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15 de Novembro de 2022

Como funciona uma recuperação judicial?

Uma breve síntese sobre o processo de recuperação judicial.

Publicado por João Victor Zafred há 26 dias  24 visualizações

O QUE É UM PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL?

A Lei 11.101/05 – Lei de Recuperação Judicial e Falências, nos traz


importantes institutos que auxiliam as empresas em crise
econômico financeira a voltarem a operar em normalidade. Dentre
os institutos podemos citar: recuperação judicial de microempresa e
empresa de pequeno porte, recuperação extrajudicial, recuperação
judicial do produtor rural, dentre outros. Mas afinal, o que é e como
funciona a recuperação judicial?

Com toda certeza você já deve ter ouvido que uma determina
empresa “pediu recuperação judicial, há quem diga que a empresa
“abriu concordata” ou até mesmo “abriu processo de falência”.
Essas expressões podem e não podem ser empregadas de uma
maneira correta pelo interlocutor.

Apesar de guardarem semelhanças, a recuperação judicial é


diferente da falência e da concordata, sendo que essa última já nem
existe mais em nosso ordenamento jurídico. Melhor diferenciando,
podemos dizer que na recuperação judicial (antiga concordata) a
empresa continua exercendo suas atividades e operando frente ao
mercado, ao passo em que na falência, há a interrupção das
atividades e a liquidação da totalidade do patrimônio da empresa.
Neste breve artigo iremos tratar especificadamente da empresa que
está em recuperação judicial e entender um pouco de como
funciona esse processo e esse instituto tão importante.

COMO FUNCIONA UM PROCESSO DE RECUPERAÇÃO


JUDICIAL?

A finalidade da recuperação judicial é propiciar para uma empresa


que está em crise econômico-financeira a possibilidade de se
reerguer com a ajuda do Estado (Poder Judiciário) e de um plano de
pagamentos.

Para isso, a empresa deve, obrigatoriamente, preencher os


requisitos previstos na Lei 11.101/05 e o mais importante: ser uma
empresa economicamente viável. Isso porque, na recuperação
judicial a empresa manterá seu pleno funcionamento para que
possa se recuperar da crise vivida.

Os requisitos para se pedir recuperação judicial estão previstos no


art. 48 da Lei 11.101/05, e são eles:

1º - Exercer atividade regularmente há mais de 2 anos;

2º - Não ser falido e, se o foi, que as obrigações estejam declaradas


extintas;

3º - Não ter obtido a concessão de recuperação judicial ou


recuperação judicial especial;

4º - Não ser condenado por crime falimentar.

Além destes requisitos, a petição que requer a recuperação judicial


deverá conter uma série de requisitos e documentos previstos no
art. 51 da Lei 11.101/05, dentre os quais podemos destacar:

1º - Causas que levaram a crise econômico-financeira;


2º - Documentos contábeis;

3º - Relação com nome dos credores submetidos à recuperação


judicial;

4º - Relação de patrimônio e ações judiciais

Há outros documentos que a Lei exige que sejam apresentados,


porém, não iremos aprofundar nestes documentos, tendo em vista
que podem ser facilmente consultados na Lei.

QUAIS CRÉDITOS A RECUPERAÇÃO JUDICIAL


CONTEMPLA?

A resposta está na Lei, mais precisamente no art. 49 da Lei


11.101/05. O dito artigo prevê que fazem parte da recuperação
judicial os créditos devidos pela empresa até a data do pedido de
recuperação judicial, ainda que não estejam vencidos.

Os créditos serão divididos em 4 classes: 1 – Trabalhista, 2 –


Garantia Real; 3 – Quirografários e 4 – Microempresa e Empresa de
Pequeno Porte.

Assim como em toda Lei, existem algumas exceções, ou seja,


existem créditos que não serão contemplados pela recuperação
judicial e dentre eles podemos citar: crédito fiscal e crédito que
tenha garantia fiduciária.

A Lei também confere instrumentos como, a divergência


administrativa, a habilitação e impugnação de crédito, para que os
credores possam corrigir, incluir ou retirar seu crédito da
recuperação judicial, tema que será objeto de um próximo artigo.

COMO SABER A FORMA DE RECEBIMENTO DO MEU


CRÉDITO?
Feito o pedido de recuperação judicial, a empresa devedora terá um
prazo para apresentar o Plano de Recuperação Judicial, que será
oportunamente votado pelos credores que fazem parte da
recuperação judicial, em Assembleia Geral de Credores.

É neste plano de recuperação judicial que estarão previstas as


condições de pagamento para cada classe de credores, como por
exemplo: parcelas, desconto, correção monetária, juros e formas de
recebimento.

Importante pontuar que os credores poderão se opor ao plano,


discordando das condições ali previstas, a fim de negociar com a
empresa devedora melhores condições de recebimento. Aliás, a
aprovação do plano de recuperação judicial pelos credores é
imprescindível para a continuidade da recuperação judicial.

Após a aprovação do plano pelos credores e a homologação pelo


Juiz, a recuperação judicial está concedida, tendo como principal
efeito a novação dos créditos a ela submetida, ou seja, o que vale
agora são as condições aprovadas no Plano de Recuperação Judicial.

Posto isso, o Credor deve ficar atento e acompanhar o cumprimento


do plano de recuperação judicial pela empresa devedora. De outro
lado, a empresa devedora deverá buscar se esforçar para cumprir
com o seu plano de recuperação judicial e conseguir se “reerguer”.

Caso a empresa devedora descumpra o plano de recuperação


judicial, o credor poderá solicitar a convolação da recuperação
judicial em falência, o que, como vimos, leva a interrupção das
atividades e a liquidação total do patrimônio.

Logo, de maneira bem superficial, podemos concluir que o processo


de recuperação funciona com a cooperação entre a empresa
devedora e os seus credores, além disto, trata-se de uma sistemática
onde tanto a empresa devedora quanto o credor fazem concessões
visando a recuperação econômica daquela determinada empresa.
Para o Credor, é importante ficar atento aos momentos processuais
e ao recebimento do seu crédito. Já para a empresa Devedora, é
interessante que ela cumpra o Plano de Pagamentos e se esforce
para superar a crise vivida.

João Victor B. Zafred Gonçalves.

Advogado atuante em Direito Imobiliário, Direito Civil e


Empresarial. OAB/GO 62.781. E-mail: joaozafred@outlook.com

Disponível em: https://joaogoncalves-iivjyzaguh.jusbrasil.com.br/artigos/1665658044/como-funciona-


uma-recuperacao-judicial

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