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Resumo
Procedimento levado a efeito nos termos do art. 103 do Dec.
Lei7661/45 (antiga Lei de Falências) com o propósito de instruir a ex-
posição circunstanciada, na qual, considerando as causas da falência,
o procedimento do devedor, antes e depois da sentença declaratória da
quebra, especificar a ocorrência de atos que constituem crime falimentar,
indicando os responsáveis. Peça técnica necessária à formação do inqué-
rito judicial destinado à apuração de fatos ou circunstâncias que possam
servir de fundamentação à ação penal (CPP 509) em face dos gestores da
sociedade falida.
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2. Esclarecimentos Necessários
EMPRESA DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MO-
BILIÁRIOS LTDA, em 16 de fevereiro de 1993 teve sua falência decre-
tada pelo Juízo da 7ª Vara de Falências e Concordatas da Comarca da
Capital do Rio de Janeiro.
A quebra da instituição foi por assim dizer, apenas o ápice do pro-
cesso de Liquidação Extrajudicial, a qual estava submetida desde 30 de
julho de 1987.
É indispensável à caracterização da conduta adotada pelo Banco
Central, ao longo do período compreendido entre a data da decretação da
Liquidação Extrajudicial (30/07/1987) e a da falência (16/02/1993), sendo
necessário para melhor compreensão dos fatos, um rápido retrospecto
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3. Breve Histórico
Em meados do ano de 1987, iniciou-se, por parte do BACEN, uma
“auditoria” envolvendo, precipuamente, as atividades desenvolvidas
pela Empresa junto ao mercado de capitais.
Ao final das investigações patrocinadas pelo BACEN, ficou con-
signado na conclusão do “Relatório Preliminar de Inspeção”, datado de
15 de julho de 1987, verbis:
“Levando-se em conta o possível estado de insolvência em
que se encontra a sociedade, entendemos, s.m.j., que não
resta para o presente caso nenhuma outra medida punitiva
a ser adotada por esta fiscalização, senão a imediata in-
tervenção desta autarquia, conforme prevê o art. 2º, da lei
6.024, de 13.03.74”.
Ainda que em rápida “passada de olhos”, poder-se-ia afirmar, fren-
te aos vacilantes termos do “Relatório Preliminar de Inspeção”, que nem
o próprio Banco Central tinha, nos idos de 1987, a verdadeira noção
sobre a situação econômico-financeira da Empresa.
Indo de encontro à sugestão feita quando do encerramento da ins-
peção, o BACEN lançou mão de um remédio extremo, qual seja, de-
cretou arbitrariamente a Liquidação Extrajudicial da Empresa D.T.V.M.
LTDA.
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DA ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE
Nos termos dos atos constitutivos, cláusulas quinta, a sociedade
era gerida pelos sócios José e Wagner, que exerciam as funções de sócio
gerente, assinando sempre em conjunto, ficando dispensados de caução.
DAS DECLARAÇÕES DOS SÓCIOS
Os Srs. José, Fábio, Ricardo e Wagner prestaram as declarações de
que trata o art. 34 da Lei Falimentar, conforme termo de Declarações as
Fls. 273, 274, 289 e 500, respectivamente.
DA ARRECADAÇÃO DE BENS
Os bens pertencentes a massa falida encontram-se relacionados as
Fls. 410/412 e 498.
DOS LIVROS COMERCIAIS
Foram examinados os seguintes livros:
LIVRO DIÁRIO Nº 01 – Com 300 fls.., numeradas tipo-
graficamente de 001 a 600, registro na Junta Comercial do
Estado do Rio de Janeiro sob nº 39302 em 26/01/83, es-
criturado até as fls. 181, contendo o registro das operações
ocorridas na sociedade no período de 30 de dezembro de
1982 a 29 de dezembro de 1983, com o termo de encerra-
mento pelo Juízo as fls. 181, datado de 13/09/93.
LIVRO DIÁRIO Nº 01 (FILIAL) - Com 30 fls., nu-
meradas mecanicamente de 01 a 30, sem registro na Junta
Comercial do Estado de Minas Gerais, totalmente escritu-
rado, contendo o registro das operações ocorridas na socie-
dade no período de 02 de dezembro de 1985, com o termo
de encerramento pelo juízo as fls. 30, datado de 13/09/93.
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Ativo
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C) Gerais:
ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL L/PRAZO
3.331.706,35 = 1,12
PASSIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A L/ PRAZO
2.977.215,26
Considerando-se os valores disponíveis e realizáveis, a empresa
possui Cz$ 1,12 para satisfazer a cada Cz$ 1,00 de obrigações exigíveis
a curto e a longo prazo.
De acordo com os registros exarados no livro Diário nº 17, Fls.
043, o Balanço utilizado para fundamentar o pedido de falência, espelha-
va a seguinte posição:
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Ativo
Circulante 76.961.976,79
Disponível 32.404.720,33
Caixa e Bancos 32.404.720,33
Realizável 44.557.256,46
Títulos e Valores Mobiliários 43.039.113,19
Outros Valores 1.518.143,27
Permanente 60.494.160,36
Investimentos 12.309.295,07
Imobilizado 48.184.865,79
Total do Ativo 137.456.137,65
Passivo
Circulante 621.178.740,61
Encargos da Massa 1.785.718,28
Cont. e Encargos a Pagar 1.785.718,28
Credores Diversos 619.393.022,33
Credores N/ Habilitados 1.085.178,26
Credores N/ Habilitados 8.931.800,49
Credores Quirografarios Habili-
tados 606.571.646,44
Credores Quirog. N/ Habilitados 2.804.377,14
Patrimônio Líquido (483.722.602,96)
Capital Social 5.720,80
Correção Monetária do Capital 1.137.768.531,86
Reservas de Lucros 10.988.823,37
Prejuízos Acumulados (1.632.485.678,99)
Total do Passivo 137.456.137,65
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2) GRAU DE ENDIVIDAMENTO
EXIGIBILIDADES 619.393.022,33 = 4,51
ATIVO TOTAL 137.456.137,65
O Ativo total está 4,51 vezes comprometido com o capital de terceiros.
4) ÍNDICES DE LIQUIDEZ
A) Imediata:
DISPONIBILIDADE 75.443.033,50 = 0,12
PASSIVO CIRCULANTE 619.393.022,33
O grau na faixa de Cr$ 0,12 para pagamento de cada Cr$ 1,00 de
dívida, a curtíssimo prazo, é considerado estado de insolvência.
B) Corrente:
ATIVO CIRCULANTE 121.519.233,30 = - 0,19
PASSIVO CIRCULANTE 619.393.022,33
Grau de Liquidez Corrente de 0,19 expressa que, para cada Cz$
1,00 de obrigações assumidas com terceiros a curto prazo, a empresa
possui Cz$ 0,19 de valores circulantes.
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