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5° Semestre

2020 Direito Empresarial

ANA JULIA BARROS


LEI 11.101/2005 – FALÊNCIA E Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
I – empresa pública e sociedade de
ASPECTOS GERAIS economia mista;

A lei 11.101/2005 é uma legislação específica que II – Instituição financeira pública ou


regula a Recuperação Judicial, a Extrajudicial e a privada, cooperativa de crédito, consórcio,
Falência do empresário e da sociedade entidade de previdência complementar,
empresária. sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora,
sociedade de capitalização e outras
ABRANGÊNCIA DA LEI entidades legalmente equiparadas às
A lei se aplica ao empresário, que é denominado anteriores.
como “devedor”, podendo ser empresários Como lembrar de todas essas empresas?
individuais ou também as sociedades
2 empresas são públicas, ligadas ao estado
empresárias.
- EP
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação
judicial, a recuperação extrajudicial e a - SEM
falência do empresário e da sociedade
3 empresas estão relacionadas a dinheiro, banco
empresária, doravante referidos
e crédito.
simplesmente como devedor.
- Instituição financeira pública ou privada;
Porque a denominação de ‘’devedor’’?
- Cooperativa de crédito;
Por que as hipóteses de decretação de falência
são raras, e estão relacionadas na maioria das - Sociedade de capitalização.
vezes (nem sempre), as dívidas da empresa. Com 4 empresas estão relacionadas a vida pessoal
isso, é raro ter um falido ou uma pessoa que
queira se recuperar, que não esteja devendo. - Consórcio;

- Previdência complementar;
Abrangência
- Sociedade operadora de plano de assistência à
- Empresários Individuais;
saúde;
- Sociedade Empresária.
- Sociedade seguradora.

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DA


EXCEÇÕES RECUPERAÇÃO JUDICIAL E DA FALÊNCIA
Empresários que estão excluídos das disposições Conforme estabelece o art. 3°, o juízo
da lei 11.101/2005. competente para requerimento do pedido de
recuperação judicial, extrajudicial e falência é a
São as exceções do art. 2°, onde serão aplicadas a
comarca do local onde se localiza o principal
elas legislação específica, e não a lei de FRE.
estabelecimento do devedor ou da filial da
empresa que tenha sede fora do brasil.

- Principal estabelecimento: é aquele que tem


maior volume de negócios da empresa.
Art. 3º É competente para homologar o plano de Nesse meio tempo, o pedido de recuperação
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial da empresa X foi deferido, entrando
judicial ou decretar a falência o juízo do local do assim, em fase de processamento.
principal estabelecimento do devedor ou da filial
de empresa que tenha sede fora do Brasil. Passou-se os 80 dias combinados, e a empresa X
não me pagou. Com o inadimplemento da
- Em se tratando de recuperação judicial e obrigação, decidi entrar com uma ação judicial
falência, qual justiça é competente para para obter o ressarcimento do valor devido pela
processar e julgar? empresa.
Justiça Estadual (sempre!) A partir do momento em que eu entrar com a
ação judicial, após a empresa X ter entrado em
SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO E DAS AÇÕES E fase de processamento, o juiz irá suspender a
EXECUÇÕES MOVIDAS EM FACE DO tramitação da minha ação, isso porque a empresa
DEVEDOR está em fase de recuperação judicial.
A suspensão é a paralização feita pelo juiz em
- A ideia dessa suspensão é fazer com que se
relação a prescrição das ações, e execuções em
evite que o credor dilapide seu patrimônio
face do devedor que tem um pedido de
pagando todas as dívidas. Pois quando se está em
recuperação judicial em fase de processamento,
recuperação judicial, há um “modo de
ou a decretação de falência.
pagamento”, e na falência uma “ordem de
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento pagamento”, onde as pessoas que tem créditos a
do processamento da recuperação judicial receber, entram no processo de recuperação, e lá
suspende o curso da prescrição e de todas, (nem será estabelecido o modo de pagamento para
todas, há exceções) as ações e execuções em face cada credor de acordo com a lei.
do devedor, inclusive aquelas dos credores EXCEÇÃO:
particulares do sócio solidário.
Não se suspendem as ações que demandem
Credor: é aquele que tem direito ao crédito, ao quantia ilíquida (não tem valor certo, ex: ação de
dinheiro. indenização), as ações trabalhistas, e também as
de natureza fiscal (ressalvada a concessão de
Sócio solidário: é aquele que tem parcelamento – CNT), não se suspendem pelo
responsabilidade solidária à da sociedade, como deferimento da recuperação judicial.
o sócio da sociedade em nome coletivo, por
exemplo. (responde pelas dívidas da empresa de - Nesses casos a suspensão só vai ocorrer depois
forma solidária). do trânsito em julgado da sentença condenatória,
e entrar na fase de execução para recebimento
- Exemplo para compreensão: do crédito.
Eu (credor) tenho um crédito (dinheiro) para PRAZO DA SUSPENSÃO
receber da empresa X. A empresa X é uma
empresa que entrou com um pedido de O legislador determina o prazo de 180 dias,
recuperação judicial. Depois de uma reunião com contados do deferimento do processamento da
a empresa X, foi realizado um acordo para que a recuperação judicial, entendendo este, ser um
empresa me pagasse o crédito devido no prazo prazo razoável para conseguir aprovar o plano de
de 80 dias. recuperação. Passando-se o prazo de 180 dias, se
o plano de recuperação foi aprovado, os credores
não irão continuar com as ações, porque o
recebimento dos créditos será de acordo com o devedor (art.6º, §8º), obedecendo assim, a
plano. Se o plano não foi aprovado dentro do ordem de apresentação (art.78, caput).
prazo de 180 dias, a lei em seu artigo 6º, §4º é
Art. 6º (...) § 8º A distribuição do pedido de
bem clara ao aduzir que se reestabelece o direito
falência ou de recuperação judicial previne a
dos credores de iniciar ou continuar suas ações e jurisdição para qualquer outro pedido de
execuções independentemente de recuperação judicial ou de falência, relativo ao
pronunciamento do juiz. mesmo devedor.

Art. 6º (...) § 4º Na recuperação judicial, a


suspensão de que trata o caput deste artigo em
Art. 78. Os pedidos de falência estão sujeitos a
hipótese nenhuma excederá o prazo
distribuição obrigatória, respeitada a ordem
improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias
de apresentação.
contado do deferimento do processamento da
recuperação, restabelecendo-se, após o decurso Parágrafo único. As ações que devam ser
do prazo, o direito dos credores de iniciar ou propostas no juízo da falência estão sujeitas a
continuar suas ações e execuções, distribuição por dependência.
independentemente de pronunciamento judicial.

ENTENDIMENTO STJ Art. 79. Os processos de falência e os seus


incidentes preferem a todos os outros na
Apesar da clareza do artigo acima dizer que “em
ordem dos feitos, em qualquer instância.
hipótese nenhuma excederá o prazo
improrrogável (stay period) de 180 dias” o STJ
firmou entendimento de que é possível a
prorrogação do prazo, a depender do caso ADMINISTRADOR JUDICIAL
concreto e principalmente, quando a demora na O Administrador Judicial é uma pessoa física ou
aprovação do plano não decorre de culpa do jurídica nomeada pelo juiz, desde que seja
empresário, como por exemplo, a demora do profissional idôneo, preferencialmente advogado,
judiciário. economista, administrador de empresas ou
contador, ou pessoa jurídica especializada,
Enunciado 9º - “A flexibilização do prazo do stay podendo contar ainda com a ajuda de
period pode ser admitida, em caráter colaboradores, que vão auxiliar no processo de
excepcional, desde que a recuperanda não haja recuperação, dependendo de autorização do juiz.
concorrido com a superação do lapso temporal e Sua função é remunerada e indelegável.
a dilação se faça por prazo determinado.”
- Embora a lei dê preferência, ela não exige que o
administrador judicial seja de alguma dessas
PREVENÇÃO DO JUÍZO áreas (profissões) mencionadas no art. 21.
A prevenção do juízo na recuperação judicial e
falência visa evitar decisões contraditórias de Art. 21. O administrador judicial será profissional
seus incidentes em qualquer outra instância idôneo, preferencialmente advogado, economista,
(art.79, caput), onde estando provento o juízo, as administrador de empresas ou contador, ou
distribuições ocorreram por dependência do pessoa jurídica especializada.
processo principal (art.78, §ú), prevenindo o juízo
para qualquer outro pedido referente ao mesmo
COMPETÊNCIA DO ADMINISTRADOR JUDICIAL Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a
fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros
O administrador judicial, com a função de
deveres que esta Lei lhe impõe:
interventor, sendo um auxiliar qualificado do
juízo em busca do bom andamento do processo, I – na recuperação judicial e na falência:
sob fiscalização do juiz e do comitê, possui
a) enviar correspondência aos credores constantes
diversas atribuições, especialmente as do art. 22.
na relação de que trata o inciso III do caput do art.
- Em caso de infração, o administrador será 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do
substituído e não poderá exercer o cargo no caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do
prazo de 5 anos, além da responsabilização civil e pedido de recuperação judicial ou da decretação da
criminal apurado pelo ministério público por má falência, a natureza, o valor e a classificação dada
administração. ao crédito;
Vale destacar que o Administrador Judicial não b) fornecer, com presteza, todas as informações
necessariamente administrará a sociedade pedidas pelos credores interessados;
empresária falida ou em recuperação (ele pode
c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão
apenas envolver a relação entre empresa e
fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas
credor, do que a sociedade em si – mas isso não
habilitações e impugnações de créditos;
quer dizer que ele não possa administrar a
sociedade). d) exigir dos credores, do devedor ou seus
administradores quaisquer informações;
O juiz pode manter os atuais administradores e
colocar o administrador judicial para cuidar mais e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2º
do processo, como também pode tirar os atuais do art. 7º desta Lei;
administradores da empresa, e deixar somente o
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos
administrador judicial nomeado.
do art. 18 desta Lei;
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral
de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando
entender necessária sua ouvida para a tomada de
decisões;
h) contratar, mediante autorização judicial,
profissionais ou empresas especializadas para,
quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas
funções;
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;
II – na recuperação judicial: considerável desvalorização ou de conservação
arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113
a) fiscalizar as atividades do devedor e o
desta Lei;
cumprimento do plano de recuperação judicial;
l) praticar todos os atos conservatórios de
b) requerer a falência no caso de
direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas
descumprimento de obrigação assumida no
e dar a respectiva quitação;
plano de recuperação;
m) remir, em benefício da massa e mediante
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos,
autorização judicial, bens apenhados,
relatório mensal das atividades do devedor;
penhorados ou legalmente retidos;
d) apresentar o relatório sobre a execução do
n) representar a massa falida em juízo,
plano de recuperação, de que trata o inciso III do
contratando, se necessário, advogado, cujos
caput do art. 63 desta Lei;
honorários serão previamente ajustados e
III – na falência: aprovados pelo Comitê de Credores;
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em o) requerer todas as medidas e diligências que
que, diariamente, os credores terão à sua forem necessárias para o cumprimento desta Lei,
disposição os livros e documentos do falido; a proteção da massa ou a eficiência da
administração;
b) examinar a escrituração do devedor;
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até
c) relacionar os processos e assumir a
o 10º (décimo) dia do mês seguinte ao vencido,
representação judicial da massa falida;
conta demonstrativa da administração, que
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao especifique com clareza a receita e a despesa;
devedor, entregando a ele o que não for assunto
q) entregar ao seu substituto todos os bens e
de interesse da massa;
documentos da massa em seu poder, sob pena
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, de responsabilidade;
contado da assinatura do termo de
r) prestar contas ao final do processo, quando for
compromisso, prorrogável por igual período,
substituído, destituído ou renunciar ao cargo.
relatório sobre as causas e circunstâncias que
conduziram à situação de falência, no qual
apontará a responsabilidade civil e penal dos
REMUNERAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL
envolvidos, observado o disposto no art. 186
desta Lei; A Remuneração do Administrador Judicial é
estabelecida somente pelo juiz, não podendo
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e
exceder à 5% do valor devido na recuperação, ou
elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos
do valor da venda dos bens na falência. (art. 24,
arts. 108 e 110 desta Lei;
caput).
g) avaliar os bens arrecadados;
Quando for Micro Empresa (ME) e Empresa de
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, Pequeno Porte (EPP), e Micro Empresa Individual
mediante autorização judicial, para a avaliação (MEI) o limite será de 2%.
dos bens caso entenda não ter condições
- Empresas = 5%
técnicas para a tarefa;
- ME, EPP, MEI = 2%
i) praticar os atos necessários à realização do
ativo e ao pagamento dos credores;
j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens
perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a
Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de Art. 64. Durante o procedimento de recuperação
pagamento da remuneração do administrador judicial, o devedor ou seus administradores
judicial, observados a capacidade de pagamento do
serão mantidos na condução da atividade
devedor, o grau de complexidade do trabalho e os
empresarial, sob fiscalização do Comitê, se
valores praticados no mercado para o desempenho
houver, e do administrador judicial, salvo se
de atividades semelhantes.
qualquer deles:

GESTOR JUDICIAL I – houver sido condenado em sentença penal


transitada em julgado por crime cometido em
O Gestor Judicial é um profissional nomeado pelo
recuperação judicial ou falência anteriores ou
juiz, sob indicação da assembleia - geral de
por crime contra o patrimônio, a economia
credores, e consiste na substituição que ocorre
popular ou a ordem econômica previstos na
em face do administrador judicial (art. 65, caput),
legislação vigente;
quando este tiver indícios de fraude e má gestão,
ou qualquer dos atos previstos no art. 64 e seus II – houver indícios veementes de ter cometido
incisos. crime previsto nesta Lei;

OBS: Na Recuperação Judicial, os devedores ou III – houver agido com dolo, simulação ou fraude
administradores, continuaram, via de regra, na contra os interesses de seus credores;
administração empresarial sob fiscalização do
IV – houver praticado qualquer das seguintes
administrador e do comitê. Caso o devedor for
condutas:
afastado será nomeado um gestor judicial, que
terá poderes para gerir a empresa (art. 64, §ú). a) efetuar gastos pessoais manifestamente
excessivos em relação a sua situação
patrimonial;

b) efetuar despesas injustificáveis por sua


natureza ou vulto, em relação ao capital ou
gênero do negócio, ao movimento das
operações e a outras circunstâncias análogas;

c) descapitalizar injustificadamente a empresa


ou realizar operações prejudiciais ao seu
funcionamento regular;

d) simular ou omitir créditos ao apresentar a


relação de que trata o inciso III do caput do art.
51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou
amparo de decisão judicial;

V – negar-se a prestar informações solicitadas


pelo administrador judicial ou pelos demais
membros do Comitê;

VI – tiver seu afastamento previsto no plano de


recuperação judicial.
Art. 64 (...) Parágrafo único: Verificada qualquer Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por
deliberação de qualquer das classes de credores
das hipóteses do caput deste artigo, o juiz
na assembléia-geral e terá a seguinte composição:
destituirá o administrador, que será substituído
na forma prevista nos atos constitutivos do I – 1 (um) representante indicado pela classe de
devedor ou do plano de recuperação judicial. credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes;

II – 1 (um) representante indicado pela classe de


credores com direitos reais de garantia ou
Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas
privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
hipóteses previstas no art. 64 desta Lei, o juiz
convocará a assembléia-geral de credores para III – 1 (um) representante indicado pela classe de
deliberar sobre o nome do gestor judicial que credores quirografários e com privilégios gerais,
assumirá a administração das atividades do com 2 (dois) suplentes.
devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas
as normas sobre deveres, impedimentos e IV - 1 (um) representante indicado pela classe de
remuneração do administrador judicial. credores representantes de microempresas e
empresas de pequeno porte, com 2 (dois)
suplentes.

COMITÊ DE CREDORES
O Comitê de Credores consiste em uma Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes
composição formada por um representante de atribuições, além de outras previstas nesta Lei:
cada classe de credores, e dois suplentes eleitos
em assembleia – geral e sem remuneração, onde I – na recuperação judicial e na falência:
abrange todos os tipos de credores (art.26 e
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas
incisos).
do administrador judicial;
O comitê de credores é facultativo, não é
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo
obrigatório na recuperação judicial ou na
cumprimento da lei;
falência, sendo este constituído a partir de
deliberação(votação) dos credores na assembleia c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos
– geral, isso porque a constituição do comitê gera direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;
custos, e este pode nunca existir.
d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer
- A função do comitê está prevista no art. 27, e reclamações dos interessados;
está relacionada com as atividades de
fiscalização. e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-
geral de credores;
Não havendo comitê, as atribuições serão
f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
realizadas pelo administrador judicial, quando
forem compatíveis (art.27, §2º). II – na recuperação judicial:
- Um papel importante do comitê é fiscalizar
a) fiscalizar a administração das atividades do
também a atuação do administrador judicial. devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias,
relatório de sua situação;
A ideia é que algumas decisões sejam feitas pelo
comitê, e não pela assembleia – geral, isso b) fiscalizar a execução do plano de recuperação
porque é muito demorado convocar a judicial;
assembleia.
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer ou representantes legais ou deles for amigo,
o afastamento do devedor nas hipóteses previstas inimigo ou dependente.
nesta Lei, a alienação de bens do ativo
permanente, a constituição de ônus reais e outras
garantias, bem como atos de endividamento ASSEMBLEIA - GERAL DE CREDORES
necessários à continuação da atividade
empresarial durante o período que antecede a A Assembleia – geral de credores é o órgão
aprovação do plano de recuperação judicial. principal da recuperação judicial e da falência, e
que possui as principais funções, como a
1º Classe = Trabalhistas (vínculo trabalhista, ou
representação de vontade e interesses dos
crédito decorrente de acidente de trabalho).
credores conforme estabelece o art. 35, razão
2º Classe = Direitos Reais + Privilégios Especiais pela qual sua importância é bastante grande.
(aqueles relacionados ao patrimônio, ou que a lei
atribuí créditos especiais). Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por
atribuições deliberar sobre:
3º Classe = Quirografários + Privilégios Reais (são
créditos gerais sem classificação legal específica). I – na recuperação judicial:

4º Classe = ME e EPP (aqueles em que são a) aprovação, rejeição ou modificação do plano


credores uma ME ou EPP) – preferência legal e de recuperação judicial apresentado pelo
constitucional. devedor;

IMPEDIDOS DE PARTICIPAR DO COMITÊ b) a constituição do Comitê de Credores, a


escolha de seus membros e sua substituição;
A Lei de FRE em seu art. 30, prevê aqueles são
impedidos de participar do comitê, c) (VETADO)
especialmente se forem destituídas do cargo nos
d) o pedido de desistência do devedor, nos
últimos 5 anos, tiver contas reprovadas ou não
termos do § 4º do art. 52 desta Lei;
apresentá – las em prazo legal, e ser parente até
3º grau com o devedor, administrador, e) o nome do gestor judicial, quando do
controlador ou representante, ou for amigo, afastamento do devedor;
inimigo ou dependente financeiro.
f) qualquer outra matéria que possa afetar os
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou interesses dos credores;
exercer as funções de administrador judicial II – na falência:
quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício
do cargo de administrador judicial ou de a) (VETADO)
membro do Comitê em falência ou recuperação
b) a constituição do Comitê de Credores, a
judicial anterior, foi destituído, deixou de
escolha de seus membros e sua substituição;
prestar contas dentro dos prazos legais ou teve
a prestação de contas desaprovada. c) a adoção de outras modalidades de realização
do ativo, na forma do art. 145 desta Lei;
§ 1º Ficará também impedido de integrar o
Comitê ou exercer a função de administrador d) qualquer outra matéria que possa afetar os
judicial quem tiver relação de parentesco ou interesses dos credores.
afinidade até o 3º (terceiro) grau com o
devedor, seus administradores, controladores - Na Recuperação Judicial a principal função da
Assembleia é deliberar sobre a aprovação ou não
do plano de recuperação judicial.
- Na Falência, a Assembleia poderá deliberar classe, obedecendo o intervalo mínimo de 5 dias
sobre a formação ou não do Comitê de Credores, para a segunda convocação.
adoção de outras formas de realização do ativo
(venda dos patrimônios para arrecadação de Art. 36 (...) § 2º Além dos casos
dinheiro), bem como qualquer outra matéria que expressamente previstos nesta Lei, credores
interesse aos credores. que representem no mínimo 25% (vinte e cinco
por cento) do valor total dos créditos de uma
Sua composição é feita conforme o art. 41, onde determinada classe poderão requerer ao juiz a
todos os credores podem participar, por isso a convocação de assembléia-geral.
denominação de “Assembleia – Geral”.

A composição de todos os credores é dividida - A primeira abertura da Assembleia – Geral de


pela lei através de “classes”, sendo estas: Credores é feita por maioria absoluta dos créditos
de cada classe, e em segunda convocação,
- Classes de Direitos Trabalhistas; obedecendo o intervalo de 5 dias, o valor pode
ser um valor qualquer. (art. 37, §2º).
- Classes de Garantias Reais;

- Classe de Quirografários com Privilégios Art. 37 (...) § 2º A assembléia instalar-se-á, em 1ª


Especiais e Gerais, ou Subordinados (classe que (primeira) convocação, com a presença de
mais tem representantes); credores titulares de mais da metade dos créditos
de cada classe, computados pelo valor, e, em 2ª
- Classe de ME ou EPP. (segunda) convocação, com qualquer número.

Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas


seguintes classes de credores:

I – titulares de créditos derivados da legislação


do trabalho ou decorrentes de acidentes de
trabalho;

II – titulares de créditos com garantia real;

III – titulares de créditos quirografários, com


privilégio especial, com privilégio geral ou
subordinados.

IV - titulares de créditos enquadrados como


microempresa ou empresa de pequeno porte.

- As Classes da Assembleia são diferentes da


composição do Comitê.

- A Convocação da Assembleia – Geral de


Credores será feita pelo juiz através de edital
publicado em jornais oficiais e de grande
circulação, como por exemplo o DJE.

Essa convocação também pode ser feita por 25%


dos créditos dos credores de uma determinada
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

ASPECTOS GERAIS O Pedido de Recuperação é feito somente pelo


devedor (empresário individual, ou sociedade
A Recuperação Judicial é a reorganização empresária). O credor não pode pedir
econômica e financeira de uma empresa, feita recuperação judicial do empresário.
com a intermediação da Justiça, por meio de
processo judicial para evitar a sua falência. É diferente da falência, onde o pedido pode ser
feito pelo devedor (auto falência), e também por
O objetivo da Recuperação da Empresa, seja no um credor, por exemplo.
âmbito judicial ou extrajudicial (possibilidade de a
recuperação ser feita em juízo ou fora dele), é a - A recuperação judicial também poderá ser
superação da crise econômica, financeira e requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros
patrimonial do empresário, afim de que suas do devedor, inventariante ou sócio
atividades não sejam encerradas, evitando assim remanescente. (art. 48, §1º).
a sua falência, com o cumprimento de sua função
- O Devedor deve querer a recuperação a
social, tudo isso devido ao “princípio da
primeiro momento, obedecendo os requisitos do
preservação da empresa.” (art. 47,caput).
art. 48.
- Empresário = é aquele que exerce
- Empresa com protesto pode pedir recuperação
profissionalmente uma atividade econômica
judicial?
organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços. A existência de protesto em nome do devedor
não impede o pedido de recuperação judicial,
- “Princípio da Preservação da Empresa” =
pois não está como requisito de concessão, e
Preservação da Atividade (função social).
representa prova de dificuldade econômico –
- Sendo assim, a ideia é salvar a empresa, devido financeiro.
a sua função social, que é entendida como a sua
Protesto = é uma declaração pública de dívida.
atividade, e não o empresário.
REQUISITOS PARA FAZER PEDIDO DE
E o por que disso?
RECUPERAÇÃO
Porque por mais que o empresário não tenha 1. Exercer atividade a mais de 2 anos.
sido um bom administrador para a empresa, “Verificação da Viabilidade da Atividade”- porque
aquela atividade prestada, em função da se a empresa não possui mais de 2 anos e já está
sociedade, gera um certo lucro, empregos, quebrada, presume-se que a empresa\atividade
arrecadação de tributos e etc... sendo por essas não é viável, fazendo com que o Estado não
razões, necessário preservar essa atividade tenha interesse de que a empresa se recupere.
(empresa). Agora se a empresa possui mais de 2 anos,
presume-se ser uma atividade viável.
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo 2. Estar regulamente registrado. (registro
viabilizar a superação da situação de crise comprovado no ato constitutivo – A sociedade de
econômico-financeira do devedor, a fim de permitir fato ou irregular que não possui o registro, perde
a manutenção da fonte produtora, do emprego dos alguns direitos, como o de pedir a recuperação
trabalhadores e dos interesses dos credores, judicial, estando sujeito à falência).
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
- Sociedade de fato = não tem ato constitutivo,
função social e o estímulo à atividade econômica. nem o registro.
- Sociedade irregular = tem ato constitutivo mas EMPRESÁRIO RURAL
não tem registro.
Quais são os requisitos para comprovação do
3. Não ser falida, ou estar com declarações registro de 2 anos de atividade do Empresário
extintas, e responsabilidade decorrente tiver Rural? (art. 48, §2º).
extinguida pela reabilitação.
Art. 48 (...) § 2º Tratando-se de exercício de
4. Não ter a menos de 5 anos obtido concessão atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
de outra recuperação judicial para evitar pedidos comprovação do prazo estabelecido no caput deste
contínuos e fraude contra os credores. – Fazendo artigo por meio da Declaração de Informações
com que o benefício de recuperação judicial não Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que
seja usado de forma indevida pelo empresário. tenha sido entregue tempestivamente.
5. Não ter obtido concessão de recuperação DIPJ – Declaração de Imposto de Renda da Pessoa
judicial nos últimos 5 anos – Específicos para ME Jurídica.
e EPP.
O Empresário Rural não é obrigado a fazer o
6. Não ter sido condenado, ou ter administrador registro nos órgãos competentes para comprovar
ou sócio condenado por crime falimentar. a sua atividade regular no prazo de 2 anos. Ele
poderá utilizar como prova a DIPJ, desde que esta
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o tenha sido entregue dentro do prazo.
devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 PLANO DE RECUPERAÇÃO
(dois) anos e que atenda aos seguintes
O Plano de Recuperação é um ato formal
requisitos, cumulativamente:
apresentados aos credores, que conterá os
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas meios, prazos e condições de recuperação da
extintas, por sentença transitada em julgado, empresa e pagamento dos créditos, com
as responsabilidades daí decorrentes; participação ativa dos credores. (art. 50).

II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido ABRANGÊNCIA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL (art.
concessão de recuperação judicial; 50, inciso I).

III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido - Prazos especiais de pagamento das obrigações
concessão de recuperação judicial com base no Vencidas e Vincendas.
plano especial de que trata a Seção V deste
- Vencidas = já termino o prazo, venceu.
Capítulo;
- Vincendos = irá vencer.
IV – não ter sido condenado ou não ter, como
administrador ou sócio controlador, pessoa
Art. 50. Constituem meios de recuperação
condenada por qualquer dos crimes previstos
judicial, observada a legislação pertinente a
nesta Lei.
cada caso, dentre outros:

I – concessão de prazos e condições especiais


para pagamento das obrigações vencidas ou
Art. 48 (...) §1º A recuperação judicial também vincendas;
poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente,
herdeiros do devedor, inventariante ou sócio II – cisão, incorporação, fusão ou transformação
remanescente. de sociedade, constituição de subsidiária
integral, ou cessão de cotas ou ações,
respeitados os direitos dos sócios, nos termos da PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
legislação vigente;
FASE POSTULATÓRIA
III – alteração do controle societário;
A Fase Postulatória é iniciada através da
IV – substituição total ou parcial dos apresentação da Petição Inicial pelo devedor
administradores do devedor ou modificação de (aquele que necessita se recuperar), que pode ser
seus órgãos administrativos; empresário individual ou sociedade empresária,
com todos os documentos exigidos por lei, para
V – concessão aos credores de direito de eleição
demonstrar a capacidade de reestruturação de
em separado de administradores e de poder de
forma transparente para o juiz, e para os
veto em relação às matérias que o plano
credores analisarem a possibilidade de cumprir o
especificar;
plano de recuperação e manter a empresa ativa.
VI – aumento de capital social;
- A ideia é que o processo de recuperação judicial
VII – trespasse ou arrendamento de seja feito através de vontade do devedor.
estabelecimento, inclusive à sociedade
- Os documentos para transparecer a realidade
constituída pelos próprios empregados;
da empresa, devem estar contidos na petição
VIII – redução salarial, compensação de horários inicial de acordo com o art. 51, especialmente as
e redução da jornada, mediante acordo ou demonstrações contábeis dos últimos 3 anos de
convenção coletiva; exercício, com fluxo de caixa e sua projeção;
relação de credores e valores; empregados;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas certidões de protesto; bens dos sócios; contas
do passivo, com ou sem constituição de garantia bancárias e etc.
própria ou de terceiro;
- Em se tratando de ME e EPP os documentos
X – constituição de sociedade de credores; contábeis podem ser demonstrados de forma
simplificada, estando disponíveis ao juiz,
XI – venda parcial dos bens;
administrador ou qualquer interessado, por meio
XII – equalização de encargos financeiros de autorização judicial, com possibilidade de
relativos a débitos de qualquer natureza, tendo depósito em cartório.
como termo inicial a data da distribuição do
A falta de requisitos da petição inicial, gera
pedido de recuperação judicial, aplicando-se
indeferimento do processamento sem resolução
inclusive aos contratos de crédito rural, sem
de mérito.
prejuízo do disposto em legislação específica;
- Em caso de indeferimento do processamento, o
XIII – usufruto da empresa;
juiz extinguirá o processo sem resolução do
XIV – administração compartilhada; mérito, dessa forma, nada impede que o devedor
faça novo pedido de recuperação judicial.
XV – emissão de valores mobiliários;

XVI – constituição de sociedade de propósito


específico para adjudicar, em pagamento dos
créditos, os ativos do devedor.

OBS: As formas do art. 50, não são taxativas.


Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial fundos de investimento ou em bolsas de valores,
será instruída com: emitidos pelas respectivas instituições
financeiras;
I – a exposição das causas concretas da situação
patrimonial do devedor e das razões da crise VIII – certidões dos cartórios de protestos
econômico-financeira; situados na comarca do domicílio ou sede do
devedor e naquelas onde possui filial;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3
(três) últimos exercícios sociais e as levantadas IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as
especialmente para instruir o pedido, ações judiciais em que este figure como parte,
confeccionadas com estrita observância da inclusive as de natureza trabalhista, com a
legislação societária aplicável e compostas estimativa dos respectivos valores demandados.
obrigatoriamente de:
DESPACHO DE PROCESSAMENTO - (Decisão
a) balanço patrimonial;
Judicial).
b) demonstração de resultados acumulados;
Depois de feita a petição inicial, obedecendo
c) demonstração do resultado desde o último todos os requisitos, o juiz irá analisar a viabilidade
exercício social; do pedido de processamento da recuperação
judicial.
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua
projeção; - Ocorrendo o deferimento do processamento da
recuperação judicial, através de despacho feito
III – a relação nominal completa dos credores, pelo juiz para possibilitar o andamento da
inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de recuperação judicial, quais efeitos são gerados
dar, com a indicação do endereço de cada um, a através dessa decisão? (art. 52).
natureza, a classificação e o valor atualizado do
crédito, discriminando sua origem, o regime dos 1. Nomeação do Administrador Judicial;
respectivos vencimentos e a indicação dos
2. Suspensão pelo prazo de 180 dias de todas (há
registros contábeis de cada transação pendente;
exceções) as ações, e execuções que demandem
IV – a relação integral dos empregados, em que quantias ilíquidas, execuções fiscais, e de
constem as respectivas funções, salários, credores excluídos do plano de recuperação;
indenizações e outras parcelas a que têm direito,
3. Dispensa de certidões negativas, salvo para
com o correspondente mês de competência, e a
benefícios fiscais e contratação do poder público.
discriminação dos valores pendentes de
– O estado busca facilitar que esse empresário
pagamento;
em recuperação continue exercendo a atividade,
V – certidão de regularidade do devedor no mas desde que essa facilitação não prejudique os
Registro Público de Empresas, o ato constitutivo interesses do estado;
atualizado e as atas de nomeação dos atuais
4. Apresentação de contas demonstrativas
administradores;
mensais. – Para analisar se estão ou não
VI – a relação dos bens particulares dos sócios cumprindo o plano de recuperação;
controladores e dos administradores do devedor;
5. Fazer constar no nome empresarial “Em
VII – os extratos atualizados das contas bancárias Recuperação Judicial” – Para que todas saibam
do devedor e de suas eventuais aplicações que está em recuperação.
financeiras de qualquer modalidade, inclusive em
- Deferido o processamento, poderá formar o V – ordenará a intimação do Ministério Público e
comitê de credores. a comunicação por carta às Fazendas Públicas
- O juiz determinará expedição de edital, Federal e de todos os Estados e Municípios em
contendo resumo do pedido e da decisão de que o devedor tiver estabelecimento.
processamento, relação de credores e valores, e
advertência do prazo de habilitação e objeção ao OBS: SÚMULA 581 – STJ
plano. As execuções fiscais, ações que demandem
quantias ilíquidas e ações trabalhistas, não são
- Além disso, com a intimação do devedor a suspensas. (art. 6º, §§ 1º, 7º).
respeito da decisão que autorizou o
processamento do pedido de recuperação, inicia- Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do
se o prazo de 60 dias para a apresentação do devedor principal não impede o prosseguimento
plano de recuperação. Caso haja o das ações e execuções ajuizadas contra terceiros
descumprimento do prazo de 60 dias após a devedores solidários ou coobrigados em geral,
decisão que defere o processamento e intima o por garantia cambial, real ou fidejussória.
devedor, é decretado a falência deste. Ocorrendo
com isso a convolação, onde o plano que antes
era de recuperação, passará a ser de falência.
Art. 6º (...) § 1º § Terá prosseguimento no juízo
Art. 52. Estando em termos a documentação
no qual estiver se processando a ação que
exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o
demandar quantia ilíquida. § 7º As execuções de
processamento da recuperação judicial e, no
natureza fiscal não são suspensas pelo
mesmo ato:
deferimento da recuperação judicial, ressalvada
I – nomeará o administrador judicial, observado o a concessão de parcelamento nos termos do
disposto no art. 21 desta Lei; Código Tributário Nacional e da legislação
ordinária específica.
II – determinará a dispensa da apresentação de
certidões negativas para que o devedor exerça
suas atividades, exceto para contratação com o
Poder Público ou para recebimento de benefícios OBS: De acordo com o art. 66, o devedor não
ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o poderá alienar ou onerar seus bens a partir da
disposto no art. 69 desta Lei; distribuição do pedido e não do despacho, salvo
se o juiz reconhecer utilidade ouvindo o comitê,
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou com exceção dos bens previstos no plano para
execuções contra o devedor, na forma do art. 6º venda.
desta Lei, permanecendo os respectivos autos no
juízo onde se processam, ressalvadas as ações Art. 66. Após a distribuição do pedido de
previstas nos §§ 1º , 2º e 7º do art. 6º desta Lei e recuperação judicial, o devedor não poderá
as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo
3º e 4º do art. 49 desta Lei; permanente, salvo evidente utilidade
reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o
IV – determinará ao devedor a apresentação de
Comitê, com exceção daqueles previamente
contas demonstrativas mensais enquanto perdurar
relacionados no plano de recuperação judicial.
a recuperação judicial, sob pena de destituição de
seus administradores;
NOVAÇÃO RETARDATÁRIOS

Consiste em uma novação de créditos que serão Retardatários é a denominação dada para os
renegociados de acordo com o plano de créditos que não foram apresentados pelos
recuperação. (é uma nova obrigação de credores dentro do prazo de habilitação (15 dias).
pagamento com base no plano de recuperação).
- O crédito retardatário perde o direito na
- O plano de recuperação gera uma novação de assembleia - geral, salvo o trabalhista.
créditos.
OBS: Qualquer credor pode discordar do plano de
HABILITAÇÃO (art. 7, §§ 1º,2º) recuperação no prazo de 30 dias, contados da
apresentação da relação de credores. Havendo
Após publicado o edital, os credores terão 15 dias
objeção, o juiz convocará a assembleia geral em
corridos para apresentar ou questionar
até 150 dias do deferimento para deliberar sobre
diferenças do crédito relacionado ao plano de
as impugnações.
recuperação. Após esse prazo, o administrador
apresentará nova relação de credores em 45 dias. Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao
- Uma vez deferido o processamento o devedor juiz sua objeção ao plano de recuperação
não poderá desistir do pedido, salvo aprovação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da
da Assémbleia- Geral. publicação da relação de credores de que trata o
§ 2º do art. 7º desta Lei.
Art. 7º A verificação dos créditos será realizada
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da
pelo administrador judicial, com base nos livros
relação de que trata o caput deste artigo, não
contábeis e documentos comerciais e fiscais do
tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53,
devedor e nos documentos que lhe forem
parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da
apresentados pelos credores, podendo contar
publicação deste o prazo para as objeções.
com o auxílio de profissionais ou empresas
especializadas.
2º FASE – DELIBERATIVA
§ 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º ,
O objetivo principal dessa fase é deliberar (votar),
ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os
sobre a aprovação do plano de recuperação
credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para
judicial, por isso a nomenclatura “deliberativa”.
apresentar ao administrador judicial suas
habilitações ou suas divergências quanto aos A aprovação ocorrerá na Assembleia – Geral, ou
créditos relacionados. por meio de decisão judicial, atendidas certas
condições.
§ 2º O administrador judicial, com base nas
informações e documentos colhidos na forma do - Fase Deliberativa = Aprovação do plano.
caput e do § 1º deste artigo, fará publicar edital
contendo a relação de credores no prazo de 45 Quem faz a prima analise é a Assembleia. Se a
(quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo aprovação ocorrer na assembleia fica aprovado o
do § 1º deste artigo, devendo indicar o local, o plano, até para quem era contra.
horário e o prazo comum em que as pessoas Aprovação nos termos da lei = todos ficam
indicadas no art. 8º desta Lei terão acesso aos sujeitos ao plano.
documentos que fundamentaram a elaboração
dessa relação. - O que é preciso para que ocorra a aprovação do
plano? (art. 45).
Todas as classes deverão aprovar a proposta para Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de
que ocorra a aprovação do plano de recuperação recuperação judicial, todas as classes de
judicial. credores referidas no art. 41 desta Lei deverão
- Se não houver aprovação (devido ao quórum aprovar a proposta.
necessário), o juiz pode suprir essa decisão?
- Vale destacar que nem todos os credores
Sim, desde que não tenha havido aprovação, mas incluídos no plano terão direito a voto, já que o
tenha tido uma adesão ao plano. credor que não teve alteração quanto ao valor ou
condições originais de pagamento de seu crédito,
1. Aprovação de todas as classes mencionadas no
não poderá votar, pois o plano será benéfico a
art. 41.
ele.
2. Aprovação da classe do art. 41, inciso II e III,
Só poderá votar na aprovação do plano aquele
com mais de 50% dos créditos presentes
que tinha uma forma de pagamento e o plano o
(valores), e mais 50% dos credores presentes
alterou, prejudicando-o.
(pessoas).
Exemplo: No contrato estava determinado o
Art. 41 (...) II – titulares de créditos com garantia pagamento em 2 parcelas, com o plano de
real; III – titulares de créditos quirografários, recuperação, o pagamento será feito em 10
com privilégio especial, com privilégio geral ou parcelas.
subordinados. – Estes são Intermediários.
- E se caso não se consiga atingir as aprovações
necessárias, acima mencionadas, o plano será
3. Aprovação da classe do art. 41, inciso I e IV por
rejeitado, ocorrendo com isso a decretação de
maioria simples dos credores presentes
falência?
(pessoas). – aqui não importa o valor do crédito.
Não, já que o juiz poderá aprova-lo se atendidas
Art. 41 (...) I – titulares de créditos derivados da as seguintes condições cumulativas (art. 58, §1º,
legislação do trabalho ou decorrentes de incisos I, II, e III).
acidentes de trabalho; IV - titulares de créditos
enquadrados como microempresa ou empresa Art. 58. § 1º O juiz poderá conceder a
de pequeno porte. – Estes são mais Vulneráveis. recuperação judicial com base em plano que
não obteve aprovação na forma do art. 45
Resumindo: desta Lei, desde que, na mesma assembléia,
- Classe com créditos de garantia real, tenha obtido, de forma cumulativa:
quirografários com privilégios geral e especial, e I – o voto favorável de credores que
subordinados = Aprovação com 50% dos créditos representem mais da metade do valor de todos
presentes (valores), e mais 50% dos credores os créditos presentes à assembléia,
presentes (pessoas). independentemente de classes;
- Classe com créditos de trabalho, acidentes de II – a aprovação de 2 (duas) das classes de
trabalho e relacionados a ME e EPP = Aprovação credores nos termos do art. 45 desta Lei ou,
por maioria simples dos credores presentes caso haja somente 2 (duas) classes com
(pessoas). credores votantes, a aprovação de pelo menos
1 (uma) delas;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto § 1º Durante o período estabelecido no caput
favorável de mais de 1/3 (um terço) dos deste artigo, o descumprimento de qualquer
credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º obrigação prevista no plano acarretará a
do art. 45 desta Lei. convolação da recuperação em falência, nos
termos do art. 73 desta Lei.
- Caso não seja possível a aprovação do plano, e
ele seja rejeitado, será decretada a falência. CRÉDITOS TRABALHISTAS

3º FASE – EXECUÇÃO Estes créditos trabalhistas e decorrentes de


Uma vez aprovado o plano de recuperação, o acidentes de trabalho deverão ser pagos no prazo
devedor permanecerá nesta condição de inferior a 1 ano, e os créditos trabalhistas de
recuperação, até que cumpram todas as natureza estritamente salarial, no prazo máximo
obrigações previstas no plano que se venceram de 30 dias deverão ser pagos os créditos vencidos
até 2 anos depois da concessão da recuperação nos últimos 3 messes, limitado ao teto de 5
judicial. salários mínimos.

- O plano terá uma obrigação de pagamento, se o Art. 54. O plano de recuperação judicial não
devedor cumprir com estas obrigações até 2 poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para
anos, ele não estará mais em recuperação (mas pagamento dos créditos derivados da legislação
isso não quer dizer que ele não terá que cumprir do trabalho ou decorrentes de acidentes de
com o restante das obrigações). trabalho vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial.
- Se não cumprir com as obrigações em 2 anos,
será decretada a falência. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda,
prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o
- Em relação ao cumprimento do plano, em
pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-
regra, deve-se seguir à risca o nele contido, ou
mínimos por trabalhador, dos créditos de
seja, as obrigações devem ser fielmente
natureza estritamente salarial vencidos nos 3
cumpridas, sob pena de convolação
(três) meses anteriores ao pedido de
(transformação) da recuperação em falência do
recuperação judicial.
devedor (empresário). (art. 61, §1º).

- A convolação em falência somente ocorrerá no - Vale ressaltar que, de acordo com a decisão da
caso de descumprimento de obrigação previstos jurisprudência, esse prazo de 1 ano para efetuar
no plano durante o prazo de 2 anos, ou seja, se o pagamento de créditos trabalhistas, será
neste prazo todas as obrigações forem contado da homologação do plano ou do término
cumpridas, o juiz decretará por sentença o da suspensão do curso da prescrição.
encerramento da recuperação judicial. Passado –
se 2 anos de cumprimento, ele deixa de estar na TJ – SP Enunciado I: O prazo de um ano para o
condição de devedor na recuperação. pagamento de credores trabalhistas e de
acidentes de trabalho, de que trata o artigo 54,
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta caput, da Lei 11.101/05, conta-se da
Lei, o devedor permanecerá em recuperação judicial homologação do plano de recuperação judicial
até que se cumpram todas as obrigações previstas ou do término do prazo de suspensão de que
no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois trata o artigo 6º, parágrafo 4º, da Lei 11.101/05,
da concessão da recuperação judicial. independentemente de prorrogação, o que
ocorrer primeiro.

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