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1ª QUESTÃO:
A dissolução da sociedade implica na perda de sua personalidade jurídica? Responda
fundamentadamente.
RESPOSTA:
Segundo os ensinamentos de Fabio Ulhoa Coelho, a sociedade empresária dissolvida não perde de
imediato, a personalidade jurídica por completo. Ao contrário, converva-a, mas apenas para liquidar
as pendências obrigacionais existentes (art. 207, LSA e art. 51, Código Civil). Em outros termos, ela
sofre uma considerável restrição na sua personalidade, na medida em que somente pode praticar os
atos necessários ao atendimento das finalidades da liquidação. Qualquer negócio jurídico realizado
em nome da sociedade empresária dissolvida que não vise dar seguimento à solução de pendências
obrigacionais não pode ser imputado à pessoa jurídica. Esta não é mais um sujeito apto a titularizar
direitos ou contrair obrigações, salvo os indispensáveis ao regular processamento da liquidação.
Imputam-se, desse modo, as consequências do ato exclusivamente à pessoa física que o praticou em
nome da sociedade dissolvida.
2ª QUESTÃO:
Os sócios da sociedade Plínio Nogueira & Companhia Ltda. decidiram dissolvê-la de comum acordo
pela perda do interesse na exploração do objeto social. Durante a fase de liquidação, todos os sócios e
o liquidante recebem citação para responder aos termos do pedido formulado por um credor
quirografário da sociedade, em ação de cobrança intentada contra esta e os sócios solidariamente.
Na petição inicial o credor invoca o art. 990 do Código Civil, por considerar a sociedade em comum a
partir de sua dissolução e início da liquidação. Por conseguinte, os sócios passariam a responder de
forma ilimitada e solidariamente com a sociedade, que, mesmo despersonificada, conservaria sua
capacidade processual.
Diante do caso concreto apresentado, decida se o credor quirografário deve ter sua pretensão de ver
reconhecida a responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios acolhida.
RESPOSTA:
O credor não tem razão em propor a ação em face dos sócios com fundamento no art. 990 do Código
Civil, que se aplica apenas à sociedade em comum, não personificada. Os sócios permanecem durante
a liquidação com a responsabilidade limitada prevista no art. 1.052 do Código Civil.
1ª QUESTÃO:
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD - ingressou com ação em face do Sindicato
das empresas de ônibus do Estado X. visando a cobrança dos direitos autorais pela veiculação de
programas de rádio no interior dos veículos de transporte urbano.
Em sua defesa, o Sindicato sustenta que não há qualquer exploração econômica com relação à suposta
reprodução de músicas no interior dos coletivos das empresas afiliadas do sindicato, inexistindo
contrato celebrado entre as empresas de transporte coletivo e quaisquer sociedades de radiodifusão.
Destacaram não haver de acréscimo na renda das empresas de transporte em decorrência da
sonorização e pelo fato de seu motorista estar ouvindo rádio. Por fim, defende que não se tratar de
uma sonorização ambiente dos veículos, mas simplesmente de um rádio que os motoristas instalam
próximos a si para tornar seu trabalho mais agradável. Ressaltaram que o fato de os passageiros
também ouvirem por estarem no mesmo ambiente não configura uma "audição pública" ensejadora de
cobrança.
Autos conclusos, decida.
RESPOSTA:
Informativo 688 do STJ - 15/03/2021.
RECURSO ESPECIAL. DIREITOS AUTORAIS. ECAD. SONORIZAÇÃO EM VEÍCULOS DE
TRANSPORTE COLETIVO (ÔNIBUS). TRANSMISSÃO DE OBRAS AUTORAIS. USO DE
OBRAS AUTORAIS EM ATIVIDADE EMPRESÁRIA. FINALIDADE LUCRATIVA. LOCAL DE
FREQUÊNCIA COLETIVA.
1. A execução via rádio de obras intelectuais com a sonorização de transportes coletivos pressupõe
intuito de lucro, fomentando a atividade empresarial, mesmo que indiretamente, não estando
albergada por qualquer das exceções contidas no art. 46 da Lei n.9.610/98.
2. Os ônibus de transporte de passageiros são considerados locais de frequência coletiva para fins de
proteção de direitos autorais conforme redação expressa do art. 68, § 3º, da Lei n. 9.610/98.
3. Insindicabilidade dos fatos apreendidos pela instância de origem no sentido de que se trata de
sonorização ambiental no interior dos transportes coletivos. Atração do enunciado 7/STJ.
4. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO.
(REsp 1735931/CE, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 09/03/2021, DJe 15/03/2021)
2ª QUESTÃO:
SONGS DO BRASIL EDIÇÕES MUSICAIS LTDA. propôs ação reparatória de danos materiais
cumulada com obrigação de não fazer, na qual sustentou ser titular dos direitos patrimoniais da
composição "O Portão", de autoria de Antônio Carlos e Evandro Carlos, utilizada, com alterações e
sem autoriação, na campanha política para reeleição do Deputado Federal FRANCISCO SILVA -
TIRARACA
Pergunta-se: é possível a alteração e adaptação de uma obra, sem autorização de seu titular, para ser
utilizada como paródia?
RESPOSTA:
RECURSO ESPECIAL No 1.810.440 - SP
1. Recurso especial que debate a utilização pelos recorrentes de obra liÍtero-musical de titularidade da
recorrida, sem autorização, para elaboração de paródia com finalidade de propaganda eleitoral.
2. (...)
5. A paródia é uma das limitações do direito de autor, com previsão no art. 47 da Lei 9.610/1998, que
prevê serem livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária
nem lhe implicarem descrédito. Respeitadas essas condições, é desnecessária a autorização do titular
da obra parodiada.