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PARECER JURÍDICO

Interessada: Sociedade Empresá ria XXX LTDA


Referente: Parecer sobre o procedimento a ser realizado pela Sociedade Empresá ria, sobre
a recomendaçã o mais indicada à situaçã o de endividamento da empresa.
É o relató rio, passo a opinar:
Breve Relato: A Sociedade XXX LTDA, passou a ter dificuldade econô mica, financeira e
suas dívidas nã o param de crescer, e, atualmente, ela possui os seguintes débitos:
• R$ 1.000.000,00 de débitos trabalhistas;
• R$ 3.500.000,00 de débitos para fornecedores – nã o garantidos;
• R$ 6.500.000,00 de débitos bancá rios, garantidos por hipoteca;
• R$ 1.500.000,00 de débitos para fornecedores ME ou EPP – nã o garantidos – e
• R$ 100.000,00 de débitos perante a operadora de prestaçã o de serviço de energia elétrica.
Diante deste cená rio de endividamento, surgem as seguintes questõ es:
1. Há necessidade de ingressar com uma demanda judicial como soluçã o ao endividamento
apresentado? Considere os eventuais impactos negativos da medida a ser adotada.
2. Qual seria o procedimento de soerguimento mais adequado: medida pré-insolvencial
prevista no art. 20A da Lei nº 11.101/2005, recuperaçã o judicial comum, recuperaçã o
judicial com base em plano especial, recuperaçã o extrajudicial ou autofalência?
3. Considerando a resposta apresentada na questã o 2, como será o pagamento dos
credores?
Considerações Iniciais: A recuperaçã o de empresas, conforme Lei 11.101/2005 é umas
das matérias mais complexas do Direito Privado, pois se comunica com quase todas as
á reas do Direito.
A principal duvida sobre a elaboraçã o de um plano de recuperaçã o de uma empresa com
endividamento, seja extrajudicial ou da recuperaçã o judicial, é sobre quais os débitos que
se enquadram nas hipó teses mecionadas e sua viabilidade.
Pelo plano especial, a recuperaçã o judicial só podia ser utilizada pelos microempresá rios e
empresá rios de pequeno porte. Com a reforma da Lei, os produtores rurais com dívidas de
até R$ 4.800.000,00 também contam com a possibilidade de participar com o plano
especial, previstas nos arts. 70 e 71 da LFRE, nã o se aplicando ao nosso caso concreto.
Já a recuperaçã o extrajudicial se diferencia da judicial pelo fato do acordo com os credores
ocorrer antes do ajuizamento do pedido de homologaçã o. Dependendo das características
do pedido, esse acordo pode ser ou nã o imposto aos credores nã o aderentes.
Finalmente, a mediaçã o foi introduzida no sistema de forma a suprir uma enorme lacuna
que existia no Direito da Insolvência, sobretudo nos processos de recuperaçã o judicial,
podendo ser utilizada de forma antecedente ou concomitante aos processos principais.
Além dos requisitos subjetivos, a empresa devedora deve preencher também outros
requisitos de ordem objetiva, conforme o Artigo 48 da Lei 11.101/2005, expô es, vejamos:
Artigo 48 - Poderá requerer recuperaçã o judicial o devedor que, no momento do pedido,
exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes
requisitos, cumulativamente:
I – nã o ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
II – nã o ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessã o de recuperaçã o judicial;
III – nã o ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessã o de recuperaçã o judicial com base
no plano especial de que trata a Seçã o V deste Capítulo;
III - nã o ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessã o de recuperaçã o judicial com base
no plano especial de que trata a Seçã o V deste Capítulo;
IV – nã o ter sido condenado ou nã o ter, como administrador ou só cio controlador, pessoa
condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
§ 1º A recuperaçã o judicial também poderá ser requerida pelo cô njuge sobrevivente,
herdeiros do devedor, inventariante ou só cio remanescente.
§ 2º Tratando-se de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
comprovaçã o do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Declaraçã o de
Informaçõ es Econô mico-fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ que tenha sido entregue
tempestivamente.
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovaçã o
do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Escrituraçã o Contá bil Fiscal (ECF),
ou por meio de obrigaçã o legal de registros contá beis que venha a substituir a ECF,
entregue tempestivamente.
§ 3º Para a comprovaçã o do prazo estabelecido no caput deste artigo, o cá lculo do período
de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa Digital do
Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigaçã o legal de registros contá beis que venha a
substituir o LCDPR, e pela Declaraçã o do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e
balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente.
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao período em que nã o
for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para a
elaboraçã o da DIRPF.
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as informaçõ es
contá beis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a dívidas deverã o estar
organizadas de acordo com a legislaçã o e com o padrã o contá bil da legislaçã o correlata
vigente, bem como guardar obediência ao regime de competência e de elaboraçã o de
balanço patrimonial por contador habilitado.
Os pontos principais de destaque, sã o que o devedor que pretende planejar e um plano de
recuperaçã o extrajudicial com seus credores, nã o pode estar atuando regularmente no
mercado há menos de dois anos, nã o pode ser falido, ou seja, ter a falência decretada, nã o
pode ter obtido recuperaçã o judicial há menos de cinco anos e também, ter sido
administrador ou controlador pessoa condenada por crime falimentar.
Os débitos trabalhistas nã o estã o sujeitos aos termos do plano de recuperaçã o extrajudicial,
salvo se houver acordo com o sindicato da categoria, que na prá tica nã o se consegue tal
autorizaçã o.
Ainda, como requisito subjetivo, o devedor nã o pode ter obtido “recuperaçã o judicial ou
homologaçã o de outro plano de recuperaçã o extrajudicial há menos de 2 (dois) anos” (art.
161, § 3º, da LFRE).
Conforme orienta Fá bio Ulhoa Coelho, os requisitos subjetivos exigidos pelo art. 161, sã o
necessá rios apenas para a homologaçã o do plano em juízo.
O plano também nã o pode prever o pagamento antecipado de dívidas e nem contemplar
tratamento desfavorá vel aos credores que ao plano nã o estejam sujeitos.
Outro requisito objetivo diz respeito aos credores com garantia real. Conforme dispõ e o art.
163, § 4º, da LFRE, o plano de recuperaçã o somente poderá prever a alienaçã o de bem
objeto de garantia real, a supressã o de garantia ou a sua substituiçã o se houver
aquiescência expressa do credor garantido.
Os credores fiduciá rios de bens mó veis ou imó veis, cujos contratos contenham clá usula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, ou contratos de venda com reserva de domínio, nã o
poderá se submeter aos efeitos da recuperaçã o judicial, prevalecendo os direitos de
propriedade sobre a coisa e as condiçõ es contratuais.
Ainda, o credor de crédito em moeda estrangeira deve autorizar expressa e
individualmente a proposta de desvinculaçã o cambial do seu crédito.
Na recuperaçã o extrajudicial toda a negociaçã o com os credores deve ocorrer antes do
ajuizamento da açã o, que por finalidade, têm, apenas a homologaçã o do acordo
comunitá rio, sendo certo que, em alguns casos, ele tenha eficá cia para todos, inclusive para
os nã o aderentes.
Existem dois grandes problemas que desestimulam a prá tica desse instituto, o primeiro é a
dificuldade de negociar com os credores para se chegar a um entendimento comum e o
segundo é o fato de o devedor ficar sem nenhuma proteçã o em relaçã o aos credores
durante essas negociaçõ es, como por exemplo açõ es de execuçõ es.
Na prá tica, a recuperaçã o extrajudicial nã o se mostra ú til, juntamente com a recuperaçã o
judicial pelo plano especial.
Já na Recuperaçã o judicial, é importante conhecer o que se pode ou nã o, ser proposto. As
principais clá usulas sã o:
• desá gio, variando entre 30% e 90% do valor do crédito;
• carência, variando de 12 a 36 meses para o início dos pagamentos;
• parcelamento – que, em alguns casos, chega a 240 meses;
• alienaçã o de ativos, compreendendo alienaçã o de unidades produtivas isoladas ou
bens do ativo imobilizado, e
• criaçã o de sociedade de propó sitos específicos a partir da cessã o de bens mó veis e
imó veis, e direitos creditó rios da devedora.
• A manifestaçã o dos credores em assembleia é um momento crucial, que materializa o
princípio da participaçã o ativa dos credores.
Em relaçã o à natureza jurídica da recuperaçã o judicial, Jorge Lobo destaca divergência. Os
privatistas entendem ser a recuperaçã o judicial um instituto do direito privado. Já os
publicistas, do direito pú blico. Porém, o autor prefere situar a recuperaçã o de empresas
como instituto do direito econô mico, entendendo que está em uma zona media entre o
direito privado e o pú blico, com principios de eficá cia técnica que criam condiçõ es em
empresas perpetuem no momento de crise, prevalecendo os interesses coletivos, mesmo
que resulte em sacrifício de alguns credores.
Os credores sã o dividos em 04 classes, com formas de votaçã o distintas, vejamos:
A classe 1, se refere aos credores trabalhistas e acidentá rios. Nessa classe, o voto é por
cabeça, sendo permitida a representaçã o dos credores pelo sindicato.
A classe 2, sã o d os credores com garantia real. O voto é por cabeça e por crédito.
Na classe 3, sã o os credores quirografá rios, com privilégio especial, com privilégio geral e
subordinados. O voto é por cabeça e por crédito.
E, na classe 4, sã o os credores microempresá rios e empresá rios de pequeno porte, onde o
voto é por cabeça.
Para a aprovaçã o do Plano de recuperaçã o judicial, é necessá rio o voto a favor de mais de
50% dos credores de cada classe. Em caso negativo, ainda é possível a homologaçã o pelo
sistema do cram down, conforme § 1º do art. 58.
Apó s a homologaçã o do plano de recuperaçã o judicial, em até 2 anos é cumprido sob
supervisã o judicial, ou seja, apenas os dois primeiros, terã o a supervisã o judicial, mesmo
que existam dívidas parceladas em um período superior.
A jurisprudência já definiu o termo a quo desse prazo de dois anos, previsto no art. 61 da
LFRE, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE HOMOLOGOU O PLANO DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL DAS AGRAVADAS. INSURGÊNCIA DE CREDOR, QUE APONTA ILEGALIDADES
NO PLANO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO NA PARTE CONHECIDA. 1. A
legalidade do plano de recuperaçã o está sujeita ao controle judicial, sem adentrar no
â mbito de sua viabilidade econô mica. 2. Ausência de ilegalidade/abusividade, no caso
concreto, quanto ao desá gio de 85%, carência de 21 meses, previsã o de pagamento em 15
anos e juros remunerató rios de 1% ao ano. Correçã o monetá ria pela TR. Direitos
disponíveis dos credores. Prevalência da vontade soberana em assembleia. 3. Todavia, a
contagem do prazo de supervisã o de 2 anos (art. 61, LRF) deverá ter início a partir do
decurso do prazo de carência. 4. Ilegalidade da clá usula que prevê novaçã o e
inexigibilidade dos créditos em face dos coobrigados e garantidores. Arts. 49, § 1º e 59,
caput, da Lei nº 11.101/05. Sú mula nº 581, do STJ, e Sú mula nº 61, TJSP. 5. Ausência de
interesse recursal no tocante à alienaçã o de bens e ativos sem autorizaçã o judicial. Plano de
recuperaçã o que prevê a necessidade de observâ ncia do art. 66, da Lei nº 11.101/05. Além
disso, o MM. Juiz a quo considerou invá lida a possibilidade de alienaçã o sem observâ ncia à s
regras legais, mediante simples aprovaçã o dos credores. 6. Agravo de instrumento
parcialmente provido na parte conhecida.
(TJ-SP - AI: 21519361420188260000 SP 2151936-14.2018.8.26.0000, Relator: Alexandre
Lazzarini, Data de Julgamento: 03/10/2018, 1ª Câ mara Reservada de Direito Empresarial,
Data de Publicaçã o: 03/10/2018)
Nã o é ilegal a clá usula que prevê o encerramento da recuperaçã o apó s o cumprimento das
obrigaçõ es que se vencerem até 2 anos da homologaçã o. Art. 61, caput, LRF. 7. Ausência de
ilegalidade/abusividade quanto ao desá gio de 50%, e quanto à previsã o de pagamento em
108 meses apó s a carência. 8. Validade da carência de 12 meses que deve ser computada,
porém, a partir da concessã o da recuperaçã o judicial e nã o do trâ nsito em julgado da
decisã o. Além disso, a contagem do prazo de supervisã o de 2 anos (art. 61, LRF) deve ter
início a partir do decurso do prazo de carência. TJSP, AI 2071301-80.2017.8.26.0000.
Relator (a): Alexandre Lazzarini. Ó rgã o julgador: 1ª Câ mara Reservada de Direito
Empresarial. Data de publicaçã o: 30/11/2017.
Rachel Sztajn considera que o legislador brasileiro atendeu à demanda social de se
preservar as empresas, o que se faz por reorganizaçã o da atividade empresarial, mas, no
entanto, a norma preferiu denominar o instituto de “recuperaçã o”. A autora afirma que
“recuperar” tem o sentido de reaver, restaurar, repor em condiçõ es de operar. Quer dizer,
que se possa ter condiçõ es de continuar uma atividade empresarial acometida por crise.
A recuperaçã o judicial coloca à disposiçã o do empresá rio diversos mecanismos para a
realizaçã o da reorganizaçã o da empresa, sempre com o intuíto de sua preservaçã o e
continuidade da sua funçã o social.
O art. 49 da Lei nº 11.101/2005 estabelece que “estã o sujeitos à recuperaçã o judicial todos
os créditos existentes na data do pedido, ainda que nã o vencidos.” Porém, cada credor terá
sua parcela de contribuiçã o com a recuperaçã o do devedor, onde terã o a oportunidade de
opinar e participar na recuperaçã o em relaçã o aos seus débitos, através de Assembleias.
Podem requerer recuperaçã o judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, porém nã o pode haver mudança no
ramo das atividades. Sobre o tema o STJ já se manifestou, vejamos:
PROCESSUAL CIVIL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. inteligência do art. 48, caput, da lei
11.101/2005. devedor. Exercício regular das atividades há mais de dois anos. mudança de
ramo. ilegitimidade ativa. extinçã o do processo sem resoluçã o de mérito. Recurso
parcialmente provido. REsp 1478001/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚ JO, QUARTA TURMA, j.
10/11/2015 RECURSO ESPECIAL.
A aprovaçã o do plano pelos credores pode-se dar de forma tá cita ou expressa. A primeira é
quando o devedor apresenta o plano nã o há objeçã o credores. Já a expressa é quando o
plano é submetido à aprovaçã o da assembleia-geral.
Luiz Fernando Valente de Paiva lesiona que, a Lei n. 11.101/2005 confere aos credores o
direito de aceitar ou nã o o plano de pagamento apresentado pelo devedor, diversamente do
que ocorria na norma anterior, em que na concordata suspensiva o devedor de forma quase
que absoluta impunha as condiçõ es de pagamento aos credores quirografá rios.
A dú vida que paíra é qual seria o momento adequado para requerer o instituto da
recuperaçã o judicial e quais seriam os pró s e os contras de se buscar esta proteçã o e quais
seriam as consequências de um eventual fracasso da açã o com a decretaçã o de falência da
empresa?
Sobre essa dú vida, surge o primeiro questinamento de nosso paracer:
i. Há necessidade de ingressar com uma demanda judicial como solução ao
endividamento apresentado? Considere os eventuais impactos negativos da
medida a ser adotada.
Imediatamente respondemos que sim. Há necessidade de ingressar com um pedido de
recuperaçã o judicial.
Inicialmente, existem altos custos do processo, como por exemplo, a contrataçã o dos
profissionais que irã o elaborar o plano econô mico-financeiro, contá bil e jurídico que irã o
viabilizar a Recuperaçã o Judicial. Existem ainda, os gastos com os honorá rios do
administrador judicial e com os peritos.
A propositura da açã o judicial também irá expor a empresa ao mercado, prejudicando sua
imagem diante de seus clientes e fornecedores, que poderã o entender a empresa como um
risco, acarretando aumento de custo financeiro e dificuldade de acesso ao crédito e possível
diminuiçã o de vendas e consequentmente, baixa lucratividade.
As açõ es e execuçõ es em face dos coobrigados da recuperanda (só cios) nã o sã o suspensas.
Nesse sentido:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DAS EXECUTADAS. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO
CONTRA OS SÓCIOS NÃO INCLUÍDOS NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A
suspensã o das execuçõ es em face do devedor a partir da decretaçã o da falência e/ou da
recuperaçã o judicial, nos termos do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, só tem alcance em
relaçã o ao falido ou aquele que está em recuperaçã o judicial, nã o abarcando os devedores
solidá rios e/ou subsidiá rios, tampouco impondo benefício de ordem ao credor que o
obrigue à habilitaçã o perante o Juízo Falimentar e/ou da Recuperaçã o Judicial. Dessa
forma, a Justiça do Trabalho é competente para o prosseguimento da execuçã o em face dos
só cios da executada, que nã o estiveram incluídos no processo de recuperaçã o judicial.
Agravo de petiçã o parcialmente provido. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Regiã o TRT-
2: 1000570-56.2020.5.02.0205 SP
Outra desvantagem sã o os créditos extraconcursais que devem ser honrados de alguma
maneira e nã o estarã o sujeitos aos efeitos da recuperaçã o judicial.
Alguns produtos bancá rios (alienaçã o fiduciá ria, leasing e adiantamento a contrato de
câ mbio) e as dívidas tributá rias nã o estã o sujeitos à recuperaçã o judicial.
Ainda, caso o plano de recuperaçã o nã o seja aprovado pode trazer consequências drá sticas
para a empresa, só cios ou acionistas e administradores, podendo configurar crime
falimentar.
Nã o Podemos deixar de alertar sobre a possibilidade do plano de recuperaçã o judicial se
transformar em pedido de falência, Diante do fracasso do plano de recuperaçã o, nesse
sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO. INSTITUTO DA "CRAM DOWN". INAPLICABILIDADE. CASO
CONCRETO. CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA.
I. Como é sabido, sob a ó tica do instituto da Cram Down, o Magistrado está autorizado a
impor o plano de recuperaçã o judicial aos credores discordantes, desde que preenchidos os
requisitos previstos no art. 58, § 1º, I, II e III, e § 2º, da Lei nº 11.101/2005.
II. No caso, porém, o plano de recuperaçã o judicial das agravadas, levado à votaçã o na
Assembleia Geral de Credores, nã o preencheu os requisitos elencados no § 1º, II e III e § 2º,
da referida norma legal. Da mesma forma, os votos de rejeiçã o dos credores majoritá rios
nã o se revestiram de abusividade.
III. Aliá s, descabe ao Judiciá rio analisar eventual viabilidade econô mica do plano de
recuperaçã o judicial, devendo prevalecer a vontade majoritá ria dos credores, constituída
através da Assembleia Geral. Assim sendo, imperativo o reconhecimento da validade do
voto de todos os credores e, por conseguinte, a convolaçã o da recuperaçã o judicial em
falência. AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70072334758, Quinta Câ mara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em...
28/06/2017).
Podemos incluir ainda, o risco de execuçõ es durante a aprovaçã o da Recuperaçã o Judicial,
uma vez que ela nã o estará protegida pelo stay period.
Podemos citar ainda, enquanto a empresa nã o demonstrar para seus fornecedores e cliente
que conseguiu supercar a crise econô mico, terá percepçõ es negativas do mercado, sendo
considerada um parceiro de alto risco em realçã o aos negó cios.
i. Qual seria o procedimento de soerguimento mais adequado: medida pré-
insolvencial prevista no art. 20A da Lei nº 11.101/2005, recuperação judicial
comum, recuperação judicial com base em plano especial, recuperação
extrajudicial ou autofalência?
A recuperaçã o judicial se apresenta como a primeira opçã o mais adequada, pois uma vez
aceito o seu processamento, todas as açõ es e execuçõ es movidas contra a empresa, ficam
supensas pelo prazo mínimo de 180 dias, com a impossibilidade da retirada de bens
essenciais à empresa a partir do deferimento do pedido, permitindo que o empresá rio
foque nas medidas estratégicas para continuidade do negó cio.
Esse prazo irá dar um “folego” para a empresa na elaboraçã o do plano de recuperaçã o e no
fluxo de Caixa e capital de giro da empresa, cobranças extrajudiciais e suspensã o de
pedidos de falência.
O sistema jurídico da insolvência é baseado pelos princípios da preservaçã o da empresa, da
sua recuperaçã o e/ou liquidaçã o das nã o recuperá veis, com uma participaçã o ativa dos
credores.
Mesmo que existam muitas falhas na recuperaçã o judicial, trata-se de um processo
consolidado, com legislaçã o específica, diversas jurisprudências e juízes especializados
sobre o tema. Desta forma, a RJ permite um processo organizado para que a empresa em
recuperaçã o tenha tranquilidade para negociar bons acordos com seus credores, para
buscar o equilíbrio e a continuidade, que é de interesse de todos os envolvidos.
Outro ponto positivo é o congelamento da dívida existente no momento da propositura da
recuperaçã o judicial e apó s sua homologaçã o a dívida será novada e paga em seus termos.
A aprovaçã o da recuperaçã o judicial cria um ambiente vantajoso junto aos seus credores,
podendo negociar maiores prazos, e ainda desá gio e e menores taxae de atualizaçã o
monetá ria, alienaçã o de ativos, daçã o em pagamento, conversaçã o da dívida em açõ es,
cisã o, fusã o e etc. Outra vantagem é a possibilidade de alienaçã o de bens da empresa
previstos no plano de recuperaçã o judicial sem sucessã o do adquirente nas dívidas do
devedor, inclusive de natureza trabalhista e fiscal.
A aproximaçã o entre o devedor e os seus credores, nas negociaçõ es sem interferência do
juiz, pode favorecer a aprovaçã o do plano de pagamento, implicando as condiçõ es aos
demais credores sujeitos à recuperaçã o judicial, desde que aprovado pela maioria.
i. Considerando a resposta apresentada na questão 2, como será o pagamento dos
credores?
Os valores devidos serã o pagos por meio da transferência bancá ria do credor. Os Credores
devem informar à Sociedade Empresá ria XXX LTDA suas respectivas contas bancá rias para
esse fim. Nã o haverá a incidência de juros ou demais encargos pelo motivo de nã o ter sido
informado tempestivamente pelos credores, suas respectivas contas bancá rias.
O integral pagamento e distribuiçõ es realizadas na forma estabelecida neste Plano
acarretarã o a quitaçã o plena, irrevogá vel e irretratá vel, de todos os Créditos de qualquer
tipo e natureza contra a Sociedade Empresá ria XXX LTDA, inclusive juros, correçã o
monetá ria, penalidades, multas e indenizaçõ es.
Os pagamentos dos Créditos terã o início a partir da data da Homologaçã o Judicial do Plano,
bem como terã o início a partir desta mesma data os períodos de carência estabelecidos nas
clá usulas seguintes. Os créditos serã o capitalizados a partir da Data do Pedido pelas taxas
de juros incidentes sobre cada uma das classes de Créditos conforme descrito nas clá usulas
seguintes.
Créditos Trabalhistas
O Pagamento dos Credores Trabalhistas no importe de R$ 1.000.000,00, serã o realizados
no prazo de até 1 (um) ano a partir da Homologaçã o Judicial do Plano, nos termos do art.
54 da Lei de Falencias.
A Sociedade Empresá ria XXX LTDA poderá , a seu critério, antecipar total ou parcialmente
os pagamentos dos Credores Trabalhistas, respeitado o prazo de 1 (um) ano a que se refere
o art. 54 da Lei de Falencias.
Pagamentos Vencidos. Em face da existência de créditos trabalhistas de natureza
estritamente salarial vencidos nos 2 (dois) meses anteriores ao pedido de Recuperaçã o
Judicial, o presente Plano de Recuperaçã o Judicial prevê um prazo de até 30 (trinta) dias
para a quitaçã o dos referidos créditos, de acordo com o disposto no artigo 54, pará grafo
ú nico da Lei de Falencias.
Nã o estã o incluídos neste plano os créditos trabalhistas constituídos apó s o pedido de
recuperaçã o judicial, nesse mesmo sentido:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. CRÉDITOS TRABALHISTAS
CONSTITUÍDOS APÓS O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO
JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Consoante o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça (manifestado em conflito de competência), que se adota, forte no art. 49 da Lei nº
11.101/2005, como forma de preservar tanto o direito creditó rio quanto à viabilidade do
plano de recuperaçã o judicial, a execuçã o dos créditos trabalhistas constituídos apó s o
pedido de recuperaçã o judicial deve prosseguir no Juízo Universal, ao qual compete exercer
o controle dos atos constritivos do patrimô nio da empresa recuperanda. Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Regiã o TRT-4 - Agravo De Petiçã o: AP 0020014-66.2019.5.04.0401.
O Pagamento dos Credores ME/EPP no importe de R$ 1.500.000,00, serã o realizado da
seguinte forma: (i) desá gio de 60% (sessenta por cento) do valor principal; (ii) carência de
2 (dois) anos contados da Homologaçã o Judicial do Plano; (iii) correçã o de juros do CDI;
(iv) será pago em 24 parcelas de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais); e (v) os juros
acumulados serã o pagos juntamente com a ú ltima parcela.
O Pagamento dos Credores com Garantia Real no importe de R$ 6.500.000,00, será da
seguinte forma: (i) desá gio de 80% do valor do crédito; (ii) carência de 4 (quatro) anos
para pagamento de principal e juros; e (iii) correçã o de juros do CDI; (iv) será pago em 24
parcelas de R$ 27.083,33 (vinte e sete mil, oitenta e três reais e trinta e três centavos); e (v)
os juros acumulados serã o pagos juntamente com a ú ltima parcela.
O Pagamento dos Credores Quirografá rios. Os Créditos Quirografá rios, excluídos os
créditos bancá rios, terã o pró prio regramento, serã o divididos e pagos da seguinte forma:
O valor correspondente a 40% (quarenta por cento) do total dos Créditos Quirografá rios
será pago aos Credores Quirografá rios da seguinte forma: (i) carência de 4 (quatro) anos a
partir da Homologaçã o Judicial do Plano para pagamento de principal e juros; (ii)
amortizaçã o do Crédito em 6 (seis) anos, em 12 (doze) parcelas semestrais sucessivas; (iii)
incidência de juros, capitalizados semestralmente, à taxa correspondente a CDI para
Créditos em Reais, e 3% (três por cento) ao ano para Créditos em Dó lar, pagos a partir do
fim do período de carência. Os juros serã o capitalizados e incorporados ao principal
durante o período de carência.
O valor correspondente a 60% (sessenta por cento) do total dos Créditos Quirografá rios
serã o pagos da seguinte forma: (i) parcela ú nica a ser paga no prazo de 15 (quinze) anos a
partir da Homologaçã o Judicial do Plano; e (ii) incidência de juros, capitalizados
semestralmente à taxa correspondente a CDI para Créditos em Reais, e 3% (três por cento)
ao ano para Créditos em Dó lar, a serem pagos no 15º aniversá rio da Homologaçã o Judicial
do Plano. Os juros serã o capitalizados e incorporados ao principal até o momento do
pagamento desse valor.
Pagamentos dos Créditos Bancá rios. Os Créditos bancá rios serã o reduzidos a montante
representativo de 70% do seu valor original e terã o seu prazo de vencimento alongado por
no mínimo 5 anos.
DA ALIENAÇÃ O DAS UNIDADES PRODUTIVAS SUB-UTILIZADAS E DE UNIDADES
PRODUTIVAS ISOLADAS
A Sociedade Empresá ria XXX LTDA poderá promover a alienaçã o das seguintes unidades
produtivas isoladas, individualmente ou em qualquer combinaçã o, desde que observado o
valor de avaliaçã o indicado no laudo que acompanha este Plano de Recuperaçã o, ou entã o,
pelo melhor preço obtido em propostas fechadas obedecendo ao valor inicial de R$8
milhõ es de reais por unidade produtiva:
Unidade Fabril de xxxxxxx, localizada na Rodovia_, Sã o Paulo – SP, CEP _, inscriçã o
estadual_.
Unidade Fabril de xxxxxxx, localizada na Rodovia_, Jundiaí – SP, CEP_, inscriçã o estadual_.
GARANTIAS
Garantias Reais e Fiduciá rias prestadas pela empresa Sociedade Empresá ria XXX LTDA. As
garantias reais e fiduciá rias existentes que tenham sido prestadas pela empresa Atlâ ntica
Embalagens S/A a Credores para assegurar o pagamento de qualquer Crédito sã o através
deste Plano ratificadas e, quando necessá rio e autorizado pelo Credor titular da garantia,
alteradas e renovadas, para continuar garantindo os Créditos nos termos, condiçõ es e
vencimentos previstos neste Plano.
Garantias Reais e Pessoais prestadas pelos Acionistas. As garantias reais e pessoais
prestadas pelos Acionistas sobre quaisquer Créditos sã o ratificadas nesta ocasiã o, e serã o
vá lidas somente porquanto os Acionistas detiverem o controle acioná rio da empresa
Sociedade Empresá ria XXX LTDA.
Constituiçã o de Garantias Fiduciá rias a Credores Quirografá rios. A empresa Sociedade
Empresá ria XXX LTDA constituirá , em favor dos Credores Quirografá rios, desde que obtida
a concordâ ncia expressa do Credor titular de eventual garantia real sobre o bem a ser
gravado, nos termos da lei: (i) alienaçã o fiduciá ria em garantia sobre todos os bens mó veis
e imó veis que compõ em cada uma das plantas industriais da Sociedade Empresá ria XXX
LTDA; (ii) hipoteca em graus subsequentes sobre os bens imó veis das plantas industrias da
Atlâ ntica Embalagens S/A gravados com hipoteca; e (iii) cessã o fiduciá ria sobre o valor
residual do produto da alienaçã o dos bens imó veis e equipamentos que compõ em cada
uma das plantas industriais da Sociedade Empresá ria XXX LTDA que estiverem gravados
com hipoteca ou alienaçã o fiduciá ria. As garantias deverã o estar devidamente formalizadas
com o registro nos cartó rios competentes, no Prazo da Reestruturaçã o, podendo tal prazo
ser prorrogado por decisã o do Grupo Consultivo.
Agente de Garantias. Sociedade Empresá ria XXX LTDA, contratará um agente de garantias,
que deverá ser aprovado pelo Grupo Consultivo, com o objetivo de representar o conjunto
dos Credores Quirografá rios em todos os atos relativos à constituiçã o, administraçã o,
substituiçã o, liberaçã o, e execuçã o das garantias mencionadas. Todas as decisõ es relativas
à constituiçã o, administraçã o, substituiçã o, liberaçã o, e execuçã o das garantias serã o
tomadas pelo Grupo Consultivo.
Compartilhamento de garantias. O Grupo Consultivo poderá deliberar pela necessidade de
celebraçã o de contrato de compartilhamento das garantias, a ser eventualmente firmado
com o agente de garantias. Caso haja necessidade de celebraçã o de contrato de
compartilhamento das garantias, a sua minuta, forma e prazo de celebraçã o, bem como
eventuais alteraçõ es, deverã o ser aprovadas pela maioria simples, por valor de Crédito, dos
Credores Quirografá rios reunidos em Assembleia de Credores. A Assembleia de Credores
poderá ser dispensada caso haja anuência, por escrito, de titulares de mais da metade, por
valor de Crédito, dos Créditos Quirografá rios.
Obrigaçõ es Perante os Credores Quirografá rios. Os contratos de instrumentos de dívida
celebrados entre a Sociedade Empresá ria XXX LTDA, e os Credores Quirografá rios a serem
celebrados estã o/estarã o sujeitos a obrigaçõ es assumidas pela Sociedade Empresá ria XXX
LTDA, e cujo descumprimento implicará em vencimento antecipado dos Créditos
Quirografá rios. Estas obrigaçõ es serã o assumidas pela Sociedade Empresá ria XXX LTDA.
Assim, submetem-se aos efeitos da recuperaçã o judicial, os créditos com garantia real. Sã o
assim considerados aqueles que decorrem dos institutos da hipoteca, penhor e anticrese.
Todos previstos no Có digo Civil Brasileiro, em seus artigos 1.419 a 1.510.
Também estarã o sob os efeitos da recuperaçã o judicial, os créditos que recebem da lei, a
qualificaçã o de privilegiados, quer sejam especial, quer sejam geral. Da mesma forma, o
Có digo Civil estabelece quais sã o os créditos considerados privilegiados especiais (art. 964)
e gerais (art. 965). Sã o eles:
Art. 964. Têm privilégio especial:
I – sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas com a
arrecadaçã o e liquidaçã o;
II – sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;
III – sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessá rias ou ú teis;
IV – sobre os prédios rú sticos ou urbanos, fá bricas, oficinas, ou quaisquer outras
construçõ es, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificaçã o,
reconstruçã o, ou melhoramento;
V – sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, ou à
colheita;
VI – sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rú sticos ou urbanos, o
credor de aluguéis, quanto à s prestaçõ es do ano corrente e do anterior;
VII – sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus
legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da ediçã o;
VIII – sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e
precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto
à dívida dos seus salá rios.
IX – sobre os produtos do abate, o credor por animais. (Incluído pela Lei nº 13.176, de
2015)
Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor:
I – o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condiçã o do morto e o costume do
lugar;
II – o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadaçã o e liquidaçã o da
massa;
III – o crédito por despesas com o luto do cô njuge sobrevivo e dos filhos do devedor
falecido, se foram moderadas;
IV – o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à
sua morte;
V – o crédito pelos gastos necessá rios à mantença do devedor falecido e sua família, no
trimestre anterior ao falecimento;
VI – o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pú blica, no ano corrente e no anterior;
VII – o crédito pelos salá rios dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus
derradeiros seis meses de vida;
VIII – os demais créditos de privilégio geral.
Os créditos trabalhistas ou decorrentes de indenizaçõ es das relaçõ es do trabalho se
submeterã o aos efeitos da recuperaçã o judicial, desde que sejam liquidados em até um ano
do pedido do benefício legal.
Finalmente, os créditos tributá rios e previdenciá rios os quais dependem de plano de
parcelamento especial a ser regulado em lei específica – art. 68 e Lei Complementar
118/2007.
No caso em tela, trata-se de açã o de gozo ou fruiçã o, que é a açã o que é substituída pela
ordiná ria ou preferencial que tenha sido amortizada, através de uma operaçã o exepcional,
onde a companhia negocia suas pró prias açõ es com os acionistas, como exemplo, diminuir
o capital social.
Consiste em uma operaçã o que vai adiantar ao acionista como se estivesse sido liquidada. É
uma apuraçã o hipotética, obedecendo o cená rio atual da companhia na transaçã o de
apuraçã o dos valores.
i. Conclusão
A Sociedade Empresá ria XXX LTDA, está com séria dificuldade econô mica, financeira e suas
dívidas nã o param de crescer, devendo buscar o amparo do Poder Judiciá rio para
reorganizar suas atividades e controle econô mico, para evitar sua quebra.
Analisando o porte da sociedade Ltda, percebemos que nã o se enquadra no pedido de
recuperaçã o judicial com base em plano especial, pois nã o se trata de uma microempresas
(ME) e empresas de pequeno porte (EPP).
Também nã o recomendamos a medida pré-insolvencial e a recuperaçã o extrajudicial, pois
existem grandes problemas que dificultam a prá tica desse instituto. A empresa pode se
deparar com uma grande dificuldade de negociar com os credores para se chegar a um
entendimento comum e conseguir o aceite da maioria de todas as classes e ainda ficar sem
nenhuma proteçã o em relaçã o aos credores durante essas negociaçõ es, como por exemplo
açõ es de execuçõ es. Ainda, sobre os crédito trabalhistas, deve haver anuência do sindicato
da categoria, que na prá tica é muito difícial.
Portanto, indicamos o pedido de recuperaçã o judicial, por acreditar qua ainda possam
aparecer novos credores e também a necessidade do parcelamento dos débitos em especial
trabalhistas.
CSL - CONSTRUTORA SACCHI SA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AGRAVO DE PETIÇÃO.
ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO.
SUJEIÇÃO DO CRÉDITO AOS TERMOS DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Esta
Justiça Especializada nã o é competente para prosseguir na execuçã o dos créditos em face
de empresa em recuperaçã o judicial, os quais devem ser habilitados no Juízo competente.
Contudo, uma vez encerrada a recuperaçã o judicial da executada e nã o havendo prova de
adimplemento dos créditos do exequente, é cabível o prosseguimento da execuçã o nesta
Justiça Especializada, nã o havendo se falar em sujeiçã o ao plano de recuperaçã o judicial,
sem prejuízo da comprovaçã o do pagamento (total ou parcial) pela empresa. Agravo de
petiçã o da executada a que se nega provimento. Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Regiã o TRT-4 - Agravo De Petiçã o: AP 0020269-13.2016.5.04.0471
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO. COMPRA E
VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO. NÃO SUJEIÇÃO AOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL DA COMPRADORA. DESNECESSIDADE DE REGISTRO. 1. Impugnaçã o de
crédito apresentada em 27/7/2017. Recurso especial interposto em 2/10/2018. Conclusã o
ao Gabinete em 15/8/2019. 2. O propó sito recursal é definir se os créditos titularizados
pela recorrente, concernentes a contrato de compra e venda com reserva de domínio
celebrado com a recorrida, estã o ou nã o sujeitos aos efeitos da recuperaçã o judicial desta.
3. Segundo o art. 49, § 3º, da Lei 11.101/05, o crédito titularizado por proprietá rio em
contrato de venda com reserva de domínio nã o se submete aos efeitos da recuperaçã o
judicial do comprador, prevalecendo os direitos de propriedade sobre a coisa e as
condiçõ es contratuais. 4. A manutençã o da propriedade do bem objeto do contrato com o
vendedor até o implemento da condiçã o pactuada (pagamento integral do preço) nã o á
afetada pela ausência de registro perante a serventia extrajudicial. 5. O dispositivo legal
precitado exige, para nã o sujeiçã o dos créditos detidos pelo proprietá rio em contrato com
reserva de domínio, apenas e tã o somente que ele ostente tal condiçã o (de proprietá rio), o
que decorre da pró pria natureza do negó cio jurídico. 6. O registro se impõ e como requisito
tã o somente para fins de publicidade, ou seja, para que a reserva de domínio seja oponível
a terceiros que possam ser prejudicados diretamente pela ausência de conhecimento da
existência de tal clá usula. É o que pode ocorrer com aquele que venha a adquirir o bem cujo
domínio ficou reservado a outrem (venda a non domino); ou, ainda, com aqueles que
pretendam a aplicaçã o, em juízo, de medidas constritivas sobre a coisa que serve de objeto
ao contrato. Todavia, a relaçã o estabelecida entre o comprador - em recuperaçã o judicial - e
seus credores versa sobre situaçã o distinta, pois nada foi estipulado entre eles acerca dos
bens objeto do contrato em questã o. Precedente específico. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1829641 SC 2019/0226399-4 (STJ)
APELAÇÃO. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO DE RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. HOMOLOGADO. NOVAÇÃO DE CRÉDITO COM GARANTIA FIDUCIÁRIA. BEM
IMÓVEL. EXTINÇÃO DAS GARANTIAS PRESTADAS EM RAZÃO DA RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. INAPLICABILIDADE. DESVIO DE FINALIDADE NÃO COMPROVADO.
PROVIMENTO.
1. Verificado o cancelamento da clá usula de "liberaçã o automá tica" prevista no plano de
recuperaçã o judicial, a manutençã o das garantias em favor do credor/ora apelante é
medida que se aplica à espécie. Inteligência do artigo 49, pará grafos 1º e 3º, da Lei nº.
11.101/2005 e Sú mula nº. 581/STJ. 2. Apelo provido. Apelaçã o: APL 0701159-
37.2017.8.01.0001 AC 0701159-37.2017.8.01.0001
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou o entendimento de que
os créditos com garantia fiduciária nã o sofrem os efeitos da recuperação judicial,
independentemente de o bem dado em garantia ter origem no patrimô nio da empresa
recuperanda ou no de terceiros
Sendo o que cabia para este momento, encontramos a dispoçã o para quaisquer
esclarecimentos.
Local e Data.
Advogado
OAB/SP – 443.424
Referências:
LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005 -
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Empresarial, v.2: direito de empresa, Sã o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016.
PAIVA, Luiz Fernando Valente de. Apresentaçã o do plano de recuperaçã o pelo devedor e a
atuaçã o dos credores. Revista do Advogado, n. 83, Sã o Paulo, 2005.
COELHO, Fá bio Ulhoa. Comentá rio à Lei de Falencias e Recuperaçã o de Empresas. 13. ed.
Sã o
Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
SZTAJN, Rachel. “Da recuperaçã o judicial”. In: SOUZA JUNIOR, Francisco Satiro; PITOMBO,
Antô nio Sérgio A. de Moraes (Coord.). Comentá rios à lei de recuperaçã o de empresas e
falência: Lei 11.101/2005. Sã o Paulo: RT, 2005.
LOBO, Jorge. Da recuperaçã o judicial. In: TOLEDO, Paulo Fernando Campos Salles de;
ABRÃ O, Carlos Henrique (Coord.). Comentá rios à Lei de recuperaçã o de empresas e
falência. 4. ed. Sã o Paulo: Saraiva, 2010. p. 173/179.
Sites acessados:
https://thiagodiamante.jusbrasil.com.br/artigos/861055785/vantagensedesvantagens-
da-recuperaçã o-ju... (acesso em 22.02.2022)
https://www.conjur.com.br/2020-jun-24/moraes-manoel-pros-contras-recuperaçã o-
judicial (acesso em 22.02.2022)
https://www.migalhas.com.br/depeso/325223/as-vantagens-da-recuperaçã o-
extrajudicial-para-reestrutura... (acesso em 22.02.2022)
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/plano-recuperaçã o-judicial-
microempresas-pequeno.htm (acesso em 23.02.2022)
https://ibradim.org.br/garantias-reais-na-recuperaçã o-judicialeo-que-podemos-aprender-
com-rei-salo... (acesso em 24.02.2022)
https://jus.com.br/artigos/48717/credito-quirografarioea-recuperaçã o-
judicial#:~:text=Cr%C3%A9dito.... (acesso em 24.02.2022)

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