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112/2020
Da conjugação dos dois estados resulta o conceito: Falência é o reconhecimento judicial do estado
de insolvência de um empresário.
SILVA PACHECO tem um conceito mais processual: é um instituto através do qual arrecada-se os bens
do empresário insolvente, aliena-os em hasta pública (venda judicial) e rateia-se os valores obtidos
com a venda entre todos os devedores.
EXECUÇÃO E FALÊNCIA
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
1- Devedor é empresário
2- Insolvência do devedor
3- Sentença judicial (reconhecimento da insolvência do devedor)
1- INCAPAZES (salvo se após os 16 anos for emancipado e assim, obterá a capacidade jurídica para
praticar os atos da vida civil, inclusive, comerciar)
2- IMPEDIDOS: são aqueles cujas leis especiais ou estatutos vedarem a prática do comércio. É o
caso dos militares e alguns servidores públicos civis (a depender da disposição no estatuto).
Entretanto, caso uma destas duas categorias venha a exercer o comércio, apesar de não estarem
autorizados, vejamos os efeitos:
INCAPAZES
• Os atos praticados Não serão válidos
• Não responderão pela violação à lei contravencional (exercício irregular de profissão)
• Se insolventes ficarem, Não poderão ter a falência decretada.
IMPEDIDOS
• Os atos praticados serão siM válidos
• Responderão, siM, por violação à lei contravencional (exercício irregular de profissão)
• Se insolvenbtes ficarem, poderão, siM ter a sua falência decretada
Quando uma pessoa física constitui uma empresa somente sua, teremos uma EMPRESA
INDIVIDUAL. O instrumento de sua constituição jurídica (ato constitutivo) é o CADASTRO DE
EMPRESA INDIVIDUAL e deve ser registrado na Junta Comercial.
Quando várias pessoas, sejam físicas ou jurídicas se unem para constituir uma empresa, teremos
uma EMPRESA COMERCIAL. E o seu ato constitutivo denomina-se CONTRATO SOCIAL, devendo ser
registrado na Junta do Comércio.
EMPRESÁRIOS REGULARES E IRREGULARES
REGULARES: ou “de Direito”, são aqueles que possuem ato constitutivo devidamente registrados
na JUNTA DO COMÉRCIO.
IRREGULARES: ou “de Fato”, são aqueles que não possuem ato constitutivo ou, se possuem, não
se encontra registrado na JUNTA DO COMÉRCIO.
Os Irregulares não possuem existência jurídica. São clandestinos. Porém, se estiverem em situação
de insolvência poderão ter a sua falência decretada. Outrossim, se eventualmente, vierem a
negociar com outro empresário (fornecedor) e este se tornar insolvente, não cumprindo o que
deve, o empresário irregular não terá o direito de requerer a falência deste insolvente. A regra
tem por objetivo inibir a existência dos irregulares. Por outro lado, se os irregulares estiverem em
situação de insolvência, possuem o dever de requerer a autofalência, sob pena de configuração de
má fé. (art. 105, IV, LF)
Com a perda da capacidade jurídica esse empresário não poderá mais comerciar porque um dos
pressupostos do empresário é justamente a CAPACIDADE JURÍDICA.
O Código Civil estabelece que, com a interdição, o cônjuge ou outro parente possa assumir a
administração dos bens do casal (art. 1775). No entanto, a regra não se aplica ao exercício do
comércio pois um dos pressupostos do empresário é que pratique os atos EM NOME PRÓPRIO
(Pessoalidade).
Assim, a solução é encerrar a empresa individual. Porém, se ficar provado que o encerramento
poderá causar prejuízo aos credores, fornecedores, poderá ser requerido judicialmente a
continuidade do comércio até que a empresa seja transmitida para terceiros ou encerrada, sem
maiores consequências.
SÓCIOS SOLIDÁRIOS
Portanto, sócios solidários são aqueles que respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais.
Assim sendo, com relação aos sócios solidários, a legislação lhes dá um tratamento
diferenciado, ou seja, eles se submetem aos efeitos da falência. Art.81, da LF.
1- As obrigações da empresa falida se estendem aos sócios solidários: não podem se ausentar
do foro da falência, possuem o dever de apresentar o rol de seus bens e de suas dívidas e
outros deveres que constam do artigo 34, da LF.
2- Os bens dos sócios solidários são arrecadados em processo apartado, distinto da ação de
falência, porém, apensado ao mesmo: artigo 71, LF
3- Os credores particulares dos sócios solidários devem habilitar os seus respectivos créditos no
inventário dos bens destes
ART. 94, §2º, LF: há títulos que não podem ser exigidos na ação de falência.
§5º: São eles➔ 1- obrigações a título gratuito
2- despesas que os credores tiveram para participar da ação
2- DESPESAS DOS CREDORES COM O PROCESSO: São aquelas que cada um teve para
habilitar o seu crédito na ação. Essas despesas não serão reembolsadas. No entanto, a lei dá
um tratamento diferenciado ao autor da ação, pois as despesas que este teve com o pedido
falimentar serão pagas antes do pagamento de quaisquer outros credores, na condição de
crédito “Extra-concursal”. (art. 84, III, c/c art.83, da LF)
FUNDAMENTOS DA FALÊNCIA
NÃO PAGA: Não se refere à impontualidade justificada (não pagou porque não pode sair de
casa).
Que impontualidade é essa? A resposta está na lei (artigo 94, I)➔ Não pagamento, No
Vencimento, de Obrigação Líquida, Sem relevante razão de Direito. Valor superior a 40 sm
3) SEM RELEVANTE RAZÃO DE DIREITO➔ Se houver razão para não pagar, não se justifica
o pedido de falência
Ex: vício de forma no título de crédito, vício de consentimento, prescrição, falta de requisito
essencial, dívida não vencida, obrigação já quitada, etc.
Todas as hipóteses previstas no ARTIGO 96, LF são consideradas como sendo causas
relevantes o bastante para não haver a decretação da falência.
Entretanto, o rol não é taxativo. Podem ocorrer outras hipóteses que sejam consideradas
justificadas, pelo juiz – consta no inciso V, do art.96.
Vemos que no inciso V, o legislador estabeleceu a possibilidade de outras situações. Caberá
ao Judiciário apreciar e julgar esses outros fatos previstos no inciso V, se eventualmente
acontecerem.
4) VALOR DA OBRIGAÇÃO➔ ARTIGO 94, §1º - Tem que ser superior a 40 salários mínimos.
Vários credores poderão se reunir e formar um litisconsórcio ativo, para somar e atingir o valor
correspondente a 40 SM
Ocorre quando um credor ajuíza uma ação de execução contra um comerciante e não obtém
êxito, porque o devedor não pagou ou não tem bens para garantir a dívida.
Neste caso, o credor pede a transformação da execução em falência.
O pedido de falência por execução frustrada independe do valor. (não precisa ser superior a
40 salários mínimos.)
Juízo competente➔ Se o juízo da execução for competente para conhecer e julgar a falência,
ou seja, se o foro da execução coincidir com o foro da falência, bastará o credor requerer ao
juiz a conversão da execução em falência.
Se o foro for diferente, então o credor deverá requerer ao juiz da execução que determine a
expedição de uma certidão do processo de execução, indicando o andamento e constando
que não houve o pagamento e nem a garantia da execução. A execução será extinta e o
credor usará esta certidão para requerer a falência junto ao foro competente para tal.
São situações que denotam o estado de ruína econômica do empresário e que dão ensejo ao
pedido de falência.
Ex: venda do principal estabelecimento da empresa, liquidação de bens e mercadorias sem
reposição do estoque, abandono do comércio sem deixar procurador e sem deixar recursos
para o gerenciamento.
ESTAS SITUAÇÕES ELENCADAS VISAM PROTEGER O INTERESSE DOS SEGUINTES
CREDORES:
1- AQUELES QUE AINDA NÃO POSSUEM TÍTULO EXECUTIVO CONSTITUÍDO QDO
OCORREM OS ATOS. É o caso de empregado que esteja litigando na Justiça do Trabalho
I- PERÍODO PRÉ-FALIMENTAR
I- FASE DA INSTRUÇÃO➔
Compreende : a) CITAÇÃO; b) PRODUÇÃO PROVAS
a) CITAÇÃO:
Após receber o pedido inicial, o juiz mandará citar o devedor para que, em 10 dias,
(contados da juntada do mandado aos autos ou juntada do AR – art. 231 NCPC)
apresente DEFESA - contestação (art.98, LF) ou efetue o DEPÓSITO ELISIVO (art.
98, parágrafo único, LF).
DEFESA:
DEPÓSITO ELISIVO:
• Objetivo: como o pp nome diz, é elidir, impedir a decretação da falência
• Deve OCORRER NO PRAZO DA CONTESTAÇÃO: 10 dias, contados da juntada
do mandado de citação.
• Terá que ser COMPLETO, ou seja, abranger o valor principal, os juros legais,
correção monetária, honorários e custas do processo. Se for incompleto, não elidirá
(impedirá) a falência.
• É permitido que o devedor APRESENTE DEFESA E FAÇA O DEPÓSITO
ELISIVO AO MESMO TEMPO. Essa opção é para ter segurança de que a falência
não será decretada. É que se a defesa não for acolhida (improcedente) o depósito
assegurará que a falência não seja decretada. Se a defesa for acolhida, a falência não
será decretada e o devedor poderá levantar o depósito.
• O JUIZ É LIVRE para fixar o prazo do termo, mas não poderá recuar mais do que
90 dias, contados (art. 99, II, LF) ➔
• ARRECADAÇÃO
Esse pedido tem por OBJETIVO retirar da massa falida (conjunto de bens e dívidas da
empresa falida), o bem que pertence a outra pessoa que não a falida.
Na ação de restituição de bens➔ o bem tem que estar perfeitamente descrito, logo, o
dono terá que dar todas as particularidades do bem.
Se quando for proposta a ação, o bem já não existir mais, o credor poderá receber o
equivalente em dinheiro., após a avaliação do bem (art.86, I)
O credor deve receber antes do Pagamento dos Credores do Quadro Geral ➔ é que ele
não é credor da massa, apenas busca retirar da massa o que é dele.
Observação: Só não recebe antes dos créditos referentes aos salários dos empregados
vencidos nos 3 meses anteriores à SDF (até cinco salários mínimos) – art.151, LF.
Na SDF, o juiz fixa prazo para que os credores habilitem seus créditos na falência.
Porém, não há impedimento que se habilitem fora do prazo fixado, desde que até três
anos da data da publicação da SDF e desde que ainda existam bens a serem vendidos
em hasta pública. (art.10, §10 – alteração pela lei 14.112/20)
CONSEQUÊNCIA da habilitação tardia; esses credores não participarão dos rateios feitos
anteriormente à sua habilitação. (art. 10, §3º, LF)
Esse quadro geral é que será seguido para o efeito dos pagamentos aos credores.
• c) APURAÇÃO DO ILÍCITO
É a fase do pagamento dos credores. Deverá ser observada a ordem do quadro geral,
que será efetuada conforme a ordem prevista no art. 83, LF c/c art. 84:
1) credores extraconcursais
2) credores trabalhistas cujos créditos sejam de até 150 salários mínimos por credor (o
que passar deste limite será considerado crédito quirografário) e os decorrentes de
acidente de trabalho;
3) credores com garantia real (serão pagos com produto obtido com a venda dos bens
gravados com a garantia real e os valores que ultrapassarem a garantia serão
considerados como créditos quirografários
5) credores quirografários (são credores sem não possuem qualquer tipo de garantia,
tão somente o seu título de crédito)
7) credores subordinados
• c) ENCERRAMENTO
Após feitos todos os pagamentos que a massa suportar pagar, IE, APÓS ESGOTADO
TODO O NUMERÁRIO OBTIDO COM A VENDA DOS BENS, o juiz irá aguardar o relatório
final das contas do administrador (art.154, LF) e proferir a SENTENÇA DE
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA.
III- PERÍODO PÓS-FALIMENTAR
Isso ocorrerá em quaisquer das situações elencadas no Art. 158, sendo que o falido
deverá requerer a prolação da sentença de extinção das obrigações.
b) quando houver o pagamento de mais de 25% dos créditos quirografários, sendo que
se a disponibilidade da massa não comportar o pagamento, poderá o falido completar
o numerário para atingir esse percentual.
SENTENÇAS NA FALÊNCIA
Requerida a falência, há possibilidade de ser decretada a SDF-sentença declaratória
de falência ou a SDnF-sentença denegatória da falência.
Com a SDF, todas as ações e execuções que estiverem tramitando contra o falido e
sócios solidários se suspendem e são remetidas para o Juízo Falimentar.
Elas serão autuadas em processos apartados e em apenso ao principal e julgadas pelo
juiz da falência.
Com a SDF todas as dívidas do falido e sócios solidários são consideradas vencidas.
O motivo é permitir que os credores possam habilitar seus créditos na falência.
Ocorre em 2 situações:
1- Contra SDF (declaratória)➔ AGRAVO (art.522 e sgts CPC). Isso ocorre porque na
falência, a sentença declaratória inicia o processo.
2- Contra a SDnF (denegatória)➔ APELAÇÃO
Após a SDF➔ não incidirão mais juros sobre as dívidas., SALVO se a massa tiver
disponibilidade de numerário que suporte o pagamento dos juros e da correção
monetária (art. 124 ) e Após pagos todos os credores.