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Resumo dos pressupostos da falência:

1. Pressuposto material subjetivo:


a. Devedor: Empresário
EIRELI
Sociedade Empresária

2, Pressuposto material objetivo:

a.Insolvência: a. Confissão ( autofalência)- art. 105 LRF

b. Impontualidade Injustificada: art. 94, I LRF

c. Execução frustrada: art. 94,II LRF

d. Atos de Insolvência : 94, III LRF

3. Pressuposto formal: Sentença

“Minhas crianças”,

com a situação instalada em face do corona vírus, não está fácil para ninguém ficar em
casa sem poder sair para tomar um café com os amigos, jogar conversa fora, até acordar cedo
para trabalhar faz falta. Mas, vou procurar minimizar os efeitos e fazendo as explicações de
forma bem coloquial, como se nós estivéssemos em sala de aula..

Na última aula, nós trabalhamos a matéria relativa à autofalência, cujo artigo sugerido
para leitura já havia sido anexado. Caso após a leitura, ainda restem dúvidas, podem envias as
perguntas que eu as esclareço.

1) A confissão é mais utilizada quando o devedor em Recuperação Judicial não


consegue cumpri-la e pede a sua convolação em falência. Abaixo. para
demonstrar esta situação vou anexar o RELATÓRIO da sentença que decretou a
falência da ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL EXPOENTE, tomando a liberdade de
fazer a inserção de alguns comentários para auxiliá-los na compreensão:

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ


COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE
CURITIBA
2ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE CURITIBA - PROJUDI
Rua da Glória, 362 - 7º andar - Centro Cívico - Curitiba/PR - CEP: 80.030-060 - Fone: 3561-7839
Vistos e examinados estes autos sob n. 0002942-60.2009.8.16.0004, em que
são requerentes Organização Educacional Expoente Ltda, Ane Class –
Participações eAdministração de Bens Ltda, Sociedade Educacional
Expoente Ltda e MerlinSistema de Ensino Ltda.
I – Relatório:
As empresas Organização Educacional Expoente Ltda e Ane Class
Participação e Administração de Bens Ltda ajuizaram pedido de Recuperação
Judicial na data de 09/12/2009, pugnando pelo deferimento do processamento
de sua RJ ante as dificuldades econômicas discorridas na petição inicial (mov.
1.1 – fls 02/14). Juntaram documentos nos movs. 1.1/1.4 (fls 15/380) e 1.10
(fls 392/452).O processamento da Recuperação Judicial foi deferido na data
de 30/04/2010, tendo sido nomeado para o exercer o cargo de Administrador
Judicial o advogado Mauricio de PaulaSoares Guimarães (mov. 1.11 – fls
454/456). Termo de compromisso mov. 1.13.
As Recuperandas juntaram o Plano de Recuperação Judicial no movs.
1.26/1.29. Quadro Geral de Credores mov. 1.40.Ante a apresentação de
Objeções ao Plano de Recuperação Judicial, foi designada Assembleia Geral
de Credores (mov. 761). O Plano de Recuperação Judicial foi aprovado na
AGC realizada na data de 27/01/2011, nos termos da Ata juntada no mov.
1.73; e devidamente homologado 03/03/2011, na decisão proferida no mov.
1.75. Apesar o fim do prazo previsto no artigo 62 da Lei n. 11.101/2005, a
Recuperação Judicial teve continuidade neste Juízo, com o devido
cumprimento das obrigações previstas no artigo 52, IV, pelas Recuperandas.
No mov. 465, as Recuperandas apresentaram relatório minucioso, informando
sobre o cumprimento do Plano de Recuperação Judicial. Juntaram
comprovantes e cronograma de pagamentos. O Administrador Judicial pugnou
pelo encerramento da RJ (movs. 467 e 521). No mov. 590, informou sobre o
pagamento integral de seus honorários pelas Recuperandas. As Recuperandas,
mov. 601, informaram faltar apenas o percentual de 16,8% do QGCpara
pagamento. Por fim, pugnaram pela autorização deste Juízo para a realização
de operação de crédito com garantia real, para investimento em matéria prima.
O pedido foi deferido no mov. 609.No mov. 603, prestaram informações sobre
os credores que ainda não efetuaram o levantamento dos valores depositados
em contas judiciais. As Recuperandas peticionaram no mov. 687 requerendo
autorização judicial para promover a venda de imóvel, com previsão de
celebração de contrato de locação em seu favor, para a continuidade das
atividades, tendo em vista a necessidade de se angariar recursos para a
adaptação das empresas a Nova Base Nacional Comum Curricular instituída
pela Lei n. 13.415/2017. No mov. 690 foi determinada a manifestação dos
credores, AJ e Ministério Público. A Fazenda Nacional manifestou-se no mov.
765, opinando pelo indeferimento do pedido de alienação, tendo em vista os
altos valores devidos a União. O credor Luiz Borges Neto (mov. 788)
informou que as Recuperandas deixaram de cumprir acordo homologado no
Juízo Trabalhista, sendo, portanto, contrário ao pedido de alienação.
As Recuperandas Organização Educacional Expoente Ltda e Ane Class –
Participações e Administração de Bens Ltda; juntamente com as demais
empresas do Grupo Expoente, Sociedade Educacional Expoente Ltda e
Merlin Sistema de Ensino Ltda, apresentaram no mov. 796.1, pedido de
convolação desta Recuperação Judicial em Falência c/c Autofalência, nos
seguintes termos: a) discorreu que o Grupo Expoente iniciou suas atividades
em 20/02/1988, tendo como objeto social o comércio e confecção de materiais
escolares, prestação de serviços educacionais, indústria de tipografia para
impressão de material didático, bem como indústria de composição e
impressão gráfica, e transporte escolar; b) no ano de 2009 duas das empresas
do Grupo ingressaram com este pedido de RJ, a qual teve o seu Plano
homologado na data de 03/03/2011; c) passados quase dez anos da
homologação do PRJ, apesar de todas as reestruturações e reformulações
ocorridas nas Recuperandas, não foi possível o cumprimento do cronograma
de pagamento dos credores, não havendo outra opção além da convolação
desta RJ em Falência; d) as Recuperandas e as demais empresas formadoras
do Grupo Expoente possuem em comum os mesmos sócios, sendo regidas por
um único controle e sob a mesma estrutura formal, com base administrativa
nesta capital, conforme endereço indicado nos autos; e) a impossibilidade da
continuidade desta RJ, bem como o grande passivo fiscal e a evasão de alunos
da rede privada para a rede pública, tornaram inviável a continuidade das
atividades de todo o Grupo Expoente; f) considerando que o atual passivo
das empresas não é mais passível de fazer frente aos débitos, pugnam as
autoras pela decretação da falência do Grupo Expoente. Ainda, requerem as
autoras, para fim de possibilitar que os alunos e professores possam terminar o
ano letivo, gerando assim menor impacto social, seja viabilizada a imediata
alienação das Unidades de Ensino Boa Vista e Água Verde com a
continuidade provisória das atividades das empresas. Por fim, caso deferida a
continuidade provisória das atividades, apontam as requerentes sobre a
necessidade da concessão de liminar determinando: a) a manutenção do
Sistema Sapiens – Modulo Comercial, Financeiro, Contábil e Custos e
Sapiens Web pela empresa Senior Consulting Eireli, necessário para
continuidade mínima das empresas, inclusive para que se possa realizar a
transição das Unidades Escolares, com a migração de todo o histórico escolar
dos alunos, acervo imaterial, propriedade de direitos autorais, os quais não
podem se perder sob pena de prejudicar a vida acadêmica dos alunos; b) a
continuidade provisória das contas bancárias, para o fim de permitir as
operações necessárias pelo Administrador Judicial; e c) a manutenção dos
Planos de Saúde dos colaboradores que permanecerão atuando durante o
funcionamento provisório das empresas.

2) Impontualidade Injustificada – art. 94 ,I LRF :


Ressalta-se :
a) Obrigação líquida, certa e exigível, consubstanciada em título executivo; ( art. 786
CPC/15)
b) O titulo executivo pode ser judicial ou extrajudicial
Obs.:
- Quanto ao titulo executivo tributsário, embora exista controvérsia
doutrinária existem diversos precedentes do STJ no sentido que a Fazenda
Pública não tem legitimidade, nem interesse de agir para pedir a falência de
um empresário ou sociedade empresária; Paulo Penalva Santos entende que o
Fisco ao requerer a falência do empresário afronta pelo menos dois princípios
constitucionais: o da razoabilidade e o da função social da propriedade dos
bens de produção.(SANTOS, Paulo Penalva. Falencia requerida pela Fazenda
Pública. Revista Forense.Rio de Janeiro. Forense.v,343,
Julho/agosto/setembro/1998.p.176-177)
A cobrança do tributo é uma atividade vinculada devendo a fazenda Pública
utilizar-se dos meios previstos, que gozam de garantias e privilégios.
- Considerando os arts. 94,I,II e 97 o credor trabalhista não possui
impedimento para requerer a falência do empregador, inclusive (STJ, 3ª Turma
Relator Ministro Ricardo Villas Boas Cueva, REsp.1.544.267-DF, julgado em
23/08/2016).
Entretanto, nos questionamos sobre a vantagem do credor trabalhista buscar
o concurso de credores paraa cobrança de seu crédito, diante da possibilidade
De executá-lo na Justiça especializada.
- Credor com Direito Real de Garantia, de igual forma, não há impedimento
legal para requerer a falência,em face do seu título preencher os requisistos
previstos na LRF. Entretanto, falta-lhe legitimo interesse de agir, pois na
inexistência de outros bens para pagamento dos credores que lhe antecedem
na ordem classificatória, ele se vê privado de sua garantia.
c) valor superior ao equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido da falência.
Aqui considerado o salário mínimo nacional e não piso regional.
d)Protestado:
Mesmo títulos que comumente não são levados à protesto, deverão ser
protestados para efeito de requerimento de falência.

3.Execução Frustrada: art. 94,II:


Diferente do art. 94 I, na execução frustrada não há necessidade de observância dos 40
salários e do protesto, basta a desistência da execução singular e a certidão da tríplice
negativa.

4. Atos de Insolvência: art. 94,III


Atos de insolvência ou atos de falência estão enumerados nas alíneas do inciso III do
art. 94 da LRF. Lembrem que o pedido com base nestes atos, pressupõem que o ônus da prova
é de quem alega. E, na hipótese de não ser comprovado o ato que embasou o pedido e a
sentença for denegatória, poderá se configurado o dolo do autor, ser condenado na forma do
art. 101 da LRF, na própria sentença. Se houver culpa, cabe ação própria de perdas e danos.

Para a fixação do conhecimento, estou propondo um estudo de caso, para


vocês resolverem e listarem as dúvidas para serem esclarecidas na aula do dia 25 de março,

ESTUDO DE CASO ( aula dia 25 de março)

A análise do caso proposto deverá ser realizada individualmente, admitindo-se


a pesquisa em legislação, livros, internet, e será objeto de esclarecimento de dúvidas
na aula do dia 25 de março Seu objetivo é a verificação da aplicação dos
conhecimentos teóricos (de direito empresarial e envolvendo outras áreas do direito)
ao cotidiano da advocacia.

Na qualidade de advogado da sociedade empresária CAIO NAKAMA


INDUSTRIA E COMÉRCIO DE COLCHÕES LTDA, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ/MF sob nº 76.123.456/0001-20, registrada na JUCEPAR sob nº 123
456 em sessão de 10/02/1999, com sede na Rua 13, nº 21, Curitiba – PR, você
recebeu uma consulta assinada por JOAQUIM CANSADO, sócio administrador da
sociedade, nos seguintes termos:

Relatou em 20 de maio de 2.019 a sociedade consulente efetuou a venda de


200 (duzentos) colchões, no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), para
ARMANDO KONFUSÃO LTDA - pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob nº 76.987.654/0001-20, sendo que:

a. 50 colchões, no valor de R$ 125.000,00, foram entregues na matriz


em Piraquara, na Rua Cinco, nº 678, mediante a emissão da Fatura
e Duplicata nº 123, devidamente aceita;
b. 100 colchões no valor de R$ 12.500,00 foram entregues na filial em
Curitiba, na Rua Sete de Setembro, nº 1822, mediante a emissão da
Fatura e Duplicata nº 124,devidamente aceita;
c. 50 colchões no valor de R$ 12.500,00 foram entregues na filial em
Curitiba, na Rua Sete de Setembro, nº 1515, mediante a emissão da
Fatura e Duplicata nº 125, devidamente aceita;
d. Todos os títulos emitidos possuíam como data de vencimento o dia
20 de dezembro de 2.019;
e. Todos os títulos foram devidamente protestados.
Após o vencimento, o comprador foi insistentemente procurado na sede
administrativa da empresa, na Rua Sete de Setembro, nº 1822, em Curitiba. Os
funcionários informaram que os sócios e administradores da empresa não
comparecem nas lojas da rede KONFUSÃO há mais de um mês e que os estão com
os salários atrasados, pois não possuem qualquer notícia dos patrões.

Elabore um petição inicial requerendo a falência da sociedade devedora


indicando os documentos que devem ser anexados e os procedimentos necessários e
remeta para a correção. Não fiquem constrangidos, porque a primeira petição de
pedido de falência que vocês vão elaborar sozinhos poderá ter equívocos.

Até a próxima aula, espero que esta experiência de escrever parte do que
explicaríamos em sala, acrescido do artigo anteriormente enviado, tenha elucidado o tema

Abraços e até a próxima aula

Eloete Camilli Oliveira

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