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34 - Pedido de busca e penhora de crédito tributário que a empresa executada tenha com o

Poder Público
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA
__________________.

Processo n. º ___________________________

NOME DO EXEQUENTE, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente, à presença de V.


Exª., por intermédio do seu advogado ao final subscrito, requerer a busca e penhora de
eventual crédito tributário que a empresa executada possua com o poder público, no valor
atualizado da dívida (R$ XXX), conforme será exposto a seguir.

Primeiramente, é importante destacar que o exequente buscou todas as maneiras possíveis


para ter saldado o crédito executado, restando infrutíferas todas as tentativas, razão pela
qual vem requerer a busca e penhora de eventual crédito tributário que o devedor possua
com o poder público.

Como é cediço, a recuperação de créditos tributários é um direito garantido por lei a todo
contribuinte.

Quanto uma empresa paga imposto a maior, é previsto pela Constituição Federal (art. 150, §
7ª), bem como, pelo Código Tributário Nacional (art. 165), que ela possui o direito de
recuperar os valores pagos indevidamente durante os últimos 5 anos.

A supracitada recuperação de créditos tributários, se dá por meio da restituição, da


compensação e do ressarcimento.

A restituição é semelhante ao procedimento de resgate de Imposto de Renda. A pessoa


jurídica informará o valor pago a mais e solicitará a devolução dos valores.

Na compensação, a empresa possui valores positivados para resgate, no entanto, por ter
débitos presentes e/ou futuros, ao invés de solicitar a devolução, deixa os créditos para
abatimento das dívidas.

Por fim, o ressarcimento tem a mesma essência do processo de restituição, a diferença é


que, neste, ocorre a devolução em espécie do imposto de retido por substituição tributária e
a recuperação dos créditos se limita apenas a duas modalidades de imposto: IPI e
PIS/COFINS.

A toda evidência, o exequente não tem como comprovar ao juízo que o executado possua
algum crédito tributário a ser recuperado, visto que tal informação não é fornecida
facilmente pelo Poder Público. Contudo, o credor encaminhou ofício à Receita Federal, para
localização de tais créditos, mas não obteve resposta.

Todavia, é de se presumir que tal seja possível, já que, de acordo notícias amplamente
veiculadas na mídia, empresas conseguem recuperar cerca de R$ 1 bilhão em créditos
tributários no ano (fonte: https://www.savarejo.com.br/detalhe/reportagens/recuperacao-
de-creditos-tributarios-pode-render-cerca-de-r-1-bilhao-aos-supermercados).

Sendo assim, requer-se a expedição de ofício à Secretária de Finanças ou Secretaria de


Fazenda a fim de esta informe se o devedor possui algum crédito tributário em discussão
ou deferido.

Em caso positivo, pugna-se pelo imediato bloqueio dos valores.

Cumpre destacar que o artigo 835 do Código de Processo estabelece uma ordem
preferencial da penhora, da seguinte maneira:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em
mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV - veículos de via terrestre;

V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral;

VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;

X - percentual do faturamento de empresa devedora;

XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária


em garantia;

XIII - outros direitos

Sendo assim, como já dito, uma vez que todas as tentativas de localização de bens
passíveis de penhora em nome do executado restaram infrutíferas, é cabível a penhora de
outros direitos, in casu, dos créditos tributários.

No mais, pelo que se pode interpretar da jurisprudência, não sendo o caso de compensação,
tal medida é plenamente possível:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DECISÃO QUE
DEFERIU A PENHORA DE VALORES A RESTITUIR EM FAVOR DA EXECUTADA PELA RECEITA
FEDERAL DECORRENTE DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. IMPOSSIBILIDADE DE PENHORA.
IDENTIFICAÇÃO PELO ÓRGÃO FAZENDÁRIO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. PROCEDIMENTO
DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO EM CURSO INTERROMPIDO PELA ORDEM JUDICIAL DE
PENHORA DOS VALORES. LEGALIDADE DO PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO
QUE CONSTITUI DEVER DO ÓRGÃO FAZENDÁRIO À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA DO C. STJ.
INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 73 E 74 DA LEI 9430/96 E ART. 6º DO DECRETO 2.138/1997.
PROVIMENTO DO RECURSO PARA LIBERAR OS VALORES EM FAVOR DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL PARA QUE PROSSIGA COM O PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO.
RECURSO PROVIDO. (TJ-SP - AI: 20676073020228260000 SP 2067607-30.2022.8.26.0000,
Relator: Alberto Gosson, Data de Julgamento: 24/06/2022, 22ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 24/06/2022)

Também já houve deferimento de penhora de créditos do ICMS.

Colhe-se:

EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL - PENHORA – CRÉDITOS DO ICMS Decisão que


indeferiu a intervenção da Fazenda Pública no feito, questionando ordem de penhora e
adjudicação de créditos do ICMS – Descabimento - A atuação da Fazenda Pública no feito
encontra amparo no parágrafo único, do artigo 5º, da Lei n. 9.469/97 Adjudicação do crédito
Possibilidade A penhora de créditos do ICMS não encontra vedação legal e o levantamento
do numerário é possível dentro da sistemática extraordinária de aproveitamento do crédito
tributário. Precedentes jurisprudênciais - Decisão mantida Recurso provido, em parte.
(TJSP; Agravo de Instrumento 0264646-21.2012.8.26.0000; Relator (a): Mario de Oliveira;
Órgão Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guararapes - 1ª. Vara Judicial; Data
do Julgamento: 09/06/2014; Data de Registro: 01/08/2014)

Frisa-se que, embora tal pedido de penhora não seja o mais comum, atualmente, nossa
sociedade vive uma era de constante mudança. O mundo cada vez mais interconectado e
transformador exige que a justiça acompanhe tais transições e modernidades, a fim de que
toda sociedade ganhe com a melhora na produção e na satisfação das demandas judiciais.

Ademais, não é justo que o executado goze de tais valores que serão a ele disponibilizado,
enquanto a presente ação de execução se arrasta por XX anos, prejudicando não só o
exequente, mas também o próprio Poder Judiciário, que já se encontra assoberbado de
processos judiciais em trâmite, de forma que o deferimento da penhora pleiteada conferirá
efetividade à execução.

Por fim, cabe esclarecer que o requerimento, caso deferido, não causará ofensa aos direitos
do executado, visto que este poderá defender eventual impenhorabilidade por meio de
embargos ou impugnação.

Ante o exposto e frente aos princípios que norteiam o processo executivo, mormente ao
fato de que o exequente move esta ação para a satisfação de seus interesses, qual seja, o
recebimento do crédito ora executado, requer à V. Exª. que seja expedido ofício à Secretária
de Finanças ou de Fazenda do Estado de XXX, a fim de que esta informe se o devedor
possui algum crédito tributário em discussão ou deferido e, em caso positivo, que seja
lavrado o termo de penhora, com a intimação do executado e comunicação do Poder
Público acerca da constrição.

Pede deferimento.

Cidade/UF, data por extenso.

Nome do advogado

OAB/UF XXX

assinado digitalmente

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