(i) Jurisdição;
(ii) Ação; e
(iii) Processo.
2
Emerj CPIII-A Processo Civil
Assim, nos termos do art. 318 do CPC, o processo terá, via de regra, o procedimento
comum. A sua escolha, contudo, se dá de forma residual, ou seja, é aplicado
subsidiariamente diante dos procedimentos especiais. Isso porque se existe um
procedimento especial deve-se usá-lo.
4
Emerj CPIII-A Processo Civil
A razão pela qual a lei estabelece que determinados procedimentos são especiais e
outros não é de natureza material e não processual.
Para que se configure a nulidade restar-se-á necessária prova do prejuízo a uma das
partes.
Deve o autor na petição inicial indicar sua opção pelo procedimento especial?
O Prof. Fred Didier afirma que o autor deve, na petição inicial, indicar o tipo de
procedimento. É um direito potestativo do autor da ação.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Se o autor for omisso sobre o procedimento na petição inicial, a sua omissão não
implica na escolha do procedimento comum. Se houver procedimento especial, o
procedimento especial deverá ser determinado pelo juiz. A omissão, portanto, não
enseja o procedimento comum.
Se o erro cometido pelo autor for grotesco, então, nesse caso, o juiz poderá indeferir
a petição inicial, devendo extinguir o processo sem julgamento do mérito.
1. Os pedidos devem ser compatíveis entre si. Essa ideia de compatibilidade tem
uma exceção, qual seja, pedidos eventuais;
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Emerj CPIII-A Processo Civil
QUESTÕES CONTROVERTIDAS:
Pelo CPC/73 a modificação do procedimento especial não era possível. Contudo, com
o advento do CPC/2015, em seu art. 190, houve permissão expressa para que as partes
estipulem mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.
Assim, sempre que restar configurada a possibilidade de prejudicar o réu, o autor não
poderá optar pelo rito comum.
Resp 816.402/RS:
EMENTA: “PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE MÚTUO. SFH. CUMULAÇAO DE DEMANDA
SUJEITA A RITO COMUM COM PRETENSAO À CONSIGNAÇAO EM PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE. 3. A norma processual segundo a qual o autor pode optar pelo
procedimento comum mesmo havendo previsão de procedimento especial (2º do art.
292 do CPC), não é de aplicação universal. Ela supõe, em primeiro lugar, que o direito
material em função do qual se criou o procedimento especial seja compatível com o
rito comum; e, em segundo lugar, que o procedimento especial tenha sido
estabelecido apenas no interesse do autor, e não do réu. Ora, no caso da ação
consignatória, além de ter rito especialmente amoldado à satisfação específica do
direito material de liberar-se da obrigação, sua adoção, na forma como estabelecida
a partir da reforma processual de 1994, é também de interesse do réu, não só por lhe
ser facultado levantar antecipadamente os depósitos (CPC, art. 899, 1º), mas
sobretudo porque poderá, ao final, obter tutela jurisdicional em seu favor (art. 899,
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A matéria é tratada no art. 317 do CPC. Antes de proferir a decisão sem resolução do
mérito, o juiz deverá determinar a parte a correção do vício, sob pena de se violar o
Princípio da Prevalência da Decisão de Mérito.
Para os procedimentos que deixaram de existir no Novo CPC, o art. 1046, §1 do CPC
prevê que as disposições do CPC/73 se aplicarão às ações propostas e não sentenciadas
até o início da vigência do Novo CPC.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
CASOS CONCRETOS:
QUESTÃO 1)
Em uma determinada demanda, a parte autora, munida de prova escrita sem título
executivo, a qual demonstra a existência de obrigação de pagar, optou por ingressar
com uma demanda pelo procedimento comum. Citada, a parte ré alegou que a
demanda deveria ser extinta, uma vez que a parte autora deveria ter ingressado
com procedimento monitório. Acerca da teoria geral dos procedimentos especiais
quanto à escolha do procedimento pela parte autora, decida a questão de forma
fundamentada.
Resposta:
O procedimento, em regra, não pode ser objeto de escolha pelos litigantes. Contudo,
no caso em tela, excepcionalmente, o demandante pode optar, pois o procedimento
especial da ação monitória é convertido em rito comum em dado momento da
demanda.
Esta hipótese, que ocorre na ação monitória, sugere que o procedimento especial não
é tão específico assim, de modo que o interessado poderia optar pelo mesmo ou já
diretamente pelo rito comum desde o seu limiar.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O rol do art. 335 não é taxativo, pois a consignação será possível sempre que o devedor
quiser pagar e houver óbice para que o faça.
Somente as obrigações de fazer ou não fazer que não podem ser extintas por
consignação.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Mesmo em mora o devedor poderá consignar. Ele terá que oferecer ao credor o valor
da dívida, mais os encargos decorrentes da mora como juros e correção monetária.
Existem duas hipóteses em que o credor poderá recusar o pagamento, quais sejam:
SIM!!! A ação de consignação não tem por fim declarar a nulidade de cláusula
contratual, mas nela pode haver o reconhecimento incidenter tantum de um abuso
contratual, capaz de repercutir sobre o quantum debeatur.
PROCEDIMENTO DA CONSIGNAÇÃO:
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Tem legitimidade ativa quem pode fazer o pagamento, ou seja, o devedor. Se tiver
falecido, o espólio, enquanto não tiver havido partilha, ou os herdeiros, depois dela.
O pagamento também pode ser feito por terceiro interessado ou por terceiro não
interessado, desde que o faça por conta e ordem do devedor (art. 304 do CC)
Tem legitimidade passiva aquele que pode receber e dar quitação, ou seja, o credor,
seus sucessores ou herdeiros.
Recebida a carta, o credor tem prazo de 10 dias para manifestar sua recusa. Não
havendo recusa, reputa-se o devedor liberado da obrigação, ficando o dinheiro
depositado a disposição do credor. Aqui não terá havido ação de consignação em
pagamento, mas apenas consignação extrajudicial.
Caso a ação não seja proposta no prazo, o depósito fica sem efeito e poderá ser
levantado pelo devedor. Isso não impede que o devedor oportunamente oponha ação
de consignação. Não é possível ao devedor fazer nova consignação extrajudicial, do
mesmo valor, se ele já foi recusado pelo credor anteriormente.
Proposta a ação em 1 mês, o devedor está livre das consequências da mora, como
juros, salvo se a sentença for julgada procedente.
13
Emerj CPIII-A Processo Civil
14
Emerj CPIII-A Processo Civil
CONTESTAÇÃO:
15
Emerj CPIII-A Processo Civil
Nesse caso não há recusa do credor em receber, mas sim duvida a respeito de quem
tenha essa qualidade. A motivação para essa ação é afastar o risco de pagar a pessoa
errada, com o que não se obterá o efeito liberatório da obrigação.
Para que seja cabível essa ação é preciso que a dúvida seja razoável, séria e fundada.
Exemplo: com o falecimento do credor podem surgir dúvidas a respeito de quem seja
o legítimo sucessor;ou podem surgir questões decorrentes de uma cláusula obscura ou
mal redigida em um contrato, que não permita identificar a quem é devido o
pagamento.
PETIÇÃO INICIAL: a ação será ajuizada em face de TODOS aqueles que tenham
a possibilidade de ser reconhecidos como credores. O autor/devedor deverá
fundamentar sua dúvida a respeito de quem deva ser o feito pagamento. O juiz
somente indeferirá a inicial, se inexistir dúvida sendo a titularidade do credito
evidente e indiscutível.
determinada a citação dos réus. Se o deposito não for feito, o processo será
extinto sem resolução do mérito.
RESPOSTAS DOS RÉUS: o art. 548 do CPC estabelece as várias posturas dos réus:
Por fim, destaca-se que a ação consignatória tem um procedimento que é considerado
pela jurisprudência um PROCEDIMENTO OPCIONAL. Tendo em vista que a parte pode
discutir valor, a jurisprudência entende que o autor pode discutir os valores no
procedimento especial ou no procedimento comum.
#IMPORTANTE:
Ação de consignação em que o devedor quer só pagar (não se discute o valor)
– nesse caso tem-se uma ação consignatória em pagamento com
procedimento especial.
Ação de Consignação em que se quer discutir o valor da obrigação – tem
precedente jurisprudencial no sentido de que, a critério do autor, ele poderá
pedir a revisão no procedimento comum ou no procedimento especial, quem
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Emerj CPIII-A Processo Civil
TABELA DO CONCURSEIRO:
CASOS CONCRETOS:
Questão 1)
Resposta:
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Aula 3 - Prof. Rodolfo Hartmann
06/08/18
AÇÃO MONITÓRIA:
Esse procedimento tem por objetivo principal formar rapidamente um título executivo
judicial.
Existem, contudo, situações em que a própria lei permite escolha, tal como, no
procedimento de juizado especial cível, em que o autor pode escolher entre o juízo
cível e o juizado.
Esse procedimento da ação monitória não é tão específico assim, isso porque ele se
inicia como especial e depois ele se transforma em procedimento comum, logo, nesse
caso, o autor poderá escolher. É considerado, portanto, um procedimento opcional.
Aquele que propõe a ação monitória, pode ser credor de uma obrigação de pagar, ou
de uma obrigação de fazer ou não fazer.
O autor da monitória deverá ter em seu poder uma prova escrita sem força de título
executivo. A prova escrita não precisa ter necessariamente a assinatura do devedor,
mas tem que ter uma prova escrita.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Atenção ao art. 785 do CPC, é novidade legislativa, em que a parte pode, mesmo com
um titulo executivo, abrir mão da execução e entrar com o ação de conhecimento. É
um artigo que na prática não se aplica.
Exemplo: cheque que perde a força executiva, ainda assim, é documento hábil para
que a parte entre com a ação monitória. O cheque não prescreve nunca, o que
prescreve é a força executiva do cheque, agora, mesmo sem força executiva, a
obrigação pode ser exigida em uma ação de conhecimento.
Já tem orientação do STJ admitindo como prova escrita até mesmo conversa em e-
mail para efeitos de ação monitória.
Pode figurar no polo ativo da ação monitória tanto pessoa física quanto pessoa jurídica.
No CPC/73 entendia-se que não era cabível ação monitória contra incapaz, isso porque
teria que ter curador, MP e etc, e que supostamente essas circunstancias tirariam a
velocidade do procedimento monitório.
Nos termos do art. 700, caput, do CPC a monitória somente compreende DEVEDOR
CAPAZ.
Petição inical deve observar os requisitos do art. 319 do CPC. Destaca-se que a
audiência de conciliação não é prevista no procedimento da ação monitória. O juiz
poderá até designar em razão do caso concreto, mas não é obrigatório.
Se tudo correr na normalidade, o juiz vai dar o cite-se (natureza de despacho) e nesse
mesmo momento ele também estará expedindo o MANDADO INICIAL, que consiste em
ORDEM para o devedor cumprir a obrigação.
CORRENTE 1) Parte da doutrina entende que essa ordem tem natureza jurídica de
“SENTENÇA” – com fundamento no art. 9 do CPC que cria três exceções em que o
contraditório prévio é mitigado.
Art. 9 do CPC: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
ela seja previamente ouvida.
Parágrafo Único: o disposto no caput não se aplica:
III – à decisão prevista no art. 701.”
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Emerj CPIII-A Processo Civil
SIM!!! A sumula 414 do STJ entende que cabe citação por edital em ação monitória,
portanto, todas as modalidades de citação são possíveis.
Notem que os embargos à execução são diferentes, pois eles ficam em apenso porque
criam um novo processo, um processo de conhecimento. Esses embargos à execução
têm forma de petição inicial.
Se o devedor quiser cumprir a obrigação, ele terá como estímulo ISENÇÃO APENAS DE
CUSTAS. Cumprindo a obrigação em 15 dias o devedor fica desonerado das custas, mas
ainda assim TERÁ QUE PAGAR OS HONORÁRIOS, nos termos do art. 701, par. 1 do CPC.
Note que já existe previsão legal expressa de parcelamento no caso de execução, 30%
a vista e 6 parcelas mensais sucessivas, nos termos do art. 916 do CPC.
Independemente do juiz deferir o pedido de parcelamento, a parte tem que
providenciar o pagamento das parcelas, porque as vezes o juiz demora a decidir.
O art. 916, § 7 do CPC prevê que o disposto no artigo não se aplica a cumprimento de
sentença, mas permite esse mesmo parcelamento em monitória.
22
Emerj CPIII-A Processo Civil
Na ação monitória não existe o fenômeno revelia, porque se o devedor não apresentar
os embargos, o juiz não julga. Aqui trata-se do fenômeno da CONTUMÁCIA, ou seja, o
demandado não apresentou embargos monitórios, não há presunção de veracidade a
favor do autor. A contumácia gera como consequência a conversão do mandado inicial
em executivo, que os juízes estão fazendo por sentença e que o CPC diz que não
precisa, nos termos do art. 701, §2 do CPC.
Depois que o réu apresenta os embargos, o procedimento especial vai ser convertido
em procedimento comum, em que se verificará a réplica, julgamento antecipado do
mérito, saneamento, AIJ e caminha-se para a sentença ser proferida.
Se perder o prazo da reconvenção é cabível uma petição inicial de ação conexa com
distribuição por dependência.
A apresentação dos embargos gera a suspensão da decisão do art. 701. Uma vez
apresentado os embargos, o autor terá 15 dias para se manifestar e aí segue o rito do
procedimento comum. Ao final o juiz proferirá uma sentença, sendo cabível apelação.
23
Emerj CPIII-A Processo Civil
TABELA DO CONCURSEIRO:
SÚMULA REDAÇÃO
Súmula 531 STJ Em ação monitória fundado em cheque prescrito ajuizada
contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico
subjacente à emissão da cártula.
Súmula 384 STJ Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo
de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente.
CASOS CONCRETOS)
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Questão 1)
Resposta:
A – Sim, é possível ação monitória em face da Fazenda, nos termos da Súmula 339 do
STJ e art. 700, par. 6 do CPC.
B – Nos termos do art. 701, par. 4 do CPC a não manifestação da Fazenda implica na
constituição de título executivo judicial, independetemente de formalidade, sendo
certo que deverá ser observada a regra da remessa necessária nos termos do art. 496
do CPC. Se a Fazenda apresentar embargos suspenderá a eficácia da decisão até o
julgamento.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Aula 4 - Prof. Alexandre Câmara
30/07/18
O DIREITO DE POSSE consagra que a posse como um direito subjetivo. A própria posse
é uma posição jurídica que merece ser protegida. O direito de posse é chamado pelos
civilistas de IUS POSSESSIONIS.
Por sua vez, o DIREITO À POSSE consagra o direito de se tornar possuidor. O direito à
posse é chamado de IUS POSSIDENDIS.
Existe um fato chamado posse e existe um direito chamado posse. Todo direito
subjetivo se origina de um fato. Esse fato que enseja a origem ao direito é chamado
de fato constitutivo de um direito, ou seja, é o fato do qual o direito se origina.
As AÇÕES PETITÓRIAS, por sua vez, são mecanismos que tutelam o DIREITO À POSSE.
Isso é chamado pelos civilistas de IUS POSSIDENDIS.
Nesse sentido, por influência do Ihering, estabelecemos uma separação absoluta entre
os processos possessórios e os processos petitórios.
Nos processos possessórios não se pode discutir o ius possidendis, neles só se discute o
ius possessiones.
26
Emerj CPIII-A Processo Civil
A ação, para ser qualificada como possessória, tem de estar fundada na posse do autor,
que foi, está sendo, ou encontra-se em vias de ser agredida. Não interessa se o bem é
propriedade dele, mas se ele tem ou teve posse, e se ela lhe foi tirada de forma
indevida.
Nos processos possessórios a usucapião não pode ser alegada como defesa, pois nos
processos possessórios não se pode alegar propriedade.
Assim, a usucapião como forma de forma de defesa pode ser alegada nos processos
petitórios, mas não nos processos possessórios.
1. Interdito Proibitório;
2. Ação de Reintegração de Posse; e
3. Ação de Manutenção de Posse.
27
Emerj CPIII-A Processo Civil
O ajuizamento dessas ações irá depender de se tratar de: (i) LESÃO ou (i) AMEAÇA DE
LESÃO à posse.
Em breve síntese, se o caso for de “ameaça de lesão à posse” deverá ser ajuizada a
ação de Interdito Proibitório. Contudo, se o caso for de “lesão concreta a posse”,
então, deverá ser ajuizada a Ação de Reintegração de Posse ou Ação de Manutenção
de Posse.
Assim, o que permite identificar qual a ação adequada é o tipo de agressão que a posse
sofreu.
(i) ESBULHO: ocorre a perda do bem pela vítima para o autor da agressão. Exemplo:
invasão de terra em que o possuidor é expulso da coisa;
(iii) AMEAÇA: não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a intenção
de consumar a agressão. Exemplo: sem terras que se postam na frente de fazenda
com armas ameaçando invadir o imóvel.
O autor não pedirá ao juiz a expedição de mandado possessório, mas sim a fixação de
multa, de forma a desanimar o réu de perpetrar a agressão que ele ameaça realizar.
Destaca-se que a ameaça tem que ser séria, a ponto de provocar o temor fundado de
injusta agressão à posse.
Nessas situações a posse pode sofrer dois tipos de lesão já mencionadas acima:
Esses dois conceitos muitas vezes se confundem. A forma de não confundi-los é se fazer
uma análise qualitativa e não quantitativa dos mesmos.
Exemplo 1: A tem uma fazenda. B invadiu e ocupou apenas um pedaço da fazenda. Isso
é esbulho porque A perdeu por completo a posse desse pedaço da fazenda. Mesmo que
B não tenha ocupado a fazenda inteira, em relação à área ocupado, o “A” perdeu
totalmente a posse. Assim, verifica-se que o ESBULHO não tem que ser sobre o terreno
inteiro de A, pode ser sobre apenas parte da propriedade, mas desde que não se tenha
mais a posse completa daquela área esbulhada. Nesse caso, será cabível Ação de
Reintegração de Posse.
Exemplo 2: A tem uma fazenda com um pasto e vários bois nesse pasto. O vizinho
também cria gado, e resolveu arrebentar a porteira da fazenda de A de forma que sua
boiada entrou no pasto de A e ocupou todo o pasto de A. Com a invasão, no pasto de
A agora tem cabeças de gado tanto de A quanto do vizinho. Veja que, nesse exemplo,
apesar do vizinho estar exercendo a posse no terreno inteiro (tem boi do vizinho no
terreno inteiro de A), o vizinho está exercendo a posse junto com o dono, logo será
caso de TURBAÇÃO e não de esbulho. Aqui será cabível Ação de Manutenção de Posse.
Em síntese:
Se houve ESBULHO e o indivíduo ficou sem posse (mesmo que não seja de toda
a propriedade ou coisa), será cabível AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Ainda sobre o tema abaixo segue tabela sobre a distinção entre ação de força nova e
ação de força velha.
1. FUNGIBILIDADE:
A matéria está tratada no art. 554 do CPC. Diante da possível dúvida sobre a natureza
da agressão à posse, o legislador optou por considerar fungíveis as ações possessórias.
Assim, nos termos do art. 554 do CPC, essas 3 ações são fungíveis entre si, ou seja, se
ajuizar a ação possessória errada, o juiz dará continuidade ao processo. Contudo, essa
fungibilidade só existe entre ações possessórias.
Note que se entrar equivocadamente com ação petitória quando na verdade deveria
ser ação possessória, nesse caso, não há falar em fungibilidade.
30
Emerj CPIII-A Processo Civil
2. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS:
A questão da cumulação de pedidos nas ações possessórias está prevista no art. 555 do
CPC, sendo permitido ao autor da ação cumular ao pedido possessório os seguintes
pedidos:
Reparação de Danos:
Indenização dos Frutos; e
Imposição de Medida para evitar novas agressões à posse: multa cominatória.
Nos termos do art. 555 do CPC, é lícito Cumulação de qualquer outro pedido, a
ao autor cumular ao pedido possessório o exemplo do pedido possessório com o
de: pedido de rescisão contratual.
I – condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos;
III – cominação de pena para caso de nova
turbação ou esbulho;
IV – cominação de pena para
cumprimento da tutela provisória ou
final.
3. NATUREZA DÚPLICE:
O art. 556 do CPC permite ao réu, na contestação, alegar que foi ofendido em sua
posse, demandando proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou esbulho cometido pelo autor.
Esse dispositivo atribui as ações possessórias CARÁTER DÚPLICE pois autoriza o réu a
formular pedidos contra o autor, na contestação, sem reconvir.
Exemplo: divisas entre 2 imóveis não são muito claras. O autor acha que está sendo
esbulhado, e o réu, por sua vez, pensa que é o autor quem está desrespeitando as
31
Emerj CPIII-A Processo Civil
divisas. Proposta a ação, o réu, na contestação, pode alegar que é a vítima, e postular
ao juiz que conceda a ele a reintegração de posse. O réu poderá cumular na
contestação os pedidos indicados no art. 555 do CPC, só não poderá pedir liminar, já
que o procedimento somente permite que seja postulado pelo autor.
4. EXCEÇÃO DO DOMÍNIO:
O art. 557 do CPC estabelece que na pendência de ação possessória é vedado, tanto
ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a
pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.”
Existem dois tipos de ação possessória: (i) a de FORÇA NOVA e (ii) FORÇA VELHA.
Adotamos no Brasil um sistema que distingue entre ações possessórias de (i) FORÇA
NOVA (procedimento especial) e (ii) FORÇA VELHA (procedimento comum).
Dizer que uma ação é de FORÇA NOVA é dizer que ela seguirá o PROCEDIMENTO
ESPECIAL. Isso significa que ela terá um procedimento diferente do comum. A
diferença é só uma: no procedimento especial das ações possessórias de força nova
existe a previsão de uma MEDIDA LIMINAR (ocorre no começo do processo).
Dizer que uma ação é de FORÇA VELHA é dizer que ela irá seguir o PROCEDIMENTO
COMUM.
Nos termos do art. 558 do CPC, o que definirá se uma ação possessória é de força nova
ou força velha é o PRAZO.
Se a ação possessória for proposta dentro do prazo de 1 ano e 1 dia – inclusive (contado
da data que ocorreu o esbulho ou turbação), será uma ação possessória de força nova
e seguirá o procedimento especial.
Se a ação possessória for proposta depois do prazo de 1 ano e dia (ou seja após o prazo
de 1 ano e 2 dias) será caso de ação possessória de força velha e seguirá o procedimento
comum.
Se a data do esbulho for 30 de julho de 2018, a ação possessória força nova pode ser
proposta até 31 de julho de 2019. A partir de 1 de agosto de 2019 será ação possessória
por força velha.
33
Emerj CPIII-A Processo Civil
Porque nas ações possessórias por força nova tem-se a figura da LIMINAR?
A ação por força nova é aquela intentada dentro do prazo de 1 ano e 1 dia da data do
esbulho ou turbação. O que caracteriza é o procedimento especial, em que há a
possibilidade de LIMINAR PRÓPRIA, com requisitos específicos.
O que torna especial o procedimento na ação possessória de força nova é a fase inicial,
com a possibilidade de deferimento de liminar, que pode ser concedida de plano ou
após a audiência de justificação.
A LIMINAR das ações possessórias por força nova é tratada no art. 561 e 562 do CPC.
Nos termos do art. 561 do CPC o autor tem que provar a posse, ou seja, ele tem que
provar que sofreu o esbulho ou turbação e que isso aconteceu em até 1 ano e 1 dia. Se
a prova documental é suficiente para provar isso tudo, será muito provável que o autor
tenha razão. Se o autor conseguir provar tudo isso na petição inicial por meio de
documentos, o juiz deverá, desde logo, deferir a reintegração de posse, mesmo sem
ouvir o réu.
A liminar típica das ações possessórias é deferida sempre antes da ouvida do réu, ANTES
QUE TENHA TIDO A OPORTUNIDADE DE OFERECER RESPOSTA.
Não é muito comum que a liminar seja deferida de plano pois tendo a posse
aspectos fáticos, nem sempre é possível, com a inicial, trazer todos os
elementos para o convencimento do juiz.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Nos termos do Ag 113.817/SP, ainda que o autor não peça expressamente a audiência
de justificação, o juiz poderá designá-la, sem que sua decisão seja extra petita.
Caso a liminar seja deferida, o réu poderá postular ao relator que conceda efeito
suspensivo; caso a liminar seja indeferida, caberá ao autor pedir o efeito ativo.
35
Emerj CPIII-A Processo Civil
Essa liminar é uma forma de proteger o autor, mas não é a proteção definitiva, isso é
tutela provisória, essa liminar não exige a demonstração de urgência.
Qual a diferença entre (i) a liminar em uma tutela de urgência e (ii) liminar deferida
em uma ação possessória de ação nova?
Já a liminar possessória não exige perigo nem urgência, mas somente que o autor
demonstre, em cognição sumária, que tinha a posse e foi esbulhado ou turbado, há
pelo menos 1 ano e 1 dia.
OBS: No interdito proibitório não se fala em força nova ou força velha e por isso, no
interdito sempre se aplicará o procedimento especial. Art. 568 do CPC. Consiste em
um dever jurídico de não fazer, sendo aplicável, inclusive, multa.
CPC. Não se faz necessário provar modo que deverá demonstrar não apenas
aqui o fumus boni iuris e o a probabilidade do seu direito (fumus
periculum in mora. boni iuris), mas ainda a coexistência do
periculum in mora para que lhe seja
outorgada a proteção provisória, ou
eventualmente os requisitos do art. 311.
CAIU EM CONCURSO!!!
O possuidor injusto pode propor ação possessória?
A ação possessória poderá ser ajuizada por qualquer tipo de possuidor: direto ou
indireto, natural ou civil, justo ou injusto.
SIM!!! É cabível a ação possessória contra a Fazenda Pública, mas desde que a Fazenda
tenha se apossado indevidamente de bens alheios. Há, contudo, 2 ressalvas:
Art. 562, parágrafo único do CPC: contra as pessoas jurídicas de direito público
não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem previa audiência
dos respectivos representantes judiciais. Esse dispositivo não veda liminares
contra a Fazenda, mas exige que primeiro se ouçam os representantes judiciais.
A Fazenda poderá ocupar a área e dar uma finalidade pública. Nesse caso, em
razão do princípio da supremacia do interesse público, o possuidor e o
proprietário perderão a coisa mais serão ressarcidos dos prejuízos sofridos. O
proprietário poderá entrar com ação de desapropriação indireta.
Assim, nas invasões perpetradas por grande número de pessoas cuja identidade é
desconhecida da vítima. Se não puder ser apurada, a ação poderá ser proposta CONTRA
TODOS INDISTINTAMENTE, SEM QUE SE IDENTIFIQUE UM A UM. Nesse caso, todos os
invasores são réus, formando-se um LITISCONSÓRCIO PASSIVO E NECESSÁRIO.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O art. 554, §1 do CPC manda que, no caso de figurar, no polo passivo, um grande
número de pessoas, seja feita a CITAÇÃO PESSOAL DOS QUE FOREM ENCONTRADOS NO
LOCAL E, POR EDITAL, DOS DEMAIS. O oficial de justiça procurará os ocupantes no local
por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. Determina-se ainda
que o juiz dê ampla publicidade sobre a existência da ação e dos respectivos prazos
processuais, podendo-se valer, para tanto, de anúncios em jornal, rádio, cartazes na
região e outros meios.
Art. 565 do CPC, antes do juiz examinar o pedido de liminar, o juiz deverá designar
audiência prévia de mediação. Para essa audiência o MP deverá ser intimado e também
a Defensoria no caso de hipossuficientes. Ademais, nos termos do par. 4 do art. 565 do
CPC também serão convocados para participar dessa audiência os órgãos responsáveis
pela política agrária da União, Estados ou Município respectivamente.
Em caso de invasão coletiva por invasores integrantes do MST (Movimento dos Sem
Terra) é cabível citação do MST?
O prof. Alexandre Câmara entende que, por mais que membros integrantes do MST
tenham invadido a terra, não é cabível a citação do MST pois ele não tem legitimidade,
uma vez que ele não tem a posse da terra. Ele poderá participar, no máximo, como
amicus curiae.
Nos termos do §1 do art. 565 do CPC, se o juiz deferir a liminar, então, o autor terá 1
ano da data da distribuição para executar a liminar, sob pena de perder a eficácia,
pois muitas vezes o autor faz isso como forma de pressão. Assim, se o autor não
executar a liminar no prazo de 1 ano, ela perderá a sua eficácia.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O § 3 do art. 565 do CPC diz que sempre que for necessário o juiz pode ter que
comparecer pessoalmente ao lugar do conflito. No interior, por exemplo, tem muito
conflito possessório, o juiz do interior deverá comparecer ao lugar em que está
ocorrendo o conflito. O juiz tem que ir ao local sim, pois a sua principal função é
defender e proteger os direitos fundamentais das pessoas.
Resposta Oficial:
a) A admissibilidade da denominada ação coletiva passiva é um tema
controvertido em sede doutrinária, mas a jurisprudência admite sua
propositura em face de grupos ou associações de fato, desde que
demonstrados o interesse e a representatividade adequada. Nesse caso,
deve-se discutir se a coisa julgada coletiva vinculará ou não os membros do
grupo, no caso de procedência, que poderão rediscuti-la em ações
individuais, se a decisão lhes for desfavorável. Há quem defenda na
doutrina, entretanto, a eficácia erga omnes, a fim de garantir a utilidade
da ação coletiva passiva.
b) Em tese, quaisquer dos legitimados para a tutela coletiva poderão também
figurar como réus. No caso do MP, entretanto, além das outroas situações
legitimantes, há que se aferir o interesse de seu ingresso no polo passivo, no
caso concreto, tendo em vista a sua intervenção obrigatória como fiscal da
ordem jurídica.
SÚMULA REDAÇÃO
Súmula 228 STJ É inadmissível o interdito proibitório para a proteção de
direito autoral.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
39
Emerj CPIII-A Processo Civil
Resposta:
A lei estabelece que o juiz deverá: (i) deferir a liminar de plano se atendidos todos os
requisitos do art. 561 do CPC ou (ii) marcar a audiência de justificação para que o
autor possa ter a oportunidade de produzir provas dos requisitos da medida liminar.
Assim, no caso em tela, o juiz não agiu de forma correta uma vez que não estando
demonstrados de plano os requisitos para a concessão da liminar possessória, é
obrigatória a designação de audiência de justificação. O juiz errou ao indeferir de
plano a liminar sem designar audiência de justificação.
40
Emerj CPIII-A Processo Civil
EMBARGOS DE TERCEIROS:
A base legal dos Embargos de Terceiros está prevista nos arts. 674/681 CPC.
Nos embargos de terceiros, esse 3o vai se valer de uma ação - uma petição inicial -,
perante um processo já pendente (distribuição por dependência) com o foco de liberar
o bem que foi atingido.
Exemplo: Processo entre João e Maria. Em tese, quem responde por uma dívida é o
devedor. Quem tem responsabilidade patrimonial é o devedor. A Ação é entre João e
Maria, mas penhoram o meu bem, que não tem nada a ver com a dívida. Para liberar
esse bem, faço uso dos embargos de terceiro.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Cuidado! Aqui temos um ponto que muita gente confunde: muitos acham que tem que
ter uma restrição judicial oriunda de uma execução. Contudo, esse processo pendente
não precisa ser uma execução, pode ser um processo de conhecimento. Logo, os
embargos de terceiro não é processo acessório exclusivamente de uma processo de
execução, pode ser acessório a um processo de conhecimento. É possível embargos de
terceiro em qualquer processo (não só de execução).
Nos termos do art. 674 do CPC tem legitimidade ativa para propor embargos de
terceiros o PROPRIETÁRIO ou POSSUIDOR.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Exemplos em que 3o é meramente possuidor: Bens que ainda não foram levados a
registro. Bens oriundos de promessa de Compra e Venda: Processo entre João e Maria.
Penhoram um bem meu, que acabei de comprar, mas ainda não levei esse bem pra ser
registrado.
Pretensão de excluir da penhora bem doado, mas ainda não registrado: Processo de
execução entre João (exequente) e Maria (executada). Eu ganho um apartamento de
Maria, antes do ajuizamento da ação de execução contra Maria, mas ainda não levei o
apartamento a registro. Portanto, já tenho a posse, mas ainda não tenho a
propriedade. Penhoram esse meu apartamento, que nada tem a ver com o processo de
João e Maria. Posso ajuizar embargos de 3o como possuidor.
Ler art. 842 CPC se houver penhora de imóvel ou direito real sobre imóvel, tem que
intimar o cônjuge daquele que teve o bem penhorado.
43
Emerj CPIII-A Processo Civil
Essa intimação é uma forma de permitir que o cônjuge possa se valer de embargos de
3o. Esse artigo é uma prevenção do código, uma facilidade. Se for penhora sobre bem
móvel do executado, não precisa intimar o cônjuge, mas ele tem direito à embargos
de 3o.
Art. 843 prevê a solução: o equivalente à quota parte recairá sobre o produto da
alienação do bem.
Portanto, o bem indivisível que for penhorado vai a leilão e a quota parte da meação
irá para o cônjuge (ou o cônjuge adjudica).
Se o cônjuge é também executado, obviamente não cabe embargos de 3o, ele tem que
se valer da via própria se ele assumiu a dívida, é devedor, não cabe embargos de
3os, mas sim via própria.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Portanto, em suma: O cônjuge tem legitimidade para entrar com embargos de 3o.
Se o cônjuge também é devedor, se ele assumiu a dívida junto com o outro
cônjuge, a doutrina costuma dizer que ele não tem legitimidade para entrar
com embargos de 3o, pois é devedor. Ele deve entrar com defesa própria =
embargos à execução ou impugnação ao cumprimento de sentença.
Se o cônjuge não é devedor junto com seu marido/esposa, ele somente quer
defender sua meação, ele pode, com base no art. 674 e súmula 134 STJ, opor
embargos de 3o.
Inciso II: adquirente de bem cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução Ex.: João está lendo jornal
e vê um bem à venda nos classificados. Ele compra o bem. Contudo, existe um processo
contra o vendedor (quem vendeu o bem pro João) e o juiz declara a fraude à execução,
atingindo o bem que João comprou. Como João pode se defender? Embargos de 3o,
alegando que é 3o de boa-fé.
Fazer remissão do art. 674, parágrafo 2o, inciso II para art. 792, parágrafo 4o.
Inciso III: quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte. Boa pergunta de prova!!!! O
NCPC criou o incidente de desconsideração da PJ para atingir o bem dos sócios, como
se fosse o contraditório prévio necessário para atingir o bem de 3o. A dívida é da PJ,
mas um vez instaurado o incidente de desconsideração da PJ, tem que citar o sócio.
Citado o sócio, ele pode se defender no incidente. Se ele não for citado, ele não se
defendeu e, portanto, ele não pode sofrer constrição dos seus bens pessoais, cabendo
embargos de 3o.
Fazer remissão do art. 674, parágrafo 3o, inciso III para art. 135, que fala que tem
que instaurar incidente para desconsiderara PJ e citar o sócio
Inciso IV: o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado.
Ex.: João é credor hipotecário - alguém lhe deu um bem imóvel em garantia. No curso
de um processo judicial, penhoram esse bem. Ocorre que para o bem ser levado à
leilão, João tem que ser intimado (Art. 799, I, art. 804 e art. 889, V CPC). E se ele não
for intimado? Como ele pode defender a sua preferência, a sua garantia? Através de
embargos de 3o. Caso ele tenha sido intimado, aí está fora do cabimento dos embargos
de 3o, ele tem que exercitar a preferência no processo (art. 1499, inciso VI CC). Se ele
NÃO for intimado, ele não pôde exercitar a sua garantia, logo, tem um vício e ele pode
se valer dos embargos de 3o para alega-lo.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não tínhamos artigo sobre isso. Havia discussão sobre quem deveria ser embargado
(réu) nos embargos de 3o.
Por essa logica do art. 677, parágrafo 4o, teríamos um LITISCONSÓRCIO PASSIVO.
Comumente, na prática, figura como embargado a parte que indicou o bem a penhora.
Se foi o executado (devedor) que indicou o bem, ele que será o embargado. Se foi o
exequente (credor) que indicou aquele bem à penhora, o embargado será ele. Em
geral, aquele que indica o bem à penhora é que figurará como embargado.
Qual a relevância dessa discussão? Na prática, nenhuma, pois o que importa é a questão
da sucumbência. Colocar ambos no polo passivo não tem relevância prática, pois ambos
já estão no processo principal.
Quanto à sucumbência, a SÚMULA 303 DO STJ, diz que quem deu causa à constrição
indevida deve arcar com a sucumbência. Portanto, mesmo que coloque ambos no polo
passivo (devedor e credor), somente quem deu causa (indicou o bem à penhora) que
irá arcar com as despesas de sucumbência, por isso, dizemos que na prática, colocar
como embargos ambos ou somente quem deu causa à constrição, não tem relevância.
Súmula 303 STJ: em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida
deve arcar com os honorários advocatícios
O embargos de 3o é uma ação. Portanto, tem que ter uma petição inicial (Art. 677) e
será distribuído por dependência.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Questão de prova: Esse advogado não precisa ter poderes especiais para receber essa
citação, pois a lei já o outorga.
Legitimidade:
Razão da ação:
47
Emerj CPIII-A Processo Civil
Finalidade da ação:
SÚMULA REDAÇÃO
Súmula 303 STJ Em embargos de terceiros quem deu causa à constrição
indevida deve arcar com os honorários advocatícios.
Súmula 195 STJ Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude
contra credores.
OPOSIÇÃO:
A oposição é uma ação. Cria uma ação incidente, criando um outro processo, que pode
ser julgado em conjunto com processo originário.
A oposição envolve a figura do opoente e dos opostos. Tem uma ação entre autor e
réu, e o terceiro, que será o opoente, vai distribuir uma ação, colocando no polo
passivo autor e réu da ação originária. Ex.: Processo entre A e B. C, o oponente, ajuíza
uma nova ação (oposição) que tem como réus A e B.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 683 CPC aqui não há discussão, há litisconsórcio passivo necessário: ambas as
partes da ação originária.
Petição inicial com todos os requisitos necessários do art. 319, naquilo que guardar
compatibilidade.
Mesma peculiaridade dos embargos de 3o: a citação será na pessoa de seus advogados
(art. 683, parágrafo único). Não precisa de procuração com poderes especiais. Se não
tem advogado na ação principal, tem que citar pessoalmente = embargos de 3o.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não, pois não tem mais processo pendente para entrar com a oposição.
O art. 682 caput coloca outro marco: até ser proferida a sentença.
Se houver recurso de apelação? Cabe oposição na 2a instância? Não. Doutrina diz que
seria uma supressão de instância. Por isso o art. 682 fala “até a prolatação da
sentença”.
Se a oposição se der antes da AIJ, ela será apensada à ação originária e julgada em
conjunto. Juiz resolve ambas as ações juntas. Teremos o que doutrina chama de
sentença formalmente una e materialmente complexa uma só sentença, um só
papel, mas julgando duas causas (art. 685).
Tem relação de prejudicialidade? Sim. A oposição deve ser julgada antes (art. 686).
Se a oposição se der após a AIJ, já teve produção de prova, aplica art. 685 parágrafo
único suspende curso do processo.
Doutrina diz que se a oposição vem muito tarde (mas sempre antes da sentença), ainda
haverá o regramento de competência funcional, ou seja, distribuição por dependência
(mantém a lógica de regra de competência funcional), porém há desnecessidade de
apensamento dos autos.
Ou seja: se for a oposição tardia, não necessariamente ocorrerá apensamento nos autos
e sentença única para elas.
De acordo com o professor, o art. 685 parágrafo único fala isso por “vias tortas”.
O Juiz pode adaptar isso: analisando se vale a pena julgar junto ou não.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Obs.: via de regra não cabe ações de rito especial em juizado. enunciado 8 do
FONAJE.
TABELA DO CONCURSEIRO:
OPOSIÇÃO
DEFINIÇÃO Ação prejudicial em que o terceiro postula em juízo o bem
ou direito sobre o qual controvertem autor e réu.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Ana Paula interpôs embargos de terceiros, nos autos da execução fiscal em que o
Estado do Rio de Janeiro move contra RioCAR indústria Ltda. e Rodolfo, cônjuge de
Ana Paula. Ana Paula fundamenta seus embargos no fato de que o sr. oficial de
justiça compareceu até a sua residência para cumprir mandado de penhora e arrolou
os bens residenciais encontrados no seu domicílio. A embargante afirma que é
indevida a ameaça da constrição dos seus bens. O magistrado determinou a extinção
dos embargos com fundamento de ausência de interesse processual. Ana Paula
recorreu da decisão. Decida a questão de forma fundamentada.
Resposta:
O caso fala em “arrolou”, sem deixar claro se penhora foi feita ou não. Nesse caso,
temos que considerar ambas as hipóteses e responder de acordo com cada uma delas.
Se foi feita a penhora cabe embargos de 3o, pois há constrição. Se não foi feita a
penhora, simplesmente arrolou, é mera ameaça. Aí vem o “x” da questão: Cabe
embargos de 3os preventivos/inibitórios? Antes havia muita discussão, contudo, com o
CPC/15 a resposta está no texto da lei agora.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
INTRODUÇÃO:
Com a morte, termina personalidade civil do homem, tem início a sua sucessão e ocorre
a transmissão aos seus herdeiros, legítimos ou testamentários, dos bens.
Por força do PRINCÍPIO DA SAISINE (art. 1784 do CC), essa transmissão opera-se no
momento do falecimento. Mesmo assim, é preciso fazer o INVENTÁRIO e a posterior
partilha de bens, para que a situação fique regularizada.
O patrimônio do de cujus – o que inclui ativos e passivos – comporá uma massa indivisa,
que receberá o nome de ESPÓLIO. O Espólio não tem personalidade jurídica, mas a lei
lhe atribui a capacidade de ser parte.
Exemplo: no meio de processo surge um herdeiro desconhecido que alega ser filho do
falecido. Nesse caso, a paternidade deverá ser resolvida em outro processo. Essas
questões que serão tratadas em outro processo são chamadas de QUESTÕES DE ALTA
INDAGAÇÃO. São questões que não podem ser solucionadas no processo do inventário
e da partilha, devem ser resolvidas em um processo separado.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O Contrato de Inventário e Partilha está tratado no art. 610, §1 do CPC e poderá ser
celebrado, por meio de escritura pública, sempre que todos os interessados estejam
de acordo e que NÃO existam incapazes, nem tampouco testamento.
Trata-se, pois, de um negócio jurídico realizado por Escritura Pública. A lei exige que
os contratantes (todos eles) estejam assistidos por advogado. É celebrado em cartório.
Isso é possível quando todos os interessados são civilmente capazes e concordes, não
havendo testamento.
O CNJ editou uma resolução, a RESOLUÇÃO 35 DO CNJ que afirma que o contrato de
inventário e partilha é opcional.
Só que essa resolução não poderia disciplinar essa matéria, pois essa matéria deveria
ser regulada por lei e não por resolução. Essa resolução é formalmente
inconstitucional, porque o CNJ não pode regulamentar isso.
CORRENTE 2) Corrente capitaneada por Cristiano Chaves entende que nos casos em
que a lei admite a escritura pública não se pode ir ao Judiciário. Se pode ser feito
extrajudicialmente, então, o processo judicial não é necessário, se não é necessário
falta interesse, se não tem interesse, não pode ter processo, por falta de condição da
ação.
que fala o oposto da lei, estabelecendo que mesmo existindo um testamento ainda
assim pode celebrar o contrato por meio de escritura pública. Isso é um completo
absurdo na opinião do prof. Alexandre Câmara!
Exemplo:
A falece deixando testamento, e o testamento instituía como herdeira uma terceira
pessoa que não era herdeira necessária. Os herdeiros necessários querem fazer por
Escritura Pública. A herdeira do testamento afirmou expressamente que não queria
fazer por Escritura Pública. O juiz do caso disse que ela não tinha que opinar e
autorizou o ato extrajudicial, ou seja, autorizou a celebração do contrato de inventário
e partilha mesmo havendo um testamento e mesmo a herdeira não concordando com
a celebração do contrato. Um completo absurdo. O juiz rasgou a lei segundo Câmara.
Atenção!!!! O espólio não é formado só pelo ativo, é formado pelo passivo também,
pois dívida se transmite.
O Administrador Provisório não é nomeado pelo juiz, mas identificado de acordo com
o art. 1797 do CC, que atribui a função, sucessivamente, ao cônjuge ou companheiro,
se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão, ao herdeiro que estiver na
posse e administração dos bens e, se houver mais de um nessas condições, ao mais
velho; ao testamenteiro ou pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das
indicadas anteriormente ou quando tiverem sido afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz.
O INVENTÁRIO NEGATIVO não tem previsão legal, sendo uma criação doutrinária. Sua
finalidade é permitir que os herdeiros demonstrem que o de cujus faleceu sem deixar
55
Emerj CPIII-A Processo Civil
nenhum bem, o que pode ser de grande relevância para que sejam afastados eventuais
credores. Isso porque as dívidas do de cujus não podem ultrapassar as forças da
herança: é possível que todos os bens por ele deixados sejam consumidos no
pagamento de seus débitos. Se ainda assim, restarem dívidas, o patrimônio pessoal dos
herdeiros não responderá por elas.
Por isso pode ser interessante aos herdeiros demonstrar que o de cujus não deixou bem
nenhum e que eles, sucessores, nada receberam, para, com isso, desobrigarem-se
frente aos credores.
CAIU EM CONCURSO!!!
Existem bens que não precisam ser inventariados?
Os bens previstos na Lei 6858 de 80 são bens que não precisam ser inventariados com
a morte do de cujus.
Verifica-se, portanto, que os bens aqui arrolados poderão ser levantados por simples
alvará judicial, independentemente de inventário. A competência é da Justiça
Estadual, nos termos da Súmula 161 do STJ.
A legitimidade para requerer a abertura do inventário vem tratada nos arts. 615 e 616
do CPC. Há um legitimado prioritário e um legitimado concorrente.
INVENTARIANTE:
Não há nenhum óbice a que aquele que vinha exercendo a função de administrador
provisório seja nomeado juiz.
Os dois últimos incisos do art. 617 do CPC (inventariante judicial e a pessoa estranha
idônea) são inventariantes que não tem interesses pessoais nos bens. Eles são
nomeados pela falta de outro – são chamados de INVENTARIANTES DATIVOS. Assim, os
inventariantes dativos são inventariantes nomeados de forma residual (quando não há
nenhum da lista do art. 616) não tendo eles interesse pessoal nos bens.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O inventariante dativo tem, contudo, uma particularidade: de acordo com o art. 75,
§1 do CPC sempre que for caso de inventário com inventariante dativo, TODOS os
SUCESSORES serão intimados no processo no qual o espólio seja parte.
58
Emerj CPIII-A Processo Civil
COMPETÊNCIA:
1. FASE DO INVENTÁRIO:
Esse requerimento tem que ser formulado dentro de um prazo de 2 meses a contar da
abertura da sucessão, nos termos do art. 611 do CPC. Se passar o prazo, não acontece
nada, ou seja, do ponto de vista do direito processual, o não cumprimento desse prazo
não enseja nenhuma consequência. Contudo, se o processo não se instalar em 2 meses,
incide uma multa sobre o imposto de transmissão.
Na sequência, serão citados todos os interessados que ainda não fazem parte do
processo.
Além disso, tem que intimar a Fazenda Pública, e o MP se houver herdeiro incapaz ou
ausente, ou do testamenteiro se houver testamento, nos termos do art. 626 do CPC.
Feitas todas as intimações, todos os sujeitos terão prazo de 15 dias para se manifestar
sobre as primeiras declarações. O juiz terá que decidir sobre eventuais impugnações.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Feita a avaliação dos bens, os interessados têm 15 dias para se manifestar sobre ela e
o juiz vai decidir eventual impugnação à avaliação. Proferida essa decisão sobre
alguma impugnação à avaliação, virão as “últimas declarações”.
Cumpre ainda destacar dentro dessa fase a “colação”. A COLAÇÃO consiste no ato pelo
qual os descendentes que concorrem à sucessão de ascendente comum são obrigados
a conferir as doações e dotes que receberam em vida, sob pena de sonegados, com a
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O art. 2010 e 2011 dispensam alguns bens da colação, como os gastos ordinários do
ascendente com o descendente, enquanto menor, na sua educação e etc. São
dispensadas de colação ainda as doações remuneratórias.
Outro incidente que pode ocorrer no inventário, quando o falecido tiver deixado
dívidas é o PAGAMENTO DAS DÍVIDAS. Nesse sentido, o espólio responde pelas dívidas
até que haja a efetivação da partilha, caso em que a obrigação passará aos herdeiros,
respeitadas as forças da herança.
Na fase de inventário são declaradas as dívidas deixadas pelo de cujus, que deverão
ser pagas pelo espólio, de sorte que a partilha recaia apenas sobre o patrimônio
remanescente.
Se a dívida ainda não estiver vencida, o credor pode pedir ao juízo a reserva de bens,
que permanecerá eficaz pelo mesmo prazo. Mas este só começará a correr a partir do
vencimento.
Para o pagamento das dívidas será consumida primeiro a parte dos herdeiros, pois os
legados têm preferência. Somente se insuficiente se poderão consumir os bens legados.
2. FASE DE PARTILHA:
A partilha tem início depois de concluída a fase de inventário, apurados quais os bens
que efetivamente compõem a herança, os herdeiros, e o quinhão que cabe a cada um.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A partilha deverá ser calculada pelo valor dos bens no momento da abertura da
sucessão e não no momento em que a partilha é feita.
O art. 639, parágrafo único do CPC estabelece que o valor para a conferência será o
dos bens na data da abertura da sucessão.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O inventário conjunto foi previsto no art. 672 do CPC. A lei trouxe a possibilidade de
CUMULAÇÃO DE INVENTÁRIOS nas seguintes hipóteses:
Exemplo: cara morreu sem deixar herdeiros necessários e deixou tudo para
Joao e José que são primos. Um tio de Joao e José também morreu e deixou
todo o patrimônio para Joao e José. João e José podem fazer um processo
só para inventariar os bens de ambos os de cujus.
Exemplo: A tem 2 filhos. Imagine que A se separa e casa com outra mulher
que também tem 2 filhos do primeiro casamento. A e a mulher morrem em
um acidente de avião. Os herdeiros de A não são herdeiros do cônjuge,
contudo poderá haver um inventário conjunto em razão da ligação entre os
cônjuges.
Nesse caso, se a dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz
poderá determinar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse
das partes e à celeridade processual.
O Arrolamento Comum está previsto no art. 664 do CPC e será observado quando os
bens do inventariante forem de BAIXO VALOR, ou seja, ATÉ 1000 SALÁRIOS MÍNIMOS,
independentemente da existência de herdeiros incapazes ou da divergência entre os
interessados.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não há necessidade de acordo entre os interessados, nem é preciso que sejam todos
maiores ou capazes. Basta que o valor não ultrapasse o teto previsto em lei.
O ARROLAMENTO SUMÁRIO, por sua vez, constitui forma ainda mais simplificada de
inventário, a ser observada quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, e
estiverem de acordo. A rigor, não haveria necessidade de ingresso em juízo, já que
preenchidos tais requisitos, o inventário e a partilha podem ser feitos por Escritura
Pública. Mas os interessados podem preferir a via judicial, caso em que se valerão do
arrolamento sumário. Aqui o valor dos bens é irrelevante, bastando que haja acordo
entre os herdeiros, e que eles sejam todos capazes.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
TABELA DO CONCURSEIRO:
Súmula Redação
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Resposta:
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Emerj CPIII-A Processo Civil
No caso em tela, não há falar em sonegação por parte da Elvira pois a sonegação
somente pode ser imputada após as ultimas declarações. Elvira não tinha feito ainda
as últimas declarações, uma vez que o juiz prorrogou o prazo das primeiras
declarações, logo, não é possível imputar a Elvira à sonegação de bens.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Para Moacyr Amaral Santos, a jurisdição voluntária deve ser compreendida como
administração pública dos interesses privados.
Assim, a jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem razão, como
nos processos de jurisdição contenciosa, mas sim para que tome determinadas
providências necessárias para a proteção de um ou de ambos os sujeitos da relação
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Emerj CPIII-A Processo Civil
(i) Mitigação do Princípio da Inércia: o juiz pode, em muitos casos, dar início
aos processos de ofício, como na abertura e cumprimento de testamentos
e arrecadação da herança jacente;
(ii) Substitutividade;
(iii) Atua direitos preexistentes (ainda que a sentença seja constitutiva);
(iv) Não se forma a coisa julgada material. A coisa julgada material é um
fenômeno típico da jurisdição contenciosa;
(v) Não se fala em partes, mas sim interessados;
(vi) Procedimento, em regra, é mais sumário que o dos processos de jurisdição
contenciosa;
(vii) Não se aplica o princípio da legalidade estrita, como estabelece o art. 723,
parágrafo único do CPC. O juiz não é obrigado a observar o critério da
legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar
mais conveniente ou oportuna (equidade).
O RITO BÁSICO destes procedimentos estão no CPC (art. 719 – 725) que em síntese
estabelece que:
69
Emerj CPIII-A Processo Civil
Há, ainda, a regra prevista no art. 725 do CPC que estabelece as causas que deverão
ser processadas de acordo com o RITO BÁSICO acima transcrito. Vejamos:
O MINISTÉRIO PÚBLICO somente participará nos casos previstos no art. 178 do CPC.
A FAZENDA PÚBLICA será chamada a se manifestar sempre que tiver interesse no caso.
71
Emerj CPIII-A Processo Civil
IMPORTANTE!!!
Pode haver jurisdição por equidade no Estado Democrático de Direito?
A EQUIDADE permite ao juiz decidir de acordo com critérios pessoais, mesmo que de
forma contrária ao que reza a lei.
A lei autoriza o juiz a decidir por equidade, nos termos do art. 723, parágrafo único
c/c art. 140, parágrafo único do CPC.
Art. 140 do CPC: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna
ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em
lei.”
Assim, dentro desse contexto de equidade, se o juiz achar que a solução da lei não é
a mais justa, ele poderá dar uma solução alternativa baseada na equidade, podendo
decidir de forma diferente.
72
Emerj CPIII-A Processo Civil
Quando se admite que uma decisão seja proferida discricionariamente, se admite que
diante de uma mesma situação coexistam duas ou mais soluções, sendo todas
juridicamente legítimas.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Ametista, Rubi e Safira alegam ser proprietárias da Empresa Confecções Preciosas
S.A., que se encontra extinta, exercendo a sócia Rubi o cargo de Liquidante da
Empresa. Após várias tentativas para saber a quantidade de ações que a extinta
empresa possuía da Empresa Light S/A, as sócias ingressaram com uma demanda de
Jurisdição Voluntária, na qual pretendem a concessão de alvará judicial para
viabilizar o resgate e a liquidação de ações da Empresa Light S/A pertencentes à
empresa extinta, viabilizando o levantamento pelos seus sócios dos valores
apurados. Ocorre que, solicitadas as informações à Empresa Light S/A, esta afirmou
que não consta em seus registros a existência de ações ordinárias escriturais em
nome da Empresa Preciosa S.A. Diante da resistência da Light S.A., o magistrado
extinguiu a demanda sem resolução do mérito. Pergunta-se: Está correta a decisão
do magistrado? Resposta fundamentada.
Resposta:
74
Emerj CPIII-A Processo Civil
Nesse sentido, o principal objetivo dos Juizados Cíveis é permitir que certas demandas
que jamais seriam propostas pudessem sê-lo. Para alcançar tal fim, o Juizado se vale
de um procedimento muito simplificado, regido pela informalidade, de custos muito
menores e mais célere.
A primeira lei que surgiu foi a Lei 9099/95 que regula os Juizados Estaduais. É uma lei
federal que estruturou o Juizado Especial Cível e também o Criminal. Foi feita por
meio de uma lei federal pois a lei trata de procedimento. A Lei 9099 regulou os
Juizados Especiais Cíveis, instalados na Justiça Estadual.
Na sequência, criou-se a Lei 10.259/01 que implantou os Juizados Federais que são
integrantes da Justiça Federal. No Juizado Especial Federal é possível o interesse
Fazendário.
Para que o Juizado Especial pudesse alcançar a sua finalidade, era necessário que fosse
regido por princípios compatíveis com a facilitação do acesso à Justiça.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
No caso dos Juizados Estaduais, a Lei 9099 não faz menção expressa em relação a
possibilidade de tutelas provisórias de urgência.
Dessa maneira, como existe previsão expressa no trato dos provimentos provisórios,
tanto no Juizado Federal quanto no Fazendário, tais normas é que devem prevalecer,
aplicando-se, portanto, o diálogo das fontes e o Princípio do Microssistema dos
Juizados, de forma que também nos Juizados Especiais Estaduais seja possível a
concessão de tutelas de urgência, em que pese a ausência de dispositivo sobre a
matéria na Lei 9099. Com isso o Microssistema dos Juizados permaneceria íntegro,
possibilitando que aqueles processos de competência dos Juizados Estaduais também
tenham um modelo para análise de tutelas de urgência.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Conclui-se, pois que os três Juizados permitem a tutela antecipada, o que será
diferente é o recurso cabível.
1. Probabilidade do Direito;
2. Reversibilidade dos Efeitos; e
3. Risco de Dano ou de Perigo de Dano.
Esses 3 requisitos são os mesmos tanto nas Varas Cíveis quanto nos Juizados Especiais.
Se a parte pedir tutela antecipada em vara cível e o réu não agravar o processo é
extinto e a liminar fica estável. A forma de mudar a decisão estabilizada é por meio
de uma nova ação, na mesma vara, com uma nova petição inicial.
Nesse sentido, pode-se afirmar que contra qualquer decisão em sede de Juizado
Federal e de Juizado Fazendário é cabível o MANDADO DE SEGURANÇA na TURMA
RECURSAL, EXCETO a decisão em sede de tutela de urgência/liminar pois a lei
expressamente prevê RECURSO.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 5 da Lei 10.259/01: “Exceto nos casos do art. 4o, somente será
admitido recurso de sentença definitiva.”
Art. 4 da Lei 12.153/09: “Exceto nos casos do art. 3o, somente será
admitido recurso contra a sentença.”
Nos Juizados Estaduais NÃO há previsão de recurso para impugnar a decisão da liminar.
Em que pese a ausência de disposição específica autorizando o uso de algum recurso,
havendo inconformismo, este deverá ser manifestado pela via do MANDADO DE
SEGURANÇA. Esse MS será utilizado com uma finalidade próxima de recurso, e,
portanto, o MS deverá ser impetrado perante a TURMA RECURSAL do Juizado.
2. PRINCÍPIO DA ORALIDADE:
Assim, verifica-se que boa parte dos atos é oral, e apenas o essencial é reduzido a
termo. O resto pode ficar gravado em fita ou equivalente, conforme o art. 13, §2 da
Lei 9099.
Art. 13 da Lei 9099: “Os atos processuais serão válidos sempre que
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os
critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 3 - Apenas os atos considerados essenciais serão registrados
resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou
estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.
Art. 36 da Lei 9099 estabelece que a prova oral não será reduzida a termo (escrita).
Art. 36 da Lei 9099: “A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a
sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.”
No Juizado Estadual como o juiz leigo é quem faz a audiência, ele acaba reduzindo a
termo para que depois o juiz possa ler e assinar a sentença.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 13, § 2 Lei 9099: Os atos processuais serão válidos sempre que
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos os
critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 2 - A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada
por qualquer meio idôneo de comunicação.
A intimação também pode ser por qualquer meio idôneo de comunicação, intimação
por whatsapp, intimação por telefone. Agora, se for caso de citação, tendo em vista
que o vício na citação é vicio grave, pois não convalida, é causa de anulação do
processo, deve-se ser mais criterioso com a formalidade no caso de citação. O
professor, por exemplo, não faz citação por whatsapp no Juizado em que atua.
No Juizado Especial busca-se uma celeridade e até uma certa economia processual
quando se tem atos que podem ser concentrados. Exemplo: existe a possibilidade da
fazer tudo em uma única audiência (ou seja na mesma audiência de conciliação fazer
a AIJ).
A ECONOMIA PROCESSUAL consagra que se deve tentar obter, sempre com o menor
esforço possível, os resultado almejados. Por sua vez, a CELERIDADE, nos Juizados, é
ainda mais destacada, pois está entre as suas finalidades dar uma solução mais rápida
aos litígios em geral.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Tudo isso contribuiu para uma maior celeridade nos Juizados. Justamente em razão da
celeridade dos Juizados e da concentração de atos é que a CF, em seu art. 98, se refere
ao procedimento dos Juizados como PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO.
De acordo com o CPC o procedimento a ser adotado nos juízos cíveis é o “comum”.
No caso específico dos Juizados, a CF, prevê que seja observado um rito mais
concentrado, nominado de “RITO SUMARÍSSIMO”.
Importante destacar que nos processos que tramitam perante o Juizado Especial,
apenas o rito sumaríssimo poderá ser empregado, com exclusão de todos os demais,
inclusive os especiais (ex: procedimento monitório).
Somente na ausência de regras mais específicas nestas leis regentes é que se poderá
empregar de maneira subsidiária o rito comum.
Não é cabível ação rescisória nos Juizados, nos termos do art. 59 da Lei 9.099/95.
Art. 59 da Lei 9099/95: “Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas
ao procedimento instituído por esta Lei.”
Contudo, o prof Alexandre Câmara e outros defendem que é possível utilizar a ação
rescisória em processo oriundo Juizado Especial em algumas situações. Com efeito, se
o STF prover ou desprover RE interposto de decisão de Turma Recursal, com resolução
do mérito da causa, o efeito substitutivo fará com que este acórdão substitua o
anterior, transformando-se em título executivo judicial. Nesse sentido, a própria CF
autoriza o STF a julgar ação rescisória dos seus própios acórdãos, não fazendo qualquer
ressalva de ele ter sido proferido ou não em processo iniciado em Juizado Especial.
Assim, sob esta ótica, não poderia esta restrição constante em lei ordinária (art. 59 da
Lei 9099) criar uma restrição que não existe no texto constitucional.
Como é a contagem dos prazos nos Juizados Especiais? Dias úteis ou dias corridos?
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Em sede de JUIZADO FEDERAL e TURMA RECURSAL FEDERAL é muito comum usar DIAS
ÚTEIS.
Contudo, o JUIZADO ESTADUAL DO RJ tem aplicado DIAS CORRIDOS. Mas, note que isso
pode variar de Juizado para Juizado.
O art. 10 da Lei 9099 consagra que não cabe intervenção de terceiro nos Juizados
Estaduais.
A competência dos Juizados (todos eles) pode ser em razão do valor e em razão da
matéria.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Nesses casos o rito a ser observado é o Sumarissímo de modo que não há que se aplicar
o procedimento específico para a ação de despejo ou mesmo para as possessórias.
Contudo, alguns juízes entendem que pode seguir tanto o procedimento do juizado
(sumarissímo) como o procedimento especial se for uma ação possessória por exemplo.
A competência do Juizado Federal é ABSOLUTA, o que significa dizer que a parte não
poderá escolher se irá ajuizar a demanda no Juizado Federal ou na Juízo Cível Federal.
Nesse sentido, o art. 3 da Lei 10.259 estabelece que sendo um demanda de até 60
salários mínimos a parte deverá necessariamente ingressar com a ação no Juizado
Especial Federal.
Há também um rol de matérias que não podem ser abordadas no Juizado Federal, todas
elas previstas na lei, tais como aquelas envolvendo imóveis da Uniao, anulação do ato
administrativo (exceto os de natureza previdenciária ou de lançamento fiscal).
Ademais, destaca-se que o valor de até 60 salários mínimos deve ser analisado por
demandante. Exemplo: dois autores em litisconsórcio facultativo: A pede 40 salários
mínimos, B pede 50 salários mínimos, esses valores não serão somados, eles serão
analisados individualmente. O teto de 60 salários deve ser computado individualmente
pela parte envolvida.
Nos termos da Súmula 428 do STJ: “Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os
conflitos de competência entre Juizado Especial Federal e Juizo Federal na mesma
Seção Judiciária.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Nos JUIZADOS ESTADUAIS a legitimação ativa pode pertencer às pessoas físicas capazes
(excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas), bem como as
microempresas, as pessoas jurídicas qualificadas como organização civol de interesse
público, bem como as sociedades de crédito ao microempreendedor. Admite-se
também o litisconsórcio.
Nos termos do art. 8 ao 11 da Lei 9099, existem certas pessoas que não tem
legitimidade ativa para vir ao Juizado, como o incapaz, o preso, as PJs de direito
público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. Também
não se permite pessoas absolutamente capazes cessionárias de pessoa jurídica de
grande porte.
A pessoa jurídica de pequeno porte pode ser autora no Juizado, nos termos do art. 8,
par. 1 da Lei 9099. Uma empesa de grande porte não pode ajuizar ação no Juizado
Especial.
Nos JUIZADOS ESTADUAIS, a legitimidade passiva é ampla, somente não podendo nela
figurar as mesmas pessoas que também não podem ser demandantes (tais como o
85
Emerj CPIII-A Processo Civil
Nos JUIZADOS FEDERAIS, no art 6 da Lei 10.259/11) que prevê que podem ser
demandadas a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. Admite-se
outros legitimados passivos não especificados, desde que em litisconsórcio. É possível,
portanto, que no polo passivo de uma demanda do Juizado Federal figure a Uniao,
Estados ou Município.
Existe uma regra no JUIZADO ESTADUAL que não precisa ter advogado até 20 salários
mínimos. Acima de 20 salários precisa de advogado. Contudo, em se tratando de
recurso ou para contra razoar aí tem que ter advogado mesmo que o valor seja inferior
a 20 salários.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Resposta:
O CPC de 2015 trouxe no art. 1065 a alteração do art. 50 da Lei 9099. Desta forma, os
Embargos de Declaração passam a interromper o prazo para interposição de Recurso.
86
Emerj CPIII-A Processo Civil
Observando que a contagem do prazo foi alterada pelo CPC, deverá ser admitido o
Recurso Inominado.
Art. 1065 do CPC: O art. 50 da Lei 9099 de 95, passa a vigorar com a
seguinte redação:
Pela legislação anterior seria intempestivo, so que pela nova legislação interrompe,
nos termos do art. 1065 do CPC que alterou a redação do art. 50 da Lei 9099/95.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A lei dos Juizados Estaduais criou um procedimento mais enxuto comparado com o rito
ordinário.
Petição Inicial;
Citação;
Audiência de Conciliação;
Audiência de Instrução e Julgamento (apresenta a resposta no início da AIJ); e
Sentença.
A Lei 10.259/01, por sua vez, quase não trata de procedimentos. Ela é menor que a
Lei 9099. Ela não prevê muitas regras sobre procedimento.
Nesse sentido, os Juizados Federais começaram a usar o procedimento da Lei 9099 que
se mostrou ineficiente, uma vez que tornou o Juizado Federal em um instrumento
moroso. Isso porque a Fazenda Pública era parte no processo. Contudo, tendo em vista
que existia uma resistência enorme da Fazenda Pública em fazer acordos, as audiências
de conciliação se tornavam inócuas e o processo se tornava muito moroso. E por isso,
a doutrina começou a apregoar o Princípio da Adaptabilidade.
88
Emerj CPIII-A Processo Civil
Nos Juizados Federais existem muitas questões de direito. Na maioria dos processos
não há prova oral, a maioria dos processos trata de questão de direito e aí verificou-
se que era marcada uma AIJ basicamente só para colher a contestação do réu. Mais
uma vez, tornava o processo mais moroso.
Petição Inicial;
Citação para a ré (Fazenda Pública) responder em 30 dias;
Contestação da ré;
Realização da AIJ (se for o caso); e
Sentença.
*** Quando tem Fazenda Pública envolvida não se realiza audiência de
conciliação. E a AIJ somente é marcada se pedir prova oral ou se o juiz entender
necessário.
Esse procedimento adaptado não está previsto na Lei do Juizado Federal, mas é o que
ocorre na prática. Adaptou-se o procedimento no Juizado Federal para refletir suas
peculiaridades, sendo, portanto, diferente do procedimento no Juizado Estadual.
Vejamos abaixo cada um dos marcos que compõem o procedimento nos Juizados
Especiais:
A petição inicial pode ser apresentada de forma oral ou escrita, devendo observar o
art. 14 da Lei 9099 que traz seus requisitos.
Há uma simplificação dos requisitos exigidos pelo CPC para a petição inicial. Admite-
se o PEDIDO GENÉRICO na petição inicial do Juizado, nos termos do art. 14, §2 da Lei
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Pelo CPC o dano moral deve ser determinado – tem que dizer o quanto de dano moral
se pretende obter. No Juizado Especial, contudo, pode se fazer um PEDIDO GENÉRICO
DE DANOS MORAIS, não precisa especificar o valor dos danos morais.
Destaca-se, contudo, que nos Juizados Federais e Fazendários, cada pedido não pode
isoladamente ultrapassar o teto de 60 salários mínimos, muito embora isso possa
ocorrer quando houver cumulação de pedidos, sem que haja declínio da competência
ou extinção do processo. [CAI EM CONCURSO!!!]
A Lei 9099 não traz um prazo para realização da emenda a petição inicial, logo
aplicando-se o CPC o prazo pode ser de 15 dias (art. 321 do CPC) ou o juiz pode
determinar outro prazo.
Existe, contudo, entendimento (enunciado do TJRJ) que o autor pode corrigir a petição
inicial ATÉ O INÍCIO DA AIJ. Isso porque é na AIJ que é apresentada a defesa do réu.
90
Emerj CPIII-A Processo Civil
O juiz poderá determinar a emenda da petição se verificar vício sanável. Se o vício for
insanável ou se a parte não tiver corrigido o vicio após determinação judicial, então,
nesse caso, ocorrerá o INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. A sentença de
indeferimento é SENTENÇA TERMINATIVA, com base no art. 485 do CPC. A parte,
então, poderá refazer a petição inicial, corrigir o vício e entrar com novo processo.
As hipóteses de indeferimento da petição inicial estão no art. 330 do CPC c/c art. 485,
I do CPC.
Pode ocorrer também a IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO que é prevista no art. 332
do CPC, cuidando de situação em que o magistrado já se encontra autorizado a
proferir, de plano, a SENTENÇA DEFINITIVA (art. 487, I do CPC), mas apenas para os
casos de improcedência, praxe esta que pode ser aplicado em qualquer Juizado
(Estadual/Federal/Fazendário).
A citação poderá ser realizada pela VIA POSTAL ou MANDADO PELO OFICIAL DE JUSTIÇA
(no caso de Juizado Especial Estadual).
CAI EM CONCURSO!!!
É possível citação por edital nos Juizados?
NÃO!!! A lei do Juizado proíbe CITAÇÃO POR EDITAL, nos termos do art. 18, § 2 da Lei
9.099. Isso se aplica a qualquer Juizado. Isso porque o edital tem uma burocracia, gera
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Emerj CPIII-A Processo Civil
custo, precisa de intervalo de 20 dias entre as publicações e isso tudo conspira contra
a base principiológica dos Juizados (celeridade).
Tendo em vista que não é possível a citação por edital nos Juizados, se o réu não for
localizado o processo deverá ser extinto.
Quanto a citação por hora certa, diante do silêncio normativo, não se vislumbra óbice
para a sua realização neste rito sumaríssimo, que também ocorre na citação por meio
eletrônico.
Sobre o tema da citação por hora certa, existem DOIS ENUNCIADOS NO TJ RIO que
merecem destaque: o primeiro enunciado estabelece que NÃO cabe CITAÇÃO POR
HORA CERTA nos Juizados do Rio. O segundo enunciado, por sua vez, estabelece que
se o oficial desconfiar que o réu está se ocultando, então, poderá considerar presumida
a citação do réu.
Ainda, de acordo com o art. 19 da Lei 9099, as intimações serão feitas na forma
prevista para citação, ou POR QUALQUER OUTRO MEIO IDÔNEO DE COMUNICAÇÃO.
Há a possibilidade dessa audiência ser convertida em AIJ, caso a conciliação não tenha
sido obtida e desde que o mandado de citação tenha previsto tal possibilidade (art. 27
da Lei 9099).
Não!!! O art. 31 da Lei 9099 preve que não é cabível a RECONVENÇÃO em Juizados.
Isso porque com a reconvenção traz-se matéria fática nova aos autos, conspirando
contra o procedimento extremamente concentrado dos Juizados.
O PEDIDO CONTRAPOSTO É LIMITADO, uma vez que o réu não pode inovar no pedido,
devendo se basear nos MESMOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL. A reconvenção, por sua
vez, é diferente, uma vez que o autor afirma X e o réu quando reconvem pode
apresentar um fato modificativo, impeditivo, ou seja, o réu apresenta um fato novo,
mas tal fato deve ser conexo.
EM SUMA: o pedido contraposto é muito mais limitado, pois ele se baseia nos mesmos
fatos da petição inicial, enquanto a Reconvenção pode trazer fato novo, mas que tem
que ser conexo com os fatos apresentados na inicial.
93
Emerj CPIII-A Processo Civil
No Juizado Estadual primeiro marca a AIJ para apresentar a defesa e depois é que o
processo vai para sentença.
No Juizado Federal, por sua vez, primeiro apresenta a defesa e se houver necessidade
de prova oral aí sim marca-se a AIJ.
Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei,
podem ser utilizados nos Juizados Especiais. E essas provas sejam típicas ou atípicas
serão produzidas em AIJ.
O juiz leigo só faz AIJ no Juizado Estadual e Fazendário. Nos Juizados Federais não há
a figura do juiz leigo, muito embora a AIJ possa ser realizada por conciliador (art. 16
c/c art. 26 da Lei 12.153)
O conciliador pode reduzir a termo prova oral no Juizado Fazendário e Juizado Federal.
No art. 26 da Lei 12.153 existe previsão de que isso também se aplica ao Juizado
Federal.
A AIJ é o momento próprio para produção de prova, principalmente prova oral. O art.
32 da Lei 9099 admite todos os meios de prova, desde que sejam moralmente legítimos.
O art. 36 da Lei 9099 estabelece que a prova oral não precisa ser reduzida a termo na
AIJ, o que também imprime uma maior celeridade aos processos, muito embora as
partes possam se sentir prejudicadas quanto a algo mencionado pela testemunha que
não tenha constado em ato. Em tais casos, os membros da Turma Recursal poderão,
no momento do julgamento do recurso inominado, sobrestá-lo para que a prova oral
seja refeita e agora com a devida redução a termo.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não há nenhum artigo nas Leis de Juizados dizendo que não cabe prova pericial. Na
verdade, aqueles que defendem que não cabe prova pericial alegam que isso fere a
base principiológica dos Juizados. Isso porque nos Juizados temos o princípio da
simplicidade e isso não se coaduna com a prova pericial.
Por isso muitos juízes do Juizado Estadual entendem pelo indeferimento da prova
pericial. Existe uma jurisprudência defensiva rechaçando a prova pericial nos Juizados
Estaduais.
Nos casos em que realmente for necessária prova pericial complexa, há na doutrina
quem defenda o declínio da competência do Juizado em prol do juízo cível.
Destaca-se, ainda, que o art. 35 da Lei 9099 permite a consulta de técnicos para
questões que requerem conhecimento mais específico.
O CPC exige uma fundamentação exaustiva por parte do juiz (art. 489, par. 1 do CPC).
Não há nenhum obstáculo para que, mesmo no Juizado, a fundamentação seja
exaustiva. Decisão tem que ser bem fundamentada. Não basta o juiz colocar uma
ementa, não basta colocar a Súmula, ele terá que fundamentar bem a sentença,
mesmo em sede de Juizado. Isso porque uma boa fundmanetação legitima a atividade
jurisdicional e permite que a parte ao recorrer tenha uma melhor base para defender
o seu direito.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não haverá remessa necessária nas decisões proferidas em sede de Juizado Especial
Federal ou Fazendário, nos termos do art. 13 da Lei 10259 e art. 11 da Lei 12.153.
#IMPORTANTE!!!
A regra prevista no art. 503, §1 do CPC, que estabelece que eventual questão
prejudicial interna já deverá constar imediatamente no próprio dispositivo do ato
decisório, de forma a gerar coisa julgada formal e material independentemente de
qualquer requerimento das partes neste sentido, não se aplica em sede de Juizados.
Isso porque não é possível aplicar tal regra em processos em que há restrição
probatória, que é justamente o que ocorre com os processos que tramitam em
Juizado, em razão da impossibilidade de produção de prova pericial de maior
complexidade. Logo, a regra prevista no art. 503, §1 do CPC somente se aplica em
Juízos Cíveis, não se aplicando em juizados.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A cadeia de recursos cabíveis das decisões dos Juizados Especiais é formada pelos
seguintes recursos:
a) Embargos de Declaração;
b) Recurso Inominado;
c) Agravo Interno;
d) Recurso Extraordinário;
e) Agravo aos Tribunais Superiores.
a) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO:
Omissão;
Contradição;
Obscuridade; e
Correção de Erro Material (Ex: erro na grafia do nome da parte).
Pelo CPC, art. 1065 do CPC, os ED passaram a ter EFEITO INTERRUPTIVO quanto ao
prazo para o uso dos demais recursos.
b) RECURSO INOMINADO:
Há uma peculiaridade no Juizado Federal, uma vez que não cabe recurso inominado
para impugnar sentença terminativa, nos termos do art. 5 da Lei 10.259/01. O recurso
inominado só é cabível em sentença de mérito.
Se o juiz do Juizado Federal entender que falta pressuposto processual, não tem como
a parte recorrer. A parte deverá refazer a PI e entrar novamente no Juizado Federal.
Existe entendimento que até caberia recurso inominado em uma sentença terminativa
que nega a jurisdição. Isso na verdade é quando se tem uma sentença terminativa com
base no art. 485, V do CPC. O juiz interpretou que ofende coisa julgada. Quando a
sentença é baseada no art. 485, vc não pode repetir a ação. Isso é negativa de
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Emerj CPIII-A Processo Civil
jurisdição. Nessas hipóteses até vem sendo cabível o recurso inominado nos Juizados
Federais.
De acordo com o art. 1010, par. 3 do CPC o juiz da vara cível não faz mais juízo de
admissibilidade da apelação.
Assim, apresentado o recurso inominado por uma parte, a outra parte deverá ser
intimada para apresentar suas contrarrazões e, na sequencia, os autos serão remetidos
à Turma Recursal, que irá analisar a admissibilidade.
c) AGRAVO INTERNO:
SIM!!! Pelo CPC/15 é cabível o AGRAVO INTERNO. Só que o CPC/2015 tambem consagra
que todos os agravos, inclusive os agravos regimentais, onde quer que estejam
previstos, serão interpostos em 15 dias, nos termos do art. 1070 do CPC.
ATENÇÃO!! Pode ter Regimento de Turma Recursal prevendo o prazo de 5 dias para
esse Agravo Interno, mas por força do art. 1070 deve ser usado o prazo de 15 dias para
esse agravo. Em que pese o CPC determinar o prazo de 15 dias, é recomendável ao
advogado da parte considerar o prazo do Regimento da Turma Recursal.
O agravo interno é levado pelo relator ao órgão colegiado, é uma forma de completar
a vontade do órgão colegiado. O agravo interno força a manifestação dos demais
integrantes do órgão colegiado.
EM REGRA, o agravo interno não dá direito a sustentação oral. Contudo, o art. 937,
parg. 3 do CPC prevê situações excepcionais em que se permite a sustentação oral. Se
o agravo interno é provido e o recurso inominado é admitido, o advogado poderia fazer
a sustentação oral.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A ratio é evitar o agravo interno, e evitar a sustentação oral, de forma que o processo
fique mais eficiente e ágil, ganhando-se em termos de gestão. O STF ratifica essa rotina
de trabalho dos Juizados Federais.
d) RECURSO EXTRAORDINÁRIO:
Súmula 203 do STJ: “Não cabe recurso especial contra decisão proferida
por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.
Em regra, pela cadeia recursal o STJ e TJ/TRF não participam como instâncias revisoras
do microssistema do Juizado.
Em tese, pode ser interposto Mandado de Segurança. A Turma Recursal é quem julga
o MS. Existe, contudo, uma exceção, qual seja, a alegação de incompetência pela
parte. Se o juiz do Juizado, ao proferir sentença, afirmar que o Juizado é competente,
será cabível o Recurso Inominado que vai para a Turma Recursal.
Se a Turma Recursal julgar o recurso e entender que o Juizado não tem competência,
em tese, caberia recurso extraorindário do acórdão da Turma, mas a jurisprudência
tem orientação no sentido de que deve-se interpor MS para impugnar a decisão da
Turma, apenas por esse fundamento - competência.
O MS é usado no TJ ou TRF por acordao da Turma, tão somente nesses casos de decisões
sobre competência. Isso porque é necessário decisão de um órgão externo para analisar
tão questão. O tema tem que ser exclusivamente competência. Qualquer outra
hipótese não seria cabível o MS. Da decisão do Tribunal que denegar o MS é cabível
RECURSO ORDINÁRIO ao STJ – ROC (Recurso Ordinário Constitucional). Por esse
mecanismo, os Tribunais podem até participar do dia-a-dia dos Juizados.
O que acontece se a decisão do Juizado for contrária a uma decisão vinculante local
do TJ ou do TRF?
Pelo CPC seria possível uma decisão do IRDR vincular juiz de Juizado, nos termos do
art. 985, I do CPC, se aplicando também em Juizados Especiais. A ratio disso é que se
é uma questão de direito ela deve ser padronizada tanto na vara cível como também
no juizado.
Se o Juizado não aplicar a tese vinculante local na sentença, a parte poderá recorrer
por meio do RECURSO INOMINADO a Turma Recursal ou, ainda, usar a via processual
chamada de RECLAMAÇÃO. A parte terá que usar os dois mecanismos, pois se só usar a
reclamação, a decisão fará coisa julgada, e já tendo feito coisa julgada não caberáa
reclamação. Logo, o advogado deverá se valer desses dois instrumentos, o recurso
100
Emerj CPIII-A Processo Civil
inominado para que a decisão não transite em julgado e a reclamação para questionar
o fato da decisão do Juizado não ter observado o precedente vinculante local.
A Lei do Juizado Estadual não permite a participação do STJ. No Juizado Estadual não
se chega no STJ. Agora no Juizado Federal e Fazendário criaram um mecanismo, um
incidente de uniformização de lei federal, que permite a participação do STJ.
Reitera-se que este incidente não existe nos Juizados Estaduais, razão pela qual deve-
se utilizar a via processual da reclamação, diante de uma turma recursal que afronte
orientações do STJ.
Como se pode imaginar houve uma chuva de “reclamações” no STJ sobre decisões de
Juizados Estaduais contrariando orientações do STJ. O STJ teve que criar obstáculos
para a interposição dessas reclamações. Por esse motivo criaram a Resolução 3 de 2016
prevendo que se o Juizado, as Turmas Recursais não seguirem jurisprudência do STJ,
agora, SERÁ CABÍVEL RECLAMAÇÃO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL. Essa resolução
tem viés de ilegalidade, pois viola o 988 do CPC.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Nos termos do art. 59 da Lei 9099 é vedada ação rescisória em qualquer processo que
inicie a tramitação perante um Juizado Especial. Assim, ainda que presentes qualquer
hipótese prevista em um dos incisos do art. 485, o interessado não disporá da via da
ação rescisória.
Respeitável doutrina (prof. Alexandre Camara) entende, contudo, ser possível a ação
rescisória em um caso excepcional: se o STF prover ou desprover RE interposto de
decisão da Turma Recursal, com resolução do mérito da causa, o efeito substitutivo
fará com que este acordão substitua o anterior, transformando-se em título executivo
judicial. Contudo, a própria CF (art. 102, I, j) autoriza que o STF julgue ação rescisória
dos seus próprios acórdãos, não fazendo resslava de ele ter sido proferido ou não em
processo iniciado no Juizado Especial. Assim, sob esta ótica, não poderia esta restrição
constante em lei ordinária (art. 59 da Lei 9099) criar uma restrição que não existe em
texto constitucional.
Caso seja o cumprimento de uma sentença que imponha obrigação de pagar, o seu
procedimento se encontra em norma própria (art. 52 da Lei 9099/95), que estabelece
ser um processo sincrético, pois a execução de título judicial será considerada como
uma segunda etapa. Mas, para que haja o seu início, é imprescindível que o interessado
apresente um requerimento (art. 52, IV da Lei 9099).
Vem sendo permitida a inclusão de multa de 10% prevista no art. 523, par. 1 do CPC.
102
Emerj CPIII-A Processo Civil
Caso seja uma execução por quantia certa lastreada em titulo executivo extrajudicial,
o procedimento passa a ser fixado em conformidade com o art. 53 da Lei 9099.
Se o devedor não for localizado, mas os bens forem encontrados, não será possível a
realização do arresto de que trata o CPC, pois esta providencia demandaria a
necessidade de publicação de editais, o que é proibido na presente sede (art. 18, par.
2 da Lei 9099).
De acordo com a Lei 9099 somente após a realização da penhora é que será designada
audiência de conciliação, ocasião em que os embargos poderão ser oferecidos (art. 53,
par. 1 da Lei 9099).
Sendo a obrigação de pagar reconhecida como titulo judicial, este procedimento será
disciplinado por normas próprias (art. 17 da Lei 10259 e art. 13 da Lei 12.153) que
dispensam requerimento da parte interessada para o seu início. Assim, bastará
aguardar o transito em julgado da decisão para o início do seu cumprimento, nos
termos dos citados dispositivos.
Alguns Estados não estão pagando Precatório e RPV. Nesses casos o caminho é
SEQUESTRO DE VERBA PÚBLICA. É idêntico a penhora on line.
103
Emerj CPIII-A Processo Civil
Questão 1)
Resposta:
Sim, quando é pela matéria o Juizado pode ultrapassar 40 salários, exceto matéria
possessória. Nos termos do art. 1063 do CPC/2015 deve se aplicar o art. 275, II do
CPC/73. Nesse sentido, a cobrança de seguro relativo a dano suportado em razão de
acidente de veículos é de competência dos juizados, nos termos do art. 1063 do
CPC/2015 c/c art. 275, II, e do CPC/73
104
Emerj CPIII-A Processo Civil
Questão 1)
Resposta:
105
Emerj CPIII-A Processo Civil
106
Emerj CPIII-A Processo Civil
CORRENTE 1) Nagib Slab Filho entende que as regras do art. 58 da Lei de Locação se
aplicam a toda e qualquer ação com repercussão locatícia.
CORRENTE 2) Capanema, por sua vez, entende que o art. 58 da Lei de Locação se aplica
apenas as ações locatícias expressamente previstas na lei de locação – interpretação
restritiva. Trata-se, pois, de rol exaustivo.
AÇÃO DE DESPEJO:
(i) o locador; ou
(ii) o sublocador, na condição de quem tem a posse, nos termos do art. 13 da
Lei de Locação.
108
Emerj CPIII-A Processo Civil
(i) CUMULAÇÃO SUBJETIVA: quando se coloca junto com o locatário seu fiador,
nos termos do art. 62, II da Lei de Locação; e
A purga da mora prevista no art. 59 da Lei de Locação tem por finalidade AFASTAR A
DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL.
Por outro lado, a purga da mora prevista no art. 62, II tem por finalidade AFASTAR A
RESCISÃO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO.
Sim!! A Audiência de Conciliação (art. 334 do CPC) é cabível na ação de despejo com
fundamento no art. 59, caput da Lei de Locação. Isso porque o caput do art. 59
estabelece que as ações de despejo seguirão o RITO COMUM, observados as
modificações constantes do capitulo próprio.
Caso seja aplicada a regra do art. 334 do CPC, quando começa a contar o prazo de
15 dias da purga da mora? Será útil purgar a mora antes da audiência?
Nesse caso será necessária a flexibilização judicial procedimental – art. 139, VI do CPC.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
CORRENTE 1) Corrente defendida por Roque entende que após a purga da mora, o
locatário não teria nada para acordar na audiência do art. 334. Inviabilizaria a chance
de acordo.
Fred Diddier entende que todas as hipóteses do art. 59 da Lei de Locação são hipóteses
de TUTELA DE EVIDÊNCIA, em consonância com o art. 311 do CPC. Há apenas um juízo
de probabilidade, não se verifica a urgência.
Existem porém aqueles que entendem que é uma TUTELA ANTECIPADA, então, nesse
caso seria hipótese de TUTELA ANTECEDENTE, em que poderá ocorrer a estabilização
se o locatário/réu não recorrer. Esse tema ainda não foi pacificado na doutrina (art.
304 e 1015 do CPC).
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Emerj CPIII-A Processo Civil
111
Emerj CPIII-A Processo Civil
Para se pedir uma ação revisional tem que esperar pelo menos 3 ANOS depois do
contrato firmado, para aferir essa defasagem, nos termos do art. 19 da Lei de Locação.
Esse prazo pode ser interrompido quando há um ajuste ou acordo. Se for feito novo
acordo há a INTERRUPÇÃO DO PRAZO, ou seja, o prazo começa a contar do zero.
Contudo, parte da doutrina entende que se as partes fizeram um acordo que não
tratava expressamente da revisão do imóvel conforme valor de mercado, então, nesse
caso, não há falar em interrupção do prazo de 3 anos da ação revisional.
É o rito previsto na Lei de Locação, mas aplica-se também o rito do art. 1049, parágrafo
único do CPC.
O ALUGUEL PROVISÓRIO está previsto no art. 68, II, “A” da Lei de Locação.
Nesse sentido, a regra do aluguel provisório será diferente a depender de quem pediu
o reajuste. Vejamos:
AÇÃO RENOVATÓRIA:
A Ação Renovatória está prevista no artigo 71 da Lei de Locação. Essa ação somente
poderá ser ajuizada quando se tratar de locação de IMÓVEIS NÃO RESIDENCIAIS, ou
seja, imóveis que se destinam ao comércio (art. 51 da Lei de Locação).
A ação renovatória deverá ser instruída com todos os documentos da locação e demais
documentos que comprovem o atendimento dos requisitos acima mencionados.
A Ação Renovatória tem natureza jurídica de ação constitutiva que tem por finalidade
a renovação compulsória do contrato de aluguel não residencial.
IMPORTANTE!!!
Qual o prazo decadencial no caso de ação renovatória de locação?
O art. 51, par. 5 da Lei de Locação traz o prazo decadencial da ação renovatória.
Vejamos:
Art. 51,§ 5 da Lei de Locação: “Do direito a renovação decai aquele que não
propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis, no mínimo,
anteriores à data da finalização do prazo em vigor.”
113
Emerj CPIII-A Processo Civil
Súmula 482 do STF: “O locatário, que não for sucessor ou cessionario do que o
precedeu na locação não pode somar os prazos concedidos a este, para pedir a
renovação do contrato, nos termos do Decreto 24.150”
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Bernardo, locador de imóvel, ingressou com ação revisional em face do seu locatário
- Victor - e requereu que o magistrado estipulasse um valor a título de aluguel
provisório. O magistrado arbitrou, antes da audiência, a título de aluguel
provisório, um determinado valor que correspondia a 90% do valor do pedido. Em
defesa, Victor alegou que Bernardo não poderia pedir a revisão de aluguel, já que
não havia acordo entre as partes. Ressaltou que o magistrado não poderia ter fixado
o valor antes da audiência e que o valor fixado não poderia ser superior a 50% do
valor do pedido. Diante dos fatos narrados, decida a questão de forma
fundamentada.
Resposta:
O Locador se submete ao art 68, II, “a” da Lei de Locação, tendo, portanto, direito a
pedir a revisão do valor da locação. No caso em tela, o magistrado extrapolou o limite
de 80% estabelecido na lei de locação, uma vez que determinou um aumento de 90%
sobre o valor da locação.
Para pedir a ação revisional tem que ter passado 3 anos conforme o art. 19 da Lei de
Locação.
Por fim, destaca-se que o enunciado da questão menciona que as partes fizeram um
“acordo”, tema este que encontra divergência na doutrina. Vejamos:
CORRENTE 1) Maria Helena Diniz entende que se houve qualquer acordo de reajuste
do valor, há prejuízo da contagem do prazo trienal, que passa a ser contado novamente
para propor a revisional.
CORRENTE 2) O STJ, no REsp 594.965, entendeu que se o acordo não reajusta conforme
o valor de mercado, não afasta a eventual defasagem do aluguel, não prejudicando,
portanto, o prazo trienal.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Como não temos um Código de Processo Coletivo, tivemos a criação das tutelas
coletivas por meio de leis esparsas. Essas leis não conseguiram ser exaustivas no
tratamento da tutela coletiva.
Exemplo: a ação civil pública é uma lei que tem 20 artigos, logo é muito difícil de se
exaurir todos os temas dentro de 20 artigos.
Trata-se de rol exemplificativo. Por isso que criou-se o microssistema de forma a sanar
omissões das leis que compõem o microssistema.
Nesse sentido, o art. 21 da Lei 7347/85 já prevê que as regras do CDC serãao aplicadas
para a Ação Civil Pública.
115
Emerj CPIII-A Processo Civil
Sobre a questão da remessa necessária cumpre destacar que o STJ (INFO 612)
entendeu que não se aplica a remessa necessária nas ações que versem sobre
direitos individuais homogêneos. O STJ entendeu que Ação Popular veio para
tutelar direitos difusos e direitos coletivos em sentido estrito, mas não para a
tutela de direitos individuais homogêneos.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
DIREITOS TUTELÁVEIS:
O Art. 81 do CDC traz as espécies de direitos tuteláveis pelas ações coletivas, quais
sejam:
1. Direitos Difusos;
2. Direitos Coletivos; e
3. Direitos Individuais Homogêneos.
1. DIREITOS DIFUSOS:
Direitos indivisíveis são direitos em que não é possível definir qual a parcela de cada
titular.
Esses titulares são ligados entre si por circunstâncias fáticas, ou seja, é irrelevante
existir relação jurídica entre os titulares para caracterizar um direito difuso.
117
Emerj CPIII-A Processo Civil
A diferença está basicamente no grupo de titulares que será atingido pelo direito
tutelável.
No direito coletivo strictu sensu é um grupo, categoria ou classe que é ligado entre si.
É diferente do direito difuso em que não há relação jurídica entre o grupo de titulares.
São direitos acidentalmente coletivos, pois na sua essência não são coletivos, mas sim
são coletivos porque um acidente gerou aquele direito.
Exemplos:
Queda do Avião que mata muitos passageiros. As famílias das vítimas passam a
ter direito de indenização, são direitos que são individuais e divisíveis pois para
cada familia será um direito diferente. Existe uma origem comum daquele
direito.
Tem que olhar para a pretensão dos direitos coletivos tutelados. Tem que olhar para
os pedidos da demanda para ver qual a espécie de direito coletivo aplicável.
Exemplo: acidente de Mariana. Proposta ACP pelo MP que pediu: (i) recomposição do
meio ambiente naquela localidade e (ii) reparação de danos para as famílias atingidas
pelo acidente. Nesse caso o direito que deu ensejo a demanda foi um direito difuso,
so que a demanda tem dois pedidos, sendo cada um deles de uma espécie de direito
coletivo diferente. Assim, o pedido de recomposição do meio ambiente é direito
difuso, enquanto que a reparação dos danos de cada lesado é direito individual
homogêneo.
A Lei de Ação Civil Pública é a Lei 7347 tem por objeto buscar a reparação de danos
(em dinheiro ou obrigação de fazer ou não fazer), funcionado como uma ação de
118
Emerj CPIII-A Processo Civil
Não será cabível ação civil pública em pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
possam ser individualizados.
O STJ entende que essa lei não fica circunscrita a reparação de danos. Nesse sentido,
seria viável uma ACP para, por exemplo, para anular um ato.
O art. 5 da Lei da ACP prevê um rol de legitimados à propositura das ações civis
públicas. Esse rol é semelhante ao art. 82 do CDC. A lógica do legislador é o
estabelecimento de REPRESENTANTES adequados para o direito, a isso se chama
LEGITIMADOS ESPECÍFICOS.
Art. 5 da Lei 7347: “Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação
cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1 - O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2 - Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos
termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das
partes. [...]”
119
Emerj CPIII-A Processo Civil
CORRENTE 1) A corrente mais tradicional entende que não seria possível ação coletiva
passiva, isso porque o art. 5 da Lei da ACP estabelece legitimidade para PROPOR a
ação coletiva e não legitimidade para ser réu.
O art. 2 da Lei de ACP prevê que é o FORO DO LOCAL DE OCORRÊNCIA DO DANO que
tem COMPETÊNCIA FUNCIONAL para a causa.
Em caso de dano regional, que atinja mais de um muncípio, qual o foro deverá ser
aplicado?
O DANO REGIONAL é o dano que atinge diversos municípios diferentes. Nesse caso,
aplica-se o art. 93, II do CDC que prevê que, em se tratando de dano regional, a
competência será do foro da capital do Estado ou do DF.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Se a capital do Estado não for afetada pelo dano, então, nesse caso a competência
será de qualquer um dos municípios afetados pelo dano.
Exemplo: caso de Mariana que foi proposto no município de origem do dano pois ali
seria mais fácil de colher prova.
LITISPENDÊNCIA NA ACP:
Não!!!! A Lei da ACP é omissa quanto a esse tema, logo, pelo microssistema (art. 21
da Lei de ACP) iremos buscar a solução para tal questão no art. 104 do CDC. E o art.
104 do CDC prevê que não há possibilidade de litispendência.
121
Emerj CPIII-A Processo Civil
Não há litispendência pois são ações com objetos diferentes. A abrangência do pedido
é diferente, isso porque o pedido da ação coletiva é para abrangência de todos os
lesados, enquanto que nas ações individuais a abrangência é mais restrita.
Tendo em vista que não é possível a litispendência, pode o autor da ação individual
integrar a lide coletiva?
SIM!!! O autor individual pode se valer da ação coletiva, desde que no prazo de 30 dias
da ciência da ação coletiva, ele proponha a suspensão de sua ação individual. O autor
individual tem 30 dias para requerer em seu processo que haja suspensão de sua ação,
contados 30 dias da ciência nos autos de seu processo da existência da ação coletiva.
Na prática, o próprio réu da demanda pode noticiar nos autos a existência da ação
coletiva, ou ainda, muitas vezes, o próprio juiz da ação coletiva remete um ofício para
os juízes das ações individuais, informando sobre a existência da ação coletiva.
Em que consiste o sistema do OPT IN e OPT OUT e FAIR NOTICE das ACP?
Como mencionado acima, o autor individual poderá optar entre aderir a ação coletiva
ou não.
Se ele optar por integrar a ação coletiva, tem-se aquilo que a doutrina americana
chama de OPT IN.
Por outro lado, se o autor da demanda individual optar por continuar com a lide
individual, tem-se o que a doutrina chama de OPT OUT.
Tendo em vista que a coisa julgada da ACP pode vir a beneficiar o autor, é uma questão
de estratégia ele definir se vai ou não se valer da tutela coletiva.
O FAIR NOTICE, por sua vez, consiste na necessidade de que haja uma notificação
adequada do autor da ação individual.
O STJ, em mais de uma ocasião (INFO 413), mitigou a aplicação desse art. 104 do CDC,
ou seja, ele consagrou em mais de uma ocasião que é possível DE OFICIO o juiz
determinar a suspensão das ações individuais, sob o fundamento de que deve ser
aplicado subsidiariamente o mesmo sistema aplicável aos RECURSOS REPETITIVOS.
Pelo sistema dos recursos repetitivos opera-se uma suspensão dos processos que tratam
da mesma questão de direto. Nesse sentido, o STJ entendeu que aplica-se a mesma
sistemática no caso das ações individuais quando houver ação coletiva sobre o mesmo
tema.
122
Emerj CPIII-A Processo Civil
Esse entendimento do STJ é muito criticado, pois tal decisão é vista como violadora da
legalidade, uma vez que o art. 104 é claro ao permitir a parte a escolha por suspender
ou não a ação individual.
SENTENÇA NA ACP:
A sentença na ação coletiva pode ser uma sentença genérica ou não, a depender da
espécie de direito em jogo. Vejamos:
(i) DIREITOS DIFUSOS E DIREITOS COLETIVOS STRICTU SENSU: como são direitos
transindividuais indivisíveis, a reparação se destina à comunidade ou grupo.
Vejamos abaixo tabela contendo resumo da coisa julgada nas ações de tutela coletiva.
123
Emerj CPIII-A Processo Civil
EXECUÇÃO NA ACP:
124
Emerj CPIII-A Processo Civil
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Ana ingressou com uma demanda em face do Estado do Rio de Janeiro no ano de
2014, visando ao recebimento da gratificação "XYZ", instituída através de decreto-
lei no ano de 2008, à qual faria jus por ter trabalhado no período de 2000 a 2015.
Requereu que tais valores fossem apurados em liquidação de sentença. Em defesa,
o Estado alegou que a servidora não fazia jus ao benefício, pois a servidora
encontra-se inativa desde o ano 1999 e que o beneficio somente foi estendido aos
servidores inativos através de Lei no ano de 2013. Ocorre que Ana é beneficiária da
decisão proferida nos autos da Ação Civil Pública que condenou o Estado a
implementar, para os inativos, a mencionada gratificação. Tal decisão transitou em
julgado em 05 de abril de 2010. Acerca da coisa julgada, decida a questão de forma
fundamentada.
Resposta:
Na verdade, ela teria que averiguar se já tinha uma execução pelo legitimado coletivo,
se não tivesse, ela poderia promover a execução.
125
Emerj CPIII-A Processo Civil
126
Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 5 da CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
É uma ação coletiva para a ANULAÇÃO de certos atos lesivos a bens jurídicos coletivos.
Seu cabimento tem FINALIDADE CONSTITUTIVA NEGATIVA.
Destaca-se, ainda, uma segunda finalidade prevista no art. 11 da Lei 4717/65, qual
seja, a FINALIDADE CONDENATÓRIA. A sentença que anular o ato também condenará
os responsáveis nas reparações dos danos.
Trata-se, pois, de PEDIDO IMPLÍCITO, ou seja, decorre da lei, a parte não precisa
formular porque a própria lei já traz para a demanda esse pedido. Ainda que a ação
popular não peça a condenação em perdas e danos, está deverá ser abarcada na
sentença em razão da previsão na lei.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 1 da Lei 4717/65: “Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a
anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas
de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja
criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos
A doutrina consagra que ação popular será cabível quando a lesão decorrer de um ato
que seja: (i) ilegal e (ii) lesivo.
O ATO ILEGAL é aquele que ofende não só a lei, mas ofende o ordenamento jurídico
como um todo.
O ATO LESIVO é aquele que lesiona alguns dos bens jurídicos coletivos tutelados por
ação popular.
A legitimidade ativa está prevista no art. 5, LXXIII da CF, ou seja ela é exercida por
QUALQUER CIDADÃO.
Cidadão é pessoa no gozo de direitos políticos. O gozo dos direitos políticos se verifica
mediante comprovante de votação da última eleição ou certidão de quitação eleitoral,
nos termos do art. 1, par. 3 da Lei 4717.
Não!! Súmula 365 do STF estabelece que as PJs não podem propor ação popular.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Súmula 365 do STF: “Pessoa Jurídica não tem legitimidade para propor
ação popular.”
Art. 9 da Lei 4717: “Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da
instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º,
inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do
Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação
feita, promover o prosseguimento da ação.”
O art. 6 da Lei da AP aborda a questão do legitimado passivo, uma vez que se tem um
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO por força de lei.
Esse litisconsórcio será unitário quanto a anulação do ato, mas quanto a condenação a
decisão será diferente.
Pessoa Jurídica em nome de quem o ato foi praticado. Pela redação do art. 1
da Lei 4717 pode ser pessoa jurídica de direito privado que receba de alguma
forma recursos públicos e não somente pessoa jurídica de direito publico.
Beneficiários do Ato também devem ser legitimados passivos pois se o ato for
anulado isso afeta a sua esfera jurídica.
Art. 6 da Lei de 4717: A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas
e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou
administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o
ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra
os beneficiários diretos do mesmo.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A pessoa jurídica em nome de quem o ato foi praticado tem uma peculiaridade uma
vez que poderá: (i) se defender como réu; (ii) se abster de se defender ou (iii) passar
para o lado do autor.
Se a PJ resolveu atuar ao lado do autor, ela continua dando causa a demanda, logo ela
poderá sofrer consequências como sucumbência porque ela deu causa ao ato. Ela só
não vai ter que reparar dano porque ela é lesada.
O art. 7 da Lei de 4717 consagra o procedimento ordinário, só que este foi extinto,
logo deve-se interpretar que deverá ser seguido o PROCEDIMENTO COMUM na ação
popular.
Exemplo: a Fazenda para fazer jus ao prazo de 40 dias de contestação terá que
requerer expressamente, isso porque não se aplica a regra do CPC, nesse caso, mas
sim a regra do art. 7, IV do CPC. A Fazenda terá de requerer se quiser se beneficiar.
Os demais prazos aplicáveis a Fazenda deverão observar os prazos previstos do CPC
quando a Lei de AP for omissa.
No CPC a remessa necessária é uma garantia da Fazenda, nos termos do art. 496 do
CPC, de forma a garantir a análise pelos Tribunais de todas as decisões que forem
contrárias à Fazenda.
Já na Ação Popular, no art. 19, temos uma regra especial. A REMESSA NECESSÁRIA se
dará nos casos de CARÊNCIA DE AÇÃO (extinção sem resolução de mérito) ou
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
A COISA JULGADA na ação popular esta prevista no art. 16 da Lei de 4717, ou seja, terá
EFICÁCIA ERGA OMNES, nos limites da competência territorial do órgão prolator, salvo
se for julgado improcedente por falta de provas. Porque se houver uma improcedência
130
Emerj CPIII-A Processo Civil
por falta de provas, qualquer cidadão poderá entrar com uma nova ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
Pode haver litispendência entre Ação Popular e Ação Civil Pública ou entre ações
coletivas?
Imaginemos uma ação (ação1) proposta pelo MP. Essa ação proposta pelo MP é em
favor dos consumidores de serviço bancário por conta de cobrança de tarifa abusiva.
Posteriomente foi proposta outra ação pela associação de defesa de direitos bancários,
com o mesmo pedido, mesma causa de pedir, mesmo banco réu. Há litispendência ou
conexão entre essas ações? Pensando à luz do CPC, poderia-se alegar que há CONEXÃO,
nos termos do art. 337 , par. 2 do CPC, em razão da Teoria da Triplice Identidade, só
que nesse exemplo o autor é diferente.
O STJ tem julgados em que aplicou a tese da litispendência entre 2 ações coletivas
quando se tem os mesmos elementos da ação e eles defendem a mesma coletividade,
mesmo a ação tendo sido proposta por diferentes autores, o que mitiga a Triplice
Identidade.
Se tem litispendência, a segunda ação deveria ser extinta. Ocorre que parte da
doutrina (Fredie Didier) defende que se deve aplicar a reunião dessas ações e não a
extinção da segunda ação. Acaba que se aplica a consequência jurídica da conexão,
embora se diga que é caso de litispendência.
Depende!!! LEIS DE CARÁTER NORMATIVO não podem ser atacadas por ação popular.
Porém, existem LEIS DE EFEITOS CONCRETOS (que são apenas formalmente leis), mas
são materialmente atos administrativos e por isso essas leis podem ser atacadas por
meio da ação popular.
Exemplo: lei que autoriza alienação de bem publico. O autor popular alega que isso é
lesivo a determinado bem jurídico, pois é bem de área proteção ambiental, podendo
causar dano ao meio ambiente. É possível atacar por meio de ação popular, pois trata-
se de lei de efeito concreto, de matéria materialmente administrativa.
131
Emerj CPIII-A Processo Civil
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Renata, residente e eleitora no município de "X", ingressou com ação popular para
postular a anulação de atos supostamente lesivos ao patrimônio do Município "Y". O
juiz considerou que, como a cidadã possuía domicílio eleitoral no Município "X",
careceria de legitimidade ad causam para a propositura de ação popular que tivesse
por objeto a impugnação de atos lesivos ao patrimônio do Município "Y". Pergunta-
se: correto o entendimento do nobre julgador? Resposta fundamentada.
Resposta:
O juiz não agiu de forma correta, porque a legitimidade prevista no art. 5, LXXIII da
CF é a legitimidade do cidadão e ela não está atrelada ao seu domicílio eleitoral. A
questão de olhar para a sua capacidade eleitoral, é só para averiguar se ele tem o
status de cidadão, se ele está no gozo de seus direitos políticos e tal fato deve ser
comprovado por meio de certidão da justiça eleitoral, ou por meio do comprovante de
votação da última eleição.
132
Emerj CPIII-A Processo Civil
A LIA tem papel fundamental no controle jurisdicional dos agentes públicos no Brasil,
nas 3 esferas do poder. A probidade administrativa é exigência fundamental do Estado
Democrático Brasileiro.
Os interesses tutelados pela LIA são essencialmente DIFUSOS, embora possam ter uma
dimensão individual própria. Por isso, o seu controle jurisdicional é feito por meio de
uma ação que tem natureza coletiva.
CORRENTE 1) A lei de improbidade coloca como legitimado o MP, mas pode se aplicar
a ação civil pública subsidiariamente. A lei de ação civil pública afirma que a
defensoria tem legitimidade para entrar com a ação civil pública. Logo, parte da
doutrina entende que a defensoria pode sim entrar com a ação de improbidade
administrativa, sob o fundamento de aplicação do microssistema da tutela coletiva
(estatutos da tutela coletiva). Esse microssistema pressupõe o diálogo das fontes entre
todas as normas de tutela coletiva.
CORRENTE 2) Há, contudo, a parte da doutrina que entende que a defensoria não pode
ajuizar ação de improbidade, pois ela não consta do rol dos legitimados para
133
Emerj CPIII-A Processo Civil
É o pedido. Nas demais ações coletivas pode-se pedir anulação do ato lesivo ao
patrimônio público e ressarcimento aos cofres públicos.
(iv) Essas sanções políticas também têm implicação na esfera eleitoral, por
conta das modificações consagradas na Lei de Ficha Limpa (LC 64/1990 com
a redação dada pela LC 135/2010) podendo implicar, inclusive, na
inelegibilidade do político, nos termos da lei da ficha limpa.
O rol dos atos de improbidade está disposto nos arts. 9 ao 11 da LIA. São notadamente
enumerativos. Como exemplo de ato de improbidade que não se encontra
expressamente nos incisos dos arts. 9 ao 11 é a improbidade ambiental (entendimento
do STJ pela possibilidade pela prática de ato de improbidade envolvendo violações de
normas ambientais).
É o único caso que pode ser punido por dolo ou culpa, sendo irrelevante o
enriquecimento ilícito, bastando a lesão ao erário, muito embora possam ser
configurados os dois. A doutrina costuma afirmar que o dano deve ser ao erário
(patrimônio financeiro), e não ao patrimônio público (é uma expressão utilizada
de forma mais ampla, pois existe patrimônio público paisagístico, cultural).
Um dos casos relevantes de lesão ao erário é aquele previsto no art. 10, VIII, o
qual trata da frustração da licitude do processo licitatório.
135
Emerj CPIII-A Processo Civil
O STJ tem entendido que o dano ao erário nesse caso deve ser efetivo, não
podendo ser uma lesão meramente presumida ou não comprovada, salvo no
caso previsto no inciso VIII, frustração da licitude do processo licitatório, em
que o dano será presumido (in re ipsa) na medida em que o Poder Público perde
a oportunidade de contratar melhor proposta (STJ, no REsp 1671366/SP, j.
28/11/2017; REsp 1624224/RS, j. 01/03/2018).
Nesse caso, se exige apenas o dolo genérico, não sendo necessário o dolo
específico. Os princípios violados podem ser expressos ou implícitos. Independe
de enriquecimento e da lesão, pois é do tipo residual. (STJ, REsp 1532378/SP,
j. 12/12/2017).
O STJ costuma dizer que a ação de improbidade não costuma punir o agente
incompetente e inábil, mas sim aquele agente que é corrupto e que age de má-fé.
136
Emerj CPIII-A Processo Civil
NÃO HÁ RESPONSABILIDADE OBJETIVA, ainda que o réu seja uma pessoa jurídica (STJ,
AgRg no REsp 1500812/SE, j 25/05/2015; AgRg no REsp 968.447/PR, 1ª T., J.
16/04/2015). Contudo, cabe destacar que a responsabilidade objetiva é vista naqueles
atos de corrupção (conforme a nova lei de corrupção) praticados por pessoa jurídica.
A LIA prevê um processo administrativo para apuração dos atos apontados como
ímprobos e aplicação de sanção (Art. 14 e 16). Qualquer pessoa pode e o agente
público deve representar para a autoridade competente (art. 14) ou para o MP (art.
22) para instaurar esse procedimento, voltado a apurar a prática de ato de
improbidade.
137
Emerj CPIII-A Processo Civil
Qualquer agente público, servidor ou não, que pratica atos ímprobos contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do DF, dos Municípios, de Território, (...) de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual, poderá
138
Emerj CPIII-A Processo Civil
O parágrafo único do art. 1 diz que estão também sujeitos as penalidades da LIA os
atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba
subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício, de órgão público bem como
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de 50% do patrimônio ou da receita anual.
O art. 2 da LIA esclarece que é considerado como agente público todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1.
Como toda ação coletiva, a ação de improbidade deve ser proposta no foro do local
onde o dano está ocorrendo ou deva ocorrer, que tem competência absoluta para
julgá-la.
139
Emerj CPIII-A Processo Civil
Ocorre que em 2002, foi editada a Lei 10.628/12 que alterou o art. 84 do par. 2 do
CPC que consagrou foro por prerrogativa de função para a ação de improbidade.
Essa regra foi considerada inconstitucional pelo STF.
Posteriormente, o STF acolheu, via reclamação 2138/DF, a tese de que aos agentes
políticos sujeitos aos crimes de responsabilidade da Lei 1079/50 não respondem
por improbidade administrativa (ne bis in idem).
Em 2013 o STJ voltou atrás e solidificou o entendimento de que não existe foro por
prerrogativa de função em ações de improbidade administrativa, mesmo se propostas
contra agentes políticos que são julgados penalmente no STJ (AgRg Rcl 12.514-MT).
Por fim, o STF reconheceu que não existe foro por prerrogativa nas ações de
improbidade administrativa (nem para o presidente). [CONFIRMAR]
REUNIÃO DE PROCESSOS:
Segundo o art. 17, § 5 da LIA a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto. Nos termos do art. 59 do CPC, considera-se prevento o juízo onde a
petição inicial foi primeiro registrada ou distribuída.
Assim, com a edição do CPC, o rito passa a ser o comum previsto no art. 318 e seguintes
do Código. Apesar disso, a natureza desse rito é especial, em razão das regras
presentes nos dispositivos.
O art. 17, §7 e 8 da LIA diz que o requerido será notificado para oferecer manifestação
por escrito, com documentos, no prazo de 15 dias. Prossegue afirmando que, recebida
a manifestação, o juiz, em 30 dias, fundamentadamente, rejeitará a ação, se
140
Emerj CPIII-A Processo Civil
Diante da previsão de uma FASE DE DEFESA PRÉVIA, no início do processo, parece ser
mais adequado, após o recebimento da petição inicial, aplicar o rito comum, sem a
realização da audiência do art. 334 do CPC. Seria incongruente fazer uma audiência
dessas, após a apresentação da manifestação. Além disso, o art. 17, § 9 da LIA aduz
que o réu será citado para contestar.
Resposta:
“Nos termos do art. 17, § 7 e 8 da Lei 8429/92, a defesa preliminar é o momento
oportuno para que o acusado indique elementos que afastem de plano a existência de
improbidade administrativa, a procedência da ação ou a adequação da via eleita.
Assim, somente nesses casos poderá o juiz rejeitar a petição inicial. Existindo indícios
de atos de improbidade nos termos dos dispositivos da LIA, sendo adequada a via eleita,
cabe ao juiz receber a inicial e dar prosseguimento ao feito. Não há ausência de
fundamentação a postergação para a sentença final da análise da matéria de mérito.
Ressalta-se, ainda, que a fundamentação sucinta não caracteriza ausência de
fundamentação (AgRg ARESP 668.749/SP).”
A posição de que a rejeição da demanda por inadequação da via eleita é feita sem
resolução do mérito é reforçado pelo par. 11 do art. 17 da LIA, que diz que em qualquer
fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá
o processo sem julgamento do mérito.
141
Emerj CPIII-A Processo Civil
O par. 10 do art. 17 consagra que da decisão que receber a petição inicial caberá
agravo de instrumento.
Como ocorre com todas as ações coletivas, o MP, se não intervir no processo como
parte na ação de improbidade administrativa, atuará, obrigatoriamente, como fiscal
da ordem jurídica sob pena de nulidade.
Nos termos do art. 18 da LIA, a sentença que julgar procedente o pedido de reparação
de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento
ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
ilícito. Isso ocorrerá ainda que ela não seja parte no processo.
PRAZO PRESCRICIONAL:
último mandato. Isso vale também para vereador, mas há um problema quanto aos
vereadores, deputados e senadores, pois eles podem ser reeleitos por várias vezes.
Maria Sylvia Di Pietro questiona essa situação, entendendo que seria um excesso,
porque para esses agentes que ficam sempre renovando seus mandatos, ficaria quase
que imprescritível a ação de improbidade.
No âmbito federal, conforme art. 142 da Lei nº 8.112, o prazo é de 5 (cinco) anos, a
iniciar de quando conhecido o fato ou prazo da lei penal, interrompido quando aberta
a sindicância ou instaurado o PAD, voltando a correr por inteiro quando encerrado.
Para os terceiros, aplica-se o mesmo termo inicial para o agente público que praticou
o ato ímprobo.
Essa discussão surgiu devido ao art. 37, § 5 da CF afirmar que a lei deverá prever prazos
prescricionais para os atos de improbidade, com exceção das ações de ressarcimento.
Art. 37, par. 5 da CF: “A lei estabelecerá os prazos da prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.”
Não!!! O par. 5 do art. 37 da CF deve ser lido em conjunto com o par. 4, de forma que
ele se refere apenas aos casos de improbidade administrativa.
Se fosse realizada uma interpretação ampla da ressalva final contida no par. 5, isso
faria com que toda e qualquer ação de ressarcimento movida pela Fazenda Pública
fosse imprescritível, o que seria desproporcional.
144
Emerj CPIII-A Processo Civil
Desse modo, a ressalva final do par. 5 do art. 37 da CF deve ser interpretada de forma
estrita e não se aplica para danos causados ao Poder Público por força de ilícitos civis.
Outro caso prático em que foi alegada a imprescritibilidade em ações da União exigindo
ressarcimento de prejuízos pela exploração ilegal de recursos minerais, haja vista que
estes para serem explorados devem ter autorização da Agência Nacional da Mineração,
se não houver, é considerado ato ilícito, gerando ressarcimento a União.
Exemplo: Se o sujeito pratica um ato de lesão ao erário, se for uma lesão leve, o juiz
não está obrigado a aplicar a pena mais grave, como a perda do cargo público ou a
suspensão dos direitos políticos.
Com relação à perda da função pública e suspensão dos direitos políticos, só pode
aplicar a pena com trânsito em julgado (art. 20). Segundo o STJ, a sanção da perda do
cargo público não é relacionada ao cargo ocupado ao tempo do trânsito em julgado,
mas sim àquele que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Outra questão que gera muita polêmica aos operadores do Direito Administrativo é a
possibilidade de se aplicar ou não o princípio da insignificância às ações de
improbidade.
Muitos defendem que não se aplica, pelo fato de se aplicar a crimes contra a
Administração Pública e, portanto, por analogia, não se deveria aplicar também o
princípio da insignificância nos casos de improbidade.
Há juristas que interpretam esse julgado entendendo que o STJ apenas diz que não se
aplicaria a insignificância naquele caso especifico e que isso não significaria que não
se aplicaria nos demais casos. Assim, não se tem um entendimento pacífico no STJ a
respeito da temática da aplicação do princípio da insignificância nos casos de
improbidade.
Com relação à responsabilidade do sucessor, este poderá responder apenas nas ações
de ressarcimento ou perda de bens, até os limites do valor da herança (art. 8º da lei
de improbidade).
Mesmo que haja ausência de notificação prévia por parte do juiz, o STJ tem entendido
que não há nulidade se não houver prejuízo (STJ, REsp 1233629/SP, j. 14/6/11; REsp
1184973/MG, j. 16/9/10; REsp 1536913/SP, j. 8/8/2017).
Recebida a manifestação da defesa pelo juiz, ele poderá tomar as seguintes medidas:
b) Recebe a ação de improbidade e cita o réu (art. 17, §9º), dessa decisão de
recebimento caberá recurso de Agravo de Instrumento (art. 17, § 10).
No que tange à instrução e a prova, há outro julgado do STJ que admite prova
emprestada de ação penal, inclusive decorrente de interceptação telefônica, se
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Emerj CPIII-A Processo Civil
CASOS CONCRETOS:
Questão 1)
Resposta:
Quando o juiz julga a defesa preliminar, esse julgamento tem que ser superficial, ele
vai verificar se essa situação é evidente seja para rejeitar seja para apurar em
definitivo se houve ou não ato de improbidade administrativa. A fundamentação
robusta tem que ficar reservada para a sentença final.
O STJ tem algumas decisões dizendo que pode prescindir de defesa previa, ou seja,
assinalando que a sua dispensa não enseja a nulidade do processo (AgRg no ARESP
484423/MS)
149
Emerj CPIII-A Processo Civil
Aula 15 - Prof. Felipe Borring
27/7/18
Art. 5, LXIX da CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;”
Art. 5, LXX da CF: “O mandado de segurança coletivo por ser impetrado por:
a) Partido político com representação no Congresso Nacional;
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída
e em funcionamento há pelo mesmo um ano em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.”
Trata-se de uma ação civil (não penal) com PROCEDIMENTO ESPECIAL SUMARIZADO com
reduzida fase instrutória.
150
Emerj CPIII-A Processo Civil
Existe uma diminuta fase instrutória no MS, que seria a fase de exibição de
documentos. A única fase instrutória que pode ter no MS é a prestação de informações
complementares na petição inicial por meio de exibição de documentos.
Nesse sentido, o mandado de segurança não é via adequada para discutir questões que
dependam de comprovação de fatos que desafiam cognição exauriente.
[IMPORTANTE!!!!!]
Toda vez que se faz um procedimento especial parte-se do rito comum, ou seja, faz-
se uma modificação do rito comum para criar um rito especial e essas modificações
podem ser agrupadas em diferentes técnicas. Essas técnicas são denominadas de
“Tecnicas de Especialização dos Procedimentos Especiais”.
Assim, o MS tem fase postulatória (que pode ter o pedido de informação com exibição
de documentos) e fase decisória.
151
Emerj CPIII-A Processo Civil
O DIREITO LÍQUIDO E CERTO é o direito que o impetrante alega ser seu, cuja existência
e delimitação são manifestas e seu exercício é possível no momento da impetração (MS
repressivo) ou em momento futuro (MS preventivo).
Esse direito deve ser comprovável de plano (prova pré-constituída) por meio de prova
documental apresentada junto à exordial ou a ser apresentada por ordem de exibição,
nos termos do art. 6, par. 1 da Lei 12.016/09.
A pessoa/ autoridade pública objeto dessa ação deve ser aquela que tem
definitivamente o poder decisório e não meramente executório.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O art. 1, §2 da Lei de MS consagra que NÃO cabe MS dos ATOS DE GESTÃO COMERCIAL
praticados pelos administradores e empresas públicas, de sociedade de economia mista
e de concessionária de serviço público.
O que vai determinar o cabimento do MS nesses casos é o regime jurídico a que o ato
está submetido:
A norma abstrata aqui é o regime jurídico a que o ato inquinado está submetido. Assim
se for um regime público e o ato tiver sido praticado em abuso de poder será cabível
o MS.
Existe até hoje discussão sobre o cabimento de MS em face de atos dos quais caibam
recursos administrativos com efeito suspensivo, independentemente de caução.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Nesse sentido, a Súmula 429 deverá ser flexibilizada, pois é uma súmula da década de
60. Essa súmula somente será aplicada quando se verificar que o processo
administrativo não protege a pessoa, não tem contraditório pleno.
SIM!!! O MS somente será cabível contra decisão judicial que não comporte recurso
com efeito suspensivo.
O MS contra ato judicial será julgado por órgão hierarquicamente superior ao órgão
que proferiu o ato objeto de impugnação. Contudo, em se tratando de Juizado
Especial, nos termos da Sumula 376 do STJ, o MS deverá ser julgado por Turma
Recursal.
Observações:
Não cabe ação rescisória no Juizado Especial. Alguns autores entendem que
caberia ação anulatória. O entendimento majoritário é de que não cabe MS de
decisão em Juizado Especial.
CASO CONCRETO:
Questão 1)
Arlindo, militar inativo, impetrou mandado de segurança tendo em vista que teve
reduzido o seu auxílio invalidez. Fundamentou seu pedido no princípio da
irredutibilidade de vencimentos e por isso ocorreu a violação de direito líquido e
154
Emerj CPIII-A Processo Civil
certo. A segurança foi concedida, porém, a União recorreu da decisão. Antes de ser
julgado o recurso Arlindo falece, deixando herdeiros. Os herdeiros pretendem a
habilitação na demanda. Pergunta-se: é possível os herdeiros sucederem Arlindo no
mandado de segurança? Resposta fundamentada.
Resposta:
Não é possível que os heredeiros sucedam Arlindo no MS. Os herdeiros terão que entrar
com uma ação própria.
155
Emerj CPIII-A Processo Civil
Qualquer pessoa física ou pessoa jurídica que sofrer violação ou justo receio de
violação por parte de autoridade pública, nos termos do art. 1 da Lei 12.016 poderá
impetrar o MS.
(ii) ATO DE AUTORIDADE PÚBLICA: o ato que gerou a lesão deve ter sido
realizado por uma autoridade pública.
A Súmula 510 do STF permite que seja impetrado MS até mesmo no caso
de autoridade em exercício de competência delegada.
PECULIARIDADES DO MS COLETIVO:
Atenção pois deve-se ampliar a intepretação do art. 21 da Lei 12.016. Isso porque no
caso do MS, o art. 21 estabelece que o MS Coletivo deve ser ajuizado para proteger
somente dois direitos, quais sejam: (i) os DIREITOS COLETIVOS e (ii) os DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. Ocorre que esse dispositivo deve ter sua intepretação
ampliada para incluir também os DIREITOS DIFUSOS, nos termos do art. 81 caput e
parágrafo do CDC por meio de aplicação do MICROSSISTEMA PROCESSUAL COLETIVO.
Fazer remissão do parágrafo único do art. 21 da Lei 12.016 para o art. 81 do CDC e
para o art. 21 da Lei de Ação Civil Pública, que permite a aplicação do microssistema.
No processo individual a legitimidade é em regra ordinária. Mas essa não é a regra nos
processos coletivos, uma vez que opera-se a substituição processual e a legitimação
extraordinária.
Art. 18 do CPC: Ninguem poderá pleitear direito próprio em nome alheio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Art. 21 da Lei 12.016: O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus
interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e
certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para
tanto, autorização especial.
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade
ou de parte dos associados ou membros do impetrante.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A PJ vinculada poderá ingressar no polo passivo, é uma opção, uma faculdade – não é
litisconsórcio necessário, mas sim caso de LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO.
RE 627.709:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. CAUSAS AJUIZADAS CONTRA A UNIÃO.
ART. 109, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CRITÉRIO DE FIXAÇÃO DO FORO
COMPETENTE. APLICABILIDADE ÀS AUTARQUIAS FEDERAIS, INCLUSIVE AO
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA - CADE. RECURSO CONHECIDO
E IMPROVIDO. I - A faculdade atribuída ao autor quanto à escolha do foro
competente entre os indicados no art. 109, § 2º, da Constituição Federal para
julgar as ações propostas contra a União tem por escopo facilitar o acesso ao Poder
Judiciário àqueles que se encontram afastados das sedes das autarquias. II – Em
situação semelhante à da União, as autarquias federais possuem representação
em todo o território nacional. III - As autarquias federais gozam, de maneira geral,
dos mesmos privilégios e vantagens processuais concedidos ao ente político a que
pertencem. IV - A pretendida fixação do foro competente com base no art. 100,
IV, a, do CPC nas ações propostas contra as autarquias federais resultaria na
concessão de vantagem processual não estabelecida para a União, ente maior, que
possui foro privilegiado limitado pelo referido dispositivo constitucional. V - A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem decidido pela incidência do
disposto no art. 109, § 2º, da Constituição Federal às autarquias federais.
Precedentes. VI - Recurso extraordinário conhecido e improvido.”
O art. 7 da Lei 12.016 traz, por sua vez, todo o procedimento que se segue após a
distribuição da petição inicial.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Uma matéria que levanta discussão acadêmica diz respeito a abrangência territorial
das sentenças coletivas em MS Coletivo. Note que a Lei do MS não traz dispositivo sobre
esse tema, então, a resposta deverá partir de uma interpretação do art. 16 da Lei de
ACP (aplicação do principio do microssistema coletivo)
O art. 16 da Lei de Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85) estabelece o seguinte:
Art. 16 da Lei ACP: “A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
(Redação dada pela Lei nº 9.494/97)
Esse artigo foi alterado pela Lei nº 9.494/97, com o objetivo de RESTRINGIR A EFICÁCIA
SUBJETIVA DA COISA JULGADA, ou seja, ele determinou que a coisa julgada na ACP
deveria produzir efeitos apenas dentro dos limites territoriais do juízo que prolatou a
sentença.
160
Emerj CPIII-A Processo Civil
Em outras palavras, o que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação
civil pública não produz efeitos no Brasil todo. Ela irá produzir efeitos apenas na
comarca (se for Justiça Estadual) ou na seção ou subseção judiciária (se for Justiça
Federal) do juiz prolator.
A doutrina critica bastante a existência do art. 16 e afirma que ele não deve ser
aplicado por ser inconstitucional, impertinente e ineficaz.
Para o STJ, o art. 16 da Lei de ACP é válido? A decisão do juiz na ação civil pública
fica restrita apenas à comarca ou à seção (ou subseção) judiciária do juiz prolator?
NÃO!!! A eficácia das decisões proferidas em ações civis públicas coletivas NÃO deve
ficar limitada ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a
decisão. STJ. Corte Especial. EREsp 1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
24/10/2016. [VAI CAIR NO CONCURSO!!!]
Interessante também transcrever trecho do voto do Min. Luis Felipe Salomão, no REsp
1.243.887/PR (STJ. Corte Especial, julgado em 19/10/2011):
161
Emerj CPIII-A Processo Civil
e com as que o poderiam ter sido (art. 474, CPC) - tantum judicatum, quantum
disputatum vel disputari debebat. A apontada limitação territorial dos efeitos da
sentença não ocorre nem no processo singular, e também, como mais razão, não
pode ocorrer no processo coletivo, sob pena de desnaturação desse salutar
mecanismo de solução plural das lides. A prosperar tese contrária, um contrato
declarado nulo pela justiça estadual de São Paulo, por exemplo, poderia ser
considerado válido no Paraná; a sentença que determina a reintegração de posse
de um imóvel que se estende a território de mais de uma unidade federativa (art.
107, CPC) não teria eficácia em relação a parte dele; ou uma sentença de divórcio
proferida em Brasília poderia não valer para o judiciário mineiro, de modo que ali
as partes pudessem ser consideradas ainda casadas, soluções, todas elas,
teratológicas. A questão principal, portanto, é de alcance objetivo ("o que" se
decidiu) e subjetivo (em relação "a quem" se decidiu), mas não de competência
territorial.”
Os efeitos da coisa julgada nas ações coletivas está contemplado nos art. 103 do CDC.
Art. 103 do CDC: “Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença
fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova,
na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior,
quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do
art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar
todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo
único do art. 81.
§ 1 - Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão
interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo,
categoria ou classe.
§ 2 - Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do
pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.
162
Emerj CPIII-A Processo Civil
O art. 219 do CPC 2015 prevê que "na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei
ou pelo juiz, computar-se-ão somente os DIAS ÚTEIS".
Este art. 219 do CPc/15 é aplicado para o prazo do mandado de segurança? A partir
de agora o prazo de 120 dias deverá ser contado em dias úteis?
REGRA: NÃO. O art. 219 aplica-se apenas aos prazos processuais, ou seja,
àqueles prazos para a prática de atos dentro do processo. O prazo de
impetração do MS, em regra, não é processual, de forma que ele DEVE SER
CONTADO DE FORMA CORRIDA (e não em dias úteis).
A posição acima é defendida por CUNHA, Leonardo Carneiro da Cunha em seu livro a
Fazenda Pública em Juízo.
Vale ressaltar, no entanto, que o STJ afirma que, se o marco final do prazo do MS
terminar em sábado, domingo ou feriado, deverá haver prorrogação para o primeiro
163
Emerj CPIII-A Processo Civil
dia útil seguinte. Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. MS 14.828/DF, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 08/09/2010.
(...) “Considerou, ainda, que a ofensa ao direito líquido e certo não se conta a
partir da expedição da resolução (ato impugnado no mandado de segurança), mas
sim do momento em que produzir efeitos. Tal entendimento harmoniza-se com a
jurisprudência do STJ de que o prazo decadencial no mandado de segurança tem
início na data em que o interessado teve ciência inequívoca do ato atacado. (...)
REsp 1.088.620-SP, Rel. para o acórdão Min. Castro Meira, julgado em 18/11/2008.
Vale ressaltar, no entanto, que, se a pessoa estiver sendo prejudicada por uma omissão
do Poder Público poderá impetrar o MS a qualquer tempo enquanto perdurar a omissão.
Persistindo a omissão, o prazo renova-se dia a dia.
SÚMULAS REDAÇÃO
Súmula 632 STF É constitucional lei que fixa prazo de decadência para
impetração de MS.
Súmula 630 STF A entidade de classe tem legitimidade para o MS ainda quando
a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria.
Súmula 625 STF Controversia sobre a matéria de direito não impede a concessão
de MS.
Súmula 512 STF Não cabe condenação de honorários de advogado na ação de MS.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Súmula 474 STF Não há direito liquido e certo, amparado pelo MS, quando se
escuda lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada
constitucional pelo STF
Súmula 272 STF Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão
denegatória de MS.
Súmula 268 STF Não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em julgado.
Súmula 267 STF Não cabe MS contra ato judicial passível de recurso ou
correição.
Súmula 376 STJ Compete a Turma Recursal processar e julgar MS contra ato de
juizado especial.
Súmula 333 STJ Cabe MS contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista ou empresa pública.
MANDADO DE INJUNÇÃO:
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Sempre que um direito (em sentido amplo) não puder ser exercido pelo titular em
razão de ainda não ter sido editada norma regulamentadora, este interessado poderá
ingressar com uma ação chamada de "mandado de injunção" pedindo que o Poder
Judiciário reconheça que o Poder Público está em mora e, então, supra a falta dessa
lei ou ato normativo e possibilite o pleno exercício do direito.
(i) NORMA PLENA: a norma tem aplicabilidade sozinha, por si só, não precisa
de complementação;
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Emerj CPIII-A Processo Civil
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Se o que estiver faltando for um ato administrativo material, não será caso de
mandado de injunção.
O MI, por sua vez, protege um direito concreto que diz respeito a lesão do direito
subjetivo da parte.
Para essa teoria, a legitimidade ad causam deve ser analisada à luz das afirmações
feitas pelo autor na petição inicial, devendo o julgador considerar a relação jurídica
deduzida em juízo in status assertionis, isto é, à vista do que se afirmou.
Em outras palavras, se o autor afirma que é titular daquele direito, para fins de
legitimidade deve-se tomar essa afirmação como sendo verdadeira.
Ao final do processo, pode-se até reconhecer que ele não é realmente titular, mas aí
já será uma decisão de mérito. Para fins de reconhecimento de legitimidade e
processamento da ação, basta que o autor se afirme titular.
LEGITIMADO SITUAÇÃO
quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a defesa da ordem jurídica, do
MINISTÉRIO PÚBLICO
regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis.
PARTIDO POLÍTICO para assegurar o exercício de direitos, liberdades
(com representação no e prerrogativas de seus integrantes ou
Congresso Nacional) relacionados com a finalidade partidária.
ORGANIZAÇÃO SINDICAL, para assegurar o exercício de direitos, liberdades
ENTIDADE DE CLASSE OU e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte
ASSOCIAÇÃO de seus membros ou associados, na forma de seus
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Emerj CPIII-A Processo Civil
(i) o Poder;
(ii) o órgão; ou
(iii) a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora, nos
termos do art. 3 da Lei 13.300/16.
Exemplos:
1. Se já houver projeto de lei tramitando, mas este ainda não ter sido votado,
temos aí uma mora do Poder Legislativo em deliberar o assunto. Trata-se da
chamada inertia deliberandi. Logo, o mandado de injunção será contra o
Congresso Nacional.
Há certa discussão na doutrina sobre quem pode figurar no polo passivo do MI. Vejamos:
STF: entende que somente o órgão omisso deve figurar no polo passivo.
Bermudes e Barbosa Moreira: órgão omisso + pessoa jurídica a quem incumbe a
prestação do direito em litisconsórcio.
Barroso: somente a pessoa jurídica que iria implementar o direito subjetivo,
sob pena de se ferir a Separação dos Poderes.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Compete ao TSE julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do TRE
que denegar mandado de injunção (art. 121, § 4º, V).
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Não!!! A Lei nº 13300 não prevê a possibilidade de concessão de medida liminar. Antes
da regulamentação, o STF já possuía precedentes afirmando não ser cabível liminar.
Um dos pontos mais polêmicos a respeito do mandado de injunção diz respeito aos
efeitos da decisão que julga esta ação. Sobre o tema, existem diversas correntes.
O juiz ou Tribunal não precisará adotar a primeira providência (fixar prazo) e já poderá
passar direto para a segunda etapa, estabelecendo as condições, caso fique
comprovado que já houve outro(s) mandado(s) de injunção contra o impetrado e que
ele deixou de suprir a omissão no prazo que foi assinalado nas ações anteriores.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
A Lei do MI, em seu art. 10, prevê a possibilidade de ser proposta AÇÃO DE REVISÃO da
decisão concessiva do mandado de injunção.
Art. 10 da Lei 13300: “Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá
ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes
modificações das circunstâncias de fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento
estabelecido nesta Lei.”
Cuidado, pois não se trata de ação rescisória!!! O objetivo da ação de revisão não é
desconstituir a coisa julgada que foi formada, mas sim o de rediscutir a aplicabilidade
da decisão oferecida pelo Poder Judiciário diante da modificação das circunstâncias
de fato e de direito.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Caso a ação de revisão seja julgada procedente, os efeitos jurídicos já produzidos pela
decisão no MI permanecem hígidos.
Será competente para a ação de revisão o juízo que proferiu a decisão no mandado de
injunção.
O MI que foi julgado improcedente por falta de provas poderá ser proposto
novamente?
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
Resposta:
A principal questão é identificar se o MS foi denegado por: (i) suficiência de prova ou
(ii) insuficiência de prova.
Art 10 da Lei 12.016: A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada,
quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos
legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.
categoria substituídos pelo impetrante e eles não poderão entrar com novas ações pois
houve julgamento de mérito. Fundamento Jurídico: art. 22 da LMS + Art. 21 da LACP +
Art. 90 do CDC + Art. 103 do CDC.
Nesse sentido, vejamos abaixo a posição dos doutrinadores Aluisio Mendes e Freddie
Didier sobre o tema:
Aluisio Mendes: “Em sede de MS Coletivo, a falta de comprovação dos fatos
alegados, deve conduzir à sentença meramente terminativa, sem
julgamento de mérito. Por outro lado, havendo julgamento com suficiência
de provas, haverá coisa julgada pro et contra, tanto nos casos de
procedência como de improcedência do pedido, nos termos do art. 22 da
Lei.” [ou seja, não poderão entrar com nova ação]
Freddie Didier: Entende que, mesmo que haja julgamento do mérito (com
suficiência de provas), se a decisão do MS Coletivo for contrária ou
prejudicial a parte, ela poderá sim entrar com nova ação (individual), sob
o fundamento de que não se pode restringir individualmente um direito
fundamental.
175
Emerj CPIII-A Processo Civil
Aula 17 - Prof. Rodolfo Hartmann
02/08/18
EMENTA: Arbitragem
A definição legal de cláusula compromissória está prevista no art. 4º, caput, da Lei n
9307/96.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Tal cláusula nasce junto com o contrato principal, pode estar nele inserida ou
estipulada em documento apartado que a ele se refira, e, em todo caso, deve ser
escrita, como dispõe o artigo 4º, § 1º, da Lei nº 9.307/1996. Deve-se frisar, ainda, que
a cláusula é uma medida nitidamente preventiva.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
O compromisso arbitral tem por objetivo definir as regras da arbitragem, tais como: o
tempo da arbitragem, o numero de árbitros, o procedimento, a Câmara, entre outras
regras.
(i) Judicial; e
(ii) Extrajudicial.
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Esse recurso se assemelha aos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, mas esse nome não deve
ser aplicado a realidade da sentença arbitral, uma vez que a Lei de Arbitragem não
menciona dessa forma.
Se perder o prazo de 90 dias para açaõ anulatória, nos termos do art. 33, §3 da Lei de
Arbitragem ainda será possível alegar a matéria em sede de execução judicial, por
meio de IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
É o que a doutrina chama de TEORIA DA DUPLA PORTA, uma vez que é possível alegar
o vício da sentença arbitral em dois momentos diferentes: (i) na ação anulatória, em
1 grau de jurisdição; ou (ii) por meio de impugnação ao cumprimento de sentença, em
sede de execução.
Se o devedor não cumprir a sentença arbitral, a sentença deverá ser executada. Ela
será executada perante o juiz togado. Isso se dará por meio da CARTA ARBITRAL. Não
havendo cumprimento da sentença arbitral, o credor deverá procurar o Judiciário.
O juiz togado não entrará no exame de mérito da sentença arbitral, ele poderá analisar
vício e nulidade, mas nunca adentrará no mérito da sentença. Se a sentença arbitral
for nula, então, o juiz togado poderá anular o procedimento arbitral.
CASOS CONCRETOS)
Questão 1)
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Emerj CPIII-A Processo Civil
Resposta:
O juiz arbitral não tem poder constritivo, logo ele deverá utilizar CARTA ARBITRAL, ou
seja, requerer a cooperação do juiz estatal, conforme dispõe o art. 237, IV do CPC e
art. 22, par. 2 da Lei 9307.
No caso em tela, o juiz arbitral deverá solicitar a cooperação do juiz togado, por meio
da carta arbitral, para que a testemunha possa ser conduzida coercitivamente.
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