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Resumo: Em dois momentos as Nações Unidas reuniram-se para debater questões globais
com vistas à busca de soluções para os problemas de ordem ambiental que afligem o Planeta: a
primeira vez em Estocolmo, em 1972, e a segunda, no Rio de Janeiro, em 1992. A primeira
conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a acção humana estava causando
séria degradação da natureza e criando severos riscos para o bem-estar e para a própria
sobrevivência da humanidade, e a segunda inovou os procedimentos preparatórios de
conferências internacionais, permitindo um amplo debate político e intercâmbio de ideias entre
as delegações oficiais e os representantes dos vários sectores da sociedade civil, por meio de
entidades e cientistas. Nas entre linhas dessas conferências surge o Direito de Protecção
Ambiental, que pese embora não há de forma específica uma convenção ou tratado
internacional cogente sobre a protecção das florestas, mas apenas estudos e instrumentos não
obrigatórios ('soft law'), os Estados por forca do princípio de não, Combate ao desflorestamento,
aprovam leis, regulamentos para protecção das Florestas.
Considerações Iniciais
1. Conceito de florestas
2
Os dados reunidos pela FAO, são utilizados como estatística sobre florestas no sistema das
nações unidas, tornando-se base para o desenvolvimento de políticas internacionais relacionadas
as florestas. As estatísticas da FAO, também são utilizadas por cientistas e pela midia em geral,
sendo difícil encontrar fontes alternativas de informação.
Ainda segundo a definição elaborada pela FAO, as florestas não são caracterizadas
apenas pela presença de árvores, mas também pela ausência de outro uso predominante
da terra. Em função disso, as plantações comerciais incluídas na definição de floresta da
FAO, referem-se apenas aquelas voltadas para produção de madeira. Mas esse conceito
de floresta da FAO, é alvo de frequentes contestações.
Plantas em blocos de mesma idade, essas árvores requerem uma preparação intensiva
do solo, fertilização, espaçamento regular, selecção genética, eliminação de plantas
competidoras mediante métodos mecânicos ou químicos, uso de pesticidas, colheita
mecanizada e em alguns casos poda.
Segundo Fábio José3, “As florestas são classificadas em três categorias básicas:
tropicais, temperadas e boreais, que reflectem a composição das espécies, clima e
latitude”. A comunidade internacional tem-se ocupado mais das florestas tropicais, pois
estas têm sofrido uma perda maior nas últimas décadas e porque abrigam a mais rica
biodiversidade e ecossistemas do planeta; mas a preocupação vem aumentando também
em relação às florestas temperadas e boreais, que representam 50% da cobertura
florestal do planeta4.
Também se distinguem as florestas primárias, que nunca foram cortadas e são cada
vez mais raras, hoje menos de 20% do total, com um ecossistema mais saudável e
localizadas principalmente na Sibéria, Canadá setentrional, Papua Nova Guiné,
3
FELDMAN, Fábio José. Guia da Ecologia. São Paulo: Guias Abril, 1992
4
Rússia, Canadá e Estados Unidos da América abrigam 70% das florestas temperadas e boreais.
De acordo com a FAO – Food and Agricultural Organization, não se nota declínio significativo;
mas as estatísticas podem ocultar, ou não demonstrar, um aumento de florestas comerciais ou
industriais e monoculturas, com redução da biodiversidade e redução ou perda de sua função
eco-ssistémica.
Amazónia e na bacia do Rio Congo, na África; e as florestas secundárias ou de
reflorestamento que compreendem os outros 80% e não abrigam parte das espécies
antes existentes.
5
Nos termos do artigo 03 da Lei n.º. 10/99 de 7 de Julho são princípios notadores da protecção
florestal: a) do domínio público do Estado: os recursos florestais e faunísticos naturais
existentes no território nacional são propriedade do Estado; b) principio de do equilíbrio: as
políticas de desenvolvimento económico e social e de preservação e conservação da
biodiversidade, devem envolver as comunidades locais, o sector privado e a sociedade civil em
geral; c) princípio da responsabilidade objectiva: todo aquele que causar danos em recursos
florestais e faunísticos é obrigado a proceder à respectiva recomposição ou compensar a
degradação bem como os prejuízos causados a terceiros; d) princípio do estudo e investigação:
promoção de investigação sobre as espécies nativas para que todos os utilizadores e
intervenientes na conservação, gestão e utilização destes recursos desenvolvam uma recolha de
dados e medidas a serem posteriormente processadas por entidades competentes; da educação
ambiental formal e informal: educação e troca de experiências entre as comunidades locais
visando capacitá-las sobre o maneio e conservação dos recursos florestais e faunísticos;
princípio da cooperação internacional: a concertação de soluções com outros países e
organizações internacionais na protecção, conservação e gestão dos recursos florestais e
faunísticos.
Grosso modo que como forma de harmonizar os objectivos descritos na Lei nº 10/99,
de 07 de Julho, o conselho de Ministro por intermédio do Decreto N º 23/2018 aprovou
o regulamento para implementação de projectos inerentes a redução de emissões por
desmatamento e degradação florestal, conservação e aumento de reservas de carbono,
que tem como princípios nos termos do artigo 04 do mesmo diploma legal: a)
legitimidade e propriedade do estado sobre a criação geração, emissão e
correspondentes títulos; b) princípio da compatibilidade das actividades de REDD com
a conservação de ambientes naturais, da diversidade biológica e investigação científica
que suportem o uso sustentável dos recursos florestais; c) princípio de conservação,
prevenção e controlo do desmatamento, do uso sustentável das florestas e da
biodiversidade; d) princípio de participação informada, plena e efectiva na gestão e
monitoria das actividades; e) principio de valorização e respeito aos conhecimentos,
direitos e modos de vida das comunidades locais.
Na reflexão de ACCIOLY 6
Como resultado de varias cooperações internacionais,
sobre a protecção das florestas, destacamos os seguintes: a) Convenção Africana sobre
Conservação da Natureza e Recursos Naturais7; b) Tratado de Cooperação Amazónica8
6
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público, 18ª Ed., São Paulo, 2010,
p. 662
7
Conservação e utilização do solo, água, flora e fauna para futuras gerações
; c) Protocolo sobre Áreas Protegidas e Fauna e Flora - Região Oriental da África9; d)
Agenda 21.10
8
Assinado em 1978 Promover o desenvolvimento harmonioso e distribuição equitativa dos
benefícios do desenvolvimento entre as partes
9
Assinada em 1985, como objectivo de Protecção de espécies ameaçadas de extinção e de áreas
de habitats naturais;
10
Assinada em 1992, fixa Directrizes para o desenvolvimento sustentável a longo prazo, a partir
de temas prioritários, tais como: desmatamento, lixo, clima, solo, desertos, água, biotecnologia,
e dispõe os Princípios para a Administração Sustentável das Florestas Busca um consenso
global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável das florestas.
11
REZEK, J. F. O Direito Internacional no Séc. XXI. São Paulo, Saraiva, 2002, p. 451 - 456
Em substituição, os países anuíram na Rio-92 a um conjunto de princípios conhecidos
como a Declaração Autoritativa Não-Vinculante de Princípios para o Consenso Global
sobre a Gestão, Conservação e Desenvolvimento Sustentável de todos os Tipos de
Florestas e a inclusão na Agenda 21 do Capítulo 11 sobre o combate ao
desflorestamento.
Em Matéria de protecção de florestas a agenda 21, em seu capítulo 11, prevê Combate
ao desflorestamento, em como objectivo principal promover, de maneira mais eficiente,
o uso de florestas e árvores. De maneira geral, o capítulo 11 da agenda 21, retrata o que
o governo dos estados devem fazer para combater o desflorestamento. Seria,
basicamente, através da criação de programas e planos de acção, voltados para o
manejo, conservação e desenvolvimento de florestas. Além de criar sistemas de
avaliação e acompanhamento florestal.
Considerações Finais
Percebe-se que na há uma clara legislação internacional, que regula com maior
embasamento a Protecção das Florestas, apenas uma série de princípios e declarações
com forca não vinculante. E essa a impossibilidade de acordo entre as nações para a
elaboração de um documento vinculante é considerada um fracasso ambiental; mas as
negociações internacionais deram forma a um consenso de que o manejo sustentável das
florestas deve ser o objectivo da política florestal, um dos meios mais relevantes para
reduzir ou eliminar a perda florestal. Ao lado do esforço global para o manejo das
florestas, outros acordos envolvendo o mercado mundial de madeira, a certificação da
madeira exportada e a importância dos povos indígenas e da comunidade foram objecto
de discussão.
Referências Bibliográficas
Legislação
UNO, Agenda 21,Tradução Publicada pela Câmara dos Deputados, Brasília, 1995.
Obras Literárias
Accioly, H. (2010), Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 18ª