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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPI B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO EMPRESARIAL
Sessão: 09 - Dia 12/04/2023 - 08:00 às 09:50
Professor: CLAUDIO CALO SOUSA

09 Tema: ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. Conceito. Natureza jurídica. Elementos


integrantes do estabelecimento. Atributos do estabelecimento. O contrato de trespasse. A sucessão
empresarial. A cláusula de não concorrência. Aviamento e clientela. Penhora do estabelecimento.
Desapropriação

1ª QUESTÃO:
Questão aplicada no XXIV Exame Unificado da OAB
No contrato de trespasse do estabelecimento empresarial celebrado pela sociedade PASSA TEMPO
MATERIAIS ESPORTIVOS LTDA. com o empresário individual MÁRIO COUTO, constou, em
anexo, termo de cessão de créditos referentes ao estabelecimento, que atinge 18 (dezoito) devedores
da sociedade trespassante.

Sobre a hipótese, responda aos seguintes itens:

a) Qual a providência a ser tomada para que a cessão de créditos produza efeitos em relação aos
respectivos devedores?

b) Se algum dos devedores da sociedade PASSA TEMPO MATERIAIS ESPORTIVOS LTDA. pagar
a esta e não ao cessionário, tal pagamento será válido?

RESPOSTA:
A questão tem por objetivo aferir o conhecimento do examinado sobre a necessidade de publização
contrato de trespasse, na forma do art. 1.144 do Código Civil, ou seja, faz-se necessária a averbação à
margem da inscrição da sociedade empresária no Registro Público de Empresas Mercantis e
publicação no órgão oficial para que produza efeitos em relação a terceiros. Assim, a eficácia da
cessão de créditos referentes ao estabelecimento depende de tais providências, mas se o devedor
pagar ao cedente ao invés de cessionário, mesmo após a publicização do trespasse, ficará exonerado
se estiver de boa-fé, como previsto no art. 1.149 do Código Civil.

a) A providência a ser tomada para que a cessão produza efeitos em relação aos devedores é a
averbação à margem de inscrição da sociedade empresária no Registro Público de Empresas
Mercantis e a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, com base no art. 1.144 do
Código Civil.
b) Sim. Se algum dos devedores estiver de boa-fé ao pagar ao cedente e não ao cessionário, tal
pagamento será válido, com base no art. 1.149 do Código Civil.

2ª QUESTÃO:
COMPANHIA DE TELEFONIA DO AMAZONAS propôs ação de cobrança de multa contratual em
face de VENDECEL COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS LTDA., em razão do descumprimento da
cláusula de exclusividade firmada entre as partes, com vigência de 6 (seis) meses após a extinção do
vínculo contratual, a qual previa a impossibilidade de contratação pelo réu com qualquer sociedade
concorrente.

Diante do caso concreto, indaga-se: é válida a cláusula contratual que preveja a obrigação de não
concorrência após a extinção do vínculo contratual?

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RESPOSTA:
O art. 1.147 do Código Civil estatui legalmente a proibição de concorrência pelo prazo de cinco anos,
salvo disposição expressa em contrário. É oportuno esclarecer que não se trata de uma proibição de
exercício da mesma atividade anteriormente desenvolvida, mas sim de uma proibição de concorrência
entre o alienante e o adquirente. Trata-se de uma proteção do aviamento, que não viola qualquer
liberdade constitucional, na medida em que limitada no tempo tal proibição.

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Turma: CPI B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO EMPRESARIAL
Sessão: 10 - Dia 12/04/2023 - 10:10 às 12:00
Professor: CLAUDIO CALO SOUSA

10 Tema: NOME EMPRESARIAL. Conceito. Natureza jurídica. Espécies. Princípios que norteiam
a formação do nome empresarial. Proteção do nome empresarial. Extinção do direito ao nome
empresarial. Alienabilidade. IN 55/2021.

1ª QUESTÃO:
Os amigos JOSÉ ALVES, JOÃO ANÍSIO e PEDRO PONTES decidiram constituir uma sociedade e
no contrato social ficou assentado que o nome empresarial adotaria a composição "JOSÉ ALVES,
JOÃO ANÍSIO & CIA", cabível ao tipo societário adotado.

Considerando a situação hipotética apresentada, analise as seguintes questões:

a) princípios que devem ser observados na constituição do nome empresarial;

b) proteção ao nome empresarial;

c) possibilidade de alienação do nome empresarial.

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RESPOSTA:
a) Segundo a regra do art. 34 da Lei 8.934/94, o nome empresarial obedecerá aos princípios da
veracidade e da novidade.

Pelo princípio da veracidade, o nome empresarial não pode conte nenhuma informação falsa. Já o
princípio da novidade, por sua vez, se entende a proibição de se registrar um nome empresarial igual
ou muito parecido com outro já registrado. Segundo o art. 1.163, "o nome do empresário deve
distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro". O paragrafo único do mencionado
artigo desse dispositivo prevê que se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos,
deverá acrescentar designação que o distinga".

b) A proteção ao nome empresarial quanto ao princípio da novidade se inicia automaticamente a


partir do registro e é restrita ao território do Estado da Junta Comercial em que o empresário se
registrou, na forma do que dispõe o art. 1.166. do Código Civil.

Nesse sentido também é a redação do art. 25 e seus parágrafos, da IN 81/2020, in verbis:

Art. 25. A proteção ao nome empresarial decorre, automaticamente, do ato de registro e


circunscreve-se à unidade federativa da jurisdição da Junta Comercial que o tiver procedido.
§ 1º A proteção ao nome empresarial na jurisdição de outra Junta Comercial decorre,
automaticamente, da abertura de filial nela registrada ou do arquivamento de pedido específico,
instruído com certidão expedida pela Junta Comercial da sede da empresa interessada.
§ 2º Arquivado o pedido de proteção ao nome empresarial, deverá ser expedida comunicação do fato
à Junta Comercial da unidade federativa onde estiver localizada a sede do empresário individual,
(...), da sociedade empresária ou da cooperativa.
§ 3º Ocorrendo o arquivamento de alteração de nome empresarial na Junta Comercial da sede do
empresário individual, da EIRELI, da sociedade empresária ou da cooperativa, cabe ao interessado
promover, nas Juntas Comerciais das outras unidades da federação em que haja proteção do nome
empresarial arquivada, a modificação da proteção existente mediante pedido específico, instruído
com certidão expedida pela Junta Comercial da sede ou outro documento que comprove a alteração
do

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nomeempresarial.

c) O art. 1164 do Código Civil prevê que "o nome empresarial não pode ser objeto de alienação", mas
ressalva a possibilidade de o adquirente do estabelecimento empresarial continuar usando o antigo
nome empresarial do alienante, precedido do seu e com a qualificação de sucessor, desde que o
contrato de trespasse permita. Assim, embora o nome empresarial não possa ser vendido, é possível
que, num contrato de alienação do estabelecimento empresarial (trespasse), ele seja negociado como
elemento integrante desse próprio estabelecimento (fundo de empresa).

2ª QUESTÃO:
Zircônia Amaral quer iniciar o exercício de atividade empresarial, como empresária individual no
ramo de semijoias, e pretende adotar, para efeito de inscrição como empresária, a alcunha
"Diamante", em vez de seu nome civil.
Pergunta-se:
A) É possível a substituição do nome civil por um apelido ou alcunha, para efeito de inscrição como
empresária?
B) Sendo detectada identidade do nome "Zircônia Amaral" com outro já inscrito no âmbito territorial
do registro empresarial, qual é a solução para preservar o princípio da novidade em relação ao nome
empresarial?

RESPOSTA:
A) Não. Para o exercício da empresa, o empresário individual deverá adotar firma, que é constituída
necessariamente por seu nome, completo ou abreviado, como determina o art. 1.156 do Código Civil.
B) Se houver identidade do nome "Zircônia Amaral" com outro já inscrito, para preservar o princípio
da novidade do nome empresarial, o empresário deverá acrescentar designação que o distinga, de
acordo com o art. 1.163, parágrafo único, do Código Civil.

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