vítima não ter contribuído para a prática delitiva não conduz à
exasperação da pena. O comportamento da vítima, como circunstância judicial, só
pode ser utilizado em benefício do réu.
Verifica-se, portanto, que a orientação do Info. 576, de 2016, do STJ, não é mais
considerada.
Logo, nas hipóteses acima, o comportamento da vítima nao poderá ser usado como
circunstância judicial - sob pena de violar o Princípio de Vedação ao Bis In Idem -
devendo ser usado como causa de diminuição de pena ou atenuante, conforme o
caso. Isso porque a circunstância judicial é sempre RESIDUAL.
53
Emerj CPIII-A Direito Penal
Para concluir o estudo do tema das circunstâncias judiciais, vejamos abaixo alguns
exemplos extraídos da AÇÃO PENAL 470/STF (caso “mensalão):
1) Na CORRUPÇÃO ATIVA:
2) Na CORRUPÇÃO PASSIVA:
3) Na LAVAGEM DE DINHEIRO:
4) Na EVASÃO:
5) No PECULATO:
ii) para pessoas que não são servidoras, o acesso às engrenagens do Estado
(circunstâncias do crime);
iii) o valor do prejuízo causado (consequências do crime);
6) Na QUADRILHA:
7) Na GESTÃO FRAUDULENTA:
NULIDADE NA FUNDAMENTAÇÃO:
55
Emerj CPIII-A Direito Penal
Uma posição minoritária defende que, nessa hipótese, deve-se optar pela redução da
pena ao mínimo legal, ao invés de nulificar a decisão.
O erro material no cálculo da pena pode ser reformado na segunda instância quando
houver recurso exclusivo da vítima?
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
FÁBIO, na ocasião dos fatos com 19 anos de idade, de forma dolosa, realizou diversos
disparos de arma de fogo contra DENISE, que estava grávida de oito meses, causando
sua morte, motivado pelo fato de ela haver se recusado a manter com ele
relacionamento amoroso. Em razão dos fatos, o Ministério Público denunciou FÁBIO
como incurso nas penas dos arts. 121, § 2º, II (homicídio por motivo fútil) e 125
(aborto sem consentimento da gestante), na forma do art. 70, in fine, todos do
Código Penal. No interrogatório, FÁBIO afirmou ter agido por influência de forças
ocultas, mas em momento algum negou que tivesse praticado os delitos a ele
imputados. Na folha de antecedentes criminais de FÁBIO há várias anotações, todas
elas referem-se a condenações transitadas em julgado há mais de cinco anos.
Considerando que FÁBIO foi devidamente pronunciado e posteriormente condenado
pelo Conselho de Senteça pelos crimes constantes na denúncia do parquet, aplique
a correspondente pena de FÁBIO.
Resposta:
OBS: A questão traz um agente de 19 anos, logo os crimes lançados na FAC cometidos
no passado podem ser considerados atos infracionais (já que as condenação foram
cometidas há mais de 5 anos), não sendo aplicável a agravante da reincidência, nem
tampouco a circunstância judicial de maus antecedentes pois na época era menor.
Contudo, para fins de treinamento de dosimetria, o prof. pediu para considerar como
se o agente fosse maior de 21 anos.
56
Emerj CPIII-A Direito Penal
Como agente tem várias condenações na FAC, pode-se trabalhar com uma
fração mais agressiva que 1/8, ou seja, tendo em vista que ele cometeu vários
crimes aumenta-se a fração padrão de 1/8 para 1/6.
Quanto às demais circunstâncias do art. 59 do CP, fazer um parágrafo padrão
e mencionar TODAS as demais circunstâncias judiciais (ex: Dada a
culpabilidade normal para a espécie, a ausência de conduta social inadequada
e etc deixo de aplicar as circunstâncias judiciais do caput do art. 59 do CP),
Em que pese a orientação do STJ de trabalhar com a diferença entre a pena
máxima e a pena mínima (30-12 = 18), filia-mo a corrente do STF em que o
cálculo da 1 fase se faz com base na pena mínima em abstrato, ou seja, calculo
1/6 da pena mínima de 12 anos. Assim, 1/6 de 12 anos = 2 anos.
PENA-BASE: 14 anos de reclusão (12 +2 anos).
OBS: Para o STF, a confissão não é preponderante, logo poderia compensar a confissão
com a gravidez, sobrando apenas a menoridade. Nesse caso, seria mais fácil pois faria
apenas uma única conta (menoridade) – diminuirá 1/6 de 14 anos = 2 anos e 4 meses.
Ainda, assim, a pena ficaria menor do que o mínimo abstrato (se diminui 2 anos e 4
meses de 14 anos vai dar uma pena menor que 12 anos), o que não é permitido,
mantendo-se a pena, portanto, em 12 anos.
57
Emerj CPIII-A Direito Penal
Ao final do cálculo das penas dos dois crimes, inserir um parágrafo tratando do
concurso formal.
Se ele não soubesse que a mulher estava gravida, o aborto seria culposo e, então, não
teria crime de aborto pois não existe aborto culposo [confirmar prof]
Questão 2)
58
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
Quanto aos 4 crimes de roubo que foram vítimas os réus, fixa-se a pena intermediária
em 4 anos e 10 dias.
Em razão da continuidade delitiva (art. 71 do CP) e pelo fato das penas serem
idênticas, com crimes praticados de maneira idêntica e contra vítimas que não
conduzem ao agravamento da pena (não tem vítima idosa, nem criança e etc),
condena-se a acusada a 4 (quatro) anos e 10 dias multa. Tendo em vista que foram 4
condutas delitivas praticadas em continuidade, aumenta-se a pena em em ¼. Cálculo:
59
Emerj CPIII-A Direito Penal
¼ de 4 anos e 10 dias de multa = 1 ano e 2 dias multa. Logo, chega-se a uma pena
definitiva de 5 anos e 12 dias-multa. O valor do dia-multa deverá ser fixado em 1/30
do salário mínimo, na forma do art. 49 do CP.
60
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 4 - Prof. Paulo César Vieira de Carvalho
10/09/18
EMENTA: Dosimetria.
1) O processo trifásico de aplicação da pena: circunstâncias
judiciais, atenuantes e agravantes e causas de aumento e de
diminuição: critérios de aplicação da pena.
2) O concurso entre as circunstâncias atenuantes e
agravantes: controvérsias;
3) A pena de multa: critérios para sua fixação.
4) O concurso de crimes: Formas de cálculo da pena.
5) A dosimetria para o concurso de pessoas.
6) Questões controvertidas na jurisprudência e na doutrina.
As agravantes e atenuantes estão na parte geral do Código, artigos 61, 62, 65 e 66.
Circunstâncias agravantes
Art. 61 do CP: “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido;
61
Emerj CPIII-A Direito Penal
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 do CP: “São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta)
anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por
ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.”
Como saber se estamos diante de uma agravante ou atenuante, e não de uma causa
de aumento ou diminuição?
Nas qualificadoras se tem uma pena mínima e máxima diferente do tipo fundamental,
pois as qualificadoras são um problema de pena-base.
Causas de aumento e diminuição, que são estudadas na terceira fase, nos oferecem
um quantum determinado de aumento, que pode ser fixo ou variável.
Exemplo: no furto com repouso noturno, temos um quantum fixo de aumento de 1/3,
enquanto no concurso formal o quantum de aumento é variavel de 1/6 a 1/2.
62
Emerj CPIII-A Direito Penal
Sabe-se, por exemplo, que há uma agravante no Código de Trânsito porque há uma
previsão exatamente nesse sentido, “são circunstâncias que agravam a pena”, mas não
diz quanto, entao é uma agravante. As circunstâncias agravantes estão previstas no
nos arts. 61 a 66 do CP e também em algumas leis especiais (CTB art. 298, art. 56 do
Estatuto do Índio, etc.)
Atenção!!!! Uma atenuante nunca pode fazer a pena descer abaixo do mínimo e uma
agravante nunca pode fazer a pena subir além do máximo, conforme dispõe a Súmula
231/STJ.
Qualquer que seja a atenuante e qualquer que seja a agravante, nao interessa a
natureza, sendo atenuantes e agravantes não podem fazer a pena descer aquém do
mínimo ou subir além do máximo.
Vale lembrar da escala de preferências vista na aula anterior. Por ela percebemos que
agravantes e atenuantes tem menos eficácia, menos importância, menos poder do que
causas de aumento e diminuição.
Justamente por isso, a jurisprudência prestou atenção e viu que o mínimo de impacto
de uma causa de aumento ou diminuição na pena é 1/6, então agravantes ou
atenuantes não poderiam impactar mais do que 1/6, senão seriam mais importantes
do que causas de aumento e diminuição quando na verdade são menos importantes.
63
Emerj CPIII-A Direito Penal
Seguindo esse raciocínio, o razoável é que o impacto de cada uma seja de no máximo
1/6, para não se tornarem mais importantes do que causas de aumento ou diminuição.
O quantum do aumento gira em torno de 1/6 para cada uma – STJ, HC 385.143/SP,
julgado em 21/3/2017.
As AGRAVANTES GENÉRICAS estão previstas nos artigos 61 e 62, em rol taxativo e são
de aplicação compulsória. Elas prejudicam o réu e por isso não admitem analogia.
Sempre aumentam a pena, salvo quando caracterizam elementares do crime,
qualificadoras ou causas de aumento da pena, para que se evite o bis in idem.
Ex. infanticídio - não pode aplicar a agravante em razão de a vítima ser criança.
A REGRA GERAL para as circunstâncias agravantes é que elas só sejam aplicadas aos
delitos dolosos ou preterdolosos. Assim, o crime preterdoloso, em seu tipo
fundamental, é um crime doloso, podendo receber o mesmo tratamento que os crimes
dolosos quanto à incidência das agravantes.
ATENÇÃO!!!!
Tem um caso histórico em que o STF aplicou as agravantes genéricas do art. 61, II,
em um crime culposo - Bateau Mouche – nome da embarcação. Barco em Copacabana
que virou e matou muita gente que não sabia nadar. Homicídio culposo com
agravante genérica MOTIVO TORPE. HC 70362
64
Emerj CPIII-A Direito Penal
LEMBRETE!!!
As agravantes são aplicáveis somente a crimes dolosos. Exceção: reincidência.
Destaca-se, ainda, que, excepcionalmente, a agravante de motivos (torpe por ex)
poderá ser considerada nos crimes culposos.
Vejamos abaixo cada uma das circunstâncias agravantes previstas no art. 61 do CP:
1. REINCIDÊNCIA:
Muitos criticam tal agravante ao fundamento de que seria uma pena baseada em
culpabilidade por fato diverso, ou um autêntico bis in idem, punindo-se o réu por algo
que ele já pagou. O STF, contudo, reconheceu sua constitucionalidade.
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
Não podemos esquecer das Súmulas 241 e 444 do STJ sobre o tema da reincidência.
Súmula 241 do STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como
circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.”
65
Emerj CPIII-A Direito Penal
OBS: Esse prazo é contado da data em que a pena foi efetivamente extinta e não da
data da decisão declaratória de extinção da punibilidade.
Caso seja concedido LIVRAMENTO CONDICIONAL e não tenha havido sua revogação, o
prazo de 5 anos não será contado a partir da data do cumprimento ou extinção da
pena, mas sim do dia em que se iniciou o PERÍODO DE PROVA (início do cumprimento
do livramento condicional, que se dá com a audiência admonitória). Contudo, se
comete novo delito após os cinco anos, será considerado primário com maus
antecedentes (chamado também de tecnicamente primário).
66
Emerj CPIII-A Direito Penal
No SURSIS (suspensão condicional da pena), o prazo de 5 anos não será contado a partir
da data da extinção da pena, mas sim da data que se iniciou o período de prova (data
do sursis).
IMPORTANTE!!!
A utilização de condenações distintas como reincidente e maus antecedentes não
viola o bis in idem. Nada impede a valoração de maus antecedentes e da reincidência
na mesma pena, desde que existam condenações criminais distintas.
Atenção!!!!
Contravenção no exterior NUNCA gera reincidência.
67
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo: um roubo a banco para financiar uma organização política seria uma
hipótese de crime político relativo que gera reincidência.
68
Emerj CPIII-A Direito Penal
A situação é mais grave que a mera reincidência, razão pela qual a ela deve ser
concedida ainda maior preponderância do que à reincidência simples (art. 67 do CP).
CORRENTE 1) Corrente defendida por Nucci (majoritária) entende que sim, posto que
o art. 63 não fez diferenciação da espécie de pena aplicada, bastando que haja
condenação anterior. Assim, a maioria da doutrina entende que a condenação em
multa gera reincidência.
CORRENTE 2) Há quem defenda que não, pois, enquanto a multa não impede a
concessão do sursis (art. 77, §1º, CP), a reincidência impede, e também pelo fato de
que a multa é de pequena monta, não podendo gerar um efeito drástico como a
reincidência.
69
Emerj CPIII-A Direito Penal
Importante!!!
No caso de sentença condenatória estrangeira, não é preciso que seja homologada
pelo STJ para configurar a reincidência.
Crime anterior cometido no exterior sem previsão típica no Brasil pode gerar
reincidência?
Não!!! Se o agente praticar novo crime no Brasil ele não será reincidente, uma vez que
deve haver dupla tipicidade do crime anterior (fato ser considerado crime no
estrangeiro e no Brasil).
Exemplo: “A” é condenado no exterior por adultério. No Brasil, A pratica furto. Ele
não será reincidente, nem mesmo terá maus antecedentes, pois adultério não é
considerado crime no Brasil.
Não!!! A sentença que aplicou a medida de segurança ao inimputável não pode ensejar
reincidência na hipótese de crime posterior. Isso porque a sentença que aplica a
medida de segurança não é condenatória, mas sim absolutória.
Não!!! Mesmo que exista sentença condenatória por crime anterior, não gerará efeitos
de reincidência, pois não ocorreu o transito em julgado.
70
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não!!! Tanto a anistia como o abolitio criminis cessam os efeitos penais da sentença
condenatória, logo o agente que vier a praticar novo crime não poderá ser considerado
reincidente.
Não!!! Nos termos do art. 120 do CP, a sentença que concede o perdão judicial não
gera a reincidência.
Não há falar em bis in idem se utilizar a reincidência para agravar a pena e, novamente,
para fundamentar o regime mais gravoso. Isso porque a fixação do regime prisional não
se insere no âmbito da dosimetria da pena.
71
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo: matar alguém porque perdeu uma partida de sinuca, furtar uma roupa pra ir
numa festa elegante.
Não se deve confundir motivo fútil com motivo injusto. Este último significa a prática
da infração penal fundada em razoes iníquas, contrárias ao senso de justiça comum. O
motivo injusto poderá ser fútil, torpe ou até mesmo de relevante valor social,
conforme as circunstâncias.
A ausência de motivo;
O ciúme – pode até mesmo configurar uma causa de diminuição de pena ou uma
atenuante, quando em decorrência de “violenta emoção, provocada por ato
injusto da vítima”;
A embriaguez – em regra, o embriagado não tem a exata noção do motivo que o
impele a cometer o delito, pelo que não caberia falar em motivo fútil. Contudo,
nada impede que alguns atos do embriagado, dada a sua desproporcionalidade,
sejam considerados fúteis.
O agente atua com perversidade. Nem toda vingança pode ser considerada torpe (ex.
pai que mata o estuprador da filha – motivo de relevante valor moral).
Cuidado!!!
Atenção com o bis in idem no caso do motivo fútil ou torpe pois eles podes aparecer
como qualificadoras, hipótese em que será usado na 1 fase e não na 2 fase da
dosimetria.
O agente que comete um delito para facilitar (tornar mais fácil, sem grande
dificuldade) ou assegurar a execução (garantir, torná-la infalível), a ocultação
(encobrir o crime anterior), a impunidade (escapar da punição, ex. matar testemunha)
ou a vantagem de outro delito (assegurar o proveito da infração) responderá por
concurso material caso consiga atingir dois resultados.
72
Emerj CPIII-A Direito Penal
Pode ser material, se busca atingir a vítima pelas costas ou desprevenida, ou moral,
quando há ocultação da intenção criminosa, ludibriando-se o ofendido.
IMPORTANTE!!!
O art. 155, par. 4 do CP apresenta “abuso de confiança” como causa qualificadora,
afastando a aplicação da agravante traição. Cuidado com o bis in idem!!
A EMBOSCADA é o ato de esperar alguém passar por algum lugar para atacá-lo, sendo
vulgarmente conhecida por tocaia ou cilada. É espécie de traição material.
Por fim, a fórmula genérica “ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a
defesa do ofendido” permite seja feita uma interpretação analógica, amoldando-se
outras situações não descritas expressamente na norma penal.
a) MEIO INSIDIOSO: aquele que denota estratagema, perfídia, traição. Ex. emprego de
veneno (meio insidioso por excelência).
b) MEIO CRUEL: aquele que impõe à vítima sofrimento além do necessário para
alcançar o resultado pretendido.
Exemplo: tortura, veneno (quando provoca dores agudas e morte lenta e agônica) e
fogo (dores alucinantes da queimadura).
c) PERIGO COMUM: aquele que coloca em risco mais pessoas do que a visada pelo
agente, ex. fogo, veneno e explosivo.
73
Emerj CPIII-A Direito Penal
O agente viola o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas pelo
matrimônio. Pode ser parentesco natural ou civil, descartando-se as relações de
afinidade.
IMPORTANTE!!
Não se aceita também a extensão dessa agravante (prevista no art. 61, II, e do CP)
aos concubinos e companheiros (união estável!) diante do princípio da legalidade
estrita. Proibição da analogia in mallam partem.
COABITAÇÃO, por sua vez, significa viver sob o mesmo teto, mesmo que por pouco
tempo, enquanto a HOSPITALIDADE é a vinculação que se estabelece entre as pessoas
durante a estada provisória na casa de alguém (ex. visita).
Exemplo: incide a agravante genérica quando o morador de uma república subtrai bens
de um colega que com ele divide a residência em momento no qual estavam no interior
de um ônibus, no transporte ou na faculdade.
Quanto à VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, Nucci entende que o art. 61, II, f, do CP está
esvaziado, visto que o art. 5º da Lei 11.340/2006, ao conceituar o que se entende por
violência doméstica contra a mulher repete as situações do art. 61, II, f.
Para ele, o art. 5º, III, da Lei 11.340/06 deve ser desconsiderado por afrontar o
princípio da taxatividade.
74
Emerj CPIII-A Direito Penal
O abuso de poder refere-se ao abuso de uma função pública, desde que não configure
o crime de abuso de autoridade da Lei 4.898/65 (pois, neste caso, o magistrado teria
que desconsiderar esta agravante, sob pena de bis in idem).
Deve-se entender como ofício qualquer emprego ou função pública que não
corresponda a um cargo público.
Profissão é uma atividade especializada, devidamente regulamentada por lei, para que
haja o dever exigido pela agravante, ex. deveres do médico e do advogado.
Considera-se CRIANÇA aquela que possui até doze anos incompletos, conforme critério
adotado pelo ECA.
ENFERMO é a pessoa que se encontre doente e, em função de tal fato, tenha sua
capacidade de resistência diminuída, incluindo-se aí também o deficiente físico ou
mental.
Não basta a GRAVIDEZ de alguns dias para aplicação da agravante, sendo necessário
um estágio mais avançado, que torne a mulher presa fácil de agentes criminosos com
possibilidade de conhecimento do agente.
75
Emerj CPIII-A Direito Penal
Se o ofendido está sob proteção de uma autoridade estatal e o agente ainda assim
atua, merece maior reprimenda.
Exemplo: pessoas que invadem uma delegacia para linchar o preso, durante escolta
em carro público, proteção à testemunhas e vítimas, escolta por situação
momentânea.
É aquele agente que se vale de situações calamitosas, em que o ofendido está mais
vulnerável, para cometer o delito.
76
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em razão da posição que ocupa, envolvendo outros no cometimento do delito, terá sua
pena agravada.
O agente que coage ou induz outro a praticar os atos materiais necessários à execução
do crime merece maior reprimenda, visto que o executor nessas hipóteses costuma ser
mero instrumento.
Contudo, se a coação for resistível, o coator responde por esta agravante, enquanto o
coato recebe uma atenuante (art. 65, III, c, do CP).
É aquele agente que comete o crime para receber algo em troca (torpeza específica).
Assemelha-se à agravante genérica do art. 61, II, a, do CP.
77
Emerj CPIII-A Direito Penal
SIM!!!! Diferente das agravantes, as atenuantes incidem nos crimes dolosos, culposos
e preterdolosos.
modo mais brando pelo motivo de a ele não terem sido conferidas, pela
sociedade e pelo Estado – responsáveis pelo bem-estar das pessoas em geral
– todas as oportunidades para o seu desenvolvimento como ser humano. Esse
entendimento já foi, inclusive, aceito pelo 20º Concurso de Ingresso do MPF.
Vejamos abaixo cada uma das hipóteses de circunstâncias atenuantes previstas no art.
65 do CP:
Entende-se que o menor ainda está na formação de sua personalidade. Para grande
parte da doutrina e da jurisprudência, deve ela se sobrepor a qualquer agravante,
inclusive a da reincidência. A prova da menoridade far-se-á por documento hábil,
conforme Súmula 74 do STJ.
Entende Nucci que, com a redução da maioridade civil para 18 anos, tal atenuante não
mais deve ser vista como atenuante preponderante, mas sim como atenuante comum.
79
Emerj CPIII-A Direito Penal
2. DESCONHECIMENTO DA LEI:
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “a” do CP.
No caso do relevante valor moral, trata-se de interesse de ordem pessoal, ex. agressão
contra amante do cônjuge; matar estuprador da filha.
4. ARREPENDIMENTO:
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “b” do CP.
antes do julgamento ou agir para minorar os efeitos da infração penal logo depois de
sua prática (aspecto objetivo).
5. COAÇÃO RESISTÍVEL:
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “c” do CP.
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “c” do CP.
Estrito cumprimento do dever legal: exclui a ilicitude da conduta (art. 23, III,
do CP) nos cenários das relações de direito público em que as ordens devem ser
cumpridas sem questionamentos.
Obediência hierárquica: exclui a culpabilidade (art. 22 do CP), quando o agente
tenha agido sob pressão do superior, ainda que a ordem tenha sido de duvidosa
legalidade.
Cumprimento de ordem de autoridade superior: se a ordem é manifestamente
ilegal, mas o agente agiu sob pressão da autoridade superior, reconhece-se a
atenuante.
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “c” do CP.
Em regra, a violenta emoção não serve de justificativa nem de atenuante (art. 28, I,
do CP). Havendo, no entanto, injusta provocação do ofendido, pode acontecer de:
81
Emerj CPIII-A Direito Penal
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “d” do CP.
A confissão para valer como meio de prova precisa ser VOLUNTÁRIA, ou seja,
livremente praticada, sem qualquer coação. Entretanto, para servir de atenuante,
deve ser ainda ESPONTÂNEA, ou seja, de acordo com o íntimo do agente (sincera).
#DEOLHONADICA:
Para o STF, a simples postura de reconhecimento da prática do delito enseja
o reconhecimento desta atenuante genérica, pois o art. 65, III, d, do CP não
faz qualquer ressalva no tocante à maneira como o agente pronuncia a
confissão.
É atenuante de índole objetiva – independe de subjetivismo do julgador
(STF). Pode ser parcial, pois não precisa alcançar eventuais qualificadores
ou causa de aumento de pena. Seu limite temporal é o trânsito em julgado
da condenação.
Desde que o agente admita o seu envolvimento na infração penal, incide a atenuante
para efeitos de minorar a sanção punitiva. Poderá o agente, inclusive, confessar o
crime no qual foi preso em flagrante delito simplesmente com a finalidade de obter a
atenuação de sua pena. Pouco importa se a autoria era conhecida, incerta ou ignorada,
pois a lei não faz distinção.
Em que pese parte da doutrina afirmar que a confissão qualificada afasta a aplicação
da atenuante da confissão, o STJ entende que não afasta, ou seja, a confissão
qualificada também dá causa a aplicação da atenuante na 2 fase da dosimetria se o
juiz usar a confissão como fundamento da sua decisão:
IMPORTANTE!!!!
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65,
III, d, do Código Penal. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe
19/10/2015.
83
Emerj CPIII-A Direito Penal
“A assunção da responsabilidade pelo fato crime, por aquele que tem a seu favor
o direito a não se auto-incriminar, revela a consciência do descumprimento de
84
Emerj CPIII-A Direito Penal
uma norma social e de suas consequências, não podendo, portanto, ser dissociada
da personalidade” (HC 101909, STF).
IMPORTANTE!!!!
Embora reconhecida a possibilidade de compensação entre a confissão espontânea
do réu e a reincidência, tal compensação plena não será possível quando houver a
chamada multirreincidência. Nessas hipóteses, deve a reincidência prevalecer, em
observância ao princípio da individualização da pena (HC 111.516, STJ, 12/6/2015).
Essa circunstância atenuante encontra-se prevista no art. 65, III, “e” do CP.
O fato de o réu ter bons antecedentes pode ser considerado como uma atenuante
inominada do art. 66 do CP?
NÃO!!! Não caracteriza circunstância relevante anterior ao crime (art. 66 do CP) o fato
de o condenado possuir bons antecedentes criminais. Isso porque os antecedentes
criminais são analisados na 1ª fase da dosimetria da pena, na fixação da pena-base,
considerando que se trata de uma circunstância judicial do art. 59 do CP. STJ. 6ª
Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569).
85
Emerj CPIII-A Direito Penal
Tema muito cobrado em prova, aqui vamos aprender como aplicar as agravantes e
atenuantes, que já visto têm força de 1/6.
Aplicada a pena-base, se tivermos duas agravantes, cada uma delas terá uma força
aproximada de até 1/6, o que é tranquilo de se aplicar, 2/6 aplicados sobre a pena-
base. O problema se apresenta quando temos de um lado uma atenuante e de outro
uma agravante.
Quando se tem de um lado uma agravante e de outro lado uma atenuante, ou elas vão
se compensar, ou uma vai preponderar sobre a outra. Os métodos de aplicação são
compensação ou preponderância.
Antigamente, havia uma “escala de preponderância”, pois existia um conjunto que era
preponderante em relação aos outros, e entre as preponderantes o juiz estabelecia
uma hierarquia.
86
Emerj CPIII-A Direito Penal
Escala de preponderância muito usada no passado (STJ, HC 177.566/MS, Rel Min. Jorge
Mussi, julgado em 18/08/2011):
1º menoridade (personalidade);
2º reincidência;
3º confissão (personalidade);
4º motivos determinantes.
Não está na lei, a lei manda que o juiz descubra a preponderante e aplique, mas a
jurisprudência, de alguns anos para cá, evoluiu em relação a esse entendimento
passando a entender que é possível ter circunstâncias igualmente preponderantes, que
irão se compensar.
Mais recentemente, passa-se a entender que todas essas circunstâncias legais citadas
são igualmente preponderantes. Assim, se tiver de um lado uma preponderante e de
outro uma também preponderante, elas terão peso igual e irão se compensar.
Ainda há, porém, acórdãos do STJ que consideram a atenuante da menoridade de maior
valor: HC 401.764/SP, julgado em 07/12/2017.
88
Emerj CPIII-A Direito Penal
observada a escala de preponderância (CP, art. 67), aquela que estiver melhor
graduada sobressair-se-á, contudo, com força de atuação reduzida, haja vista a
inevitável força de resistência oriunda da circunstância em sentido contrário.
Portanto, mostra-se proporcional, nesses casos, o patamar ideal de 1/12 (um doze
avos) para valoração da atenuante ou agravante preponderante, ressalvada
sempre a possibilidade de adequação do patamar ao caso concreto. Habeas corpus
não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reduzir a pena final do paciente
para 8 anos e 1 mês de reclusão, mantendo-se o regime de cumprimento de pena
fechado.” HC 401764 / SP HABEAS CORPUS 2017/0127425-3
Por outro lado, existe um entendimento dizendo que essa ideia não vale para
menoridade, que continua sendo preponderante em relação a todas, inclusive em
relação às demais preponderantes também, visão ainda controvertida, conforme os
recentes acórdãos supramencionados.
Fora a menoridade, todas as demais preponderantes têm entre si o mesmo peso e vão
se compensar. Reincidência e confissão se compensam, motivos com confissão, motivos
com reincidência, todos podem se compensar, terão o mesmo peso.
Para a REINCIDÊNCIA, o entendimento do STJ evoluiu para entender que não interessa
a espécie de reincidência, mesmo que seja REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA, que é aquela
que ocorre entre os mesmos delitos, isso é irrelevante, vai compensar com a confissão
da mesma forma.
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ARTIGO 157, CAPUT, (DUAS VEZES), C.C.
ART. 70, DO CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA. PRIMEIRA FASE. PENA-BASE.
EXASPERADA. ANTECEDENTES. PERSONALIDADE E CONDUTA SOCIAL. PROCESSOS
CRIMINAIS EM CURSO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 444 DESTA CORTE. ILEGALIDADE
EVIDENCIADA. DEMAIS CIRCUNSTÂNCIAS. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
SEGUNDA FASE. REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO ESPONTÂNEA. COMPENSAÇÃO.
INVIABILIDADE. REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. 2. Esta Corte sedimentou o
entendimento no sentido de serem igualmente preponderantes a agravante da
reincidência e a atenuante da confissão espontânea. Todavia, não é viável a
compensação integral das mencionadas agravante e atenuante, quando se tratar
de reincidência específica, bem como por ter a confissão ocorrido apenas em
juízo. Precedentes. 3. Ordem concedida, em parte, a fim de reduzir a pena do
paciente para 5 (cinco) anos e 10 (dez) meses de reclusão, mais 13 (treze) dias-
89
Emerj CPIII-A Direito Penal
90
Emerj CPIII-A Direito Penal
CONCLUSÃO:
91
Emerj CPIII-A Direito Penal
Essa questão toda da compensação que não está na lei, já que a lei trabalha com
preponderância, ainda não chegou no STF, posição ainda não consolidada no STF.
Diante das situações estudadas, temos duas espécies de agravantes e atenuantes, para
ficar claro o estudo:
Hipóteses:
92
Emerj CPIII-A Direito Penal
preponderante. Não vai chegar ao máximo de 1/6, terá uma força menor, ou seja,
1/12 ou se forem duas 1/24, 1/48, conforme se apresentem as do outro lado (as não
preponderantes).
Aplica-se a compensação. Como elas têm o mesmo peso, devem ser compensadas.
Aplica-se a compensação. Como elas têm o mesmo peso, também deverão ser
compensadas.
Uma preponderante compensa com a outra, e sobra uma de um lado só que será
aplicada sozinha, sem impacto nenhum. A que não compensou irá agravar ou atenuar
em 1/6.
IMPORTANTE!!! PROVA!!!!
Hipótese 5) Agravante/atenuante preponderante versus duas não preponderantes:
93
Emerj CPIII-A Direito Penal
Pode ser, ainda, que o exame do caso concreto mostre que as duas
circunstâncias não preponderantes são muito relevantes, não são relevantes
pelo número, mas em razão do caso concreto, podendo ser aplicadas em
detrimento da circunstância preponderante.
CAUSA DE ESPECIAL AUMENTO DE PENA. ART. 121, § 4º, PARTE FINAL, DO CP.
VÍTIMA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS AO TEMPO DO DELITO. RECONHECIMENTO
PELO TRIBUNAL POR FORÇA DE RECURSO DA ACUSAÇÃO. MAJORANTE DE NATUREZA
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE QUESITAÇÃO. AUSÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO
DA SOBERANIA DO JÚRI OU DA AMPLA DEFESA. COAÇÃO ILEGAL AUSENTE. 1. A
causa de aumento prevista no art. 121, § 4º, parte final, do CP é de natureza
estritamente objetiva, já que para a sua incidência basta o cotejo com o
documento público indicador da idade da vítima, e atinge necessariamente a todos
os sujeitos ativos, quando o homicídio for comprovadamente praticado contra
menor de 14 (quatorze) anos, encontrando-se, assim, dentro da competência do
Juiz-presidente, eis que adstrita à dosimetria da pena, pelo que desnecessária a
obrigatoriedade de sua quesitação aos jurados. 2. Não há constrangimento ilegal
quando o Tribunal, acolhendo o reclamo do órgão de acusação, elevou a
reprimenda dos pacientes por força do previsto no art. 121, § 4º, parte final, do
CP, uma vez que não fere o princípio da soberania dos veredictos, nem o da ampla
defesa, a sua aplicação no caso, por se tratar de circunstância objetiva que não
altera o tipo penal violado, relativa ao fato de ser a vítima menor de 14 (quatorze)
anos ao tempo do crime, comprovadamente demonstrada e que foi objeto da
denúncia, da pronúncia, do libelo-crime acusatório e da sustentação da acusação
em plenário. 3. Ordem denegada. HC 139577. HABEAS CORPUS 2009/0117947-8
95
Emerj CPIII-A Direito Penal
do preceito secundário, caso contrário, malgrado haja pena concreta dosada, sob
pena de as agravantes tornarem-se menos gravosas e as atenuantes menos
benéficas do que as meras circunstâncias judiciais da primeira etapa, o que
subverteria o sistema hierárquico da dosimetria trifásica. 10. A fração de 1/12
(um doze avos), resultante da preponderância da atenuante da menoridade
relativa dentro do concurso de circunstâncias na segunda etapa da dosimetria,
incidirá sobre o intervalo de pena em abstrato do crime de lesão corporal
gravíssima (6 anos), pois superior à pena-base fixada de 4 (quatro) anos e 3 (três)
meses. Nesse diapasão, o atenuação da penabase consiste em 6 (seis) meses,
culminado, pois, na pena intermediária de 3 (três) anos e 9 (nove) meses de
reclusão, que, diante da ausência de circunstâncias a serem valoradas na terceira
fase de dosimetria, torna-se definitiva”. (HC 325961/RJ, julgado em 18/8/2016)
Para o STJ poderia diluir a força da preponderante, logo a preponderante poderia ser
diluída passando a uma fração de 1/24.
Parte da doutrina defende que poderia até mesmo compensar uma com a outra.
96
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 5 – Prof. Paulo César Vieira de Carvalho
10/09/18
EMENTA: Dosimetria.
1) O processo trifásico de aplicação da pena: circunstâncias
judiciais, atenuantes e agravantes e causas de aumento e de
diminuição: critérios de aplicação da pena.
2) O concurso entre as circunstâncias atenuantes e
agravantes: controvérsias;
3) A pena de multa: critérios para sua fixação.
4) O concurso de crimes: Formas de cálculo da pena.
5) A dosimetria para o concurso de pessoas.
6) Questões controvertidas na jurisprudência e na doutrina.
Estudaremos na aula de hoje a 3 Fase da Dosimetria da Pena que trata das causas de
aumento e de diminuição da pena.
Aqui, é permitido ir além dos limites mínimo e máximo estabelecidos pelo legislador
no preceito secundário.
A terceira fase da dosimetria da pena tem como finalidade a fixação da pena definitiva.
Toma como ponto de partida a pena-intermediária da 2 fase, fazendo incidir sobre ela
as causas de aumento e de diminuição de pena.
Nas causas com quantum variável, o juiz deve motivar o porquê escolheu aquele
quantum de 1/3, 1/2, 2/3, portanto, tudo deve ser motivado na sentença, cada
escolha, e essa motivação deve seguir um critério racional.
As majorantes não devem ser confundidas com as qualificadoras, já que no caso das
qualificadoras a lei não estabelece um valor a incidir sobre determinada pena, mas sim
comina diretamente um pena autônoma, estabelecendo o mínimo e o máximo.
97
Emerj CPIII-A Direito Penal
A principal diferença consiste no fato de que as majorantes podem elevar a pena para
além do patamar máximo, bem como as minorantes podem reduzir a pena para áquem
do limite mínimo da pena cominada; enquanto que as agravantes e atenuantes, não
tem esse condão, devendo observar SEMPRE o patamar mínimo e máximo da pena
cominada na lei.
Juiz não pode elevar ou diminuir além do O juiz não está adstrito aos limites legais.
máximo e mínimo fixado em lei. Pode elevar ou diminuir a pena dos
limites legais.
98
Emerj CPIII-A Direito Penal
Vejamos abaixo como o magistrado deverá proceder em cada uma dessas hipóteses
Quando houver duas causas de aumento previstas na parte geral do CP, o juiz deverá
aplicar as duas, observando, o que a doutrina chama de JUROS SOBRE JUROS, ou seja,
o segundo aumento recai sobre a pena já aumentada.
Exemplo: Pena intermediária de 6 anos. Sobre ela incidirão duas causas de aumento
previstas na parte geral: uma majora de 1/3, a outra majora de 1/2.
A operação se resume:
Primeira Causa de Aumento: 1/3 de 6 anos = 2 anos (a pena vai para 8 anos)
Segunda Causa de Aumento: ½ de 8 anos = 4 anos.
Pena Definitiva: 8+ 4= 12 anos.
99
Emerj CPIII-A Direito Penal
Atenção! Em se tratando de pena de multa no concurso de crimes, elas serão aplicadas distinta
e integralmente, por força do art. 72 do CP, ou seja, sempre como se fosse um concurso
material. Multiplica-se o número de crimes pela quantidade de dias-multa.
Quando houver duas ou mais causas de aumento previstas na parte especial do CP, faz-
se necessário seguir a regra prevista no parágrafo único do art. 68.
Cálculo da pena
Art. 68 do CP: “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;
por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único: No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na
parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
O juiz, nesse caso, atento aos fins da pena, PODERÁ escolher entre:
100
Emerj CPIII-A Direito Penal
Hipótese 1) No caso do juiz optar por aplicar as duas causas de aumento de pena
previstas na Parte Especial do CP:
Exemplo: Homicídio – primeira fase juiz aplica 6 anos. Não houve agravante nem
atenuante. Terceira fase – duas causas de aumento: (i) de 1/3 até metade e (ii) de 1/6
até metade.
A operação se resume:
Na primeira causa de aumento o juiz optou pelo aumento máximo (1/2): 6 anos
+ 3 anos = 9 anos.
Na segunda causa de aumento o juiz optou também pelo aumento máximo
(1/2): a dúvida que fica é se esse aumento de ½ deverá incidir sobre 6 anos ou
sobre 9 anos.
No segundo aumento do exemplo acima, o juiz vai aplicar 1/2 sobre 9 anos ou 6
anos?
Hipótese 2) No caso do juiz optar por aplicar, apenas uma causa de aumento de
pena prevista na Parte Especial do CP, nesse caso, a que mais aumenta.
Exemplo: Crime contra a honra previsto no art. 141 do CP, em que no caso concreto
se verificaram 2 causas de aumento: (i) o crime praticado contra maior de 60 anos
(aumento de 1/3) e (ii) crime mediante paga (aumento da pena em dobro).
Disposições comuns
Art. 141 do CP: “As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
101
Emerj CPIII-A Direito Penal
Nesse caso, temos duas causas de aumento, ambas previstas na parte especial. Sendo
as duas aplicáveis ao caso concreto, o juiz pode preferir a que mais aumenta conforme
determinado pelo art. 68, parágrafo único, CP, ou seja, a que aumentou o dobro.
IMPORTANTE!!!!
O parágrafo único do art. 68 do CP somente se aplica se estivermos diante
de duas causas igualmente de aumento, duas causas da mesma natureza,
ambas previstas na parte especial; ou se estivermos diante de duas causas
de diminuição, ou seja, duas causas da mesma natureza, ambas previstas na
parte especial.
Se tivermos de um lado uma causa de aumento e de outro uma causa de
diminuição, ambas previstas na parte especial, não se aplica o art. 68,
parágrafo único, da mesma forma, não se aplica se houver de um lado uma
causa da parte geral e do outro lado uma causa da parte especial. Só se
aplica esse dispositivo se as duas causas forem da mesma natureza, as duas
de aumento ou as duas de diminuição, e ambas previstas na parte especial.
Quando houver uma causa de aumento prevista na parte geral do CP e a outra causa
de aumento prevista na parte especial do CP, deve o juiz aplicar as duas causas de
aumento, devendo o segundo aumento recair sobre a pena precedente aumentada.
Aqui não incide a regra do parágrafo único do art. 68 do CP, que exige ambas na parte
Especial.
Quando as causas de diminuição estiverem previstas na Parte Geral do CP, o juiz, sem
escolha, deve aplicar as duas causas, devendo a segunda diminuição recair sobre a
pena já diminuída.
Verifica-se, pois, que o juiz primeiro diminui a pena de ½. A segunda diminuição (1/2)
recai sobre a pena já diminuída (3 anos – ½). Não se aplica, nesse caso, o Princípio da
Incidência Isolada (segunda diminuição recai sobre a pena precedente, e não sobre a
pena diminuída), pois resultaria no risco de pena zero, como se nota da operação: 6
anos – ½ = 3 anos – ½ de 6 anos (3 anos) = ZERO ( 6 -3 -3).
TENTATIVA (art. 14, II, par. único do CP): quando o crime não se consumar por
circunstâncias alheias à vontade do agente, aplica-se a pena do crime
consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Quanto mais distante da consumação ficar
o agente, maior deve ser a diminuição da pena e vice-versa. Verifica-se, pois,
que o critério na tentativa deve ser a proximidade da consumação.
Quando houver duas ou mais causas de diminuição previstas na parte especial do CP,
faz-se necessário seguir a regra prevista no parágrafo único do art. 68.
Cálculo da pena
Art. 68 do CP: “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;
por último, as causas de diminuição e de aumento.
103
Emerj CPIII-A Direito Penal
O juiz, nesse caso, atento aos fins da pena, poderá escolher entre:
(i) Aplicar as duas penas, devendo a segunda diminuição recair sobre a pena já
diminuída; ou
(ii) Aplicar apenas uma pena, nesse caso a que mais diminui.
Quando houver uma causa de diminuição prevista na parte geral do CP e a outra causa
de diminuição prevista na parte especial do CP, deve o juiz aplicar as duas causas de
diminuição, devendo a segunda diminuição recair sobre a pena já diminuída.
Aqui não incide a regra do parágrafo único do art. 68 do CP, que exige ambas na Parte
Especial.
Por fim, passemos à análise da hipótese de concurso entre uma majorante e uma
minorante.
Quando o juiz se deparar com uma causa de aumento concorrendo com uma causa de
diminuição (não importando em qual parte do CP estão posicionadas), deve aplicar as
duas causas, observando, na operação, o Princípio da Incidência Cumulativa.
Exemplo: pena-base de 1 ano. Depois, por conta de uma agravante essa pena foi para
1 ano e 2 meses. Na terceira fase tem uma causa de diminuição de ½ e uma causa de
aumento de 1/3. Com isso, deve se diminuir 1/2 de 1 ano e 2 meses e, em cima do
resultado obtido vai aumentar 1/3.
Depois que terminar a análise das agravantes e atenuantes e entrar na 3ª fase, nessa
nova fase só vai considerar causas de aumento e diminuição, e o juiz é obrigado a
aplicar todas. Não existe preponderância e compensação, e o resultado é em cima
daquela imediatamente antecedente, método cumulado.
Na verdade, se usar um critério matemático, a ordem de utilização das causas não vai
mudar o resultado, pelo princípio comutativo, o resultado será o mesmo.
104
Emerj CPIII-A Direito Penal
Isso porque o CP é claro ao dizer que devem ser aplicadas essas causas ao crime mais
grave, e essa percepção só se tem depois que se considera todas as causas de aumento
e diminuição aplicáveis a cada um dos crimes. Essas devem vir por último sempre, se
não for colocado por último gera nulidade da sentença.
A ordem é que temos um crime da parte especial ao qual são aplicadas causas da parte
geral, então primeiro o juiz deve esgotar todas as causas da parte especial, para depois
usar as da parte geral.
Essa ordem visa evitar a nulidade aventada, já que necessariamente serão usados o
concurso formal e o crime continuado por último, pois estes são causas de aumento da
parte geral.
Exemplo: art. 157, par. 2, II c/c art. 14, II do CP. Temos a causa de aumento do
concurso de pessoas (parte especial) e a causa de diminuição da tentativa (parte
geral). Logo, deve calcular primeiro a causa de aumento da parte especial e depois é
que se vai para a causa de diminuição da parte geral, observando-se, assim, a ordem
estabelecida pela jurisprudência.
É muito importante ter em mente duas coisas: (i) todas as causas de aumento e
diminuição devem ser aplicadas, (ii) duas devem ficar por último, que são o concurso
formal e o crime continuado.
105
Emerj CPIII-A Direito Penal
Uma cadeia delitiva de estelionatos previdenciários (art. 171, §3º), e alguns deles estão
acoplados ao crime de falsidade ideológica, ou ao crime de falsificação de documento
particular.
Como aplicar a pena nesse caso? Um aumento depois do outro ao final, aplica-se
primeiro o aumento do art. 70 e depois do art. 71, por exemplo, no final?
O juiz, no exemplo dado, vai pegar o crime de estelionato e aplicar a pena dele toda,
e no final NÃO vai aplicar o aumento do art. 70 pelo concurso formal com os crimes de
falso, vai aplicar só o aumento do art. 71. Isso porque o aumento do art. 71 é maior,
é de 1/6 até 2/3, enquanto o aumento do art. 70 é 1/6 a 1/2.
Assim, deve o juiz aplicar apenas o aumento do art. 71, mas, para os crimes de falso
cometidos em concurso formal não ficarem impunes, o juiz deve contá-los na
quantidade de crimes para aplicar um aumento maior do art. 71 (por exemplo, 4 crimes
de estelionato e 2 crimes de falso, o juiz conta os 6 crimes e aplica o aumento maior
do que aplicaria se considerasse apenas os 4 crimes de estelionato).
106
Emerj CPIII-A Direito Penal
No entanto, a jurisprudência do STJ passou a entender que não é mais possível fazer
isso, nos termos da Súmula 443 do STJ:
Esse raciocínio irá valer para todas as causas de aumento de pena, em todas elas, se
houver vários incisos aplicáveis, nunca use o número de incisos como critério para um
aumento maior, o STJ não admite isso. Faz-se necessário fazer uma fundamentação
concreta justificando o aumento e não apenas a quantidade de incisos.
Exemplo: Bandidos roubaram, com emprego de arma de fogo, uma vítima que ficou 8
horas no carro com os meliantes. Aqui verificam-se 3 hipóteses de uma mesma causa
de aumento (incisos I, II e V do par. 2 do art. 157 do CP) . CUIDADO!!!! Não pode
aumentar a fração da causa de aumento fundamentando que tem 3 incisos do art. 157,
par. 2 do CP. Contudo, pode aumentar a fração sob o fundamento de que a vítima ficou
privada de liberdade por 8 horas, o que seria algo acima de razoável e normal. Ou seja,
há uma qualidade especial da causa de aumento, então, nesse caso, poderá ajustar a
fração para mais. O ajuste da fração se deu em razão da qualidade especial da causa
de aumento, e não em razão da quantidade de causas de aumento.
Regra geral não, regra geral é a utilização da Súmula 443, fazer uma fundamentação
concreta para permitir um aumento em maior grau.
107
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo: se um roubo foi cometido com (i) emprego de arma (aumento de 1/3 até
1/2) e (ii) restrição da liberdade da vítima (aumento de 1/3 até 1/2), ambas causas de
aumento da parte especial do CP (previstas no art. 157, par. 2, I e V), é possível ao
juiz considerar a causa (ii) na primeira fase de aplicação da pena (pode considerar
como “circunstância/consequência do crime”), o que gerará um aumento de 1/8 da
pena-base, para ao final promover o aumento da terceira fase pela incidência da
majorante do emprego de arma de fogo. [Algumas decisões do STJ são nesse sentido]
IMPORTANTE!!!!
Corte do STJ entende que o HC não é instrumento hábil para rever a dosimetria da
pena realizada pelas instâncias ordinárias, salvo em casos de manifesta violação
dos direitos dos arts. 59 e 68 (ilegalidade), quando houver falta ou evidente
deficiência de fundamentação, ou ainda quando houver erro de técnica. Nesses
três casos EXCEPCIONAIS, o HC poderá ter como objeto a revisão da dosimetria da
pena;
Entende Nucci que a revisão criminal não presta para rever a pena imposta, uma
vez que a interpretação dos requisitos do art. 59 do CP e dos demais fatores de
fixação da pena não configura erro judiciário, salvo quando há flagrante erro
material na sua aplicação ou afronta a texto expresso de lei penal
PENA DE MULTA:
A maioria dos Estados não tem fundo penitenciário próprio. Se tiver pode ser destinado
ao Fundo Penitenciário Estadual.
108
Emerj CPIII-A Direito Penal
Tendo em vista que a multa é espécie de pena, deve respeitar os princípios da reserva
legal e da anterioridade, ou seja, é necessária a sua cominação por lei em sentido
formal e material, vigente anteriormente à prática do fato típico cuja punição se
pretende.
Pode também ser aplicada como PENA ALTERNATIVA. Com a nova redação do § 2º do
art. 44, a multa poderá substituir a pena aplicada desde que a condenação seja igual
ou inferior a um ano. Antes (art. 60, § 2º), atingia penas de até 6 meses.
Se a pena privativa for superior a um ano, pode ser substituída por uma pena restritiva
de direitos e multa, ou por duas restritivas de direitos.
Há quem entenda, contudo, que o art. 60, § 2º, ainda tem aplicação. Este estabelece
que a multa poderá substituir a pena cuja condenação seja igual ou inferior a 6 meses.
Isso seria aplicável nos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça com
pena inferior ou igual a 6 meses. Este é o entendimento de René Ariel DOTTI. Em outro
sentido, aguns doutrinadores defendem a revogação do art. 60, § 2º [confirmar prof].
O Brasil adota o sistema do dia-multa. Os tipos penais não indicam o valor da multa.
Apenas preveem a pena de multa e dão elementos para o juiz calcular.
Nada impede que leis especiais adotem outros critérios. Ex. lei de licitações.
Porcentagem sobre a vantagem auferida.
A fixação de dias-multa permite que a aplicação da multa seja sempre atual – correção
monetária desde a data em que foi praticada a infração penal. Foram revogadas
quaisquer referências a valores de multas, de modo se forem encontrados valores
correspondentes à pena de multa, devemos desconsiderá-los e entendê-los,
simplesmente, como referência à pena de multa, que será calculada de acordo com o
sistema de dias-multa.
Adotamos o critério bifásico, em que primeiro o juiz decide a quantidade de dias (art
68 do CP) e depois o valor do dia multa (art. 49 a 60 do CP).
109
Emerj CPIII-A Direito Penal
2ª FASE: Calcula-se o valor de cada dia-multa = não pode ser inferior a 1/30 o
valor do salário mínimo nem maior que 5x o valor do salário mínimo. Esse valor
varia de acordo com a situação econômica do réu (o interrogatório vai informar
ao juiz essa situação).
Pode um primário (influencia na 1ª fase) e rico (influencia na 2ª fase) ter uma multa
maior que um reincidente e pobre?
Sim!!!! É o caso do réu que é rico e primário – 10 dias e o valor de 5x o salário mínimo.
Assim, réu pobre e réu rico que tenham cometido a mesma conduta, de reprovabilidade
equivalente, vão receber em princípio a mesma quantidade de dias-multa como
resposta, porém o valor de dias-multa vai variar do réu pobre para o réu rico.
110
Emerj CPIII-A Direito Penal
Multa
Art. 49 do CP: A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10
(dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior
a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de
correção monetária.
Se a multa for aplicada no máximo legal, mas ainda assim o juiz considera-la
ineficaz dada a riqueza do réu, poderá o juiz aumentar a multa?
SIM!!! Quando a multa é aplicada no máximo legal, mas mesmo assim se revela
insuficiente, em razão da situação econômica do réu, o CP autoriza o juiz a aumentar
a multa até o TRIPLO (3x). E se mesmo assim ela continuar insuficiente? Não dá para
fazer mais nada. Falta previsão legal.
111
Emerj CPIII-A Direito Penal
OBS.1: Há algumas leis mais modernas que permitem o AUMENTO ATÉ O DÉCUPLO
(10X):
OBS.2: Se nos juizados especiais criminais a pena de multa é a única aplicável, o juiz
pode reduzi-la pela metade se o caso concreto recomendar.
CORRENTE 1) A Defensoria entende que não deve ser cobrada a multa se o valor for
irrisório. O Estado não tem interesse em movimentar a máquina para cobrar esse valor.
CORRENTE 2) Corrente MAJORITÁRIA (MP e outros) defende que, por menor que seja o
valor da multa, ela tem que ser cobrada, pois tem natureza jurídica de pena, sendo
inderrogável e imperativa.
PAGAMENTO DA MULTA:
A multa deve ser voluntariamente paga no prazo de DEZ DIAS após o trânsito em julgado
da condenação.
Em primeiro lugar, logo após o trânsito em julgado, o juiz da execução deve promover
a liquidação dessa multa. Depois disso intima o condenado para pagar no prazo de dez
dias.
Atenção!!! Os centavos da multa não são computados. As frações de real não são
contadas. Na pena privativa de liberdade as frações de dias também são desprezadas.
112
Emerj CPIII-A Direito Penal
permite esse desconto quando tiver sido também imposta pena privativa de liberdade
não suspensa.
A ausência de pagamento não pode mais levar à conversão da pena de multa para a
privativa de liberdade. A lei 9268/96 modificou o art. 51 do CP.
Ela não pode ser convertida em prisão, devendo ser executada como dívida de valor.
Quando a multa não é paga e se torna dívida de valor, ela perde o caráter de pena?
CORRENTE 1) STJ tem algumas decisões isoladas que afirmam que quando a multa não
é paga, ela perde o caráter de pena.
CORRENTE 2) Prevalece a posição MAJORITÁRIA que a multa não paga continua tendo
a natureza de caráter de pena, pois é a própria CF quem chama a multa de pena, não
podendo o CP alterar essa natureza jurídica. Até porque ela não pode ultrapassar a
pessoa do condenado. Se não fosse pena poderia.
MAJORITÁRIA – STJ - A multa não perdeu sua natureza de sanção penal, e como tal
deve ser tratada. O fato de ter sido considerada dívida de valor apenas ressaltou sua
natureza pecuniária, nada mais.
O juiz extrai certidão para que o valor seja inscrito em dívida ativa. Essa multa será
cobrada pela Fazenda Pública nas varas de execuções fiscais. Se não tiver – Vara da
Fazenda Pública. É a posição do STJ. A multa não é executada pelo MP na vara das
execuções penais.
Com o trânsito em julgado, o juízo da Vara das Execuções Penais intima o condenado
para efetuar, em 10 dias, o pagamento da pena de multa. Decorrido o prazo sem
113
Emerj CPIII-A Direito Penal
Súmula 693 consagra o entendimento de que a multa não pode ser convertida em
prisão, já que não cabe HC para discutir pena de multa. Não há ameaça à locomoção.
Súmula 693 do STF: “Não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a pena
de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.”
Art. 44, § 2 do CP: “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode
ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano,
a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.”
Assim, se o sujeito é condenado a pena até 1 ano, essa pena pode ser substituída por
multa apenas.
Vamos imaginar que seja um furto em que o sujeito é condenado a 1 ano de reclusão
mais 10 dias-multa.
Pode se substituir essa pena privativa de liberdade de 1 ano aplicada por outra
multa? Por exemplo, substituir 1 ano de reclusão por 10 dias-multa, totalizando 20
dias-multa com os outros 10 dias-multa já aplicados. Pode fazer isso?
Regra geral, sim pode fazer isso!! Exceção: só não pode fazer se esse crime é previsto
na legislação extravagante.
114
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não há uma razão plausível para essa súmula. Em princípio, se for um crime do CP
pode, mas se for da legislação extravagante não pode, porque essa súmula nasceu para
tratar sobre um grupo de casos que envolvia o uso de substâncias entorpecentes que
naquela época ainda recebia como resposta a pena privativa de liberdade mais multa.
Assim, para evitar que o usuário de drogas preso recebesse como resposta apenas
multa, naquela época a jurisprudência era muito conservadora e editou essa súmula,
sob o argumento de que se o legislador especial cominou pena privativa de liberdade
é porque ele quis a privativa de liberdade e não apenas multa.
Esse argumento valeria também para a parte especial do CP, não fazendo sentido
distinguir, mas a súmula diz que vale apenas para a legislação extravagante. Portanto,
o argumento não convence, mas a súmula continua válida e deve ser seguida em
concurso.
Esse raciocínio de SUBSTITUIR a pena privativa de liberdade por outra multa e somar
vale para o CP, mas não vale para a legislação extravagante.
IMPORTANTE!!!
O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da punibilidade mesmo que
já tenha sido cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direito?
NÃO. Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa,
cumprida a primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha
substituído), o inadimplemento da sanção pecuniária não obsta o reconhecimento da
extinção da punibilidade.
Isso porque a pena de multa é considerada dívida de valor, de modo que sua execução
é de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública (Súmula 521-STJ).
115
Emerj CPIII-A Direito Penal
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com a mudança feita pela Lei n.
9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece
sendo uma pena. A única coisa que essa Lei fez foi mudar a forma de cobrança da
multa não paga: antes, ela virava pena de detenção; agora, deve ser cobrada por meio
de execução fiscal.
A pena de multa é executada pela Fazenda Pública, por meio de execução fiscal que
tramita na vara de execuções fiscais. O rito a ser aplicado é o da Lei n. 6.830/80. Não
se aplica a Lei n. 7.210/84 (LEP).
A execução da pena de multa ocorre como se estivesse sendo cobrada uma multa
tributária. Um dos Procuradores do Estado irá ajuizar, em nome do Estado, uma
execução fiscal que tramitará na vara de execuções fiscais (não é na vara de execuções
penais).
OBS.: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a
execução seria a União, por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).
O Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória que vise
garantir o pagamento da multa?
Em que pese o MP não ter legitimidade para cobrar a pena da multa, ele poderá sim
promover MEDIDA ASSECURATÓRIA que vise à garantia do pagamento de multa imposta
por sentença penal.
É certo que, com a edição da Lei 9.268/1996, que deu nova redação ao art. 51 do CP,
a legitimidade para a cobrança da pena de multa passou a ser da Fazenda Pública. No
entanto, a pena de multa continua tendo natureza jurídica de sanção penal e, no caso
em tela, não se está discutindo a legitimidade do MP para cobrança de pena de multa,
mas sim para promover medida assecuratória, providência que está assegurada pelo
116
Emerj CPIII-A Direito Penal
art. 142 do CPP e pela própria CF/88, quando esta prevê que o MP é titular da ação
penal.
Concurso material
Art. 69 do CP: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Concurso Formal:
Art. 70 do CP: “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art.
69 deste Código.
117
Emerj CPIII-A Direito Penal
Crime continuado
Art. 71 do CP: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.
Parágrafo único: Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Em CONCURSO MATERIAL não há maiores controvérsias, pois já seria feito o que o art.
72 CP determina, aplica-se a pena de cada crime e depois somaria.
Se fosse usada a regra da exasperação para a multa, deveria pegar a pena de multa do
crime mais grave e exasperaria de 1/6 a 1/2. O art. 72, no entanto, diz que isso não é
possível, que para a multa deve se considerar a pena de multa de cada crime e somar.
118
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em relação a aplicação da pena de multa nos crimes da Lei Maria da Penha destacam-
se os seguintes itens:
A Lei Maria da Penha veda, em seu art. 17, que a pena seja substituída
por penas de cestas básicas ou outras pecuniárias, bem como obsta a
aplicação da Lei 9099/95.
Sim, é possível!!! Isso porque a suspensão condicional da pena está prevista no Código
Penal, sendo seus requisitos perfeitamente condizentes com a Lei Maria da Pena,
podendo assim ser aplicada.
Exemplo: Réu primário, condenado em 03 meses por lesão leve. Nesse caso, não é
cabível substituição por pena restritiva de direito, em razão de o crime ter sido
cometido com violência, nos termos da Súmula 588 do STJ. Dessa forma, como a pena
é inferior a 02 anos e não existe qualquer óbice legal, é perfeitamente possível a
suspensão condicional da penal, vide art. 77, do CP.
119
Emerj CPIII-A Direito Penal
Para o crime tipificado pelo art. 28, o juiz fixará a multa, em quantidade nunca inferior
a 40 nem superior a 100 dias-multa, segundo a capacidade econômica do agente,
atribuindo a cada dia-multa o valor de 1/30 até três vezes o valor do salário mínimo,
na forma do art. 29 da Lei de Drogas.
120
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em uma sentença, depois que aplica a pena, o juiz é obrigado a fixar o regime inicial
de cumprimento de pena, mesmo que vá substituir a pena, porque pode ser que a
substituição seja revogada na fase de execução da pena. Assim, é necessário fixar o
regime mesmo que se vá substituir a pena ou aplicar o sursis.
Regra geral para aplicação do regime inicial de cumprimento de pena: art. 33 CP.
Reclusão e detenção
Art. 33 do CP: “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima
ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2 - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3 - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
§ 4 - O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de
regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
121
Emerj CPIII-A Direito Penal
Essa tabela vale para a reclusão. Portanto, se a pena é de reclusão ela pode variar do
aberto para o semiaberto e para o fechado, mas se a pena é de detenção, ela só tem
regimes aberto e semiaberto.
A tabela do art. 33 será sempre o ponto de partida do juiz na hora de fixar o regime,
mas ela pode ser mitigada, relativizada, usando o art. 59 do CP, e quem determina
isso é o próprio art. 33 no §3º:
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.
No art. 59 do CP vemos que nele também está previsto expressamente que aquelas
circunstâncias também servem para fixar o regime.
Assim, devemos partir da tabela do art. 33, e podemos fugir da tabela motivadamente
usando uma motivação concreta, para usar um regime diferente, tendo por base o art.
59 e suas circunstâncias.
122
Emerj CPIII-A Direito Penal
uma motivação concreta que utilize os critérios do art. 59 para adequar o regime ao
caso concreto.
Para relativizar a regra do regime, o juiz deverá fazer uma motivação concreta, usando
as circunstâncias do art. 59, o contexto do cometimento do crime, as especificidades
daquela organização criminosa, a importância do papel do réu, para dizer que para
ele, naquele caso, iniciar no regime aberto era pouco, ele tinha que iniciar no regime
fechado. Com isso, é possível fugir da tabela, desde que se faça uma motivação
concreta usando o art. 59.
REGIME FECHADO:
As penitenciárias não se confundem com cadeias públicas, estas destinadas aos presos
provisórios, na forma do art. 102 da LEP.
Quais as hipóteses em que o regime fechado poderá ser fixado desde o início da
pena?
123
Emerj CPIII-A Direito Penal
Crimes hediondos, qualquer que seja a pena (art. 2º, §1º, Lei 8.072/90),
devendo esta ser cumprida em regime inicialmente fechado, sendo isto
estendido aos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Destaca-
se aqui que o regime inicial fechado nesse caso não é mais obrigatório, ou seja,
o juiz poderá determiná-lo, mas desde que o faça de forma fundamentada.
124
Emerj CPIII-A Direito Penal
O preso que trabalha não está sujeito ao regime de CLT, mas será remunerado, com
as garantias da previdência social.
125
Emerj CPIII-A Direito Penal
(i) Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;
(ii) Recolhimento em cela individual;
(iii) Visitas semanais de duas pessoas com duração de 2h;
(iv) Direito de saída da cela para banho de sol por 2h diárias.
O RDD aplica-se aos presos, provisórios ou condenados, que praticarem fato previsto
como crime doloso, que apresentem alto risco para a ordem e segurança do
estabelecimento penal e da sociedade, que estiverem envolvidos em organizações ou
associações criminosas.
O RDD somente poderá ser decretado pelo juiz da execução penal, a requerimento do
diretor do estabelecimento penal ou outra autoridade administrativa, ouvido o MP e a
defesa. Muitos questionam a constitucionalidade do RDD.
REGIME SEMIABERTO:
Não há previsão para isolamento durante o período noturno. Admite-se, mesmo que
fora do estabelecimento prisional, a frequência a cursos supletivos profissionalizantes,
de instrução de segundo grau ou superior.
Quais as hipóteses em que o regime semiaberto poderá ser fixado como regime
inicial?
Condenados à pena de detenção, qualquer que seja seu montante (art. 33,
caput, do CP);
Condenados à pena de reclusão que não ultrapassem 8 anos, desde que não
sejam reincidentes (art. 33, §2º, b, do CP) (para os reincidentes, a lei reservou
o regime fechado, com a ressalva da Súmula 269 do STJ);
É possível também atingir o regime semiaberto através da progressão criminal
do regime fechado, conforme art. 33, §2º, caput, do CP.
126
Emerj CPIII-A Direito Penal
Por fim, cumpre destacar que a oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (art.
112, §1º-A, da LEP) também são requisitos para a progressão de regime.
REGIME ABERTO:
O cumprimento da pena deve se dar em Casa de Albergado, prédio que deverá se situar
em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, caracterizando-se pela
ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa de Albergado. A legislação prevê ainda
duas outras possibilidades para o cumprimento do regime aberto:
Não há previsão para remição da pena pelo trabalho, uma vez que só poderá ingressar
nesse regime quem comprove estar trabalhando ou a possibilidade de fazê-lo
imediatamente, salvo nas hipóteses do art. 117 da LEP;
127
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em quais hipóteses o juiz deverá fixar o regime aberto como regime inicial?
A gravidade do crime não é motivo para estabelecer o regime fechado. O regime inicial
deve ser fixado com base no art. 33 e no art. 59, atendendo o disposto no §3º do art.
33 do Código Penal.
Atenção: Pena mínima e regime. Fixada a pena no mínimo legal, não há razão para
estabelecer regime mais severo. Em situações excepcionais, pode-se admitir a pena no
mínimo e um regime mais rigoroso.
128
Emerj CPIII-A Direito Penal
Vale ressaltar a regra contida no art. 111 da Lei de Execução Penal que diz que: quando
houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos
distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma
ou unificação das penas, observada a detração ou remição.
Atenção: O instituto da detração, previsto pelo art. 42 do CP, deve ser observado no
instante em que o julgador proferir a sentença condenatória (art. 387, §2º, do CPP).
Nos crimes regulados pela Lei de Lavagem de Capitais (Lei 9.613/98), admite-se que o
julgador determine regime mais favorável (semi-aberto ou aberto) àquele que
proceder à delação premiada (art. 1º, §5º).
PROGRESSÃO DE REGIME:
A progressão de regime, prevista no art. 33, §2º, do CP, deve atender a dois requisitos
básicos:
O art. 112 da LEP dispõe ser permitida a progressão àquele que cumpriu ao menos 1/6
da pena no regime anterior e que tenha bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento. A decisão do juízo da execução deve ser motivada e
precedida de manifestação do MP e do defensor (art. 112, §1º, LEP).
Entende Rogério Greco que a segunda progressão de regime deve ter por base o tempo
de pena restante a cumprir, deduzido o tempo que levou para obter a primeira
progressão.
129
Emerj CPIII-A Direito Penal
A nova redação do art. 112 da LEP deixou de exigir a submissão do condenado ao exame
criminológico, anteriormente imprescindível para a progressão e livramento
condicional.
Não!!! O trânsito em julgado não é exigido para a progressão, na forma da Súmula 716
do STF.
Não é possivel progressão per saltum. A ideia do código é que o condenado vá tendo
aos poucos um acréscimo de responsabilidade, que passe a se confiar nele aos poucos,
não fazendo sentido uma progressão per saltum.
A progressão não poderá ser realizada por saltos, ou seja, deve-se sempre obedecer
ao regime legal imediatamente seguinte ao que o condenado vem cumprindo sua pena.
130
Emerj CPIII-A Direito Penal
A REGRESSÃO está prevista no art. 118 da LEP. Se o condenado cometer uma falta
grave, pode regredir de regime. A regressão pode ser do regime aberto para o fechado,
sem passar pelo semiaberto.
Assim, a regressão de regime pode ser per saltum, mas a progressão de regime não.
131
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 6 - Prof. Ana Paula Vieira de Carvalho
11/09/18
INTRODUÇÃO:
É dentro desse espírito que a lei determina ao juiz sentenciante, depois de fixado o
regime inicial para o cumprimento da pena privativa de liberdade, verificar a
possibilidade de:
As penas restritivas de direitos são PENAS AUTÔNOMAS, o que significa que, para sua
aplicação, não haverá a necessidade da conjugação de nenhuma outra pena, ou seja,
são aplicadas de maneira isolada, exclusiva.
A Lei 9.714/98 realizou uma ampliação das penas restritivas de direito (arts. 43-49,
55, do CP) para contemplar a possibilidade da pena de prestação pecuniária e da pena
de perdimento de bens e valores.
Antes da reforma de 1984 do CP, as penas restritivas de direito só eram utilizadas para
crimes dolosos com pena inferior a 1 ano e aos crimes culposos, independentemente
da pena.
Atualmente, o patamar subiu para crimes dolosos com pena inferior a 4 anos e aos
crimes culposos, independentemente da pena.
Luiz Regis Prado afirma que as penas restritivas de direito privilegiam a chamada
prevenção especial, ou seja, aquela que diz respeito à pessoa do condenado. Tanto
que, para a substituição da PPL pela PRD, trabalha-se com a pena concretamente
aplicada, ou seja, individualizada na sentença penal condenatória, que se refere
àquele sujeito ativo naquele crime específico.
Autônoma, porque subsiste por si mesma, para efeito de execução, após a substituição.
Substitutiva, pois deriva da permuta que se faz após a aplicação, na sentença
condenatória, da pena privativa de liberdade.
Para a maioria da doutrina, a sanção alternativa deve ser compreendida como DIREITO
PUBLICO SUBJETIVO DO RÉU, de modo que, presentes as exigências legais, impõe-se
sua concessão.
“É possível tal substituição até mesmo para o tráfico de drogas, dada a declaração
de inconstitucionalidade do art. 33, §4º, da Lei 11.343/06” (STF, HC 97.256).
134
Emerj CPIII-A Direito Penal
Sim, conforme art. 180 da LEP. Este artigo só pode ser aplicado em caso de omissão
da sentença ou do acórdão.
Art. 180 da LEP: “A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que:
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;
III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão
recomendável.”
1. Multa: pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 ano pode ser substituída
por multa, na forma do art. 44, par. 2 do CP;
2. Prestação de serviços à comunidade;
3. Limitação de fim de semana;
4. Proibição do exercício de cargo ou função;
5. Proibição do exercício de profissão;
6. Suspensão da habilitação para dirigir veículo;
7. Prestação pecuniária em favor da vítima;
8. Perda de bens e valores;
9. Proibição de freqüentar determinados lugares;
10. Prestação de outra natureza; e
11. Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos ( art. 311-
A do CP).
Luis Flávio Gomes apontou o sistema penal brasileiro com a seguinte gradação:
A base constitucional das penas alternativas está prevista no art 5, XLVI da CF.
135
Emerj CPIII-A Direito Penal
Art. 5 da CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;”
Exemplo: João foi condeando a 2 anos de reclusão pela prática de crime de furto
qualificado pela fraude. Mostrando-se possível a sua substituição por restritiva de
direitos (da espécie limitação de final de semana), a pena alternativa terá a mesma
duração da privativa substituída (2 anos).
136
Emerj CPIII-A Direito Penal
CORRENTE 1) Parte da doutrina entende que o dispositivo só veda a violência real, logo
no caso de violência presumida pode aplicar a substituição.
CORRENTE 2) STJ, contudo, veda a subsitutição tanto nos crimes praticados com
violência real como nos crimes praticados com violência presumida. Tendo qualquer
espécies de violência (mesmo no caso do boa noite cinderela) não poderá aplicar a
substituição.
OBS: Atenção!!!! Não abrange a violência a coisa. Se tiver um crime de dano qualificado
com a violência a coisa, isso não impede a substituição da pena privativa de liberdade
em pena restritiva de direito.
Nos crimes culposos, qualquer que seja a pena (não importanto o delito
cometido) permite-se a substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos.
137
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo: concurso material de 3 crimes em que cada pena restou fixada em 2 anos,
perfazendo-se um total de 6 anos. Tendo em vista que a pena total, deu maior que 4
anos não será possível a substituição.
Sim é possível, mas vai depender do caso concreto. O STF vem reafirmando o seu
entendimento sobre a inconstitucionalidade de qualquer cláusula legal que veda,
apenas com base na gravidade em abstrato do crime, de benefícios penais (restritivas
de direito por exemplo) ou processuais (liberdade provisória). Nesses casos, o STF alega
um abuso de poder de legislar por parte do Congresso Nacional que, na verdade,
culmina por substituir-se ao próprio magistrado no desempenho da atividade
jurisidicional.
Exemplo: mulas de tráfico. Se não houver violência a pessoa e a pena ficar em ate 4
anos, é possível substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direito no
caso de um crime hediondo.
138
Emerj CPIII-A Direito Penal
De acordo com Cezar Bitencourt: “seria um contra-senso uma lei nova, com o objetivo
nitidamente descarcerizador, que amplia a aplicação de penas alternativas à pena
privativa de liberdade, por equívoco interpretativo obrigar a aplicação da pena
privativa de liberdade às infrações de menor potencial ofensivo.”
Esse raciocínio, contudo, não se aplica quando se esta diante de violência contra
mulher. Isso porque a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), no seu art. 41,
expressamente vedou a aplicação da Lei 9099.
IMPORTANTE!!!!
Art. 17 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha): É vedada a aplicação, nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras
de prestação pecuniária, bem como a substituição da pena que implique o
pagamento isolado de multa.
Tendo em vista a discussão acima mencionada o STJ editou a Súmula 588 de forma a
pacificar o entendimento:
139
Emerj CPIII-A Direito Penal
Hoje, portanto, não há nenhum óbice a que seja dado tratamento igualitário a
nacionais e estrangeiros, inclusive, em relação a substituição de pena, sendo
perfeitamente possível aplicar no caso de réu estrangeiro.
Se superior a 1 ano, o juiz deve optar entre substituí-la por uma pena
restritiva de direito e multa ou por duas restritivas de direitos.
Em síntese:
140
Emerj CPIII-A Direito Penal
Lei de Drogas, nos seus arts. 33, §4º e 44, veda a substituição da PPL pela PRD.
Tais artigos, contudo, foram considerados inconstitucionais incidenter tantum,
tendo o Senado, contudo, suspendido a execução dos dispositivos, com base
no art. 52, X, da CF, na Resolução 5/2012, em homenagem ao princípio da
individualização da pena. A análise da possibilidade de conversão da PPL pela
PRD fica, portanto, a cargo do magistrado.
Quando houver concurso material de crimes segundo o art. 69, §1º, do CP, e
um dos crimes for praticado com violência ou grave ameaça, não poderá haver
substituição.
Pessoa foi condenada por furto com pena de 1 ano e 10 dias-multa. Poderá o juiz
substituir a pena de 1 ano por 10 dias multa e o resultado final ser uma pena de 20
dias multa?
Sim!!! Pode fazer isso!! Exceção: só não vai poder fazer isso o esse crime estiver
previsto na legislação extravagante, em razão do disposto na Sumula 171 do STJ.
Não há uma razão plausível para essa súmula. Em princípio, se for um crime do CP
pode, mas se for da legislação extravagante não pode, porque essa súmula nasceu para
tratar sobre um grupo de casos que envolvia o uso de substâncias entorpecentes que
naquela época ainda recebia como resposta a pena privativa de liberdade mais multa.
Assim, para evitar que o usuário de drogas preso recebesse como resposta apenas
multa, naquela época a jurisprudência era muito conservadora e editou essa súmula,
sob o argumento de que se o legislador especial cominou pena privativa de liberdade
é porque ele quis a privativa de liberdade e não apenas multa.
Esse argumento valeria também para a parte especial do CP, não fazendo sentido
distinguir, mas a súmula diz que vale apenas para a legislação extravagante. Portanto,
o argumento não convence, mas a súmula continua válida e deve ser seguida em
concurso.
Esse raciocínio de SUBSTITUIR a pena privativa de liberdade por outra multa e somar
vale para o CP, mas não vale para a legislação extravagante.
Em que pese essa súmula ser muito criticada pela doutrina, ela ainda está em vigor e,
portanto, deve ser observada.
141
Emerj CPIII-A Direito Penal
142
Emerj CPIII-A Direito Penal
De acordo com Cléber Masson: “Em relação às penas restritivas de direitos de prestação
pecuniária e perda de bens e valores, em que não existe período de tempo de
cumprimento a ser abatido, afigura-se adequado descontar-se da pena privativa de
liberdade o percentual do pagamento já efeuado pelo condenado.”
143
Emerj CPIII-A Direito Penal
As vezes a condenação por outro crime é compatível com a pena restritiva de direitos
que já está sendo cumprida. Ex: sujeito é condenado em um regime aberto pelo novo
crime, dai é compatível, nesse caso diz-se que a CONVERSÃO É FACULTATIVA, ou seja,
há a possibilidade de cumprimento simultâneo da pena substitutiva anterior com a
nova pena.
Se, contudo, for condenado pelo novo crime em um regime fechado é incompatível,
nesse caso, o juiz terá que revogar a restritiva de direitos e, na sequencia, fazer a
unificação das penas. Aqui verifica-se hipótese de CONVERSÃO OBRIGATÓRIA, ou seja,
há uma impossibilidade de cumprimento simultâneo da pena substitutiva anterior com
a nova pena, devendo, o juiz obrigatoriamente revogar a pena restritiva de direitos.
Não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a
intimação por edital;
144
Emerj CPIII-A Direito Penal
Sempre que for pensar em uma revogação, por alguma razão, no curso da restritiva de
direitos, o juiz sempre tem que ouvir a defesa. Nunca o juiz pode, tomando ciência
do descumprimento, revogar a restritiva de direitos sem escutar a defesa, pois pode
ser que a defesa apresente uma justificativa (Ex: o sujeito que deixou de se apresentar
pois foi atropelado).
IMPORTANTE!!!
A conversão de pena restritiva de direitos em privativa de liberdade deve
obediência ao princípio constitucional do contraditório e ampla defesa (art. 5, LV
da CF), sob pena de nulidade da decisão. Assim, o juiz deverá SEMPRE ouvir a defesa
antes de realizar a conversão (revogação da pena restritiva de direitos)
OBSERVAÇÕES:
145
Emerj CPIII-A Direito Penal
A prestação pecuniária tem natureza penal, motivo pelo qual pode ser convertida em
pena privativa de liberdade.
Esta pena restritiva de direitos é autorizada pelo art 5, XLVI, “b” da CF e pelo art. 45,§
3 do CP, conforme seguem:
146
Emerj CPIII-A Direito Penal
b) perda de bens;”
É uma pena restritva de direitos de CARÁTER CONFISCATÓRIO LEGAL (art. 5º, XLVI, b),
pois retira bens e valores integrantes do PATRIMÔNIO LÍCITO DO CONDENADO,
transferindo-os ao Fundo Penitenciário Nacional. Com relação às drogas, a perda de
bens e valores se dá para o Fundo Nacional Anti-Drogas (FUNAD).
Seu valor terá como teto o montante do prejuízo causado ou do proveito obtido pelo
agente ou por terceiro em consequência da prática do crime (o que for maior).
Essa perda de bens e valores é diferente daquela determinada no art. 91, II, b, do CP.
Isso porque a pena de bens do art. 91 do CP é um efeito secundário da sentença, que
recai sobre o PATRIMÔNIO ILÍCITO do condenado (os instrumentos utilizados para a
prática do crime, o produto do delito e o valor auferido como proveito pela prática do
crime); enquanto a perda de bens do art. 45 do CP é a pena principal imposta ao
condenado, recaindo sobre seu PATRIMÔNIO LÍCITO.
Qual a diferença entre: (i) perda de bens como pena (“confisco-pena”) do art.45,
par. 3 do CP e (ii) confisco como efeito secundário da condenação do art. 91 do CP?
147
Emerj CPIII-A Direito Penal
Já no caso do “confisco efeitos da condenação” (art 91 do CP), por sua vez, atinge-se
o patrimônio ilícito do sujeito.
A é grande investidor da Bolsa. A comprou uma casa em Angra com fruto do seu
trabalho (tudo lícito). Anos depois “A” comete um ilícito e o juiz condena e
decreta a perda da casa de angra que foi comprada licitamente. A perda de
bens apreende o patrimônio lícito do acusado.
OBSERVAÇÃO: Art. 3, VI da Lei 8009 – não pode invocar bem de familia para pena de
perda de bens. Assim, a pena de perda de bens poderá atingir, inclusive, o bem de
família.
No caso de multa, por exemplo, se o sujeito morrer ela não pode ser executada contra
os sucessores, sob pena de violar o disposto no art. 5, XLV da CF.
148
Emerj CPIII-A Direito Penal
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido;
Para cada dia de condenação imposto na sentença, uma hora de serviço deverá ser
prestado. A duração máxima é a duração da pena privativa de liberdade que foi
substituída. A previsão hoje é de UMA HORA-TAREFA POR DIA DE CONDENAÇÃO, ou
seja, sete horas semanais. Essas tarefas devem ser fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho/estudo do condenado.
Exemplo:
149
Emerj CPIII-A Direito Penal
Vamos fazer uma distinção entre essa hipótese do art. 47, III do CP (crimes culposos)
com o art. 92, III do CP (crimes dolosos).
Essa pena do art. 47, III do CP somente é aplicável aos crimes culposos de trânsito.
Entretanto, há um tratamento específico para essas penas no CTB. Então a doutrina
majoritária entende que essa previsão do CP foi revogada.
A interdição do direito de dirigir hoje no nosso ordenamento jurídico pode se dar das
seguintes formas:
150
Emerj CPIII-A Direito Penal
Art. 47, I do CP: “Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
como mandato eletivo”
Diz respeito à VIDA PÚBLICA DO RÉU, pois se relaciona a emprego, cargo, atividade
pública, bem como a mandato eletivo. Aparentemente, pode-nos parecer que esta
pena somente se aplica aos crimes praticados contra a Administração Pública. No
entanto, isso não é razoável, pois se aplica também a crimes comuns, quando há
violação dos deveres funcionais do agente.
Exemplo: funcionário público que se vale de seu cargo para cometer estelionatos
(crime comum praticado com violação de dever funcional). O fato delituoso deve estar
relacionado ao exercício profissional (art. 56, CP).
Essa pena é aplicável tanto para o sujeito que ainda se encontra no exercício da função
pública como para o sujeito que, depois da prática do crime, voluntariamente deixou
a função pública.
151
Emerj CPIII-A Direito Penal
Diz respeito à VIDA PRIVADA DO RÉU. É uma profissão, atividade ou ofício privado, mas
que reclama uma autorização especial do Poder Público (ex: advogado – OAB, médico
– CRM).
O fato delituoso deve estar relacionado ao exercício profissional (art. 56, CP).
Art. 47, III do CP: A suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
Essa espécie de pena foi tacitamente revogada pelo CTB.
Este inciso III foi quase que totalmente revogado pelo Código de Trânsito Brasileiro.
O inciso III continua aplicável somente aos crimes culposos praticados com
ciclomotores, pois não enquadrados pelo CTB (art. 57 do CP). São veículos de duas ou
três rodas, com motorização máxima de 50 cilindradas e velocidade máxima de 50
km/h.
O legislador poderia ter delimitado a incidência dessa pena, pois muito genérica (ex:
proibição de voltar ao local de crime, de ir a casa/trabalho da vítima etc.).
Essa pena, no entanto, tem sido eficaz em relação aos crimes praticados em estádios
de futebol (ex: proibição de frequentar estádios de futebol, sendo obrigado a
comparecer à Delegacia no horário do jogo).
Tem que haver relação entre o lugar proibido de ser frequentado e o crime praticado.
Essa pena foi criada pela Lei 12.550/2011 (mesma lei que criou o crime de fraude em
concurso público – art. 311-A do CP).
#RECOLHIMENTO DOMICILIAR:
O art. 8 da Lei 9605 elenca o recolhimento domiciliar entre as penas
restritivas de direito. Assim, o recolhimento domiciliar poderá ser imposto
152
Emerj CPIII-A Direito Penal
QUESTÕES CONTROVERTIDAS:
Como é sabido, o STF admite a execução provisória das penas privativas de liberdade.
Art. 147 da LEP: “Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva
de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a
colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.”
O STJ dá uma interpretação literal ao art. 147 da LEP, quando na verdade deveria dar
uma interpretação sistemática. O STJ, na verdade, criou um monstrengo dentro do
sistema, dando uma interpetação literal ao dispositivo da LEP.
153
Emerj CPIII-A Direito Penal
O inconveniente disso é a prescrição. Essas penas são penas de 4 anos que prescrevem
em 8 anos. Vai prescrever tudo até o STJ julgar (até o transito em julgado). Essa
posição do STJ para a professora é equivocada.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
TÍCIO foi condenado a seis meses de detenção, substituída por prestação pecuniária,
pela prática do injusto do artigo 129, § 6º, do Código Penal. A sentença transitou
em julgado, sendo o acusado intimado para cumprir a pena restritiva de direito, o
que não veio a fazer. Tal fato levou o Juiz a revogar a medida, sendo expedido o
respectivo mandado de prisão. Agiu corretamente o Magistrado? Antes de
determinar a conversão, deveria o Juiz ouvir o acusado?
Resposta:
O juiz não pode revogar direto, deverá ouvir necessariamente a defesa antes de
revogar.
Questão 2)
CARLOS foi condenado pelas práticas de lesão corporal grave (art. 129, §2º, I, do
CP), à pena de 02 anos de reclusão, e furto simples (art. 155, do CP), às penas de
01 ano de reclusão e 10 D.M., em concurso material. Há possibilidade de fazer
incidir pena alternativa em qualquer das condenações? Qual o regime prisional a ser
fixado, considerando que CARLOS é primário, de bons antecedentes e menor de 21
anos? Fundamente.
Resposta:
Não cabe substituição para os crimes do caso em tela, pois, de acordo com o disposto
no art. 69, par. 1 do CP, a lesão corporal gravíssima é um crime praticado mediante
violência
O regime prisional só pode ser o regime aberto em razão do art. 33, par. 2, “c” do CP.
154
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 7 - Prof. Ana Paula Vieira de Carvalho
10/09/18
Os INCIDENTES DA EXECUÇÃO, por sua vez, são aqueles incidentes em que o juiz da
execução altera ou extingue o curso da execução penal.
Para Ada Pellegrini Grinover, as execuções penais dizem respeito ao Poder Executivo
e também ao Poder Judiciário e têm natureza complexa, abrangendo aspectos penais,
administrativos e processuais penais. Ela tem como finalidade operacionalizar as
normas de direito material, a própria sentença penal e a organização das instituições
prisionais.
Para outra parte da doutrina a execução penal tem natureza jurídica jurisdicional e
administrativa, com preponderância do aspecto jurisdicional.
155
Emerj CPIII-A Direito Penal
Jescheck diz que o princípio da humanidade das penas deve ser o princípio reitor da
pena privativa de liberdade, segundo o qual tal pena deve estar adstrita às hipóteses
em que outras sanções penais não sejam suficientes/cabíveis.
TRABALHO PRISIONAL:
Mais do que um DIREITO, a Lei de Execução Penal afirma que o condenado à pena
privativa de liberdade está OBRIGADO ao trabalho interno na medida de suas aptidões
e capacidade (art. 31). Seria, portanto, também, um DEVER SOCIAL, a exceção dos
presos provisórios (art. 31, p.ú) e dos presos políticos (art. 200) que não são obrigados
a trabalhar.
156
Emerj CPIII-A Direito Penal
Desde 1977, no Brasil, o trabalho do preso deve ser obrigatoriamente remunerado. Essa
remuneração não pode ser inferior a ¾ do valor do salário mínimo.
Como compatibilizar o art. 5º, XLVII, da CF que veda a pena de trabalhos forçados
com a obrigatoriedade do trabalho prisional do art. 31 da LEP?
Logo, em que pese o trabalho do preso ser considerado obrigatório, ele não é trabalho
forçado, pois visa proporcionar a própria dignidade do preso, sendo, inclusive, um
trabalho remunerado.
IMPORTANTE!!!
A Lei 12.433/2011 alterou o artigo 126 da LEP para possibilitar a remição pelo
estudo – freqüência a curso de ensino regular ou de educação profissional – nos
regimes semi-aberto, aberto, no livramento condicional e até mesmo na prisão
cautelar (art.126, §§6º e 7º). Para cada 12 horas de freqüência escolar, divididas
em no mínimo 3 dias, reduz-se 1 dia da pena.
Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido,
observado o disposto no art. 57 da LEP, recomeçando a contagem a partir da
data da infração disciplinar (art. 127 da LEP), recebido pela ordem
constitucional vigente conforme Súmula Vinculante 9.
157
Emerj CPIII-A Direito Penal
O tempo remido será computado como pena cumprida para todos os efeitos
(art. 128 da LEP).
Rogério Greco entende que, caso o Estado não viabilize o trabalho prisional,
poderá o juiz da execução conceder a remição aos condenados que não
puderam trabalhar. Em sentido oposto, aqueles que se recusarem, havendo o
trabalho prisional, não poderão obter certos benefícios, tal qual a progressão
de regime (LEP, art. 112) e o livramento condicional (CP, art. 83, III), por falta
do requisito subjetivo. [PEGAR PERISCOPE REMIÇÃO FICTA GABRIEL HABIB – STF
firmou entendimento de que não é possível a remição ficta caso o Estado não
viabilize o trabalho do preso]
DETRAÇÃO PENAL:
Qualquer prisão que exista antes da sentença penal condenatória será necessariamente
considerada cautelar (flagrante/temporária/preventiva) e deve ser abatida da prisão
privativa de liberdade na própria sentença condenatória.
O STF fala que não há a possibilidade dessa diferença ser estendida a outro processo.
Contudo, o condenado poderá pedir reparação cível em face do Estado pelo tempo que
ficou preso indevidamente.
Exemplo: Sujeito foi preso preventivamente em 1987 por crime de homicídio, vindo
posteriormente a ser absolvido. Na época, também estava sendo processado por delito
praticado em 1986 e veio a ser condenado. Nesse caso seria cabível a detração pois o
crime que vai se beneficiar da detração foi cometido antes do delito em decorrência
do qual o réu ficou preso provisoriamente.
158
Emerj CPIII-A Direito Penal
mas sim do prazo mínimo que o juiz impôs para realização do primeiro exame de
cessação de periculosidade (entre 1 e 3 anos).
A detração deve ser observada pelo magistrado na sentença para fixação do regime
inicial de cumprimento de pena, conforme art. 387, §2º, do CPP.
O Sursis impede que a pessoa coloque o pé na cadeia. A pessoa não é presa no sursis,
pois se suspende a execução. Ele foi idealizado para penas de até 2 anos. Só que em
1997, surgiu uma lei nova que alterou as leis restritivas de direito. Na época em que o
sursis foi idealizado se usava pena restritivas de direito para condenação ate 1 ano e
sursis em 2 anos. Em 97, passou-se a usar penas restritivas de direito para condenação
de até 4 anos, e com isso o sursis foi engolido, a sua importância prática acabou porque
agora para muitos crimes pode se usar pena restritiva de direito.
Um dos requisitos do SURSIS é que não seja cabível a substituição da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direito. Só sobrou para o sursis os crimes cometidos com
violência e agrave ameaça a pessoa, que são os crimes que não cabem no art. 44 do
CP. Ex: lesão grave, portanto, é cabível sursis. Crimes cometidos com violência ou
grave ameaça até 2 anos.
Há quem diga ser uma pena, mas, para Nucci, sua finalidade é justamente evitar a
aplicação de uma pena.
Há quem diga ser um benefício, só que o sursis também traz condições obrigatórias
restritivas da liberdade do réu.
Pena privativa de liberdade não superior a 2 anos (no sursis simples) ou não
superior a 4 anos (no sursis etário ou humanitário). No caso de concurso de
crimes considera-se a soma das penas; e
160
Emerj CPIII-A Direito Penal
Observação: O art. 16 da Lei 9605/98 estabelece que: “nos crimes previstos nesta Lei,
a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenações a pena
privativa de liberdade não superior a 3 anos”
Não ser o réu reincidente em crime doloso, salvo se na condenação anterior foi
aplicada somente multa (art. 77, I, par. 1); e
Tais condições podem ser legais, se previamente determinadas pela lei penal, como as
do art. 78, §2º, do CP, ou judiciais, se determinadas pelo juiz, devendo se adequar ao
fato bem como à situação pessoal do condenado (art. 79).
Atenção!!!! As condições não podem constituir em si mesmas penas não previstas para
a hipótese, implicar violação de direitos individuais de ordem constitucional do
condenado, depender de fatos estranhos ao sentenciado.
161
Emerj CPIII-A Direito Penal
O art. 78, §1º, do CP, ao tratar do sursis simples, estabelece que o juiz deve fixar, no
primeiro ano do prazo, a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de
semana.
Contudo, se o condenado tiver reparado o dano, salvo não poder fazê-lo, bem como as
circunstâncias do art. 59 lhe forem favoráveis, configurando o chamado SURSIS
ESPECIAL, as condições serão:
SURSIS ESPECIAL (art. 78, §2º): nesse caso, o agente será submetido às
condições do art. 78, §2º, cumulativamente: proibição de frequentar lugares e
de ausentar-se da comarca e obrigatoriedade de comparecimento pessoal em
juízo.
162
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em relação aos dois sursis (simples e especial), haverá um período de prova, que
durará de 2 a 4 anos. Nesse período de prova, estarão sendo observadas as condições
estabelecidas na lei ou estipuladas pelo juiz. Findo o período de prova, é
considerada extinta a pena, como se tivesse sido integralmente cumprida a pena.
OBS: O Sursis etário aplica-se ao maior de 70 anos condenado a pena que seja superior
a dois e não exceda a 4 anos de prisão. Se sua condenação não for superior a 2 anos, o
prazo do período de prova será o comum (2 a 4 anos).
O STJ já decidiu que não há qualquer ilegalidade da parte do julgador que determine
a prorrogação do período de prova com base no art. 81, §2º, do CP, mesmo depois de
decorrido completamente seu prazo, se ainda não foi declarada a extinção da pena
(REsp 1107269/MG).
163
Emerj CPIII-A Direito Penal
Art. 88, II: se, no curso do prazo, o beneficiário frustra, embora solvente, a
execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a
reparação do dano; → este inciso subdivide-se em duas hipóteses:
Art. 88, III: se, no curso do prazo, o beneficiário descumpre a condição do §1º
do art. 78 deste Código. → é o descumprimento no sursis simples da obrigação
de prestar serviços à comunidade ou de limitação de final de semana.
São duas as causas de revogação facultativa do sursis previstas no art. 81, §1º, do CP:
164
Emerj CPIII-A Direito Penal
Expirado o prazo do período de prova sem que tenha havido revogação do benefício,
será considerada EXTINTA A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE, conforme determina o art.
82 do CP.
A extinção deverá ser decretada nos autos pelo juízo das execuções, ouvido sempre o
MP (ampla atuação fiscalizadora).
Embora suspensa a prisão, os direitos políticos ficam suspensos enquanto não extinta
a punibilidade, na forma do art. 15, III da CF. (RMS 22470)
Sim, é possível. Pode ocorrer que o réu obtenha dois sursis ao mesmo tempo. Exemplo:
durante o período de prova o réu é condenado por crime culposo ou contravenção não
sendo revogado o sursis anterior (hipótese de revogação facultativa).
Existem vários institutos que servem para o sujeito não colocar o pé na cadeia, tais
como: (i) multa substitutiva; (ii) pena restritiva de direito; (iii) sursis; (iv) transação
penal e etc. O legislador criou esses mecanismos de forma a se evitar a prisão porque
a cadeia é altamente criminógena, por isso ela deve ser reservada a crimes muito
graves.
Se não conseguir aplicar nenhum dos institutos acima mencionados, ainda, assim, o
legislador se preocupou com esse sujeito e permitiu que se observados os requisitos
legais ele não precise cumprir toda a sua pena preso, podendo ser solto após o
cumprimento de 1/3 da pena.
É a etapa final do sistema progressivo de execução da pena. Isso porque o sujeito vai
para a rua, mas não significa que ele tenha que ter passado antes por todos os regimes
de execução. O sujeito poderá obter o livramento condicional mesmo que não tenha
passado pelos 3 regimes. O sujeito pode estar no regime semiaberto e conseguir o
livramento condicional, sem ter passado pelo regime aberto, por exemplo.
166
Emerj CPIII-A Direito Penal
CORRENTE 1) Corrente defendida por Damásio e René Dotti entende que o livramento
condicional tem natureza de medida de cunho repressivo, forma de cumprimento de
pena.
CORRENTE 2) Corrente defendida por Mirabete, Hungria e outros entende que é direito
público subjetivo do condenado.
(i) Ter sido condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
(ii) Ter cumprido no mínimo 1/3, ½, ou 3/5 da pena, a depender do caso;
(iii) Ter bom comportamento carcerário;
(iv) Ter reparado o dano causado; e
(v) Condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
(i) Pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos: o total das PPL tem que
ser superior a 2 anos, ainda que necessário somar a pena de diversas infrações
(art. 84 do CP).
Rogério Greco entende que o condenado que obteve pena próxima a 2 anos, mas
inferior, terá interesse recursal para pleitear junto ao Tribunal o aumento de sua
pena para que possa preencher o requisito objetivo do art. 83.
167
Emerj CPIII-A Direito Penal
a) Mais de 3/5 da pena no crime hediondo e mais de 1/3 da pena no crime de roubo.
b) Mais da metade da pena no crime hediondo e mais de 2/3 na pena do crime de
roubo.
c) Integralmente a pena do crime hediondo e mais de 2/3 da pena do crime de
roubo.
d) Integralmente a pena do crime hediondo e mais da metade da pena do crime de
roubo.
Resposta:
D – Caio é reincidente nos crimes de estupro e roubo, logo, de acordo com o art. 83,
deverá cumprir mais da metade da pena do crime de roubo e não poderá obter o
benefício em relação ao crime de estupro, pois a reincidência específica o impede.
A lei não trata dessa hipótese, ou seja, há uma lacuna na lei, logo não pode ser analogia
em mallam partem.
CORRENTE 1) Posição dominante do STJ entende que se o sujeito é primário com maus
antecedentes ele faz jus ao livramento após cumpridos 1/3 da pena privativa de
liberdade.
CORRENTE 2) Mirabete, René Dotti e Miguel Reale Jr. entendem que não faz jus ao
livramento condicional com 1/3 de pena cumprida.
CORRENTE 3) STF faz uma interpretação extensiva e defende que condenado primário
com maus antecedentes, faz jus ao livramento condicional após cumprida ½ da pena
privativa de liberdade.
168
Emerj CPIII-A Direito Penal
Tendo em vista que de tempos em tempos o rol de crimes hediondos muda, para se
configurar a reincidência específica ambos os crimes devem ser considerados
hediondos na data do seu cometimento.
Exemplo: crime foi cometido na data X e somente depois foi considerado hediondo. A
melhor doutrina sustenta que para se configurar a reincidência específica nesse caso,
o crime tem que ter sido cometido depois da lei nova mais grave. Se a lei que considera
o crime hediondo é posterior ao crime, não serve para caracterizar uma reincidência
especifica, sob pena de se violar o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais
grave.
Súmula 441 do STJ: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
livramento condicional.”
(iv) Tenha reparado o dano causado pela infração, salvo efetiva impossibilidade de
fazê-lo: a simples ausência de propositura de ação de indenização por parte da
vítima não supre a necessidade de o condenado comprovar que não reparou o
dano por absoluta impossibilidade de fazê-lo. Não tendo o condenado condições
de reparar o dano, deverá comprovar essa situação nos autos.
(v) Condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir –
se for condenado por crime doloso cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, é de bom alvitre a realização de exame criminológico, conforme Súmula
439 do STJ.
169
Emerj CPIII-A Direito Penal
Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para
a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução.”
O artigo 75 do Código Penal é claro ao dispor que "o tempo de cumprimento das
penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos", nada mais.
Exsurge daí o entedimento sedimentado na Súmula 715 do Supremo Tribunal
Federal, de que os benefícios da execução penal não podem ser calculados com
base na pena unificada, de 30 anos. Esse limite máximo visa impedir, obviamente,
a imposição de uma pena perpétua, ou seja, a pena que, embora sem essa
designação, deve ser assim considerada em razão da expectativa de vida do ser
humano. Exemplificando, a pena de 106 anos, aplicada no caso sub examine,
jamais seria cumprida, sabido que raramente alguém alcança essa idade. (...)
Filio-me à corrente que não considera a unificação das penas em 30 anos para a
concessão de benefícios, mantendo o entendimento consolidado na
Súmula 715 desta Corte. Outra interpretação conduziria a um tratamento igual
para situações desiguais, colocando no mesmo patamar pessoas condenadas a 30
anos e a cem ou mais anos de reclusão, por exemplo. Não haveria aí distribuição
de justiça, expressada em dar a cada um o que merece.
[RHC 103551, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 21-6-2011, DJE 163 de 25-8-2011.]
170
Emerj CPIII-A Direito Penal
Contudo, a nova redação do art. 112 da LEP, dada pela Lei 10.792/03, deixa para trás
a exigência da prévia oitiva do Conselho Penitenciário para progressão de regime, o
que deve ser estendido para a concessão do livramento condicional.
172
Emerj CPIII-A Direito Penal
liberdade: em relação aos efeitos vai depender se o crime foi praticado antes
ou durante o período de prova, conforme explicado acima.
CORRENTE 1) Corrente defendida por Miguel Reale, Bittencourt e René Dotti entende
que a condenação por contravenção a pena privativa de liberdade revoga sim o
livramento condicional, invocando-se como fundamento o art. 86 do CP.
Sim, é cabível!!! Na forma do art. 145 da Lei 7210/84: “Praticada pelo liberado outra
infração penal, o juiz poderá ordenar sua prisão ouvidos o Conselho Penitenciário e o
MP, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará
dependendo da decisão final.”
Tendo cumprido todo o período de prova, sem que tenha havido revogação do
benefício, o juiz declarará a EXTINÇÃO DA PENA, salvo enquanto não passar em julgado
a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido durante a
vigência do benefício (art. 89 do CP).
173
Emerj CPIII-A Direito Penal
Assim, de acordo com o art. 89 do CP, o juiz não poderá declarar extinta a pena
enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o condenado,
por crime cometido durante a vigência do livramento.
Se o crime foi cometido anteriormente, poderá ser declarada a extinção, visto que o
liberado não perderá o tempo em que esteve solto.
Segundo o STF e o STJ, expirado o prazo do livramento condicional sem a sua suspensão
ou prorrogação, a pena é automaticamente extinta, ainda que se descubra
posteriormente a prática de um crime no curso do lapso temporal.
SIM!!! Pode ser concedido livramento condicional àquele que ainda não goza do status
de condenado definitivamente, pois ele não pode ser prejudicado pelo simples fato de
ter recorrido da decisão, quando não houver recurso do MP (vedação à reformatio in
pejus).
SIM!! Posição tanto do STJ quanto do STF é no sentido de que não há incompatibilidade
entre a simples condição de estrangeiro e a concessão do livramento – HC 217149-SP
de 2012
REABILITAÇÃO:
Este registro só não estará disponibilizado ao público, mas praticado outro crime, será
considerado.
175
Emerj CPIII-A Direito Penal
Atualmente, é muito mais vantajosa a aplicação do art. 202 da LEP após cumprida ou
extinta a pena aplicada ao condenado do que esperar o decurso de dois anos do dia em
que foi extinta a pena ou terminar a execução para solicitar reabilitação.
O instituto presta-se para suspender tais efeitos. Entretanto, o art. 93, par. único
consagra que nas situações dos incisos “i” e “ii”, a reabilitação é parcial, vedando a
reintegração na situação anterior.
Exemplo 1: João, condenado por peculato, perdeu o cargo público. Com a reabilitação,
João pode voltar aos quadros da Adm. Pública, mas depende de nova investidura
(reabilitação parcial).
Exemplo 2: João, pai de 3 filhos, foi condenado por estupro da mais velha. Na sentença,
o juiz julgou João incapaz de exercer o poder familiar. Depois de reabilitado, João
pode voltar a exercer o poder sobre as filhas, porém jamais em face daquela que foi
vítima do estupro.
176
Emerj CPIII-A Direito Penal
Em que pese essa lacuna da lei, a jurisprudência concluiu que também é possível um
requerimento para retirar da FAC essas hipóteses de IPs arquivados e absolvições, de
forma a não prejudicar esse sujeito na busca de um emprego ou recolocação no
mercado.
177
Emerj CPIII-A Direito Penal
Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido
seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessário.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
ARMANDO foi condenado pela prática do crime previsto no artigo 121, § 3º do Código
Penal, à pena de 1 ano e 1 mês de detenção, com direito a sursis. Onze anos após o
trânsito em julgado da condenação, com a pena devidamente cumprida, ARMANDO
requereu sua reabilitação criminal, provando o cumprimento dos requisitos
previstos nos incisos I e II do artigo 94 do Código Penal. No tocante ao requisito
previsto no artigo 94, III do CP, ARMANDO justificou o seu não cumprimento
alegando a inércia da família da vítima em cobrar judicialmente a indenização - o
que se poderia entender até como renúncia tácita - bem como o caráter secundário
da reparação do dano para o fim de concessão da reabilitação criminal - o que a
torna prescindível; aduziu, também, que nada impede que a parte interessada
pleiteie indenização cível após a concessão da reabilitação, a qualquer tempo.
Diante de tais argumentos, a reabilitação deve ser concedida? Fundamente.
178
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
A reabilitação não deve ser concedida. Isso porque para o STJ o condenado deve
demonstrar que efetivamente tentou reparar o dano, comprovando a absoluta
impossibilidade de faze-lo ou exigir documento que comprove a renúncia da vítima ou
eventual prescrição civil da divida.
Questão 2)
Willian foi condenado pelo crime previsto no art. 157 § 2º, II do Código Penal às
penas de 05 anos e 04 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, e 13 dias-
multa, com término de pena prevista para 2017. Após cumprir todos os requisitos
para a progessão de regime, Willian requereu ao juiz da Vara de Execuções Penais
que a pena fosse cumprida em regime domiciliar, com monitoramento eletrônico,
pois reside no Município de Teresópolis e a casa de albergado mais próxima da sua
residência está localizada em Niterói. Você, na qualidade de juiz, como decidiria?
Resposta objetivamente justificada.
Resposta:
O pedido do réu deve ser atendido, isso porque o réu reside em Teresópolis, município
este que não possui casa de albergado (sendo a casa mais próxima em Niteroi), logo,
o réu deverá cumprir pena em regime aberto na modalidade prisão albergue domiciliar
com monitoramente eletrônico, eis que inadmissível obriga-lo a deslocar-se para
região distante de seu Município ou impor-lhe condições de regime mais severo para o
cumprimento de pena.
Nesse sentido, o réu não pode ser prejudicado pela falta de estrutura administrativa
do Estado.
179
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 8 - Prof. Elisa Pittaro
11/09/18
A medida de segurança é um tema tratado tanto pela LEP como pelo CP. Em ambos os
diplomas legislativos, alguns pontos se destacam: a natureza, as espécies, as formas
de aplicação, o prazo, a finalidade etc.
180
Emerj CPIII-A Direito Penal
Assim, se comprovado que o agente, embora inimputável, agiu amparado por uma
excludente de ilicitude, NÃO haverá sequer aplicação de medida de segurança.
181
Emerj CPIII-A Direito Penal
Art. 97 do CP: “Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação
(art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção,
poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.”
Não!!! O STJ não mais aplica o art. 97 do CP. Isso porque o critério de escolha da
medida de segurança seria puramente curativo e, portanto, deve-se verificar qual é a
medida mais adequada/necessária à hipótese concreta, considerando sempre, nos
termos da Lei 10.216/01, a excepcionalidade da internação, ainda que a medida de
segurança seja uma internação compulsória.
182
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não basta que o agente seja portador de algum transtorno mental é necessário que
essa doença comprometa a sua capacidade de auto determinação. Para que essa
análise seja realizada será necessária a instauração de um INCIDENTE DE INSANIDADE
MENTAL.
Após constatar a presença da doença mental, o perito pode chegar a uma das seguintes
conclusões:
183
Emerj CPIII-A Direito Penal
184
Emerj CPIII-A Direito Penal
Nesse caso, trata-se de inimputável (caput do art. 26 do CP), e a ação penal prosseguirá
com a presença de um curador.
Chama-se de absolvição imprópria, porque tem uma carga sancionatória. Tanto para o
STF como para o STJ, a medida de segurança não é pena, mas uma modalidade de
sanção penal.
Momento 2) O agente cometeu o crime lúcido e a doença mental surge após a prática
do delito (surge durante o curso da ação penal).
Para a doutrina não é possível deixar o agente internado por prazo indeterminado sem
que sequer tenha sido discutida a sua culpabilidade. A solução seria aplicarmos
analogicamente o art. 149 do CPP e a ação penal prossegue com a presença de um
curador.
Art. 149 do CPP: Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o
juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
185
Emerj CPIII-A Direito Penal
186
Emerj CPIII-A Direito Penal
187
Emerj CPIII-A Direito Penal
Se, após liberado, o indivíduo voltar a praticar fato indicativo de sua periculosidade
dentro do prazo de 1 ano, ele voltará ao cumprimento da medida de segurança até que
cesse a sua periculosidade. Atenção: não é necessário que tal fato constitua crime.
Se, passado o prazo mínimo da medida de segurança, a perícia conclui que houve uma
sensível diminuição da periculosidade, o juiz converte essa internação para tratamento
ambulatorial.
Aqui cabe ressaltar que o inimputável é absolvido, não sofre pena, mas deve cumprir
medida de segurança. Já o semi-imputavel é condenado, sofrendo pena, a quald eve
ser diminuída ou substituída por medida de segurança.
188
Emerj CPIII-A Direito Penal
DIREITOS DO INTERNADO:
DAS CONVERSÕES:
Art. 184 da LEP: Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em
internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida.
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um)
ano.
Muitos não vislumbram qualquer distinção entre excesso e desvio. Para Rogério
Sanches, contudo, o excesso é quantitativo (ex. excesso de prazo) e o desvio é
qualitativo.
O incidente de excesso ou desvio de execução pode ser suscitado pelo MP, pelo
Conselho Penitenciário, pelo sentenciado e por qualquer dos demais órgãos da
execução penal.
O excesso ou desvio de execução encontra previsão nos arts. 185 e 186 da LEP.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
JOÃO CARLOS foi condenado pela prática de homicídio qualificado e ameaça (arts.
121, § 2º, II e 147, CP) às penas de 20 anos, 7 meses e 21 dias de reclusão pelo
primeiro e 6 meses de detenção pelo segundo delito. Transitada em julgado a
sentença condenatória e iniciada a execução da pena, sobreveio doença mental, e
foi determinado o recolhimento de JOÃO CARLOS em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico pelo tempo de desconto restante. O Ministério Público
interpôs agravo objetivando que a medida de segurança fosse limitada à cessação
de periculosidade do condenado. O Tribunal a quo deu provimento ao recurso para
fixar o prazo mínimo de 2 anos para a medida de segurança imposta ao agravado,
após o qual deveria o mesmo ser submetido, anualmente, à perícia médica. A defesa
de JOÃO CARLOS impetra habeas corpus, pugnando pela limitação da medida de
segurança ao tempo que restava da pena privativa de liberdade substituída, sob
pena de ofensa à coisa julgada. Deve a ordem ser concedida? Fundamente.
Resposta:
190
Emerj CPIII-A Direito Penal
Existem, contudo, outras posições como a do STF de que a medida de segurança pode
ter a duração máxima de 30 anos.
Questão 2)
CAIO, inimputável, tendo praticado injusto penal punido com detenção, foi
absolvido no Juízo Criminal, que aplicou medida de segurança de internação por um
período mínimo de três anos. Dois anos após o início da execução da medida de
segurança, seu advogado ingressou no Juízo da Execução, pretendendo o seguinte:
- Extinção da punibilidade, tendo em vista que a pena máxima cominada ao injusto
penal praticado era de dois anos, já tendo ele, portanto, cumprido o tempo da pena;
- A antecipação da perícia para verificar a periculosidade do agente.
Pergunta-se:
a) Merecem ser acolhidas tais pretensões?
b) A situação seria diferente se ele fosse semi-imputável?
c) Poderia o Juiz converter a internação em tratamento ambulatorial?
d) Se tivesse cumprido mais tempo de medida de segurança do que a pena máxima
cominada haveria excesso ou desvio na execução?
e) Se CAIO fosse semi-imputável e o juiz tivesse aplicado pena privativa de
liberdade, na fase de execução, poderia haver conversão de pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos?
Resposta:
191
Emerj CPIII-A Direito Penal
Destaca-se ainda que a conversão da pena em medida de segurança (art. 183 da LEP)
é extremamente prejudicial ao réu, uma vez que havendo superveniência de doença
mental, é possível simplesmente a transferência para hospital psiquiátrico, aplicando-
se a detração (art. 108 da LEP e art. 41 do CP).
Questão 3)
Resposta:
Não agiu de forma correta o magistrado. Isso porque, o juiz estabeleceu como condição
especial para o cumprimento da pena em regime aberto a prestação de serviços à
comunidade, o que caracteriza pena restritiva de dieitos, restando evidenciada a
ocorrrencia de indevido bis in idem.
192
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 9 - Prof. Elisa Pittaro
12/09/18
CONCEITO DE PUNIBILIDADE:
Punibilidade é o direito que tem o Estado de aplicar a sanção penal prevista na norma
incriminadora, contra quem praticou a infração pena.
Assim, praticado o fato típico, ilícito e culpável, caberá ao Estado exercer o jus
puniendi, abrindo-se, então, a possibilidade de aplicação da pena. Acontece que,
mesmo diante da ocorrência do crime, podem surgir, antes ou após o trânsito em
julgado da sentença, causas de extinção do direito de punir. Essas causas não afetam
o crime, pois a punibilidade não é um requisito deste.
Importante fazermos uma distinção entre (i) escusas absolutórias; (ii) condições
objetivas de punibilidade e (iii) causa extintiva de punibilidade.
(i) CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE: o direito de punir nasce, mas depois ele
perece, seja porque o Estado o perdeu, seja porque o Estado dele abriu mão;
193
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplos:
Exemplo: Mãe que esconde filho foragido. Pai que furta o filho (art. 181) e pai
que auxilia o filho que cometeu o crime a subtrair-se à ação de autoridade
pública (art. 348).
O direito de punir do Estado não é absoluto. Praticado o injusto penal por um agente
culpável, é possível que incida alguma causa extintiva de punibilidade, fazendo com
que o Estado não possa aplicar a sanação cominada no tipo penal.
194
Emerj CPIII-A Direito Penal
II - pela anistia, graça ou indulto; [obs: indulto parcial não configura extinção da
punibilidade]
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
[abolitio criminis]
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes,
definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código;
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso
anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida
não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de
60 (sessenta) dias a contar da celebração;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Além das causas extintivas de punibilidade do art. 107, podemos citar também como
causa de extinção da punibilidade, o término, sem revogação, do prazo acordado de
suspensão condicional do processo. Isso porque, de acordo com o art. 89, par. 5 da Lei
9099, expirado o prazo da suspensão condicional sem revogação, o juiz declarará
extinta a punibilidade.
ATENÇÃO!!!!! O casamento do agente com vítima nos crimes contra os costumes (hoje,
contra a dignidade sexual), constituía hipótese de extinção da punibilidade que foi
revogada pela Lei 11.106/05, ou seja, hoje não mais pode ser considerada causa
extintiva da punibilidade.
195
Emerj CPIII-A Direito Penal
OBSERVAÇÕES:
A competência é do Congresso Nacional (art. 48, VIII e 21, XVII da CF). Trata-se de ato
do Poder Legislativo de renúncia ao pdoer dever de punir em virtude de razões de
conveniência ou necessidade.
196
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo: Art. 11 da Lei 9639/98. “São anistiados os agentes políticos que tenham sido
responsáveis, sem que fosse atribuição legal sua, pela prática dos crimes políticos
previstos nas alíneas d do artigo 95 da Lei 8212.”
Normalmente a anistia é concedida a crimes políticos, mas nada impede que seja
aplicada também aos crimes comuns.
Sim!!! O art. 5, XLIII da CF proíbe a anistia para crimes hediondos e equiparados. Assim,
a anistia não pode ser concedida no caso de crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito
de drogas e terrorismo.
A GRAÇA e o INDULTO, por sua vez, são espécies de CLEMÊNCIA SOBERANA que são
direcionadas a pessoas determinadas e não a fatos.
197
Emerj CPIII-A Direito Penal
GRAÇA INDULTO
Benefício individual, com destinatário Benefício coletivo, sem destinatário
certo certo
Depende de provocação do interessado Não depende provocação do interessado
OBS: O STF suspendeu uma série de dispositivos do Decreto 9246/17, indulto natalino
concedido pelo Presidente Michel Temer, afastando o benefício para presos
condenados por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.
A CF e a Lei 9455 proibíram a concessão de graça e anistia para crimes hediondos, não
mencionando nada a respeito do indulto. Por sua vez, a Lei 8072 proibiu a concessão
de graça, anistia e indulto para crimes hediondos.
O STF já enfrentou a questão e entendeu que a proibição é válida, pois graça e indulto
são, na verdade, o mesmo instituto, a diferença é que um é individual e o outro é
coletivo.
Súmula 535 do STJ: “A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de
comutação de pena ou indulto.”
Conforme o art. 2 do CP “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar como crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória”.
198
Emerj CPIII-A Direito Penal
A lei nova mais benéfica deixa de considerar o fato como crime. Com a abolitio criminis
a extinção da punibilidade pode ocorrer mesmo após o trânsito em julgado da
sentença. Cessam a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Não
cessam, contudo, os efeitos extrapenais, como por exemplo, a obrigação civil de
reparação do dano.
A renúncia é uma causa de extinção da punibilidade típica dos crimes de ação penal
privada, em que o querelante, de forma expressa ou tácita, abdica do ajuizamento da
ação penal.
De acordo com o art. 74, par. único da Lei 9099 havendo composição civil dos danos
entre autor do fato e a vítima, sendo o acordo homologado pelo juiz isso implica em
renúncia ao direito de queixa e renúncia ao direito de representação (ação penal
pública).
CORRENTE 2) Parte da doutrina entende que a renúncia na Lei 9099 pressupoe a previa
composição civil dos danos, logo só haverá extinção da punibilidade para quem
participou do acordo.
199
Emerj CPIII-A Direito Penal
CORRENTE 1) Pollastri entende que o CPP não deu ao Ministério Público poderes para
aditar a queixa. O MP velará pela indivisibilidade pedindo a renúncia tácita para todos
os autores do crime.
CORRENTE 2) Sergio Demoro entende que diante da contradição entre os arts. 45, 48
e 49 do CPP a solução será interpretá-los pro reu, ou seja, renúncia tácita para todos
os autores do crime.
Trata-se de ato voluntário do ofendido que visa obstar o prosseguimento da ação penal
privada (art. 105 do CP)
Art. 105 do CP: “O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
200
Emerj CPIII-A Direito Penal
O perdão pode ser oferecido depois do início da ação até o transito em julgado final.
Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória (art.
106, par. 2 do CP), pois nesse momento entra-se na fase de execução, não se tolerando
mais nenhuma intervenção do ofendido.
Resposta:
Letra B – Se Tatiana, vítima da ação penal movida contra Rodrigo e Marcio, fica noiva
de Márcio, ocorre o PERDÃO TÁCITO em virtude do que dispõe o art. 106, I do CP, que
reflete o pr. da indivisibilidade da ação penal, que aproveita ambos. Márcio e Rodrigo
devem, contudo, ser intimados para aceitar ou não o perdão.
201
Emerj CPIII-A Direito Penal
Retratar é o ato de retirar aquilo que foi dito. Ocorrendo a retratação do agente, nada
impede que a vítima reivindique a competente indenização nos termos da lei civil.
Como se trata de ato pessoal, a retratação realizado por um dos querelados NÃO se
aplica aos demais.
A retratação deve ser irrestrita e incondicional, e não deve ser confundida com a
“retratação da representação nas ações penais públicas incondicionadas.”
(i) Calunia e Difamação (art. 143 do CP): “o querelado que, antes da sentença,
se retratar cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.”
(ii) Falso Testemunho e Falsa Perícia (art. 342, par. 2 do CP): “O fato deixa de
ser punível se, antes da sentença no processo emq eu ocorreu o ilícito, o
agente se retrata ou declara a verdade.”
202
Emerj CPIII-A Direito Penal
parecida com o perdão e com a renúncia que extinguem a punibilidade nos crimes de
ação penal privada.
CORRENTE 1) Parte da doutrina entende que não é possível pois a primeira retratação
extinguiu a punibilidade, sem prejuízo de novas representações na hipótese de novos
fatos criminosos.
CORRENTE 2) STF entende que é possível sim a retratação da retratação, desde que
dentro do prazo decadencial de 6 meses.
(vii) PEREMPÇÃO:
203
Emerj CPIII-A Direito Penal
(iv) Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
Sim!! A morte da vítima leverá a extinção do fato nos crimes de ação penal
personalíssima, pois com sua morte ninguém poderá dar continuidade a ação penal,
gerando, portanto, perempção.
CORRENTE 2) Parte da doutrina entende que não é possível falar em perempção pois a
queixa ainda não foi recebida. Ademais, a sua ausência demonstra apenas que ele não
quer qualquer acordo.
O perdão judicial está previsto no art. 107, X do CP e consiste no instituto pelo qual o
juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito
comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente
previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração
determinadas circunstâncias que concorreram para o evento.
204
Emerj CPIII-A Direito Penal
No nosso CP, o perdão é previsto para os crimes contra a honra, na lesão e homicídios
culposos. Nesse último caso, o perdão é estendido também ao CTB diante da ausência
de previsão legal.
ATENÇÃO!! Não é cabível perdão judicial de LESÃO CORPORAL DOLOSA por expressa
disposição do art. 129, par. 8 do CP. Somente na lesão corporal culposa o juiz poderá
deixar de aplicar a pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente
de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Não!!! Segundo o STJ não é possível a extensão do perdão judicial em situação de dois
homicídios cometidos em concurso formal, em que um deles não se subsumia os
requisitos legais.
O perdão judicial somente é admitido nas hipóteses previamente previstas em lei, não
se admitindo analogia in bonam partem.
Entende Damásio de Jesus que, preenchidos os requisitos legais, o perdão judicial deve
ser visto como um direito subjetivo do agente, não podendo o juiz deixar de aplicá-lo.
PERDÃO JUDICIAL NO CTB: embora o art. 300 do CTB, que continha a previsão
do perdão judicial, tenha sido vetado, a corrente majoritária entende ser
possível a aplicação do perdão judicial previsto no CP para as hipóteses de
205
Emerj CPIII-A Direito Penal
homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito (arts. 302 e 303 do CTB),
uma vez que o art. 291 do CTB manda aplicar as normas gerais do CP, bem
como pelo fato de que as razões de veto são justamente no sentido da
desnecessidade de previsão específica dada a maior abrangência do perdão
judicial previsto no CP.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
MARIA, na véspera de completar catorze anos, iniciou sua vida sexual com JOÃO,
por quem era apaixonada. JOSÉ, que sempre fora apaixonado por MARIA, ao
encontrar-se com JOÃO num bar, e querendo desonrá-lo, xinga-o de estuprador.
Dois anos depois, JOÃO e MARIA se casaram.
Pergunta-se:
a) Houve realmente o estupro?
b) Se JOÃO processasse JOSÉ por crime contra a honra, e este se retratasse antes
da sentença, esta conduta seria relevante?
206
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
Questão 2)
Resposta:
Questão 3)
Em 2008, SAULO foi condenado pela conduta tipificada no artigo 214, caput,
combinado com o art. 224, "a", ambos do Código Penal (*). Com o advento da Lei n.º
12.015, de 07 de agosto de 2009, que excluiu do texto legal esses dispositivos,
207
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
208
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 10 - Prof. José Maria Panoeiro
12/09/18
Na aula de hoje analisaremos o tema da prescrição, que consiste em uma das causas
de extinção da punibilidade prevista no art. 107, IV do CP.
O exercício do poder punitivo pelo Estado não é absoluto, além dos limites processuais
ele sofre uma restrição no tempo que segundo Carrara nada mais é do que uma
limitação decorrente da constatação de que ultrapassado um determinado período a
pena se torna desnecessária e em razão disso edifica-se no direito penal a mesma
noção de prescrição contida na Teoria Geral do Direito.
Para Carrara a prescrição é o modo político de extinção da ação pela qual o Estado
reconhece que ultrapassado um determinado prazo a pena deixa de atender aos
pressupostos de prevenção geral e especial de comportamentos criminosos.
#CONCEITO DE PRESCRIÇÃO:
A prescrição é a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado
punir (prescrição da pretensão punitiva) ou executar uma punição já imposta
(prescrição da pretensão executória).
Trata-se de um limite temporal ao direito de punir do Estado.
Sendo matéria de ordem pública, deve ser conhecida, ainda que de ofício,
pelo juiz.
A prescrição é prejudicial da análise do mérito da ação penal, servindo,
inclusive, como fundamento para absolvição sumária (art. 397, IV do CPP)
210
Emerj CPIII-A Direito Penal
Atenção!!!!
O que diferencia a decadência da perempção é o momento:
A decadência é a perda do direito de iniciar a ação penal. Cabe na ação
privada e na ação pública condicionada à representação.
A perempção é a perda do direito de prosseguir na ação penal nas hipóteses
descritas no art. 60 do CPP. A perempção só cabe para ação penal privada.
Vejamos abaixo uma tabela com as principais diferenças entre: (i) decadência; (ii)
prescrição e (iii) perempção:
211
Emerj CPIII-A Direito Penal
HIPÓTESES DE IMPRESCRITIBILIDADE:
Não obstante, devemos ressaltar que o Brasil aderiu ao Tribunal Penal Internacional e,
nos termos do art. 29 do Estatuto de Roma, os crimes de competência do TPI são
imprescritíveis. Como a TORTURA está elencada no art. 7, ‘, “f” do Estatuto, parte da
doutrina alega que a norma conferiria imprescritibilidade a tal delito. Há quem
defenda, contudo, que o Estatuto de Roma é tratado como status de norma
SUPRALEGAL, sem força suficiente para fastar a garantia implícita constitucional da
prescritibilidade.
Para autores como Juarez Cirino dos Santos, Fernando Galvão, entre outros, a
prescrição tem NATUREZA MISTA, isto é, fulmina não apenas o direito de punir como
também o direito de ação decorrente do primeiro.
Para Jescheck, a prescrição da pretensão punitiva tem natureza mista pois a aplicação
da pena fica na dependência sempre de um devido processo legal. Por outro lado, a
prescrição da pretensão executória teria natureza exclusivamente de direito material.
212
Emerj CPIII-A Direito Penal
Art. 366 do CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos para o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva nos termos do disposto no
art. 312.
1. TEORIA DO ESQUECIMENTO:
213
Emerj CPIII-A Direito Penal
2. TEORIA PSICOLÓGICA:
A Teoria Psicológica aborda o problema sob outro prisma, para ela com o passar do
tempo o criminoso se torna um outro homem e como consequência a pena não recairia
sobre o autor do crime, mas sobre outra pessoa.
Essa teoria depende para sua legitimidade de ser conjugada com a Teoria da Emenda.
3. TEORIA DA EMENDA:
Contudo, o autor reconhece que esta abordagem processual não funciona em relação
a pretensão executória, pois nela o título condenatório já está devidamente
aperfeiçoado.
Para Fernado Galvão, a isto se deve acrescer que em um Estado de Direito Democrático
em que a falta de legitimidade da punição é o primeiro fundamento do instituto da
prescrição.
214
Emerj CPIII-A Direito Penal
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO:
(iii) Prescrição da Pretensão Punitiva: que nasce com a ocorrência da infração penal
e vai até a obtenção de um título condenatório definitivo.
Tecnicamente essas duas pretensões não se sobrepõem, pois como restou comprovado
acima elas operam em momentos diferentes.
Essas duas espécies têm efeitos diferentes, que estão relacionados aos efeitos gerais
das causas de extinção da punibilidade.
Essa regra geral tem exceções. Existem duas causas de extinção de punibilidade que
podem ocorrer a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, e que vão apagar
todos os efeitos da condenação. São elas a anistia e a abolitio criminis.
215
Emerj CPIII-A Direito Penal
EFEITOS DA PRESCRIÇÃO:
Por isso, essa prescrição vai apagar os efeitos principais e secundários de eventual
condenação, assim como ocorre com a extinção da punibilidade antes do trânsito em
julgado.
216
Emerj CPIII-A Direito Penal
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
No dia 03 de janeiro de 1999, JOSÉ, com 19 anos na data dos fatos, praticou a
conduta tipificada no artigo 121, §2º, incisos II e IV do Código Penal. A
correspondente denúncia foi oferecida pelo Ministério Público no dia 24/03/1999 e
recebida pelo juiz competente no mesmo dia. A sentença de pronúncia foi proferida
no dia 22/11/2013. A defesa de JOSÉ recorreu da decisão de pronúncia e pretende
o reconhecimento da nulidade de citação. O julgamento do recurso ocorreu no dia
10/02/2015, e a pretensão defensiva foi acolhida para declarar a nulidade da
citação de JOSÉ e, de ofício, foi recohecida a prescrição da pretensão punitiva
estatal. No que tange ao reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva
estatal, foi correta a decisão? Fundamente a sua resposta.
Resposta:
A citação por edital ocorreu de forma indevida e, por conseguinte, a decisão que
suspendeu o curso do processo e do prazo prescricional, está eivada de nulidade. Neste
contexto com a anulação da citação e do processo desde aquele primeiro ato, o marco
da interrupção da prescrição passou a ser a denúncia (24/3/1999).
Questão 2)
217
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
[confirmar prof: pois tendo em vista que o termo inicial da prescrição foi a data da
denuncia não deveria ser caso de prescrição retroativa???]
Questão 3)
BENÍCIO foi denunciado pelo parquet como incurso nas penas dos arts. 171, § 3º, e
299, todos do Código Penal. A denúncia foi recebida pelo juiz competente no dia
17/10/2005. A sentença monocrática, publicada no dia 31/01/2007, condenou
BENÍCIO à pena de 2 anos e 2 meses de reclusão e 80 dias-multa, como incurso no
art. 299 do CP, e o absolveu do crime do art. 171, § 3º, do CP. Ambas as partes
ofereceram recurso da referida sentença e o Tribunal de Justiça, por unanimidade,
negou provimento ao recurso defensivo e deu parcial provimento ao recurso
ministerial, majorando a pena do delito de falsidade ideológica para 2 anos e 6
meses de reclusão e 100 (cem) dias-multa, bem como acrescendo a condenação pelo
delito do art. 171, § 3º, do CP, à pena de 3 anos e 4 meses de reclusão e 133 dias-
multa, adotando como fun damentação o parecer ministerial. O referido acórdão
foi publicado no órgão oficial no dia 09/12/2009. A defesa, então, apresentou
Recurso Especial, no qual, por decisão monocrática publicada em 09/03/2015, foi
dado provimento a ele para reduzir a pena, pela prática do delito do art. 171, § 3º,
do CP, para 2 anos e 4 meses de reclusão e 93 dias-multa, mantendo a condenação
pelo crime do art. 299 do Código Penal, decisão essa que transitou em julgado no
dia 18/08/2015. Com o advento da decisão proferida nos autos do HC nº 216.659/SP,
em 08/06/2016, na qual a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu,
por maioria de votos, pela nulidade do acórdão que adota como fundamento da
decisão exclusivamente a manifestação do órgão ministerial, sob pena de ofensa ao
art. 93, IX, da Constituição Federal, BENÍCIO ofereceu HC no qual pretende a
anulação da decisão do Tribunal de Justiça. Em julgamento realizado em
02/08/2016, o STJ declarou a nulidade do acórdão condenatório proferido pelo
Tribunal de Justiça por ausência de fundamentação. Diante do caso concreto,
analise se houve prescrição da pretensão punitiva do Estado. Fundamente a sua
resposta.
218
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
Habeas corpus não conhecido mas declarada a nulidade do acordão condenatório por
ausência de fundamentação, bem como para reconhecer a extinção da punibilidade
pela prescrição da pretensão punitiva.
Desse modo, houve o transcurso de lapso temporal superior a 8 anos, desde a sua
publicação até a presente data, configurando a perda da pretensão punitiva estatal,
relativamente ao delito previsto no art. 299 do CP, a teor do art. 109, IV c/c art. 110,
par. 1 do CP.
219
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 11 - Prof. José Panoeiro
13/09/18
A prescrição da pretensão punitiva (PPP) é uma forma de prescrição que ocorre antes
do transito em julgado da sentença, extinguindo o direito de punir do Estado.
OBSERVAÇÃO: Deve-se observar que o prazo prescricional previsto nos crimes com pena
de até 1 ano foi alterado pela Lei 12. 234/2010. Tais delitos prescreviam em 2 anos.
Com a mudança da lei, passaram a prescrever em 3 anos. Como a ampliação do prazo
220
Emerj CPIII-A Direito Penal
prescricional é hipótese de novatio legis in pejus (lei maléfica), NÃO RETROAGE para
alcançar os fatos pretéritos, que continuam seguindo o lapso anterior (2 anos).
Exemplo:
“A”, no dia 10 de DEZ de 2005, praticou o crime de furto simples (art. 155 do CP) –
pena máxima abstrata de 4 anos, logo prazo prescricional de 8 anos, a contar da data
da consumação do crime. No dia 15 de janeiro de 2014, o inquérito policial foi enviado
ao MP para que, se fosse o caso, oferecesse a denúncia. Da data da consumação do
crime (termo inicial da prescrição – art. 111) até a a remessa do IP ao MP já se
transcorreu um período superior a 8 anos, o que impossibilita o MP de oferecer a
denúncia, em razão da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva propriamente
dita (regulada pela pena máxima prevista do preceito secundário do tipo).
(ii) Circunstâncias judiciais: previstas o art. 59 do CP, elas não tem quantum
(de aumento ou diminuição) previsto em lei. Ademais, sua incidência não é
capaz de alterar o limite mínimo e máximo do tipo penal, justificando o
porque de não serem consideradas para fins de prescrição.
221
Emerj CPIII-A Direito Penal
Súmula 497 do STF: “Em caso de continuidade delitiva, a prescrição regula-se pela
pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação.”
O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva está previsto no art. 111 do CP.
222
Emerj CPIII-A Direito Penal
18/09/2015
02/09/2015 Início do prazo
Lei X → 8 anos 8 anos
Nos casos em que não se sabe a data exata da consumação do crime (ex. corpo
encontrado em rio), a prescrição contar-se-á sempre da forma mais favorável ao
acusado:
Se o crime é tentado, não há consumação, razão pela qual nessa hipótese a contagem
se inicia do dia em que cessou a atividade criminosa, ou seja, do dia do último ato
configurador da tentativa.
Para fins de prescrição, qual o termo inicial no caso de crimes contra a ordem
tributária?
223
Emerj CPIII-A Direito Penal
Diz o STF que a elementar do crime contra a ordem tributária, qual seja a redução ou
supressão do tributo, não se aperfeiçoa simplesmente com a sonegação, mas somente
quando o próprio Fisco reconhece mediante decisão administrativa que há tributo
devido, constituindo o crédito tributário.
Processo Administrativo
Tributário
Início do
prazo
Sonegação Autuação Constituição do
02/05/2015 03/06/2015 crédito tributário
CORRENTE 1) Corrente defendida por Fernando Galvão sustenta que no crime habitual,
a prescrição começa a correr do primeiro ato que consome o delito, isto é, que
caracterize a habitualidade.[tese defensoria pois é melhor para o réu]
224
Emerj CPIII-A Direito Penal
junho de 1994, os atos posteriores não constituem mero exaurimento, mas também
atos executórios que, juntamente com os demais, forma delito único.”
Nos crimes continuados, não se aplica este inciso, mas o artigo 119 do CP.
Art. 119 do CP: “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um.”
O CP, ao estabelecer o termo inicial da prescrição para tais casos, fugiu a regra do
inciso “i” do art. 111 do CP, atendendo ao fato de que esses crimes são de difícil
descoberta, pois rodeados de precauções e dissimulações. Se a eles fosse aplicado o
disposto no inciso I do art. 111, prescreveriam com facilidade.
Ex: Se o indivíduo era bígamo e todos da sua cidade sabiam, o prazo prescricional já
começou a correr.
Art. 111, “v” do CP: Crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes
Se, excepcionalmente, antes dela completar 18 anos, for proposta a ação penal, aí a
prescrição começa a correr do recebimento da denúncia (art. 117, I, do CP), que é o
primeiro marco interruptivo. Tal dispositivo visa evitar que o representante do menor
se mantenha inerte, dando azo à prescrição do crime.
A lei 12.650 alterou a regra de prescrição para os crimes sexuais contra menores
visando resguardar o interesse do menor na persecução ao menos até os 18 anos deste,
ignorando, contudo, a natureza da ação penal em tais crimes que desde a lei 12015 de
2009 é pública incondicionada, não havendo em tese qualquer necessidade de se
aguardar os 18 anos para uma representação ou requerimento, tal como se discutia
antes da reforma dos crimes sexuais.
225
Emerj CPIII-A Direito Penal
Registre-se que segundo Pacceli a natureza desse inciso é de uma CAUSA IMPEDITIVA
DE PRESCRIÇÃO que sequer inicia seu curso. Nasce o jus puniendi, mas a prescrição
fica paralisada.
E se existiu inquérito policial para apurar esse crime sexual e o IP foi arquivado por
atipicidade?
Segundo Pacceli, o que o legislador pretendeu foi resguardar o interesse do menor até
o advento de sua maioridade, momento em que ele poderá diligenciar pela persecução
penal.
Para Pacceli, como a lei não regula a hipótese em que a vítima falece ANTES dos 18
anos, a melhor solução é considerar a data do óbito da vítima como sendo o termo
inicial da prescrição, pois desaparece, naquele momento, a causa impeditiva da
prescrição em suas razões fundamentais.
226
Emerj CPIII-A Direito Penal
(ii) CAUSAS SUSPENSIVAS: Verificada uma causa suspensiva, o prazo que já estava
em curso para de correr enquanto não cessar a suspensão. Cessada a suspensão,
volta a correr da onde tinha parado.
227
Emerj CPIII-A Direito Penal
228
Emerj CPIII-A Direito Penal
Dessa forma, em se tratando de aditamento em que é descrito novo ilícito penal (novo
delito), decorrente da descoberta de novos fatos, o aditamento da denúncia
interrompe a prescrição, dando início a nova contagem de prazo.
O aditamento que inclui novo fato mantendo a acusação original, tem no seu
recebimento uma causa interruptiva da prescrição apenas para o segundo fato.
CORRENTE 2) Para Paulo Queiroz e Araripe, é a constituição do estado de réu que deve
interromper a prescrição permitindo que o sujeito se utilize de instrumentos para se
afastar do processo. Assim, essa corrente defende que a interrupção da prescrição
deve se dar no momento do aditamente e não no recebimento da denúncia.
230
Emerj CPIII-A Direito Penal
para incluir
Objetivo
fato novo
Aditamento
para incluir
Subjetivo
corréu
Exemplo: Subtração por arrebatamento – o MP denuncia o agente pelo crime de furto, sendo
a denúncia recebida. Posteriormente, com o laudo de lesões corporais, o MP denuncia o
mesmo agente pela lesão corporal, sendo posteriormente recebido o aditamento em relação
a este fato.
Se o aditamento objetivo for só para alterar o tipo penal, inserir qualificadora etc.,
utiliza-se o marco interruptivo anterior, pois são apenas circunstâncias referentes ao
fato anterior e não um fato novo.
Em relação ao aditamento, é fato que ele não é causa interruptiva da prescrição. Contudo,
Mirabete sustenta que o aditamento pode ser sim considerado causa interruptiva da
prescrição, se incluindo novos fatos, importar na alteração do fato jurídico em si. Nesta
hipótese pode-se incluir aquele aditamento que muda substancialmente a acusação, desde
que observado que o primeiro recebimento não subsistirá como marco interruptivo. Ex. STJ,
RESP 276841 – crime de extorsão com denúncia recebida → aditamento para inclusão de
novos réus funcionários públicos e para capitular o crime no art. 316 do CP (concussão). Nesse
caso, há uma relação processual diferente da existente anteriormente, pois o fato não guarda
231
Emerj CPIII-A Direito Penal
qualquer identidade com o fato anterior, razão pela qual deve ser considerado o aditamento
como marco interruptivo da prescrição, ignorando-se o primeiro recebimento da denúncia.
Exemplo: Furto – o MP denuncia apenas um agente que foi preso em flagrante, sendo a
denúncia recebida. Posteriormente, descoberto o segundo agente, o MP adita a denúncia
para incluir corréu, sendo o aditamento recebido. No aditamento subjetivo, seu recebimento
não interrompe a prescrição novamente, pois o recebimento da denúncia já interrompeu
para todos os autores do crime, conforme art. 117, §1º, do CP.
No que diz respeito ao aditamento para inclusão de corréu, Galvão e Delmanto sustentam
que a interrupção se dá no recebimento da denúncia. Porém Paulo Queiroz e Araripe
defendem que a interrupção deveria se dar no aditamento.
Denúncia de A Aditamento p/
pelo furto incluir lesões
Nos crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles. Antes do aditamento, o crime de furto e o de lesão
não eram objeto do mesmo processo. A partir do aditamento da denúncia para incluir as
lesões, o crime de furto e o crime de lesão são objeto do mesmo processo, razão pela qual a
interrupção em relação a um deles se estende para o outro. Apenas a sentença condenatória
interrompe a prescrição; a absolutória, não. Contudo, como houve sentença condenatória
em relação ao furto, interrompe-se a prescrição também para o crime que lhe é conexo, qual
seja o de lesão, por força também do art. 117, §1º, do CP.
Concluído o estudo do inciso “i” do art. 117, passemos a análise da segunda causa de
interrupção da prescrição da pretensão punitiva:
Essa primeira fase é encerrada com a pronúncia. Com a sua preclusão, ocorre o início
da segunda fase, chamada de juízo de mérito.
232
Emerj CPIII-A Direito Penal
Ex. 1. Furto
Ex. 2. Homicídio → nos crimes de competência do tribunal do júri, além das causas
interruptivas elencadas no exemplo 1 acima, ocorrerá também a interrupção pela
pronúncia e pela decisão confirmatória da pronúncia.
233
Emerj CPIII-A Direito Penal
Não se conformando com a decisão de pronúncia, pode o réu recorrer para o Tribunal.
Porém, em caso de ser confirmada a remessa dos autos para julgamento popular, gera
interrupção da prescrição, começando a correr novo prazo a partir da data da sessão
que confirmou a decisão de primeiro grau.
234
Emerj CPIII-A Direito Penal
Essa decisão NÃO interrompe a prescrição. Mesmo que o acórdão exclua alguma
qualificadora, trata-se de acordão confirmatório da pronuncia, logo, se mantem a
interrupção do prazo da prescrição.
Independentemente do conteúdo da decisão se for confirmado que ele vai a júri, isso
significa que vai haver o efeito interruptivo da prescrição.
A sentença, para valer como causa interruptiva, tem que ser condenatória (ou
absolutória imprópria).
235
Emerj CPIII-A Direito Penal
Com isso, o acórdão que confirmava uma condenação (acordão confirmatório) não era
entendido como causa interruptiva da prescrição.
Acórdão
? (divergência
Condenatória confirmatório que
doutrinária)
mantém a pena
Acórdão Interrompe
Sentença Condenatória confirmatório que (STF, HC
aumenta a pena 106222)
Acórdão
Absolutória Interrompe
condenatório
O ponto mais polêmico diz respeito ao primeiro cenário do esquema acima, em que a
doutrina diverge quanto a possibilidade do acordão confirmatório da condenação
(aquele que apenas mantém idêntica a decisão anterior) ser ou não considerado marco
interruptivo da prescrição da pretensão punitiva.
IMPORTANTE!!!!
Acordão confirmatório que mantêm a decisão anterior idêntica pode ser
considerado causa interruptiva da prescrição?
A posição mais atual do STF sobre o tema (Set. de 2017) pode ser encontrada no
seguinte julgado:
Nos CRIMES CONEXOS, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles. O mesmo não ocorre em relação às causas
interruptivas da pretensão executória, como será visto mais adiante.
Lembrando que, uma vez resolvida a causa suspensiva, a prescrição torna a correr,
considerando-se o tempo já decorrido.
Art. 116 do CP: “Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não
corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.”
Além dessas duas causas descritas no CP, a legislação especial traz outras causas:
[fazer remissão no Código]
Art. 366 do CPP: processos em que o acusado, citado por edital, não comparece
nem constitui advogado. Já decidiu o STF que a suspensão da prescrição se dá
por prazo indeterminado. O STJ, por sua vez, entende que o prazo
prescricional não pode ficar suspenso por prazo indeterminado, sumulando a
matéria nos seguintes termos:
239
Emerj CPIII-A Direito Penal
Exemplo:
Maria abandonou recém nascido para ocultar desonra própria, tendo cometido o crime
do art. 134 do CP – pena: 6 meses a 2 anos.
Quanto tempo tem o Estado para investigar o fato e formalizar, por meio da ação
penal, uma acusação em face de Maria?
No caso do art. 134 do CP, na sua forma simples, tem pena máxima de 2 anos que,
combinada com o art. 109 do CP, gera um prazo prescricional de 4 anos. LOGO O
ESTADO TEM 4 ANOS PARA RECEBER A DENÚNCIA.
240
Emerj CPIII-A Direito Penal
Como a pena não transitou para a acusação (que recorre buscando seu aumento),
continua servindo como norte a pena máxima em abstrato (2 anos), tendo o Estado,
portanto, mais 4 anos para julgar o processo em grau de recurso.
Ocorrendo a prescrição em qualquer das BALIZAS, desaparece para o Estado seu direito
de punir, inviabilizando qualquer análise do mérito: eventual sentença condenatória
provisória é rescindida, não se operando qualquer efeito (penal ou extrapenal); a
acusada não será acusada pelas custas processuais e terá direito à restituição integral
da fiança se a houver prestado.
Uma vez que já haja sentença condenatória, cuja pena não mais possa ser aumentada
(ex. agente condenado em 1º grau, sem recurso da acusação), a prescrição da
pretensão punitiva passa a regular-se pela pena em concreto. Isso porque, nesta
hipótese, não existe mais razão para se levar em conta a pena máxima, já que, mesmo
diante do recurso da defesa, é proibida a reformatio in pejus. Surge, então, um novo
norte, qual seja, a pena recorrível efetivamente aplicada.
Súmula 146 do STF: “A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada
na sentença, quando não há recurso da acusação.”
Assim, quando o sujeito é condenado, há uma pena em concreto, uma pena aplicada.
Esta pena só poderá ser utilizada para fins de contagem da prescrição se não puder
mais ser aumentada.
241
Emerj CPIII-A Direito Penal
Por fim, destaca-se que parte da doutrina admite que o recurso da acusação pode
modificar a prescrição da pretensão punitiva intercorrente, caso seja ele provido e
resulte em aumento da pena.
Exemplo:
João furtou uma bicicleta estacionada na rua (art. 155 do CP, pena de 1 a 4 anos).
Depois de investigado e processado foi condenado a 1 ano. Somente a defesa recorre,
tendo a pena transitado em julgado para a acusação.
Ocorrendo a prescrição em qualquer das balizas, desaparece para o Estado seu direito
de punir, inviabilizando qualquer análise de mérito; eventual sentença condenatória
provisória é rescindida, não se operando qualquer efeito (penal ou extrapenal). O
acusado não será responsabilizado pelas custas processuais; terá direito à restituição
integral da fiança, se a houver prestado.
242
Emerj CPIII-A Direito Penal
Existe, contudo, corrente que entende que basta o provimento do recurso da acusação
para impedir o reconhecimento da modalidade prescricional em análise.
No caso acima, eventuais recursos para o STJ e STF terão que ser julgados em no
máximo 2 anos, uma vez que o último marco interruptivo da prescrição foi a sentença
condenatória recorrível em 2013. Somando-se os 4 anos de prescrição da pretensão
punitiva pela pena em concreto, o processo tem que transitar em julgado até 2017,
sob pena de prescrição superveniente. O acórdão, neste caso, por diminuir a pena
imposta na sentença, não é considerado como marco interruptivo. [CONFIRMAR]
243
Emerj CPIII-A Direito Penal
João, mediante fraude, recebeu vantagem indevida em prejuízo alheio (art. 171 do CP
– pena de 1 a 5 anos). Depois de 6 anos respondendo ao processo, Joao foi condenado
ao cumprimento de 1 ano de pena de reclusão. O MP não recorreu da decisão.
Sabendo que a pena imposta na sentença passou a ser a pena de 1 ano na tabela do
art 109 do CP, chega-se a uma prazo de prescricional de 4 anos. A defesa voltando no
tempo, perceberá que do recebimento da denúncia até a condenação transcorreu
prazo superior e 4 anos, acarretando no reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva retroativa, desaparecendo para o Estado o direito de punir, inviabilizando
qualquer análise de mérito; eventual sentença condenatória provisória é rescindida,
não se operando qualquer efeito (penal ou extrapenal); o acusado não será
responsabilizado pelas custas processuais; terá direito a restituição integral da fiança,
se a houver prestado.
Mesmo tendo havido anulação da sentença pelo Tribunal, não pode o juiz, no momento
de prolatar nova sentença, impor pena maior do que a imposta na primeira sentença,
pois só houve recurso da defesa, o que importaria em reformatio in pejus indireta.
Portanto, a pena não será em nenhuma hipótese maior que 4 anos, sendo a prescrição
no máximo de 8 anos. Sendo assim, se entre o recebimento da denúncia e o acórdão
que anulou a sentença decorreram mais de 8 anos, o juiz, quando receber novamente
os autos, já verificará a prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto na
modalidade retroativa. A sentença condenatória não produz qualquer efeito, uma vez
que foi anulada.
Não!!! Há decisão no STF no sentido de que a sentença anulada não interrompe o prazo
prescricional.
Prescrição Prescrição
retroativa superveniente
4 anos 4 anos
Acórdão que
2015 2016 2020 aumenta a pena
Fixada a pena em 1 ano, o prazo prescricional, conforme art. 109, V, do CP, passa a
ser de 4 anos. Como não há possibilidade de haver outro acórdão que aumenta a pena,
pois o MP não recorreu, consequentemente, a prescrição não mais será interrompida.
Portanto, não podem decorrer mais de 4 anos da sentença até o trânsito em julgado,
sob pena de prescrição intercorrente ou superveniente.
Também não podem ter decorrido mais de 4 anos entre o recebimento da denúncia e
a publicação da sentença condenatória recorrível, sob pena de prescrição retroativa.
A partir de 2010 (com o advento da Lei 12.234), por força da supressão no art. 110,
§1º, do CP, não cabe prescrição retroativa entre a data da consumação do crime e a
data do recebimento da denúncia. Portanto, desde 2010, para a fase do inquérito, só
245
Emerj CPIII-A Direito Penal
existe prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato. Para os fatos ocorridos
antes de 2010, mas que ainda estão em trâmite, aplica-se para a fase do inquérito a
prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto na modalidade retroativa,
pois mais benéfico. [NA PROVA CHECAR SE A DATA DA CONSUMAÇÃO DO FATO É
POSTERIOR OU ANTERIOR A 2010]
Exemplo:
João, réu primário e portador de bons antecedentes, é denunciado pelo crime de furto
simples, cuja pena mínima é de 1 ano a 4 anos. A instrução processual já suplantou 4
anos. Não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva em abstrato (8 anos), mas,
certamente ocorrerá a retroativa. Isso porque, o réu é primário e de bons
antecedentes, e certamente não sofrerá pena acima do mínimo (ou mesmo que acima
do mínimo não ultrapassará 2 anos).
Muito embora o esforço doutrinário, os Tribunais Superiores não tem admitido essa
espécie de prescrição, tendo o STJ, inclusive, firmado seu posicionamento por meio
da Súmula 438.
PRESCRIÇÃO FUNCIONALISTA:
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
247
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
C – Sim, pois a anulação do processo foi provocada pela defesa, razão pela qual a nova
pena não poderá extrapolar a pena anteriormente fixada, ante a impossibilidade de
reformatio in pejus indireta (art. 617 do CPP), motivo pelo qual, igualmente nesta
hipótese será possível falar em prescrição retroativa pelos fundamentos expostos no
item b.
248
Emerj CPIII-A Direito Penal
Questão 2)
MANOEL, nascido em 13/01/1939, foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime
previsto no art. 1º, III, da Lei 8.137/90, denúncia essa que foi recebida pelo juiz
competente no dia 01/05/2006, um mês após o lançamento definitivo do tributo
(Súmula Vinculante n.º 24). No dia 10/07/2007, MANOEL foi condenado à pena de 2
(dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão. Em face dessa sentença a defesa de
MANOEL opôs embargos de declaração, que foram acolhidos em parte, através de
decisão prolatada no dia 02/09/2008, a qual aclarou as razões pelas quais não foram
avaliadas a conduta social e a personalidade de MANOEL na ocasião da dosimetria
de pena. Dessa decisão, MANOEL apresentou recurso de apelação ao Tribunal de
Justiça, que não foi provido, em decisão prolatada no dia 02/09/2012. Insatisfeito
novamente com a condenação, MANOEL apresentou recurso especial ao Superior
Tribunal de Justiça, no qual requer o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva. Decida de forma fundamentada, indicando, outrossim, os marcos
interruptivos da prescrição que ocorreram no caso concreto.
Resposta:
Assim, tendo em vista que ele foi condenado a uma pena em concreto de 2 anos e 4
meses, deverá ser aplicado o prazo prescricional de 8 anos (art. 109, IV do CP),
destacando-se que não incidirá a redução pela metade pois o réu completou 70 anos
após a prolação da sentença.
Questão 3)
No dia 02/01/2005, NNN estava dirigindo veículo automotor em via pública quando,
na ocasião, desapercebido, ultrapassou o sinal vermelho e atingiu o veículo
conduzido por OOO, que veio a falecer logo após o acidente. O Ministério Público
ofereceu a denúncia no dia 03/06/2005, que foi recebida no dia 20/06/2005. A
sentença penal, exarada em 23/07/2008 e publicada em 22/08/2008, condenou NNN
por infração ao art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro, à pena de 2 anos de
detenção, substituída por penas restritivas de direitos consistentes em prestação
de serviços a entidades públicas e prestação pecuniária, e suspensãoda habilitação
para dirigir veículo automotor pelo prazo de 4 meses. O TJ, em acórdão proferido
em 26/03/2009, deu parcial provimento à apelação para reduzir a pena substitutiva
de prestação pecuniária para 15 salários mínimos. Pergunta-se: Houve prescrição?
Fundamente a resposta.
249
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
250
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aula 12 - Prof. José Panoeiro
13/09/18
251
Emerj CPIII-A Direito Penal
O termo inicial da prescrição da pretensão executória está prevista no art. 112 do CP.
Art. 112 do CP: “No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação,
ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
deva computar-se na pena.
252
Emerj CPIII-A Direito Penal
Por outro lado, os Tribunais Superiores tem vedado, quando da interpretação do art.
113, a sua ampliação para permitir o computo do tempo de prisão provisória (detração)
no calculo do prazo prescricional.
“A prescrição regulada pela pena residual (art. 113 do CP) não admite o computo
do tempo de prisão provisória e só abrange as hipóteses de evasão do condenado
ou revogação de livramento condicional. O prazo de prescrição da pretensão
executória é o previsto no art. 110, caput do CP, ou seja, calcula-se com base na
pena aplicada. A detração é feita quando do cumprimento da pena.”
253
Emerj CPIII-A Direito Penal
É conditio sine qua non ao computo prescricional que o condenado esteja preso para o
cumprimento da sentença já transitado em julgado, não podendo sua prisão decorrer
de outros processos ou incidentes, caso em que a prescrição não correrá.
Inciso “v” do art. 117 do CP: “Pelo início ou continuação do cumprimento da pena.
254
Emerj CPIII-A Direito Penal
a) 4 anos.
b) 3 anos.
c) 2 anos.
d) 5 anos e 4 meses.
Resposta:
Letra D – A prescrição da pretensão executória tem como base a pena efetivamente
aplicada na sentença. Joao foi condenado a 1 ano de reclusão, logo, pelo art. 109 do
CP, o prazo prescricional é de 4 anos. Ocorre que, como reconhecido em sentença
condenatória a reincidencia, o prazo prescricional deverá ser aumentado de 1/3. Logo,
acrescenta-se 1 ano e 4 meses aos 4 anos anteriores, totalizando 5 anos e 4 meses.
1º crime
2º crime
Furto
Condenação Roubo
Foragido
transitada
Prescrição Condenação
executória Interrupção* transitada
Exemplo:
255
Emerj CPIII-A Direito Penal
Suponhamos que João era primário, mas após condenação em definitivo pratica novo
crime. Será agora considerado reincidente (art. 63 do CP), interrompendo-se a
prescrição (art. 117, VI), isto é, todo o prazo da prescrição da pretensão executória
começa a correr novamente, do dia da interrupção, sem aumento de 1/3 (nesse caso
não existe decisão declarando sua reincidência)
O juiz terá que declarar a extinção da punibilidade, uma vez que a causa interruptiva
da reincidência para produzir efeito em relação ao primeiro crime necessita de
condenação transitada em julgado.
A reincidência antecedente consagra o efeito que uma condenação anterior tem sobre
o prazo de prescrição de uma condenação posterior, aumentando o prazo de prescrição
da pretensão executória desta em 1/3, na forma do art. 110, caput do CP.
1º crime 2º crime
Furto Roubo
Condenação Prescrição
transitada executória 256
Prazo aumentado
Emerj CPIII-A Direito Penal
IMPORTANTE!!!!!
Para a PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA é indiferente o fato do agente ser
reincidente. Neste sentido, temos a Súmula 220 do ST: “A reincidência não influi no
prazo da prescrição punitiva”.
Tratando-se, no entanto, de PRESCRIÇÃO DA PRETENSAO EXECUTÓRIA, em que há o
trânsito em julgado, no caso de reincidência o prazo prescricional é aumentado em
1/3.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
257
Emerj CPIII-A Direito Penal
Questão 2)
258
Emerj CPIII-A Direito Penal
um deles a pena foi de 12 anos. Em 09 de novembro de 2006, CLAUDIO foi preso por
ter cometido crime de lesão corporal grave em face de sua irmã. Em razão desse
crime, CLAUDIO foi condenado a uma pena de 4 anos, decisão essa que transitou em
julgado em 02 de dezembro de 2014. Diante do que foi narrado, houve alguma
prescrição da pretensão estatal? Fundamente a sua resposta.
Resposta:
[pegar gabarito]
259
Emerj CPIII-A Direito Penal
Essa idade não foi objeto de modificação pelo Estatuto do Idoso, daí porque continua
a se considerar 70 anos e não o conceito de idoso hoje presente na legislação (STF, HC
89969).
A posição que prevalece no STF e no STJ é no sentido de que os 70 anos devem ser
aferidos na primeira decisão condenatória (STF, HC 96968, 107398, AgR no AI 844400;
STJ, HC 123579, REsp 650.363).
260
Emerj CPIII-A Direito Penal
a) Em dois anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade com a qual foi
cumultativamente aplicada; em 4 anos.
b) Em 3 anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade com a qual foi
cumultativamente aplicada; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade que
substituiu.
c) Em 3 anos; em 2 anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade que
substituiu.
d) Em 2 ano; em 2 anos; em 2 anos.
Resposta:
Letra B – VI do CP c/c art. 114, II do CP
Quanto à pena de multa, quando esta é a única aplicada, a REINCIDÊNCIA também não
influi no prazo da prescrição da pretensão executória, pois há disciplina específica no
art. 114, inciso “i” do CP.
261
Emerj CPIII-A Direito Penal
No concurso formal e no crime continuado, não há penas separadas para cada crime,
pois o juiz aplica a pena do mais grave e depois promove a exasperação. Portanto,
para o cálculo da prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto, despreza-
se o quantum da exasperação (vide Súmula 497 do STF).
262
Emerj CPIII-A Direito Penal
Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles (2 parte)
Exemplo: réu processado pelo crime de estelionato em concurso material com furto
vem a ser absolvido pelo estelionato e condenado pelo furto. A sentença condenatória
recorrível no tocante ao furto interrompe o prazo prescricional em relação à absolvição
do estelionato.
Prevalece na jurisprudência do STF e do STJ que CRIMES CONEXOS para o art. 117, par.
1 do CP são aqueles que pelas regras processuais de conexão devem estar dentro do
mesmo processo (em sentido contrário Zaffaroni sustenta que a conexão mencionada
é exclusivamente de direito material)
Resposta:
“A” esta sendo acusado de roubo e desacato. Recebimento da denuncia acontecendo
no mesmo momento para os dois crimes. Interrompe para os dois crimes a prescrição.
Vem a sentença. A sentença de roubo é condenatória e a do desacato absolutória. A
condenação do roubo, nos termos do art. 117 interrompe tb a prescrição pelo desacato.
A matéria subiu para o Tribunal e no acordão mantem-se a condenação pelo roubo e
no desacato tem condenação. O desacato interrompe a prescrição para o crime do
roubo.
Exemplo:
A foi condenado a 8 anos, passou 2 anos preso preventimente, cumpriu 1 ano. Faltam
cumprir dessa pena 5 anos. Não se calcula a prescrição em cima de 5 anos. Calcula-se
264
Emerj CPIII-A Direito Penal
a prescrição da seguinte forma: de pena ele cumpriu 2 anos, logo será 8 menos 2 = 6
anos. Falta para ele cumprir 6 anos, logo pelo art. 109 do CP, o prazo prescricional
será de 12 anos. A detração só serve para liquidar a pena no total. Para fins de
prescrição é o quanto ele cumpriu quando condenado.
ATENÇÃO!!!!
Prescrição conta-se incluindo o dia do inicio e excluindo o dia do final – art. 10 do
CP.
265
Emerj CPIII-A Direito Penal
Aos crimes eleitorais são aplicáveis os prazos prescricionais previstos no CP, na forma
do disposto no art. 287 do Código Eleitoral.
Art. 287 do CE: “Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as regras gerais do
Código Penal.”
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Em 15/01/99, dois anos após atingir a maioridade penal, EUSTÁQUIO foi preso em
flagrante delito pela prática de extorsão agravada. Permaneceu preso durante todo
o desenvolvimento da ação penal. A denúncia foi recebida no dia 04/02/99 e,
através de sentença condenatória, publicada em 06/07/99, foi EUSTÁQUIO
condenado, em razão da reincidência, à pena privativa de liberdade de oito anos de
reclusão. A sentença transitou em julgado em 18/08/99. O condenado fugiu da
penitenciária em 15/07/03. Em cumprimento de Mandado de Captura, expedido
pelo Juízo da Execução Penal, EUSTÁQUIO foi preso em 08/11/08. A defesa impetrou
Habeas Corpus em favor de EUSTÁQUIO, alegando a ilegalidade da privação da
liberdade, pois a punibilidade está extinta, por força do disposto no art. 107, IV do
CP, tendo ocorrido o fenômeno da prescrição da pretensão executória do Estado.
Pergunta-se: assiste razão à impetrante? Fundamente.
266
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
Questão 2)
CARLOS, conhecido meliante, veio a ser condenado, após um ano e seis meses da
data do recebimento da denúncia, a uma pena de nove meses de detenção,
transitando em julgado a sentença para a acusação. CARLOS apelou, pugnando pelo
reconhecimento da negativa de autoria, sendo que o Tribunal verificou a existência
de uma nulidade absoluta e anulou o processo do qual resultou a sentença
condenatória a ele imposta, e determinou a devolução dos autos à primeira
instância para novo processo e julgamento. Assim sendo, o juiz da causa, em
24/10/2010, três anos e meio depois da data do recebimento da denúncia, entregou
em cartório o processo, através do qual condenou CARLOS a uma pena de um ano e
dois meses de detenção. A defesa novamente apelou, sendo que a sessão de
julgamento foi designada para o dia 24/10/2011. Pergunta-se: ocorreu prescrição?
Resposta:
Tendo em vista que o processo foi anulado em razão do recurso exclusivo da defesa, a
nova pena não poderia ser maior do que a anteriormente aplicada, sob pena de
violação da reformatio in pejus indireta.
Assim, o Tribunal deve anular a nova sentença, reconhecendo que o máximo de pena
e ele aplicada seria de nove meses de detenção.
Questão 3)
PAULO foi denunciado por quatro crimes de peculato na forma continuada. Acabou
condenado à pena de 08 anos de reclusão por cada um deles. Reconhecida a
267
Emerj CPIII-A Direito Penal
Resposta:
O MP se equivocou nos cálculos. Com efeito, o art. 119 do CP consagra que a prescrição
deve ser analisada separadamente com relação a cada um dos crimes. No caso em tela,
o requerente foi condenado à pena de 8 anos de reclusão por cada peculato. O aumento
de ¼ por força da continuidade delitiva não deve ser considerado no calculo da
prescrição. Assim, o prazo prescricional é de 12 anos e não de 16 anos como referido
pelo MP.
Assim, considerando que o prazo da prescrição é de 12 anos, o acusado por ser preso
até o dia 09/04/08. O pedido da defesa pedindo a prescrição foi formulado em
10/04/07, quando o limite temporal ainda não havia sido ultrapassado.
268