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DIREITO DE PROTECÇÃO DAS FLORESTAS

Saviana da Júlia Bartolomeu1

Resumo: Em dois momentos as Nações Unidas reuniram-se para debater questões globais
com vistas à busca de soluções para os problemas de ordem ambiental que afligem o Planeta: a
primeira vez em Estocolmo, em 1972, e a segunda, no Rio de Janeiro, em 1992. A primeira
conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a acção humana estava causando
séria degradação da natureza e criando severos riscos para o bem-estar e para a própria
sobrevivência da humanidade, e a segunda inovou os procedimentos preparatórios de
conferências internacionais, permitindo um amplo debate político e intercâmbio de ideias entre
as delegações oficiais e os representantes dos vários sectores da sociedade civil, por meio de
entidades e cientistas. Nas entre linhas dessas conferências surge o Direito de Protecção
Ambiental, que pese embora não há de forma específica uma convenção ou tratado
internacional cogente sobre a protecção das florestas, mas apenas estudos e instrumentos não
obrigatórios ('soft law'), os Estados por forca do princípio de não, Combate ao desflorestamento,
aprovam leis, regulamentos para protecção das Florestas.

Palavras-chaves: protecção; direito ambiental; desflorestamento; sistema


internacional.

Considerações Iniciais

De antemão frisar que Cooperação internacional é a actuação conjunta de países,


instituições multilaterais e não-governamentais em busca de um objectivo comum. Ou
seja, os atores se dispõem a compartilhar conhecimentos e recursos em áreas que
tenham objectivos em comum. No âmbito dessa cooperação internacional, é
indispensável situar historicamente a propositura de um plano da grandeza que é a
Agenda 21. Esse acordo é resultado de um amadurecimento do debate da comunidade
internacional a respeito da compatibilização entre desenvolvimento económico e
protecção ambiental, e consequentemente, sobre a continuidade e sustentabilidade da
vida no Planeta Terra.

Com resultado desses simpósios internacionais com principal eixo a protecção do


meio ambiente surge, a direito protecção de florestas, com assento constitucional ao
abrigo do artigo 90 que prevê o Direito ao Ambiente equilibrado, groso modo o
ambiente e qualidade vida nos termos do artigo 117 da CRM, na esfera internacional
surge vários protocolos e declarações tais como a) Convenção Africana sobre
1
Graduando em Direito pela Universidade Rovuma
Conservação da Natureza e Recursos Naturais; b) Tratado de Cooperação Amazónica;
c) Protocolo sobre Áreas Protegidas e Fauna e Flora - Região Oriental da África; d)
Agenda 21. Deste modo a presente pesquisa pretende analisar Direito de protecção das
florestas, na esfera global, uma vez que não há de forma específica uma convenção ou
tratado internacional cogente sobre a protecção das florestas, mas apenas estudos e
instrumentos não obrigatórios ('soft law').

A metodologia está fundamentada na pesquisa bibliográfica, que reúne informações e


dados que servirão de base para a construção da investigação proposta. Assim, os
aportes teóricos que fundamentaram este estudo advêm de pesquisas que trazem
reflexões acerca do Direito de protecção de florestas abordando as diversas teorias que
embasam os estudos contemporâneos.

1. Conceito de florestas

A existência de uma pluralidade de definições é um reflexo não apenas de diversidade


de ecossistemas florestais no plante, mas também da variedade de relações económicas
e culturais estabelecidas entre os seres humanos e as florestas.

A organização das Nações Unidas para Agricultura e alimentação (FAO), órgão


responsável pela compilação e organização dos dados relativos as florestas do mundo 2,
as define como terra com área mínima de 0,5 hectares com árvores maiores de 5m e
uma cobertura de copa superior a dez por cento da área, ou árvores capazes de alcançar
essa altura in situ. Povoamentos florestais jovens que ainda forem atingir os requisitos
de altura também são considerados florestas, assim como as áreas que normalmente
formam parte de uma área florestal e que estão temporariamente sem estoque em função
de intervenção humana ou das causas naturais e que são esparradas a reverter para
floresta. Esse conceito contempla tanto as chamadas florestas naturais quanto as
plantações, incluindo áreas utilizadas como propósito de produção, de protecção, uso
múltiplo ou conservação.

2
Os dados reunidos pela FAO, são utilizados como estatística sobre florestas no sistema das
nações unidas, tornando-se base para o desenvolvimento de políticas internacionais relacionadas
as florestas. As estatísticas da FAO, também são utilizadas por cientistas e pela midia em geral,
sendo difícil encontrar fontes alternativas de informação.
Ainda segundo a definição elaborada pela FAO, as florestas não são caracterizadas
apenas pela presença de árvores, mas também pela ausência de outro uso predominante
da terra. Em função disso, as plantações comerciais incluídas na definição de floresta da
FAO, referem-se apenas aquelas voltadas para produção de madeira. Mas esse conceito
de floresta da FAO, é alvo de frequentes contestações.

Para os críticos dessa definição, como Ribeiro (2007, p.432):

A equiparação entre florestas naturais e plantações implica


ignorar diferenças em termos ecológicos, de biodiversidade e de
valores económicos e culturais, além de desconhecer as lutas e
resistência observadas em todo contra as plantações agrícolas,
sendo composta por árvores de uma mesma espécie
seleccionadas por seu rápido crescimento, uniformidade e alto
rendimento da madeira.

Plantas em blocos de mesma idade, essas árvores requerem uma preparação intensiva
do solo, fertilização, espaçamento regular, selecção genética, eliminação de plantas
competidoras mediante métodos mecânicos ou químicos, uso de pesticidas, colheita
mecanizada e em alguns casos poda.

1.2 Classificação de florestas

Segundo Fábio José3, “As florestas são classificadas em três categorias básicas:
tropicais, temperadas e boreais, que reflectem a composição das espécies, clima e
latitude”. A comunidade internacional tem-se ocupado mais das florestas tropicais, pois
estas têm sofrido uma perda maior nas últimas décadas e porque abrigam a mais rica
biodiversidade e ecossistemas do planeta; mas a preocupação vem aumentando também
em relação às florestas temperadas e boreais, que representam 50% da cobertura
florestal do planeta4.

Também se distinguem as florestas primárias, que nunca foram cortadas e são cada
vez mais raras, hoje menos de 20% do total, com um ecossistema mais saudável e
localizadas principalmente na Sibéria, Canadá setentrional, Papua Nova Guiné,
3
FELDMAN, Fábio José. Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril, 1992
4
Rússia, Canadá e Estados Unidos da América abrigam 70% das florestas temperadas e boreais.
De acordo com a FAO – Food and Agricultural Organization, não se nota declínio significativo;
mas as estatísticas podem ocultar, ou não demonstrar, um aumento de florestas comerciais ou
industriais e monoculturas, com redução da biodiversidade e redução ou perda de sua função
eco-ssistémica.
Amazónia e na bacia do Rio Congo, na África; e as florestas secundárias ou de
reflorestamento que compreendem os outros 80% e não abrigam parte das espécies
antes existentes.

2. Protecção das florestas na ordem jurídica Moçambicana

Para além do assento constitucional ao abrigo do artigo 90 que prevê o Direito ao


Ambiente equilibrado, groso modo o ambiente e qualidade vida nos termos do artigo
117 da CRM, o regime jurídico da protecção da floresta em Moçambique é a Lei nr.
10/99, De 07 de Julho, que estabelece os princípios 5 e normas básicas sobre a protecção,
conservação e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos no quadro de
uma gestão integrada, para o desenvolvimento económico e social do país, e temos
como objectivo nos termo do artigo 04 da mesma lei, proteger, conservar, desenvolver e
utilizar de uma forma racional e sustentável os recursos florestais e faunísticos para o
benefício económico, social e ecológico da actual e futura geração dos moçambicanos.

Sendo necessário adoptar as medidas regulamentares necessárias à sua efectivação, e


ao abrigo do disposto no artigo 47 da Lei n.º. 10/99 de 7 de Julho, o Conselho de
Ministro aprovou por meio do DECRETO N º 12/ 2002 De 6 de Junho, Regulamento da
Lei nº 10/99, de 07 de Julho que é aplicável às actividades de protecção, conservação,
utilização, exploração e produção de recursos florestais e faunísticos, e abrange a
comercialização, o transporte, o armazenamento e a transformação primária, artesanal
ou industrial destes recursos.

5
Nos termos do artigo 03 da Lei n.º. 10/99 de 7 de Julho são princípios notadores da protecção
florestal: a) do domínio público do Estado: os recursos florestais e faunísticos naturais
existentes no território nacional são propriedade do Estado; b) principio de do equilíbrio: as
políticas de desenvolvimento económico e social e de preservação e conservação da
biodiversidade, devem envolver as comunidades locais, o sector privado e a sociedade civil em
geral; c) princípio da responsabilidade objectiva: todo aquele que causar danos em recursos
florestais e faunísticos é obrigado a proceder à respectiva recomposição ou compensar a
degradação bem como os prejuízos causados a terceiros; d) princípio do estudo e investigação:
promoção de investigação sobre as espécies nativas para que todos os utilizadores e
intervenientes na conservação, gestão e utilização destes recursos desenvolvam uma recolha de
dados e medidas a serem posteriormente processadas por entidades competentes; da educação
ambiental formal e informal: educação e troca de experiências entre as comunidades locais
visando capacitá-las sobre o maneio e conservação dos recursos florestais e faunísticos;
princípio da cooperação internacional: a concertação de soluções com outros países e
organizações internacionais na protecção, conservação e gestão dos recursos florestais e
faunísticos.
Grosso modo que como forma de harmonizar os objectivos descritos na Lei nº 10/99,
de 07 de Julho, o conselho de Ministro por intermédio do Decreto N º 23/2018 aprovou
o regulamento para implementação de projectos inerentes a redução de emissões por
desmatamento e degradação florestal, conservação e aumento de reservas de carbono,
que tem como princípios nos termos do artigo 04 do mesmo diploma legal: a)
legitimidade e propriedade do estado sobre a criação geração, emissão e
correspondentes títulos; b) princípio da compatibilidade das actividades de REDD com
a conservação de ambientes naturais, da diversidade biológica e investigação científica
que suportem o uso sustentável dos recursos florestais; c) princípio de conservação,
prevenção e controlo do desmatamento, do uso sustentável das florestas e da
biodiversidade; d) princípio de participação informada, plena e efectiva na gestão e
monitoria das actividades; e) principio de valorização e respeito aos conhecimentos,
direitos e modos de vida das comunidades locais.

3. Cooperações internacionais sobre o Ambiente: Direito de protecção das


florestas

Antes de tudo torna-se necessário a definição do termo cooperação internacional.


Segundo Ribeiro (2007, p.432), “cooperação internacional é a actuação conjunta de
países, instituições multilaterais e não-governamentais em busca de um objectivo
comum”. Ou seja, os atores se dispõem a compartilhar conhecimentos e recursos em
áreas que tenham objectivos em comum. Apesar da dificuldade de se chegar a um
consenso, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, quanto aos papéis de cada
um para reverter os problemas ambientais, a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, pôde ser considerada um
marco no processo de cooperação internacional ambiental. Pois Estados discutiram, sob
o mesmo teto, maneiras de se solucionar os problemas ambientais, que poderiam gerar
conflitos de grandes proporções.

Na reflexão de ACCIOLY 6
Como resultado de varias cooperações internacionais,
sobre a protecção das florestas, destacamos os seguintes: a) Convenção Africana sobre
Conservação da Natureza e Recursos Naturais7; b) Tratado de Cooperação Amazónica8

6
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 18ª Ed., São Paulo, 2010,
p. 662
7
Conservação e utilização do solo, água, flora e fauna para futuras gerações
; c) Protocolo sobre Áreas Protegidas e Fauna e Flora - Região Oriental da África9; d)
Agenda 21.10

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, resultou


na criação de vários documentos internacionais como a Agenda 21 global, e também em
um Comité de Coordenação sobre a Camada de Ozónio, que apresenta seus resultados
duas vezes ao ano. Além da criação de outros cinco acordos conhecidos como: a
Convenção sobre Mudanças Climáticas, o Convénio sobre a Diversidade Biológica, a
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento19 e a Declaração de
Princípios sobre o uso das Florestas.

3.1 A problemática da existência ou inexistência de uma Convenção sobre


protecção das florestas

Interpretando as conotações de Rezek11 Não há convenção ou tratado internacional


cogente sobre a protecção das florestas, mas apenas estudos e instrumentos não
obrigatórios ('soft law'). Por isso em 1990 o G-7 propôs que se fizesse um instrumento
para redução do desflorestamento, proteger a biodiversidade, estimular acções positivas
e discutir as ameaças às florestas do mundo; mas a divisão Norte-Sul que logo se
estabeleceu nas discussões preparatórias da Conferência das Nações Unidas sobre
Economia e Desenvolvimento, a Rio-92, impediu a confecção de um instrumento
vinculante.

O foco se dirigiu a um instrumento não vinculante para o desenvolvimento sustentável


que, embora o primeiro documento a reflectir um consenso global sobre a gestão das
florestas, indicou a relutância dos governos de aceitar a sua gestão ecológica; foi, e
continua sendo, o triunfo dos interesses económicos nacionais sobre as questões
ambientais internacionais, da soberania dos Estados sobre a preocupação geral.

8
Assinado em 1978 Promover o desenvolvimento harmonioso e distribuição equitativa dos
benefícios do desenvolvimento entre as partes
9
Assinada em 1985, como objectivo de Protecção de espécies ameaçadas de extinção e de áreas
de habitats naturais;
10
Assinada em 1992, fixa Directrizes para o desenvolvimento sustentável a longo prazo, a partir
de temas prioritários, tais como: desmatamento, lixo, clima, solo, desertos, água, biotecnologia,
e dispõe os Princípios para a Administração Sustentável das Florestas Busca um consenso
global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável das florestas.
11
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451 - 456
Em substituição, os países anuíram na Rio-92 a um conjunto de princípios conhecidos
como a Declaração Autoritativa Não-Vinculante de Princípios para o Consenso Global
sobre a Gestão, Conservação e Desenvolvimento Sustentável de todos os Tipos de
Florestas e a inclusão na Agenda 21 do Capítulo 11 sobre o combate ao
desflorestamento.

Na concepção de MILARÉ12 Os princípios Reconhecem: a) O papel vital das florestas


na estabilidade dos ecossistemas, confirmam a necessidade de assistência financeira
para a gestão sustentável das florestas e reconhecem a importância das comunidades,
mulheres e grupos indígenas na sua gestão; b) Os Princípios reconhecem o direito
soberano e inalienável dos Estados de utilizar, gerir e desenvolver suas florestas de
acordo com a necessidade de seu desenvolvimento e o nível de seu desenvolvimento
socioeconómico, incluindo a conversão de áreas para uso diverso; e reconhecem
também que os recursos florestais e as terras florestadas devem ter uma gestão
sustentável que respeite as necessidades sociais, económicas, ecológicas, culturais e
espirituais das presentes e das futuras gerações (Princípios 1(a) e 2 (a) e (b)) 13.

3.1.2 Agenda 21 e o Direito de protecção das florestas

A Agenda 21 global é um documento internacional, resultante da Conferência do Rio,


que tem em seu corpo uma série de recomendações para que os países possam, de
maneira sustentável, se desenvolver. Embora não sirva como legislação internacional,
que obrigue os Estados a agirem conforme seus princípios, a Agenda 21 serve de
influência para a criação de políticas ambientais dos Estado.

Segundo Guerra14 agenda 21 é um “documento que possui uma série de recomendações


propondo a diminuição da emissão de gases, buscando desenvolver novos meios de produção
menos agressivos ao meio ambiente”, além de estabelecer todo um trabalho para conscientizar a
população de que é importante a manutenção do meio ambiente e que podemos conciliar o
desenvolvimento industrial-tecnológico da nação com a protecção ambiental.

Segundo seu próprio texto:


12
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 5ª Ed, 2007, p. 1126
13
Sua última versão foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 17-12-2007 e
pode ser vista em UNITED, acesso em 12-3-2022
14
GUERRA, Sidney. Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos
Fundamentais & Democracia
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de
hoje e tem o objectivo, ainda, de preparar o mundo para os
desafios do próximo século. Reflecte um consenso mundial e
um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito
a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua
execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos.
Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as
políticas e os processos nacionais15.

Isto é a cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços


nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a
desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais também são
convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o
envolvimento activo das organizações não-governamentais e de outros grupos também
devem ser estimulados.

Em Matéria de protecção de florestas a agenda 21, em seu capítulo 11, prevê Combate
ao desflorestamento, em como objectivo principal promover, de maneira mais eficiente,
o uso de florestas e árvores. De maneira geral, o capítulo 11 da agenda 21, retrata o que
o governo dos estados devem fazer para combater o desflorestamento. Seria,
basicamente, através da criação de programas e planos de acção, voltados para o
manejo, conservação e desenvolvimento de florestas. Além de criar sistemas de
avaliação e acompanhamento florestal.

Nos termos do capítulo 11 da agenda 21, o Combate ao desflorestamento traduz-se:

a)Manutenção dos múltiplos papéis e funções de todos os tipos de


florestas, terras florestais e regiões de mata e Aumento da protecção, do
manejo sustentável e da conservação de todas florestas e provisão de
cobertura vegetal para as áreas degradadas por meio de reabilitação,
florestamento e reflorestamento, bem como de outras técnicas de
reabilitação; b) Promoção de métodos eficazes de aproveitamento e
avaliação para restaurar plenamente o valor dos bens e serviços
proporcionados por florestas, áreas florestais e áreas arborizadas e
Estabelecimento e/ou fortalecimento das capacidades de panejamento,
15
Cap.1.3 - Preâmbulo da Agenda 21 global. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/cap01.pdf
avaliação e acompanhamento de programas, projectos e actividades da
área florestal ou conexos, inclusive comércio e operações comerciais.

4. Declaração autoritária não-Vinculante de Princípios para o Consenso


Global sobre a Gestão, Conservação e Desenvolvimento Sustentável de
todos os Tipos de Florestas

A 3ª Reunião da Comissão das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável


instituiu em 1995 o Painel Intergovernamental sobre Florestas (IPF), substituído em
2000 pelo Fórum Internacional para Florestas (IFF), para rever as iniciativas
internacionais sobre florestas, aperfeiçoar sua coordenação e formular políticas em um
nível global; é o mais alto corpo internacional em questões florestais e sua missão é
“buscar o consenso e propostas coordenadas para acções de suporte à gestão,
conservação e desenvolvimento sustentável das florestas”, baseado na Declaração do
Rio, nos Princípios sobre as Florestas, no Capítulo 11 da Agenda 21. Seu trabalho
resultou em 270 propostas de acções para a gestão de florestas.

Considerações Finais

Como podemos observar no decorrer do texto, as preocupações com as questões


ambientais são consideradas extremamente recentes. E necessitam da cooperação entre
os Estados, empresas e sociedade civil para que se possa colocar em pratica aquilo que
se chama de “desenvolvimento sustentável”. Sendo assim, as nações devem ter
consciência de que o desenvolvimento sustentável deve ser alcançado em conjunto, uma
vez que os problemas ambientais são considerados transfronteiriços. O que significa que
acções isoladas dificilmente surtirão efeitos. Como podemos observar, de acordo com
os princípios da Declaração do Rio, documento resultante da ECO-92, os Estados
devem cooperar, juntamente com organismos não-governamentais, de maneira que seja
possível promover o desenvolvimento sustentável.

Percebe-se que na há uma clara legislação internacional, que regula com maior
embasamento a Protecção das Florestas, apenas uma série de princípios e declarações
com forca não vinculante. E essa a impossibilidade de acordo entre as nações para a
elaboração de um documento vinculante é considerada um fracasso ambiental; mas as
negociações internacionais deram forma a um consenso de que o manejo sustentável das
florestas deve ser o objectivo da política florestal, um dos meios mais relevantes para
reduzir ou eliminar a perda florestal. Ao lado do esforço global para o manejo das
florestas, outros acordos envolvendo o mercado mundial de madeira, a certificação da
madeira exportada e a importância dos povos indígenas e da comunidade foram objecto
de discussão.

Referências Bibliográficas

 Legislação

MOCAMBIQUE, constituição da República da república de Moçambique, impressa


nacional, 2004, Maputo;

MOCAMBIQUE, Lei nr. 10/99, De 07 de Julho - Aprovada pela Assembleia da


República, ao 14 de Maio de 1999, estabelece os princípios e normas básicas sobre a
protecção, conservação e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos no
quadro de uma gestão integrada, para o desenvolvimento económico e social do país;

MOCAMBIQUE, Regulamento da Lei nº 10/99, de 07 de Julho – aprovado pelo


Conselho de Ministro por meio do DECRETO N º 12/ 2002 De 6 de Junho, é aplicável
às actividades de protecção, conservação, utilização, exploração e produção de
recursos florestais e faunísticos, e abrange a comercialização, o transporte, o
armazenamento e a transformação primária, artesanal ou industrial destes recursos;

UNO, Agenda 21,Tradução Publicada pela Câmara dos Deputados, Brasília, 1995.

 Obras Literárias

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Castro, C. R. S. (2003), A constituição aberta e os direitos fundamentais: ensaios sobre


o constitucionalismo pós-moderno e comunitário. Rio de Janeiro: Forense;

Dallari, S. G. (2002), O princípio da precaução: dever do estado ou proteccionismo


disfarçado? São Paulo Perspec. Vol.16 no.2 São Paulo

Dupuy, J. P. (2007), A catástrofe de Chernobyl vinte anos depois. Estudos Avançados


21 (59);

Feldman, F. J. (1992), Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril;


Fornaro, A. (2006), Águas de chuva: conceitos e breve histórico. Há chuva ácida no
Brasil? Rev. USP n.70 São Paulo;

Guerra, S. (2006), Direito Internacional Ambiental: Breve Reflexão. Revista: Direitos


Fundamentais & Democracia;

Hobsbawn, E. J. (2005), A Era do Capital. 11ª Ed, Rio de Janeiro;

Hobsbawn, E. J. (2006), Era dos Extremos. 2ª Ed., São Paulo;

Mello, C. A. B. (1986), Elementos de direito administrativo, 11ª Ed, Rio de Janeiro;

Mello, C. D. (2004), Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 15ª Ed, 2º


volume, Rio de Janeiro;

Milaré, É. (2007), Direito do Ambiente – A gestão ambiental em foco. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 5ª Ed.

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