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1 – Analise, justificadamente, se as pessoas abaixo podem ou não pedir recuperação judicial

regularmente. A resposta deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para justificá-la à luz da jurisprudência dominante do STJ. A simples menção ou
transcrição do dispositivo legal, precedente ou súmula, não confere pontuação.

a) ATENA INCORPORAÇÕES LTDA, construtora registrada na junta comercial do Rio Grande do


Sul, com ativos e dívidas, mas sem exercer atividade há 1 ano;

b) CHAD SMITH, sócio de diversas sociedades do agronegócio, desde 2014;

c) BRK S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, instituição financeira, em


funcionamento regular, com registro na junta comercial do Rio de Janeiro, desde 01/04/2012.

a) Um dos requisitos para o pedido de recuperação judicial é o exercício regular das


atividades há mais de dois anos, conforme artigo 48 da Lei n. 11.101/2005. É decorrência
lógica desse requisito, que apenas a sociedade empresária em atividade está legitimada
para o pedido de recuperação. Se a sociedade está inativa, não há objeto a se recuperar.

b) A recuperação judicial é aplicável a empresários individuais, sociedades empresárias,


clubes de futebol e cooperativas médicas. A sociedade não se confunde com os seus sócios
e o sócio não é empresário por não efunde com os seus sócios e o sócio não é empresário
por exercer a atividade. Logo, o sócio não tem legitimidade para pedir recuperação judicial.

c) As instituições financeiras estão expressamente excluídas da Lei n. 11.101/2005, por se


submeterem a um regime especial de tratamento da sua crise, o qual não admite a
recuperação judicial, mas apenas a procedimentos administrativos. Logo, BRK S.A. CRÉDITO,
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO não tem legitimidade para pedir recuperação judicial.

2 – No dia 27 de março de 2023, a CERVEJARIA PETRÓPOLIS S.A. e OUTRAS (“Grupo


Petrópolis”), requereram Recuperação Judicial. Foi proferida decisão de processamento em
13/04/2013. Considerando essa situação analise se os créditos abaixo estão ou não abrangidos
pela recuperação judicial.

a) Honorários advocatícios de sucumbência devidos a Meg White, sentença de 06/09/2022,


com trânsito em julgado em 01/04/2023 e início do cumprimento de sentença no dia
12/04/2023;

b) Valores devidos pela Cervejaria Petrópolis S. A à construtora GDWY LTDA em razão de


contrato estabelecido em 15/06/2020, com sentença condenatória de 19/04/2021, trânsito
em julgado em 02/06/2021 e início do cumprimento de sentença em 05/07/2021, com
dinheiro depositado em juízo pela Cervejaria Petrópolis S. A, sem intenção de discutir a dívida;

c) Crédito representado pelas Cédulas de Crédito Bancário n° 7121130 e 7125445, emitidas


devidas pela Cervejaria Petrópolis S. A, em 15/02/2023, tendo como credor o Banco Safra,
estando garantida por cessão fiduciária de recebíveis;

a) Estão sujeitos a recuperação judicial, os créditos existentes na data do pedido. A sentença


(ou o ato jurisdicional equivalente, na competência originária dos tribunais) é o ato
processual que representa o fato gerador do direito à percepção dos honorários
advocatícios sucumbenciais. Se a sentença é anterior a data do pedido, o crédito está
abrangido pelo processo de recuperação judicial.

b) Estão sujeitos a recuperação judicial, os créditos existentes na data do pedido. Na fase de


execução, o depósito judicial do montante da condenação extingue a obrigação do devedor,
nos limites da quantia depositada. Logo, a obrigação não mais existe nesse caso, não
estando sujeita à recuperação judicial.

c) Os créditos garantidos por cessão fiduciária de recebíveis, por se constituir propriedade


fiduciária do credor, não se submetem à recuperação judicial, uma vez que se trata de
crédito expressamente excluído.

3. AMERICANAS S/A. (CNPJ 00.776.574/0006-60); B2W DIGITAL LUX S.À.R.L; JSM GLOBAL
S.À.R.L, e, ST IMPORTAÇÕES LTDA. (CNPJ 02.867.220/0001-42), em conjunto denominadas
como “GRUPO AMERICANAS” requereram recuperação judicial em 12/01/2023. Foi deferido o
processamento da recuperação judicial em 19/01/2023. Considerando os efeitos da decisão de
processamento. Diga, justificadamente, o que ocorrerá com os seguintes processos em curso.

a) execução de nota promissória contra Jorge Paulo Lehmann, acionista controlador, do grupo
Americanas;

b) Cumprimento de sentença contra fiadores em contrato de locação que as Americanas S/A


figurou como locatária e devedora principal;

c) Ação de busca e apreensão promovida por “Banco J Safra S/A”, referente a crédito de
contrato firmado 20/03/2020, garantido por alienação fiduciária de máquinas e equipamentos
contra Americanas S/A;

A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da
jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo legal,
precedente ou súmula não confere pontuação.

a) O deferimento do processamento da recuperação suspende a execução apenas contra o


próprio devedor e não contra seus sócios, que não se confundem com ele. Logo, não haverá
suspensão.

b) O deferimento do processamento da recuperação judicial do Grupo Americanas suspende


as execuções apenas contra as sociedades integrantes do grupo, não impedindo o
prosseguimento das execuções ajuizadas contra fiadores. Assim, o cumprimento de
sentença contra os fiadores pode seguir.

c) Os créditos garantidos por alienação fiduciária, por constituir propriedade fiduciária do


credor, não se submetem à recuperação judicial. Logo, a decisão de processamento não
suspende ação de busca e apreensão com base nesse crédito. Contudo, o credor não pode
retirar do estabelecimento do devedor, durante o período de suspensão, os bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial

4 - Reata Citrus Agroindustrial S/A “Reata”, tem como sócios Keith Moon, com 30% do capital,
e John Bonham, com 70% do capital. Keith Moon também é produtor rural em exercício
regular da atividade há 12 anos, estando devidamente inscrita na junta comercial. “Reata” e
“Keith” passam por crise econômico-financeira, mas temem os custos do processo.
Procurada(o)s por Keith, ele pergunta se é possível ajuizar um pedido de recuperação judicial
em conjunto, para reduzir os custos do processo, mantendo separados os créditos e o
patrimônio das sociedades. Diante dessa situação responda, qual instituto é pretendido por
Keith? Quais são os requisitos para usar esse instituto? Ele é aplicável na questão? A resposta
deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os fundamentos de
Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da jurisprudência do STJ
sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo legal, precedente ou súmula
não confere pontuação.

O instituto pretendido é a consolidação processual, que representa uma administração


conjunta dos processos de recuperação judicial, os quais, porém, manterão sua
independência, ou seja, que cada uma negociará seu acordo, podendo haver concessão de
recuperação para algumas e falência para outras.
Para obter a consolidação processual, é necessário que as sociedades integrem um grupo,
sob controle societário comum, preenchendo individualmente os requisitos para a
recuperação judicial e juntando a documentação exigida, individualmente, para cada
integrante.
No caso, a Reata não está sob o controle de Keith Moon, que é sócio minoritário, e, por isso,
não é possível a consolidação processual.

5 AMERICANAS S/A. (CNPJ 00.776.574/0006-60); B2W DIGITAL LUX S.À.R.L; JSM GLOBAL
S.À.R.L, e, ST IMPORTAÇÕES LTDA. (CNPJ 02.867.220/0001-42), em conjunto denominadas
como “GRUPO AMERICANAS” requereram recuperação judicial em 12/01/2023. Foi deferido o
processamento da recuperação judicial em 19/01/2023, publicada em 01/03/2023. CLIMA
BRAS INDUSTRIA DE TROCADORES DE CALOR LTDA celebrou contrato de compra e venda
Serpentinas para Água Gelada para as Americanas S/A, em 15/12/2022, emitindo a nota fiscal
em 27/12/2022, com vencimento previsto para 10/02/2023. Ao buscar informações sobre a
recuperação judicial das Americanas, a CLIMA BRAS descobriu que seu crédito não constava da
lista juntada à petição inicial do processo. Procurada(o)s pela CLIMA BRAS, que tem a intenção
de fazer parte do processo das Americanas S/A, responda justificadamente o que precisa ser
feito para ser incluído no processo, explicando o seguinte: Qual medida deve ser adotada? A
medida precisa de advogado? É dirigida a quem? A resposta deve ser feita separadamente
para cada item e deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para justificá-la, à luz da legislação e da jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples
menção ou transcrição de dispositivo legal, precedente ou súmula não confere pontuação.

Deve ser ajuizada a chamada habilitação retardatária, a qual representa o pedido do credor
de admissão ao processo, feito após o prazo de 15 dias, assinalado para habilitação junto ao
administrador judicial. Trata-se de ação incidental dirigida ao juiz da recuperação judicial,
buscando o reconhecimento da sua condição de credor para participação nesses processos.
Essa habilitação retardatária tem natureza de ação, sendo dirigida ao juiz por meio de
petição, assinada por advogado, com recolhimento de custas, ocorrendo distribuição por
dependência ao processo de recuperação judicial

1 – Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: AGE-MG Prova: FGV - 2022 - AGE-MG - Procurador
do Estado – adaptada. A Companhia Baldim de Pneus, preenchendo todos os requisitos
legais, negociou plano de recuperação extrajudicial com seus credores. O plano foi proposto
a todos os credores quirografários, com garantia real e trabalhistas, não tendo havido
negociação coletiva com o sindicato das categorias profissionais atingidas. Ao término da
negociação, todos os credores, exceto o Banco Carmésia S/A, assinaram o plano. Nas
classes dos credores quirografários e trabalhistas, o plano obteve adesão de 40% (quarenta
por cento) dos créditos e, na classe dos credores com garantia real, a adesão foi de 40%.
Todos os percentuais têm por base o valor dos créditos. Procurada(o)s pela Companhia
Baldim de Pneus é possível ajuizar o pedido de homologação do plano de recuperação
extrajudicial no caso, obtendo a suspensão das execuções dos credores abrangidos? Em caso
afirmativo, indique os requisitos necessários para obter a suspensão e para obter a
homologação do plano ao final do processo. A resposta deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la à luz da jurisprudência
dominante do STJ. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal, precedente ou
súmula, não confere pontuação.
a) Os credores trabalhistas só podem participar do acordo de recuperação extrajudicial se
houver negociação coletiva com o respectivo sindicato (art. 161, § 1º). Como a questão diz
que não houve negociação coletiva, não é possível que a recuperação extrajudicial abranja
os credores trabalhistas.
b) Para ajuizar o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial e obter a
suspensão das execuções dos credores abrangidos, é necessário a anuência de credores que
representem pelo menos 1/3 dos créditos de cada espécie abrangida pelo acordo, desde que
o devedor assuma o compromisso de atingir o quórum de mais da metade dos créditos, no
prazo de 90 dias após o pedido (art. 163, § 7º). No caso, é possível obter a suspensão em
relação aos credores quirografários e com garantia real.
c) Para obter a homologação do plano ao final do processo, é necessária a concordância de
mais da metade dos créditos de cada classe abrangida (art. 163). No caso, o quórum ainda
não foi atingido. Caso não seja alcançado o quórum exigido no prazo de 90 dias, o devedor
poderá desistir do pedido ou requerer a convolação em recuperação judicial.

2 – XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2022.1) Definitivo – adaptada - Camamu


Viagens Ltda. teve sua falência requerida por Água Fria Indústrias de Papel e Celulose do
Brasil Ltda e Água Fria Papelaria Ltda. com fundamento na impontualidade imotivada
quanto ao pagamento de seis duplicatas de compra e venda, de natureza cartular, cujos
valores somados perfazem R$ 147.000,00 (cento e quarenta e sete mil reais).Devidamente
citada, a devedora, por meio de seu administrador Sr. Cícero Candeal, ofereceu contestação.
Na peça de resposta, a ré invocou a insuficiência do valor da dívida para caracterizar a
insolvência jurídica. A despeito das alegações, o Juízo Único da Vara da Comarca de Entre
Rios, Estado da Bahia, prolatou decisão que denegou a falência da sociedade em 22 de
junho de 2023. Você, como advogada(o) de Água Fria Indústrias de Papel e Celulose do
Brasil Ltda e Água Fria Papelaria Ltda, atuou no processo e, agora, deve proceder à defesa
dos interesses das clientes para reverter a denegação da falência. Você foi intimada(o) da
decisão que denegou a falência há sete dias e não houve, ainda, preclusão. Diante disso,
informe o recurso cabível e aponte dois argumentos capazes de justificar a reforma da
decisão. A resposta deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser
utilizados para justificá-la à luz da jurisprudência dominante do STJ. A simples menção ou
transcrição do dispositivo legal, precedente ou súmula, não confere pontuação.
O recurso cabível e o recurso de apelação (art. 100), uma vez que foi denegada a falência.
Para a decretação da falência, é necessário o preenchimento de 3 pressupostos. Em primeiro
lugar, a legitimidade passiva específica que não foi questionada. Em segundo lugar, a
insolvência jurídica, que está em discussão. Em terceiro lugar, a decretação judicial.
A insolvência do devedor também poderá ser configurada em razão de certos fatos que
denotem a impossibilidade de pagar as suas obrigações. Nestes casos, há uma presunção de
insolvência considerada suficiente para o preenchimento do segundo pressuposto da
falência. No sistema brasileiro, a insolvência é presumida quando o devedor que não paga,
sem relevante razão de direito, dívida líquida constante de título ou títulos executivos, cujo
valor ultrapasse quarenta salários-mínimos (Lei n. 11.101/2005 – art. 94, I), comprovando-
se esse não pagamento por um protesto que identifique quem recebeu a intimação (Súmula
361/STJ). Essa impontualidade representa para nossa legislação uma manifestação
ostensiva e qualificada da impossibilidade de pagar. Logo, no caso está presente a
presunção de insolvência, especialmente porque o valor da dívida é superior a 40 salários-
mínimos.
Essa presunção de insolvência pode ser afastada pelo devedor por meio do depósito elisivo,
o que não ocorreu na espécie. Logo, deve ser reformada a decisão para decretar a falência
do devedor.

3. Pela cronologia dos atos, extrai-se dos autos que em 23 de setembro de 2008 ocorreu a
distribuição do pedido de recuperação judicial pela empresa Hervaquímica Indústria e
Comércio Ltda. (fl. 24). O processamento da recuperação judicial ocorreu em 30 de outubro
de 2008 (fl. 24). Em 12 de janeiro de 2009 , foi apresentado o plano recuperacional (fl. 29-
307). Em 12 de setembro de 2017 sobreveio r. sentença convolando a recuperação judicial
em falência, fixando o termo legal em 90 dias anterior ao pedido de recuperação judicial (fl.
349-352), ou seja, em 23/06/2008.
Os imóveis registrados sob as matrículas nº 48.240 e nº 48.241 (atuais nº 12.162 e nº
12.163) foram transferidos para a Zincoligas, em 9 de outubro de 2012 , a título de dação
em pagamento. A Massa falida da Hervaquímica Indústria e Comércio Ltda, a(o)s procura
como advogada(o)s para saber o seguinte:
a) A dação em pagamento feita para a Zincoligas é eficaz em relação à massa falida? b) Em
caso negativo, como dever ser requerida a declaração de ineficácia? c) Independentemente
das respostas anteriores, o fato de a Zincoligas estar de boa-fé e de não ter havido fraude
impede o reconhecimento da ineficácia? A resposta deve ser feita separadamente para cada
item e deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
justificá-la, à luz da legislação e da jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples
menção ou transcrição de dispositivo legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
a) São considerados objetivamente ineficazes os pagamentos de dívidas vencidas e exigíveis
realizados dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato
(Lei n. 11.101/2005 – art. 129, II), desde que realizadas dentro do termo legal. A dação em
pagamento é justamente o pagamento de uma dívida como uma prestação diversa da
combinada, com a concordância do credor (CC – art. 356). Assim, a realização da dação em
pagamento dos imóveis na data de 9 de outubro de 2012 – dentro do termo legal (23-06-
2008 a 12-09-2017 - será objetivamente ineficaz.
b) Na ineficácia objetiva não há necessidade de provar má-fé ou fraude das partes, basta o
enquadramento em uma das hipóteses previstas no referido art. 129 da Lei n. 11.101/2005.
Pela desnecessidade de prova de fraude, não se exige uma ação própria para esse tipo de
ineficácia, que poderá ser reconhecida de ofício pelo juiz, alegada em defesa, ou mediante
ação própria ou incidentalmente no curso da falência. Embora não seja necessária, nada
impede que se ajuíze uma ação específica para declarar a ineficácia objetiva. Nesse caso, tal
ação poderá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério
Público, fazendo-se uma aplicação analógica do art. 132 da Lei n. 11.101/2005.
c) Ainda que praticado de boa-fé, os atos que se enquadram na ineficácia objetiva não
produzirão efeitos perante a massa falida. Há uma espécie de presunção absoluta de
prejuízo para a massa de credores. A ideia aqui é assegurar o melhor tratamento possível à
massa de credores, diante da decretação da falência, não se cogitando aqui de uma punição
ao falido ou a terceiros.

4 - Ano: 2019- Banca: Fundação Getúlio Vargas - FGV - Prova: FGV - OAB -
Advogado - XXIX Exame de Ordem Unificado - 2019 – adaptada. Ribamar é sócio da
sociedade empresária Junco, Fiquene & Cia. Ltda. Após uma infrutífera negociação de
plano de recuperação judicial, a assembleia de credores rejeitou o plano, acarretando a
decretação de falência da sociedade. O desgaste, que já existia entre Ribamar e os demais
sócios, intensificou-se com a decretação da falência, ensejando pedido de retirada da
sociedade, com base nas disposições reguladoras da sociedade limitada. Você, como
advogada(o) de Ribamar, responda suas dúvidas fundamentadamente:

a) Ribamar é considerado falido para os efeitos legais?


b) Ribamar pode exercer o direito de retirada?
A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da
jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo
legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
a) É considerado falido o devedor que está insolvente juridicamente e que teve sua falência
decretada. No caso das sociedades empresárias, são as pessoas jurídicas que são
consideradas falidas. Assim, no caso quem é falida é a Junco, Fiquene & Cia. Ltda e não
Ribamar. Não é cabível a extensão da falência para Ribamar (art. 82-A). No máximo, ele
sofrerá os efeitos patrimoniais no caso de desconsideração da personalidade jurídica.
b) Para evitar tumultos e, especialmente, para evitar pagamentos indevidos em detrimento
da ordem legal de preferências, a decretação da falência também terá como efeito a
suspensão do exercício do direito de retirada e do recebimento do valor de suas quotas ou
ações, por parte dos sócios da sociedade falida (art. 116). Logo, Ribamar não pode exercer o
direito de retirada.

5 - XI EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2013.2) – adaptada. José, empresário


individual que teve sua falência decretada em 20.10.2021, vendeu um sítio de sua
propriedade para Antônio, em agosto de 2021 e um trator em 03/11/2021. O registro da
transferência imobiliária só foi efetuado em 05.11.2021, 15 (quinze) dias após a decretação
da falência. Isto posto, responda aos itens a seguir justificadamente.
A) É válida e eficaz a compra e venda do imóvel?
B) É válida e eficaz a compra e venda do trator?
A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da
jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo
legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
a) São objetivamente ineficazes os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre
vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação
da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior (art. 129, VII). Qualquer registro imobiliário
posterior à falência é considerado suspeito, na medida em que poderia ser uma tentativa de retirar
bens do alcance dos credores ou mesmo beneficiar algumas pessoas. Por isso, a lei traz essa hipótese
de ineficácia que atinge todos esses registros. No caso do imóvel, a venda ocorreu antes da falência,
mas só foi registrada depois.
b) Em relação ao trator, não se cogita aqui de ineficácia de negócio feito pelo falido posteriormente à
falência, o qual será, na verdade, nulo, uma vez que o falido perde a administração dos seus bens. A
decretação da falência tem como um de seus efeitos a retirada do falido dos poderes de
administração e disposição de seus bens (Lei n. 11.101/2005 – art. 103). Ao prever essa privação da
administração, a Lei n. 11.101/2005 não quer apenas permitir a administração dos bens por outro
sujeito, mas especialmente evitar atos de disposição ou de administração desses bens por parte do
falido. Dentro dessa perspectiva, qualquer ato de disposição ou administração praticado pelo falido
será nulo de pleno direito (CC – art. 166, VI e VII) .
1 - Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-SC Prova: FGV - 2022 - TJ-SC - Juiz Substituto -
Apicultura Meleiro Ltda. requereu, perante o juízo da Vara Única da Comarca de Henrique
Laje, homologação de plano de recuperação extrajudicial. O plano abrangeu a novação de
créditos trabalhistas e de créditos quirografários. Comprova-se a adesão de 90% na classe
dos credores trabalhistas de 35% na classe dos credores quirografários. Todos os
percentuais têm por base o valor dos créditos. Aberto o prazo legal para impugnação à
homologação, Leoberto, empresário individual, comprovando sua condição de credor
quirografário e não aderente, apresentou impugnação fundada em três motivos: 1º) não
preenchimento do percentual legal na classe dos credores quirografários; e 2º) proibição de
inclusão no plano da classe dos credores trabalhistas. Sobre a impugnação, analise
justificadamente os argumentos apresentados. A resposta deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la à luz da jurisprudência
dominante do STJ. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal, precedente ou
súmula, não confere pontuação.
1º) Para ajuizar o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial e obter a
suspensão das execuções dos credores abrangidos, é necessário a anuência de credores que
representem pelo menos 1/3 dos créditos de cada espécie abrangida pelo acordo, desde que
o devedor assuma o compromisso de atingir o quórum de mais da metade dos créditos, no
prazo de 90 dias após o pedido (art. 163, § 7º). No caso, até é possível obter a suspensão em
relação aos credores quirografários, mas não é possível obter a homologação se não houver
a adesão de mais da metade dos créditos da classe dos quirografários.
2º) Os credores trabalhistas só podem participar do acordo de recuperação extrajudicial se
houver negociação coletiva com o respectivo sindicato (art. 161, § 1º). Como a questão não
se diz se houve a negociação coletiva, não é possível que a recuperação extrajudicial
abranja os credores trabalhistas.

2 – XXXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2022.1) Definitivo – adaptada - Camamu


Viagens Ltda. teve sua falência requerida por Água Fria Indústrias de Papel e Celulose do
Brasil Ltda. com fundamento na impontualidade imotivada quanto ao pagamento de seis
duplicatas de compra e venda, de natureza cartular, cujos valores somados perfazem R$
47.000,00 (quarenta e sete mil reais).Devidamente citada, a devedora, por meio de seu
administrador Sr. Cícero Candeal, ofereceu contestação. Na peça de resposta, a ré invocou a
irregularidade dos protestos das duplicatas por falta de pagamento, pois foram lavrados e
registrados sem que a intimação da devedora identificasse a pessoa que a recebeu. Também
alegou a ilegitimidade ativa da requerente, uma vez que ela não provou estar registrada na
junta comercial e insuficiência do valor da dívida para caracterizar a falência. A despeito
das alegações da ré e prova dos fatos, o Juízo Único da Vara da Comarca de Entre Rios,
Estado da Bahia, prolatou decisão que decretou a falência da sociedade em 22 de junho de
2023. Você, como advogada(o) de Camamu Viagens Ltda., atuou no processo e, agora,
deve proceder à defesa da cliente para reverter a decretação da falência. Você foi
intimada(o) da decisão que decretou a falência há sete dias e não houve, ainda, preclusão.
Diante disso, informe o recurso cabível e aponte dois argumentos capazes de justificar a
reforma da decisão. A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger
todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da
legislação e da jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de
dispositivo legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
O recurso cabível e o recurso de agravo (art. 100), uma vez que foi decretada a falência.
Para a decretação da falência, é necessário o preenchimento de 3 pressupostos. Em primeiro
lugar, a legitimidade passiva específica que não foi questionada. Em segundo lugar, a
insolvência jurídica, que está em discussão. Em terceiro lugar, a decretação judicial.
A insolvência do devedor também poderá ser configurada em razão de certos fatos que
denotem a impossibilidade de pagar as suas obrigações. Nestes casos, há uma presunção de
insolvência considerada suficiente para o preenchimento do segundo pressuposto da
falência. No sistema brasileiro, a insolvência é presumida quando o devedor que não paga,
sem relevante razão de direito, dívida líquida constante de título ou títulos executivos, cujo
valor ultrapasse quarenta salários-mínimos (Lei n. 11.101/2005 – art. 94, I), comprovando-
se esse não pagamento por um protesto que identifique quem recebeu a intimação (Súmula
361/STJ). Essa impontualidade representa para nossa legislação uma manifestação
ostensiva e qualificada da impossibilidade de pagar.
No caso, não está configurada a presunção de insolvência porque a dívida é inferior a 40
salários-mínimos.
Além disso, não há a comprovação regular do não pagamento, uma vez que o protesto não
identificou quem recebeu a intimação (Súmula 361/STJ).
Por fim, como se trata de credor empresário, este deverá anexar ao pedido de falência prova
de que exerce regularmente a empresa (certidão da Junta Comercial). Trata-se de uma
restrição à atuação de empresários irregulares, com a intenção de incentivar ainda mais a
regularização do exercício da atividade, vale dizer, é um meio indireto de incentivar a
regularização das atividades empresariais (art. 97, § 1º).

3 – GLOBALCAN COMERCIAL E IMPORTADORA LTDA efetuou a doação, em


20/07/2015, do imóvel constante da matrícula n.º 93.010 do Cartório de Registro de Imóveis
de Barueri, para a Sra. Amy Lee. A GLOBALCAN COMERCIAL E IMPORTADORA
LTDA teve sua falência decretada em 03/10/2018 (pp. 231/238 dos autos originários),
fixando o termo legal em 15/09/2014. Um credor pleiteou a declaração de ineficácia dessa
doação, uma vez que teria ocorrido dentro do termo legal. Procurada(o)s por Amy Lee,
respondam justificadamente:
a) O credor tem legitimidade para pedir a ineficácia de atos praticados pela sociedade
falida?
b) O ato praticado é ineficaz?
c) A boa-fé de Amy Lee é um fator determinante na solução dessa questão?
A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da
jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo
legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
a) Os credores são os principais interessados na observância da igualdade entre os credores
e, por isso, eles têm legitimidade para requerer o reconhecimento de ineficácia de atos
praticados pelo falido. Embora não seja necessária, nada impede que se ajuíze uma ação
específica para declarar a ineficácia objetiva. Nesse caso, tal ação poderá ser proposta pelo
administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público, fazendo-se uma
aplicação analógica do art. 132 da Lei n. 11.101/2005.

b) O ato é eficaz. Os atos a título gratuito praticados nos dois anos anteriores à falência são
ineficazes, porque representam uma diminuição do patrimônio do devedor sem uma
contraprestação, como as doações, as obrigações sem causa, a constituição gratuita de
usufruto, a renúncia a direitos, a remissão de dívidas e outros. No caso vertente, não se nega
que a doação, registrada em 20/07/2015, se deu dentro do termo legal de falência. Com
efeito, no que tange aos atos a títulos gratuito (art. 129, IV), o marco temporal não é o termo
legal da falência, mas sim a sua decretação, que somente ocorreu em 03/10/2018 (pp.
231/238 dos autos originários), de modo que a doação, registrada em 20/07/2015 não se deu
no prazo legal de dois anos antes do decreto de falência.
c) Ainda que praticado de boa-fé, os atos que se enquadram na ineficácia objetiva não
produzirão efeitos perante a massa falida. Há uma espécie de presunção absoluta de
prejuízo à massa de credores. A ideia aqui é assegurar o melhor tratamento possível à massa
de credores, diante da decretação da falência, não se cogitando aqui de uma punição ao
falido ou a terceiros.

4 - XX Exame de ordem – adaptada. João Claudino Metais Ltda. é sócia de uma sociedade
limitada e acionista de uma companhia fechada. As duas sociedades empresárias nas quais
João Claudino Metais Ltda. tem participação tiveram suas falências decretadas num
intervalo de seis meses, sendo a limitada em março de 2014 e a companhia em setembro de
2014. Antevendo a crise iminente que se anunciava, o sócio exerceu seu direito de retirada
da sociedade limitada, em janeiro de 2014, dentro do prazo legal, por discordar de alteração
contratual. A sociedade, na data da decretação da falência, ainda não havia lhe pago seus
haveres, embora tivesse realizado a apuração. Com base na hipótese formulada, responda
aos itens a seguir.
A) João Claudino Metais Ltda. poderá exigir da massa falida da sociedade o recebimento do
valor de suas quotas?
B) Após a decretação da falência, João Claudino Metais Ltda. poderá pleitear o reembolso
de suas ações? A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger
todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da
legislação e da jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de
dispositivo legal, precedente ou súmula não confere pontuação
A) Não. Para evitar tumultos e, especialmente, para evitar pagamentos indevidos em detrimento da
ordem legal de preferências, a decretação da falência também terá como efeito a suspensão do
exercício do direito de retirada e do recebimento do valor de suas quotas ou ações, por parte dos
sócios da sociedade falida. No caso, a João Claudino Metais LTDA havia exercido o direito de
retirada antes da falência, mas o pagamento do valor das suas quotas está suspenso (art. 116).
B) O reembolso das ações é o pagamento devido ao acionista de uma sociedade pelo exercício do
direito de retirada numa sociedade anônima, nos casos legalmente previstos. Uma vez decretada a
falência, não há qualquer sentido no exercício desse direito, porquanto isso tumultuaria a vida da
sociedade, que teria que realizar alterações contratuais ou alterações nos livros societários e não
haveria qualquer benefício para o sócio ou acionista. Assim, decretada a falência, fica suspenso o
exercício do direito de retirada, ou seja, a decretação da falência acarreta a permanência do sócio ou
acionista na sociedade até o encerramento final da falência. Evita-se com isso o tumulto que seria
gerado por alterações societárias decorrentes da retirada de sócios (art. 116).

5 – Banca: Vunesp - Ano: 2022 - Órgao: MPE RJ - Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro- Cargo: Promotor de Justiça – adaptada.
A sociedade empresária ABC tem sua falência decretada na vigência de contrato de locação
de sala comercial celebrado com José, sendo ela responsável pelo pagamento da locação,
serviços de água, luz e condomínio. Mesmo após o decreto de quebra, a sala comercial
continua sendo ocupada, não mais para o desenvolvimento das atividades empresárias, mas
como único local disponível para a guarda de seus bens móveis (equipamentos de
informática) e escrituração contábil. Na condição de promotor de justiça de massas falidas,
sendo chamado a opinar acerca do cumprimento de sentença que condenou a ABC ao
pagamento de alugueres vencidos, responda justificadamente:
A) O contrato de locação se resolve em decorrência do decreto de falência?
B) Pode José prosseguir nos autos onde se dá o cumprimento de sentença que condenou a
ABC ao pagamento dos alugueres, para postular a penhora dos bens da massa falida que
ainda estão no local?
C) A ABC continua como parte passiva no cumprimento de sentença?
A resposta deve ser feita separadamente para cada item e deve abranger todos os
fundamentos de Direito que possam ser utilizados para justificá-la, à luz da legislação e da
jurisprudência do STJ sobre a matéria. A simples menção ou transcrição de dispositivo
legal, precedente ou súmula não confere pontuação.
A) Não. No caso da falência do locatário, o administrador judicial pode denunciar o
contrato, a qualquer tempo. Trata-se de um poder assegurado ao administrador judicial, não
havendo como o locador interpelá-lo (art. 119, VII). Enquanto não houver a denúncia, o
contrato é mantido. Em todo caso, a denúncia do contrato não gera a obrigação de
indenizar, uma vez que se trata de um poder assegurado ao administrador judicial.
B) Não. É inerente à falência a proibição do pagamento individual dos credores. Se todos
devem recorrer ao juízo falimentar para receber, ninguém pode receber seu crédito em outro
tipo de processo, sob pena de desvirtuamento da ordem legal de preferências entre os
credores. Não se deve privilegiar os credores mais ágeis, mas sim aqueles que forem
considerados de maior relevância. Assim sendo, a decretação da falência impõe a suspensão
dos cumprimentos de sentença contra o devedor (Lei n. 11.101/2005 – art. 6º, II), bem como
de qualquer ato de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição
judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou
extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à falência (Lei n. 11.101/2005 – art.
6º, III).
C) Não. Por não ter mais os poderes de administração e de disposição dos seus bens, os
quais passarão à massa falida, o falido deverá ser substituído nos processos relacionados
direta ou indiretamente a seus bens, interesses e negócios. Assim, seja como autor, seja
como réu, o falido deixará de ser parte no processo, sendo substituído pela massa falida, que
será representada pelo administrador judicial (Lei n. 11.101/2005 – art. 76, parágrafo
único).

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