Você está na página 1de 5

PROVA 

1 – DIREITO EMPRESARIAL IV 
 
ALUNO: André Luiz Schurkim Dias 
R.A.: 11170515 
 
Procedimento: Resolva o problema abaixo indicado trazendo os conceitos doutrinários, 
a  base  legal  correspondente,  bem  como,  a  posição  jurisprudencial  sobre  os  temas 
relacionados. A resposta deverá conter uma Introdução, Fundamentação, Conclusão e 
Bibliografia. O Parecer deverá ser respondido no campo indicado nesse arquivo. 
 
EMPRESA AZUL ROYAL LTDA presente no ramo alimentício, há mais de duas décadas, 
com unidades em Santos, São Paulo, Franca e Ribeirão Preto, cidade onde se localiza a 
unidade administrativa, vem atravessando graves problemas financeiros em razão da 
recente crise econômica nacional. A unidade fabril em Santos, onde a maior parte do 
volume de negócios se estabelece, já não consegue pagar os salários dos trabalhadores. 
Em  março,  o  credor  JUSTO  NETO  FABRICANTE  DE  EMBALAGENS  LTDA,  requereu  a 
abertura do procedimento falimentar, na sede em Ribeirão Preto, dizendo ser portador 
de  Duplicata  Mercantil  no  valor  de  250.000,00  (Duzentos  e  cinquenta  mil  reais).  O 
devedor não dispõe da integralidade do valor do débito mas pretende se manifestar no 
prazo legal. Sendo assim, dê o seu Parecer sobre as seguintes questões: legitimidade de 
partes,  competência  do  juízo,  requisitos  para  abertura  do  procedimento  e  hipóteses 
para o devedor. 
 

FOLHA DE RESPOSTA: 
 
1.INTRODUÇÃO  
Trata‐se de Parecer a respeito da interposição de requerimento de Falência que 
JUSTO NETO FABRICANTE DE EMBALAGENS LTDA move em face de AZUL ROYAL LTDA. 

Nesse trabalho vamos analisar o procedimento falimentar que o credor


quer mover em face do devedor. Analisar a fundo as questões de legitimidade
passiva e ativa do caso concreto, assim como os requisitos legais, competência
para julgar o caso e as hipóteses que o devedor poderá adotar diante o caso
narrado, trazendo fundamentações legais, doutrinárias e jurisprudenciais sobre
o assunto em questão.

 
2. FUNDAMENTAÇÃO:  
                
                    No caso em tela o credor  JUSTO NETO FABRICANTE DE
EMBALAGENS LTDA quer entrar com o procedimento falimentar por ser
portador de duplicata mercantil, sendo credor possui a legitimidade ativa
conforme disposto no art.97, I da LEF ( Lei 11.101/2005), porém há uma situação
em que a unidade fabril da cidade de Santos está também com débitos referente
ao atraso de pagamento do salário dos empregados, assim podendo fazer parte
do polo ativo do processo falimentar, como litisconsorte da empresa  JUSTO
NETO FABRICANTE DE EMBALAGENS LTDA, os empregados que estiverem
com seus salários atrasados conforme disposto no art. 94, §1º da LEF. Vale
ressaltar que, para tais empregados figurarem como litisconsortes, eles terão
que resolver as questões trabalhistas perante a Justiça do Trabalho e, só depois
da Justiça do Trabalho decidir quais são as obrigações do credor com os
empregados, em sentença, tornando o crédito dos empregados em título
executivo.

Figurando o polo passivo da demanda está a empresa AZUL ROYAL


LTDA, na qual o art. 1º da LEF denomina como devedor.

Na questão proposta, em relação ao juízo competente para julgar a


demanda, o credor JUSTO NETO FABRICANTE DE EMBALAGENS LTDA abriu
o procedimento falimentar na comarca de Ribeirão Preto, devido ser a comarca
onde se encontra a sede administrativa da empresa AZUL ROYAL LTDA. A LEF
dispõe em seu art.3º que a competência é o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor. A definição do local do principal estabelecimento
do devedor é muito controvertida no direito. Acerca desse assunto existem três
correntes. A primeira corrente entende que o estabelecimento principal é a sede
estatutária ou contratual. A segunda corrente, adotada pelo credor no caso
proposto, sustenta que é a sede administrativa, onde ocorre a administração da
atividade comercial. A corrente majoritária, porém, define o principal
estabelecimento como aquele que tem o maior complexo de bens. Porém há de
se observar o entendimento do STJ sobre esse assunto, sendo assim o local
onde acontece o maior volume de negócios. O local mais importante da atividade
econômica, é o centro vital das principais atividades do devedor.

“- O juízo competente para processar e julgar pedido de falência


e, por conseguinte, de concordata é o da comarca onde se
encontra "o centro vital das principais atividades do devedor" ,
conforme o disposto no art. 7º da Lei de Falencias (Decreto-Lei n.
7.661/45) e o firme entendimento do Superior Tribunal de Justiça
a respeito do tema.” (STJ/CC 37736 / SP - Julgamento em
11/06/2003)

Segundo nos ensina Fábio Ulhoa Coelho, sobre principal


estabelecimento do devedor:

“(...) por principal estabelecimento entende-se não a sede


estatutária ou contratual da sociedade empresária devedora, a
que vem mencionada no respectivo ato constitutivo, nem o
estabelecimento maior física ou administrativamente falando.
Principal estabelecimento, para fins de definição de competência
para o direito falimentar, é aquele em que se encontra
concentrado o maior volume de negócios da empresa; é o mais
importante do ponto de vista econômico.” (COELHO, 2005, p.
205).

                Continuando com o cronograma da questão proposta, acentuaremos os


requisitos para a abertura do procedimento falimentar do caso narrado.

Para que seja aberto o procedimento falimentar é necessário o


cumprimento de três requisitos: a condição de empresário, a insolvência e a
decretação judicial. ( Fazzio, 2008, p. 267).

No caso proposto, os requisitos se encontram presentes pois se trata de


empresa (art. 1º da LEF e art. 966 do CC); é insolvente (art. 94, I da LEF); e
deverá ter sentença declaratória proferida (art.99 da LEF). No caso dos
empregados da unidade fabril de Santos, a insolvência somente estaria como
requisito se tivesse titulo executivo por sentença judicial da Justiça do Trabalho
e seria uma execução frustrada, conforme disposto no art. 94, II da LEF.

Sobre as hipóteses do devedor no tocante do processo falimentar, no


prazo previsto (10 dias art.98, caput LEF) o devedor poderá apresentar
contestação, no mesmo prazo poderá apresentar contestação e fazer depósito
elisivo (§ único art. 98 da LEF). Poderá também a empresa pedir a recuperação
judicial (art. 95 da LEF) no mesmo prazo da contestação.

 
 
3. CONCLUSÃO:  
                     

                   Tendo em vista os aspectos observados,  conclui-se que no caso


proposto na questão, o procedimento falimentar movido pela JUSTO NETO
FABRICANTE DE EMBALAGENS LTDA em face de AZUL ROYAL LTDA,
apresenta todos os requisitos para abertura do processo de falência, tendo a
legitimidade para propor a demanda, porém se for seguido o entendimento do
STJ, o juízo onde foi proposta a ação não compreende a competência pois não
se trata da comarca onde se encontra o principal estabelecimento da empresa.
Ainda complementando, os empregados só terão legitimidade como litisconsorte
ativo na demanda após sentença que constitua título executivo pela Justiça do
Trabalho. Apresentados os requisitos para a abertura do procedimento, a
empresa ré tem seu prazo pra fazer contestação\pagar ou requerer sua
recuperação judicial.

 
 
4. BIBLIOGRAFIA: 
 
STJ/CC 37736 / SP - Julgamento em 11/06/2003
COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à nova lei de falências e de recuperação
de empresas. 3ª ed. São Paulo. Saraiva, 2005.
FAZZIO, Waldo Júnior. Manual de Direito Comercial. 9ª ed. São Paulo: Atlas,
2008.
Lei 11.101/2005 (LEF)
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%201
1.101-2005?OpenDocument
Lei 10.406/2002 Código Civil (CC)
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%201
0.406-2002?OpenDocument

Você também pode gostar