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DIREITO CIVIL

IV - FALÊNCIA
DECLARAÇÃO JUDICIAL DA FALÊNCIA

Unidade de Aprendizagem 2

Carolina Nunes de Freitas


APRESENTAÇÃO
Olá, aluno(a)

Trataremos a seguir da segunda unidade do conteúdo


programático, na qual vamos aprender institutos específicos
relativos à falência.

Por razões didáticas, para o melhor processo de ensino –


aprendizagem o conteúdo poderá apresentar diferenças em
relação à ordem estabelecida no plano de ensino.

Bons estudos a todos!!

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CONHEÇA O
CONTEUDISTA
Carolina Nunes de Freitas

Meu nome é Carolina Nunes de Freitas. Sou formada em direito


desde 2005, sou especialista em Direito Constitucional e Mestre
em Direitos e Garantias Fundamentais. Iniciei minha carreira de
advogada na área criminal, mas logo enveredei para o Direito
Civil, atuando especialmente na área empresarial, família e
sucessões.

Sou professora desde 2015, sempre na área do Direito Civil,


especialmente Empresarial, Família e Sucessões, embora também
tenha ministrado aulas de Direito Constitucional e Administrativo.
Adoro estar em sala de aula e contribuir no processo de
aprendizagem dos meus alunos, especialmente refletindo
criticamente acerca do Direito e contribuindo com que eles
possam enxergar possibilidades e respostas. Além de aulas,
adoro orientar trabalhos científicos de conclusão de curso!

Nesse semestre nossa experiência será à distância. É uma


novidade a todos nós. Porém, mesmo assim, apesar da distância,
espero que possamos desenvolver uma relação direta, facilitando
o processo de ensino-aprendizagem.

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UNIDADE DE
APRENDIZAGEM 2

OBJETIVO DA UNIDADE:

Ao final desta unidade, você deverá:

Compreender a natureza jurídica da falência, seus pressupostos


e como se inicia o processo de execução coletiva em concurso de
credores do empresário e/ou da sociedade empresária.

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

DISPOSIÇÕES GERAIS

Disposições comuns à Recuperação Judicial e à Falência -


artigos 5º a 46

A falência é um processo JUDICIAL de execução coletiva em


concurso de credores em face do devedor (empresário ou
sociedade empresária) em crise econômico-financeira que a lei
caracteriza como insolvência jurídica. Assim, haverá a chamada
liquidação forçada do patrimônio do devedor com o objetivo de
satisfazer o maior número de credores possível. O empresário é
afastado das atividades empresariais, e os bens passa a compor a
denominada massa falida que será administrada pelo
administrador judicial, nomeado pelo juiz e sob a supervisão deste
até o final do processo. Nesse ponto é importante esclarecer que
há 03 tipos de insolvência: a econômica, a patrimonial e a jurídica. A
lei 11.101/2005 caracteriza o falido como devedor, ou seja, quando
se encontra em insolvência jurídica.

A insolvência econômica é aquela em que o empresário está em


crise momentânea, sem conseguir arcar com suas dívidas em dias,
porém, com perspectivas de recuperação. Nessa hipótese
geralmente ocorre a recuperação judicial ou extrajudicial, mesmo
havendo outras formas de superação do problema. O problema
financeiro pode ser superado com melhor gestão, ou uma
sazonalidade, por exemplo. Assim, verifica-se uma possibilidade de
recuperação dessa empresa e por isso a insolvência econômica
não é pressuposto LEGAL de decretação de falência.

A insolvência patrimonial é caracterizada quando, em determinado


momento, o empresário possui patrimônio líquido negativo, ou
seja, suas dívidas e obrigações são superiores, maiores, que seus
bens e direitos. Nessa hipótese, não é possível arcar com as dívidas
contraídas no momento de crise. Apesar da dificuldade, essa
situação também pode ser superada com eventual lucro com o
desenvolvimento da atividade. A insolvência patrimonial não enseja
o pedido de falência, uma vez que há possibilidade do empresário
gerar lucros e quitar suas dívidas. 4
DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

É, portanto, a insolvência jurídica que caracteriza a falência prevista


na Lei 11.101 e que fundamenta o pedido de falência contra um
empresário. A insolvência jurídica é uma situação legal, em que o
empresário está insolvente pois se enquadra em alguma situação,
dentre as previstas na lei, que ensejam a presunção de insolvência.
Uma vez preenchidos os requisitos legais, como pressupostos que
ensejam a falência, haverá a insolvência jurídica e o empresário será
considerado devedor em crise irrecuperável, razão pela qual deve
falir.

A falência se desenvolve de modo que os bens e direitos do


devedor compõem um único patrimônio, que são arrecadados e
vendidos e seu fruto utilizado para pagar os credores, conforme a
ordem de preferência estabelecida pela lei. Em verdade, trata-se da
liquidação forçada que, em razão do princípio da preservação da
empresa, buscará todos os meios legais para que ao final do
processo a empresa possa apresentar condições de “voltar ao
mercado”. O empresário é afastado das atividades empresariais e
nomeado um administrador judicial para preservação do
patrimônio e desse modo, haja a maximização dos ativos.

O administrador judicial assume a responsabilidade por esses bens


e vai gerir a massa falida (todo o patrimônio do devedor), prestando
contas da sua administração sobre a massa falida. Ele é o
representante da massa falida perante TODOS.

Quando a crise for superável, o devedor deve pedir a recuperação


judicial, assim, conforme um plano de recuperação, a empresa
poderá retornar ao mercado de modo mais sólido. Quando a crise
for insuperável o empresário irá falir.

Leiam com atenção o art. 75 da lei 11.101/2005 (redação alterada


pela lei 14112/2020:

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de


suas atividades, visa a: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)

I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos


ativos e dos recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da
empresa; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com


vistas à realocação eficiente de recursos na economia; e
(Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da


viabilização do retorno célere do empreendedor falido à
atividade econômica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
(Vigência)

§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade


e da economia processual, sem prejuízo do contraditório, da
ampla defesa e dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

§ 2º A falência é mecanismo de preservação de benefícios


econômicos e sociais decorrentes da atividade empresarial, por
meio da liquidação imediata do devedor e da rápida realocação
útil de ativos na economia. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)

A importância e o interesse da falência e recuperação judicial é a


superação da crise em que se encontra, nos termos do art. 47:

A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da


situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de
permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo
à atividade econômica.
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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Então, embora haja o interesse de quitar as dívidas, há uma


preocupação com a manutenção da empresa.

Fases Processuais da Falência

São 03:

1. A fase pré-falimentar inicia-se com o pedido de falência, quando


um credor pede a falência do devedor e vai até a sentença
declaratória da falência, a qual, consiste na sentença judicial,
após análise dos pressupostos iniciais apresentados.
2. A fase falimentar se inicia com a sentença de falência e finaliza
com a sentença de encerramento da falência, que põe fim ao
processo, depois do processamento regular do feito, nos
termos estabelecidos pela lei 11.101
3. A fase de reabilitação começa com o final do processo de
falência, mas o devedor pode permanecer em estado de falido
por determinado lapso temporal, caso não quite todas suas
dívidas previstas na lei. Após decorrido esse tempo, o devedor
solicita ao juiz a declaração que suas obrigações estão extintas,
finalizando essa etapa processual com a sentença que extingue
as obrigações do devedor.

Procedimentos para Decretação da Falência

Pressupostos que ensejam o pedido de Falência

Hipóteses em que se presume a insolvência jurídica do devedor,


previstas na lei e que, quando verificadas, dão azo ao pedido de
decretação de falência do devedor, por aqueles que têm
legitimidade ativa (falaremos mais a frente):

a impontualidade injustificada;
a execução frustrada; e
os atos de falência.
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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Impontualidade injustificada (art. 94, I§1º da lei 11.101/05):

não paga a obrigação no vencimento


sem relevante razão de direito – (consiste em um motivo
plausível e justificável para a demora, como o não pagamento
de um título prescrito, ou hipótese de caso fortuito ou força
maior, mas que o devedor demonstra a intenção de adimplir
com a obrigação)
obrigação líquida
materializada em título executivo
o título tem que estar protestado
valor ultrapasse 40 salários mínimos (para este valor pode ser
considerada mais de 01 título);

Atenção: a falência não será decretada, se o devedor provar que o


título é falso, que a dívida está prescrita, nulidade da obrigação ou
do título, o pagamento da dívida ou qualquer outro fato que extinga
ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; vício
em protesto ou em seu instrumento; quando apresentar pedido de
recuperação judicial ou ainda, a cessação das atividades
empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência.

Execução forçada (art. 94, II, §4º)

Esse termo é utilizado e enseja a falência quando ocorre a tríplice


omissão pelo devedor executado em outro processo. O devedor, no
processo de execução, não paga, não deposita nenhum bem e não
nomeia bens à penhora suficientes para cobrir o valor da dívida. E
essa omissão ocorre após esgotado o prazo legal. O credor usará
esse título executivo judicial, pedindo esse documento em forma de
certidão para instruir o pedido de falência do devedor, baseado na
primeira ação judicial de execução que restou frustrada.

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Atos de falência (art. 94, III, alíneas “a” a “g”)

Trata-se de um rol taxativo e que indica sinais claros de uma


insolvência. São sinais que se presume uma provável ruína
patrimonial e uma impossibilidade de adimplir suas obrigações. São
atos incompatíveis aqueles de quem pretende continuar suas
atividades e pagar seus credores. São comportamentos que
ensejam o requerimento da falência do devedor e sua eventual
decretação pelo juiz.

São atos de falência:

liquidação precipitada e pagamentos por meio fraudulento ou


ruinoso.
negócio simulado e alienação de ativos.
trespasse irregular.
simulação de mudança de local do principal estabelecimento.
nova garantia dada à dívida anterior.
abandono de estabelecimento
não cumprimento de obrigação do plano de recuperação
judicial.

Para o credor utilizar os atos de falência enquanto pressuposto


deverá legitimar seu pedido, descrevendo os fatos que se
caracterizam como ato de falência e juntar as provas necessárias ou
ainda indicar que as produzirá.

Legitimidade Ativa para Pedir Falência

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:


I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107
desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o
inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato
constitutivo da sociedade;
IV – qualquer credor.
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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Simplificando a Legitimidade Ativa:

O empresário ou a sociedade empresária, representada por seu


administrador societário;
Gerente (art. 1.172 do CC) com procuração com poderes
especiais e expressos para tanto;
Em caso de incapacidade do empresário, a legitimidade para
pedir a recuperação judicial da empresa será de seu
representante, sendo a incapacidade for relativa, a legitimidade
é do próprio empresário que deverá ser assistido por tutor ou
curador;
Nas sociedades empresárias contratuais (sociedade em nome
coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade limitada),
o próprio contrato social pode conceder legitimidade ao
administrador, do contrário deverá ter a aprovação expressa
dos cotistas;
nas sociedades por ações, a assembleia geral deverá autorizar
os administradores a pedir a recuperação judicial;
Em caso de morte do empresário, a recuperação poderá ser
requerida pelo cônjuge sobrevivente, por seus herdeiros ou
pelo inventariante - legitimidade ativa extraordinária;
Se o sócio majoritário falecer, a recuperação será solicitada pelo
sócio remanescente - legitimidade ativa extraordinária.

Caso o credor seja empresário ou sociedade empresária antes de


requerer a falência do devedor deverá comprovar a situação de
empresário regular, ou seja, devidamente registrado, mediante
certidão. Se o credor for domiciliado fora do Brasil só poderá pedir
a falência se prestar caução das custas e de uma possível
indenização (caso de falência dolosa). O próprio empresário tem
legitimidade ativa para requerer sua falência, a chamada
autofalência. Nessa hipótese, deve estar em crise econômico-
financeira e certo de que não conseguiria se recuperar por meio de
um pedido de recuperação judicial. Assim, em seu pedido deverá
expor os motivos da impossibilidade de devolver suas atividades
empresariais, juntando uma relação de documentos que instruem a
inicial para que o juiz analise e decrete a falência.
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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Atenção: ainda que a Fazenda Pública seja credora de algum


tributo ela não é legitimada para pedir a falência do devedor (é uma
das exceções indicadas a seguir). Assim, a Fazenda Pública deverá,
em ação própria e por meio de lei própria, deverá mover execução
em face do devedor.

Da Legitimidade Passiva
A recuperação judicial é pedida em favor da empresa:
Os credores não são réus, forma-se a universalidade dos
credores;
Se deferida a recuperação judicial da empresa, os termos da
recuperação não poderão ser recusados pelos credores (arts 58
e 59).
Submetem-se à recuperação judicial da empresa todos os
créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos
(art. 49).

Exceções:

Os créditos de natureza fiscal não se sujeitam ao concurso de


credores;
O valor pago ao devedor em moeda nacional, originária de
adiantamento a contrato de câmbio para exportação, desde que
o prazo total da operação, inclusive as prorrogações, que não
exceda o previsto nas normas específicas da autoridade
competente (artigo 49, § 4º);
O credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou
promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade,
inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio (artigo 49, § 3º).

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Questões Processuais

Da Petição Inicial – art. 51

Nos termos do art. 51, o pedido deve conter:

1. Indicação do Juízo;
2. Nome e qualificação do devedor;
3. Descrição da crise econômico-financeira;
4. O pedido de recuperação;
5. O valor da causa.

A inicial deverá estar instruída com os documentos que constam no


art. 51 e outras medidas descritas no art. 52 também poderão ser
requeridas. Em seguida a inicial será analisada:

1. será deferido o processamento do pedido de recuperação;


2. será nomeado o administrador judicial;
3. será proferida decisão determinando a dispensa de
apresentação de certidões negativas para o exercício das
atividades empresárias;
4. será proferida decisão determinando a suspensão de todas
ações ou execuções contra o devedor;
5. intimação do MP;
6. será enviada comunicação por carta à Fazendo Pública Federal e
de todos os Estados e Municípios onde o devedor tenha
estabelecimento;
7. será expedido edital com o pedido, o nome dos credores e
prazo para habilitação de crédito.

Defesa do Devedor (art. 98 e seu parágrafo único, da lei


11.101/2005)

Depois que o pedido de falência é apresentado pelos legitimados


que não o próprio devedor, a ele é concedido o prazo de 10 dias
(contados da citação) para apresentar contestação – Art. 98,
parágrafo único.

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Pode ainda efetuar o depósito elisivo, ou seja, o efetuar o depósito


do valor total do crédito do pedido com todos os acréscimos legais.
Se feito, a falência não será decretada pelo juiz que mandará
entregar o valor ao autor da ação. Esse depósito elisivo só se aplica
nos casos de pedido de falência por impontualidade injustificada ou
por execução frustrada. Mesmo com o depósito elisivo, o juiz
deverá analisar o pedido de falência, pois o valor será devolvido ao
devedor se o pedido for infundado e será entregue ao credor
postulante se o pedido for devido, em nenhum dos casos a falência
será decretada.

No prazo de contestação o devedor pode ainda requerer pedido de


recuperação – art. 95.

Simplificando:

Após a citação do devedor, ele poderá, no prazo de contestação (10


dias):

1. apresentar contestação ou;


2. pedir recuperação judicial ou;
3. efetuar o depósito elisivo (demonstrando a impontualidade
injustificada ou execução frustrada)

Pedido Improcedente arts. 100 e 101

Após analisar o pedido, o Juiz pode julgá-lo improcedente, inclusive,


se verificar que houve dolo em face do devedor, o julgador deverá
decidir pela condenação de indenização contra o requerente,
apurando-se as perdas e danos para cálculo dessa indenização.
Essa previsão é para evitar pedidos de falência maliciosos com a
finalidade de prejudicar o devedor. Ao pedido de falência o juiz
decidirá pela decretação da falência ou ainda pela improcedência
da falência. A decisão que decreta a falência cabe AGRAVO,
enquanto a decisão que julga improcedente o pedido cabe
APELAÇÃO.

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DIREITO CIVIL IV - FALÊNCIA

Sentença que Decreta a Falência – art. 99

A sentença que decreta a falência encerra a fase pré-falimentar e


inicia a fase falimentar, estabelecendo uma situação jurídica em que
o devedor está falido de maneira oficial. Ou seja, estamos diante de
uma sentença de natureza CONSTITUTIVA, segundo a maioria da
doutrina, posto que constitui o devedor em estado falimentar e
prevê um regime de liquidação forçada de seu patrimônio por meio
do concurso de credores.

O julgador determinará a publicação de edital com o teor da


decisão e a relação de credores.

Termo Legal de falência (art. 99, II) – trata-se de uma data


determinada pelo juiz, a partir da qual até a decretação da falência
o devedor estará no período suspeito. Certos atos praticados
durante esse período poderão ser considerados ineficazes em
relação à massa falida (art. 129).
Esse termo legal será fixado pelo juiz na sentença, porém, não pode
ser em um dia há mais de 90 dias do pedido de falência ou do
pedido de recuperação ou há mais de 90 dias do primeiro protesto
por falta de pagamento.

O termo de falência, portanto, delimita um lapso temporal


imediatamente anterior à decretação da falência que será
investigado pelos credores do devedor.

O STJ entende que o termo legal da falência estabelece o espaço de


tempo imediatamente anterior à declaração da falência dentro do
qual os atos eventualmente praticados pelo falido são considerados
suspeitos de fraude e, por isso, suscetíveis de investigação,
podendo vir a ser declarados ineficazes em relação à massa. (...)
(REsp 752.624/PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3.ª Turma, j. 10.11.2009,
DJe 23.11.2009).

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CONCLUINDO A
UNIDADE

Como é possível verificar, o direito falimentar possui uma série


de previsões, requisitos e efeitos que precisam ser observados
para buscar preservar não apenas a empresa, mas o que gira em
torno dela, como a produção, empregos e arrecadação. As
questões processuais são fundamentais, uma vez que, por meio
do processo haverá a falência ou a recuperação.

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DICA DO
PROFESSOR

Novamente indico a leitura acerca da recuperação judicial da


empresa OI, disponibilizada na internet, para ajudá-los a
visualizar as exigências legais.

Segue o link: http://www.recjud.com.br/conteudo_pt.asp?


idioma=0&conta=28&tipo=60138

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
1- Leia as assertivas a seguir acerca da Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação
judicial, extrajudicial e falência e marque a opção correta correspondente:

I - Não se aplica às sociedades de economia mista;


II - Não se aplica às instituições financeiras privadas;
III - Não se aplica às sociedades de capitalização;
IV - Não se aplica às cooperativas de crédito.

a) Apenas a assertiva II estão correta


b) Apenas as assertivas I e II estão corretas
c) As assertivas II e III estão incorretas
d) Estão corretas apenas as assertivas I, II e III
e) Todas as assertivas estão corretas

Gabarito: letra E
Comentário: Todas estão corretas, já que realmente a Lei de Recuperação de Empresas
não se aplica a essas instituições listadas na questão e que são as mesmas listadas no
artigo 2º.

2- Leia as afirmativas a seguir e marque a opção correspondente:

I- É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação


judicial ou decretar a falência do juízo do domicílio do maior credor do devedor.
II- Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência, as obrigações a
título gratuito.
III- Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência, as despesas que os
credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas
judiciais decorrentes de litígio com o devedor.

a) Todas assertivas estão erradas


b) As opções I e II estão corretas
c) As opções I e III estão corretas
d) A Opção I está errada
e) A opção III está errada

Gabarito: letra D
Comentário: O juízo competente é o do principal estabelecimento do devedor e não do
maior credor. As demais assertivas estão corretas.

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3- É hipótese para a declaração de falência:
I- sociedade empresária tenha passivo maior que o ativo, situação que caracteriza
insolvência jurídica.
II- Existência de patrimônio líquido negativo do empresário ou sociedade empresária.
III- Sem relevante razão de direito, o empresário ou sociedade empresária não paga,
no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos.

a) Todas estão corretas


b) Todas estão erradas
c) Apenas a I está correta
d) Apenas a II estão correta
e) Apenas a III estão correta

Gabarito: letra E
Comentários:
I O pressuposto para decretar a falência é a insolvência jurídica, caracterizada quando
a lei presume que o devedor seja insolvente quando houver a impontualidade
injustificada, a execução frustrada ou os atos de falência. A situação em que o passivo
é maior que o ativo caracteriza a insolvência patrimonial e não é usada para decretar a
falência - Errada
II O simples fato de de um patrimônio líquido ser negativo em um determinado
momento, não é suficiente para que haja motivo de decretação da falência – errada
III De acordo com o Art. 94, inciso I, é a chamada impontualidade injustificada, que
enseja a decretação da falência - Correta

4 -Com base na Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005, podem requerer a falência


do devedor, EXCETO:

a) O próprio devedor, na forma da lei.


b) O cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante.
c) Somente o credor com garantia real.
d) O cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da
sociedade.

Gabarito: letra C
Comentário: Qualquer credor pode requerer a falência. Então, a alternativa c) se
torna errada ao dizer que “somente” tal credor pode pedir a falência do devedor.
Todas as outras opções enquadram-se nos possíveis sujeitos ativos de um pedido de
falência.

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5- A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação
judicial acarreta

a) a conexão das ações ao foro cível da ação principal.


b) a interrupção do curso da prescrição em relação ao devedor.
c) o prosseguimento de ações contra o devedor no juízo onde estiver se
processando demanda por quantia ilíquida.
d) a suspensão das ações ajuizadas contra o devedor, por dois anos.

Gabarito: letra C
Comentários:

a) O juízo universal da falência é princípio a ser respeitado, de maneira que há sim a


atração das ações para o foro da falência, porém essa é uma regra de processo civil, o
foro da falência não é o foro cível – errada
b) Ocorre a suspensão da prescrição contra o devedor e não a interrupção já que são
institutos diferentes – errada
c) Ação que demanda quantia ilíquida continua tramitando no juízo próprio e não é
atraído para o juízo da falência. Ou seja, a decretação da falência ou o deferimento do
processamento da recuperação judicial acarreta sim o prosseguimento de ações
contra o devedor no juízo onde estiver se processando demanda por quantia ilíquida –
correta
d) A suspensão das ações contra o devedor na falência ocorre até o final da falência e
na recuperação por um prazo de 180 dias – errada

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Fábio Ulhôa. Comentários à Nova Lei de Falências e de


Recuperação de Empresas − Lei nº 11.101, de 9/2/2005. Saraiva, 2006, p. 24/25.

MAMEDE, Gladston. Falência e recuperação de empresas. 10ª. Ed. São Paulo:


Atlas, 2019.

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