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Tendo como premissa que obrigação é a relação jurídica estabelecida entre devedor e
credor e cujo objecto consiste em prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. O
direito das obrigações regula directamente relações sociais, na perspectiva das relações
estabelecidas directamente ente indivíduos. A forma de cooperação a que diz respeito o
direito das obrigações pressupõe uma relação entre sujeitos autónomos, independentes,
e tem por objecto já não directamente uma coisa, mas uma “prestação”, isto é, um
comportamento de um dos sujeitos (o devedor) no interesse ou para satisfação de um
interesse do outro sujeito (o credor).
Na nossa lei civil a matéria das obrigações constitui objecto do Livro II do Código
Civil, que se estende desde o artigo 397.° do CC, ao artigo 1250° do CC, abrangendo
assim mais de um terço, dos preceitos (2334 artigos de todo o diploma. Em
consonância, com o previsto art.º 397º do CC, Obrigação é o vínculo jurídico por
virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação.
A presente pesquisa, versa sobre fontes das obrigações, e a primeira fonte das
obrigações primeira não só na sistematização da lei e porventura na sucessão histórica
dos factos, mas também na ordem natural das coisas e até na sua importância prática..
Na presente objectivou-se á:
São estes tópicos que farão manchete desta pesquisa cujo para sua elaboração usou-se
o método hermenêutico e consulta bibliográfica. Portanto o objectivo, método e técnica
foram pensados e ajustados da forma mais racional e lógica possível, para que as
análises e discussões alvitradas alcançassem plenamente os fins cuidadosamente
propostos, com o intento de que a totalidade destes elementos pudesse contribuir com
relação a um melhor entendimento académico sobre as fontes das obrigações.
Conceito de obrigações
De acordo com João de Matos1 “o direito das obrigações é o conjunto das normas
jurídicas reguladoras das relações de crédito, sendo estas as relações jurídicas em que ao
direito subjectivo atribuído a um dos sujeitos corresponde um dever.” O direito das
obrigações é o conjunto das normas jurídicas reguladoras das relações de crédito, sendo
estas as relações jurídicas em que ao direito subjectivo atribuído a um dos sujeitos
corresponde um dever de prestar especificadamente imposto a determinada pessoa. É o
dever de prestar, a que uma pessoa fica adstrita, no interesse de outra, que distingue a
relação obrigacional de outros tipos próximos de relações (nomeadamente dos direitos
reais, dos direitos de autor, dos direitos de personalidade e também dos direitos
potestativos2 em geral).
Segundo Gagliano 3
A matéria das obrigações constitui objecto do Livro II do Código Civil, que se estende
desde o artigo 397.° ao artigo 1250°, abrangendo assim mais de um terço, dos preceitos
(2334 artigos de todo o diploma. Em consonância, com o previsto art.º 397º do CC,
Obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com
outra à realização de uma prestação.
1
João de Matos Antunes Varella, das obrigações em Geral, vol I, 2 ed, Almeida, 2000, p,45
2
Os direitos potestativos (como o direito de resolução, de anulação ou de denúncia de um contrato)
distinguem-se, porém, dos direitos subjectivos propriamente ditos (entre os quais figuram os direitos de
crédito) também quanto ao lado activo da relação, pois são fundamentalmente direitos tendentes a uma
modificação jurídica: Manuel DE ANDRADE, Teoria geral ¿a relação jurídica, I, 1960
3
Gagliano e Filho, Novo curso de direito civil - Obrigações, vol. IV, 2005, pág. 12.
Estrutura da Obrigação
O primeiro elemento da relação, pelo papel primordial que desempenha dentro dela, é
constituído pelos sujeitos: o credor, de um lado; o devedor, do outro.
Mais, porém, do que titular do interesse tutelado, o credor é o senhor da tutela do seu
interesse. A cautela do interesse depende da sua vontade, o funcionamento dela está
subordinado à iniciativa do titular activo da relação. Na veste ou qualidade de
4
Chamado credor, escreve M. Andrade (pág. 17), «porque acreditou no devedor na sua lealdade c na sua
capacidade de pagamento», ou porque, como diz Larenz, § 2,1, crê na pessoa do obrigado, no seu desejo
de cumprir (Leiswtgswiüigkety, por um lado, e na sua capacidade de cumprir (Leistungsvemiõgen).
5
Azevedo, António Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade, op. cit., p. 16
6
Entendemos por interesse, escreve Groppali na sua sugestiva Introdução ao estudo do direito (trad, de
M. Alarcãq, 1968, pág. 132), o desejo, a exigência de um bem que se considera útil, isto é, apto para
satisfazer uma necessidade»
verdadeiro sujeito de um direito subjectivo, e não de simples titular de um interesse
reflexamente protegido, o credor pode dispor, pelas mais variadas formas, dos meios
coercitivos predispostos pela ordem jurídica para governo da relação: pode exigir o
cumprimento (voluntário ou judicial) da obrigação e pode não o exigir, sem que do
facto lhe advenha qualquer sanção. O credor é, numa palavra, o titular do direito à
prestação, o sujeito activo da relação de crédito.
O devedor é, por seu turno, a pessoa sobre a qual recai o dever de efectuar a prestação
(o comprador, quanto à entrega do preço; a entidade patronal, quanto ao salário; o
empreiteiro, quanto à entrega da obra). É, como sujeito passivo da relação, quem está
adstrito ao cumprimento da prestação. Enquanto o credor tem, dentro da relação
obrigacional, uma posição de supremacia, o devedor ocupa uma posição de
subordinação (de subordinação jurídica; não de subordinação política, social ou
pessoal).
Através do vínculo que a ordem jurídica estabelece entre o credor e o devedor. Este
vínculo, constituído pelo enlace dos poderes conferidos ao credor com os correlativos
deveres impostos ao titular passivo da relação, forma o núcleo central da obrigação, o
elemento substancial da economia da relação. Atenta a facilidade com que mudam os
sujeitos da obrigação e ponderadas as transformações que sofre a cada passo a própria
prestação debitória, o vínculo estabelecido entre o devedor e o credor constitui o
elemento verdadeiramente irredutível da relação. Nele reside o cerne do direito de
crédito.
Coelho da Rocha10 definiu-a igualmente como “um vínculo legal, pelo qual é alguém
adstrito a dar, fazer ou pagar alguma coisa”. E o Código Civil volta a percutir a mesma
tecla, quando dela nos dá (art. 397.°) a seguinte noção “Obrigação é o vínculo jurídico
por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma
prestação”.
Traduz-se logo no poder que tem o credor de exigir a prestação, no dever que recai
sobre o obrigado de efectuá-la, e na sanção aplicável ao devedor inadimplente ou em
mora, a requerimento do credor lesado. O direito de exigir a prestação pode ser exercido
extrajudicialmente (mediante interpelação do devedor) ou judicialmente (através de
citação para a acção de cumprimento ou a execução, ou por meio de notificação judicial
avulsa: art. 805.° do Cód. Civ. e arts. 228.°, 234.°, 811.°, e 261.° do Cód. Proc. Civ).
Se o devedor cumpre voluntariamente, como sucede as mais das vezes, o credor pode
reter a prestação, e retê-la a título de cumprimento (soluti retentío) — não a título de
liberalidade porque a ela tinha direito; pela mesma razão, o devedor não pode exigir
nessa altura a sua restituição, não goza da condictio indebiti. E se o devedor não
cumpre?.
Nessa altura, o credor terá em regra de recorrer à execução forçada, agredindo, não a
pessoa, mas o património do devedor. Se o credor tem o direito de agredir o património
do devedor, é porque os bens deste respondem pelo cumprimento da obrigação,
contrato de edição) ou numa coisa incorpórea (estabelecimento comerciai, direito a uma herança). Por
exemplo Se A vende um prédio a B e, em virtude da venda, fica obrigado a entregá-lo, são realidades
completamente distintas o acto de entrega do prédio (a prestação devida), por um lado, e o prédio, por
outro (objecto da prestação).
10
Instituições, I, pág. 112
garantindo o seu cumprimento (art. 601.°).Visto, porém, lhe não ser lícito fazer justiça
por suas mãos (uma vez que a lei condena o sistema da justiça privada ou da autodefesa-
art. 1.° do Cód. Proc. Civ; cff., porém, art. 336.° do Cód. Civ.), será forçado para esse
efeito a recorrer aos tribunais.
No âmbito obrigacional, diz-se fonte da obrigação o facto jurídico de onde nasce o vínculo
obrigacional. Trata-se da realidade sub sperie iuris que dá vida à relação creditória. A fonte tem
uma importância especial na vida da obrigação, por virtude da atipicidade da relação creditória.
Os autores e as leis costumam catalogar as fontes das obrigações em grandes classes ou
categorias de factos. Já as Institutos de Noronha 11 referem as duas categorias fundamentais: a) o
contraio e b) delito, às quais um conhecido passo do Digesto aditou as variae causanem figurae,
no intuito de abranger as diversas espécies geradoras de obrigações, que não se integravam em
nenhuma daquelas categorias.
11
Noronha, O direito do contrato e seus princípios fundamentais, 1994, pág. 113.
12
Os contratos eram já, e continuam a ser ainda hoje, a fonte mais importante das obrigações, embora
deles possam nascer também relações jurídicas de outro tipo A rubrica dos quase-contratos compreendia
os factos voluntários lícitos, que não eram contratos por lhes faltar um elemento essencial (o acordo dos
contraentes, segundo a concepção bizantina do contrato; o intento de constituir uma obrigação, segundo a
concepção do direito romano clássico), mas que criavam obrigações para o respectivo autor ou para
terceiro
13
Os delitos eram constituídos pelos factos ilícitos extracontratuais, de carácter intencional (factos
danosos praticados com dolo ou intenção maligna, segundo a noção dada por Pothier), enquanto os quase-
-delitos (cfr. art. 1383 do Code civil) abrangiam os factos ilícitos praticados com mera culpa ou
negligência í1) (factos danosos-praticados sem intenção maligna, mas com imprudência indesculpável, na
definição do mesmo autor).
f1). Nota-se, por isso, além de uma grande divergência quanto à lista dos quase-
contratos, uma acentuada imprecisão dos autores quanto ao conceito correspondente.
Contratos
Contratos Bilaterais
Esse tipo de contrato é o mais comum nas relações jurídicas, que é a convenção pela
qual duas pessoas se convencionam a celebrar um dado negócio jurídico, por força da
liberdade contratual estipulado no artigo 405 do cc, e este esta sujeito a liberdade de
forma em consonância com o revisto no artigo art.º 219º que dispõe que a validade da
declaração negocial não depende da observância de forma especial, salvo quando a lei a
exigir. São exemplos de contratos bilaterais: a) contrato de compra e venda, que nos
termos do art.º 874º a é o contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou
outro direito, mediante um preço. B) Mútuo em conformidade com o art.º 1142º -
14
M. DE Andrade, Teoria geral da relação jurídica, II, n.° 65
15
Gagliano e Filho, Novo curso de direito civil - Obrigações, vol. IV, 2005, pág. 12.
Noção Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra dinheiro ou outra
coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e
qualidade.
Outro exemplo é o Contrato de trabalho previsto no art.º 1152º do cc, que é aquele
pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade
intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e direcção desta. E por ultimo o
contrato de prestação de serviço que nos termos do art.º 1154º do cc, é aquele em que
uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho
intelectual ou manual, com ou sem retribuição.
Contratos Unilaterais
Dizem-se unilaterais os contratos dos quais resultam obrigações só para uma das
partes, Assim sucede em regra na doação previsto no art. 940.° do CC, no comodato
consagrado no art. 1129.° do CC e no mandato gratuito (art. 1157.°), etc. Estes são os
contratos unilaterais. OU seja, Trata-se de negocio em que apenas uma parte
convenciona-se a celebrar um contrato, como é o caso de doação que ao brigo do art.º
940º é o contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade e à custa do seu
património, dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma
obrigação, em benefício do outro contraente., Promessa unilateral previsto no art.º 411º
do CC, se o contrato-promessa vincular apenas uma das partes e não se fixar o prazo
dentro do qual o vínculo é eficaz, pode o tribunal, a requerimento do promitente, fixar à
outra parte um prazo para o exercício do direito, findo o qual este caducará.
Enquadra-se nesse tipo de contrato o pacto de preferência consagrado no art.º 414º que
consiste na convenção pela qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem
na venda de determinada coisa. Outro exemplo é a locação nos termos do art.º 1022º do
cc, que é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo
temporário de uma coisa, mediante retribuição.
16
Previsto no artigo 405 do cc, consagra que dentro dos limites da lei, as partes tem a faculdade de fixar
livremente o conteúdo dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste código ou incluir
nestes as cláusulas que lhes aprouver ou seja, As partes são livres, ao contratar, na medida em que podem
seguir os impulsos da sua razão, sem estarem aprisionadas pela jaula das normas legais.
17
O princípio da confiança explica, por sua vez, a força vinculativa do contrato, a doutrina válida em
matéria de interpretação e integração dos contratos (arts. 236.°; 238.°; 239.°, cfr. art. 217.°) e a regra da
imodificabilidade do contrato por vontade (unilateral) de um dos contraentes (art. 406.°, 1), É, com efeito,
a protecção da legítima expectativa criada pelo recebimento da proposta contratual no espírito do
destinatário que explica a irrevogabilidade dela pelo proponente durante o período razoavelmente
reservado à reflexão e decisão deste (art. 230.°).
18
Encontra-se, por seu turno, latente em várias disposições importantes do nosso direito constituído, entre
as quais podem salientar-se as seguintes: a) a anulação ou modificação dos negócios usurários (arts. 282.°
e segs.); b) a possibilidade de redução oficiosa da cláusula penal excessiva (art. 812.°); c) a redução ou
aumento do preço de coisas sujeitas a contagem, pesagem ou medição, no caso de divergência, além de
certo limite, entre a realidade e a declaração das partes (art. 888.°, 2); d) o direito à redução do preço no
caso da venda de coisas defeituosas (art. 913.°).
Não sendo a única fonte das obrigações, o contrato é a mais importante entre todas
elas. Mas o contrato não se limita a constituir, modificar ou extinguir relações de
obrigação. “A constituição ou transferência- de direitos reais sobre coisa determinada,
diz o artigo 408.°, dá-se por mero efeito do contrato”. Por exemplo assim, se A vender a
B certa coisa móvel ou imóvel, o contrato imporá ao vendedor a obrigação de entregar a
coisa (art. 879.°). Mas, ao mesmo tempo, por força do preceito basilar contido no
arartigo 408.° do CC, a celebração do contrato transfere desde logo, do vendedor para o
comprador, o domínio sobre a coisa.
Suponhamos, para realçar o interesse prático da solução, que A vendeu certo móvel a
B no dia 1 de Novembro, devendo a coisa ser paga e entregue no dia 5, porque B só
nesse dia a pode receber (cfr. art. 796.°, 1 e 2). Se no dia 3 um terceiro (Q a furtar,
danificar ou a vender porque a tinha em seu poder) a D, quem pode reivindicar o móvel
de D ou exigir de C a reparação do dano é B e não A.
Aos contratos com semelhante efeito dá a doutrina o nome de contratos com eficácia
real ou, mais simplesmente, de contratos reais.
Contrato-promessa
Em consonância com o previsto no artigo 410 do CC, À convenção pela qual alguém
se obriga a celebrar certo contrato são aplicáveis as disposições legais relativas ao
contrato prometido, exceptuadas as relativas à forma e as que, por sua razão de ser, não
se devam considerar extensivas ao contratopromessa. Porém, a promessa relativa à
celebração de contrato para o qual a lei exija documento, quer autêntico, quer particular,
só vale se constar de documento assinado pelos promitentes.19
Suponhamos que A quer comprar um prédio a B e este quer vender-lho. Não podem
todavia, celebrar já o contrato, porque faltam documentos necessários: porque A não
dispõe, por enquanto, do capital para a compra e B não quer vender a crédito; porque
estão ainda em curso formalidades burocráticas para regularizar o direito do próprio
vendedor; porque o prédio ainda não está concluído.
19
O C pretende obter o arrendamento de uma casa de praia e D está disposto a arrendar-lha;
mas, como vêm ainda longe os meses de verão, pode convir-lhes mais efectuarem entre si um
contrato-promessa de arrendamento, entregando o promitente arrendatário determinada
importância como sinal
Desejando assegurar desde logo a realização futura do negócio, os interessados têm
um meio natural de fazê-lo, mediante a celebração dum contrato-promessa de compra e
venda.
Segundo GOMES, 20
Tendo a promessa eficácia real, nos termos do artigo 413.°, o direito da contraparte é
oponível ao terceiro adquirente, cujo direito se não ache registado antes do registo do
contrato-promessa. A alienação ou oneração da coisa não impedirá a contraparte,
quando assim seja, de requerer e obter a execução específica da promessa. E haverá
lugar à execução específica, tendo o contrato-promessa eficácia real, mesmo que haja
sinal passado ou convenção de cláusula penal.
Pactos de Preferência
Nos termos do artigo 414.º Noção O pacto de preferência consiste na convenção pela
qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem na venda de determinada
coisa. Pactos de preferência são, assim, os contratos pelos quais alguém assume a
obrigação de, em igualdade de condições, escolher determinada pessoa como seu
contraente, no caso de se decidir a celebrar determinado negócio.
20
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil, op. cit., p. 268
21
Júlio césar. Direito Civil parte geral. 2 edição, revista ampliada. 2015, p45
Do pacto de preferência nasce uma obrigação típica, para uns autores, a de o devedor
não contratar com terceiro, se o outro contraente se dispuser a contratar em iguais
condições; para outros, a de, querendo contratar, o obrigado escolher a contraparte, de
preferência a qualquer outra pessoa. Em face dessa obrigação, fica a plena liberdade de
o titular da preferência aceitar ou não a celebração do contrato, nos termos em que o
obrigado se propõe realizá-lo.
Segundo o previsto no artigo 443.º do cc, por meio de contrato, pode uma das panes
assumir perante outra, que tenha na promessa um interesse digno de protecção legal, a
obrigação de efectuar uma prestação a favor de terceiro, estranho ao negócio, diz-se
promitente a parte que assume a obrigação e promissário o contraente a quem a
promessa é feita. Por contrato a favor de terceiro, têm as panes ainda a possibilidade de
remitir dívidas ou ceder créditos, e bem assim de constituir, modificar, transmitir ou
extinguir direitos reais.
22
Segundo o estiplado no artigo 444.º do cc, o Direitos do terceiro e do promissário. O terceiro a favor de
quem for convencionada a promessa adquire direito à prestação, independentemente de aceitação. O
promissário tem igualmente o directo de exigir do promitente o cumprimento da promessa, a não ser que
outra tenha sido a vontade dos contraentes. 3.Quando se trate da promessa de exonerar o promissário de
uma dívida para com terceiro, só àquele é lícito exigir o cumprimento da promessa.
Gestão de Negócios
Nos termos do artigo 464.º do CC, dá-se a gestão de negócios, quando uma pessoa
assume a direcção de negócio alheio no interesse e por conta do respectivo dono, sem
para tal estar autorizada. Para que haja gestão de negócios (cujo regime se mostra
impregnado das duas ideias fundamentais que comandam a existência do instituto) são
necessários os seguintes requisitos: à) que alguém (gestor) assuma a direcção de
negócio alheio; è) que o gestor actue no interesse e por conta do dono do negócio; c)
que não haja autorização deste (art. 464.°).
A gestão de negocio gera obrigações, dai que o artigo 466.º do CC, prevê o regime de
Responsabilidade do gestor, com a seguinte redacção, o gestor responde perante o dono
do negócio, tanto pelos danos a que der causa, por culpa sua, no exercício da gestão,
como por aqueles que causar com a injustificada interrupção dela. Considera-se culposa
a actuação do gestor, quando ele agir em desconformidade como interesse ou a vontade,
real ou presumível, do dono do negócio.
Segundo a previsão do artigo 473 do CC, aquele que, sem causa justificativa,
enriquecer à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que injustamente se
locupletou. 23
A obrigação de restituir, por enriquecimento sem causa, tem de modo
especial por objecto o que for indevidamente recebido, ou o que for recebido por virtude
de uma causa que deixou de existir ou em vista de um efeito que não se verificou.
23
Ainda um outro exemplo: A vende certo imóvel a B, que não regista a aquisição. Entretanto, A aliena
a mesma coisa a C, que regista. Apesar de ter adquirido a coisa do non dominus, a aquisição de C é
valida, por força dos princípios que regem a instituição do registo, em homenagem à segurança do
comércio jurídico. O que não pode, porém, persistir, por clamorosa violação dos princípios da justiça
comutativa, é o enriquecimento obtido por A à custa de B, recebendo pela segunda vez o preço da mesma
coisa.
24
Gagliano e Filho, Novo curso de direito civil - Obrigações, vol. IV, 2005, pág. 12.
O enriquecimento injusto25 pode dar lugar, tanto à acção de restituição ou à obrigação
de restituir, quando o enriquecimento se tenha já verificado, como à excepção do
enriquecimento sem causa, para evitar que ele se verifique. Assim sucede, por ex.,
quando a prestação devida, apesar de ter sido feita ao credor incapaz, haja enriquecido
do património deste, podendo o devedor opor-se, com esse fundamento, ao pedido de
anulação da prestação e de novo cumprimento da obrigação (art. 764.°, 2).
O direito à restituição do que foi obtido sem justa causa está sujeito à prescrição de
três anos, a contar da data em que o credor teve conhecimento do direito que lhe
compete e da pessoa do responsável (art. 482.° do CC). É um dos poucos casos de
prescrição de curto prazo, constituindo a norma do artigo 482.° do CC, um caso paralelo
da disposição (art. 498.° do CC) que sujeita a prazo semelhante o direito de
indemnização fundado na responsabilidade civil extracontratual.
A razão de ser do prazo excepcional fixado no artigo 482.° está na pressão que a lei
pretende compreensivelmente exercer sobre o credor no sentido de usar do seu direito,
logo que tenha os elementos necessários para agir: o conhecimento do direito que lhe
assiste (como quem diz dos elementos constitutivos do seu direito) e da pessoa do
responsável.
Responsabilidade civil
25
O enriquecimento consiste na obtenção de uma vantagem de carácter patrimonial, seja qual for a forma
que essa vantagem revista. Umas vezes a vantagem traduzir-se-á num aumento do activo patrimonial
(preço da alienação de coisa alheia; lucro da edição de obra alheia ou da representação de peça alheia;
recepção de prestação não devida, porque a obrigação nunca existiu ou já havia sido cumprida, ou porque
fora cedida entretanto; bens adquiridos ou benfeitorias realizadas pelo gestor; etc.); outras, numa
diminuição do passivo (cumprimento efectuado por terceiro, na errónea convicção de estar obrigado a
efectuá-lo; pagamento efectuado pelo aceitante ao tomador, que libera o sacador em face deste); outras,
no uso ou consumo de coisa alheia ou no exercício de direito alheio, quando estes acros sejam
susceptíveis de avaliação pecuniária (instalação em casa alheia; apascentamento do rebanho próprio em
lameiro de outrem; consumo de bebidas ou de cigarros pertencentes a terceiro; utilização da assinatura de
outrem no teatro ou na ópera).
Segundo Noronha 26 a Responsabilidade contratual e extracontratual. Sistematização do
Código Civil. Entre as fontes das obrigações regula o Código, por a responsabilidade
civil. Na rubrica da responsabilidade civil cabe tanto a responsabilidade proveniente da
falta de cumprimento das obrigações emergentes dos contratos, de negócios unilaterais
ou da lei {responsabilidade contratual). 27 Como a resultante da violação de direitos
absolutos ou da prática de certos actos que, embora lícitos, causam prejuízo a outrem
(responsabilidade extracontratual).
Como há, todavia, uma série de problemas comuns às duas fontes da responsabilidade
e da maior importância, aliás, dentro do instituto o Código tratou-os conjuntamente, ao
fixar o regime próprio da obrigação de indemnizar, a que ambas podem dar lugar (ares.
562.° e segs.).
26
Noronha, O direito do contrato e seus princípios fundamentais, 2007, p.458
27
A expressão responsabilidade contratual não é inteiramente rigorosa, na medida em que a obrigação de
reparação do dano por ela abrangida nem sempre resulta da violação de um contrato. Por isso, alguns
autores sugeriram outras designações, como fossem a de responsabilidade negociai (para abranger a
violação das obrigações provenientes de negócio unilateral, inquestionavelmente sujeita ao mesmo
regime) ou a de responsabilidade obrigacional (para compreender o não cumprimento das obrigações em
sentido técnico, que não provenham de um negócio jurídico, mas da lei).
social de reparar o dano sofrido pelo lesado (teoria da responsabilidade objectiva),
desde que este não tenha agido com culpa grave ou com dolo).
Pressupostos, Aquele que, com dolo ou mera culpa, diz o artigo 483.°, Violar
ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger
interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da
violação.
Na perspectiva Marcelo28
28
Marcelo G. M. (2000), Lesão Contratual no Direito Brasileiro, op. São Paulo: RT;
29
Vaz Sérica., Culpa do devedor ou do agente, pág. 39
presunção de culpa, mas só aqueles cujo dever de vigilância é determinado pela
incapacidade natural do vigiado. A responsabilidade não abrange, assim, o graduado
que comanda um destacamento militar, em relação aos actos danosos praticados pelos
seus subordinados.
Quanto aos danos causados por edifícios que venham a ruir, no todo ou em parte, vale
o mesmo regime (presunção de culpa, mas não responsabilidade objectiva) (J), nos
termos do artigo 492.° do cc, contanto que a derrocada ou queda do edifício provenha
comprovadamente de vício da construção ou de defeito de conservação.
Dos danos que cada um sofra na sua esfera jurídica só lhe será possível ressarcir-se à
custa de outrem quanto àqueles que, provindo de facto ilícito, sejam imputáveis a
conduta culposa de terceiro. Há largos e importantes sectores da vida em que as
necessidades sociais de segurança se têm mesmo de sobrepor às considerações de
Justiça alicerçadas sobre o plano das situações individuais. Por isso a responsabilidade
civil pelo risco decorre da prática de uma actividade.
Responsabilidade do comitente
30
Sobre a responsabilidade do devedor pelos actos dos auxiliares de que se sirva no cumprimento da
obrigação (já existente), veja-se o disposto no artigo 8OO do CC).
Se, pelo contrário, é o comissário quem conduz o carro da entidade patronal, fora do
exercício da sua comissão, é ele e só ele quem responde objectivamente, nos termos do
n.° 1 do artigo 503.° do CC, por força do disposto no n.° 3 (2 aparte) da mesma
disposição. Havendo culpa efectiva, comprovada, do condutor e encontrando- -se este
no pleno exercício da sua função de comissário, é evidente que cem inteira aplicação o
disposto no artigo 500.°
Conclusão
Chegado a este ponto conclui-se que sendo as obrigações uma relação jurídica
estabelecida entre devedor e credor e cujo objecto consiste em prestação de dar, fazer ou
não fazer alguma coisa. O direito das obrigações regula directamente relações sociais,
na perspectiva das relações estabelecidas directamente ente indivíduos. A forma de
cooperação a que diz respeito o direito das obrigações pressupõe uma relação entre
sujeitos autónomos, independentes, e tem por objecto já não directamente uma coisa,
mas uma “prestação”, isto é, um comportamento de um dos sujeitos (o devedor) no
interesse ou para satisfação de um interesse do outro sujeito (o credor).
E por sua vez do ponto de vista jurídico é o conjunto das normas jurídicas reguladoras
das relações de crédito, sendo estas as relações jurídicas em que ao direito subjectivo
atribuído a um dos sujeitos corresponde um dever de prestar especificadamente imposto
a determinada pessoa. É o dever de prestar, a que uma pessoa fica adstrita, no interesse
de outra, que distingue a relação obrigacional de outros tipos próximos de relações
(nomeadamente dos direitos reais, dos direitos de autor, dos direitos de personalidade e
também dos direitos potestativos em geral).
Referências Bibliográficas
Legislação
Obras literárias
João de Matos (2000) A. V., das obrigações em Geral, vol I, 2 ed, Almeida,
Lisboa, R. S. (2003), Manual de Direito Civil, Volume I: Teoria Geral do Direito Civil.
3ª. ed. São Paulo: RT;
Marcelo G. M. (2000), Lesão Contratual no Direito Brasileiro, op. São Paulo: RT;
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