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INTRODUÇÃO

A sustentabilidade é o grande e maior desafio para a humanidade no


século XXI. Em 1992, na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente (Rio-92),
quase 200 países, ao assinarem a “Agenda 21”, firmaram um compromisso de
busca coletiva por um mundo sustentável do ponto de vista ecológico e
socioeconômico.
O objetivo a ser atingido nesta busca coletiva é o Desenvolvimento
Sustentável.
Este conceito, “Desenvolvimento Sustentável”, pode ser definido como o
desenvolvimento que “atende às necessidades das presentes gerações sem
prejudicar o atendimento das necessidades das gerações futuras” e “que deve
ser ao mesmo tempo ecologicamente equilibrado, economicamente viável e
socialmente justo”. Este conceito parece certamente um objetivo utópico e
inatingível, já que envolve uma mudança de comportamentos em toda a
sociedade, pois está diretamente associado ao modo como trabalhamos,
produzimos, vivemos nossas vidas, e ao modo com que os países e instituições
conduzem suas políticas. Mas as pressões de consumidores e organizações
sobre as cadeias produtivas, e dos indivíduos sobre os governos e instituições
vêm gerando modelos de desenvolvimento e sistemas de gestão que buscam
compatibilizar o desenvolvimento econômico, o social e o meio ambiente.
Considerando a tendência atual de busca pelo Desenvolvimento
Sustentável, e os impactos visíveis que a exploração dos recursos naturais tem
ocasionado, se discute atualmente o uso sustentável dos recursos naturais,
principalmente o uso de produtos florestais.
Existem duas linhas de produtos florestais: os madeireiros e não
madeireiros. Os produtos florestais madeireiros são os produtos diretos das
florestas, ou seja, os troncos e galhos das árvores: a madeira; já os não
madeireiros são os subprodutos das árvores e florestas, e são constituídos por
frutos, plantas ornamentais, plantas medicinais, etc. A figura abaixo demonstra
a cadeia produtiva do setor florestal (Figura ), detalhando a cadeia de
processamento dos produtos madeireiros.
FIGURA - CADEIA PRODUTIVA DO SETOR FLORESTAL

FONTE: ABIMCI, 2007.

Os produtos florestais constituem um recurso natural de extrema


importância e básico para a nossa economia nos níveis local e global. Podemos
visualizar as contribuições do setor florestal sobre três óticas: econômica, social
e ambiental; todas as quais trazem progresso e desenvolvimento para os países.

Contribuições Econômicas:
1) Matéria-prima, ou seja, geração de produtos e subprodutos para a
construção civil, indústria de móveis, embalagens, setores químico, alimentício
e energético (resíduos florestais servem como biocombustíveis);
2) Atração de investimentos estrangeiros;
3) Recolhimento de impostos;
4) Geração de divisas (balança comercial/exportações);
5) Valorização da terra;
6) Exportação.

Contribuições Sociais:
1) G
eração de empregos e desenvolvimento regional;
2) Educação ambiental para a produção de consciência
conservacionista;
3) Pesquisa científica;
4) Aumento da renda de comunidades (manejo
florestal);
5) Elevação do Índice de Desenvolvimento Humano –
IDH;
6) Aumento da produtividade do trabalhador florestal.

Contribuições Ambientais:
1) Manutenção do equilíbrio dos ecossistemas naturais;
2) Fonte de biodiversidade e contribuição para sua
manutenção;
3) Regulação do clima global e regional;
4) Conservação dos recursos hídricos, por meio da
regularização do escoamento superficial e da infiltração, prevenindo
a ocorrência de erosão;
5) Proteção da biodiversidade e dos ecossistemas
florestais (conservação da fauna e flora).

Por meio da análise dos tópicos acima, podemos perceber a importância


das florestas, não só para a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade,
mas também para a humanidade. E mesmo assim, a História nos mostra que,
em termos mundiais, no passado, o homem não explorou os recursos florestais
de forma adequada: a exploração predatória foi a regra na utilização não só de
espécies florestais, mas também dos ecossistemas florestais.
Diante das pressões exercidas pelos consumidores e organizações em
busca de produtos ambientalmente corretos, e da diminuição drástica das áreas
florestais nativas em escala mundial, iniciou-se o processo de certificação
florestal nas décadas de 1980 e 1990. A população alertada por intermédio dos
meios de comunicações, pelos Institutos de pesquisas e diversas ONG´s
(organizações não governamentais) nacionais e internacionais começaram a
pressionar as empresas florestais e madeireiras para que estas assumissem
uma política mais ecológica e humana (SPATHELF et al., 2004).
Depois da Conferência Mundial sobre Meio Ambiente (Rio-92), a pressão
para a produção de madeira produzida de forma sustentável aumentou,
principalmente para a exportação de produtos florestais para os países
desenvolvidos. Assim, as empresas brasileiras, tentando impedir a perda de
mercado para outros países, têm sido obrigadas a se adequarem, visando à
imagem e o status de empresas socialmente e ecologicamente corretas.
Segundo Spathelf et al. (2004), o primeiro setor brasileiro que buscou a
certificação como forma de ampliar seu mercado exportador foi o ramo de painéis
reconstituídos. Mas, atualmente, a maioria das empresas florestais ou que
comercializam produtos florestais estão buscando a certificação como forma de
se manter no mercado ou como forma de entrar no ramo das exportações.
A certificação abre novas oportunidades, pois, atualmente, é um
diferencial no mercado, uma boa estratégia para ganhar a confiança do
consumidor e da opinião pública. Mas que, no futuro, pode até tornar-se
procedimento obrigatório por lei ou obrigatório para inserção em um mercado
consumidor extremamente exigente.
Dois grandes sistemas de certificação destacam-se no cenário
internacional. O FSC (Forest Stewardship Concil) fundado em 1993, com sede
no México e o sistema PEFC (Programme for the Endorsement of Forest
Certification), fundado na Europa em 1998. Estes dois sistemas (FSC e PEFC)
são os que possuem maior abrangência no mundo, mas gradativamente outros
sistemas foram se formando na Finlândia, Canadá, Malásia e etc.
No Brasil, atualmente, existes dois sistemas de certificação florestal
reconhecidos internacionalmente: o selo CERFLOR (Programa Nacional de
Certificação de Origem Florestal) e o FSC (Forest Stewardship Concil).
Apesar do grande marketing favorável à certificação, este processo ainda
está no começo, devido aos custos do processo, e também porque nem todos
os mercados consumidores exigem a certificação. A madeira vendida dentro do
mercado interno brasileiro na sua maioria ainda é proveniente de florestas não
certificadas.
Com uma área florestal de aproximadamente 544 milhões de hectares
(Tabela 1), o Brasil é um país com grande vocação florestal e com uma
legislação, que apesar de burocrática, incentiva o plantio de florestas visando ao
corte para madeiras e celulose, em prol de proteger suas florestas nativas (HIGA
& SILVA, 2006). Assim, podemos observar que as florestas plantadas ajudam na
redução do desmatamento das florestas nativas. Dentro desta área total (544
milhões de hectares), em torno de 5,8 milhões de hectares são de florestas
plantadas, ou seja, não nativas.

TABELA – COBERTURA FLORESTAL BRASILEIRA


TIPO ÁREA (1.000 HA) PARTICIPAÇÃO (%)
Nativa 543.905 99,0
Plantada (pinus, eucalipto e 5.744 1,0
outras espécies)
Total 549.649 100,0

FONTE: ABIMCI, 2007.

Grande parte da madeira produzida no Brasil para o mercado interno


transforma-se em lenha e carvão vegetal. Segundo a WWF - Brasil (organização
não governamental), atualmente, o Brasil é o país com maior área de florestas e
o maior número de produtos certificados pelo FSC: são mais de três milhões de
hectares de florestas certificadas desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, e
cerca de 170 certificações de cadeia de custódia. A maior parte desses produtos
com selo FSC destinam-se à exportação para países europeus e da América do
Norte. Porém, já existe um grupo chamado “Grupo de Compradores de Madeira
Certificada”, que assume publicamente o compromisso de dar sempre
preferência ao produto certificado. Este grupo já conta com número de
participantes superior a 60 organizações (entre indústrias, designers, governos
estaduais, entidades de classe e outros).
A área total certificada no Brasil e no mundo, abrangendo todos os
sistemas certificadores, está crescendo anualmente. O Gráfico 1 mostra o
crescimento das áreas de florestas certificadas pelo FSC (talvez o maior
organismo certificador do mundo, e com certeza o que atua no maior número de
países) nos últimos anos.

GRÁFICO - CRESCIMENTO DA ÁREA GLOBAL CERTIFICADA NO


MUNDO PELA FSC (EMHECTARES)

FONTE: FSC, 2008.

Este estudo tem como objetivo contribuir com a difusão das técnicas e
dos modos de aplicação das diversas modalidades de certificação florestal
existentes no mercado brasileiro. Almeja-se mostrar a importância da
certificação florestal na construção de empresas mais humanas e
comprometidas com os aspectos ecológicos e sociais no Brasil.
O público-alvo são as empresas, associações, sindicatos, cooperativas,
pessoas e estudantes que trabalham com produtos florestais (madeireiros e não
madeireiros) e desejam conhecer mais sobre este tema.

CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

Conforme dispõe a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT


(2002), denomina-se “certificação” o conjunto de atividades desenvolvidas por
um organismo
independente de uma relação comercial (entre produtor e consumidor)
com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto,
processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados,
sejam eles, regionais, nacionais ou internacionais.
A Certificação é um processo voluntário, no qual uma organização ou
profissional busca o reconhecimento, dos seus clientes e da sociedade, de que
alcançou um padrão que assegure a qualidade e funcionalidade de produtos e/ou
serviços, em aspectos específicos (exemplo: certificação ambiental, certificação
de qualidade, certificação de segurança).
O produto de uma Certificação é um certificado, que geralmente precisa
ser renovado periodicamente ou é válido por um período específico de tempo.
Como parte do processo de renovação, é comum que o titular da certificação
tenha que demonstrar a melhoria contínua dos processos produtos e/ou
serviços.
O Certificado é uma declaração formal e explícita de “autencididade”, de
que o profissional ou empresa está atuando dentro dos padrões necessários
para obter a certificação. Assim, a certificação deve ser formal, isto é, deve ser
feita seguindo um ritual de procedimentos e o documento final (o certificado)
deve ser emitido por uma instituição ou profissional que tenha credibilidade,
autoridade legal e moral, e fé pública, isto é, que tenha credibilidade perante a
sociedade. Essa credibilidade pode ser instituída por lei ou decorrente de
aceitação social.
Assim, a certificação pode funcionar como uma garantia de origem, ou de
aspectos do processo de produção (como por aspectos ambientais, ou de
segurança e qualidade), que serve para dar credibilidade e diferencial aos
produtos, visando a abrir novos mercados como a exportação, e também para
orientar o comprador atacadista ou varejista a escolher um produto diferenciado
e com valor agregado.
É muito importante sempre lembrar que a certificação é um processo
voluntário, assim, a iniciativa de começar o processo tem que partir do(s)
proprietário(s) da floresta, que pode ser privada ou pública.
Um modo simplista de explicar o que é certificação florestal seria: o
processo pelo qual uma organização busca o reconhecimento, dos seus
clientes e da sociedade, de que seus produtos são provenientes de uma
floresta manejada de acordo com padrões e condutas adequadas em termos
ambientais e sociais. A certificação florestal é uma iniciativa que promove a
exploração ecológica de uma floresta, ou seja, uma alternativa à exploração
predatória.
O produto final de um processo de Certificação Florestal consiste em um
selo ou rótulo, obtido de forma confiável, que visa atestar explicitamente que
determinada empresa ou comunidade obtém seus produtos manejando suas
florestas dentro de determinados princípios e critérios, de respeito à natureza e
de apoio ao desenvolvimento regional, ou seja, a produção florestal deve
empregar técnicas e sistemas apropriados à realidade ecológica e
socioeconômica de cada região e buscando sempre melhorias.
Assim, os produtos que apresentam selo de certificação são aqueles que
foram produzidos com madeira proveniente de florestas certificadas.
Segundo a WWF - Brasil, a certificação florestal deve garantir que a
madeira utilizada em determinado produto é oriunda de um processo produtivo
manejado de forma ecologicamente adequada, socialmente justa e
economicamente viável, e no cumprimento de todas as leis vigentes.
Ao mesmo tempo, a certificação é um instrumento muito interessante para
o setor, pois agrega valor e abre mercados para os produtos certificados (como
a exportação), pois permite que o consumidor consciente e responsável, no que
se refere ao uso adequado e sustentável dos recursos naturais, possa optar
por um produto que não degrada o meio ambiente. Um produto que possui um
selo de certificação florestal possui a garantia de uma origem que respeita e
contribui para o desenvolvimento social, econômico e a conservação ambiental
das comunidades florestais. É por isso que o processo de certificação florestal
visa a assegurar a manutenção da floresta, bem como os empregos e as
atividades econômicas que a mesma proporciona.

BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

A certificação pode resultar em inúmeros benefícios direta e indiretamente


para os diferentes grupos relacionados à atividade florestal, ou seja, para os
empreendedores (empresas ou instituições), para as comunidades e populações
locais, para os consumidores, para o poder público, e para os trabalhadores e
as gerações futuras.
Para os empreendedores, o principal benefício é ter um produto
diferenciado, no entanto, existem outros, como:
 Acesso a novos mercados ou manutenção dos atuais –
produtos certificados podem abrir novos mercados ou manter os que passam
a ser mais exigentes. Segundo a FSC – Brasil, o mercado de produtos
certificados tem como principais expoentes no âmbito internacional os
chamados “Buyers Groups” ou Grupos de Compradores estabelecidos em
países como Reino Unido, Bélgica, Holanda, Áustria, Austrália, Alemanha,
Suíça, Estados Unidos, Canadá, Espanha, França, Noruega, Suécia e
Finlândia. No Brasil, o Grupo de Compradores, empresas que assumiram um
compromisso público de dar preferência para produtos certificados FSC, foi
criado em abril de 2000;

Preços diferenciados;
 Acesso facilitado a financiamentos – Segundo a FSC – Brasil,
recursos significativos têm sido aportados em fundos de investimento que
condicionam suas decisões de negócio ao desempenho ambiental e social do
empreendimento. Segundo a WWF – Brasil, a certificação FSC já é
reconhecida pelos financiadores do setor, como o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) e o Banco A2R (ex- Axial), que exigem
a certificação FSC para conceder os empréstimos dentro da nova linha de
crédito para operações florestais;
 Melhoria da imagem institucional – empresas certificadas
melhoram sua comunicação e credibilidade com as comunidades locais e com
os consumidores, além de alcançarem visibilidade por meio de uma
ferramenta de diferenciação que tem credibilidade internacional, que é a
certificação. Segundo a WWF – Brasil, a melhoria da imagem institucional
afeta inclusive funcionários, aumentando o espírito de equipe, e também seus
familiares, as comunidades locais e as organizações não governamentais.
Para as comunidades e populações locais, a importância da certificação
é que terão preservadas as áreas necessárias para sua sobrevivência e aumento
em sua qualidade de vida, devido ao desenvolvimento regional impulsionado
pela atividade florestal certificada.
Para o consumidor, a certificação aumenta as opções de escolha entre
os produtos disponíveis no mercado, assim, pode-se optar por um produto em
função da sua origem garantida em termos de benefícios sociais, ambientais e
econômicos.
O poder público poderá se basear na certificação para traçar políticas
florestais locais e regionais, além de contar com o apoio das certificadoras no
controle do manejo florestal e na aplicação da legislação florestal. A Certificação
Florestal também aumenta a renda pública por meio do pagamento em dia dos
tributos e obrigações sociais, e facilita a fiscalização trabalhista e tributária do
setor florestal.
Para os trabalhadores, a certificação contribui para a redução de
acidentes de trabalho em decorrência da introdução das normas de segurança
e prevenção, contribuindo para a qualificação da mão de obra e para a melhoria
das condições de trabalho e bem-estar. Outro aspecto importante da certificação
é a legalização da atividade econômica e o aumento da transparência (pois a
fiscalização é facilitada), ajudando, assim, a eliminar o trabalho forçado e a mão
de obra infantil, gerando mais emprego, assegurando os direitos trabalhistas.
Para as gerações futuras, a certificação florestal é uma garantia de que
receberão um setor florestal ambientalmente mais adequado, socialmente mais
benéfico e, principalmente, o meio ambiente mais conservado.
Para o meio ambiente, a certificação é muito interessante, pois contribui
para a conservação da biodiversidade, dos recursos hídricos, dos solos, das
paisagens e dos ecossistemas, e também porque contribui para manter as
funções ecológicas e a integridade das florestas e proteger as espécies
ameaçadas (em perigo de extinção) e seus habitat. Assim, ao garantir a
integridade e a longevidade da floresta, a Certificação Florestal gera benefícios
econômicos, pois assegura a continuidade da atividade produtiva e aumenta o
rendimento da floresta em longo prazo. As florestas também prestam serviços
ambientais para o equilíbrio do clima regional e global, por meio da manutenção
do ciclo hidrológico e retenção e fixação do carbono (proporcionada pela
fotossíntese).
Segundo a WWF – Brasil, a Certificação Florestal não deve ser vista como
um milagre capaz de resolver todos os problemas relacionados ao manejo
florestal no Brasil e no mundo.
Mas sim como um instrumento poderoso, capaz de catalisar mudanças
significativas ao criar estímulos concretos para os produtores florestais que se
diferenciam dos demais ao implantarem sistemas de manejo socialmente
apropriados, ambientalmente saudáveis e economicamente viáveis.

QUAIS OS SELOS EXISTENTES NO BRASIL E NO MUNDO?

No Brasil, atualmente, os dois sistemas de certificação florestal mais


ativos e reconhecidos internacionalmente são: o selo CERFLOR (Programa
Nacional de Certificação de Origem Florestal) e o FSC (Forest Stewardship
Concil). No Brasil, o FSC começou suas atividades em 1994.
No entanto, existem diversos selos de certificação atuando no mundo,
como:
1) Canadian Standard Association (CSA) – Canadá;
2) Sustainable Forestry Iniciative (SFI) – EUA;
3) AmericanTree Farm System – EUA;
4) Forest Stewardship Council (FSC) – atua em diversos
países, como o Brasil;
5) PanEarthForest Certification - (PEFC);
6) Programa Nacional de Certificação de Origem
Florestal (CERFLOR);
7) Iniciativas locais: Indonésia, Malásia, Gana e Brasil
(CERFLOR).

TABELA - MAIORES SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO NO MUNDO


(2006)

SISTEMA MILHÕES DE HECTARES

Programme for Endorsement of Forest Certification (PEFC)1 194

Sustainable Forestry Initiative (SFI) EUA & Canadá 55

Forest Stewardship Council (FSC) World Wide 84

American Tree Farm System (ATFS) EUA 12

Canadian Standards Association (CSA) 69

Certificación Forestal (CertFor) Chile 1.6

Certificação Florestal (CERFLOR) Brasil 0.8

Malaysian Timber Certification Council 4.7

Australian Forestry Standard 5.2

TOTAL 295

INCLUI VALORES: 69 milhões de hectares do CSA no Canadá; 55 milhões de hectares


do SFI no EUA e Canadá; 1,6 milhões de hectares do CERTFOR no Chile; 2 milhões do
CERFLOR no Brasil; 5,2 milhões de hectares na Austrália e 60 milhões de hectares na Europa.

FONTE: FAO, 2006.


CERTIFICAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL

Por certificação do manejo florestal entende-se o processo de certificar a


extração de produtos madeireiros da floresta utilizando-se de conhecimentos
técnicos ambientais e de engenharia, de forma a reduzir os impactos das
operações e conservar a floresta, visando à continuidade da produção. Assim,
tem-se que esta expressão diz respeito à certificação das boas práticas de
manejo florestal, e é um conceito que pode aplicar-se tanto para florestas
plantadas como para florestas naturais, ou seja, nativas.
O ponto central do conteúdo técnico dos sistemas de certificação florestal
diz respeito à noção de sustentabilidade, o que significa, usar bem a floresta
considerando todas suas alternativas de uso, incluindo a preservação integral ou
a conservação por meio do uso indireto ou direto (AHRENS, 2005).
O uso direto de uma floresta é caracterizado pela retirada de
representantes da flora da floresta (produtos madeireiros e não madeireiros), e
deve ser proposto por meio de plano de manejo da floresta. Para que o manejo
seja considerado sustentável, ele precisa ser efetuado de forma que o que está
sendo retirado da floresta não exceda à capacidade de regeneração natural do
ecossistema, ou seja, garantindo assim a manutenção do ecossistema e a
continuidade da produção.
Já o uso indireto da floresta consiste em atividades que são realizadas
dentro deste ambiente, sem retirar seus elementos naturais, como ecoturismo,
educação ambiental, pesquisa científica, etc.

MANEJO FLORESTAL PARA CERTIFICAÇÃO

Um bom manejo florestal para certificação implica, também, que além do


equilíbrio ecológico, será assegurada a viabilidade econômica com justiça social,
contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das comunidades
florestais (ou seja, propiciando desenvolvimento regional), pois exige o
treinamento contínuo, o uso de equipamentos de segurança e o respeito aos
direitos trabalhistas vigentes (ver Figura ).
FIGURA - TRILOGIA DO BOM MANEJO FLORESTAL
FONTE: CNRBMA: Série Políticas Públicas, caderno 23, 2002.

Por meio da análise da Figura (Trilogia do bom manejo florestal) pode-se


perceber que os objetivos do manejo florestal visando à certificação passam a
incluir a geração de serviços ambientais pelas florestas, a geração de benefícios
sociais para os trabalhadores e as comunidades locais e o respeito à cultura e
direitos das populações afetadas pelo manejo florestal (CONSELHO NACIONAL
DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA, 2002).
A Figura a seguir resume o processo de certificação de manejo florestal.
Na Figura,SGFS significa Sistema de Gestão Florestal Sustentável, que consiste
na adoção de um sistema de manejo florestal sustentável.

FIGURA - RESUMO DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DE MANEJO


FLORESTAL

FONTE: FPFP - Federação dos Produtores de Florestas de Portugal,


2005.
PASSOS PARA A CERTIFICAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL
A Figura mostra as etapas gerais que devem ser cumpridas ao se iniciar
e implementar uma certificação.

FIGURA - CERTIFICAÇÃO PASSO A PASSO

FONTE: IMAFLORA, 2002.

Como a certificação é um processo voluntário, todo processo de


certificação inicia-se com a vontade da empresa em obter o certificado. Assim,
antes de entrar em contato com qualquer certificador, visando avaliar se a
certificação realmente será vantajosa e trará resultados positivos, os dirigentes
das empresas candidatas ao processo devem se questionar:

1) A Certificação é vantajosa para sua floresta?


a) Ela é exigida pelos seus clientes?
b) Ela pode melhorar sua imagem para a sociedade,
governo e instituições financeiras com as quais há relacionamento?
2) Qual a distância entre o nível das Operações de
Manejo Florestal que se pretende Certificar e os níveis dos padrões
de Certificação de Floresta estabelecidos pela Certificadora que a
empresa pretende contratar?
(Estes padrões estão disponíveis nos sites das certificadoras para
conhecimento prévio antes da certificação).
3) A empresa possui conhecimento e estrutura
financeira para realizar e manter uma certificação?
(É mais prejudicial para a imagem da instituição não conseguir obter a
certificação do que não ter nenhuma)
4) Seus fornecedores e compradores acham que a
certificação poderia trazer vantagens para eles também?
5) Quais os pontos fracos e fortes da sua empresa em
um processo de certificação?
6) Q
uais os custos decorrentes do processo de certificação? Este custo
é
representativo, trará problemas à empresa?
7) Dentre as exigências das diversas Certificadoras,
qual delas poderá atender melhor a sua empresa e suas
expectativas?
8) Dentre os padrões que todas as certificadoras irão
exigir, quais apresentam mais dificuldades para serem atingidos ou
implementados?
a) Aspecto ambiental;
b) Aspecto econômico;
c) Aspecto social.
9) Quais os investimentos que serão necessários para
obter o certificado?
a) Estabelecer procedimentos de operação;
b) Treinar os colaboradores nestes procedimentos;
c) Elaborar plano de manejo dentro dos padrões da
Certificadora.
10) Qual a documentação necessária para o processo?
a) Documentos de posse;
b) Documentos fiscais;
c) Procedimentos;
d) Plano de manejo.
Após este primeiro passo que é a avaliação prévia, se os dirigentes da
empresa ou o grupo que busca a certificação entenderem que a certificação é
vantajosa, deve-se agendar o contato inicial com os consultores para uma
primeira visita.

Contato inicial
Estas primeiras consultas com a Certificadora são sigilosas e servem
para corrigir erros, diagnosticar pontos inadequados no manejo atual, que
possam atrapalhar a certificação, avaliar custos e benefícios, e entender os
padrões ambientais e sociais exigidos pela certificadora.
Pode-se negociar, também, uma pré-certificação (opcional) para
enquadrar a empresa nos padrões da Certificadora.
É importante saber que após optar pela certificação e contratar os
serviços da certificadora, o processo deixa de ser sigiloso e passa a ser público.
Por isto que o primeiro passo de avaliação prévia e interna do processo é
importante, para que a empresa esteja ciente dos compromissos assumidos, dos
seus deveres e dos custos que terá para manter a certificação.

Assinatura do contrato
A Certificadora, por meio de contrato, definirá custos, equipe de auditores,
e quais as fases que serão cumpridas pela auditoria. O contrato irá estabelecer
as responsabilidades das partes (empresa e certificadora) no processo de
certificação florestal, e determinar a data de início do processo de certificação
florestal.
A principal responsabilidade do certificador é a realização de um processo
independente e imparcial, e a responsabilidade da empresa a ser certificada é
cumprir os padrões de exigências para a certificação.

Consultas públicas
O objetivo da consulta pública é permitir a participação da sociedade no
processo de certificação e levantar informações importantes a cerca do manejo
florestal e operações da empresa. A partir desta etapa a certificação passa a ser
um processo público.
O processo de consulta pública avalia os grupos que possam ter interesse
no manejo florestal da operação candidata a certificação, e a esses possíveis
interessados são enviados os seguintes materiais:
a) Uma carta sobre o processo de certificação;
b) Um resumo da operação florestal;
c) Período de avaliação de campo;
d) Questionário.
Após a análise destes materiais, estes grupos devem enviar comentários,
reclamações e questionamentos sobre o manejo florestal da operação candidata
para o certificador.

Preparação logística para a avaliação


Conjuntamente com a etapa de consulta pública é realizada a preparação
logística para as avaliações e visitas de campo.
Uma equipe da operação candidata é selecionada para acompanhar os
auditores da certificadora. Durante cerca de um ano, estes dois grupos irão
trabalhar juntos até que o certificado seja emitido.
A equipe de auditoria deve ser multidisciplinar, com profissionais nas
áreas sociais, econômicas e com conhecimentos técnicos florestais. Antes
da ida a campo, a equipe de auditores deve revisar todos os documentos da
operação candidata e os padrões que serão utilizados na certificação.

Avaliação de campo
Esta etapa envolve visitas aos campos que serão certificados e aos
escritórios responsáveis por estas áreas. Nestas visitas serão observados todos
os aspectos sociais, econômicos e ambientais do manejo florestal. Ou seja, o
certificador irá conferir se os documentos apresentados são verídicos, e também
avaliar se na prática o manejo florestal está sendo conduzido conforme os
padrões de certificação utilizados.
É importante ue toda a visita realizada pela equipe de auditores seja
devidamente acompanhada pelo gestor do manejo florestal e a equipe
designada pela operação candidata.
Em caso de certificação em grupo, ou até mesmo individual, as visitas de
campo podem ser feitas por amostragem, dependendo do tipo de floresta,
sistemas e complexidade do manejo florestal.

Reuniões públicas
Durante a avaliação de campo, é feita uma ou mais reuniões públicas com
a comunidade local e os trabalhadores da área para explicar o objetivo do
processo de certificação e levantar informações acerca das operações e manejo
florestal da área. Todos os pontos levantados pela população devem ser
posteriormente avaliados pela equipe de auditoria.

Elaboração de relatórios
Após a avaliação de campo, a equipe de auditoria irá elaborar a primeira
versão do relatório de certificação, ou seja, o primeiro relatório. Este relatório de
certificação é preliminar e traz uma análise referente aos cumprimentos das
exigências de cada um dos padrões e critérios utilizados na avaliação.
De acordo com a situação encontrada no manejo florestal, este relatório
pode conter três categorias de condições para este manejo:
a) PRECONDIÇÕES: quando são notificados problemas graves no
manejo da operação candidata que devem ser corrigidos imediatamente para
a continuidade do processo de certificação. Após cumpridas as precondições,
a operação candidata deve ser submetida a uma nova avaliação de campo, ou
seja, praticamente tem reinício o processo de certificação.
b) CONDIÇÕES: quando são notificadas falhas menos graves que
não afetam diretamente o manejo florestal, mas que precisam ser corrigidas.
Estas falhas menores não paralisam o processo de certificação, desde que as
modificações sejam efetuadas dentro do prazo imposto pelo credenciador.
c) RECOMENDAÇÕES: são referentes a alguns aspectos do manejo
florestal, que apesar de já estarem adequados, podem melhorar se forem
adotadas as recomendações. Ao contrário das precondições e condições, as
recomendações não são obrigatórias, e não afetam ou paralisam o processo
de certificação.
Após finalizada, a primeira versão do relatório é enviada para a operação
candidata para a sua apreciação e comentários. A seguir, após a revisão da
operação candidata, a certificadora elabora a segunda versão e envia para a
revisão por no mínimo dois especialistas da área florestal; este processo é
conhecido como revisão de parceiros.Em geral, durante este período de
elaboração de relatórios, ocorre mais uma etapa de consulta pública, ou seja,
são realizadas novas reuniões com a comunidade local, nas quais o certificador
pode receber comentários acerca dos relatórios e do manejo da operação
florestal.

Relatório final
Após o cumprimento de todas as etapas da elaboração de relatórios, os
auditores emitem um relatório final com a recomendação de certificação, ou seja,
aprovando o manejo florestal da operação.
Decisão de certificação
Este relatório é analisado pelo conselho de certificação do organismo
certificador, responsável por tomar as decisões relativas à certificação.
Para tomada de decisão, o conselho leva em consideração uma série de
documentos e de fatores, como: o relatório final, a opinião dos parceiros
revisores, as consultas públicas e os comentários da população sobre as
operações manejo florestal.
Nos casos em que o conselho aprova a recomendação de certificação, ou
seja, determina que a operação receba o certificado, é elaborado um contrato de
certificação com validade definida (em geral, cinco anos).

Assinatura do contrato
O contrato é assinado entre as partes para estabelecer os direitos e
deveres de cada parte e as condições que devem ser cumpridas e seus
respectivos prazos.
Após assinatura de contrato é emitido o certificado e a operação recebe
o pacote de materiais de certificação, com as diretrizes e modelos para utilização
dos logotipos e para publicidade do processo.
Resumo público
Após assinatura do contrato e a emissão do certificado, o certificador
elabora um resumo público de todo o processo de certificação, que é
disponibilizado publicamente e enviado a todos os interessados e grupos
envolvidos na consulta pública.

Monitoramento
Após a conclusão da certificação, a empresa se compromete a responder
todos os questionamentos da certificadora e, também, a avaliar todas as
denúncias de irregularidades que possam surgir.
O monitoramento da certificação é anual e deve estar previsto no
orçamento da empresa, ou seja, incluso nos custos decorrentes da certificação.
O objetivo do monitoramento é avaliar se a operação está mantendo os padrões
estabelecidos pela certificadora. Visitas não agendadas (surpresas) podem ser
realizadas em caso de denúncia de irregularidades. Se o monitoramento detectar
falhas ou irregularidades no sistema de manejo florestal, é emitido um pedido de
ação corretiva, que deve ser cumprido pela operação dentro de um prazo
determinado.
É importante lembrar que o certificado tem um prazo de validade (em
geral de cinco anos), e que após este período é necessário que a operação se
submeta a um novo processo de avaliação completa para receber nova
certificação.
A seguir encontra-se um esquema mostrando a sequência de ações que
devem ser cumpridas para que uma operação candidata obtenha a certificação
do manejo florestal.

Esquematizando
CERTIFICAÇÃO DO MANEJO FLORESTAL: PASSO A PASSO
1) Decisão de obter a certificação;
2) Avaliação de possibilidades;
3) Carta consulta a certificadora;
4) Pré-avaliação;
5) Contato inicial;
6) Assinatura do contrato;
7) Consultas públicas;
8) Avaliação de campo;
9) Elaboração da primeira versão do relatório;
10) Correção dos erros;
11) Elaboração das outras versões do relatório;
12) Consulta pública e revisão pelos parceiros
13) Revisão final e elaboração da versão final
14) Emissão do certificado
15) Disponibilização pública do processo de certificação
16) Monitoramento atual.

CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

A definição de cadeia de custódia é o conjunto das etapas de


transformação e
comercialização de produtos de origem florestal, desde a floresta e o seu manejo
até chegar ao consumidor final.
A certificação de cadeia de custódia garante ao consumidor que o produto
florestal fabricado, seja madeireiro ou não, provém de uma floresta certificada,
ou seja, de uma floresta manejada de modo ecologicamente correto, socialmente
justo e economicamente viável. Para que um produto elaborado com matéria-
prima florestal possa levar um selo de Certificação, um selo verde, todos os
manejos florestais e as operações envolvidas no processo produtivo devem ser
rastreados.
FIGURA - ESQUEMA SIMPLIFICADO DA CADEIA PRODUTIVA DOS
PRODUTOS FLORESTAIS

A verificação das operações e do manejo envolvidos neste rastreamento


pelo certificador é conhecida como Certificação de Cadeia de Custódia (CoC).
Esta certificação é realizada por um certificador independente credenciado pelos
organismos credenciadores.
Logo, a Certificação de Cadeia de Custódia (CoC) é realizada pelos
produtores que processam a matéria-prima originada de uma floresta certificada,
ou seja, as serrarias, os fabricantes e os designers que desejam utilizar o selo
verde no seu produto. Eles precisam obter o certificado para garantir a
rastreabilidade do produto, ou seja, garantir a sua origem e que a sua cadeia
produtiva desde a floresta até o produto final obedece aos padrões da
certificadora.

RASTREABILIDADE
A importância da Certificação de Cadeia de Custódia é para assegurar
que o produto veio de florestas sustentáveis, e dar maior valor agregado ao
produto final. Portanto, para que esta certificação funcione, tudo o que é
produzido deve ser mapeado até o momento de chegar ao consumidor final, e aí
que entra o conceito de rastreabilidade.
A palavra-chave da certificação de cadeia de custódia é rastreabilidade,
como exemplifica a Figura .
FIGURA - RASTREAMENTO DA MATÉRIA-PRIMA PARA
CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA
O objetivo da certificação de cadeia de custódia envolver a rastreabilidade
é manter a responsabilidade de todos os agentes do processo de produção, pois
a certificação passa a assumir um papel de controle de qualidade.
A origem da matéria-prima florestal é a Unidade de Manejo Florestal, ou
seja, as áreas onde se extraem as matérias-primas naturais.
O princípio de rastreabilidade desta certificação permite com que as
empresas que trabalham com produtos certificados deste o início, ou seja,
compram madeira de florestas certificadas, sejam beneficiadas com um
processo de certificação de cadeia de custódia bem mais simples, uma vez que
sua matéria-prima já tem origem em um manejo florestal certificado.

QUEM PRECISA SE CERTIFICAR EM CADEIA DE CUSTÓDIA?

A Figura exemplifica as três situações onde a certificação de cadeia de


custódia é necessária. Como a palavra chave na cadeia de custódia é
rastreabilidade, por meio deste rastreamento é facilitada a certificação de toda a
cadeia produtiva.

FIGURA - QUEM PRECISA SE CERTIFICAR NA CADEIA DE


CUSTÓDIA
Assim, tem-se que quem precisa se certificar são os agentes da cadeia
produtiva de um produto, ou seja:

Quem processa:

a) Aquele que transforma ou processa os produtos florestais. Exemplos:


madeireiras, serrarias, fábricas de compensados.

Quem compra e/ou vende:


QUEM NÃO PRECISA DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

Agenciadores que simplesmente efetuam contratos entre indivíduos e


organizações e que não são responsáveis pelo produto, ou seja, não possuem
a posse legal do produto, não necessitam obter o certificado de cadeia de
custódia.

A CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA E O CONSUMIDOR

A certificação de cadeia de custódia (CoC) não garante ao consumidor


final:
a) A qualidade do produto, e se ele vai atender perfeitamente aos fins
para o qual é destinado;
b) A qualidade do serviço oferecido;
c) O preço (às vezes o preço de produtos certificados é diferenciado,
devido à inclusão dos custos da certificação no preço de custo).
No entanto, a certificação de cadeia de custódia garante para os
consumidores:
a) Garantia de origem: ao comprar produtos certificados
(com selo verde), o consumidor consciente sabe que aquela
matéria-prima florestal foi explorada por meio de técnicas de
manejo florestal, em que foram obedecidas às leis ambientais e
trabalhistas.
b) Contribuição para a causa: ao adquirir um produto
certificado, com selo verde, o consumidor está premiando as
empresas responsáveis que respeitam toda a legislação, o direito
dos trabalhadores e da comunidade, e obedecem todos os padrões
estabelecidos para um bom manejo da floresta. Ou seja, o
consumidor está expressando o seu comprometimento com o meio
ambiente e o desenvolvimento local socioeconômico das
comunidades florestais. Assim, consumidores conscientes, em
geral, optam por produtos certificados, pois sabem que há
responsabilidade social e ambiental atrelada a estes produtos, pois
as empresas que possuem a certificação traduzem o seu
comprometimento com as boas práticas sociais, ambientais e
econômicas em suas ações.
É interessante que por meio de pesquisas com consumidores de produtos
certificados, constatou-se que o mercado consumidor espera um melhor
desempenho e qualidade por parte desses produtos. Pois como os
consumidores consideram que as operações certificadas possuem uma
qualidade controlada pelos padrões das certificadoras, e um grau de
organização e visão empresarial maior do que as outras operações no mercado,
então esperam que os produtos certificados possuam esta mesma diferenciação.

TIPOS DE CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

A Certificação de Cadeia de Custódia (CoC) é o conjunto das sucessivas


etapas de transformação ou comercialização de produtos florestais, desde as
unidades de manejo florestal até o consumidor final. E, em cada uma dessas
etapas, é controlado o conteúdo de matéria-
prima oriunda de cada unidade de manejo florestal.
Existem diversos tipos de certificação de cadeia de custódia (CoC)
disponíveis no mercado, cada um deles é adequado para diferentes produtos e
diferentes tipos de empresa e instituições, conforme apresentado na Figura.

FIGURA- TIPOS DE CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

INDIVIDUAL EM GRUPO

EXCLUSIVA NÃO EXCLUSIVA EXCLUSIVA NÃO EXCLUSIVA


Não é uma exigência das certificadoras que a cadeia de processamento
trabalhe apenas com produtos certificados. O sistema de certificação foi capaz
de prever a situação de trabalhar com produtos certificados ou não dentro da
mesma área, assim surgiu os conceitos de CoC exclusiva e CoC não exclusiva.
A certificação de cadeia de custódia exclusiva é quando as operações
florestais optam por utilizar apenas matéria-prima florestal certificada. Já a
certificação de cadeia de custódia não exclusiva é quando as operações
florestais optam por utilizar tanto matéria-prima florestal certificada, como não
certificada.

CERTIFICAÇÃO INDIVIDUAL:
São certificadas áreas de uma empresa ou de um indivíduo que maneja
a floresta e/ou participa da cadeia de processamento dos seus produtos.

CERTIFICAÇÃO EM GRUPO:
Na modalidade de certificação em grupo, a avaliação para fins de
certificação inclui mais de uma unidade de manejo e/ou de processamento de
produtos.
O processo de avaliação em grupo permite abaixar os custos e baratear
o processo de certificação, no entanto, continua semelhante ao utilizado para
certificar uma única área florestal. A principal diferença é que no processo de
avaliação de campo de uma certificação em grupo, os certificadores em geral
dão ênfase ao método de amostragem para visita a apenas algumas do total das
unidades de manejo a serem certificadas.
A certificação em grupo pode ser efetuada de dois modos, por meio de:

ASSOCIAÇÕES OU COOPERATIVAS; GERENCIADOR DE


RECURSOS FLORESTAIS.

Na certificação em grupo por meio de um gerenciador de recursos


florestais, a certificação é conduzida por um único gerenciador, que é uma
pessoa física ou jurídica que assume contratualmente a responsabilidade do
manejo florestal de um conjunto de áreas florestais, geralmente, de vários
proprietários.

CONTROLE DOS MATERIAIS DENTRO DAS EMPRESAS:

Como é possível que as cadeias produtivas trabalhem tanto com produtos


certificados como não certificados, isto exige uma logística muito mais complexa,
pois todo o processo dentro da empresa deve ser separado e rastreado, visando
separar o que será produto final certificado e o que não será.Dependendo da
porcentagem de matéria-prima certificada e do tipo de controle desta matéria-
prima utilizada dentro do processo, a empresa receberá selos distintos.
Controle exclusivo: ocorre nos casos em que a empresa está
buscando uma CoC exclusiva, ou seja, para empresas que irão trabalhar
apenas com material certificado; assim, não
precisa implantar um sistema de separação, identificação e controle da
matéria-prima, pois esta será toda de origem certificada.
Controle absoluto: ocorre com as empresas que trabalham com
material certificado e também com material não certificado, e que estes são
mantidos sempre separados nas áreas de produção, visando a produtos finais
produzidos apenas com produtos certificados e outros produzidos apenas com
produtos não certificados. Neste tipo de controle, a operação deve garantir o
correto manuseio, em termos de separação, identificação e controle, visando
com que os materiais certificados e não certificados estejam sempre
separados.
Controle misto: ocorre quando a operação fabrica produtos que
possuem uma mistura de materiais certificados e não certificados. Neste caso,
as certificadoras possuem uma política que regulamenta as situações onde o
produto final poderá ou não utilizar o selo verde, de acordo com a porcentagem
de materiais não certificados no produto final, desde que declarados.

CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA EXCLUSIVA


A certificação de cadeia de custódia exclusiva é simples de ser rastreada,
porque todos os componentes da cadeia produtiva são certificados. A matéria-
prima é oriunda de uma floresta certificada e depois é processada em empresas
certificadas.
Desta forma, apenas é necessário controlar a entrada, estoque e saída
do material, já que tudo é certificado, simplificando muito a operação de
rastreamento porque o material não terá que ser rastreado enquanto dentro do
pátio.

A Figura exemplifica o trajeto da matéria-prima certificada até chegar ao


consumidor como produto certificado, em uma cadeia de custódia exclusiva.

FIGURA - EXEMPLO DE UMA CADEIA DE CUSTÓDIA EXCLUSIVA

FONTE: IMAFLORA, 2002.

CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA NÃO EXCLUSIVA

Nesta modalidade de certificação de cadeia de custódia, nem todos os


componentes da cadeia produtiva são certificados, e o controle dos materiais
pode ser absoluto ou misto.
Nesta modalidade, o procedimento de sua implantação exige um controle
criterioso de identificação, separação, registro e identificação da matéria-prima
certificada e não certificada em todas as áreas e fases do processo. O objetivo
deste controle rigoroso é separar a matéria- prima oriunda de florestas
certificadas de outras não certificadas, e esta separação deve continuar dentro
do pátio da empresa enquanto os produtos estão sendo manufaturados. Assim,
isto exige muita organização e um sistema logístico muito bem montado.
Como a matéria-prima é proveniente de florestas certificadas e não
certificadas, o produto final desta empresa serão produtos certificados e não
certificados.
O caminho que a matéria-prima deve fazer em uma cadeia de custódia
não exclusiva até chegar ao consumidor como produto certificado é
exemplificado pela Figura .
FIGURA - EXEMPLO DE CADEIA DE CUSTÓDIA NÃO EXCLUSIVA

FONTE: IMAFLORA, 2002.

CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA NÃO EXCLUSIVA MISTA

Neste caso, como a operação fabrica produtos que possuem uma mistura
de materiais certificados e não certificados, o produto final é rotulado por
porcentagem. O controle neste tipo de certificação deve ser rigoroso para que
se rotule corretamente a porcentagem de material que é proveniente de floresta
certificada e não certificada.
Este processo, a princípio, não apresenta dificuldades do ponto de vista
operacional, como pode ser evidenciado na Figura , e faz parte da rotina
operacional das indústrias fabris quando fabricam produtos com características
diferentes.
A Figura exemplifica um processo de produção que utiliza material
certificado e não certificado, em etapas diferentes na planta industrial, na
elaboração do produto final.
FIGURA - ESQUEMA DE SEPARAÇÃO TEMPORAL EM PLANTA
CONTÍNUA DE CELULOSE COM CADEIA DE CUSTÓDIDA NÃO EXCLUSIVA

FONTE: IMAFLORA, 2002.

ESTRUTURA DE CONTROLE DA MATÉRIA-PRIMA NA CADEIA DE


CUSTÓDIA
O controle da matéria-prima na certificação de cadeia de custódia pode
ser:
a) E
xclusivo;
b) Não exclusivo:
i. Absoluto,
i. Misto
O controle da matéria-prima na certificação de cadeia de custódia segue
alguns passos básicos:

ENTRADAS
A operação deve registrar e controlar todas as entradas de madeira
certificada e não certificada em sua unidade de processamento. Toda a madeira
(matéria-prima) que entra na empresa deve ser identificada, e ter sua quantidade
e o seu status de certificação ou não anotada. Caso a madeira seja certificada,
esta informação deverá constar na nota fiscal, e ela deve seguir o caminho
exclusivo para madeira certificada.

ARMAZENAMENTO E IDENTIFICAÇÃO
A madeira certificada não deve ser armazenada conjuntamente com a
madeira não certificada. Esta separação dos estoques em material certificado ou
não certificado e sua identificação devem ser bem visíveis e fáceis de manusear;
por exemplo, delimitação por cercas, postes, correntes e/ou identificação por
meio de placas, cores diferentes, etc.
Assim, as áreas de armazenamento dos diferentes tipos de materiais
devem estar devidamente identificadas (rotuladas) e separadas em:
• ÁREAS COM MATERIAL CERTIFICADO;
• ÁREAS COM MATERIAL NÃO CERTIFICADO.

A importância dessa divisão ser bem efetuada é para garantir que os


trabalhadores ou encarregados pela produção não façam confusão entre os
estoques.
As Figuras exemplificam a identificação e divisão dos materiais em
estoque em certificados e não certificados.
É importante ressaltar que o sistema usualmente empregado na
identificação dos estoques diferentes é colorir um dos topos da peça de madeira
com cores fortes e visíveis, de fácil identificação e segregação. A vantagem
deste tipo de identificação é que a pintura é óbvia para qualquer observador,
que seu custo é baixo e é durável. É importante que a cor utilizada seja uma só
e passe a ser empregada como símbolo do produto certificado para que não
ocorram confusões durante o processo. Após separadas e marcadas pela cor
identificadora, podem ser utilizadas correntes, cordas ou fitas que podem ser
manuseadas, removidas e trocadas com facilidade, para separar os estoques e
ordenar o armazenamento no pátio.
FIGURA - EXEMPLOS DE IDENTIFICAÇÃO, SEPARAÇÃO DOS
MATERIAIS E CONTROLE DE ENTRADA – ÁREA DE ARMAZENAMENTO
EXCLUSIVO DE MATERIAIS CERTIFICADOS

FONTE IMAFLORA, 2002.

FIGURA - EXEMPLOS DE IDENTIFICAÇÃO, SEPARAÇÃO DOS


MATERIAIS E CONTROLE DE ENTRADA – ÁREA DE ARMAZENAMENTO
EXCLUSIVO DE MATERIAIS CERTIFICADOS
FONTE: IMAFLORA, 2002.

CONTROLE DOCUMENTAL
Visando garantir o rastreamento do material certificado, deve ser
implementado um sistema de controle de produção. Em geral, este controle é
feito por meio de controles, planilhas e fichas de dados anotados manualmente
diariamente, e consolidados em relatórios mensais, semestrais e anuais. Nas
grandes operações, geralmente, há um setor responsável pelo controle de
produção, conhecido como PCP (Planejamento de Controle da Produção).
A Figura exemplifica uma planilha de controle de toras certificadas em
uma operação.

FIGURA- EXEMPLO DE PLANILHA DE CONTROLE DE TORAS


CERTIFICADAS NO PÁTIO
FONTE: IMAFLORA, 2002.

A Figura exemplifica uma planilha de controle consolidada, ou seja, um


relatório consolidado que resume os controles feitos por meio das planilhas e
fichas de dados anotados diariamente. Estas planilhas de controle são
consolidadas em relatórios mensais, semestrais e anuais, gerando estatísticas
sobre a produção e o estoque de produto. As estatísticas servem para embasar
a operação em seu planejamento estratégico e operacional, demonstrando como
está a produção e permitindo maior certeza em previsões para o futuro.

FIGURA - EXEMPLO DE RELATÓRIO CONSOLIDADO DE PLANILHA


DE CONTROLE DE UMA SERRARIA
FONTE: IMAFLORA, 2002.
PROCESSAMENTO
O processamento é a etapa de transformação da matéria-prima no
produto final.
Em empresas não exclusivas, ou seja, que também trabalham com
material não certificado, as medidas de controle, separação e identificação de
materiais certificados devem ser empregadas em todas as etapas do
processamento da madeira, para garantir que não ocorra mistura entre materiais
certificados e não certificados. Já o processamento das toras quando toda a
madeira é certificada é bem simples, pois não exige medidas de separação e
identificação de materiais.

IDENTIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO DURANTE O PROCESSAMENTO


A identificação e separação consistem na identificação e separação do
material certificado durante o seu processamento.
Uma das formas mais comuns de identificar entre a madeira certificada e
a não certificada durante o processamento é por meio do uso de cones e forros
pintados (pallets), como exemplifica a Figura . Outras formas que podem ser
utilizadas como identificação são marcas com giz, e placas e caixas pintadas. O
mais importante é manter a identificação óbvia e clara ao longo do processo.

FIGURA - EXEMPLOS DE FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO DOS


BLOCOS DE MADEIRA DURANTE O PROCESSAMENTO
FONTE: IMAFLORA, 2002.

A separação do material é um requisito fundamental em processos de


cadeia de custódia não exclusiva, para garantir que os estoques de material
certificado e não certificado não se misturem durante a produção.
Quando a cadeia é não exclusiva devido à necessidade de separação do
material certificado e não certificado entrando e saindo das máquinas, a
operação se torna mais cara do que quando a cadeia é exclusiva.

A separação durante o processamento pode ser efetuada de dois modos:

I) Separação Temporal: em geral, é usada apenas quando a


separação física não se aplica, ou seja, quando existem processos de
fabricação contínuos, que não páram, como nas indústrias de produção de
celulose ou chapas de fibras. Na separação temporal o material certificado e
não certificado é adicionado ao processo separadamente em diferentes etapas
da produção, ou seja, em diferentes momentos do processamento.
II) Separação Física: é o sistema que garante fisicamente o
processamento separado de materiais certificados e não certificados, o mais
comum é processamento por meio do sistema de lotes ou bateladas
(processamento em bateladas). Por exemplo, se um lote de madeira
certificada está sendo processado, este deve terminar todo o processo até ser
devidamente controlado e identificado, para que a madeira não certificada
possa iniciar o seu processamento. A Figura (a seguir) exemplifica a
separação física em uma etapa do processamento.

FIGURA- SEPARAÇÃO DO MATERIAL CERTIFICADO E NÃO


CERTIFICADO DURANTE O PROCESSAMENTO
FONTE: IMAFLORA, 2002.

CONTROLE DA PRODUÇÃO

Durante o processamento, usualmente há um controle documental por


meio de fichas de produção e planilhas de controle. No caso de cadeias não
exclusivas, cada etapa do processamento deve ser controlada, desde a entrada
até a saída para o estoque final de produtos.

ESTOQUE FINAL E EXPEDIÇÃO


O mesmo sistema de controle empregado na entrada da matéria-prima e
durante o seu processamento deve ser utilizado para controlar o estoque de
produtos acabados. Ou seja, também é necessário que se realizem as seguintes
etapas para os produtos finais do processamento:
i. Identificação: em função do seu tipo e do tipo de embalagem que
irá receber. É muito importante, pois valoriza o produto;
ii. Separação: separação dos estoques finais de acordo com seu
processamento (exclusivo, não exclusivo misto ou não exclusivo absoluto);
iii. Controle: controle das entradas e saídas de produtos da área de
estoque (controle de inventários) e da expedição para venda.
Nas figuras são mostrados exemplos de estoque final separados com
correntes e demarcação de área, e com placas de identificação.

FIGURA - ESTOQUE FINAL COM MADEIRA CERTIFICADA


FISICAMENTE SEPARADA

FONTE: IMAFLORA, 2002.

FIGURA- SEPARAÇÃO DO MATERIAL CERTIFICADO E NÃO


CERTIFICADO NO ESTOQUE

FONTE: IMAFLORA, 2002.

USO DA LOGOMARCA
O uso da logomarca (selo verde) (Figuras 30 e 31), que é a etiqueta que
identifica o produto como certificado, deve ser previamente aprovado pela
certificadora, pois este uso é restrito e controlado. Existem diretrizes e regras
específicas para a utilização da logomarca das certificadoras, tanto no produto,
como para divulgação na imprensa escrita ou falada. Todas as operações
certificadas recebem da sua instituição certificadora um guia de diretrizes
gráficas, para orientar como de ser confeccionada e adicionada a logomarca aos
seus produtos.
Quando o produto é resultado de uma cadeia de custódia não exclusiva
mista é necessário um selo específico que atesta a quantidade (em
porcentagem) de material certificado que foi utilizada em sua fabricação, como
está exemplificado no primeiro selo da Figura.
FIGURA - EXEMPLO DE LOGOMARCA EM UM PRODUTO
CERTIFICADO EM CADEIA DE CUSTÓDIA PELO FSC

FONTE: IMAFLORA, 2002.

FIGURA - EXEMPLOS DE LOGOMARCA DE CERTIFICAÇÃO EM


CADEIA DE CUSTÓDIA PELO FSC
FONTE: IMAFLORA, 2002

A Tabela resume a estrutura e pontos-chave no controle, identificação e


separação da produção certificada em um processo de Cadeia de Custódia não
exclusiva, que, como visto anteriormente, é um processo mais delicado e mais
difícil em termos logísticos e de planejamento da produção, do que é uma
operação exclusiva.
TABELA - RESUMO DA ESTRUTURA E PONTOS-CHAVE NO
CONTROLE, IDENTIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO DA PRODUÇÃO
CERTIFICADA EM UM PROCESSO DE CoC NÃO EXCLUSIVA.

O Quadro resume as informações mais importantes sobre um aspecto


essencial na estrutura de um processo de Cadeia de Custódia: o treinamento
dos funcionários e colaboradores.

QUADRO- RESUMO DE INFORMAÇÕES SOBRE O PAPEL DO


TREINAMENTO NA CADEIA DE CUSTÓDIA
POLÍTICAS PARA DECLARAÇÃO SOBRE PORCENTAGENS

A política de declaração sobre porcentagens trata de situações em que o


produto é proveniente de cadeia de custódia não exclusiva mista, ou seja,
quando este é composto parcialmente por matéria-prima certificada. O objetivo
da política de porcentagem é permitir o reconhecimento de produtos que contém
menos de 100% de material certificado. Assim, esta política permite que maior
número de produtos seja comercializado com a logomarca da certificadora, pois
estabelece valores mínimos de material certificado por classe de produto.
A seguir, são ilustradas as duas diferentes situações em que se aplica
esta política:

Situação : o controle é feito por produto.


Nesta situação, conhece-se o volume ou a porcentagem de matéria-prima
certificada e não certificada utilizada na confecção de cada unidade do produto.
Esta situação se aplica a dois produtos:

1) PRODUTOS DE MADEIRA SÓLIDA: 100% da


madeira deve ter sua origem certificada (provém de florestas
manejadas de acordo com os princípios e critérios do certificador).
Exemplos desses produtos: cabos, toras e madeiras serradas;
2) PRODUTOS MONTADOS: obrigatoriamente pelo
menos 70% da madeira contida nesses produtos deve ser de
origem certificada. Conhecimento de quais são as partes do produto
compostas por madeira certificada e não certificada.
Se no caso de produtos montados a operação garantir uma porcentagem
maior que a mínima, o selo poderá atestar tal mensagem, exemplo: produto
composto de 90% de madeira certificada, ou como consta no selo do FSC: “Pelo
menos 90% da madeira neste produto provém de florestas bem manejadas
certificadas de forma independente de acordo com os Princípios e Critérios do
FSC”.

Situação : a linha de produção é por período de produção (lote).

Nesta situação, desconhece-se o volume ou a porcentagem de matéria-


prima certificada e não certificada utilizada na confecção de cada unidade do
produto. No entanto, conhece-se a quantidade de matéria-prima certificada e não
certificada que entra na linha de produção. Portanto, o que a operação certificada
pode garantir é que do volume total de matéria- prima utilizado na linha de
produção certificada, pelo menos 70% era certificada, assim, o selo deverá
constar a seguinte mensagem, segundo o FSC: “Pelo menos X % da madeira
utilizada na confecção desta linha de produtos provém de florestas bem
manejadas, certificadas de acordo com os Princípios e Critérios do FSC”.

Esta situação se aplica a três tipos de produtos:

1) COLEÇÃO DE PRODUTOS SÓLIDOS: a porcentagem de madeira


certificada na coleção deve ser maior que 70%. Exemplo: contêineres,
pacotes, pátio/depósito de madeira e outros;
2) COLEÇÃO DE PRODUTOS MONTADOS: a porcentagem de
madeira certificada nesta coleção também deve ser maior que 70%;
3) PRODUTOS CONFECCIONADOS À BASE DE FIBRAS OU
CAVACOS: para utilizarem a logomarca da certificadora, estes produtos
devem obedecer a regras específicas, como exemplo, as regras da FSC:

a) Pelo menos 30% dos materiais virgens, em peso,


deve ser certificado; e,
b) Pelo menos 17,5% do peso total das fibras e cavacos
utilizados deve ser certificado.
Exemplos de produtos desta categoria são: chapas de fibra ou cavaco,
papel e celulose e outros. Segundo o FSC, a mensagem que pode ser utilizada
nesta categoria é “pelo menos 30% das fibras virgens utilizadas no processo de
fabricação deste produto provém de florestas bem manejadas, certificadas de
acordo com os princípios e critérios do FSC.”
Existe uma categoria especial que requer um cálculo diferente das
porcentagens de material certificado: são os Produtos Mistos. Nesta categoria
estão os produtos que contém tanto madeira sólida como materiais feitos a partir
de fibras e cavacos, tanto com origem certificada como não certificada. Neste
caso, especificamente para a certificadora FSC (como exemplo) é possível
utilizar sua logomarca em produtos mistos quando a combinação de madeira e
fibras virgens certificadas representa pelo menos 70% do produto, em peso ou
volume.
A seguir, consta um exemplo prático (Quadros 2, 3 e 4) de cálculo das
porcentagens em um produto misto, visando a verificar se o produto possui a
porcentagem mínima para receber o selo verde.

QUADRO - EXEMPLO PRÁTICO DE CÁLCULO DE PORCENTAGENS


EM UM PRODUTO MISTO

FONTE: IMAFLORA, 2002.

QUADRO- FÓRMULA GERAL UTILIZADA NO CÁLCULO DE


PORCENTAGENS EM UM PRODUTO MISTO

Fórmula geral:
Porcentagem Permitida = PP

𝑥.𝑎 + 𝑦.𝑏 + 𝑧.𝑐


𝑃𝑃 =
𝑥+𝑦+𝑧
Onde :
- x KG ( ou a unidade de peso adequado) do produto A com a % cerficiada
( Ex.: 4 KG do produto tábua com 100%)
-y kg do produto B com b %...
-z kg do produto C com c %...

FONTE: IMAFLORA, 2002.

QUADRO - RESOLUÇÃO DO EXEMPLO PRÁTICO DE CÁLCULO DE


PORCENTAGENS EM UM PRODUTO MISTO USANDO A FÓRMULA GERAL

Substituindo:
𝟒. 𝟏 + 𝟑. 𝟎, 𝟓 + 𝟑. 𝟎, 𝟖
𝑷𝑷 = → 𝑷𝑷 = 𝟎, 𝟕𝟗 𝒐𝒖 𝟕𝟗%
𝟒+𝟑+𝟑

Mensagem: Pelo menos 79% da madeira utilizada na elaboração desta


linha de produtos provém de florestas bem manejadas, certificadas
independetemente de acordo com os princípios e critérios do FSC.

FONTE: IMAFLORA, 2002.


POLÍTICAS SOBRE O USO DE MADEIRA ILEGAL

“Madeira ilegal” é um termo que é aplicado a toda madeira adquirida de fontes


ilegais (como importação ilegal), ou obtidas ilegalmente (falsificação de documentos,
contrabando, etc.) ou envolvendo o comércio de espécies proibidas no comércio
internacional (lista de espécies ameaçadas de extinção).
A política da maioria das certificadoras é que a operação certificada não pode
estar envolvida com atividades florestais ilegais, ou seja, a operação florestal não pode
estar utilizando ou comercializando madeira ilegal, sob pena de suspensão ou
cancelamento do seu certificado.

PASSOS PARA A CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

A Figura apresenta os passos necessários, tanto por parte da operação


candidata como por parte do certificador, para conseguir a certificação de Cadeia de
custódia.
FIGURA - PASSOS PARA A CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA
FONTE: Adaptado de IMAFLORA, 2002.

CONTATO COM O CERTIFICADOR:

Contato inicial com o certificador para esclarecer dúvidas e obter informações


sobre os requisitos exigidos para a certificação. Nesta ocasião, o certificador deve
fornecer documentos relativos à certificação de cadeia de custódia a operação, e pode
solicitar informações básicas.
FONTE DE PRODUTOS CERTIFICADOS:
Para a certificação de cadeia de custódia, o ideal é que já exista um fornecedor
com produtos florestais já certificados, caso contrário, deve-se providenciar
fornecedores certificados para que possa receber o certificado.

IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA DE CONTROLE DE CoC:


A operação candidata à certificação deve se adequar ao padrão da certificadora
para conseguir a certificação, adequando ou implementando um sistema de controle
eficiente visando garantir ao cumprimento dos padrões de cadeia de custódia da
certificadora.

CONTRATAÇÃO:
A contratação segue os seguintes passos:

a) Recebimento dos dados da operação candidata;


b) Elaboração da proposta de trabalho pela certificadora;
c) Firma-se contrato;
d) Acordam-se responsabilidades, prazos e custos.

AVALIAÇÃO DE CAMPO:
Esta etapa é realizada pelo certificador e visa certificar o cumprimento dos
padrões de cadeia de custódia da certificadora no sistema operacional da operação a
ser certificada.

ELABORAÇÃO E ENVIO DO RELATÓRIO DE CERTIFICAÇÃO:


Após a avaliação de campo elabora-se o relatório de certificação e envia-se
para a operação. Este relatório contém a descrição dos procedimentos de controle da
cadeia de custódia da operação, e quando necessário:
a) Pré-condições: mudanças que devem ser realizadas pela operação
antes da certificação;
b) Condições: melhorias que devem ser implementadas pela operação
dentro do prazo estabelecido pelo certificador, em geral, no prazo de três meses a um
ano;
c) Recomendações: mudanças não obrigatórias, no momento, somente
sugeridas pela equipe de avaliação.

CUMPRIMENTO DAS PRECONDIÇÕES:


Após receber o relatório de certificação, a operação deve buscar adequar as
suas atividades aos padrões da certificadora, por meio do cumprimento das
precondições estabelecidas. Estas adequações podem ser mudanças administrativas
ou envio de documentação, ou mudanças operacionais, que devem ser realizadas em
campo. No caso de mudanças operacionais, normalmente é necessária uma nova
avaliação de campo.

VERIFICAÇÃO DE CAMPO DAS PRECONDIÇÕES:


Somente é necessário quando as precondições exigem adequação no sistema
operacional. Esta visita deve ser evitada porque ela onera o custo da certificação;
deve-se constar um adendo no contrato inicial deixando esta visita em aberto para o
caso de eventual necessidade.

ELABORAÇÃO E ENVIO DO RELATÓRIO DO CUMPRIMENTO DAS


PRECONDIÇÕES:
Relatório final contendo o parecer do certificador. Este relatório também é
enviado para o comitê de certificação, que irá avaliar se a operação atende aos
requisitos exigidos e emitir a decisão final de certificação.

DECISÃO E CONTRATO DE CERTIFICAÇÃO:


Caso a certificação seja aprovada, faz-se um contrato de certificação.
EMISSÃO DE CERTIFICADO E USO DA LOGOMARCA:
Após assinatura do contrato, emite-se o certificado CoC, o qual, em geral, tem
validade de cinco anos. Em anexo, a operação recebe o guia de diretrizes gráficas
para o uso da logomarca da certificadora.

APROVAÇÃO DO USO DA LOGOMARCA:


Todo e qualquer uso da logomarca (como por exemplo, em etiquetas de
identificação e notas fiscais) pela operação depende de autorização prévia da
certificadora.

MONITORAMENTO:
Deve ser realizado anualmente, próximo da data inicial da certificação. O
monitoramento visa a verificar se os elementos exigidos na certificação de cadeia de
custódia estão sendo mantidos.
Visitas não programadas também podem acontecer.
No monitoramento, a certificadora deve verificar o cumprimento dos seguintes
itens:
a) Cumprimento das condições;
b) Cumprimento das ações corretivas: ações solicitadas a serem cumpridas
após as visitadas programadas e não programadas, com prazo definido para
cumprimento;
c) Treinamento de todos os funcionários e pessoal envolvido na operação;
d) Coerência nos dados da produção da empresa, ou seja, nas fichas de
controle e planilhas de produção;
e) Controle de separação física ou temporal e identificação dos materiais
certificados (caso de CoC não exclusiva).
O Quadro 5 detalha mais sobre a coerência nos dados da produção da empresa
(item d) por meio de generalizações de uma planilha coerente e uma incoerente.
QUADRO- GENERALIZAÇÕES DE UMA PLANILHA DE DADOS DE
PRODUÇÃO COERENTE E INCOERENTE

FONTE: IMAFLORA, 2002.

PADRÕES PARA OBTENÇÃO DE CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE


CUSTÓDIA
Para que uma operação possa obter a certificação de cadeia de custódia,
é necessário que ela obedeça a alguns princípios, ou seja, que se enquadre
dentro de determinados padrões.
O Quadro 6 resume os princípios que uma operação deve seguir para a
obtenção de certificação de cadeia de custódia pela certificadora FSC (uma das
maiores e mais atuantes tanto nacionalmente, como internacionalmente).

QUADRO - PRINCÍPIOS QUE UMA OPERAÇÃO DEVE SEGUIR PARA


A OBTENÇÃO DE CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA PELO FSC
FONTE: IMAFLORA, 2002.

PONTOS CHAVES DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

Resumindo os itens anteriores, temos que os seguintes pontos são


essenciais na certificação de cadeia de custódia:

1) Identificação visual de materiais certificados;


2) Separação física de materiais certificados de materiais não
certificados;
3) Documentação de controle;
4) Garantia de origem em todos os processos da operação;
5) Processamento e manutenção dos dados;
6) Identificação e caracterização dos produtos certificados;
7) Capacitação dos trabalhadores;
8) Cumprimento das políticas da certificadora.

CUSTOS DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

Os custos da certificação de cadeia de custódia podem ser divididos em


diretos e indiretos.
Os custos diretos são decorrentes dos processos de avaliação e
monitoramente, e são, basicamente:
a) Avaliação de certificação e visita a campo;
b) Monitoramento (anuais);
c) Taxa anual de certificação;
d) Utilização da Logomarca da certificadora.

Já os custos indiretos são os associados às adaptações no sistema para


que a operação possa atingir e manter a certificação cumprindo as precondições
e condições associadas ao processo. Como exemplos destes custos têm-se:

a) Consultoria para adequação do sistema de controle;


b) Treinamento e capacitação dos funcionários;
c) Adequação e implementação do sistema de controle e separação
dos materiais certificados.

BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

A certificação de cadeia de custódia traz inúmeros benefícios para as


operações. O conjunto de Quadros (7, 8 e 9) a seguir detalha todas as vantagens
adquiridas por meio deste processo.
QUADRO -BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE
CUSTÓDIA PARA AS OPERAÇÕES

FONTE: IMAFLORA, 2002.

QUADRO - BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE


CUSTÓDIA PARA AS OPERAÇÕES

FONTE: IMAFLORA, 2002.

QUADRO - BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO DE CADEIA DE


CUSTÓDIA PARA AS OPERAÇÕES
FONTE: IMAFLORA, 2002.

CERTIFICAÇÃO EM GRUPO

A Certificação em grupo ocorre por meio de associações ou cooperativas.


É necessário definir frente à Certificadora quem será o Gerenciador de recursos
florestais, quem terá a responsabilidade pela administração, de forma que um
único gerenciador seja responsável pela Certificação do grupo junto à
Certificadora.
Este gerenciador pode ser pessoa física ou jurídica que irá assumir
contratualmente a responsabilidade do manejo florestal em um conjunto de
áreas florestais, geralmente de vários proprietários.
O interessante da certificação em grupo é que ela é uma alternativa para
a redução dos custos da certificação, pois os custos são diluídos entre os
integrantes do grupo, tornando-a mais acessível para pequenos produtores e
comunidades. No entanto, a certificação em grupo exige muita cooperação e
disciplina de todos os envolvidos, porque se apenas um integrante do todo o
grupo for reprovado, todo o grupo é reprovado junto e não recebe, então, o
certificado.
Os grupos a serem certificados podem ser formados por associações de
proprietários, associações comerciais, cooperativas, entidades de assessoria do
setor privado ou sem fins lucrativos, ou empresas privadas ou autoridade pública
que trabalhe com pequenos proprietários de florestas numa mesma região. Em
qualquer dos casos, é preciso definir o sistema de manejo em grupo e a
associação do grupo, bem como o monitoramento dos membros do grupo, o
controle de documentos, e etc.
É essencial que todos os participantes do grupo, ao ingressarem no
processo de certificação, estejam cientes que a certificação é um processo
público e que visitas sem agendamento podem ser realizadas; assim, após
obtida a certificação, todos os proprietários devem estar preparados e
obedecerem às condições e padrões da certificadora para que não ocorra
prejuízo para o grupo.
Para evitar muita discrepância e tentar formar um grupo mais homogêneo,
deve ser exigido um padrão mínimo no grupo e limitar a afiliação por meio de
regras claras. Estas regras devem ser bem explicadas, tanto para se entrar no
grupo como para deixar o grupo. Devem existir, também, regras para expulsão
do grupo caso algum participante não se comprometa com as mudanças que
serão exigidas para receber a certificação.

GERENCIADOR

Ao gerenciador cabe preparar todos os envolvidos para as etapas do


processo de certificação. Uma boa iniciativa de divulgação das informações da
certificação costuma ser a distribuição de cartilhas na casa dos proprietários, na
forma de encontros de final tarde, sempre com a presença de um monitor, para
garantir a leitura por um grande número de família. Esse monitor também é
importante para garantir que os interessados entendam todo o processo – e para
que as dúvidas sejam esclarecidas de imediato, caso existam, no grupo –,
proprietários com baixo índice de alfabetização ou até mesmo analfabetos.
O gerenciador deve ter consciência das diferentes realidades dos
membros. A interpretação dos padrões para certificação, a serem adotados pelo
grupo, deve ser feita em função da escala e intensidade do manejo realizado nas
áreas candidatas.
O gerenciador deve também promover um treinamento permanente dos
participantes do grupo para conseguir um nivelamento do grupo e inovação no
plano de manejo. Palestras sobre certificação e manejo devem ser realizadas
com profissionais da área de certificação para fundamentar a posição dos
envolvidos da importância desse processo, e para mostrar ao grupo que a
certificação é uma política importante para sua propriedade, região e/ou
cooperativa.
Cabe ao gerenciador e aos membros se submeterem ao monitoramento
regular de forma a garantir o atendimento aos requerimentos da certificação e
as regras do próprio grupo.
Quando o gerenciador perceber que o grupo está nivelado e com todas
as dúvidas dos interessados já sanadas e, principalmente, que o grupo tem
condições financeiras de manter uma certificação, ele deve entrar em contato
com certificador para iniciar o processo.

O GRUPO

Como já foi visto anteriormente, os grupos a serem certificados podem ser


formados por associações de proprietários, associações comerciais,
cooperativas, entidades de assessoria do setor privado ou sem fins lucrativos,
ou empresas privadas ou autoridade pública que trabalhe com pequenos
proprietários de florestas numa mesma região e etc.
O grupo deve ser uma entidade legal (a organização responsável pela
administração deve ser legalmente estabelecida) com estrutura administrativa
muito bem definida, bem como as responsabilidades de cada um dos
participantes.
Todos os processos que ocorrem dentro de um grupo, como afiliações,
devem ser:
• Documentado;
• Comunicado;
• Arquivado.
REQUISITOS GERAIS PARA CERTIFICAÇÃO EM GRUPO

São os seguintes os requisitos gerais para que um grupo possa iniciar um


processo de certificação:
1) Uma entidade legal: o grupo deve ser uma entidade legal, e a
organização responsável pela administração deve ser legalmente estabelecida.
Podem ser consideradas entidades legais:
• Uma empresa, inclusive uma empresa de propriedade e
administrada por uma pessoa;
• Uma associação de caráter privado ou de empresas industriais;
• Uma organização não governamental (ONG);
• Uma organização governamental;
• Uma organização comunitária.

Estrutura da administração e responsabilidades sobre o trabalho: a estrutura


da administração do grupo deve ser definida de maneira clara, bem como as
responsabilidades edeveres de cada participante do grupo.

2) Decisão sobre o tipo de afiliação: deve ser definido qual o tipo


de afiliação entre as propriedades, exemplos: tamanho, localização, tipo de
manejo, etc.
3) Treinamento e informação: o grupo deve estabelecer um
programa de treinamento e informação aos membros do grupo, visando à
garantia de habilidades e conhecimento para o bom funcionamento do grupo e
do processo de certificação.
4) Interpretação dos requisitos dos padrões de certificação para
os integrantes do grupo: os padrões da certificadora devem ser interpretados
em função da realidade dos membros do grupo, ou seja, em função da escala
(grande ou pequeno) e intensidade do manejo.
5) Definição dos requisitos para afiliação: o grupo deve possuir
um estatuto que defina os requisitos para afiliação, por exemplo: as regras para
admissão ao grupo, as regras para deixar o grupo, as regras para expulsão de
membros do grupo e etc.
6) Monitoramento: deve ser implantado um programa de
monitoramento interno e regular dos membros do grupo para garantir o
atendimento aos requerimentos da certificação e as regras do próprio grupo.
7) Manutenção de registros: o administrador do grupo é
responsável pela manutenção dos registros de cada integrante.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA CERTIFICAÇÃO EM GRUPO

Em geral, os documentos exigidos para certificação em grupo são:

• Documentação fiscal (IR, INSS, FGTS, ISS, ICMS, PIS);


• Todos os procedimentos aplicados nas propriedades;
• Planos de manejo de cada propriedade, com detalhes.

Após a formação do grupo, no contato inicial com a certificadora, será


apresentada a relação dos documentos necessários para a certificação.

ORGANIZAÇÃO DE UMA CERTIFICAÇÃO EM GRUPO


A Figura esquematiza os papéis de cada um dos envolvidos na certificação em
grupo. O auditor é designado pela certificadora, após o início do processo de
certificação.
FIGURA - ORGANIZAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO EM GRUPO
FONTE: NUSSBAUM, 2003.

Na etapa de organização é importante decidir que tipo de membro pode fazer


parte do grupo. Ou seja, definir o tipo do grupo, pois quanto maior e mais
diversificado o grupo, mais complexa é a sua organização. Geralmente, os
seguintes critérios são utilizados para definir o perfil do grupo:

1) Tamanho do grupo: limite mínimo ou máximo de participantes


do grupo.
2) Tipo: critério para inclusão, exemplo: proprietários de áreas
com potencial madeireiro, ou proprietários de florestas nativas.
3) Manejo: quem serão os responsáveis pelo manejo. Exemplo:
cada proprietário.
4) Localização: qual região poderá participar? Exemplo: municipal,
estadual.
5) Número de membros: quanto mais membros, maior a
necessidade de organização e infraestrutura.
6) Custo de adesão: taxa de manutenção do processo, caso ele não
seja custeado por uma organização externa.
FORMAS DE CERTIFICAÇÕES EM GRUPO POSSÍVEIS NO BRASIL

A Tabela mostra as possibilidades de certificações em grupo existentes no Brasil.

TABELA FORMAS DE CERTIFICAÇÕES EM GRUPO POSSÍVEIS NO BRASIL


ESTUDOS DE CASOS

MODELO 1 MODELO 2 MODELO 3

TAMANHO 25 hectares no máximo 25 a 1000 hectares 1000 a 5000 hectares

TIPO Floresta nativa Plantação Qualquer

PROPRIEDADE Pequenas propriedades Proprietários privados Qualquer

MANEJO Proprietários Proprietários ou profissionais Qualquer

LOCALIZAÇÃO Grupo em um raio de 100 km Em qualquer estado Escritório central

N° MÁXIMO DE 100 250 Limitado

MEMBROS

FONTE: NUSSBAUM, 2003.

O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO EM GRUPO

OBSERVAÇÕES INICIAIS:
I) ESCOLHA DO CERTIFICADOR: deve ser baseada no custo da
certificação e nos princípios utilizados pela certificadora escolhida.
II) EFICIÊNCIA: o tempo que os certificadores levarão para iniciar e
finalizar a certificação.

INSPEÇÃO PRÉVIA (pré-avaliação):


Nesta primeira visita da certificadora ao grupo é importante demonstrar todas
as operações honestamente para que todas as falhas sejam identificadas e
corrigidas antes da avaliação principal. ELIMINANDO AS FALHAS:
Tomada a decisão de seguir com o processo de certificação, o grupo deve iniciar
acorreção das falhas com os recursos que dispõe (exemplo de falhas graves:
falta de plano de manejo).

CONSULTA COM AS PARTE INTERESSADAS:


A partir deste ponto, o processo de certificação passa a ser público, e as
consultas públicas, a todos os interessados (comunidade, parceiros, grupo), são
iniciadas.

AVALIAÇÃO PRINCIPAL:
I) Marcada com antecedência de pelo menos quatro semanas.
II) Possui as seguintes etapas:
a) Reunião de abertura;
b) Avaliação:
i. Revisão dos documentos;
i. Visita à floresta (os certificadores precisam entrar na floresta);
ii. Discussão e entrevistas com o pessoal do campo e a comunidade,
sem a presença do grupo administrativo.

FECHAMENTO DO RESULTADO DA AVALIAÇÃO PRINCIPAL E


AVALIAÇÃO DAS PRECONDIÇÕES:
Avaliar se as precondições, ou seja, se as falhas graves no manejo do grupo
foram corrigidas, para que se possa dar continuidade ao processo de
certificação.
ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO E REVISÃO PELOS PARCEIROS (PEER
REVIEW):
O relatório final da avaliação principal vai ser revisado por revisores externos
(revisão de parceiros) que, de acordo com as informações contidas nos
relatórios, analisarão se as informações e os resultados do relatório são
aceitáveis.

DECISÃO DE CERTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO ANUAL:


Após a revisão do relatório final pelos parceiros, a certificadora emite ou não a
decisão de posição favorável à certificação, e em caso afirmativo, elabora o
plano de monitoramento anual.

SÍNTESE DAS ETAPAS DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO:

Fase preliminar - contato entre empreendedor e certificador para definição do


que será avaliado e início do processo.
Fase de avaliação - onde o desempenho do empreendimento é avaliado. Nesta
fase o processo se torna público. É quando há possibilidades das partes
interessadas participarem no processo.
Fase de adequação da operação - onde pode haver necessidade de
cumprimento de precondições e correção de falhas.

Recebimento do certificado.

Monitoramento anual.

SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO CERFLOR

O CERFLOR é um selo do INMETRO-ABNT que surgiu de consulta da


Sociedade Brasileira de Silvicultura a esta instituição para que se organizasse
um selo de Certificação Nacional. Em 2005, o selo CERFLOR alcançou respeito
Internacional ao filiar-se a PEFC –
Program for the Endorsement of Forest Certification Schemes, organização não
governamental.
O CERFLOR – Programa Nacional de Certificação Florestal foi desenvolvido
em 1996 pela Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) em parceria com
algumas associações do setor, instituições de ensino e pesquisa, organizações
não governamentais e com apoio de alguns órgãos do governo.
O CERFLOR é um conjunto de normas nacionais voltadas para a certificação de
florestas e surgiu para atender uma demanda do setor produtivo florestal do país.
Este programa foi lançado no Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de
Madeira e Móveis, em 2002, e tem como organismo acreditador o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO. A
Figura 28A mostra resumidamente o histórico da criação do sistema CERFLOR
no Brasil.
O PEFC é um plano de certificação de florestas mundial, composto por 27
sistemas nacionais independentes, em cinco continentes. Ele estabelece
mecanismos para o reconhecimento mútuo destes sistemas nacionais, evitando
a duplicidade de trabalhos e custos relacionados com a certificação do manejo
de florestas, eliminando barreiras técnicas ao comércio, permitindo o acesso dos
produtos certificados aos mercados externos e conferindo credibilidade pública
ao sistema.
O sistema brasileiro de certificação florestal, CERFLOR, está tendo aceitação
maior a cada dia, principalmente, depois que se filiou ao PEFC, organização
internacional muito respeitada. A Figura 28B mostra o símbolo do sistema de
certificação PEFC.

FIGURA- O HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO SISTEMA CERFLOR NO BRASIL


FONTE: REZENDE, 2006.

FIGURA - SÍMBOLO DO SISTEMA DE CERTIFICAÇAO PEFC

FONTE: FAO, 2006.

A Figura mostra a quantidade de áreas certificadas pelo sistema CERFLOR e


FSC no Brasil.
FIGURA - ÁREAS CERTIFICADAS PELO SISTEMA CERFLOR E PELO FSC
NO BRASIL

FONTE: FAO, 2006.

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA CERFLOR

A Figura demonstra a estrutura hierárquica onde se encaixa o sistema de


certificação florestal brasileiro CERFLOR. Podemos verificar que o CERFLOR é
um selo do INMETRO-ABNT e pertence à estrutura hierárquica do Sinmetro -
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.

FIGURA - ESTRUTURA DO PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO FLORESTAL


BRASILEIRO
94

FONTE: REZENDE, 2006.

LEGENDA: SCT – Cerflor: Subcomissão Técnica de Certificação Florestal.

CEET: Comissão de Estudos Especial Temporária de Manejo Florestal.

PROCESSO DA CERTIFICAÇÃO CERFLOR

A Figura mostra os componentes do Processo de Certificação Florestal


CERFLOR.

FIGURA- COMPONENTES DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO FLORESTAL


CERFLOR
95

FONTE: REZENDE, 2006.

PRINCÍPIOS DO CERFLOR

A certificação pelo sistema CERFLOR é baseada em cinco princípios. Ou seja,


para que um empreendimento possa ser certificado ele deve cumprir critérios
que comprovem a sua adequação a estes princípios.
 Princípio n° 1 - Cumprimento de toda a legislação vigente: Federal,
Estadual, Municipal e etc.
 Princípio n° 2 - Manejo visando à racionalidade no uso dos
recursos florestais a curto, médio e longo prazos, em busca da sustentabilidade.

 Princípio n° 3 - Zelo pela diversidade biológica: a operação deve


manejar os plantios florestais de modo a minimizar os impactos negativos de sua
atividade silvicultural sobre a flora e fauna nativas.
 Princípio n° 4 - O respeito às águas, ao solo e ao ar. Ou seja,
garantir a conservação dos recursos naturais.
 Princípio n° 5 - Promover o desenvolvimento ambiental, econômico
e social das regiões em que se insere a atividade florestal. Estabelecer políticas
de relacionamento com os empregados e comunidades que habitam no entorno
das unidades de manejo florestal.

BASE NORMATIVA DO SISTEMA CERFLOR

A base normativa do Programa CERFLOR foi elaborada pela CEET - Comissão


de Estudos Especial Temporária de Manejo Florestal, no âmbito da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, Fórum Nacional de Normalização.
A base normativa é o conjunto de normas técnicas que devem ser obedecidas e
cumpridas por quem busca a certificação e pela certificadora no processo de
certificação pelo sistema CERFLOR.
As normas que compõem a base normativa do sistema CERFLOR são as
seguintes:

1) NBR 14789/2002 - Princípios, critérios e indicadores para


plantações florestais;
2) NBR 14790/2002 - Cadeia de custódia;
3) NBR 14791/2002 - Diretrizes para auditoria florestal - Princípios
gerais;
4) NBR 14792/2002 - Procedimentos de auditoria - Auditoria de
manejo florestal;
5) NBR 14793/2002 - Procedimentos de auditoria - Critérios de
qualificação para auditores florestais;
6) NBR 15789/2004 - Manejo Florestal - Princípios, Critérios e
Indicadores para florestas nativas.
Em abril de 2007, iniciou-se o processo de revisão destas normas.
Estas normas podem ser adquiridas no website da ABNT no seguinte endereço:
<http://www.abntdigital.com.br/aplicacao/pesquisa/asp>.

GENTES CERTIFICADORES CERFLOR


Alguns dos agentes certificadores do sistema CERFLOR, no Brasil, são:

• BVQI do Brasil
• IMAFLORA
• SGS ICS Certificadora
• TECPAR

A Figura mostra exemplos de agentes certificadores (OCF – Organismo de


Certificação de Manejo Florestal) do sistema CERFLOR no Brasil, e de empresas
que optaram por este sistema de Certificação.
FIGURA - ORGANISMOS DE CERTIFICAÇÃO DE MANEJO FLORESTAL
ACREDITADOS E EMPRESAS CERTIFICADAS

FONTE: REZENDE, 2006.


EXEMPLOS DE EMPRESAS QUE OPTARAM PELO CEFLOR
TABELA - RELAÇÃO DAS EMPRESAS/ÁREA CERTIFICADAS CONFORME
NBR 14789 OU NBR 15789

EMPRESA ÁREA CERTIFICADA (HA)


ARACRUZ CELULOSE S/A (ES) 186.432
ARACRUZ CELULOSE S/A (ES) 170.228
ARACRUZ CELULOSE S/A (RS) 68.744

CELULOSE NIPO-BRASILEIRA CENIBRA (MG) 233.778

RIGESA, CELULOSE, PAPEL E EMBALAGENS


29.097
LTDA (SC/PR)
VERACEL CELULOSE SA (BA) 78.100

INDÚSTRIA DE MADEIRA MANOA LTDA (RO) 73.059

INTERNATIONAL PAPER DO BRASIL LTDA (SP) 99.827

TROMBINI INDUSTRIAL AS (SC) 484


V&M FLORESTAL LTDA (MG) 101.803
Total 1.041.552

<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/cerflor_empresas.asp>.

ACREDITAÇÃO

A acreditação é o processo de capacitação filiação de organismos certificadores


do manejo florestal para que estes executem a certificação pelo sistema
CERFLOR.
A acreditação de organismos certificadores do manejo florestal é realizada pela
Coordenação Geral de Credenciamento – CGCRE, do Inmetro, com base nas
seguintes normas:

a) NIT – DICOR – 053 – Credenciamento de Organismos de


Certificação de Manejo de Florestas Plantadas NBR14789;
b) NIT – DICOR – 055 - Auditoria Testemunha em Organismos de
Certificação de Manejo de Florestas.

A acreditação de organismos para Certificação da Cadeia de Custódia requer o


cumprimento dos seguintes requisitos: NBR/ISO Guia 65 e o Regulamento de
Avaliação da Conformidade para a Cadeia de Custódia para Produtos de Origem
Florestal (Portaria n°93 de 28 de maio de 2003).

SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO FSC

O FSC é uma organização internacional não governamental internacional


independente (ONG), fundada em 1993, formada por representantes dos setores
econômico, social e ambiental. Esta organização não emite certificados e sim
credencia certificadoras, pois define os Princípios e Critérios, e políticas do
sistema de certificação. Os certificadores credenciados podem ser empresas ou
ONGs e, em geral, atuar em qualquer país.
Esta organização tem grande credibilidade internacional, pois é praticamente um
sistema socioambiental e não somente florestal, já que é caracterizado pela
participação mais equilibrada de entidades ambientalistas, movimentos sociais
e empresas, além de possuir princípios e critérios muito rígidos e muita
transparência por regra.
A credibilidade mundial do FSC também se deve ao seu maior tempo no
mercado e, também, à sua abrangência internacional. A Figura 33 é mostra o
símbolo do sistema de certificação FSC, encontrado nas operações e produtos
certificados por esta entidade.
A FSC realiza tanto certificação de cadeia de custódia (CoC), como certificação
de manejo florestal.
No Brasil, o FSC também é conhecido como Conselho Brasileiro de Manejo
Florestal, ou FSC – Brasil.

FIGURA - SIMBOLO DO FSC


FONTE: IMAFLORA, 2002.

AGENTES CERTIFICADORES FSC

O FSC possui as seguintes organizações credenciadas para exercer a


certificação emitindo o certificado FSC, no Brasil:
1) Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola
(IMAFLORA) que representa no Brasil a empresa norte-americana Rainforest
Alliance Smart Wood Program;
2) Instituto de Mercado Ecológico (IMO), representante no Brasil do
Institut Fur Marktokologie;
3) Scientific Certification System (SCS);
4) Programa Forest Conservation;
5) SGS South Africa, sendo seu representante no Brasil a SGS ICS
Certificadora;
6) Skal International.

A Figura mostra o símbolo da IMAFLORA uma das maiores credenciadas do


sistema de certificação FSC, no Brasil.

FIGURA - SÍMBOLOS DA INSTITUIÇÃO CREDENCIADA IMAFLORA E DA


CERTIFICADORA FSC
FONTE: IMAFLORA, 2002.

EXEMPLOS DE EMPRESAS QUE OPTARAM PELO SISTEMA FSC


 Klabim S/A;
 Faber-Castell;
 Natura;
 Votorantim Celulose e Papel S.A.
Atualmente existem 68 manejos florestais e 211 cadeias de custódia com a
certificação FSC no Brasil (FSC, 2008).

PRINCÍPIOS DO FSC

Os princípios de uma certificadora constituem a base do processo de


certificação, pois são eles que irão estabelecer as exigências para cada caso
visando ao cumprimento dos padrões de certificação, que na verdade são estes
princípios. Estes princípios podem ser vistos como critérios de sustentabilidade,
pois caracterizam um manejo florestal adequado e compatível com o
desenvolvimento sustentável da operação e da comunidade em geral.
Este item lista e detalha os principais pontos em cada princípio do FSC, uma das
maiores certificadoras nacionais e internacionais. Em geral, os princípios e seus
conceitos gerais são parecidos para todas as certificadoras, assim, nesta
apostila utilizam-se os princípios do FSC como exemplos de princípios de
certificação florestal, apesar de que pequenas diferenças entre os princípios de
cada certificadora podem ocorrer.
Assim sendo, é importante que no contato inicial com a certificadora e até mesmo
em uma pesquisa prévia, a operação ou grupo candidato à certificação leia
diversos documentos de acesso livre que podem contribuir para facilitar o seu
processo de certificação e de escolha de uma certificadora; em geral, estes
documentos podem ser obtidos na internet ou solicitados a uma organização
específica.

Princípio : obediência às Leis e aos Princípios do FSC.


O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicáveis ao país onde opera,
incluindo as legislações trabalhista, tributária, fundiária, ambiental – além de
outras que sejam aplicáveis, os tratados internacionais e acordos assinados por
este país, e obedecer a todos os Princípios e Critérios do FSC. As exigências
com relação à obediência aos princípios do FSC têm como objetivo principal
assegurar um compromisso de longo prazo para com o manejo dos recursos
florestais.

Resumo do Princípio: cumprimento de toda a legislação pertinente ao


empreendimento, como:
➢ Licenciamento ambiental;
➢ Registro dos trabalhadores em carteira assinada e leis trabalhistas;
➢ Saúde e Segurança do Trabalho: Normas Regulamentadoras,
Normas Regulamentadoras Rurais, Guia da OIT de Saúde e
Segurança no Trabalho Florestal;
➢ Plano de manejo aprovado, plano operacional anual, autorização
de exploração e DOF - Documento de Origem Florestal (para os casos de
manejo de florestas nativas);
➢ Manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal;
➢ Cumprimento de todos os acordos e convenções dos quais o Brasil
é signatário;
➢ Proteção da área de manejo contra atividades não autorizadas,
incêndios e outros;
➢ Compromisso de longo prazo com o manejo florestal e os
princípios e critérios do FSC.

Princípio: responsabilidades e direitos de posse e uso da terra.


Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos à terra e aos recursos
florestais devem ser claramente definidos, documentados e legalmente
estabelecidos.
Este princípio é muito importante no processo de certificação, pois só é possível
fazer manejo florestal caso os direitos de posse e uso da terra a longo prazo
estejam claramente definidos, assim, este princípio analisa a questão da posse,
com o objetivo de definir proprietário da área e por consequência o responsável
pela área. Este princípio pode ser dividido duas partes interdependentes:

Comprovação da Posse:
A comprovação da posse tem como objetivo definir o responsável legal pela
propriedade e seu manejo, que é quem irá responder pelas atividades realizadas
na área, visando à garantia da continuidade do manejo e assegurar a
salvaguarda para o uso da terra.
Este responsável legal deve possuir a documentação que comprove o seu direito
legal de uso ou posse da terra, como: título legítimo de propriedade, contratos
de arrendamento, concessão de uso, direitos tradicionais adquiridos, como
usucapião, entre outros. Os auditores da certificação irão rastrear estes
documentos a fim de verificar a sua idoneidade.
O empreendimento a ser certificado deve possuir seus limites e divisas bem
estabelecidas em documentos como: mapas ou croquis que identifiquem as
áreas de uso ou posse, bem como as áreas vizinhas.

Integridade:
O empreendimento deve adotar medidas que assegurem a integridade em longo
prazo da área, ou seja, protegê-la de ocupação ilegal, extrativismo predatório,
caça, pesca, fogo, e outras atividades não autorizadas que possam comprometer
o manejo da área.
Resumo do Princípio : responsabilidades e direitos de posse e uso da terra
por meio de:
➢ Comprovação do direito de uso da área a longo prazo;
➢ Garantia da integridade da área;
➢ Utilização de mecanismos apropriados para a resolução de
disputas sobre direitos de uso da terra e empenho na resolução dos conflitos
identificados;
Princípio : direitos dos Povos Indígenas.

Os direitos legais e costumares dos povos indígenas de possuir, usar e


manejar suas terras, territórios e recursos devem ser reconhecidos e
respeitados.
O principal enfoque deste princípio é assegurar o reconhecimento e garantia dos
direitos de uso e posse adquiridos por comunidades e povos indígenas que
dependam da área para sua subsistência, e que possam sofrer impactos
decorrentes das operações florestais.
Assim, nos casos em que o manejo é realizado em áreas indígenas e de
comunidades tradicionais, estes devem controlar as atividades de manejo
florestal ou, então, podem livremente optar por delegar este controle para
terceiros, de modo formalmente documentado e acompanhado por instituições
que representem os interesses desses povos. Também nos casos em que
houver comunidades tradicionais morando dentro da área a ser manejada, o
empreendimento deverá reconhecer e formalizar os direitos costumários de
posse e uso de tais comunidades.

Resumo do Princípio 3: direitos dos Povos Indígenas e proteção de áreas


especiais por meio de:

➢ Reconhecimento dos direitos de uso e posse adquiridos de povos


indígenas e comunidades;
➢ Os povos indígenas e comunidades tradicionais devem controlar o
manejo em suas áreas ou delegar o controle a terceiros de forma livre e
consciente;
➢ Devem ser propostas medidas mitigadoras ou compensatórias em
caso de impactos negativos sobre a comunidade;
➢ Compensação pelo uso de conhecimento tradicional;
➢ Mapeamento e proteção de áreas de especial significado religioso,
cultural, ecológico ou econômico para populações tradicionais.

Princípio : relações comunitárias e direitos dos trabalhadores


As atividades de manejo florestal devem manter ou ampliar a qualidade de vida,
o bem-estar econômico e social de longo prazo dos trabalhadores florestais e
das comunidades locais, fornecendo oportunidades de emprego, treinamento e
desenvolvimento.
Este princípio pode ser dividido quatro partes interdependentes:

Cumprimento da Legislação:
O primeiro passo é o cumprimento de toda a legislação trabalhista, como garantir
a aplicação da CLT, recolhimentos dos impostos (a Previdência Social - INSS, o
Fundo de Garantia - FGTS, o Programa de Integração Social - PIS, o Imposto de
Renda - IR e outros encargos), entregas de declarações, e obedecer a
regulamentações e convenções internacionais dos quais o Brasil é signatário,
relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores e de seus familiares.

Segurança no Trabalho:
O segundo passo é a promoção da segurança no trabalho, de acordo com a
legislação vigente, uma vez que a atividade florestal possui grande
periculosidade e alto índice de insalubridade. Todo o empreendimento florestal,
seja ele indústria ou atividade florestal, é legalmente obrigado a implementar os
seguintes itens:
• PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional,
conhecido como NR-7, que visa à prevenção da Saúde do Trabalhador.
• PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, conhecido
como NR-9, que objetiva levantar as condições do ambiente de trabalho e definir
os procedimentos preventivos.
• PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário, documento que resume
todas as informações relativas à fiscalização do gerenciamento de riscos e
existência de agentes nocivos no ambiente de trabalho, além de orientar o
processo de reconhecimento de aposentadoria especial.
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, conhecida como NR-5,
que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho. O empreendimento deverá consultar previamente o CNAE -
Classificação Nacional de Atividades Econômicas que irá classificar o
empreendimento de acordo com o grau de risco da atividade e determinar o
número mínimo de funcionários, a partir do qual será exigido legalmente a
constituição da CIPA.

Treinamento:
Os trabalhadores florestais devem receber treinamento que contemplem seu
método de trabalho, como o corte direcionado das árvores, manuseio de
motosserras, utilização de máquinas pesadas e outros, a fim de garantir a
realização das atividades com eficiência e segurança. E também devem
receber treinamentos referentes à prevenção de acidentes, primeiros socorros,
saúde ocupacional e ergonomia.

Trabalhadores Terceirizados:
Em caso da necessidade de contratação de trabalhadores terceirizados, o
empreendimento florestal deve ser corresponsável por garantir direitos e
condições de trabalho iguais aos trabalhadores próprios, incluindo direitos legais,
salários e benefícios; uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e
treinamento.

Relações Comunitárias:
O empreendimento deve criar um bom canal de comunicação com a comunidade
e adotar mecanismos eficientes para resolução de impasses e conflitos, e caso
exista algum conflito da operação com os direitos legais e tradicionais, a
propriedade, os recursos ou a subsistência da população local, o
empreendimento deve buscar de forma participativa uma compensação
adequada para a comunidade.

Resumo do Princípio: promover e assegurar as Relações Comunitárias e


Direitos dos Trabalhadores por meio de:

➢ Cumprimento das legislações e regulamentações trabalhistas, tanto


para trabalhadores próprios como para os trabalhadores terceirizados;
➢ Garantia de segurança e saúde no trabalho por meio de programas
específicos;
➢ Garantia das condições adequadas para os trabalhadores como:
alimentação, moradia, higiene, transporte, lazer e água de qualidade em
quantidade suficiente;
➢ Garantia de direitos e condições iguais aos trabalhadores
terceirizados;
➢ Treinamento, fornecimento e uso de Equipamentos de Proteção
Individuais;
➢ Criação de mecanismos para resolução de impasses e conflitos e
promoção de relações comunitárias;
➢ Reconhecimento e garantia dos direitos tradicionais da comunidade
de colheita de produtos florestais não madeireiros (frutos, flores, etc.).

Princípio : benefícios da floresta


As operações de manejo florestal devem incentivar o uso eficiente e otimizado
dos múltiplos produtos e serviços da floresta para assegurar a viabilidade
econômica e uma grande quantidade de benefícios ambientais e sociais. O
enfoque principal deste princípio é assegurar a maximização do valor do manejo
florestal em relação às economias locais, e garantir que este seja
economicamente viável ao longo do tempo.
Resumo do Princípio: aproveitar os benefícios da floresta por meio de:
➢ Diversificação do uso dos recursos naturais, evitando a
dependência de um único produto por meio da promoção do uso de espécies
menos conhecidas, produtos florestais não madeireiros, serviços ambientais e
etc. Além disso, também deve ser estimulado o processamento e beneficiamento
local dos produtos florestais, envolvendo, se possível, as comunidades do
entorno neste processo.
➢ Otimização e aproveitamento racionalizado da produção;
➢ Redução de resíduos e desperdício por meio de: evitar tocos altos,
minimizar danos a outros recursos florestais, não derrubar árvores ocas e etc.;
➢ Planejamento para redução contínua da geração de resíduos e
reaproveitamento dos mesmos;
➢ Plano de redução dos danos às florestas: as atividades de manejo
florestal devem ser planejadas e executadas de modo a minimizar os danos a
árvores remanescentes, ao solo e aos recursos hídricos;
➢ Planejar a intensidade e o ciclo de exploração baseados em dados
de crescimento da floresta, visando à sustentabilidade e perpetuação da
produção.

Princípio: impacto ambiental


O manejo florestal deve conservar a diversidade ecológica e seus valores
associados, os recursos hídricos, os solos, e os ecossistemas e passagens
frágeis e singulares, mantendo as funções ecológicas e a integridade da floresta.
Este princípio visa a assegurar que as atividades florestais causem o menor
impacto possível sobre a floresta e os recursos naturais, garantindo a sua
conservação em longo prazo.
Este princípio é composto pelos seguintes itens interdependentes:

Avaliação dos impactos: é importante que os impactos das atividades de


manejo florestal sejam identificados e avaliados, e que sejam implementadas
medidas para minimizá-los (medidas mitigadoras). Aspectos importantes a
serem considerados nessa avaliação são:
• Corte de árvores;
• Abertura de pátios e trilhas de arraste;
• Construção de estradas e infraestrutura;
• Preservação dos cursos d’água e solos, e prevenção à erosão;
• Gerenciamento dos resíduos inorgânicos gerados no manejo;
• Espécies raras ou ameaçadas de fauna e flora que ocorram na área
de manejo.
1) Proteção florestal: é fundamental que o empreendimento
conheça as espécies de fauna e flora ameaçadas ou em perigo de extinção
que ocorram em sua área e implemente medidas para a sua conservação. O
empreendimento também deve garantir que as áreas de preservação
permanente, como definidas na legislação, não tenham sua integridade afetada
pelo manejo florestal.

IMPORTANTE:

Para a certificação é necessário uma área testemunha, ou seja, que será


conservada intocada como uma amostra representativa dos tipos existentes de
floresta na área de manejo florestal (exemplo: os padrões brasileiros
estabelecem que essa área deve ser de no mínimo 5% do total da área de
manejo para áreas na Amazônia).
Outro aspecto fundamental para a certificação pelo FSC é que florestas naturais
não podem ser convertidas para outros usos da terra na área de manejo (não
pode ocorrer o desmatamento de florestas nativas), só ocorre exceção apenas
em casos muito específicos.

Produtos químicos: para obter a certificação do FSC, o empreendimento


florestal deve evitar e reduzir o uso de produtos químicos, optando
preferencialmente por métodos de controle biológicos e ambientalmente
adequados. O FSC possui uma lista de produtos químicos proibidos, como os
pesticidas classificados pela OMS - Organização Mundial de Saúde como
classe 1A e 1B, e os a base de hidrocarbonetos clorados, os acumulativos e os
banidos por acordos internacionais.

Gestão de resíduos: deve existir um plano de gerenciamento para os diversos


resíduos não orgânicos gerados pelas atividades florestais, incluindo o seu
levantamento, classificação e destino. Por exemplo, os resíduos considerados
perigosos pela legislação, como embalagens de óleos e combustíveis, baterias
e pilhas, devem receber tratamento diferenciado e não podem ser enterrados ou
queimados. O empreendimento deve buscar soluções no sentido de reduzir a
geração e promover a separação, reutilização, reciclagem e a não queima destes
resíduos não orgânicos.

Resumo do Princípio: avaliar e mitigar os impactos ambientais por meio


de:
➢ Avaliação e minimização dos impactos ambientais das atividades
de manejo;
➢ Utilização de técnicas de exploração de impacto reduzido – EIR;
➢ Elaboração de diretrizes para minimizar os impactos da operação
florestal;
➢ Garantia de não retirada de madeiras e respeito às áreas de
preservação permanente (devem ser mantidas intocadas);
➢ Não utilização de produtos químicos proibidos (consultar a lista do
FSC);
➢ Gerenciamento dos resíduos inorgânicos, como embalagens,
plástico, resíduos perigosos, baterias e outros.

Princípio: plano de manejo


Um plano de manejo – apropriado à escala e intensidade das operações
propostas – deve ser escrito, implementado e atualizado. Os objetivos de longo
prazo do manejo florestal e os meios para atingi-los devem ser claramente
definidos.
A existência de um plano de manejo é essencial para uma floresta e para que o
empreendimento atinja a certificação; o ideal é que este Plano seja um projeto
dinâmico, revisto periodicamente para incorporar as melhorias necessárias, e é
fundamental que o plano seja colocado em prática. Pois, durante a certificação,
os avaliadores irão verificar se o que está no plano de manejo realmente está
sendo cumprido na prática. Assim, para a certificação, o plano de manejo pode
ser entendido como o conjunto dos documentos necessários à realização do
manejo, e deve ser capaz de demonstrar a direção do manejo florestal a longo
prazo.
O processo de certificação leva em conta o tamanho e a operação do
empreendimento em sua análise, assim, operações menores e de baixa
complexidade podem contar com um plano de manejo mais simples, do que
operações grandes e de alta complexidade.
Em geral, os planos de manejo devem apresentar descrições de alguns pontos
importantes para a certificação, como:
• Sistemas de manejo utilizados, baseados nas características
ecológicas da floresta, obtidas por meio de inventários florestais;
• Mapas descrevendo a base de recursos florestais, incluindo áreas
protegidas, as atividades de manejo planejadas, a situação legal das terras e
infraestrutura;
• Justificativa para as taxas anuais de exploração e para a seleção
das espécies exploradas, e justificativas das técnicas de exploração escolhidas
e dos equipamentos a serem utilizados;
• Modo de uso da terra e situação fundiária (comprovação de posse);
• Condições socioeconômicas e perfil das áreas adjacentes
(vizinhas);
• Mecanismos para o monitoramento do crescimento e da dinâmica
da floresta;
• Estratégias para identificação e proteção das espécies raras de
fauna e flora, ameaçadas ou em perigo de extinção.

Resumo do Princípio: elaboração e implementação do plano de manejo por


meio de:

➢ Implementação de um plano de manejo dinâmico e atualizado


periodicamente para incorporar os resultados do monitoramento nas suas
revisões;
➢ Execução efetiva das atividades previstas no plano de manejo
(colocar em prática);
➢ Treinamento e capacitação dos trabalhadores florestais – o
empreendimento deve capacitar (com atualizações periódicas) e supervisionar
os seus trabalhadores para assegurar a implementação das atividades previstas
no plano de manejo de forma segura e correta.
➢ Divulgação do resumo público do plano de manejo que deve
apresentar uma breve descrição das diretrizes de manejo, os principais
resultados de produção florestal e os indicadores socioambientais que estão
sendo monitorados pelo empreendimento.

Princípio: monitoramento e avaliação


O monitoramento deve ser conduzido – apropriado à escala e à intensidade do
manejo florestal – para que sejam avaliados a condição da floresta, o rendimento
dos produtos florestais, a cadeia de custódia, as atividades de manejo e seus
impactos ambientais e sociais.
O monitoramento é muito importante, pois permite ao empreendimento conhecer
os pontos críticos de sua produção, que podem comprometer o manejo a longo
prazo e, assim, readequar as diretrizes e ações previstas nos planos de manejo.
Além disso, o monitoramento permite ao empreendimento obter informações
sobre os impactos da atividade e desenvolver medidas para mitigá-los.
A frequência e intensidade da realização do monitoramento irão depender do
tamanho do empreendimento e das operações de manejo florestal, e também da
complexidade e fragilidade ambiental do ambiente manejado.
Os monitoramentos devem levar em conta indicadores ambientais e sociais, e
devem ser simples e práticos de serem medidos. O monitoramento deve coletar
informações em campo periodicamente que permitam a avaliação das mudanças
ocorridas ao longo do tempo.
Em geral, para a certificação do FSC, o empreendimento florestal deve monitorar
os seguintes indicadores (levando-se em conta a escala e intensidade de manejo
na escolha dos indicadores):
• Volume explorado dos diferentes produtos florestais (madeireiros e
não madeireiros);
• Taxas de crescimento, regeneração e condições da floresta;
• Composição e mudanças observadas na flora e na fauna;
• Impactos sociais e ambientais decorrentes da exploração;
• Custos, produtividade e eficiência do manejo florestal;
• Utilização de parcelas permanentes (áreas testemunhas e áreas de
controle) para monitorar crescimento, regeneração e mortalidade;
• Análise amostral dos danos da exploração.

Resumo do Princípio: implementação do sistema de monitoramento e


avaliação por meio de:

➢ Definição do monitoramento em função do tamanho do


empreendimento, considerando: volume explorado, crescimento e regeneração,
impactos da exploração e custos, entre outros;
➢ Garantia da rastreabilidade: o controle dos processos deve ser feito
por meio de controle documental e físico para cada uma das etapas. Este
processo é conhecido como “Cadeia de Custódia”;
➢ Incorporação dos resultados do monitoramento na revisão do Plano
de Manejo;
➢ Disponibilização para o público dos resultados do monitoramento
via resumo público. Por exemplo, os resultados dos indicadores sociais e
ambientais do monitoramento.

Princípio : manutenção de florestas de alto valor de conservação.


As atividades em manejo de florestas de alto valor de conservação devem
manter ou ampliar os atributos que definem estas florestas. Decisões
relacionadas à floresta de alto valor de conservação devem sempre ser
consideradas no contexto de uma abordagem de precaução.
De forma geral, este princípio define que qualquer área pode ser considerada
como uma área de alto valor para conservação, desde que seja identificado pelo
menos um atributo significativo nesta área que necessite ser conservado. As
florestas de alto valor para conservação podem ser manejadas, ou seja, podem
ser exploradas racionalmente segundo as diretrizes de um plano de manejo
específico, que garanta a manutenção dos atributos que fazem esta área ter um
alto valor de conservação.
Estes atributos para identificação da área como de alto valor para conservação
podem ser de três tipos:
➢ Ambiental, como por exemplo: existência de espécies ameaçadas,
ecossistemas considerados frágeis ou raros, locais de refúgio de fauna, áreas
com alto grau de endemismo, e outros fatores.
➢ Social, como por exemplo: importância da área para o
abastecimento de água de uma comunidade, controle de erosão, ou área de
interesse cultural ou religioso.
➢ Econômico, como por exemplo: utilização tradicional da área para
coleta de produtos florestais não madeireiros pela comunidade local.
É importante no processo de identificação e mapeamento dessas áreas florestais
de alto valor para conservação que os seguintes aspectos sejam levados em
consideração:
1) Consulta às populações locais;
2) Consulta a documentos de referência sobre a importância de
determinadas áreas para a conservação;
3) Consulta à lista de espécies ameaçadas do IBAMA.

Resumo do Princípio: manutenção de florestas de alto valor de


conservação, pontos importantes:
➢ É possível manejar as Florestas de Alto Valor para Conservação –
FAVC;
➢ É necessário identificar os atributos de alto valor para conservação;
➢ É necessário incluir no Plano de Manejo de um capítulo sobre as
FAVC, que proponha medidas para garantir a sua manutenção;
➢ É preciso criar um sistema de monitoramento para avaliar a
efetividade das ações empregadas para manter os atributos.

Princípio : plantações
As plantações devem ser planejadas e manejadas de acordo com os Princípios
e Critérios de 1 a 9, e o Princípio 10 e seus Critérios. Considerando que as
plantações podem proporcionar um leque de benefícios sociais e econômicos, e
contribuir para satisfazer às necessidades globais por produtos florestais, elas
devem completar o manejo, reduzir as pressões e promover a restauração e
conservação das florestas naturais
Este princípio é aplicável somente no manejo de plantações florestais. Ou seja,
não é utilizado em avaliações de certificação de florestas naturais (nativas).
O objetivo deste princípio é garantir que as plantações florestais sejam
implementadas de forma planejada, para contribuir para a conservação das
florestas nativas, ou seja, manejar as florestas usando técnicas de proteção
florestal, minimização dos impactos, diversificação, monitoramento e outras
práticas.

Resumo do Princípio: pontos importantes a serem observados e


garantidos nas plantações:
➢ Estas devem contribuir para a conservação dos recursos naturais.
No Brasil, o planejamento e a implementação das plantações deve contribuir
para a proteção, restauração e conservação das florestas nativas, na forma de
fragmentos de matas naturais conservados entre as plantações florestais.
➢ Garantia de proteção florestal: o manejo deve garantir a proteção
de suas áreas, por meio da adoção de medidas para prevenir a ocorrência de
incêndios, invasões, aparecimento de doenças, pragas e a introdução de plantas
colonizadoras. É fundamental que o empreendimento busque alternativas para
reduzir o uso de produtos químicos, inclusive nos viveiros de mudas, por
intermédio da implementação do manejo integrado de pragas, com ênfase em
prevenção e métodos de controle biológico.
➢ Redução de impactos negativos: todas as atividades florestais do
manejo devem ser planejadas e executadas de forma a causar o menor impacto
possível sobre a vegetação natural, o solo (estratégias para controlar a erosão,
manter a fertilidade do solo e controlar a contaminação no caso de uso de
químicos), a fauna e os recursos hídricos. A prática de uso do fogo deve ser
totalmente eliminada como ferramenta de manejo.
➢ Realização de monitoramentos dos impactos ambientais
decorrentes da operação florestal.
➢ Promoção da diversidade nas plantações por meio da
diversificação das espécies, da composição genética, idades, estruturas,
tamanho e distribuição espacial das unidades de manejo na paisagem.
➢ Garantia da posse e uso da terra.
➢ Não conversão de áreas de florestas naturais, ou seja, é proibido
converter áreas de matas nativas em florestas plantadas.
➢ O empreendimento que tiver interesse na certificação deve estar
atento ao histórico anterior de uso da terra. As florestas que foram plantadas em
áreas convertidas de florestas naturais a partir de novembro de 1994,
normalmente, não podem ser certificadas.

RECOMENDAÇÕES FINAIS

Os benefícios da certificação florestal atingem indiretamente toda a sociedade,


mas alguns segmentos recebem diretamente os benefícios deste
comprometimento como os proprietários de florestas e responsáveis pelo seu
manejo, as indústrias de beneficiamento e varejistas investidores, as
companhias de seguros, as campanhas de grupos ambientalistas e os doadores
e organizações de assistência internacional.
No entanto, as vantagens da certificação vão desde a proteção ao meio ambiente
até a proteção ao cidadão, pois é um processo que gera mais empregos com
responsabilidade social, econômica e ambiental.

BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO

É sempre importante lembrar os benefícios da certificação florestal, afinal, o


principal motivo pelo qual a certificação está se tornando um processo
praticamente obrigatório pelo mercado é pela quantidade de benefícios que ela
traz para a sociedade em geral. Os principais benefícios da certificação são:
a) Amplia as exportações e gera acesso a novos mercados;
b) Melhora a imagem das organizações;
c) Facilita o acesso a financiamentos;
d) Aumenta o crescimento socioeconômico da atividade florestal;
e) Protege os trabalhadores, melhora suas condições de trabalho e
suas condições sociais e fomenta o desenvolvimento regional;
f) Promove o manejo florestal sustentável, mantendo a produção
contínua em longo prazo;
g) Fornece informações sobre os impactos ambientais do processo
produtivo, e também fornece alternativas para a mitigação destes impactos;
h) Protege o ecossistema e a biodiversidade;
i) Oferece produtos para consumidores mais exigentes devido à
consciência ambiental;
j) Respeita a legislação.

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