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Falência

Profa. Lívia Ximenes


Falência:
• Conceito: falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de
um empresário declarado falido (pessoa física ou jurídica) é arrecadado, visando o
pagamento da universalidade de credores. É um processo judicial complexo que
compreende a arrecadação de bens, sua administração e a conservação, bem como a
verificação e o acertamento dos créditos para posterior liquidação e rateio entre
credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo devedor
falido.  
• Existe uma lei própria que trata da falência e da recuperação judicial. Essa lei é a Lei
n° 11.101 de 2005, também conhecida como lei de recuperação de empresa (LRE).
Falência:
• Legitimidade processual: 
• Legitimidade ativa: Artigo 97 da Lei 11.101/2005. 
• Autofalência (art. 105 da LF): 
• Obs.: só será possível requerer a falência quando o devedor está em estado de crise econômico-financeira e, além disso, tem que julgar não atender
os requisitos de uma recuperação judicial, porque se cabe recuperação judicial para esse caso, então é recuperação judicial nesse caso, é ela que
devemos requisitar. A falência é quando não tem mais “luz no fim do túnel”. 
• Obs.: Apesar de a lei dizer que é um dever do empresário em crise econômico-financeira requerer sua falência, não prevê nenhuma sanção para a hipótese de
descumprimento, o que desestimula o devedor a seguir o comando legal. 
• Falência do espolio do empresário individual: o cônjuge sobrevivente, herdeiro e inventariante são as pessoas que poderão pedir a falência do
espólio do empresário individual. 
• Sócio ou acionista: muitas vezes a sociedade não quer efetuar o pedido de falência e um só sócio pode pedir. 
• Qualquer credor. 
• Obs.: o art. 97, §1° da LF -> significa que se o credor for empresário, sociedade empresária ou EIRELI só pode ajuizar a ação de falência contra terceiro se tiver registro na
Junta Comercial. 
• Obs.: É necessário que a dívida do credor empresário esteja vencida?  
• Obs.: A Fazenda Pública pode pedir falência? De acordo com o enunciado 56 da I jornada de Direito Comercial, a Fazendo Pública não possui legitimidade ou interesse de
agir para requerer a falência do devedor empresário. A Fazenda Pública sendo credora de um empresário deverá utilizar o meio próprio, que é a chamada execução fiscal.  
Falência:
• Legitimidade Passiva: 
• Empresário individual 
• Sociedade empresária 
• Eireli 
• Juízo universal da falência: atração.
• Obs.: prevenção do juízo de falência. É aquele juízo que primeiro recebeu o pedido de
falência. (art. 6°, §8° da LF). 
• Fases da falência.
Falência:
• Pressupostos processuais da falência: a impontualidade, a execução frustrada ou a prática de meios ruinosos. Essas hipóteses estão descritas no artigo
94 da LRE.
• A insolvência pode ser confessada ou pode ser insolvência presumida. A confessada decorre do instituto da autofalência, quando a própria sociedade confessa que está em estado
de insolvência. Já a presumida, ocorre em uma dessas situações do art. 94 da LRE. 
• Art. 94, I: sem relevante razão de direito não paga no vencimento obrigação líquida, materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido de falência. 
• Esse inciso I é chamado de impontualidade injustificada. Para que esse inciso se caracterize, tem que deixar de pagar no vencimento, sem justificativa. 
• Não é deixar de pagar qualquer dívida, é título executivo. 
• O título executivo tem que ter protesto. É o protesto para fins falimentares. É um protesto especial. E no tocante a esse protesto, tem uma informação muito relevante: a lei de
protesto é a lei 9492/97 e quando a lei de protesto trata da intimação do devedor, ela diz o seguinte: protocolizado o título ou documento de dívida, o tabelião de protesto
expedirá a intimação ao devedor, no endereço fornecido pelo apresentante do título ou documento, considerando-se cumprida quando comprovada a sua entrega no mesmo
endereço. Percebe-se, portanto, que não precisa ser uma intimação pessoal, basta que seja entregue no endereço. 
• O STJ fala que como o protesto é para fins falimentares eu vou exigir algo mais, não basta só dizer que entregou no endereço. É por isso que o STJ editou a súmula 361 (a
notificação do protesto, para requerimento de falência, da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu”). Ou seja, tem que entregar no endereço e identificar
quem recebeu, não é intimação pessoal, é só identificação de quem recebeu a intimação. 
• Por fim, o valor da obrigação tem que ser acima de 40 salários mínimos. Assim, tem que ultrapassar os 40 salários mínimos. 
• Obs.: os credores podem se unir para formar o valor maior de 40 salários mínimo. Assim, é perfeitamente possível o litisconsorte entre os credores (art. 94, §1° da LF). 
Falência:
• Art. 94, II: executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.
• É chamado de execução frustrada. 
• Art. 94, III: pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial. (A a G) 
• É chamado de atos de falência.
• Obs.: A insolvência é insolvência jurídica, não se trata de insolvência econômica. Ou seja, se
o credor apresentar o pedido de falência em algum desses incisos, o juiz pode decretar a
falência, não precisa verificar se o ativo é menor que o passivo. 
Falência:
• Defesa do falido: o devedor poderá alegar qualquer das matérias previstas no art. 96 da LRE na contestação. 
• De acordo com o art. 98, caput da LRE, o prazo que nós temos para apresentar contestação é de apenas 10 dias, diferente do prazo do
CPC. 
• Pode também fazer um depósito elisivo.
• O prazo, de acordo com o art. 98, §único, para o deposito elisivo é de 10 dias (o mesmo prazo para contestação). O valor é o valor principal +
correção monetária + juros + honorários advocatícios. 
• Quanto ao valor dos honorários advocatícios, deve o juízo, no despacho que manda citar  devedor, arbitrar preliminarmente os honorários, a fim de
que o devedor possa incluí-lo no valor a ser depositado. Caso o juiz não o faça, pode então o devedor fazer o depósito elisivo acrescido apenas dos
juros e da correção monetária, peticionando ao juiz, posteriormente, par que este arbitre os honorários. 
• Obs.: §único do art. 98 – faz menção eu somente é possível o depósito elisivo nos casos de pedido de falência fundados na impontualidade
injustificada e na execução frustrada. A doutrina e jurisprudência, todavia tendem a admitir o depósito elisivo em qualquer caso.
• Pode ser feito o depósito + contestação. 
• E, por fim, de acordo com o art 96, VII e em conformidade com o art. 95 da LF, dentro do prazo de contestação pode o devedor pedir
recuperação judicial, ou seja, dentro de 10 dias.
Sentença:
• Pode ser procedente ou improcedente.
• Se for procedente, se chamará sentença declaratória de falência. Está declarando a quebra. 
• Já a sentença improcedente, se chamará denegatória.
• Recursos: Por força do artigo 100 da LRE, podemos dizer que se a sentença for declaratória caberá agravo de instrumento. Já se
for improcedente, caberá o recurso de apelação. Aqui, a lei não faz referências a prazo algum. Assim, aplica-se os mesmos prazos do CPC.
• Sentença denegatória da falência: 
• A sentença pode ser denegada por dois motivos, basicamente:
• Improcedência do pedido de falência.
• Custas: Quando a falência é denegada em razão da improcedência do pedido de falência, como o pedido do autor foi julgado improcedente pelo juiz, cabe a
ele arcar com os ônus da sucumbência (custas e honorários advocatícios).
• Obs.: pedido de falência doloso.

• Realização do depósito elisivo. 


• Custas: pelo empresário.
Sentença:
• Sentença declaratória de falência: 
• Natureza jurídica: natureza constitutiva, conforme entendimento majoritário na doutrina, dado que ela constitui o devedor em estado
falimentar e instaura o regime de execução concursal do seu patrimônio.
• Requisitos: Estão todos previstos no artigo 99 da LF. 
• Nomeação do Administrador Judicial.
• Ordenar ao falido que ele apresente uma relação de credores no prazo de 5 dias. Se ele não apresentar nesse prazo, ele poderá incorrer em crime
de desobediência.
• Irá determinar o prazo para habilitação de crédito.
• Determina se vai ter uma continuação provisória da empresa ou então se vai ter lacração do estabelecimento. 
• Fixa o termo legal da falência. 
• Comunica o MP. (O MP só terá conhecimento oficial do processo de falência a partir desse momento, quando o juiz sentencia a falência).
• Determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembleia geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo
ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência.
Termo Legal da Falência:
• O termo legal da falência é o lapso temporal anterior à decretação da quebra que tem
importância para a ineficácia de determinados atos do falido perante a massa.
• Este período é fixado pelo juiz, em regra, na sentença declaratória da falência, não podendo
retrotrair por mais de 90 dias do primeiro protesto por falta de pagamento.
• Se o falido não foi protestado (autofalência ou pedido não fundado em impontualidade
injustificada), o termo legal não poderá retrotrair por mais de 90 dias da petição inicial e
se é o caso de convolação da recuperação judicial em falência, por mais de 90 dias do seu
requerimento. 
• Caso o juiz, ao decretar a falência, não tenha ainda os elementos para a determinação do termo
legal, poderá postergá-la.
Termo Legal da Falência:
Termo legal (período de suspeição) até 90 dias anteriores a:

a) Data do 1º protesto – nas falências fundamentadas em títulos protestados, o juiz retroagirá o termo
legal de 0 a 90 dias contados da data anterior do primeiro protesto.

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:


I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada
em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
Termo Legal da Falência:
b) Data da distribuição da petição inicial - o juiz retroagirá o termo legal
de 0 a 90 dias contados da data anterior da distribuição da petição inicial.

c) Data da distribuição do pedido de recuperação - o juiz retroagirá o


termo legal de 0 a 90 dias contados da data anterior da distribuição do
pedido de recuperação.
Efeitos da sentença declaratória em relação à
pessoa e aos bens do devedor:
• a) Como a maioria dos casos de falência são referentes a sociedades empresárias, o primeiro efeito da
falência a ser destacado é, logicamente, a dissolução da sociedade. Afinal, com a decretação da
quebra e a instauração do processo de execução concursal do devedor, haverá o encerramento da
atividade empresarial e a consequente liquidação do patrimônio social para o posterior pagamento dos
credores. 
• A falência, todavia, não atinge apenas a pessoa jurídica. Os membros que a compõem, ou seja, os sócios da sociedade
falida, também são atingidos, variando os efeitos sobre as suas pessoas a depender do tipo societário e da função que
eles exerciam na sociedade. O art. 81 da Lei de Falência trata do assunto: pessoa jurídica (hoje, no Brasil, a maioria é
LTDA ou S/A) e com responsabilidade limitada, ou seja, o sócio não responde com seus bens pessoais por dívidas da
sociedade. Nesse sentido, significa dizer que se o juiz decreta a falência da sociedade, os efeitos da falência não vão
alcançar os sócios. Todavia, quando se trata de sociedade que possui sócio de responsabilidade ilimitada, eles vão
sofrer os efeitos também. Então, é por esse motivo que o art. 81 diz que os efeitos da falência atingirão a sociedade e
também o sócio.
Efeitos da sentença declaratória em relação à
pessoa e aos bens do devedor:
• b) art. 102 da Lei de Falência: “o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a
partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto
no §1° do art. 181 desta Lei”. Esse tempo começa na sentença declaratória de falência e só termina na
sentença de extinção das obrigações do falido.
• A sentença de extinção das obrigações do falido é proferida pelo juiz se ocorrer uma das hipóteses
que estão expressamente previstas no art. 158 da Lei de Falência.
• Obs.: Se a falência atinge um empresário individual, é ele, obviamente, que sofrerá o efeito
específico do dispositivo legal em comento. No entanto, se a falência atinge uma sociedade
empresária, a situação é diferente, uma vez que quem faliu foi a própria sociedade e não seus sócios.  
• Obs.: Essa inabilitação é automática.
Efeitos da sentença declaratória em relação à
pessoa e aos bens do devedor:
• c) Art. 103 da Lei de Falência: o falido não poderá dispor dos seus bens.
Então, quando o juiz decreta a falência, o falido não pode mais vender,
alugar seu imóvel, etc. A lei prevê apenas que o falido “poderá, contudo,
fiscalizar a administração da falência, requerer providências necessárias
para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos
processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o
eu for de direito e interpondo os recursos cabíveis”.
Efeitos da sentença declaratória em relação à
pessoa e aos bens do devedor:
• d) A LRE ainda impõe ao falido uma série de deveres, previstos no seu
artigo 104. Como, por exemplo, não se ausentar do lugar onde se processa
a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz sem deixar
procurador bastante, sob as penas cominadas na lei (inciso III); entregar,
sem demora, todos os bens, livros, papeis e documentos ao administrador
judicial, indicando-lhe para serem arrecadados, os bens que porventura
tenha em poder de terceiros (inciso V); examinar e dar parecer sobre as
contas do administrador judicial (inciso XII).
Efeitos da sentença declaratória em relação à
pessoa e aos bens do devedor:
• e) Art. 195 da Lei de Falência: “a decretação da falência das
concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão, na
forma da lei”. Então, a extinção da concessão ela é automática, ela não
decorre de parecer do MP ou de pedido do administrador judicial, uma vez
que o juiz decreta a falência, automaticamente será extinta a concessão.
Efeitos da sentença declaratória em relação
aos credores:
a) Constituição da massa falida: É o agrupamento de bens e de credores do falido. Quando
você reúne os credores e os bens do falido, você tem a massa falida. Muitos chamam de
massa falida subjetiva (os credores) e massa falida objetiva (os bens).
b) Vencimento antecipado de todas as dívidas do empresário: a lei antecipa o vencimento das
dívidas para que todos os credores tenham iguais condições de habilitar os seus créditos.
c) Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido.
d) Suspensão da fluência de juros.
e) Suspensão de todas as ações/execuções envolvendo o falido: juízo universal da falência.
Ineficácia de Atos:
• A decretação da quebra nunca pega o devedor de surpresa. 
• Geralmente, como a falência é precedida de uma crise econômica lenta e
gradual, o empresário devedor ou os sócios da sociedade empresária devedora,
muitas vezes desesperados pela iminente possibilidade de instauração do
processo falimentar, podem praticar atos que prejudiquem os interesses de
credores, na tentativa de salvaguardar certos bens que poderiam, no futuro, ser
arrecadados para a massa falida e servir ao pagamento das dívidas. 
• Pode ser: objetiva ou subjetiva.
Ineficácia de Atos - Objetiva:
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja
ou não intenção deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo
desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens
dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes,
não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após
serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis
realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso
do processo.
Ineficácia de Atos - Objetiva:
• Ineficácia objetiva.
• Depende do termo legal ou
• Depende do lapso temporal
• Pode ser declarada de ofício pelo juiz ou por petição do administrador, MP
ou qualquer credor interessado.
• Obs.: os atos dos incisos I, II, III e VI do art. 129 não é ineficaz se previsto
no plano de pagamento da RJ ou Extrajudicial (art. 131 da LRE). 
Ineficácia de Atos - Subjetiva:
• Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar
credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro
que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida.
• É irrelevante a época em que o ato foi praticado.
• Deve ser declarada por meio da Ação Revocatória (art. 132 a 135 da
LRE).
Arrecadação:
• O devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor.
• O administrador judicial deve providenciar a arrecadação de todos os bens que estão na posse do falido. 
• A ideia é trazer todos esses bens para serem avaliados e depois vendidos.
• É efeito da falência a arrecadação de todos os bens do devedor, com exceção dos absolutamente impenhoráveis.
• Arrecadados os bens, ou seja, formada a massa falida objetiva, estes “ficarão sob a guarda do administrador
judicial ou de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus
representantes ser nomeado depositário dos bens” (art. 108 da LRE).
• Obs.: Caso seja necessário, para facilitar os trabalhos de arrecadação, o juiz poderá até mesmo determinar a lacração do
estabelecimento (art. 109 da LRE). A arrecadação será formalizada por meio da lavratura do auto de arrecadação (art. 110 da
LRE), que será composto do inventário e do laudo de avaliação dos bens, os quais, sempre que possível, deverão ser
individualizados.
• No inventário, serão referidos: “I- os livros obrigatórios e os auxiliares ou facultativos do devedor,
designando-se o estado em que se acham, número e denominação de cada um, páginas escrituradas, data do
início da escrituração e do ultimo lançamento, e se os livros obrigatórios estão revestidos das formalidades
legais; II – dinheiro, papéis, títulos de crédito, documentos e outros bens da massa falida; III- os bens da
massa falida em poder de terceiro, a título de guarda, depósito, penhor ou retenção; IV – os bens indicados
como propriedade de terceiros ou reclamados por estes, mencionando-se essa circunstância. (art. 110, §2° da
LRE).
• O juiz também poderá, se houver necessidade, autorizar a remoção dos bens arrecadados para sua melhor
guarda e conservação, “hipótese em que permanecerão em depósito sob responsabilidade do administrador
judicial, mediante compromisso” (art. 112 da LRE).
• Tratando-se, por outro lado, de bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que
sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, o juiz poderá autorizar a sua venda antecipada, ouvidos o
comitê de credores se houver, e o falido no prazo de 48 horas (art. 113 da LRE).
• Outra medida que pode ser tomada pelo juiz, com a oitiva prévia do comitê, se houver, é a autorização para
que alguns credores, de forma individual ou coletiva, em razão dos custos e no interesse da massa falida,
adquiram ou adjudiquem, de imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de
classificação e preferência entre eles (art. 111 da LRE). Essa medida é muitas vezes interessante, pois evita a
venda dos bens, acelerando o trâmite do processo falimentar.
• Por fim, regra muito importante também quanto aos bens arrecadados do
devedor é a prevista no art. 114 da LRE, segundo o qual “o administrador
judicial poderá alugar ou celebrar algum outro contrato referente aos bens
da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a massa falida,
mediante autorização do comitê”. Trata-se de medida extremamente
relevante, em alguns casos, podendo servir de modo deveras útil para a
maximização do ativo do devedor falido. Com efeito, nos processos de
falência que se prolonguem no tempo, é um desperdício deixar bens do
devedor inutilizados, sobretudo quando há terceiros interessados em
aluga-los, por exemplo.
Ação de Restituição:
• Injustiça na arrecadação de bens:, o proprietário do bem poderá entrar com uma ação de restituição, que é ajuizada
no processo falimentar, pedindo a devolução do bem. 
• Divide-se a definição do ativo do devedor falido em duas fases: a integração, que corresponde à arrecadação de todos
os bens em posse do falido e a desintegração, que corresponde à restituição de alguns desses bens arrecadados. (art. 85
da LRE)
• Os fundamentos dos pedidos de restituição estão descritos nos artigos 85 e 75. 
• Propriedade não é do falido. - Obs.: se tiver vendido, restituição em dinheiro.
• Entrega de mercadorias vendidas a crédito - 15 dias que antecederam a distribuição do pedido de falência. Obs.: se tiver vendido, habilita o
crédito na falência.
• Restituição de adiantamento ao exportador feito com base em um contrato de câmbio (ACC)
• Credor de boa-fé nos casos de revogação ou ineficácia do contrato.
• Obs.: Súmula 36 do STJ: “a correção monetária integra o valor da restituição, em caso de adiantamento de cambio,
requerida em concordata ou falência”. 
Realização do ativo:

• Nada mais é do que a venda dos bens.


• O artigo 140, §2° da LRE determina que a venda dos bens seja iniciada mesmo antes de formado o quadro geral
de credores.
• Esse mesmo artigo previu, em ordem de preferência, as modalidades de venda dos bens. O legislador
estabeleceu uma interessante ordem de preferencia, sempre em atenção ao princípio da preservação da empresa.
• A alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em blocos.
• A alienação da empresa, com a venda de suas filias ou unidades produtivas isoladamente. Tem a mesma ideia do inciso I, mas
aqui pode ser que se trate de uma grande sociedade empresária, com diversas filias espalhadas pelo país, por exemplo.
• Alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor.
• Alienação dos bens individualmente considerados.
• Obs.: Pode ser adotada mais de uma modalidade.
Realização do ativo:
• Em regra, a venda se dá sobre alguma das modalidades típicas previstas no art. 142 da LRE.
• A venda pode ser por leilão (por lances orais), proposta fechada e pregão (misto do leilão e proposta fechada).
• Obs.: o artigo 144 da LRE permite a possibilidade de venda de bens diferente das descritas no artigo 142, mediante
requerimento do administrador judicial ou do comitê de credores, devidamente fundamentado.
• A decisão sobre a utilidade da modalidade atípica de venda dos bens compete exclusivamente ao juiz, quando provocado pelo
administrador judicial ou pelo comitê de credores. O juiz, nesse caso, deve apenas homologar a decisão que foi tomada na
assembleia geral de credores por pelo menos 2/3 dos créditos titularizados pelos credores presentes (art. 46 da LRE).
• Obs.: a alienação ela será feita mesmo que o valor seja mais baixo do que o valor da avaliação.
• A massa falida fica dispensada de apresentar certidões negativas.
• Sucessão empresarial: Art. 141 da LRE.
Ordem de classificação dos créditos:
• Essa ordem de classificação vai ter que seguir um detalhadamente.
• A ordem de classificação está descrita no artigo 83 e 84 da LRE.
• São os créditos extraconcursais (art. 84 da LRE) e créditos concursais (art. 83 da
LRE).
• Os primeiros a serem pagos é o extraconcursal. Quais são os principais
créditos extraconcursais? A remuneração do administrador judicial, o
crédito trabalhista decorrente de serviço prestado após a decretação da
falência também, etc.
Créditos concursais:
• Trabalhistas até 150 salários mínimos por credor e acidente de trabalho. O acidente de trabalho não tem limitação, a limitação é só para o
crédito trabalhista. Quanto ao valor que ultrapassar os 150 salários mínimos, será considerado crédito quirografário.
• Crédito com garantia real até o limite do valor do bem gravado. Geralmente, créditos de banco.
• Obs.: Trata-se de crédito não sujeito a rateio, ou seja, nesses casos, o produto da venda do bem dado em garantia real será usado para o pagamento do credor
garantido. Caso o valor seja superior à dívida, utiliza-se o saldo restante para o pagamento dos demais credores, na ordem de classificação. Caso seja o produto
da venda seja insuficiente para o pagamento da divida, o restante dela será classificado como quirografário.
• Crédito tributário: excetuado as multas tributárias.
• Obs.: De acordo com o CTN, existe uma hierarquia interna para o recebimento desses créditos. Primeiro paga os créditos da União e suas autarquias. Depois,
os créditos tributários dos Estados, Distrito Federal, Territórios e suas respectivas autarquias. Por fim, os créditos tributários do Município e suas autarquias.
• Crédito quirografário.
• Multas: Aqui, onde se coloca as multas tributárias.
• Subordinados: Aqui, se inclui os créditos dos sócios, exceto se ele tiver decorrido de vinculo empregatício.
• Obs.: Os valores correspondentes às quotas ou às ações, segundo o artigo 83, §2° da LRE, não são oponíveis a massa. Assim, os sócios – quotistas ou
acionistas – só receberão algum valor referente às suas quotas ou ações se a sociedade falida pagar todos os seus credores, e ainda assim restarem recursos em
caixa, hipótese obviamente dificílima de acontecer na prática.
• Juros após a decretação da falência.
Encerramento da falência:
• Depois de realizado todo o ativo e distribuído o produto entre os credores, o administrador deverá prestar contas no prazo de
30 dias (art. 154 da LRE).
• Depois que o administrador presta as contas, o juiz publica um comunicado de que as contas foram prestadas.
• Qualquer interessado poderá impugnar as contas no prazo de 10 dias. 
• O MP será intimado para impugnação dizendo se é favorável ou não as contas. 
• As contas sendo favorável o Juiz dará a sentença de encerramento.
• Sendo rejeitado, além de o juiz fixar as responsabilidades do administrador judicial, poderá determinar a indisponibilidade
ou o sequestro dos seus bens, servindo a sentença como título executivo para indenização da massa, contra a qual caberá
recurso de apelação.
• Após o julgamento das contas, ainda resta ao administrador judicial uma diligência a ser cumprida, consistente na
apresentação de relatório final, no prazo de 10 dias, no qual ele indicará o valor alcançado com a realização do ativo, o valor
do passivo, os pagamentos que realizou e as responsabilidades com as quais continuará o devedor falido (art. 155 da LRE).
• Após a apresentação desse relatório, o juiz declarará encerrado o processo falimentar por meio de sentença (art. 156 da
LRE).
Reabilitação do falido:
• Terá uma sentença da extinção das obrigações do falido, essa sentença é reivindicada pelo falido.
• Só ocorre se tiver as hipóteses expressas do art. 158 da LRE:
• Art. 158. Extingue as obrigações do falido:
• I – o pagamento de todos os créditos; II - o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos
quirografários, facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir a referida porcentagem se para isso não tiver sido suficiente a
integral liquidação do ativo;  III - (revogado);  IV - (revogado);  V - o decurso do prazo de 3 (três) anos, contado da decretação da falência,
ressalvada a utilização dos bens arrecadados anteriormente, que serão destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou com
pedido de reserva realizado; VI - o encerramento da falência nos termos dos arts. 114-A ou 156 desta Lei.  
• Após cumprido um dos requisitos do artigo 158, “o falido poderá requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por
sentença. § 1º O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de
grande circulação. § 2º No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor pode opor-se ao pedido do falido. § 3º Findo
o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as obrigações
na sentença de encerramento. § 4º A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas e entidades informadas da
decretação da falência. § 5º Da sentença cabe apelação. § 6º Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência (art. 159 da
LRE).

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