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FALÊNCIA. Lei federal 11.101/05 c/c Lei 14.

112/2020

CONCEITO: é um instituto vinculado à figura de um empresário, seja pessoa jurídica individual, ou


pessoa jurídica comercial (sociedade empresarial)

Envolve um ESTADO DE FATO e um ESTADO DE DIREITO. O estado de fato é a incapacidade econômica


do empresário para fazer frente aos seus compromissos (saldar as obrigações). A essa situação se
denomina “estado de insolvência”. O estado de direito é o reconhecimento judicial (sentença) deste
estado de fato.

Da conjugação dos dois estados resulta o conceito: Falência é o reconhecimento judicial do estado
de insolvência de um empresário.

SILVA PACHECO tem um conceito mais processual: é um instituto através do qual arrecada-se os bens
do empresário insolvente, aliena-os em hasta pública (venda judicial) e rateia-se os valores obtidos
com a venda entre todos os devedores.

EXECUÇÃO E FALÊNCIA

Processualmente, a falência se equipara a um processo de execução coletiva. A diferença está na


qualidade do devedor. Vejamos:

EXECUÇÃO SINGULAR: envolve um credor


O devedor pode ser empresário ou não empresário
O devedor é solvente (tem bens para enfrentar as obrigações)
O objetivo do processo é penhorar bens suficientes para o pagamento da
obrigação e pagar o credor
O desfecho do processo: extinção da ação após a quitação da dívida
EXECUÇÃO COLETIVA: Envolve vários credores
O devedor é sempre não empresário
O devedor é insolvente
O objetivo do processo é arrecadar todos os bens que o devedor possua,
vendê-los em hasta pública e pagar os credores, na medida em que for
possível
O desfecho do processo: declaração judicial de insolvência do devedor.

FALÊNCIA: Envolve vários credores.


O devedor é sempre empresário.
O devedor é insolvente.
O objetivo do processo é arrecadar todos os bens que o devedor possua,
vendê-los em hasta pública em pagar os credores, na medida possível

PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA

1- Devedor é empresário
2- Insolvência do devedor
3- Sentença judicial (reconhecimento da insolvência do devedor)

PRIMEIRO PRESSUPOSTO: EMPRESÁRIO

• Aquele que com CAPACIDADE JURÍDICA


• PRATICA ATOS DO COMÉRCIO : exerce a produção e/ou circulação de bens e mercadorias
Emite notas fiscais, duplicatas, paga impostos, comercia habitualmente, com objetivo de lucro
• Exerce o comércio EM NOME PRÓPRIO
CATEGORIAS QUE NÃO PODEM PRATICAR O COMÉRCIO

1- INCAPAZES (salvo se após os 16 anos for emancipado e assim, obterá a capacidade jurídica para
praticar os atos da vida civil, inclusive, comerciar)

2- IMPEDIDOS: são aqueles cujas leis especiais ou estatutos vedarem a prática do comércio. É o
caso dos militares e alguns servidores públicos civis (a depender da disposição no estatuto).

Entretanto, caso uma destas duas categorias venha a exercer o comércio, apesar de não estarem
autorizados, vejamos os efeitos:

INCAPAZES
• Os atos praticados Não serão válidos
• Não responderão pela violação à lei contravencional (exercício irregular de profissão)
• Se insolventes ficarem, Não poderão ter a falência decretada.

IMPEDIDOS
• Os atos praticados serão siM válidos
• Responderão, siM, por violação à lei contravencional (exercício irregular de profissão)
• Se insolvenbtes ficarem, poderão, siM ter a sua falência decretada

EMPRESA INDIVIDUAL E SOCIEDADE COMERCIAL

Quando uma pessoa física constitui uma empresa somente sua, teremos uma EMPRESA
INDIVIDUAL. O instrumento de sua constituição jurídica (ato constitutivo) é o CADASTRO DE
EMPRESA INDIVIDUAL e deve ser registrado na Junta Comercial.

Quando várias pessoas, sejam físicas ou jurídicas se unem para constituir uma empresa, teremos
uma EMPRESA COMERCIAL. E o seu ato constitutivo denomina-se CONTRATO SOCIAL, devendo ser
registrado na Junta do Comércio.
EMPRESÁRIOS REGULARES E IRREGULARES

REGULARES: ou “de Direito”, são aqueles que possuem ato constitutivo devidamente registrados
na JUNTA DO COMÉRCIO.

IRREGULARES: ou “de Fato”, são aqueles que não possuem ato constitutivo ou, se possuem, não
se encontra registrado na JUNTA DO COMÉRCIO.

Os Irregulares não possuem existência jurídica. São clandestinos. Porém, se estiverem em situação
de insolvência poderão ter a sua falência decretada. Outrossim, se eventualmente, vierem a
negociar com outro empresário (fornecedor) e este se tornar insolvente, não cumprindo o que
deve, o empresário irregular não terá o direito de requerer a falência deste insolvente. A regra
tem por objetivo inibir a existência dos irregulares. Por outro lado, se os irregulares estiverem em
situação de insolvência, possuem o dever de requerer a autofalência, sob pena de configuração de
má fé. (art. 105, IV, LF)

INCAPACIDADE CIVIL SUPERVENIENTE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

Se um empresário individual estiver praticando o comércio e vier a ser acometido de doença


mental, terá que ser interditado. Isso equivale à morte civil, pois ele perderá a sua capacidade
jurídica.

Com a perda da capacidade jurídica esse empresário não poderá mais comerciar porque um dos
pressupostos do empresário é justamente a CAPACIDADE JURÍDICA.

O Código Civil estabelece que, com a interdição, o cônjuge ou outro parente possa assumir a
administração dos bens do casal (art. 1775). No entanto, a regra não se aplica ao exercício do
comércio pois um dos pressupostos do empresário é que pratique os atos EM NOME PRÓPRIO
(Pessoalidade).
Assim, a solução é encerrar a empresa individual. Porém, se ficar provado que o encerramento
poderá causar prejuízo aos credores, fornecedores, poderá ser requerido judicialmente a
continuidade do comércio até que a empresa seja transmitida para terceiros ou encerrada, sem
maiores consequências.
SÓCIOS SOLIDÁRIOS

Em regra, a falência da empresa comercial não atinge as pessoas dos sócios.


Contudo, existem empresas em que os sócios possuem responsabilidade ilimitada pelas
obrigações sociais. Isto significa que respondem pelas dívidas da empresa como se fossem
suas. Esses sócios são chamados de sócios solidários.

Portanto, sócios solidários são aqueles que respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais.

Assim sendo, com relação aos sócios solidários, a legislação lhes dá um tratamento
diferenciado, ou seja, eles se submetem aos efeitos da falência. Art.81, da LF.

1- As obrigações da empresa falida se estendem aos sócios solidários: não podem se ausentar
do foro da falência, possuem o dever de apresentar o rol de seus bens e de suas dívidas e
outros deveres que constam do artigo 34, da LF.
2- Os bens dos sócios solidários são arrecadados em processo apartado, distinto da ação de
falência, porém, apensado ao mesmo: artigo 71, LF
3- Os credores particulares dos sócios solidários devem habilitar os seus respectivos créditos no
inventário dos bens destes

SÓCIO SOLIDÁRIO RETIRANTE


Se os sócios solidários se retirarem da empresa e esta vier a ter a falência decretada, eles
também se submeterão aos efeitos da falência (art.81, LF), caso tenham se desligado há
menos de DOIS ANOS da decretação da falência e responderão pelas dívidas, ainda
pendentes, até a data em que integravam a empresa: artigo 81, §1º da LF.
FORO DA FALÊNCIA – art. 3º LF
A falência deverá ser proposta no local em que se situa o PRINCIPAL ESTABELECIMENTO
DO DEVEDOR, ainda que a obrigação tenha sido contraída em filial (art. 3º LF) O principal
estabelecimento é aquele em que há o MAIOR VOLUME DE NEGÓCIOS.
Exceção: quando o principal estabelecimento é fora do país: neste caso o foro competente é
o do local onde está a filial com a qual se negociou. (art. 3º, parte final, LF)

PRAZO PARA A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA – art. 96


A falência de uma empresa pode ser decretada enquanto ela estiver em atividade e em até
dois anos da cessação da atividade comercial.
A comprovação da cessação do comércio pode ser feita através da verificação da baixa da
empresa na Junta do Comércio (cancelamento do seu registro) ou por qualquer meio de prova
produzido em juízo (casos em que a empresa cessou suas atividades, e não deu baixa na
Junta do comércio)..

TÍTULOS QUE NÃO PODEM SER RECLAMADOS NA FALÊNCIA

ART. 94, §2º, LF: há títulos que não podem ser exigidos na ação de falência.
§5º: São eles➔ 1- obrigações a título gratuito
2- despesas que os credores tiveram para participar da ação

1- OBRIGAÇÕES A TÍTULOS GRATUITO: são as DOAÇÕES (sem encargos) feitas pelo


falido, nos DOIS ANOS que antecederam a SDF. Os donatários não poderão exigir a
transferência da propriedade, caso isso ainda não tenha ocorrido. E se o bem já tiver sido
transmitido, a transferência será revogada (art. 129, IV, da LF). A revogação poderá ser
decretada de ofício, pelo juiz, ou a requerimento de parte interessada (outros credores)

2- DESPESAS DOS CREDORES COM O PROCESSO: São aquelas que cada um teve para
habilitar o seu crédito na ação. Essas despesas não serão reembolsadas. No entanto, a lei dá
um tratamento diferenciado ao autor da ação, pois as despesas que este teve com o pedido
falimentar serão pagas antes do pagamento de quaisquer outros credores, na condição de
crédito “Extra-concursal”. (art. 84, III, c/c art.83, da LF)
FUNDAMENTOS DA FALÊNCIA

São as CAUSAS DETERMINANTES DA FALÊNCIA:


1- Impontualidade no cumprimento das obrigações
2- Execução Frustrada
3- Prática de atos típicos de Falência

1 - IMPONTUALIDADE – art. 94, I

NÃO PAGA: Não se refere à impontualidade justificada (não pagou porque não pode sair de
casa).

Que impontualidade é essa? A resposta está na lei (artigo 94, I)➔ Não pagamento, No
Vencimento, de Obrigação Líquida, Sem relevante razão de Direito. Valor superior a 40 sm

1) NO VENCIMENTO➔ A dívida tem que estar vencida

2) OBRIGAÇÃO LÍQUIDA➔ é aquela CERTA (comprovada por documento) e


DFETERMINADA (especificada em dinheiro, líquida)

3) SEM RELEVANTE RAZÃO DE DIREITO➔ Se houver razão para não pagar, não se justifica
o pedido de falência
Ex: vício de forma no título de crédito, vício de consentimento, prescrição, falta de requisito
essencial, dívida não vencida, obrigação já quitada, etc.
Todas as hipóteses previstas no ARTIGO 96, LF são consideradas como sendo causas
relevantes o bastante para não haver a decretação da falência.

Entretanto, o rol não é taxativo. Podem ocorrer outras hipóteses que sejam consideradas
justificadas, pelo juiz – consta no inciso V, do art.96.
Vemos que no inciso V, o legislador estabeleceu a possibilidade de outras situações. Caberá
ao Judiciário apreciar e julgar esses outros fatos previstos no inciso V, se eventualmente
acontecerem.
4) VALOR DA OBRIGAÇÃO➔ ARTIGO 94, §1º - Tem que ser superior a 40 salários mínimos.
Vários credores poderão se reunir e formar um litisconsórcio ativo, para somar e atingir o valor
correspondente a 40 SM

Objetivo: evitar requerimentos desnecessários, que só tumultuarão a Justiça

5) PROTESTO➔ O título tem que estar protestado, para comprovar a inadimplência.

2- EXECUÇÃO FRUSTRADA – art. 94, II

Ocorre quando um credor ajuíza uma ação de execução contra um comerciante e não obtém
êxito, porque o devedor não pagou ou não tem bens para garantir a dívida.
Neste caso, o credor pede a transformação da execução em falência.
O pedido de falência por execução frustrada independe do valor. (não precisa ser superior a
40 salários mínimos.)

Juízo competente➔ Se o juízo da execução for competente para conhecer e julgar a falência,
ou seja, se o foro da execução coincidir com o foro da falência, bastará o credor requerer ao
juiz a conversão da execução em falência.
Se o foro for diferente, então o credor deverá requerer ao juiz da execução que determine a
expedição de uma certidão do processo de execução, indicando o andamento e constando
que não houve o pagamento e nem a garantia da execução. A execução será extinta e o
credor usará esta certidão para requerer a falência junto ao foro competente para tal.

3- PRÁTICA DE ATOS TÍPICOS DE FALÊNCIA (Insolvência)– art. 94, III

São situações que denotam o estado de ruína econômica do empresário e que dão ensejo ao
pedido de falência.
Ex: venda do principal estabelecimento da empresa, liquidação de bens e mercadorias sem
reposição do estoque, abandono do comércio sem deixar procurador e sem deixar recursos
para o gerenciamento.
ESTAS SITUAÇÕES ELENCADAS VISAM PROTEGER O INTERESSE DOS SEGUINTES
CREDORES:
1- AQUELES QUE AINDA NÃO POSSUEM TÍTULO EXECUTIVO CONSTITUÍDO QDO
OCORREM OS ATOS. É o caso de empregado que esteja litigando na Justiça do Trabalho

2- POSSUEM TC, PORÉM, NÃO VENCIDOS


Se não tivesse essa possibilidade, o credor que estivesse percebendo o estado de insolvência
do devedor e até o desvio de bens, teria que assistir impotentemente os acontecimentos, pois
não teria mecanismo de defesa, já que seu crédito estava por vencer e para fazer o
requerimento de falência, a dívida tem que estar vencida.

3- POSSUEM TC VENCIDOS, PORÉM COM VALOR INFERIOR A 40 SM E NÃO


CONSEGUIRAM FORMAR LITISCONSORCIO.
PROTESTO

Se a ação de falência for fundamentada em IMPONTUALIDADE, o credor terá que,


obrigatoriamente, providenciar o protesto do título. Isso é necessário para a prova
da inadimplência, ou seja, da impontualidade. A falta de cumprimento acarretará a
extinção da ação, por falta de preenchimento de pressuposto legal.

Se a ação de falência for fundamentada na EXECUÇÃO FRUSTRADA, e o pedido


for feito com base em certidão extraída do processo de execução, o credor também
terá que protestar esta certidão. Entretanto, se for feito nos próprios autos de
execução, não há que se falar em protesto.

Se a ação for fundamentada na prática de ATOS DE FALÊNCIA, por questão óbvia,


não há que se falar em protesto.
PROCESSO FALIMENTAR
Comporta três PERÍODOS: 1) Pré-falimentar; 2) Falimentar; 3) Pós Falimentar

I- PERÍODO PRÉ-FALIMENTAR

1- Fase de Instrução. Compreende➔ Citação para apresentação da defesa


Produção de provas

2- Fase de Decisão. Compreende➔ a prolação da sentença declaratória da falência


(SDF) ou da sentença denegatória da falência (SDnF)

II- PERÍODO FALIMENTAR

1- Fase da Administração: a) Arrecadação


b) Habilitação
c) Apuração do Ilícito

2- Fase da Liquidação: a) Realização do Ativo


b) Solução do Passivo
c) Encerramento

III- PERIODO PÓS-FALIMENTAR

1- Fase da Extinção das Obrigações


PERÍODO PRÉ-FALIMENTAR

I- FASE DA INSTRUÇÃO➔
Compreende : a) CITAÇÃO; b) PRODUÇÃO PROVAS

a) CITAÇÃO:
Após receber o pedido inicial, o juiz mandará citar o devedor para que, em 10 dias,
(contados da juntada do mandado aos autos ou juntada do AR – art. 231 NCPC)
apresente DEFESA - contestação (art.98, LF) ou efetue o DEPÓSITO ELISIVO (art.
98, parágrafo único, LF).

DEFESA:

A defesa deverá versar sobre qualquer espécie de MATÉRIA DENOMINADA DE


“RELEVANTE” e que são aquelas estabelecidas no art. 96.
Ex: prescrição, pg da dívida, nulidade do título ou da obrigação, falta de protesto, etc.
O rol é apenas exemplificativo e não taxativo (juiz pode admitir outras situações)

• No prazo da contestação, poderá também o devedor propor RECUPERAÇÃO


JUDICIAL, independentemente do fundamento do pedido (impontualidade,
execução frustrada ou prática de atos típicos). – Art. 95, LF. Neste caso, o réu
apresenta um plano de pagamento de suas dívidas em favor de todos os seus
credores.

DEPÓSITO ELISIVO:
• Objetivo: como o pp nome diz, é elidir, impedir a decretação da falência
• Deve OCORRER NO PRAZO DA CONTESTAÇÃO: 10 dias, contados da juntada
do mandado de citação.
• Terá que ser COMPLETO, ou seja, abranger o valor principal, os juros legais,
correção monetária, honorários e custas do processo. Se for incompleto, não elidirá
(impedirá) a falência.
• É permitido que o devedor APRESENTE DEFESA E FAÇA O DEPÓSITO
ELISIVO AO MESMO TEMPO. Essa opção é para ter segurança de que a falência
não será decretada. É que se a defesa não for acolhida (improcedente) o depósito
assegurará que a falência não seja decretada. Se a defesa for acolhida, a falência não
será decretada e o devedor poderá levantar o depósito.

Obs: DEPÓSITO ELISIVO EM CASO DE PRÁTICA DE ATOS DE FALÊNCIA:


ARTIGO 98, § ú➔ Ao rigor da lei, o réu é CITADO apenas para a apresentação da
defesa, sem mencionar a possibilidade do depósito elisivo. Entretanto, na prática, se
ocorrer do devedor pagar a dívida, o que normalmente acontece é a extinção da ação.

b) PRODUÇÃO DE PROVAS - Recebida a Defesa, se iniciará a instrução, com a


coleta e apreciação das provas.

II) – FASE DA DECISÃO

Em seguida, o juiz proferirá a sentença.

• Se a defesa for acolhida➔ a ação será julgada IMPROCEDENTE, com a prolação


da Sentença Denegatória da falência.
A ação será extinta, a não ser que o autor interponha recurso.. Neste caso, se aguarda
a decisão da segunda instância.
• Se a defesa for rejeitada➔ a ação será julgada PROCEDENTE e haverá a Sentença
Declaratória de falência.
Na sentença, o juiz tomará várias providências. Destacamos três providências:

1ª providência: NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL (Art. 99,


IX, LF)

• É quem irá administrar a falência.


• Tanto pode ser pessoa física como jurídica
• A única exigência é que seja profissional idôneo e preferencialmente que tenha
conhecimentos técnicos para enfrentar o mister,
• Remuneração: será arbitrada pelo juiz, com base na complexidade do trabalho (art.
24). Na falência, não poderá ultrapassar o correspondente a 5% do valor obtido com
a venda dos bens.

2ª providência: FIXAÇÃO DO TERMO LEGAL DA FALÊNCIA. (Art. 99, II


LF)

• É chamado de PERÍODO SUSPEITO


• É o período fixado pelo juiz em que todos os atos praticados pelo falido serão
considerados como INEFICAZES, SERÃO ANULADOS de ofício, pelo juiz (sem
provocação de qq interessado) ➔ Art. 129 LF
• Independentemente de terem sido cometidos com BOA OU MÁ FÉ.
• Os negócios serão desfeitos e os bens voltam para o patrimônio do falido.
• OBJETIVO➔ é evitar que os credores sofram maiores prejuízos, já que o falido
costuma se preparar para enfrentar a falência e começa a desviar patrimônio.

• O JUIZ É LIVRE para fixar o prazo do termo, mas não poderá recuar mais do que
90 dias, contados (art. 99, II, LF) ➔

1- Da data do PRIMEIRO PROTESTO por falta pagamento (caso de impontualidade)


2- Da data do PEDIDO DE FALÊNCIA (execução frustrada e prática de atos)

• TERMO LEGAL FALENCIA➔ Pode ser ampliado ou reduzido pelo juiz no


decorrer do processo, após recebidas informações do adm.judicial sobre o
comportamento do falido antes e após a SDF

Por outro lado, os ATOS DE MOVIMENTAÇÃO PATRIMONIAL COMETIDOS


FORA DO PERÍODO SUSPEITO➔ Poderão ser REVOGADOS através de
AÇÃO PAULIANA ou REVOCATÓRIA, se forem FRAUDULENTOS, e desde
que tenham causado PREJUÍZO aos credores.

NA AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA Artigo 130, LF): é preciso provar


a existência da fraude e a existência do efetivo prejuízo aos credores.

3º providência: CONVOCAÇÃO DOS CREDORES PARA HABILITAREM


OS SEUS CRÉDITOS

(Artigo 99, IV, LF)➔ os credores devem apresentar, no processo de falência, a


prova de seus respectivos créditos e requerer que sejam INCLUÍDOS no quadro de
credores. Juiz fixará prazo para os credores efetuarem as habilitações.
II - PERÍODO FALIMENTAR

1- FASE DA ADMINISTRAÇÃO : arrecadação, habilitação e apuração ilícito

• ARRECADAÇÃO

Com a SDF, o administrador deve proceder à arrecadação de todos os bens encontrados


em posse do falido. Só não arrecadará:
Bens considerados IMPENHORÁVEIS pela lei civil (art. 649 CC c/c 108, §4 LF)
Bens de família (lei 8009/90 e art.1711 CC)

Se forem arrecadados BENS DE TERCEIROS, estes poderão requerer a restituição de


seus bens através de PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE BENS (prevista nos art. 85 e 87,
LF), que correrá em autos apartados, mas por dependência aos de falência.

Esse pedido tem por OBJETIVO retirar da massa falida (conjunto de bens e dívidas da
empresa falida), o bem que pertence a outra pessoa que não a falida.

Na ação de restituição de bens➔ o bem tem que estar perfeitamente descrito, logo, o
dono terá que dar todas as particularidades do bem.

Se quando for proposta a ação, o bem já não existir mais, o credor poderá receber o
equivalente em dinheiro., após a avaliação do bem (art.86, I)

O credor deve receber antes do Pagamento dos Credores do Quadro Geral ➔ é que ele
não é credor da massa, apenas busca retirar da massa o que é dele.
Observação: Só não recebe antes dos créditos referentes aos salários dos empregados
vencidos nos 3 meses anteriores à SDF (até cinco salários mínimos) – art.151, LF.

Também podem ser postuladas em AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE BENS, As COISAS


VENDIDAS A CRÉDITO, nos 15 (quinze dias) que antecederam o pedido de falência,
caso ainda não tenham sido vendidas pela massa falida, também poderão ser objeto de
pedido de restituição. (art.85, §ú).
• b) HABILITAÇÃO

Na SDF, o juiz fixa prazo para que os credores habilitem seus créditos na falência.
Porém, não há impedimento que se habilitem fora do prazo fixado, desde que até três
anos da data da publicação da SDF e desde que ainda existam bens a serem vendidos
em hasta pública. (art.10, §10 – alteração pela lei 14.112/20)

Esses credores são chamados de RETARDATÁRIOS.


Portanto, credores retardatários são aqueles que habilitam seus créditos na falência fora
do prazo fixado para isso. (art. 10, LF)

CONSEQUÊNCIA da habilitação tardia; esses credores não participarão dos rateios feitos
anteriormente à sua habilitação. (art. 10, §3º, LF)

NA FASE DA HABILITAÇÃO: O administrador deverá:


-Elaborar a Relação dos Credores
-Efetuar a classificação dos créditos, conforme a lei (art. 83 e 84, LF)
-Elaborar o QUADRO GERAL DOS CREDORES (art. 18)

Esse quadro geral é que será seguido para o efeito dos pagamentos aos credores.

DEPOIS DE HOMOLOGADO o QGC, ➔ Qualquer RETIFICAÇÃO do quadro, seja para


inclusão de credores, seja para exclusão por fraude ou erro: terá que ser feita através de
processo ordinário, ou seja, fora da ação de falência. (art. 10, §6º c/c art. 19)

• c) APURAÇÃO DO ILÍCITO

Nessa fase, o administrador:


-investiga as CAUSAS da falência,
-investiga o COMPORTAMENTO do falido antes e depois da SDF (essa informação
servirá para o juiz aumentar ou diminuir o período suspeito)
-apura a prática de eventual CRIME FALIMENTAR por parte do falido.
2- FASE DA LIQUIDAÇÃO: realização do ativo, solução do passivo e encerramento

• a) REALIZAÇÃO DO ATIVO (art. 139 e sgts, LF)

É a fase em que o administrador efetua a venda dos bens da Massa.


A venda se dá por leilão (lances orais); por propostas fechadas ou pregão (misto de lances
orais com propostas fechadas).
• É o juiz quem decide qual a modalidade que irá empregar para a venda, após ouvido o
administrador. (art. 142, LF)

• b) SOLUÇÃO DO PASSIVO (art. 149, LF)

É a fase do pagamento dos credores. Deverá ser observada a ordem do quadro geral,
que será efetuada conforme a ordem prevista no art. 83, LF c/c art. 84:

1) credores extraconcursais

Há diversas categorias de credores extraconcursais. Destacamos:


a) ➔ Categorias previstas nos arts. 150 e 151 da LF:
• despesas que o administrador judicial necessita para dar andamento no processo
de falência (ex: publicações de editais em imprensa)
• salários de empregados vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação
da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador.

b) ➔ Remuneração do administrador judicial e seus auxiliares


c) ➔ Custos do processo (pagos pelo autor da falência) (art.84, III)

2) credores trabalhistas cujos créditos sejam de até 150 salários mínimos por credor (o
que passar deste limite será considerado crédito quirografário) e os decorrentes de
acidente de trabalho;
3) credores com garantia real (serão pagos com produto obtido com a venda dos bens
gravados com a garantia real e os valores que ultrapassarem a garantia serão
considerados como créditos quirografários

4) credores tributários (Fazendas Públicas: União, Distrito Federal, Estado, Municípios)

5) credores quirografários (são credores sem não possuem qualquer tipo de garantia,
tão somente o seu título de crédito)

Como credores quirografários se incluem:

➔saldos que excedam a garantia real


➔saldos de direitos trabalhistas que excedam 150 sm (art. 83) ou salários dos últimos
3 meses do pedido de falência e que excedam a 5 sm (art.151)
➔créditos com privilégio especial (art.964 CC) ex: credor por benfeitorias úteis
➔créditos com privilégio geral (art.965 CC) ex: crédito referente às despesas com
funeral do falido (caso de empresa individual)
(os dois últimos acima constam no §6º, do art.84)

6) credores de multas contratuais ou tributárias

7) credores subordinados

➔créditos de sócios ou administradores sem vínculo empregatício

8) juros sobre os créditos, vencidos após a SDF (sentença declaratória da falência)

• c) ENCERRAMENTO

Após feitos todos os pagamentos que a massa suportar pagar, IE, APÓS ESGOTADO
TODO O NUMERÁRIO OBTIDO COM A VENDA DOS BENS, o juiz irá aguardar o relatório
final das contas do administrador (art.154, LF) e proferir a SENTENÇA DE
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA.
III- PERÍODO PÓS-FALIMENTAR

FASE DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

A sentença de Encerramento da Falência é um marco processual, PÕE FIM AO


PROCESSO FALIMENTAR, mas não libera o falido de suas obrigações, portanto, não
autoriza que ele volte a comercial. Somente poderá retornar ao comércio após proferida
a Sentença de Extinção das Obrigações, devendo o falido requerer a sua prolação.

Isso ocorrerá em quaisquer das situações elencadas no Art. 158, sendo que o falido
deverá requerer a prolação da sentença de extinção das obrigações.

a) quando ocorrer o pagamento de todas as dívidas (hipótese rara)

b) quando houver o pagamento de mais de 25% dos créditos quirografários, sendo que
se a disponibilidade da massa não comportar o pagamento, poderá o falido completar
o numerário para atingir esse percentual.

c) Transcorridos mais de 03 anos ➔ após a SDF

d) Após o encerramento da falência, com a prolação da sentença de encerramento


(art.156) ou quando não forem encontrados mais bens para serem arrecados (art.114-
A)

TERCEIRO PRESSUPOSTO DA FALÊNCIA: SENTENÇA

SENTENÇAS NA FALÊNCIA
Requerida a falência, há possibilidade de ser decretada a SDF-sentença declaratória
de falência ou a SDnF-sentença denegatória da falência.

Sendo hipótese de declaração da falência, o processo falimentar poderá conter 2 ou 3


sentenças:
EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA QUANTO AOS
CREDORES

1- SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES INDIVIDUAIS contra o FALIDO e


SÓCIOS SOLIDÁRIOS

Com a SDF, todas as ações e execuções que estiverem tramitando contra o falido e
sócios solidários se suspendem e são remetidas para o Juízo Falimentar.
Elas serão autuadas em processos apartados e em apenso ao principal e julgadas pelo
juiz da falência.

Exceções: há algumas ações que não se suspendem; são elas:


1- ações trabalhistas
2- ações de execução fiscal
3- ações de execução em que já houver hasta pública designada para a venda dos bens
penhorados
4- ações de execução em que já houve a arrematação dos bens penhorados
5- ações movidas contra a falida em que os credores pleiteiam quantias ilíquidas (ex:
ações de indenização por dano moral, onde o valor será arbitrado pelo juiz)
6- ações em que a falida for autora e que não forem disciplinadas pela lei de falência (ex:
ação pauliana ou revocatória)

Via de regra➔ a suspensão é definitiva; SALVO se o recurso de Agravo for acolhido,


Neste caso, a FALENCIA É EXTINTA e os processos retornam ao Juízo de origem.

2- VENCIMENTO ANTECIPADO DAS OBRIGAÇÕES

Com a SDF todas as dívidas do falido e sócios solidários são consideradas vencidas.
O motivo é permitir que os credores possam habilitar seus créditos na falência.

3- SUSPENSÃO DOS JUROS DAS DÍVIDAS


1- Sentença Declaratória da Falência, ➔ dará início ao processo falimentar
2- Sentença de Encerramento da Falência,➔ proferida no final do período falimentar
(período de liquidação)
3- Sentença de Extinção das Obrigações, ➔ será proferida no período pós-falimentar:
(essa terceira sentença pode coincidir com a segunda, se no momento do
encerramento também houver ocorrido alguma das hipóteses previstas no art. 158

Sentença Denegatória de Falência

Ocorre em 2 situações:

1- QUANDO HOUVER ACOLHIMENTO DA CONTESTAÇÃO DO RÉU.


O pedido inicial de falência será julgado improcedente
O autor será condenado a pagar a sucumbência.

2- QUANDO HOUVER O DEPÓSITO ELISIVO.


Nesse caso, é o réu (depositante) que terá que pagar a sucumbência).

A sentença denegatória de falência tem uma CARACTERÍSTICA importante: ela não


transita em julgado; significa afirmar que se a falência houver sido requerida com base
na impontualidade e a sentença foi denegatória por falta de cumprimento de
pressuposto legal (tal como o protesto do título), o autor poderá pedir o
desentranhamento do título do processo de falência, providenciar o protesto e ajuizar
nova ação de falência (salvo se o título já estiver fulminado pela prescrição)

RECURSOS CONTRA SENTENÇAS

1- Contra SDF (declaratória)➔ AGRAVO (art.522 e sgts CPC). Isso ocorre porque na
falência, a sentença declaratória inicia o processo.
2- Contra a SDnF (denegatória)➔ APELAÇÃO
Após a SDF➔ não incidirão mais juros sobre as dívidas., SALVO se a massa tiver
disponibilidade de numerário que suporte o pagamento dos juros e da correção
monetária (art. 124 ) e Após pagos todos os credores.

Há 2 situações em que os juros são pagos, independentemente da massa comportar:


1- Juros sobre créditos com garantia real: serão suportados com o produto da própria
garantia
2- Juros de debêntures: são pagos porque o único objetivo das debêntures é o
recebimento de juros. As S/As não emitiriam debêntures se os juros, após a SDF de
uma empresa, fossem suprimidos; o risco seria grande. Art. 124, parágrafo único, LF.

4- FORMAÇÃO DA MASSA FALIDA

A reunião dos credores➔ é chamada de Massa Falida Subjetiva


A reunião dos bens ➔ é chamada de Massa Falida Objetiva

EFEITOS DA SENTENÇA DECLARATÓRIA SOBRE O FALIDO

1- PERDA DO DIREITO DE COMERCIAR: o falido estará impedido de comerciar assim


que for proferida a SDF, somente podendo retornar ao comércio após proferida
Sentença Declaratória de Extinção das Obrigações

2- PERDA DO DIREITO PATRIMONIAL: com a SDF o falido perde a capacidade de gerir


o seu próprio patrimônio (art.103 LF). Com isso, perde também a capacidade
processual, nas ações de natureza patrimonial: não pode contestar e nem propor essas
ações. É o caso das ações de reintegração de posse, usucapião e desapropriação.
Por isso, como falido está impedido, quem proporá ou contestará as ações de natureza
patrimonial, de interesse da massa falida será o administrador judicial.
Os direitos civis de natureza não patrimonial e os direitos políticos não serão afetados,
podendo o falido exerce-los normalmente.
3- PERDA DO DIREITO DE IR E VIR: com a SDF o falido fica impedido de se ausentar
da comarca onde se processa a falência, mesmo que seu domicílio seja outro. Somente
poderá faze-lo se tiver ordem judicial. O falido também tem que cumprir todas as
obrigações previstas no artigo 104 da LF, sendo que no caso de descumprimento,
responderá por crime de desobediência.

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