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Índice

Introdução
A Relação Jurídica
A relação jurídica é a vinculação de duas ou mais pessoa no âmbito jurídico com
finalidades de interesses ou fins comuns.
O direito é um sistema de regras de conduta social, isto é, não está em causa atuação ou
conduta humana isoladamente, mas sim, a relação com outras pessoas. Sendo assim, a
relação jurídica é o elemento base da vida social regulada pelo direito.

História do conceito de relação jurídica


Os romanos falavam já de vinculum juris, mas a elevação do conceito de relação
jurídica, a categoria de conceito base da construção do direito civil deveu-se à
pendectistica alemã do século XIX e, em especial, ao jurista alemão F.C.VON
SAVIGNY 1779-1861. No entanto, no séc. XIX surgiu na Alemanha a
denominada Escola das Pandectas. Tal Escola baseava-se na interpretação da norma
jurídica buscando a finalidade almejada pelo legislador no momento de tipificação e
regulamentação do fato social. Foi por meio desta filosofia que surgiu o conceito de
relação jurídica.
O Código Civil Alemão de 1900, passou a incorporar a relação jurídica como fonte de
observação do Direito, separando em uma parte geral sua constituição, seus efeitos e
suas vicissitudes, abordando o Direito como mediador social e instrumento do bem
comum. A partir daí, portanto, o Direito passou a ser observado sob o prisma da relação
jurídica como meio de formação de direitos e deveres entre sujeitos.
Conceito
O conceito de relação jurídica é fundamental na Ciência do Direito. Jhering afirmou
que a relação Jurídica está para a Ciência do Direito assim como o alfabeto está para a
palavra. F.C. Savigny, em sua época, século XIX, foi o responsável por firmar de
maneira mais clara o conceito de relação jurídica.
Relação jurídica é o vinculo intersubjetivo concretizado pela ocorrência de um fato
cujos efeitos são veiculados pela lei, denominado fato jurídico. Trata-se, portanto de
relação social específica tipificada por uma norma jurídica.
Teorias
Tal conceito advém da chamada teoria personalista, a qual tem como precursor o
jurista alemão Bernhard Windscheid, entendendo ser esta o vínculo entre dois ou mais
sujeitos estabelecido diante de um objeto.
“Relação jurídica é aquela através da qual juridicamente se vinculam duas pessoas,
tendo por objeto um interesse.”
Indo adiante nos deparamos com a teoria normata, fundada na ideia de que a relação
jurídica consiste na necessidade de determinado comportamento a partir da existência
de um fato que produza efeitos jurídicos, indispensável à concretização de cada relação.
Ou seja, é a relação do sujeito com a norma jurídica, a concretização da relação de fato
pelo liame jurídico da norma. logo os contratos veiculam duas relações jurídicas para
cada sujeito envolvido.
E como se não bastase, já a teoria objetivista pauta-se na indeterminação do sujeito
passivo. A relação jurídica não envolve somente sujeitos, mas tem caráter genérico para
que possa abarcar o liame jurídico entre pessoas, pessoas e coisas e pessoas e lugares.
Formacão
As relações jurídicas se formam pela incidência de normas jurídicas em fatos sociais.
Em sentido amplo, os acontecimentos que instauram, modificam ou extinguem relações
jurídicas.

 Relações jurídicas fundamentais: decorrem da lei e estabelecem direitos


fundamentais.
Ex: respeitando o direito do outro em sociedade.
Para existir relação jurídica é preciso a presença de dois requisitos. "Em primeiro
lugar uma relação intersubjetiva, ou seja, um vínculo entre duas ou mais pessoas.
Em segundo lugar, que esse vínculo corresponda a uma hipótese normativa, de tal
maneira que derivem consequências obrigatórias o plano da experiência.
Denomina-se fato propulsor ou fato jurídico o acontecimento concretizador da
norma abstrata formando a relação intersubjetiva.

 “A relação jurídica tem como pressuposto um fato que adquire


significação jurídica se a lei o tem como idôneo à produção de
determinados efeitos, estatuídos ou tutelados. Assim todo evento, já um
acontecimento natural, já uma ação humana, converte-se em fato
jurídico, se em condições de exercer essa função. Ao incorporar
significação jurídica, o fato origina uma relação concreta e típica entre
sujeitos determinados ou determináveis
Nocão
Começando com por uma noção corrente e impressiva, embora vaga, dir-se-á que
relação jurídica é toda a relação da vida social disciplinada pelo direito, ou seja, a ordem
jurídica, designadamente por produzir consequências de direito. Essa noção é porem
extremamente ampla e vaga, é uma verdadeira tautologia, quase nada acrescenta ao
definido pois embora para procurar dar uma ideia de relação jurídica mais restrita e
precisa é necessário atender ao que uma relação jurídica contem e, então dir-se-á que
uma relação da vida social regulada pelo direito, e que consiste na atribuição a um
sujeito de um direito subjetivo e na adstrição de outro sujeito a uma vinculação jurídica.
A relação jurídica apresenta-se, pois, como um enlace normativo entre um direito e um
dever. Entre uma posição ativa poder e uma posição passiva dever ou vinculação.
Pode assim definir-se relação jurídica como o nexo de atribuição recíproca de um
direito e de uma vinculação.
Ora, nos últimos tempos tem sido dirigida a esta maneira de construir o direito civil
críticas tendentes a substituir o conceito de relação jurídica por outro conceito
fundamental da dogmática, ou pelo menos, a destronar a relação jurídica do seu papel de
conceito omni-representativo-algumas situações juridicamente reguladas não seriam
reconduzíveis sem distorção ao esquema da relação jurídica
Assim, por exemplo, integrando-se na primeira e mais radical tendência, alguns autores
tomam como categoria jurídica fundamental a de situação jurídica e não a de relação.
Estas críticas geraram uma situação de controvérsia, hoje encontramo-nos diante de uma
autêntica crise do conceito de relação jurídica. no entanto, ainda parece curial tomar o
conceito de relação jurídica como conceito basilar da dogmática civilista.
As duas razões fundamentais:
 Uma razão de índole teórica baseada na alteridade do direito. O direito não
regula o homem isolado, ou situações referentes ao homem isolado; regula a
vida de relação. Regula sempre a conduta ou a situação do homem em face de
outras pessoas não regula, portanto, situações porem mais concretamente
relações.
 Uma razão de direito passivo o código civil baseia-se no esquema da relação
jurídica. O título II do livro I ‘parte geral’, do código civil tem como epigrafe
“das relações jurídicas” e distribui-se por quatros subtítulos, em que afloram os
elementos das mesmas relações. sujeitos, objetos, facto e garantia.
 Subtítulo I- das pessoas
 Subtítulo II- das coisas art.º 202 no 1, diz-se coisa tudo aquilo que pode ser
objetos das relações jurídicas.
 Subtítulo III- dos factos jurídicos
 Subtítulo IV – do exercício e garantia dos direitos.
Noções fundamentais
Importa agora olhar com atenção os lados e ativos e passivos, antecipando, de forma
geral, algumas noções fundamentais:
O lado ativo resulta da atribuição a um sujeito de um direito subjetivo. O direito
subjetivo, traduz-se na ideia de um poder que é conferido pela regra a um sujeito para a
realização por este interesse. Aparece aqui, pois a um sujeito verdadeiro e livremente
ativo.
Correspondentemente, no extremo oposto passivo encontra-se uma situação inversa: a
adstrição de um sujeito – sujeito passivo, a uma vinculação por forca da qual a
liberdade de agir do mesmo sujeito aparece juridicamente diminuída e limitada. Quando
se refere este lado passivo, cabe falar em vinculação, melhor que em dever, porque essa
posição jurídica a que ficam adstritos o sujeito passivo das relações jurídicas tem várias
modalidades além da que consiste propriamente num dever jurídico, embora sendo esta
a modalidade mais frequente.
Pergunta-se o que é um dever jurídico? Como noção de dever pode ainda hoje dar-se a
que constava do art.2 CC/1867 a necessidade moral de praticar ou não praticar certos
factos; moral, aqui não significa ético, mas de ordem do espírito. Na verdade, a regra
cria para o sujeito uma necessidade do homem adstrito a essa necessidade se possa
posteriormente traduzir na conformação a ela ou na rebelião contra ela. Com efeito,
sempre que há um dever, há fisicamente e materialmente. A possibilidade do não
cumprimento embora, claro dessa rebelião advenham consequências jurídicas. por isso,
o dever é uma necessidade moral, e não física, de certa conduta. Como exemplo de
dever jurídico pode citar-se aquele que impede sobre quem pediu algo emprestado,
esse sujeito tem o dever de restituir ao credor a quantia emprestada no prazo
devido
A vinculação pode consistir, não propriamente num dever, mas numa sujeição verifica-
se esta hipótese quando a regra dá ao sujeito ativo o poder de emitir uma declaração de
vontade que vai produzir automaticamente efeitos na esfera jurídica do sujeito passivo.
Este já não tem de observar qualquer conduta não tem dever algum, mas antes está
sujeito a que, pelo mero poder atribuído por lei ao sujeito ativo, surjam, na sua esfera
jurídica efeitos automáticos, independentemente tanto de toda e qualquer prestação
conforme á regra, como de rebelião a ela contrária. A vontade do sujeito passivo é, neste
caso, tanto desnecessária para a satisfação integral do interesse do sujeito ativo, como
impotente para de qualquer modo a evitar ver-se-á adiante que a estas sujeições
corresponde no lado ativo, os chamados direitos potestativos. Bom costuma
empregar-se a palavra obrigação para abranger deveres e sujeições, mas como a
expressão obrigação jurídica em um sentido determinado, mais limitado e técnico, é
melhor empregar para abranger aquelas duas espécies o termo mais lato de vinculação.
Em conclusão, sempre que há uma relação jurídica, há a atribuição de um direito
subjetivo a um sujeito ativo e a adstrição a uma vinculação de um sujeito passivo.

Elementos
São elementos caracterizadores da relação jurídica:
Sujeitos da relação jurídica: Relação de homem para homem cada qual possui uma
situação jurídica própria, consistente na posição ocupada na relação jurídica como
titular de direitos e deveres. A situação jurídica ativa corresponde à posição de agente
portador de direito subjetivo, enquanto a situação jurídica passiva, a de possuidor de
dever jurídico.
a) Sujeito ativo - é o credor da prestação ou obrigação principal ou o
beneficiário principal da relação. Titular do direito subjetivo.
b) Sujeito passivo - titular do dever jurídico, devedor da prestação principal.

 Obs.: Esses sujeitos terão obrigações que se dividem em dar, fazer e


não fazer.
Todavia, há situações em que o sujeito de direito ainda não existe, ver.: herança
jacente. Predomina a doutrina que aceita a falta provisória de sujeito ou
expectativa de direito.
c) Vínculo de atributividade - liame, reconhecido juridicamente, entre os
sujeitos. Pode ocorrer por meio de lei, ou acordo de vontades, na figura dos
contratos. A inexistência do vínculo acarreta a inexistência da relação jurídica.
d) Objeto - elemento motriz da relação, é a pessoa, a prestação ou a coisa sobre
a qual recai o vínculo de atributividade. A relação jurídica gira em torno do
objeto.

Classificação
A relação jurídica pode ser:
a) Simples: veicula somente um direito subjetivo
b) Complexa: veicula mais de um direito subjetivo, com titulares diversos;
c) Plúrima: veicula mais de um direito subjetivo, oriundos de um único titular.
d) Pública ou Privada: dependendo do interesse público ou privado,
respectivamente, acobertado pela relação jurídico. Como espécies das relações
privadas tem-se as relações patrimoniais ou extrapatrimoniais, suscetíveis ou não
de apreciação pecuniária. As relações patrimoniais dizem respeito aos direitos
reais e pessoais, enquanto as extrapatrimoniais, à personalidade e à família.
e) Absoluta ou Relativa: as relações absolutas tratam de direito de imposição
universal, o qual deve ser respeitado por todos. Já as relativas tratam de direitos
cuja eficácia é circunscrita a determinadas pessoas.
conclusão
Bibliografia

o PINTO, Carlos Alberto da Mota. Teoria Geral do Direito Civil.


Coimbra Ed. 2005.
o AMARAL,Francisco. Direito Civil. Ed. Renovar. Rio de Janeiro, 2000.
o COSTA, Wille Duarte. Relação Jurídica, conceito e estrutura. Coleção
Momentos Jurídicos. v.4. Ed. Del Rey. São Paulo, 1994.
o CARVALHO, Orlando de. Teoria Geral da Relação Jurídica. Coimbra,
1969.
o ANDRADE, Manuel de. Teoria Geral da Relação Jurídica. Coimbra,
1998.

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