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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG – Unidade Frutal/MG

Curso Bacharelado em Direito – 5º Período Noturno


Direito Falimentar – Prof. Dr. Fernando Melo da Silva

Danilo Franco Silva – RA: 10-00683


Gabriel Teixeira Canduri – RA: 10-94237
Ismar Trindade Reis – RA: 10-94474
Rodrigo Inácio Souza de Menezes – RA: 10-94482

2° Questionário – Direito Falimentar

FRUTAL – MG
2022.
QUESTIONÁRIO

1. (Concurso Promotor MPE/SP – 2011) Uma sociedade empresária,


encontrando-se em dificuldades financeiras e antevendo eventual decretação de
sua quebra, passa a alienar bens móveis, máquinas e mercadorias a terceiros,
inclusive aquelas que compõem o seu estoque. Após a decretação de sua
falência, o administrador judicial dá início à ação revocatória, pleiteando a
declaração de ineficácia em relação à massa falida dos atos de alienação acima
mencionados. Considerando a questão acima:

a) Indique a natureza jurídica do estabelecimento empresarial e


especifique como é composto tal estabelecimento, esclarecendo se a
venda dos bens que compõem o estoque da empresa pode ser considerada
como venda do estabelecimento empresarial e por quê. (5 pontos)

R: Quanto ao tema abordado, percebe-se ampla e fértil discussão


doutrinária. Há aqueles que entendem que o estabelecimento tem
personalidade jurídica, aqueles que defendem que se trata de uma
universalidade de direito ou que se cuida de um bem imaterial. Entretanto,
a doutrina mais aceita para definir a natureza jurídica do estabelecimento
comercial é a que o define como uma universalidade de fato. A composição
do estabelecimento empresarial inclui elementos corpóreos /
materiais (estoques, máquinas, veículos, etc.) e elementos incorpóreos /
imateriais (clientela, aviamento, marcas, patentes, etc.). E quanto à venda
dos bens que compõem o estoque da empresa, discorre Fábio Ulhoa
Coelho:

“A rigor, aquelas decisões judiciais incorrem em grande


equívoco. A venda em separado de componentes do
estabelecimento empresarial, sem a desarticulação deste, é
providência que o empresário pode adotar, já às vésperas da
falência, como medida legítima e necessária à obtenção de recursos
para o pagamento de dívidas, com vistas a tentar evitar a quebra. Se
a indústria vende algumas de suas máquinas para realizar dinheiro
e solver obrigações, o efeito é eventual redução dos tipos ou
quantidade dos produtos fabricados, mas, desde que o
funcionamento da unidade industrial não se prejudique – isto é,
desde que não se verifique a desmontagem do estabelecimento
empresarial –, não existe nenhuma frustração aos objetivos da
falência que justifique a ineficácia do ato.” (Comentários à Lei de
Falências e de Recuperação de Empresas. Saraiva, 2005, p.351)

b) Informar se além das hipóteses de ineficácia de atos em relação à


massa e revogabilidade de atos praticados em prejuízo de credores,
previstos nos artigos 129 e 130, ambos da Lei 11.101/05, há alguma outra
previsão legal de cabimento de ação revocatória. Em caso positivo,
identificar a norma e a hipótese fática. (5 pontos)

Sim, há algumas outras hipóteses legais na legislação empresarial, sendo


que admite-se a ação revocatória. Dentre estas previsões podemos citar o
art. 35 da Lei n. 6.024/74,

Art . 35. Os atos indicados, nos artigos 52 e 53, da Lei de Falências


(Decreto-lei nº 7.661, de 1945) praticados pelos administradores da
liquidanda poderão ser declarados nulos ou revogados, cumprido o
disposto nos artigos 54 e 58 da mesma Lei.

Parágrafo único. A ação revocatória será proposta pelo


liquidante, observado o disposto nos artigos 55, 56 e 57, da Lei de
Falências.

Uma vez que o art. 35 da Lei n. 6.024/74, trata diretamente no quesito da


intervenção e a liquidação extrajudicial das instituições financeiras,
alicerçados na Lei 11.101/05, quando praticados por administradores de
instituições financeiras.
2. (Concurso Magistratura/MG – 2007) José Leal, brasileiro, casado sob o regime
da separação absoluta de bens, engenheiro, residente e domiciliado em Belo
Horizonte (MG), e John Smith, americano, solteiro, residente e domiciliado
também na cidade de Belo Horizonte (MG), resolveram constituir a sociedade
CONSTRUTORA BRASAM LTDA. O capital social, no valor de R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais), totalmente integralizado no ato da assinatura do contrato
social, encontra-se dividido em 500.000 (quinhentas mil) quotas, no valor
nominal de R$ 1,00 (um real) cada uma, de forma que cada sócio subscreveu
250.000 (duzentas e cinquenta mil) quotas. O objeto social, previsto no
instrumento constitutivo, corresponde ao seguinte: “construção, incorporação e
compra e venda de imóveis populares”. Assim, o contrato social, datado e
assinado por ambos os sócios em 30 de janeiro de 2006, foi submetido à
JUCEMG somente em 28 de fevereiro de 2006, tendo sido devidamente
arquivado nessa data. Para alavancar os negócios, a sociedade, através do
sócio administrador – José Leal, contraiu diversos empréstimos, o que
possibilitou a aquisição de alguns imóveis populares na periferia de Belo
Horizonte para a revenda. Em 11 de setembro de 2006, venceu um contrato de
mútuo firmado, em 02 de fevereiro de 2006, pela sociedade com um determinado
credor. Com problemas de liquidez, a sociedade não conseguiu honrar a dívida,
motivo pelo qual o credor ingressou com uma execução por quantia certa contra
ela. Pergunta-se: Caso sobrevenha a falência da sociedade em questão, as
revendas dos imóveis populares de propriedade da falida, realizadas
dentro do termo legal, poderiam ser declaradas ineficazes, de ofício, pelo
Juiz? Justifique em, no máximo, dez linhas. (5,0 pontos)

R: É plenamente possível a decretação da ineficácia de ofício pelo juiz, a


teor do que estabelece o parágrafo único do art. 129 da LFR.

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o


contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira
do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:

(...)
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo
juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou
incidentalmente no curso do processo.

A ineficácia do negócio jurídico em relação à massa falida constata-se pela


simples análise cronológica dos fatos, sendo ineficaz o negócio jurídico
abrangido pelo termo legal da falência. No caso em apreço o negócio
jurídico se realizaria dentro do prazo legal, acarretando desta maneira a
ineficácia do negócio. Assim, o crédito do terceiro credor deve ser
classificado como quirografário, em nome do princípio da coletividade e da
isonomia em relação aos demais credores.

3. Ei lembram do Kleiber Melo? Aquele mesmo, que viajava como passageiro


num ônibus da empresa Expresso Tudão Ltda em uma viagem de Anápolis a
Barra do Garça e no trajeto acidentou-se. Então, lembram que ele havia
processado a empresa e o juízo de 1ª. Instância condenou a Expresso Tufão a
pagar R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de indenização com despesas médicas,
pensão vitalícia e mensal no valor de R$ 840,00 (oitocentos e quarenta reais)
mensais e mais 100 salários mínimos a título de danos morais. Bom, a sentença
foi confirmada pelo Tribunal, transitou em julgado e o juízo competente habilitou
seu crédito nos autos da falência da Expresso Tufão Ltda, na forma do §3º. do
art. 6º. da Lei 11.101/2005. Agora responda: Em que ordem se classifica o
crédito de Kleiber Melo na massa falida da Expresso Tudão Ltda.?
Fundamente. (5,0 pontos)

R: Por se tratar de um crédito concursal, o crédito de Kleiber está no último


pacote de pagamentos, pois trata-se de crédito concursal que tem sua
ordem de pagamento pelo Art. 83 da Lei 11.101/05, antes dele são pagos os
créditos conforme artigos 150 e 151 da Lei 11.101/05, em segundo plano
financiamentos e restituições em dinheiro, em terceiro lugar os créditos
extraconcursais disposto no Art. 84 da mesma lei, e por fim os créditos
elencados no art. 83 da Lei 11.101/05, sendo no caso de Kleiber, seu crédito
disposto no inciso VI, alínea a, do art. 83 da Lei 11.101/05.

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