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Poder Público
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA
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Processo n. º ___________________________
Como é cediço, a recuperação de créditos tributários é um direito garantido por lei a todo
contribuinte.
Quanto uma empresa paga imposto a maior, é previsto pela Constituição Federal (art. 150, §
7ª), bem como, pelo Código Tributário Nacional (art. 165), que ela possui o direito de
recuperar os valores pagos indevidamente durante os últimos 5 anos.
Na compensação, a empresa possui valores positivados para resgate, no entanto, por ter
débitos presentes e/ou futuros, ao invés de solicitar a devolução, deixa os créditos para
abatimento das dívidas.
A toda evidência, o exequente não tem como comprovar ao juízo que o executado possua
algum crédito tributário a ser recuperado, visto que tal informação não é fornecida
facilmente pelo Poder Público. Contudo, o credor encaminhou ofício à Receita Federal, para
localização de tais créditos, mas não obteve resposta.
Todavia, é de se presumir que tal seja possível, já que, de acordo notícias amplamente
veiculadas na mídia, empresas conseguem recuperar cerca de R$ 1 bilhão em créditos
tributários no ano (fonte: https://www.savarejo.com.br/detalhe/reportagens/recuperacao-
de-creditos-tributarios-pode-render-cerca-de-r-1-bilhao-aos-supermercados).
Cumpre destacar que o artigo 835 do Código de Processo estabelece uma ordem
preferencial da penhora, da seguinte maneira:
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em
mercado;
V - bens imóveis;
VII - semoventes;
Sendo assim, como já dito, uma vez que todas as tentativas de localização de bens
passíveis de penhora em nome do executado restaram infrutíferas, é cabível a penhora de
outros direitos, in casu, dos créditos tributários.
No mais, pelo que se pode interpretar da jurisprudência, não sendo o caso de compensação,
tal medida é plenamente possível:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DECISÃO QUE
DEFERIU A PENHORA DE VALORES A RESTITUIR EM FAVOR DA EXECUTADA PELA RECEITA
FEDERAL DECORRENTE DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. IMPOSSIBILIDADE DE PENHORA.
IDENTIFICAÇÃO PELO ÓRGÃO FAZENDÁRIO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. PROCEDIMENTO
DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO EM CURSO INTERROMPIDO PELA ORDEM JUDICIAL DE
PENHORA DOS VALORES. LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO
QUE CONSTITUI DEVER DO ÓRGÃO FAZENDÁRIO À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA DO C. STJ.
INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 73 E 74 DA LEI 9430/96 E ART. 6º DO DECRETO 2.138/1997.
PROVIMENTO DO RECURSO PARA LIBERAR OS VALORES EM FAVOR DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL PARA QUE PROSSIGA COM O PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO.
RECURSO PROVIDO. (TJ-SP - AI: 20676073020228260000 SP 2067607-30.2022.8.26.0000,
Relator: Alberto Gosson, Data de Julgamento: 24/06/2022, 22ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 24/06/2022)
Colhe-se:
Frisa-se que, embora tal pedido de penhora não seja o mais comum, atualmente, nossa
sociedade vive uma era de constante mudança. O mundo cada vez mais interconectado e
transformador exige que a justiça acompanhe tais transições e modernidades, a fim de que
toda sociedade ganhe com a melhora na produção e na satisfação das demandas judiciais.
Ademais, não é justo que o executado goze de tais valores que serão a ele disponibilizado,
enquanto a presente ação de execução se arrasta por XX anos, prejudicando não só o
exequente, mas também o próprio Poder Judiciário, que já se encontra assoberbado de
processos judiciais em trâmite, de forma que o deferimento da penhora pleiteada conferirá
efetividade à execução.
Por fim, cabe esclarecer que o requerimento, caso deferido, não causará ofensa aos direitos
do executado, visto que este poderá defender eventual impenhorabilidade por meio de
embargos ou impugnação.
Ante o exposto e frente aos princípios que norteiam o processo executivo, mormente ao
fato de que o exequente move esta ação para a satisfação de seus interesses, qual seja, o
recebimento do crédito ora executado, requer à V. Exª. que seja expedido ofício à Secretária
de Finanças ou de Fazenda do Estado de XXX, a fim de que esta informe se o devedor
possui algum crédito tributário em discussão ou deferido e, em caso positivo, que seja
lavrado o termo de penhora, com a intimação do executado e comunicação do Poder
Público acerca da constrição.
Pede deferimento.
Nome do advogado
OAB/UF XXX
assinado digitalmente