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04/02/16

DIREITO FALIMENTAR LEI 11101/05


OBRAS:
 Manoel Justino Bezerra Filho – nova lei de Recuperação e falência
 Fabio Ulhoa Coelho – Curso de Direito Comercial – VIII
 Tarcísio Teixeira – Dir Emp Sistematizado
 André Luiz Santa Cruz Ramos – Direito Empresaria Esquematizado

1 – Teoria Geral do Direito Falimentar


2 – Recuperação Judicial
 Viabilidade da empresa
 Meios de Recuperação
 Processo
 Convolação em Falência
3 – Recuperação extrajudicial
 Homologação
 Credores
4 – Processo Falimentar
 Pedido de Falência
 Sentença declaratória / Denegatória
 Administração da Falência
 Apuração do Ativo
 Verificação do Crédito
 Liquidação do Processo falimentar
5 – Pessoa e Bens do Falido
6 – Atos e Contratos
7 – Regime Jurídico dos Credores
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INTRODUÇÃO
O principal objetivo do direito falimentar é a proteção do crédito, ou seja, conferir
amparo jurídico que possibilite a recuperação do crédito mediante a diminuição do nível
de inadimplência. Em outras palavras, o objetivo da lei é proteger o crédito e retirar do
mercado as empresas prejudiciais ao interesse econômico, resguardando apenas as
empresas viáveis.
A lei 11101/2005, introduziu no sistema jurídico brasileiro instrumentos legais e
mecanismos jurisdicionais capazes de propiciar a reorganização de empresas viáveis
que se encontram em crise financeira.
Após o advento da lei, temos 3 situações para os devedores em crise:
1 – ingressar em juízo requerendo a Recuperação Judicial;
2 – negociar com os credores e pleitear a homologação do acordo de
Recuperação Extrajudicial;
3 – Falir, quando não houver outra solução
A lei 11101 é composta por 201 arts, e trata basicamente do processo de Recuperação
Judicial, Recuperação Extrajudicial e Processo de Falência, além de tipificar os crimes
falimentares, regulamentar o procedimento penal e não excluir a aplicação subsidiária
de outras leis.

1 – TEORIA GERAL DO DIREITO FALIMENTAR

1.1 – ÂMBITO DE INCIDÊNCIA


O Aat 1º da lei diz que as regras da 11101 aplicam-se ao Empresário
individual e a Sociedade empresária. Assim, os agentes econômicos civis, ou
seja, aqueles que não são empresários individuais nem Sociedade Empresária
vão se submeter as regras do CPC e não as das 11101

Empresário Individual: Pessoa física ou natural que desenvolve empresarial.


O profissionalismo, a Pessoalidade, a Habitualidade e o Monopólio das
Informações são elementos para a caracterização da figura do Empresário.

Sociedades Empresárias: Pessoa Jurídica que exerce atividade Empresaria.


No Ordenamento temos as Sociedade Simples, Sociedade em nome coletivo,
Sociedade em Comandita Simples e por Ações, Sociedade por cotas de
Responsabilidade Limitada, Sociedade Anônima e EIRELI (Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada).
Vale ainda lembrar que o capital, insumos, mão de obra e tecnologia, são
elementos para a caracterização da sociedade empresária.
Atividade Empresarial: é toda e qualquer Atividade Profissional, Econômica
e Organizada, voltada para a Obtenção ou para Produção e Circulação de
mercadorias ou Serviços.

Quem não desenvolve profissionalmente atividade econômica organizada


voltada à produção ou circulação de bens ou serviços, nos termos do art 966,
CC, não é considerada empresária e, não está sujeita ao regime falimentar.

1.2 ÂMBITO DE NÃO INCIDÊNCIA


A lei 11101 não se aplica:

1. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista (exclusão absoluta)


2. Instituição Financeira Pública ou Privada (lei n. 6024/74
3. Cooperativa de Crédito (lei n. 5764/71)
4. Consórcios (lei n. 6404/76)
5. Entidade de Previdência Complementar (lei 109/01)
6. Sociedade operadora de plano de saúde (lei n. 9656/98)
7. Seguradoras (dec lei n. 73/66)

OBS: a empresa de 2 a 7 foram excluídas Relativamente pelo legislador do Regime


Falimentar por se tratarem de atividades específicas e de relevante interesse social e
econômico, sendo-lhes aplicáveis leis especiais do que diz respeito a sua insolvência.
8. Produtores Rurais não registrados na junta comercial e as cooperativas
9. Aqueles que exercem profissão intelectual de natureza científica, literária ou
artística, exceto se o exercício da profissão constituir elemento da empresa (art
966, Par único CPC).

A lei 11101 se aplica às sociedades de fato ou regular (não


personificadas)?

11/02/16
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
Aquele que não cumpre a obrigação de registrar a empresa não adquire personalidade
jurídica e é considerado como empresário irregular ou de Fato.
Sociedade de Fato: são aquelas que desempenham atividade empresarial atuando como
sociedade, mas não possuem contrato ou estatuto social.
Sociedade Irregular: são aquelas que possuem um ato constitutivo, porém não
registrado.
Independentemente de possuir ou não personalidade jurídica as sociedades empresárias
podem ter a Falência decretada, bastando que se prove o efetivo exercício da atividade
empresarial.
Por outro lado, a Sociedade Irregular ou de Fato não podem requerer a Recuperação
Judicial ou Extrajudicial, já que para requerer a Recuperação Judicial é necessário
provar o exercício regular da atividade empresarial por mais de 2 anos, logo, a
sociedade irregular ou de fato não se sujeitarão aos processos de recuperação.

Competência para julgamento dos processos de recuperação e falência


Art 3º o juízo competente, é o do principal estabelecimento. Qual é esse local?
1ª Corrente: sede estatutária/contratual
2ª Corrente: sede administrativa
3ª Corrente: critério econômico = local de maior complexo de bens (PREVALECE)
Princípios
1) Par Condictio creditorum: é o princípio que rege todos os processos concursais,
prevendo o tratamento parificado aos credores que integram uma mesma classe.
Significa dizer que os credores da mesma categoria devem ter iguais chances de
efetivação do recebimento dos créditos.
Todo e qualquer credor que estiver na mesma situação, deve ter tratamento
igualitário.
2) Princípio da viabilidade da empresa: o mecanismo da recuperação é indicado
para empresas economicamente viáveis, enquanto a falência apresenta-se como
solução judicial da situação econômica das empresas inviáveis. A empresa
economicamente viável terá a chance de se recuperar e as empresas nocivas aos
interesses da sociedade (inviáveis) devem ser excluídas do mercado.
3) Princípio da prevalência do interesse dos credores: qualquer regime de
insolvência visa satisfazer pretensões creditícias legítimas. Assim, todo aquele
credor legitimado deve ter seus interesses protegidos. Apenas o credor legítimo
deve ter seus interesses resguardados e, consequentemente, se não sou credor ou
sou credor ilegítimo não haverá interesse a ser protegido.
4) Princípio da publicidade dos procedimentos: os procedimentos para solução da
insolvência devem ser transparentes, o que significa não somente a publicidade
dos atos processuais, mas também clareza e objetividade na definição dos atos
que os integram.
A transparência, a clareza e a objetividade formam o tripé que sustentam o
Princípio da Publicidade dos procedimentos.
5) Princípio da conservação e maximização dos ativos: a realização das finalidades
do processo de Insolvência demanda que os ativos da empresa devedora sejam
conservados/preservados e se possível, valorizados. Este princípio tem como
objetivo a recuperação da unidade econômica e da manutenção de sua atividade
produtiva.
6) Princípio da conservação da viável: (renato acha que é decorrente do princípio
da viabilidade da empresa): a preservação da atividade negocial é o ponto mais
delicado do regime jurídico de insolvência. Só deve ser liquidada a empresa
inviável, ou seja, aquela que não comporta uma reorganização eficiente ou não
justifica o desejável resgate.

2 – RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Arts 43 a 73 da lei 11101/05

Legitimidade: podem requrer a Recuperação:


A) Empresário Individual e Sociedade empresária;
B) Cônjuge sobrevivente, Herdeiros e o Inventariante;
C) Sócios remanescentes da Sociedade empresária;
OBS: o credor JAMAIS pode pedir a Recuperação judicial

18/02/16
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Plano de reestruturação com diversas medidas de ordem financeira pública, econômica,
empresarial com intensa participação e fiscalização dos credores.
FASES
1 – Postulatória (pedido) – fase compreendida entre a petição inicial e o despacho do
processamento do benefício. Seu grande objetivo é a verificação dos pressupostos da
recuperação.
2 – Deliberativa (proposta) – compreendida entre o despacho do processamento e a
decisão concessiva da recuperação. Seu grande objetivo é a apresentação da
proposta do devedor e a sua aprovação pelos credores.
3 Executória (implementação do plano) – Compreendida entre a decisão concessiva e
o encerramento da recuperação. Seus grandes objetivos são a implementação e o
cumprimento do plano aprovado pelos credores e homologado pelo juiz.

ESQUEMA:
Petição Inicial
Juiz defere o processamento da RE
1) Nomeação da ordem judicial
2) Dispensa de apresentação de certidões negativas
3) Suspensão das ações / execuções contra o devedor
4) Apresentação de contas demonstrativas mensais pelo devedor
5) MP / cartas às fazendas federal, estadual e municipal

Publicada a decisão que defere o processamento, o devedor terá 60 dias


para apresentar seu plano de recuperação, sob pena de CONVOLAÇÃO
(transformação do processo de recuperação em falência) em falência.
Plano deve conter:
1) Discriminação pormenorizada dos meios de recuperação
2) Demonstração da viabilidade econômica
3) Laudo econômico e de avaliação dos bens do devedor

Proferida a decisão com o entendimento de todos os requisitos a lei


determina a expedição de Edital.

Convocação de Assembleia

O fato do devedor possuir títulos ou documentos protestados não obsta que ele requeira
a Recuperação Judicial.

25/02/16
Meios do art 50, utilizados para que a empresa possa sair da crise:
I – prazos e condições especiais para pagamento
II – cisão/incorporação/fusão/transformação
III – alteração do controle societário
IV – substituição total ou parcial dos administradores /modificação de órgãos
administrativos
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores
VI – aumento de capital social
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento
VIII – redução salarial/compensação de horários/redução de jornada – todos com acordo
coletivo
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo
X – constituição de sociedade de credores
XI – venda parcial dos bens
XII – uniformização dos encargos financeiros
XIII – usufruto da empresa
XIV- administração compartilhada
XV – emissão de valores mobiliários
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar

03/03/16
RECUPERAÇÃO JUDICIAL “ESPECIAL”
Em geral, a recuperação judicial da ME e EPP segue a sistemática da recuperação
judicial convencional.
O Plano especial, no entanto, fica limitado as seguintes condições , que o diferenciam
(71):
1) Abrangerá Exclusivamente créditos quirografários (comuns, sem garantias ou
privilégios).
2) Parcelamento limitado a 36 prestações mensais, com valores iguais e sucessivos,
corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de 12% ao ano.
3) O pagamento da 1ª parcela deverá ser pago em até 180 dias, contados da
distribuição da petição inicial.
4) Após ouvir o administrador judicial e o comitê dos credores, o devedor não pode
aumentar suas despesas ou contratar empregados sem autorização judicial.
Suspensão das ações?
Assembleia?
Improcedência
OBS:
1) Não há suspensão da prescrição, nem das ações e execuções contra o devedor
por crédito não abrangidos pelo plano, ou seja, haverá suspensão apenas para as
ações que envolvam credores Quirografários;
2) Não há necessidade de convocar assembleia geral para decidir sobre o plano
especial de recuperação. O juiz concederá esse benefício legal verificando
apenas se as exigências legais foram atendidas (art 72, caput da lei).
3) O juiz julgará improcedente o pedido de recuperação, decretando a falência do
devedor, senão forem atendidos os requisitos legais e se houver objeções dos
credores de mais da metade dos créditos quirografários.

PESQUISAR:
Durante o procedimento de recuperação o devedor sempre será mantido na condução da
atividade empresarial?
Em sendo afastado quem assumirá a administração das atividades do devedor?
O devedor poderá alienar ou onerar bens do seu ativo permanente após a distribuição do
pedido de recuperação judicial?
Pode o devedor desistir do plano de recuperação após o deferimento do seu
processamento?
Como são classificados os créditos contraídos pelo devedor durante a recuperação
judicial?

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Diferentemente do que previa o decreto lei No.7661/45, a atual lei permite ao devedor
negociar suas obrigações com os credores, Extrajudicialmente.
A recuperação Extrajudicial consiste na possibilidade do devedor requerer a
homologação em juízo do plano de recuperação Extrajudicial assinado pelos credores
que a ele aderirem.
Obtendo o devedor, na negociação da sua obrigação, aprovação unânime dos credores
não há necessidade de homologação do acordo, já que o documento por eles assinados,
desde que com a assinatura de duas testemunhas, é título executivo Extrajudicial e
poderá ser executado pelos credores. Nesta hipótese, a homologação do plano é
facultativa.
Ocorre que o devedor pode não obter a votação favorável com a aprovação unânime dos
seus credores. Nesta hipótese, atingido o quórum de pelo menos 3/5 dos créditos de
cada espécie abrangidos pelo plano. Nesta hipótese o plano poderá ser homologado
judicialmente através do procedimento da recuperação extrajudicial, obrigando assim,
todos os credores, inclusive os que não aderiram.
CARACTERISTICAS
1) Não poderá incluir os créditos tributários, trabalhistas ou de acidentes do
trabalho;
2) Não acarreta a suspensão dos créditos não sujeitos;
3) O devedor deve preencher os requisitos do artigo 48 da lei;
4) O devedor não pode ter pedido de recuperação judicial ou extrajudicial nos
últimos 2 anos;
5) Não poderá conter pagamento antecipado, nem tratamento desfavorável aos
credores não sujeitos;
6) Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir
da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa de todos os demais
signatários;
7) A sentença que homologa o plano de recuperação extrajudicial constitui título
executivo judicial.
PROCEDIMENTO

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