Você está na página 1de 20

FACULDADE SANTO ANTÔNIO

Bacharelado em Ciências Contábeis

SEMINÁRIO DE DIREITO EMPRESARIAL


TEMA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL
(Lei n.º 11.101/2005)

Graduandos: André Damasceno


Dailson Araújo
Danúbia Ribeiro
Fabiano Santos,
Maria Auxiliadora Sena,
Sandra Maria,

ALAGOINHAS-BA
2014
1

SEMINÁRIO DE DIREITO EMPRESARIAL


TEMA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL
(Lei n.º 11.101/2005)

Seminário apresentado como


avaliação parcial do Campo de
Conhecimento da disciplina de
Direito Empresarial do Curso de
Ciências Contábeis da Faculdade
Santo Antônio, a pedido da Prof.ª
Carla Costa.

ALAGOINHAS-BA
2014
2

Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3

RECUPERAÇÃO JUDICIA DEFINIÇÃOL ............................................................................................... 5

CARACTERISTICAS GERAIS ............................................................................................................... 6

REQUISITOS .................................................................................................................................... 7

DIREITOS DOS CREDORES ................................................................................................................ 8

MEIOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................................. 9

ÓRGÃOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ........................................................................................... 10

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................... 13

RECUPERAÇÃO EXTRA JUDICIAL .................................................................................................... 17

LISTA DAS PRINCIPAIS EMPRESAS QUE SOLICITARAM A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................. 18

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 19

Anexos
Petição (modelo de Inicial de Recuperação Judicial) ......................................................................... 1

Plano de Recuperação da PLEXPEL Comércio e Industria de Papel Ltda (julho 2009) ......................... 2

Plano de Recuperação da BM Empreendimentos e Participações S/A (abril 2014) ............................. 3

Decisão – Aprovação do Plano de Recuperação (junho 2014) ........................................................... 4


3

INTRODUÇÃO

A gestão de uma empresa requer inúmeras decisões, sobre recursos


disponíveis, que trabalha com e através de pessoas para atingir objetivos. E para
este gerenciamento devem ser levadas em conta as informações fornecidas por
outros profissionais em especial o Contador, pensando previamente nas
consequências de suas decisões, e quando a gestão falha seja por fatores
internos ou externos faz-se necessário mais uma decisão crucial a continuidade
ou a falência.

São fatores que levam a uma crise econômico-financeira: redução no poder


de compra e de venda; falta de planejamento em relação à carga tributária e
burocracia excessiva; relação com empregados repleta de preconceitos e
potencialmente conflitante; a empresa está sustentada por uma legislação
trabalhista defasada, dentre outros problemas.

Para atender ao principio contábil da continuidade, o empresário ou


sociedade empresária necessita atingir sua principal meta, “o lucro”, entretanto
não serve apenas à sociedade empresária, mas também a sociedade civil que
engloba a pessoa física dos sócios, dos credores, dos colaboradores e aos que os
cerca.

Por estes aspectos, o ordenamento jurídico vem assegurar as empresas


que no princípio de sua crise econômica financeira, apresente através de
relatórios contábeis financeiros a viabilidade da continuidade operacional e o
devido ressarcimento financeiro de seus credores, bem como apresentar um plano
de ação concomitante com os interesses de quem lhes cedeu o crédito.

“Lei 11.101/2005 Art. 1º - Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a


recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.”
(www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/11.101.htm)
4

Recuperação Judicial ou Extrajudicial foi instituída pela Lei 11.101, de 9 de


fevereiro de 2005 substituindo a concordada com o objetivo social de proteger a
integridade dos trabalhadores, credores e o patrimônio particular do empresário e
seus sócios. Isto preserva também a Lei de livre iniciativa e livre concorrência que
fomenta o equilíbrio financeiro econômico da sociedade, pois a geração de
emprego propicia a movimentação da moeda fortalecendo as relações comerciais
e o Estado que precisa manter seus programas de manutenção e preservação do
bem estar comum.

Antes da Lei de Recuperação existia a Concordata, que apesar de ser uma


concordância entre credores e devedores, tratava-se de um acordo unilateral e
que muitas vezes não compreendia todos os credores quirografários.

Este benefício era cedido ao devedor, que consistia em suspender de suas


obrigações o passivo quirografário. Era requerido para prevenir o agravamento da
situação econômica ou para suspender o processo de falência, desde que
provasse que teria condições para continuar atuando.

A concordata tinha aspectos negativos aos credores quirografários, quase


não participava do processo decisório de concessão ou denegação diferente da
recuperação judicial que o credor pode arguir sobre os direitos concedidos ao
devedor.

A Recuperação Judicial só é possível se for provado à viabilidade


econômica, ou seja, o saldo do ativo mais seu potencial produtivo deve possibilitar
a quitação de suas obrigações.
5

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
DEFINIÇÃO

È definida como acordo judicial estabelecido entre e os empresários ou


sociedade empresária devedora e as empresas credoras, com vista à recuperação
econômico-financeira da empresa em crise e a quitação do passivo existente,
amparada pela Lei 11.101/2005, que trata da recuperação nas modalidades
Judicial e Extrajudicial, bem como regula a falência do empresário e da sociedade
empresária.

A empresa em crise precisa passar por uma completa reorganização


econômica, administrativa e financeira da sua atividade.

A viabilidade de uma empresa insolvente, e das potencialmente insolventes,


por não operarem com lucro, necessita estabelecer uma relação moderna entre os
dirigentes e a organização, ou seja, é importante ouvir seus colaboradores e torná-
los participativos nas responsabilidades do processo seja ele da produção ou
administração.
6

CARACTERISTICAS GERAIS:

A Recuperação Judicial, tem como sua principal vantagem proporcionar ao


devedor a chance de envolver maior número de credores e apresentar um plano
de recuperação que, efetivamente, possa ser cumprido e evite sua falência.

Permite a ampliação da possibilidade de manutenção dos postos de


trabalho. assim como aumentar a possibilidade de recuperação do crédito pelos
credores.

O controle fica com o juiz da recuperação, além do Administrador Judicial,


nomeado por ele para fiscalizar o processo de recuperação. Também envolve a
figura do Comitê de Credores e a Assembleia Geral dos credores. Há, também,
efetiva participação do Ministério Público, que atua como fiscal da Lei.
1. É um acordo judicial celebrado entre devedor e credor;
2. Após concedido o pedido de recuperação, o devedor não se pode
mais desistir, com exceção de aprovado em assembleia dos credores;
3. O devedor tem ampla liberdade para propor medidas jurídicas e,
além das opções elencadas no artigo 50 da referida Lei.
4. Não são passíveis de crédito de recuperação: os impostos e taxas,
propriedade fiduciária de bens móveis e imóveis;
5. O devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo
permanente, salvo acatado pelo juiz como utilidade evidente na recuperação.
7

REQUISITOS:

Conforme Art. 48. Da referida Lei poderá requerer recuperação judicial o


devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há
mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I. Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II. Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial;
III. Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste
Capítulo;
[...]“Seção V, § 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte,
conforme definidas em lei, poderão apresentar plano especial de
recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na
petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei.”
(www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/11.101.htm)

IV. Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
§ 1o A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge
sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
§ 2o Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-
se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que
tenha sido entregue tempestivamente.
8

DIREITOS DOS CREDORES:

Segundo Gomes, Fábio Bellote (2007) nem todos os credores estão


sujeitos a recuperação judicial, de acordo com o art. 6º § 7º da LFRE, não estão
sujeitos a recuperação judicial os créditos da Fazenda Pública e Previdenciário,
proprietários fiduciário de bens móveis ou imóveis, em crédito decorrente de
contrato de arrendamento mercantil, ou seu arrendador; o proprietário ou
promitente vendedor de imóvel cujo contrato contenha cláusula de irrevogabilidade
ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou reserva de
domínio.

Créditos sujeitos a recuperação judicial são: Passivos trabalhistas; credores


com garantia real até o limite da garantia; credores estipulados no art. 964 do
Código Civil; titulares de créditos com privilégio geral, estipulados no artigo 965 do
Código Civil; credores quirografários; creditos subordinados, previstos em lei e
contrato e dos administradores e sócios, sem vínculo empregatício.
9

MEIOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Á recuperação judicial passa a ser executada mediante um plano de ação,


que referencie as formas ou meios jurídicos econômicos da recuperação da
atividade empresarial que será examinado pelo Judiciário, em que avaliará a
importância social, da mão-de-obra e tecnologia empregadas, do volume do ativo
e passivo, do tempo de existência da empresa e de seu porte econômico.

Na LFRE, existem vários meios de recuperação elencados no Art. 50 dentre


os meios possíveis, estão, a título exemplificativo: cisão, incorporação, fusão ou
transformação de sociedade; constituição de subsidiária integral, ou cessão de
cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação
vigente; alteração do controle societário; substituição, total ou parcial, dos
administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
concessão aos credores de direito de eleição, separado de administradores, e de
poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; aumento de capital
social; redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva, dentre outros meios.

Este plano deverá ter a anuência dos credores que podem ser combinados
e utilizados conjuntamente e além das citações elencada no artigo 50, pode utilizar
outras formas que não venham a prejudicar a sociedade e onerar os credores.

Os bens do ativo permanente de garantia real podem servir de alienação


para o plano de recuperação, mediante aprovação do credor da garantia.
10

ORGÃOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

De acordo com a LFRE, os órgãos da recuperação judicial são os mesmos


citados na falência, ou seja, Administrador Judicial, Comitê de Credores e
Assembleia Geral de credores.

[...] "O Administrador na recuperação judicial possui semelhança a um


fiscal, encarregado de acompanhar e fiscalizar o processo de
recuperação judicial e o comportamento da empresa em recuperação e
daqueles que a dirigem".
(FIORE, Luiz Alberto, 2010, ROCHA,Angelito Dornelles
da,www.tmabrasil.org – Artigo, A Função do Administrador Judicial na
Recuperação Judicial)

Podemos afirmar que o administrador judicial é o auxiliar nomeado pelo juiz


que atua sob sua direta supervisão e exercem poderes limitados que lhes são
conferidas as seguintes atribuições, que variam: caso exista ou não o comitê; caso
tenham sido ou não afastados os administradores da empresa. Ele precisa ser um
profissional idôneo ou uma pessoa jurídica especializada, conforme preceitua no
artigo 22, inciso I e II:
a) Enviar correspondência aos credores comunicando a data do pedido
de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a
classificação dada ao crédito; fornecer, com presteza, todas as informações
pedidas pelos credores interessados; dar extratos dos livros do devedor, que
merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e
impugnações de créditos; exigir dos credores, do devedor ou seus
administradores quaisquer informações; elaborar a relação de credores de que
trata o § 2º do art. 7º desta Lei; consolidar o quadro geral de credores nos termos
do art. 18 desta Lei; requerer ao juiz convocação da assembleia geral de credores
nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a
tomada de decisões; contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou
empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas
funções; manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;
11

b) O inciso II do Art. 22, é de competência do administrador judicial tão


somente na Recuperação Judicial: fiscalizar as atividades do devedor e o
cumprimento do plano de recuperação judicial; requerer a falência no caso de
descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; apresentar ao
juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;
apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o
inciso III do caput do art. 63 desta Lei;

A Assembleia Geral é o órgão colegiado deliberativo responsável pela


manifestação dos interesses dos credores. É o órgão máximo dos credores, sendo
presidida pelo administrador judicial (art 37), tendo poder de decisão sobre a
aprovação ou não do plano de recuperação. A assembleia geral dos credores
pode ser convocada pelo juiz nas hipóteses legais ou quando este julgar
conveniente.

Conforme o que preceitua no artigo 37, inciso I terão atribuições de


deliberar: aprovação, rejeição ou modificações do plano de recuperação judicial
apresentado pelo devedor; a constituição do comitê de credores, a escolha de
seus membros e sua substituição; o pedido de desistência formulado pelo devedor
do requerimento de recuperação judicial; o nome do gestor judicial, quando do
afastamento do devedor; qualquer outra matéria que possa afetar os interesses
dos credores na recuperação.

A convocação da assembleia geral dos credores será divulgado por edital


no Diário Oficial, determinado pelo Juiz, sendo este também divulgado em jornais
de grande circulação, na sede e filial do devedor, com antecedência mínima de 15
dias, conforme o artigo 36, onde devera conter: local, data e hora da assembleia
em primeira e segunda convocação, não podendo este ser realizado menos de
cinco dias depois da primeira: a ordem do dia; local onde os credores poderão, se
for o caso, obter cópias de plano de recuperação judicial para credores
trabalhistas, titulares de direitos reais de garantia, titulares de privilégio geral ou
especial, quirografários e subordinados. Para aprovação do Plano de
12

Recuperação Judicial, é preciso maioria simples dos presentes em cada instância,


com exceção do plenário. Depois da primeira votação, o plano deve ser aprovado
pelos titulares de mais da metade do passivo correspondente à classe presente à
Assembleia.

O Comitê de Credores é o órgão facultativo, sendo representando e


formado por representantes das classes dos credores, estes divididos em classes
de titulares de créditos trabalhistas e/ou decorrentes de acidentes de trabalho,
titulares de créditos com garantia real e titulares de créditos quirografários. Sua
existência ou não é decidida pelos credores, em assembleia. Sua função é a de
fiscalizar tanto o administrador como a sociedade empresária. Pode,
esporadicamente, elaborar um plano alternativo e deliberar sobre alienações de
bens do ativo.

O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições:


I – na recuperação judicial e na falência: fiscalizar as atividades e examinar
as contas do administrador judicial; zelar pelo bom andamento do processo e pelo
cumprimento da lei; comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou
prejuízo aos interesses dos credores; apurar e emitir parecer sobre quaisquer
reclamações dos interessados; requerer ao juiz a convocação da assembleia-geral
de credores; manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
II – na recuperação judicial: fiscalizar a administração das atividades do
devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias relatório de sua situação; fiscalizar
a execução do plano de recuperação judicial; submeter à autorização do juiz,
quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a
alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras
garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da
atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de
recuperação judicial.
Vale ressaltar que, o quanto exposto nos parágrafos: deverá registrar
as ATA’s das reuniões em juízo, que ficará à disposição do administrador
judicial, dos credores e do devedor.
13

PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICAL:

O fato gerador do acordo pretendido pelo devedor com o fito de reorganizar


a sua empresa, evitando assim uma suposta “falência” dever ser obtido através de
um processo judicial com a finalidade de sanar os problemas existentes na sua
atividade econômico-empresarial, sendo esse processo composto por fase:
preliminar ou postulatória, fase de deliberação ou assemblear e a fase de
execução.

a) Fase postulatória: elabora-se um requerimento com o pedido da


recuperação judicial. O requerente deve instruir o pedido com: a exposição das
causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise
econômico-financeira; as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos
exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido,
confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e
compostas obrigatoriamente de: balanço patrimonial; demonstração de resultados
acumulados; demonstração do resultado desde o último exercício social; relatório
gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; a relação nominal completa dos
credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do
endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito,
discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação
dos registros contábeis de cada transação pendente; a relação integral dos
empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e
outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a
discriminação dos valores pendentes de pagamento; certidão de regularidade do
devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas
de nomeação dos atuais administradores; a relação dos bens particulares dos
sócios controladores e dos administradores do devedor; os extratos atualizados
das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de
qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de
valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; certidões dos cartórios
de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas
14

onde possui filial; a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais
em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a
estimativa dos respectivos valores demandados.
b) Fase Deliberativa: Na fase deliberativa, o juiz determinará o
procedimento da recuperação judicial, desde que os documentos exigidos estejam
em ordem, e, neste ato: nomeará o administrador judicial, observado o disposto no
art. 21 desta Lei; determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas
para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder
Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios;
ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor,
permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, com as
ressalvas da Lei; determinará ao devedor a apresentação de contas
demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de
destituição de seus administradores; ordenará a intimação do Ministério Público e
a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e
Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.

Vale salientar que, o devedor, após o deferimento do seu processo, não


poderá desistir do pedido de recuperação judicial, salvo em caso de aprovação da
desistência, em assembleia geral dos credores.

O plano de recuperação tem que ser apresentando no prazo improrrogável


de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão do deferimento do processo sob
pena de que o pedido seja transformado em falência, e deverá conter:
discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, e seu
resumo; demonstração de sua viabilidade econômica; laudo econômico-financeiro
e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente
habilitado ou empresa especializada.

Após as formalidades de praxe, o juiz ordenará através de publicação por


edital notificar os credores sobre o recebimento do plano de recuperação,
concedendo ao mesmo prazo para se manifestar sobre eventuais objeções.
15

O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um)


ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial.

O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o
pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos
de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido
de recuperação judicial.

Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de


recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação
de credores.

Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o


juiz convocará a assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de
recuperação.

Aprovado o plano pela Assembleia de Credores, o juiz concederá a


recuperação judicial, caso contrário, se nenhum plano for aprovado, decretará a
falência do empresário.

Em alguns casos, permite à lei a concessão da recuperação judicial, com o


seguinte quórum da Assembleia:
I - o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor
de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes;
II - a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos da Lei ou,
caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo
menos 1 (uma) delas;
III - na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um
terço) dos credores.
16

c) Fase de execução: concedida a recuperação, encerra-se a fase


deliberativa e inicia-se a fase de execução, dando-se cumprimento ao plano de
recuperação.

Proferida a decisão, o devedor permanecerá em recuperação judicial até


que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2
(dois) anos depois da concessão da recuperação judicial. Durante esse período, o
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação
da recuperação em falência.

Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito ao


procedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome
empresarial, a expressão “em Recuperação Judicial”.

Cumpridas as obrigações vencidas no prazo, o juiz decretará por sentença


o encerramento da recuperação judicial e determinará:
I - o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente
podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no
prazo de 30 (trinta) dias, e aprovação do relatório previsto no inciso III do caput
deste artigo;
II - a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas;
III - a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no
prazo máximo de 15 (quinze) dias, versando sobre a execução do plano de
recuperação pelo devedor;
IV - a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do administrador
judicial;
V - a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências
cabíveis.
17

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

A Recuperação Extrajudicial, como o próprio nome diz, ocorre fora do


judiciário. Com ela, o empresário devedor poderá negociar diretamente com seus
credores sem a participação do juiz, hipótese em que é elaborado um acordo que
poderá ou não ser homologado por este. É importante frisar que as dívidas
tributárias, trabalhistas, que derivam de arrendamento mercantil e outras, não
serão incluídas nessa negociação.

Uma vez feito o acordo entre o empresário devedor e seus credores, e


aprovado por 3/5 dos credores, seu cumprimento se torna obrigatório para todas
as partes.
Vantagens e desvantagens
Na Recuperação Extrajudicial, temos um instituto que propicia uma nova
solução. Nela, o devedor negocia diretamente com os credores, e o Plano de
Recuperação vai para a Justiça apenas para ser homologado.

É um procedimento muito mais rápido e financeiramente mais atrativo que a


Recuperação Judicial. Pode ser muito interessante para empresas pequenas,
médias e de grande porte, com credores privados, como instituições financeiras,
fornecedores e outros.

A grande vantagem da Recuperação Extrajudicial é que ela não precisa de


unanimidade entre os credores. Se três quintos dos credores assinarem o plano,
os demais são obrigados a aceitá-lo. Outra vantagem da recuperação é que as
despesas são menores. Ela é uma solução menos burocrática, mais rápida,
amigável e que promove maior proximidade entre o devedor e os credores.
Fluxo da Recuperação Extrajudicial: Negociação do plano; Consenso;
Homologação facultativa; Homologação obrigatória; Aprovação de 3/5 de cada
classe; Inviabilidade, Rejeição; Recuperação Extrajudicial.
18

LISTAS DAS PRINCIPAIS EMPRESAS QUE SOLICITARAM A RECUPERAÇÃO


JUDICIAL

 PARMALAT – pediu concordata em 2004, migrou para a Recuperação


Judicial foi controlada pela LAEP, hoje está sob controle da LBR,
Recuperação em andamento;
 EUCATEX – pedido instaurado em 2005, obteve desconto de 55,5% e se
recuperou em 2009;
 VARIG – pedido realizado em 2005, após a 2ª cisão para a GOL faliu em
2010;
 AGRECO – pedido de Recuperação em 2008, foi decretado falência por
rejeição do juiz no plano de Recuperação
 LEON HEIMER – pedido realizado em 2009, conseguiu 44% de descontos
e recuperou-se em 2011;
 CELPA – inicio em 2012 apresentou dívidas de Us$ 2,7 bilhões e comprada
pela EQUATORIAL ENERGIA;
 OGX – decretou dívidas de Us$ 11,2 bilhões, aguardando avaliação do
plano de Recuperação.
 VIA UNO – pediu recuperação em setembro de 2013 deste ano e declara
dívidas Us$ 236 milhões.
19

REFERÊNCIAS:

BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006.

GOMES, Fábio Bellote, Manual de Direito Comercial. 2ª ed. São Paulo: Manole,
2007

IUDÍCIBUS, Sérgio de – Análise de balanços. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 1998

REIS, Arnaldo Carlos de Rezende – Demonstrações Contábeis. Estrutura e


análise 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009

Sites:

www.direitonet.com.br – acesso em 19 de outubro de 2014, às 09h15min.

www.planalto.gov.br – acesso em 19 de outubro de 20014, às 11h00min.

www.jusbrasil.com.br – acesso em 19 de outubro de 2014, às 15h20min.

www.ambitojuridico.com.br - acesso em 26 de outubro de 2014, às 10h10min.

www.cfa.org.br – acesso em 01 de novembro de 2014, às 07h30min.

www.tmabrasil.org – acesso em 02 de novembro de 2014, às 16h15min.

http://economia.uol.com.br – acesso em 13 de novembro de 2014, as 13h10min€

Você também pode gostar